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Informações sobre A hora da estrela

(1977), de Clarice Lispector


Prof. Marcel Matias
Breve biografia de Clarice Lispector
• Nasceu na Ucrânia em 1925. Os Lispector emigraram para o Brasil no ano
seguinte. Fixaram-se no Recife, onde a escritora passou a infância. Clarice
tinha 12 anos e já era órfã de mãe quando a família mudou-se para o Rio
de Janeiro. Entre muitas leituras, ingressou no curso de Direito, formou-se
e começou a colaborar em jornais cariocas. Casou-se com um colega de
faculdade. Em 1943, publicava sua primeira obra: Perto do coração
selvagem. A moça de 19 anos assistiu à perplexidade nos leitores e na
crítica: quem era aquela jovem que escrevia "tão diferente"? Seguindo o
marido, diplomata de carreira, viveu fora do Brasil por quinze anos.
Dedicava-se exclusivamente a escrever. Separada do marido e de volta ao
Brasil, passou a morar no Rio de Janeiro. Em 1976 foi convidada para
representar o Brasil no Congresso Mundial de Bruxaria, na Colômbia.
Aceitou: afinal, sempre fora mística, supersticiosa, curiosa a respeito do
sobrenatural. Em novembro de 1977 soube que sofria de câncer
generalizado. No mês seguinte morria em plena atividade literária e
gozando do prestígio de ser uma das mais importantes vozes da literatura
brasileira.
Algumas obras de Clarice Lispector
• Perto do coração selvagem (1943)
• Laços de família (1960)
• A maçã no escuro (1961)
• A paixão segundo G.H. (1964)
• A via-crucis do corpo (1974)
• Como nasceram as estrelas (1987, póstumo)
Sobre A hora da estrela (1)
• A hora da estrela é também uma despedida de Clarice
Lispector. Lançada pouco antes de sua morte em 1977,
a obra conta os momentos de criação do escritor
Rodrigo S. M. (a própria Clarice) narrando a história de
Macabéa, uma alagoana órfã, virgem e solitária, criada
por uma tia tirana, que a leva para o Rio de Janeiro,
onde trabalha como datilógrafa.
• É pelos olhos do narrador e através de seu domínio da
palavra que a existência e a essência são expostas
como interrogações. Tal presença masculina retrata
um universo de fragmentos, onde o ser humano não é
respeitado, mas desacreditado nessa reconstrução de
uma realidade mutilada.
Sobre A hora da estrela (2)
• Em A hora da estrela Clarice escreve sabendo que a morte
está próxima e põe um pouco de si nas personagens
Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à espera da morte; ela,
uma solitária que gosta de ouvir a Rádio Relógio e que
passou a infância no Nordeste, como Clarice.
• A linguagem de Clarice é, às vezes, intensamente lírica,
apresentando muitas metáforas e outras figuras de
linguagem. Há, por exemplo, alguns paradoxos e
comparações insólitas, que realmente surpreendem o
leitor. E também é peculiaridade da autora a construção de
frases inconclusas e outros desvios da sintaxe
convencional, além da criação de alguns neologismos.
Sobre o enredo
• O enredo de A hora da Estrela não segue uma ordem linear: há
flashbacks iluminando o passado, há idas e vindas do passado para
o presente e vice-versa (digressão). Há pelo menos três histórias
que se revezam diante do leitor:
• 1. Rodrigo S. M. conta a história de Macabéa: narrativa central.
• 2. A identificação da história do narrador com a da personagem -
Rodrigo S.M. conta a história dele mesmo: esta narrativa dá-se sob
a forma do encaixe, paralela à história de Macabéa. Está presente
por toda a narrativa sob a forma de comentários e
desvendamentos do narrador. Se por um lado, ele vê a jovem como
alguém que merece amor, piedade e até um pouco de raiva, por
sua patética alienação, por outro lado, ele estabelece com ela um
vínculo mais profundo, que é o da comum condição humana.
• 3. A metalinguagem - O narrador conta como tece a narrativa.
Outras
informações
sobre
vida e obra de
Clarice Lispector
www.claricelispector.com.br

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