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TRABALHO DE PORTUGUÊS / 3° ANO – 1º BIMESTRE – 2024

- PODE SER ENTREGUE DIGITADO E IMPRESSO (FONTES TIMES NEW


ROMAN OU ARIAL, NO TAMANHO 12); IMPRESSÃO EM PRETO E BRANCO.
- SE FOR ESCRITO À MÃO, FAZER EM FOLHAS DE PAPEL ALMAÇO, À
CANETA, COM LETRA LEGÍVEL;
- SÓ RESPOSTAS.
- NÃO SERÁ ACEITO TRABALHO EM FOLHAS DE CADERNO.
LITERATURA
Leia o texto abaixo para responder as questões subsequentes:
Uma das cenas mais significativas da carta de Pero Vaz de Caminha ocorre
logo no início, na descrição do encontro entre os navegadores portugueses e
os povos indígenas. Era o contato inaugural. Uma pequena embarcação se
afasta da recém-chegada frota, que acabara de cruzar o Atlântico, e se
aproxima da praia. Tripulantes que já tinham estado na África e na Índia se
aproximam. São recebidos por cerca de 20 homens tupi, com arcos e flechas,
em posição de batalha.
Segundo relata Caminha, terminam trocando chapéus europeus por cocares e
colares de contas. Há vozes e gritos de um lado e de outro, mas o escrivão
registra apenas o som das ondas, da arrebentação ruidosa. “Não pudemos
entender a fala deles nem os ouvir direito por causa do mar que quebrava na
costa”, registra, no dia 23 de abril de 1500, ao largo do Rio do Frade, no Sul da
Bahia. Outro depoimento, também escrito por um tripulante, conhecido como
Relato do piloto anônimo, dá uma versão diferente, em que as falas dos
habitantes são bem ouvidas, a ponto de identificarem que aquela língua não se
parecia com nenhuma que conheciam, como o árabe ou os idiomas africanos
da costa atlântica: “não havia ninguém na armada que entendesse a sua
linguagem”. O ruído das ondas, em Caminha, funciona como uma espécie de
metáfora do silenciamento, de uma não escuta das vozes indígenas ali
presentes. Essa primeira cena do contato, em que um imaginado ruído do mar
impede a audição, vai se replicar pelo restante da carta, em que outros
discursos indígenas, como a possante oratória dos antigos tupi, serão
ignorados, não compreendidos ou observados com perplexidade. Numa cena
da carta de Caminha, um ancião, visivelmente um líder tupi, recepciona os
viajantes com um discurso, encarado com espanto por Pedro Álvares Cabral,
que lhe vira as costas e segue sua caminhada pela “nova terra”.
Descrições minuciosas
Essa não escuta se tornará uma constante em muitos tratados, cartas, notícias
e outros gêneros de escrita que relataram, lance a lance, a colonização do
território. O padre Manuel da Nóbrega, ainda no século XVI, afirmou que
indígenas eram como papel em branco, onde se poderia escrever o que
quisessem.
Se por um lado Caminha não soube escutar algumas vozes, por outro
empreende um verdadeiro catálogo da arte dos antigos tupi por meio de
minuciosas descrições visuais da ornamentação corporal e de artefatos
indígenas, como o magnífico manto de penas enviado ao rei. Na capa da nossa
edição comentada de “Carta de achamento do Brasil, de Pero Vaz de Caminha”
(Editora da Unicamp), pudemos contar com o belo trabalho do artista plástico
Jonathas de Andrade com mulheres Kayapó, no qual grafismos ancestrais
foram desenhados sobre mapas.
Mesmo tendo sido composta há tantos anos, a carta de Pero Vaz de Caminha,
ainda hoje, nos seus silenciamentos, na narração de equívocos e mal-
entendidos entre os povos indígenas e “povo da mercadoria” — como designa
Davi Kopenawa em “A queda do céu” — pode ser uma interlocutora do nosso
presente. As cenas que o missivista português nos apresenta, com sua
brilhante capacidade descritiva, não pertencem unicamente a um passado
distante. De um lado, povos que se lançavam no oceano desconhecido, em um
“Novo mundo”, logo repartido ao meio, entre as coroas de Portugal e Espanha,
que, em busca de ouro e riquezas, moviam o nascente capitalismo mercantil.
De outro, nações que há milhares de anos estavam ali, nos “arvoredos mui
muitos e grandes, e de infindas maneiras”, com sua cultura, seu modo de vida,
seus idiomas, sua cosmologia, sua arte, inteiramente estranhas à mentalidade
comercial europeia.
Os nove dias em que a frota de Cabral esteve no que viria a ser o Brasil,
relatados na carta, são o marco inicial de um brutal processo de desintegração
das sociedades que ali se encontravam. A chamada conquista do território, do
ponto de vista europeu, que pretendia “desbravar” (tornar não-bravo, não-
selvagem) e “civilizar”, ou seja, incutir os valores do pensamento humanista e
da religião católica, significou para os povos indígenas a invasão de seu
território. Caminha usa a expressão “achamento” e não descobrimento, termo
empregado naquela época para explorações mais detidas de litorais e
territórios. Durante muito tempo debateu-se se a terra tinha sido descoberta
intencionalmente ou por acaso. A dúvida existia principalmente porque alguns
contemporâneos de Caminha relataram uma tempestade que teria colocado a
armada fora do curso, provocando a chegada à terra. Curiosamente, a
tempestade não é referida por Caminha ou pelos outros integrantes da frota
que escreveram os documentos sobre a viagem que chegaram até nós. Tudo
leva a crer que a parada no Brasil, antes de seguirem para a Índia, foi
intencional, e que havia uma corrida em busca dessa nova parte do mundo.
Cabral teve antecessores. Há muito se sabe que o espanhol Vicente Yañez
Pinzón atingiu a costa brasileira meses antes de Cabral, e já em 1932 o poeta
Murilo Mendes fazia troça disso em seu livro “História do Brasil” no poema
“Prefácio de Pinzón”. Como comprovou o historiador português Jorge Couto, o
cosmógrafo e navegador Duarte Pacheco Pereira, que também integrou a frota
de Cabral, chegou ao nosso litoral em 1498, a mando do rei D. Manuel, o que
relatou em uma obra escrita nos primeiros anos do século XVI. Na “nova terra”
pretendiam encontrar ouro, como haviam feito na costa africana, e muitos dos
equívocos de comunicação entre os tripulantes da frota de Cabral e os
indígenas giram em torno da especulação sobre a existência do mineral.
A carta de Caminha é uma espécie de relato de viagem, uma janela para um
mundo que um dia existiu. Desde que foi descoberta nos arquivos portugueses
e publicada no século XIX passou por uma série de interpretações, sempre
guiadas por projetos políticos e culturais. Já foi certidão de nascimento e
exemplo da conciliação pacífica entre os povos.
Questões agudas hoje
Hoje ler a carta e interpretá-la, num contexto de pandemia e desgoverno, pode
ser também um exercício de cidadania. As vozes silenciadas, a busca pelo
ouro, a ameaça aos povos indígenas, a questão da posse do território e a
violência colonial são questões agudas em nossa contemporaneidade, e
espelham o garimpo ilegal de ouro, a contaminação dos rios amazônicos com
mercúrio, os constantes ataques a povoações indígenas, as políticas de
destruição. A leitura da carta hoje pode aguçar a escuta para vozes indígenas,
como as de Alessandra Korap, Joenia Wapichana, Sonia Guajajara, Denilson
Baniwa, Ailton Krenak, Davi Kopenawa, e ampliar o debate público sobre o
nosso futuro coletivo.
Sheila Hue é pesquisadora, professora da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (UERJ) e responsável pela edição comentada “Carta de achamento do
Brasil, de Pero Vaz de Caminha” (Editora da Unicamp, 2021)
(https://oglobo.globo.com/cultura/pero-vaz-de-caminha-ouro-as-vozes-
silenciadas-dos-indigenas-25155244)
1- Responda as questões sobre o texto acima:
A) Qual a tática utilizada por Pero Vaz de Caminha para promover um
“apagamento” do papel dos indígenas logo no início do contato que eles
tiveram com os portugueses?
B) Esta “tática” inicial de Caminha prossegue ao longo da história? Justifique.
C) Por que, para a autora do texto, “As cenas que o missivista português nos
apresenta, com sua brilhante capacidade descritiva, não pertencem
unicamente a um passado distante”?
D) Por que, baseando-se no texto em estudo, a chegada dos portugueses aqui
pode ter sido provavelmente intencional?
E) No final, quais as conexões que existem entre os aspectos apresentados na
carta e os que o Brasil enfrenta hoje me dia?
2- Texto 1
“Desde que, naufragado, se salvara, o marinheiro vivia ali... Como ele não tinha
meio de voltar à pátria, e cada vez que se lembrava dela sofria, pôs-se a
sonhar uma pátria que nunca tivesse tido: pôs-se a fazer ter sido sua uma outra
pátria, uma outra espécie de país com outras espécies de paisagens, e outra
gente, e outro feitio de passarem pelas ruas e de se debruçarem das janelas
(...)” (PESSOA, Fernando. O Marinheiro. Campinas: Editora da UNICAMP, p.
59, 2020.)
Texto 2
“Na capacidade para amoldar-se a todos os meios, em prejuízo, muitas vezes
de suas próprias características raciais e culturais, revelou o português
melhores aptidões de colonizador do que os demais povos (...). Os
portugueses precisaram anular-se durante o longo tempo para afinal vencerem.
Como o grão de trigo dos Evangelhos, o qual há de primeiramente morrer para
depois crescer e dar muitos frutos.”
(HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. São Paulo: Companhia das
Letras, p. 224, 2016.) Levando em conta os textos 1 e 2, assinale a alternativa
correta.
a) O marinheiro e o colonizador português são capazes de criar valores e
paisagens, reinventando-se, a ponto de forjarem outra realidade e outra
memória do passado.
b) O marinheiro e o colonizador português constroem novos mundos e valores
no além-mar, mas são incapazes de anular sua identidade original.
c) O marinheiro e o colonizador português, apesar do esforço de construção
cultural, limitam-se a transpor integralmente o que aprenderam no passado
para as configurações do futuro.
d) O marinheiro e o colonizador português acabam anulando suas identidades
originais, representando, assim, figuras inquestionáveis de niilismo.
3- Pesquise e escreva as principais características do poema Prosopopeia, de
Bento Teixeira, que deu origem ao Barroco Brasileiro.
4- Explique o contexto histórico no qual se desenvolveu o Barroco no Brasil e
no exterior.
5- Crie um quadro em que esteja explicado:
A) O que é cultismo e o que é conceptismo;
B) As principais características da escola Barroca;
C) Principais autores barrocos do Brasil, obras e características;
D) Traços característicos da arte barroca de Aleijadinho.
6- Pesquise e explique:
I) O que é intertextualidade;
II) Explique o que são epígrafe, citação, referência e alusão, paráfrase, paródia
e pastiche. Atenção, para cada explicação, dê um exemplo.
7- Pesquise sobre os principais pontos acerca do poema Romanceiro da
Inconfidência, de Cecília Meireles.
8- Pesquise sobre os seguintes poemas épicos árcades:
A) O Uraguai;
B) Caramuru.
GRAMÁTICA
9- Explique como se classificam as palavras:
A) Quanto ao número de sílabas;
B) Quanto à tonicidade.
10- Indique:
I) 10 prefixos de origem grega e 10 de origem latina (com seus significados);
II) 10 sufixos de origem grega e 10 de origem latina (com seus significados);
III) 10 radicais de origem grega e 10 de origem latina (com seus significados);
11- Indique quais as 10 classes gramaticais e suas principais características.
12- De acordo com o Acordo Ortográfico vigente desde 2008, explique as
principais regras de acentuação.

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