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A CARTA DE ACHAMENTO DO BRASIL

A carta começa a ser narrada a partir do momento que a frota portuguesa partiu de
Belém e chegou as ilhas canárias. No dia 21 de abril, surgiram os primeiros indícios de
que havia terra próxima, dada pela presença de ervas compridas, o que na carta, o
escrivão chama de botelho. No dia 22, avistou-se o que chamaram inicialmente de Terra
de Vera Cruz, onde podia se observar o Monte Pascoal, um monte alto.

Quando finalmente desembarcaram na terra desconhecida, avistaram alguns habitantes,


na qual Caminha descreveu como sendo pardos, com corpos pintados, cabelos lisos,
com pele avermelhada, com o beiço (lábios) de baixo furado com um osso nele, bons
narizes e rostos e que traziam nas mãos setas e arcos e andavam totalmente nus.
Os portugueses então tentaram estabelecer contato com os nativos. Mas, em um
primeiro momento, um dos índios começou a apontar para a terra e para um colar de
ouro que um capitão da frota estava utilizando, como se quisesse dizer que havia muito
ouro naquela terra. O mesmo acabou acontecendo com um papagaio e o castiçal de
prata. Assim foi feito com diversos objetos que eles nunca tinham vistos, e por isso, os
portugueses entenderam que os índios queriam fazer uma troca. Foi dessa maneira que
começou a troca de quinquilharias que vinham da Europa por prata, ouro e madeira.

Inicialmente os índios eram muito esquivos com os portugueses. Com o passar do


tempo, passaram a conviver de forma harmoniosa e amigável com os desbravadores.

A Carta de Pero Vaz de Caminha, segundo a data, foi escrita no dia primeiro de maio do
ano de 1500 por Caminha, que era o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. A carta
foi redigida para Dom Manoel I, também conhecido como ‘Bem Aventurado’ ou ‘O
Venturoso’, com o objetivo de comunicar o descobrimento do Brasil. Como os
portugueses chegaram em Porto Seguro, na Bahia, Gaspar de Lemos, um grande
navegador dessa época, ficou encarregado de levar a carta até Lisboa.

Na história brasileira, a carta do escritor Caminha é o primeiro documento escrito do


país, caracterizando-se então como o pontapé inicial ou o marco gero necessário para
que a história de nossos país começasse a ser construída depois do descobrimento. Vale
ressaltar que o termo ‘descobrimento do Brasil’ é atualmente muito questionado, já que
quando os portugueses aqui chegaram, os índios já habitavam a região.

Por mais de dois séculos, a Carta de Pero Vaz de Caminha manteve-se guardada em
Lisboa, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo. O arquivo foi fundado na Idade
Média e existe até os dias de hoje em Portugal, sendo caracterizada assim como além da
mais antiga, uma das únicas instituições desse período ativas até os dias de hoje. Foi no
século XVIII, mais precisamente no ano de 1773 que José de Seabra da Silva descobriu
a Carta de Pero Vaz de Caminha. O padre português Manuel Aires de Casal, que
também exercia a profissão de historiador e de geógrafo, foi o responsável pela
publicação deste documento em terras brasileiras, no ano de 1817.

A Carta de Pero Vaz de Caminha é caracterizado um exemplo bem típico do


deslumbramento que os Europeus tiveram com as Américas, o chamado Novo Mundo.
Na carta, o escritor narra alguns dos aspectos físicos da nova descoberto e o momento
em que enxergaram o Monte Pascoal, que assim começou a ser chamado depois pelo
navegador Pedro Álvares Cabral. Em seguida, ele descreve como os portugueses
desembarcaram na praia, a primeira missa que foi feita na terra recém descoberta e
ainda o primeiro contato dos portugueses com os índios.

Recentemente, mais precisamente no ano de 2005, a UNESCO, Organização das


Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a cultura, inscreveu Carta de Pero Vaz de
Caminha no Programa de Memória do Mundo. Este programa foi criado em 2004 e tem
como objetivo principal o reconhecimento de documentos considerados verdadeiros
patrimônios em âmbito nacional, internacional e regional, facilitando assim a
preservação e o acesso a diversos documentos da história do mundo.

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