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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CARIRI

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS


CURSO DE BIBLIOTECONOMIA
CONTROLE E REGISTROS DO CONHECIMENTO

MATEUS DE SOUZA PERALTA

AVALIAÇÃO: O DEPOSITO LEGAL E SEUS PARADIGMAS

CEARÁ - BARBALHA
2021
MATEUS DE SOUZA PERALTA

AVALIAÇÃO: O DEPOSITO LEGAL E SEUS PARADIGMAS

CEARÁ - BARBALHA
2021
O DEPOSITO LEGAL E SEUS PARADIGMAS

Antes de começarmos a falar sobre uma das principais problematizações em relação ao


Deposito Legal, vale a pena constar a respeito de seu contexto histórico, que está
intrinsecamente relacionado a essa deficiência. Uma vez que este possui séculos de existência
e por muitas vezes suas políticas foram alteradas para “modernizar” o sistema, ainda é possível
enxergar as entrelinhas que se emaranham com os elementos que constituem, hoje, o Controle
Bibliográfico Universal e acabam dando origem a diversos paradigmas
A história do deposito legal se inicia em 1537, há mais de 4 séculos atrás, na França,
esta que até hoje é uma pioneira neste tipo de disposição (GRINGS; PACHECO, 2010). Nesta
época, a lei garantia apenas que os livros que fossem dispostos para comércio, teriam antes que
ter um exemplar disponível na biblioteca real. Fato que culminou em colecionadores de livros
e entusiastas se aproveitarem da brecha para expandirem suas coleções, ou seja, desde essa
época o deposito legal era vítima de polemicas relacionadas a sua política. E não para por aí,
na mesma época, a censura foi adotada como uma ferramenta para regular o conceito, mesmo
que reprovada por alguns países que neste ponto também já haviam adotado o deposito legal e
procuravam uma modernização (CAMPELLO, 2006). Em destaque entre esses países temos a
Bélgica, que tanto neste caso quanto no relacionado aos direitos autorais que aconteceu séculos
depois, se dispôs de um lado que buscava desvincular o deposito legal destes.
A questão dos direitos autorais fundida ao deposito legal, por mais que ele assegure a
entrada de documentos sem a cessão de propriedade, com o passar do tempo, foi sendo
abandonada por todos os países, com a exceção dos Estados Unidos da América, que ainda
necessita conhecer exatamente o conteúdo depositado para dar a devida proteção para o autor
em relação ao copyright.
Atualmente, obras de natureza bibliográfica e músicas estão inclusas como materiais a
serem recebidos pelo depósito legal, de acordo com a promulgação da lei nº 12.192, de 2010,
que dispõe sobre o deposito legal de obras musicais, também tendo como depositária a
Fundação Biblioteca Nacional. Estas obras recebidas estarão à disposição para consulta pública
no formato digital, impresso, fonograma e outros suportes. Porém, nota-se que esta é redundante,
uma vez que a devida regulamentação da lei do Deposito Legal de 2004 para incluir não só
obras musicais, mas também uma diferente game de materiais cuja é necessária regulamentação
(GRINGS; PACHECO, 2010).
Essa grande demanda de dados a serem trabalhados é uma realidade que só tende a
aumentar cada vez mais. Hoje encontramos informação a todo lugar e a todo instante estas estão
sendo produzidas, logo, torna-se quase humanamente impossível computar tantos dados e os
números chegam a níveis espaciais.
Mesmo que esta realidade fosse real e a regulamentação de outros materiais cujo
necessitassem ocorressem, o Brasil é deficiente no referente a estrutura do deposito legal. Aqui
no país apenas cinco pessoas compõem a equipe responsável pela execução do deposito, para
agravar ainda mais, só uma dessas é bibliotecária. Recebendo 150 volumes diariamente eles
encaminham para os seus respectivos setores e também cuidam da parte econômica com as
gravadoras e editoras pelo país.
Podemos observar que em todos os casos, há sempre uma problemática envolvida, e esta
é a lei. Desde o princípio quando o deposito legal surgiu até hoje isso vem sendo um empecilho
para a devida execução desta prática, e depois dela, outros problemas, como os humanos e
estruturais surgem. Uma grande inovação que vem ganhando popularidade nos últimos anos
graças ao advento do avanço exponencial da tecnologia, que podemos usar como exemplo para
uma inovação ou ferramenta nova que possa ser usada no deposito legal, é o NFT, ou “Non-
fungible Token”.
Os problemas de direitos autorais sempre foram um grande problema para todos os
artistas (até com o deposito legal, como vimos no texto), e com o passar do tempo e a chegada
no mundo digital, esse problema se expandiu para o mundo virtual onde artistas produziam
imagens e outros tipos de arquivos, mas não possuíam uma garantia de que seus trabalhos
seriam copiados por outras pessoas, já que na internet você pode facilmente “criar” uma réplica
de uma imagem das maneiras mais simples possíveis. Diante desse paradigma então surgiu o
NFT, que cria um token digital único, que apenas o artista possui e uma vez que este é vinculado
ao material criado pelo mesmo, a obra torna-se única. Os impactos dessa tecnologia foram tão
fortes que chegaram a impactar a bolsa de valores, chegando artes serem leiloadas pro 68
milhões de dólares.
A partir disso, concluímos que o uso de tecnologias emergentes para a prática no
deposito legal — uma vez que fica cada vez mais difícil executar trabalhos como este neste
mundo que produz cada vez mais — podem vir a quebrarem esses paradigmas que compõem
essa prática de armazenamento de produções nacionais. Até mesmo os Estados Unidos que
ainda possuem o deposito legal e os direitos autorais intrínsecos, podem vir a fazer uso do NFT
e com isso deixar os produtores seguros quanto a segurança autoral de suas obras. A transição
para o mundo moderno acorreu de forma rápida, e para uma prática que tem por volta de cinco
séculos de idade, essa modernização que foi construída durante todo esse tempo, precisa ser
modernizada novamente.
Referências:

CAMPELLO, Bernadete. Introdução ao Controle Bibliográfico. Segunda Edição. ed.


rev. São Paulo, SP, Brasil: Lemos Informação e Comunicação Ltda, 2006. 93 p. ISBN 85-
85637-28-5.
GRING, Luciana; PACHECO, Stela. A Biblioteca Nacional e o Controle Bibliográfico
Nacional: situação atual e perspectivas futuras. InCID: R. Ci. Inf. e Doc, Ribeirão Preto,
2010.

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