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ES'flJDOS BRASILEIROS
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GRAFICA EDITORA SOUZA


RIO OE .JANEIRO - 1950


Biblioteca Digital Curt Nimuendajú - Coleção Nicolai
www.etnolinguistica.org

Manual Bibliográfico
DE

Estudos Brasileiros
SOB A DIREÇÃO DE
•t
.. ... .

RUBENS BORBA. DE MORAES


Sub-Diretor do.r Serviço.t Bibliotecário.t da O. N. U.

e . .

WILLIAM B'ERRIEN
. ..
proje,,.tor da Uni11tl'..rüúule de Batllard

GRÁFICA EDITORA SOQZA


RIÓ DE . -JANEIRO
1949

.. •

,,.
ETNOLOGIA
HERBERT BALDUS

As descrições dos índios do Brasil feitas pelos brancos começaram com


a· chegada de Cabral . Pe~o Vaz de Caminha, e·scrivão da frota portug·uêsa.
reçligiu, em 1500, sua çélebre ~carta ao rei Dom Manuel. Assim, a história da -..
Etnologia Brasileira,. como da su}.. americana em geral .principia com o desco-
brimento do Brasil .
Contém, em cada século, fatos notáveis, fatos de valor para nós hodier...
nos . Medimos êsse ·valor. tanto pela exatidão e multiplicidàde das observações ·
..comunicadas, como pelo grau de distância em que o observador se colocou,
quànto aos preconceitos d~ seu próprio povo, procurando compreender obje...
tivamente a cultura estranha que se propôs observar.
· A exatidão de Vaz .de Caminha é demonstrada, por exemplo, pela se...
.guinte descrição do tembetá: "Anibõs traziam os béiços de baixo furados e
metidos nêles seus ossos brancos e verdadeiros, do comprimento de uma mão
travessa, da grossura de..-um fuso de algod~o. agudos na ponta como furador.
Meteni...nos pela parte de dentro' do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço
e os dentes é feita coi:xro rog.u e...de.-xadrez, ali encaixado de tal sorte que iiã<>
os mol~sta. nem os estorva no falar, no comer e no beber". .
O número de dados etnolàgicamente aproveitáveis é ma~or. nessa carta
de 1500, do que em .outros documentos do comêc;o do século XVI que se refe...
rem a índios ·do Brasil. Além disso. Vaz de Caminha não somente evita des...
figurar os fatos observados, mas chega a exprimir sua opinião sôbre os haJ:>i..
tantes da terra descoberta com as palavras seguintes·: "Segundo o que a mim
e a todos pareceu, esta gente não lhes falece outra coisa para ser tôda cristã~
sen~o entender...nos". Formar tal conceito acêrca de representantes de uma
:cultura completamente alheia à sua, revela uma tendência -que poderemos cha...
mar: "etnocentrífugaº.
Igual falta de preconceitos det~rminados pelos valores morais de seu pró...
prio , povo demonstra também o autor da carta quanto escreve que uma índia
tiriha "suas vergonhas tão nuas. e com tanta inocência descobertas, que nisso
não havia vergonha alguma". .
As obras quinhentistas mais importantes para. o conhecimento dos índjos
do Brasil sã.o as de Hans Staden. Jean .d e Lêry. Joseph de Anchieta e Gabriel
S~res de Sousa. Tratam, principalmente, dos Tupinambá. O arçabuzei.to
200 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

alemão ~den passou nove meses como prisioneiro dêsses índios e publicou a
respeito, eill"f557, um livro que representa a primeira monografia sôbre uma
tribo do Brasil. Léry recomendou..-o a ~todos os que desejam saber como são
na verdade os costumes dos brasileiros... Hans Staden, além de . descrever o
objeto .. dá, ainda, a sua designação em língua índia, e, para maior esclareci-
• mento, inclui uma xilogravura. Pela variedade de seus dados, êsse opúsculo
é, até hoje, muito consultado. Apesar de Staden ter estado longo tempo à
espera de ser devorado pelos Tupinambá, foi sem ressentimento algum que os
descreveu na sua narração. Desapaixonadamente, relata detalhes da antropo--
fagia observada e ·explica sua causa como sendo ódio contra os inimigos da
tribo, e não fome. A aparência física dêsses canibais é para êle tão atraente
como a da gente de sua terra, isto é, da Héssia.
O missionário caÍvinista ~ na.tural da Borgonha, afirma ter estado,
durante quase um ano, em trato familiar com os Tupinambá. Suas observa...
ções não são menos exatas e variadas do que as de Staden, superando' seu
livro o do alemão em matéria lingüística. Sem ter conhecido esta obra ?Jntes
de publicar a sua, Léry confirma a explicação de Staden no tocante à causa
da antropofagia. É, porém, mais minucioso do que êste, pois distingue, ain...
da, entre os sentimentos de vingança que levam, em geral, os Tupinambá a
comer carne humana, a gula especial de certas velhas.
Ao missionário jesuíta J~!ef ~e Anchieta .devemos preciosidades .filoló--
gicas e outros dados sôbre os an 1gos 1 upí,"'êõ'm os quais passou dezenas de
anos. Devêmos..:.lhe, também, informações relativas à organização de paren...
tesco e à ordem matrimonial, informações essas que, nas obras sôbre os índios
do Brasil dos séculos seguintes só têin similares em alguns trabalhos muito
recentes.
~b.&~l §_oares de Sousa, senhor de engenho e, indubitàvelmente, um .dos
portuguêses mais cultôSétttêV'ieram ao Brasil quinhentista. declara ter residido
neste país durante dezessete anos. Além de tratar de múltiplos traços cultu...
rais dos Tupi da Bahia, assemelhando--se a Anchieta na consideração de as...
'
pectcs sociológicos, dá notí<Sas das diversas tribos do litoral, desde os «Ta...
puias" do Amazonas até os "Tapuias" do rio da Prata.
Em comparação com as obras quinhentistas, as do século seguinte não
representam grande enriquecimento para a Etnologia Brasileira. As informa...
ções dos autores acima citados, que se referem. principalmente, aos Tupi de
São Paulo, Rio e Bahia, dois capuchinhos franceses, os padres Clau..d.e d'Ab--
~ e x,yei. d:.g.YJÇ\1,Z• acrescentam outras sôbre os Tupi do Maranhão. De--
vemos à invasão holandesa notícias sôbre os indios do nordeste publicadas
nos livros de iae~ Barle1;1s. ~.arca~ave. Roulox -ª~r~ . e outros. O seu maior
valor não consiste nas referências ao'Si'upi, mas no material sôbre os chama-
.d os Tapuia .... Ehrenre.içb reüniu êsse material, que foi ilustrado pelo pintor
1\ Ibert Eckhout,. no seu artigo sôbre antigos retratos de índios sul--americanos.
Os informes acêrca dos habitantes do Amazonas escritos pelo jesuíta_~&UÍÍ.fJ.,..
que desceu o grande rio um século depois dá viagem de Orellana narrada por
Carvajal são, como os dêste seu antecessor e compatriota, quase inaprovei--
táveis. Mail:J valiosa do que êles é a «Descrição do E stado do Maranhão,
Pará, Corupá e Rio das Amazonas» feita por Maurício de Heriarte. Na sua
~......-~ ................. •...~... t ·-...-.-.

obra aparecida em 1663, o jesuíta Vasconcelos tenta uma classificação das tri...
bos do Brasil, reduzindo--as a duas«llãç4ões ''gbenéricas» que, por sua vez, pela
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diferença da língua, são subdivididas em "espécies". Chama uma dessas "na...


ções" de "índios mansos", formando os Tupí uma "espécie" dela. A ·outra
"nação" é a dos "fndios bravos" ou "Tapuyas". Também no século XVII, os
jesuítas destacam--se pelas contribuições lingüísticas, sendo a obra mais impor...
tante da época a do padre Montoya.
...... . ri ....

O século seguinte foi quase estéril para a Etnologia Brasileira. Os resul...


tados das viagens do naturalista b,le~ap.gr~drigues _!:~rreir~ são insignifi...

cantes no tocante à descrição dos índios, a julgãrpéfó ql.ut foi publicado de
sua obra. Só em 1795, Franc~~c9 R2.Stl~t~~ Prad~ escreveu sua pequena
monografia sôbre os Guaikuru. tribo que vivia nova e do Paraguai, ao redor
do forte português comandado por êsse oficial. E' uma exposição exata, se
bem que muito resumida.da cultura dêsses índios, e uma prova surpreendente
da compreensão e simpatia que animavam o autor. Por coincidência feliz,
só vinte e cinco anos a ntes, o jesuíta §~~;.~_c!.9! escreveu sua grande
obra sôbre os mesmos índios e seus vizinhos Guaná, ~ois dêsse modo o sé...
culo XVIII nos legou dois bons trabalhos, cuja importância aumenta pelo fato
de se completarem.
No século XIX, a etnologia tornou...se uma ciência, isto é, um campo de
trabalho de cientistas especializados. E ' verdade que só na segunda metade
dêsse século apareceram obras de etnólqg9s própriamente ditos. Mas embora
a Viagem ao Brasil do príncipe de Wied--~wie.2, publicada em 1820 e 1821.
tivesse sido. antes de tudo, trabalho aum zoólogo~ tornou--se pioneira também
do estudo indianista. Não existia antes de sua publicação uma des~rição de
tribo brasileira comparável à sua monografia sôbre os Botocudos. Já não fala
mais o colono, soldado ou missionário, como nas mencionadas obras dos séculos
anteriores. O autor é cientista experimentado, discípulo de Blumenbach, es--
crupuloso em observar, expor e formar juízos, afastado dos preconceitos de
sua época e ótimo escritor. Não reuniu material acêrca de tantas tribos
quanto seu contemporâneo Martius, nem significa tanto quanto êste para a
história da Etnologia BrasJleira, mas superou..:o, indubitàvelmente, em obje..-
tividade e exatidão.
Carl Friedrich Phil. von Martius, quando em 1817, isto é, no ano em que
acabou a viagem de Wieêtêliegou ào Brasil, tinha como tarefa principal o
estudo da flora. Assim, durante os três anos seguintes· em que percorreu o ..
interior do país, de São Paulo ao Màranhão, subindo, enfim, o Amazonas,
ficou conhecendo índios de numerosas tribos, mas geralmente indivíduos iso--
lados de sua cultura originária e muito influenciados pelo contacto com os
brancos, ou tribos que sofreram consideràvelmente essas mesmas influências.
Foram tais índios que serviram de báse à formação de determinadas hipóte,..
ses do grande botânico. Martius não se limitou a mencionar apenas, nos vo...
lumes da narrativa de sua viagem, os dados etnográficos que recolheu no Bra...
sil, mas reüníu--os. mais tarde, em obras especiais. Generalizava levianamente
para formular hipóteses. Segundo uma delas, «os americanos não são se]...
vagens, mas asselvajados e decaídos. .. restos degradados de um passado
mais perfeito, em via de degeneração muito antes da descoberta pelos ·euro...
peus». Uma de suas teorias fê...lo cair no êrro de d'Orbigny, que considerava
os Karaib parentes chegados dos Tupí, exagerando assim a extensão e impo.r...
tância dêstes últimos. Além disso, o Brasil parecia--lhe etnogràficamente um
enorme formigueiro onde tribos migravam sem cessar, dividindo...se, mistl!ran.-
..

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202 MANUAL BIBL~OGRÁFICO· DE ESTUDOS BRASILEIROS

do-se e transformando suas línguas. S de estranhar que, apesar disso.


Martius tivesse a coragem de elaborar uma classificação dos índios dêste país
e das regiões limítrofes. que ma,..cou época na história da Etnologia Brasileira.
Essa sinopse, coordenando, num esfôrço admirável. todo material disponível
até 1867, abrange não só uma faixa mais ou menos larga do litoral, mas, tam-
bém, pela primeira vez todo o Brasil. Era, a despeito de certas desfigurações
injustificáveis, o ponto-de-partida para a exploração puramente etnológica.
Não quero dizer com isso que, sem o trabalho de Martius. Karl von den
Steinen e Paul Ehrenreich tivessem deixado de empreender suas memoráveis
expedições. O trabalho de Martius serviu para êles de fundamento de suas
novas classificações e indicou-lhes muitos problemas a estudar.
As duas expedições de Y,.QP._g en St..eiJ!gll, ao Xingu, realizadas em 1884 e
1887, são os maiores acontecimentos etnológicos brasileiros dp século passa..
do. Era a primeira vez que no Brasil se organizavam grandes e custosas via...
gens com o objetivo principal de estudar índios. Os resultados foram sen...
sacionais. Ao passo que Wied e Martius tinham tratado somente com índios
que já haviam estado em contacto imediato com os brancos, as tribos encon...
tradas no Alto Xingu por von den Steinen não tinham tido nem sequer rela-
ções indiretas com a nossa civilizaç-ão. Além disso, formavam um ajuntamt:n...
to isolado de representantes das quatro principais famílias lingüísticas do Bra-
sil, a saber: Tupí, Karaib, Aruak e Gê. Essa descoberta e o seu estudo sub-
seqüente forneceram material de valor perene para a' história cultural do con"'
tinente, , ompletaram e modificaram o mapa etnográfico e familiarizarani ...nos
com a vida índia como nenh,um estudo anterior o fizera e como poucos poste...
riormente. Foi uma feliz coincidência a de um homem como Karl von den
Steinen ter sido o primeiro a encontrar êsses índios, p~is observou com tanta
sutileza e interpretou com tanta vivacidade, minudência e compreensão essas
suas observações, que seu colega Erland Nordenskiold pôde escrever no seu
necrológio: "Folheando qualquer manual de etnografia, história das plantas
cultivadas etc., encontramos sempre o nome de Kqrl von den Steinen, e, mui...
tas vêzes, algumas linhas dêsse homem de gênio, que inspirava tratados intei...
ros a outrosº.
No estado atual dos conhecimentos etnográficos brasileiros, o livro de von
den Steinen nos parece às vêzes antiquado;. de fato, êle nem sempre esclarece
suficientemente as diferenças entre as tribos das cabeceiras do Xingu. Fala
delas, freqüentemente, de uma maneira genérica. Carece de dados sociológi-
cos. Entretanto o livro Unter den Naturvolkern Zentraf...Brasiliens, aparecido
em 1894, é não sõmente a obra-prima da Etnologia Brasileir~ do. século passa..-
do, mas também continua sendo, sob vários aspectos, uma introdução fecunda
ao estudo dos índios do Brasil. ·
Ao lado dessa figura imponente empalidece a de ..rui~~q- que, depois
de ter acompanhado von den Steinen na segunda viagem ao Xingu, visitou rà- '
pidamente os Karajá do Araguaia e algumas tribos do Purus, já tendo estado
antes entre os Botocudos de Espírito Santo e Minas Gerais. Seus trabalhos
etnográficos sôbre todos êsses índios não passam, em geral. de ligeiras notas,
e a leitura do melhor dêles, isto é, do estudo sôbre os l(arajá, tornou...se em sua
maior parte, dispensável pelas publicações de . Kraus~ em 1911.· Sjnopses fei-
tas por êle do material etnográfico do Brasil eiãIDTündamentais em seu tempo.
~je são obsoletas. As obras de Ehrenreich sôbre mitologia su}...am~!ç.~~a
.,,.-~~--.
........ ~ ~ o.wve --~-
............-""',.,._..,
MANUAL BIBUOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 203

• -~mparada, .{!~2P-~og~f~~a . do~~.JJJ,.djos d~~il, ainda_g~~~quadas


em .certo sentido, ~ão f?i:am:._até~tr §.U~as,. --......,__ · • ~--
Entre os viajantes do século XIX que, sem serem etnólogos profissionais,
contribuíram para o conhecimento das tribos dêste paíst destacam-se o pintor
•tgaiae! com o livro magnificamente ilustrado sôbre os Kaduveo, e §pnçal!_es
_ ocantíns com uma monografia sôbre os Munduruku, sendo, ainda, dignos de
~otTÇ.outo de Magalhã~s, ~~..tl2.Q.sa _;R2iE!gu~s, T_elê~<?._ Borb~ e o ~
t fillll~·

II

Enquanto Martius, von den Steinen e Ehrenreich, os três principais ini--
ciadores da Etnologia Brasileira do século passado, procuram abranger, em
seus trabalhos, o maior número possível de tribos e de diferentes traços cu}..
turais, construindo hipóteses e estendendo suas cla$sificações além dos limites
do Brasit ...M<!,.Jf..J)_s.l:!~~ no seu livro aparecido em 1905, fornece dados de di~
versas espécies sôbre as várias tribos por êle visitadas e distingue-se pelo estu.. •
do fundamental de determinada espécie, isto é, a técnica de trançados dos
Guató e dos índios das cabeceiras do Xingu. Entretanto Max Schmidt, como
demonstram os relatórios de suas viagens posteriores ao Mato Gro~o, nunca
conviveu bastante com uma tribo para fazer o que hoje chamaríamos um «estu..
do intensivo», isto é, uma penetração concretamente documentada da totali-
dade das relações e funções de uma cultura, considerando devidamente a orga-
nização social e os fenómenos religiosos. E' preciso dizer, no entanto, que êle
não deixou de pisar o campo escorregadio da «História Cultural» com sua dis-
sertação sôbre a expansãp dos Aruak. Mas o qqe lhe caracteriza a personali ..
dade científica que constit~i ~ .sae,!,t,~! para o desenvolvimento da etnologia,
é sua tendência para os ~tudos.._e~a_oló9icos ~ ec9J}ômicos cujos assuntos se lhe
afiguram como mais perceptíveis, melhor documentáveis e, por conseguinte,
menos sujeitos a mistificações e mal..entendidos do que os da chamada «cultu-
ra espiritual», no sentido dado a êste têrmo por K. Th. Preuss e outros pes··
quitadores de fenômenos religiosos. -Isso, porém, não leva Max Schmidt a
esquecer o homem como fator decisivo também na «cultura material». Assim,
considera êle não sómente a economia como processo social, mas também na
ergologia a finalidade de. cada objeto físico,~ colocando...se dêste modo em opo~
sição, ao padre Wilhelm Schm!dt quando êste se limita a comparar formas
sem dar atenção à função.
Pela iniciativa do dinâmico Adolf Bastian que, por várias razões, merece
o nome de pai da etnologia, o museu etnográfico mais importante do mundo
foi o de Berlim, tornando-se a Alemanha o país mais rico em coleções etnográ.-
ficas do Brasil. Tornou-se, então, idéia predominante nos estudiosos de po-
vos..naturais, estar-se aproximando a última hora dêstes povos e, com isso, a
extrema necessidade de salvar tudo aquilo que poderia servir para documentar
sua cultura perante a posteridade. Queriam recolher, ainda, do maior núme-
ro possível de etnias diversas, o maior número possível de pocum·e ntos. óbvio
é que, para tal fim e em tais circunstâncias, tratassem de reünir antes de tudo
o mais acessível, isto é, utensílios, armas, enfeites e outros objetos «tanglve1s> ..
,
204 MANUAL BIBLIOGRAFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

Karl von ele Steinen, encaminhado por Bastian à etnologia, e, depois dêle, Max
SchmiClt, administrou a seção sul-americana· do Museu de Berlim, e e-nrique-
ceu-a consideràvelmente com as coleções recolhidas em suas viagens. Koch~
Grünberg e Fritz Krause, dois outros indianistas aos quais a Etnologia Brasi...
-leira muito deve,. Viãfaram com o mesmo fito e foram encarregados, mais tarde,
de funções semelhantes, dirigindo o primeiro o museu etnográfico de Stuttgart
e o segundo o d~ Leipzig. Foi para êsse museu que Krause recolheu material
em 1908 no vale do Araguaia. Koch-Grünberg percorreu, nos anos de 1903 a
1905, o noroeste do Brasil por incumbência do museu berlinense, tendo como
objetivo principal trazer coleções para suas vitrinas. E' natural, pois, que as
obras sôbre essas duas expedições refletissem seus motivos, na abundância de
dados concernentes aos tesouros acumulados para os museus e na escassês de
informes psicológicos ·e sociológicos .

Além disso, Koch-Grünberg. cuja instrução universitária era essencial"'
mente filológica, dedicou grande parte de sua atividade a recolher da bôca dos
índios vocábulos, frases e textos. Retinindo êsse material de dezenas de tri.-
bos. contribuiu mais do que qualquer outro para o conhecimento dos idiomas
índios do Brasil e tornou-se, p~la elaboração comparativa, uma das m~iores
autoridades em Jjn.g,i.U~_tic~ ~~Yl--,a.tyl~-!,iC~P~: A fama, adqt;irida com suas publi~
cações sôbre línguas do noroeste brasileiro, cresceu ao aparecer póstumamente
o tômo lingüístico de sua grande obra sôbre a expedição de Roraima ao Ori~
noco por êle realizada, nos anos de 1911 a 1913. Um outro dos cinco volumes
concernelftes a essa notável viagem é um dos melhores trabalhos de .E.!!!ologié!
sul-americana, dedicado pelo autor ao seu mestre Karl von den Steinen. O to-
mo referente à ~tJ],ogi;,afi.ê...RI.9.J?I.1€!m.le.,.c;!!té! é excelente, na parte ergológica, e
mostra como Koch-Grünberg observou, melhor do que anteriormente, ·os fenô-
menos religiosos e sociais, se bem que seus dados sociológicos ainda estejam
longe de satisfazer às exigências atuais.
Tais exigências foram satisfeitas no tocante às tribos brasileiras, sómente
por pesquisas mais recentes e, principalmente, pelos últimos trabalhos de Curt
Nimuendaju. Sste autor, nascido em Jena e naturalizado brasileiro, publicou
~m 1§i 47'-romo sua primeira obra, um magistral estudo sôbre a religião dos
Apapocuva-Guaraní, horda de seu pai adotivo e da qual recebeu o nome índio
hoje tão C<:tro aos colegas e tão conhecido de todos os estudiosos. O me~io.­
nado trabalho é fruto de um convívio de vários anos com os Guarani do sul de
Mato Grosso e do Estado de São Paulo, contendo, além do material mitoló-
gico, abundantes dados sôbre lingüística, psicologia e história de migrações..
As outras vinte e uma publicações de Nimuendaju aparecidas nos anos de 1914
a 1932, são, na maior parte, vocabulários das numerosas tribos do norte do
Brasil. por êle visitadas, mitos dos Grengêz, Tembé e Xipaia, destacando-se
as pequenas monografias sôbre a cultura dos Parintintin, Palikur e Tukuna. •
Instigado por R.H. Lowrie, dedicou-se o explorador, desde 1935, a estudar,
principalmente, a organização social dos Gê do norte; daí seus trabalhos fun-
damentais sôbre os Canela, Xerente e Apinayé ·que inauguram nova fase no
·desenvolvimento da Etnologia Brasileira.
Também a monografia do padre olbacchini sôbre os Boróro Orientais,
aparecida em Turim, apresenta, ao lado e muitas páginas preciosas sôbre mi...
tologia, lingüística e etnografia em geral, detalhado estudo sociológico, o qual ·
foi ainda consideràvelinente melhorado . e aumentado na edição brasileira d~
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 205

mesma obra, publicàda no ano de 1942, por êsse missionário salesiano em cola...
boração com seu confrade Albisetti. P<;>r fim, representantes da geração mais
.nova de etrtólogos como J~~}; e Char!~..:yV" ~atey, discípulos de Franz
Boas, trabalhavam recentemente no BraSií,"'aprofunâando ainda mais certos
problemas daquela espécie, descobrindo outros e alargando com isso, de ma...
neira surpreendente, o nosso conhecimento das possibilidades e realidade~
sociais.
O presente resumo não enumera, ao lado das hguras máximas da Etno... •
logia Brasileira, os nomes de todos aquêles que, pelos seus estudos «in..-loco»
ou de gabinete contribuíram para o conhecimento Oo3 1ndios do Brasil. São
muitos. e entre êles há ·e tnólogos de reconhecido valor. Sobressaem, ainda
entre os auto~es do século XX, dois brasileiros, a saber: ~.,t;?istrano de Abr~u.
na sua monografia sui... ~êneris sôbre os Kaxinauã, e ~º.9J:!.~~vro
sôbre os Pareci e Nambikuarà encontrados pela heróica Comissão Rondon. •
Martius, von den Steinen e Ehrenreich publicaram mapas lingüísticos do
Brasil. e von den Steinen estudou cartogràficamente a distribuição geográficá
de certas palavras. Assim os três autores iniciaram o estudo da «Histcifia
Cultural» dos índios dêste país, formando hipótese sôbre antigas migrações e
parentescos. fürE!ll~~!l~ é n1enos conhecido dos etnólogos pelas publi-
cações sôbre as êiuas vlagens ao Alto Xingu feitas em 1896 e 1899, do que
pela pequena monografia limitada ao estudo da difusão de variedades do arco
e' da flecha no Brasil Central, difusão essa também representada cartogràfica...
mente. Depois dêle, foram realizados estudos da distribuição geográfica de]
determinados «elementos culturais» no Brasil, na América do Sul ou ~a Amé,..
rica tôda, por Friederici, Wilhelm Schmidt, Erland Nordenskiold, Stahl, Mé.-.
traux, Krickeb~rg, Rydén, Haeckel e outros. O padre W. Schmidt aplicou ao
material sul,.,americano o método dos «ciclos culturais» ( Kulturkreislehre), com
os seus conceitos formados no estudo da e~tensão de complexos grupos inva-
riáveis de fenómenos culturais _d e outros continentes. Com isso motivou gra..-.
ves objeções por parte de Ehrenreich, Krause e outros americanistas. Not-
denskiold e Métraux procuravam, então, a região de maior distribuição de cada
um dos «elementos culturais» estudados, para poder chegar à construção de
novas hipóteses em relação à origem e migração dêsses elementos e de seus
portadores. Várias tribos tupi serviram a Klimek e Milke para uma análise
estéttística de «elementos culturais» e ..a Métraux para um estudo puramente
histórico que coordena notícias sôbre suas migrações durante os séculos XVI
a XX.
No seu livro aparecido em 1905, publicava Max Schmidt um interesspnte
capítulo de doze páginas com o título. «Penetração. de cultura européia na re-
gião das cabeceiras do Xingu». Apesar disso, dados científicos sôbre acul--
turação de índios do Brasil eram escassos e esporádicos até que o autor das
presentes linhas tentou estudar sistemàticamente, nos seus «Ensaios de Etno-
logia Brasileira», êsse aspecto da mudança cultural entre várias tribos do cen ...
tro e sul do país.
As sínteses do material da Etnologia Brasileira que melhor caracterizam
~respectivo estado de seu desenvolvimento~ foram feitas por Martius em 1867,
Ehrenreich em 1891 e 1905. Wilhe~m Sdí.llljíl..t em 1913, i(_dç.lçeb.g g em 1922 e
1939, ~êvãq,.,,.R~n,.-l} em 1935, &.rJ.ç.Qt ~~-...Ga~cia em 1936. .Qillin em 1940 e
lqism em 1942. re erindo-se exclusivamente à lingüística as publicadas por
. J9Y~t em 1924, Wilhelm Schmidt em 1926 e Loukotka em 1939.
~-----1
........ dai - ....- - -
206 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

III

A história da etnologia, apresentando dados acêrca dos povos observa...


dos, fornece-nos também acêrca do povo do observador. E' a história do nos..
:so conhecimento dos outros e do nosso comportamento em relação a êles.
:Os fatos, que principalmente chamam a atenção do observador, dizem respeito
• ·a si próprio e a seu povo em determinada época. Em outras palavras: a es ...
colha de fatos feita pelo observador representa certa informação sôbre o
ambiente social e cultural em que êle se criou e costumava viver.
Vaz de Caminha e os seus se interessaràm pelo aspecto físico e adôrno
dos índios, pelo seu comportamento en1 ·relação aos ádvenas e pelas indicações
que fizeram a respeito da existência de ouro e prata. •A carta de 1500 frisa o
bom tratamento que os portuguêses deramt «para os mais amansar», aos índios
~hóspedes de sua~ naus. No final. a missiva indica como objetivo principal
«salvar esta gente», 1nencionando ·em seguida a utilidade de ter na terra des...
coeerta «esta pousada para esta navegação de Calecute». Várias passagens
da epístola revelam a grande cautela dos portuguêses em não se exporem a
uma surprêsa hostil por parte dos índios. Em resumo: ao lado de certos in-
'terêsses intelectuais, isto é, curiosidade em conh~...er gente e coisas estranhas,
mostra o ;documento interêsses materiais em achar metal precioso e assegurar
o caminho marítimo para a índia, e interêsses religiosos, pois dá grande im-
portância ao «acrescentamento da nossa santa fé•.. Tudo isso foi manifestado
•com intenções benévolas e completamente pacíficas que, porém, não excluíra1n
o racionalismo do autor, nem a desconfiança estratégica de seus companheiros.
A observação no .ID.ii.!i.9 de Pero .Lo12~~ _d_e Saus<i• de serem as mulheres
tupí da Bahia vistas pelo autõrê'mf531, «muj ftrmosas q nó hã nenhuã em ...
·véja as da Rua nova de lixbõa», ·pode ser um juizo puramente estético, mas
·não deixa de lembrar as tendências tipicamente portuguêsas na política de po--
voamento colonial. isto é, a atividade procriador1 do luso em qualquer aro--
biente racial e com qualquer quantidade e qualidade de mulheres.
Enquanto êsses escritos da primeira metade do século XVI encaram amà- .
velmente o aspecto externo dos Tupí a História da Província Santa Cruz, de
.Magalhães de-<,.§-al!.Q,ll.r2...aparecida em 1576 já dá 3 conhecer outro modQ de
ver dos portuguêses resultante do contacto mais longo co·m êsses índios,
-quando dêles declarou: " ... sam desagradecidos em gram maneira, e muy
·deshumanos ·e crueis, inclinados a pelejar, e vingativos por extremo". Ha...
via chegado a época na qual o português considerava, em geral. o índio
-como escravo ou inimigo.
Era, porém, comum a quase todos os mencionados autores dos séculos
XVI, XVII e XVIII, isto é, desde Vaz Caminha até &Qdtigues clo-.P-1:.é!ili>· te-
rem o cristianismo por padrão supremo para pensar e agir. · Somente na inter,..
pretação e aplicação dêsse dever sagrado, no tocant~ aos índios, havia diferen--
ças e mesmo contrastes. Para aumentar a glória de Deus, uns entabularam re..
lações amistosas, outros mataram ou fizeram escravo5. No meio de relatos v~-­
rídicos encontramos, às vêzes, deturpações conseq ü~ntes da Idade Média na
qual, como é sabido, perdeu..-se grande parte das aquisições científicas da Anti..
guidade e com elas, também, a objetividade a respe!~o dos povos exóticos, pa..
tente em obras de arte egípcia desde o segundo n!i!enário antes de Cristo, e
,
MANUAL BIBLIOGRAFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 207

em monumentos de vitória do império romano. O o!:lscurantismo medieval que


para representar convenientemente os pagãos, ressuscitou quimeras da Anti...
guidade e inventou outras, sobreviveu em aberrações da natureza personifica...
das por tribos do Brasil.
No século XVII. os padres ....l\s,u[a e Sir@.? de Y?~~~s deram notí ..
ci~s acêrca de «nações» inteiras de gigantes, anões: dmazonas e gente com pés
voltados para trás, correndo, apesar disso, para frente. Ainda no fim do sé...
culo XVIII, o naturalista Rodrigues Ferreira perguntava : «Será certo que
entre as muitas nações de gentios,qüê1là15ifàm no J uruá, confluente do rio So,..
.limões, existe a dos Cauánás, espécie de pigmeus, de estatura tão curta que
não passam de cinco palmos ? Será certo que a dos Uginas, do mesmo rio,
consta de Tapuias caudatos?» '
lndubitàvelmente, tal sêde de sensações cau ·; adas pela imaginação de
anormalidades tinha certa relação com o vivo 1nterêsse pela antropofagia que
caracterizou a Etnologia Brasileira da segunda metade do século XVI. Era
também assunto predileto de autores dessa époc :~, ainda não citado, como
André Thevet
. ---
....,_.
e Fernão Cardim.
.........-....----.
Simultâneamente, .com a tendência a saborear fenômenos horripilantes,
manifesta-se a inclinação para tornar mais bela a realidade. Assim, nas gra-
vuras do livro de Léry, representando cenas de espíritos malignos em forma
assombrosa, atormentando pobres Tupinambás, e também retratos de homens
e mulheres desta tribo, correspondendo ao ideal de beleza europeu de então,
e lembrando a mencionada comparação das baianas índias com as lisboetas n0
diário de Lopes de Sousa.
Tais «aformoseamentos» de povos-naturais alcançaram o auge na época
em que Jean-Jacques Rousseau elogiou o suposto estado paradisíaco ·dessa
gente. Martius, também, veio ao Brasil com preconceitos sem·elhantes. A de-
silusão ·sofrida na cabana índia o fêz mudar de opinião e manifestar-se de acôr-
do com os autores coevos como Friedrich Creuzer e sua escola, em cujas repre-
sentações os povos..naturais não passavam de degenerados. Aplicando êste
çonceito aos índios dó Brasil, Martius teve o ensejo de externar lamentações
"filantrópicas e revelar, com isso, o ambiente social e cultural em que se criara.
Era o da burguesia alemã da época do romantismo, a casa de um farmacêutito
em Erlangen, aparentemente bem diversa do castelo em !'1 euw1ect onde nascera
o etnógrafo dos Botocudos. Apesar de ser filho do mesmo tempo, êste pre.-
cursor de Martius na exploração e descrição de coisas brasileiras sabia mos-
trar.. se humanitário sem a verbosidade sentimentalista do sábio bávaro.
O evolucionismo de Darwin e Spencer que orientou as ciências, na segun~
da metade do século passado, é representado na Etnologia Brasileira princi~
pa]mente por Karl yon den Steinen. O descobridor do Alto Xin!u dissertou
brilhantementê sôbre a origem êla -produção do fogo, da olaria, do desenho,
das máscaras, do número dois e de outros fenomenos culturais, considerando
a América do Sul o campo mais vantajoso de experiência para ~resolver o pro-
blema do processo de desenvolvimento do grau inferior para o superior».
·T ambém -~hr~ts:i~h provou ter vivido na mesma época, contemporâneo do
evolucionista Tylor, quando, com referência aos Karajás e a outras tribos sul-
americanas, falou do animismo co.m o «a mais baixa forma da vida religiosa~.:.
As obras do antropogeógrafo ~el aparecidas nos dois últimos decênio~
do século XIX, formam uma espécie de reação contra o evolucionismo na etno-
208 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

logia. O caminho de um fenômeno cultural pelo espaço interessa-lhe mais do
que o pelo tempo. É verdade que já Martius se ocupara com problemas de
migrações e que ignoramos a influência de Ratzel sôbre von den Steinen e
Ehrenreich ao estudarem as mesmas questões. Em todo o caso, porém, um
. produto direto da influência do afamado geógr_a fo é a monografia de ..M_eyer
sôbre a distribuição do arco e da flecha, e como aperfeiçoador dessa corrente
anti-evolucionista, nomeia-se a si próprio o padre W. Schmidt, se bem que sua
orientação histórica não esteja bem de acôrdo com- tal afirmativa.
- -----
O ·e studo da "História Cultui:al'', tido por êste autor e sua escola como
...
objetivo principal da etnologia, incitava, naturalmente, aquêle «espírito da úl..
tima hora» que obrigava os viajantes, desde von den Steinen até Koch.-Grün-
berg e Max SchmiÇt, a recolher, antes de tudo, o material ameaçado de ex-
tinção. Mas o desenvolvimento da sociologia repercute, em medida crescente,
nas pesquisas etnográficas, e a intensificação de choques entre povos e raças
de todos os continentes durante e depois da prim·e ira guerra mundial chama a
atenção sôbre os problemas de ~ultu~s_fu>. O interêsse por esta «etnologia
aplicada» aumenta ràpidamente com a ~ influência de Thurnwald, Herkovits,
Redfield, Linton e outros. Assim, ao lado do «espírito da últüna hora» surge
um espírito novo que não olha só para trás, mas principalmente para o pre...
sente e para o futuro. Consider~-se o comêço da compreensão psicológica do8
povos estranhos, reconheaenda a necessidade do «estudo intensivo» pelo con. .
vívio de muitos meses e anos com a mesma gente. Este espírito novo não teme
· perder o trabalho «in loco», pois suas possibilidades são inúmeras.




MANUAL BIBUOGRÁFICO ·DE ESTUDOS BRASILEIROS

'BIBLIOGRAFIA
'.à bbeville, Claude d' mcntaç-ão; Festas; Vida sexual; Vida, mor-
· ~ Histoire de la Mission des . p éres capvcins te, feiticeiros; Anedotas; Caxinauás trans..
en l'isle de Maragnan ~t térres. circ.Qnuoisí.. formados em bichos; Bichos .e ncantados em
nes ov est traicte des singularitez admira.. Caxinauás; Bichos entre si; Feiticeiros e es..
l)Jes & éles meurs merueilleuses _des indiens pírítosi Astronomia; O fim do mundo e o
habitans de ee p.ais. Paris·, 1614. Repro.. novo mundo; A dispersão. Valiosos•com-
d ucÇãó fac"'8imile, editada por Paulo Prado plementos são as notas gramaticais (p. 11 ..
e prefaciadc;i por C apístrano de Abreu. Pa.. 32), os vocabulários alfabéticos português-
:·is, 1922. kaxinauá e kaxinauá..português (p. 524-
9'40 p . 621 ) e o prefacio (p. 621 ..630). Na pági-
A obra· dêsse capuchinho francés é como na 8, o a utor observa: "No Jornal do Com-
a _de seu- companheiro, P. Yves d·evreux, merdQ dé 25 de dezembro de 1911, de'- 7, 14
uma fonte preciosa para estudar os Tupí e 21 de janefro immediato foi publicada a
do antigo Mararí'\ião. O capítulo LI, con .. apuração dos dados etnográficos forne-
tém- interessantes dados sôbre · a astronomia cidos pelos dois Caxinauâs ~ que não vai
dêsses i.ndios. Anexo à · edição fac..simile em apenso . para não sobrecarregar ainda
~tá .um estudo'""Te"'l tõdõftO'·:tra;Ciãs--OOie mais o volume. Sstes artigos foram re--
~s iralavras .e frases .9~.- línguaJw.í. conti.. produzidos nos. "Ensaios e estuãos", 3.ª sé..
'3as no livrõ'de'traü'd e <fÃ~ville (76 p.), ri~ Rio de Janei~'íf~~~"''P'ó'Stü~'"dê'
glossário êsse que foi reimpresso na ~ T ap-istrano- de Abreu. O "estudo crítica"'
inst. liist. ge,p.:.J?!a§_:,,.....t.,-lSÇ!Y.r....Y..:....14§.i p. de Koch..G rünberg que acompanha a se-
1.. 100, 1923, Rio 'de Janeiro, 1927. 7\. edi.. gunda edição de "Rã..txa ku-ni..ku..i", é na-
ção brasileira fOi traduzid·a para o portu.. da mais do que um grande elogio, aliás bem
g.uês e anotada por César Augusto Mar.. merecido dêste já clássico livro, consideran..
ques, sendo publicada sob o título «Histó... do..o (<obra de alto valor científieo, quase
ria da Missão dos padres cãpuchinbos na sem paralelo na linguística e etnografia sul-
ilha do Maranhão e suas circutnvizinhan- amerkanas. o .íllaior e mellior material que
ças", Maranhão, 1874. (1850] pu"Tmê'õtr"'~re4ihgÜ~sul:àttieri--
jamais se, dº ..,,,,.,,_.,_.,_.,,_~~,..,_

~!.. d e n~ .;~ e_ ao mes.mo tetnp? i:ma:ex_.. .


Ãliteu, João Capi.strano de
Os Bacaerys. [Rev •+ bt:a~·i série ~t. 1-,
~1.en~~~?il . da v14.~RY.,<m.\~~'~
,, úsós e costumes e ~lore (p. 633).
p. 209..228; t. 4, p. 43..~o. 231-243. ~io ~-~~~~$4.\l~~.-.n~-':1:'1.*.1>

de Janeiro, 1895). [1852]


Estudo sôbre a língua e lendas dêsses ín- Abreu, Sylvio Froes
dios karaíb a a região das cabeceiras do
Os índios Crenaques (Botocudos do. rio
Xingu, tão ~onhecidos pelas expedições de
Karl von den Steinen e Max Schmidt. Doce) em 1926. (B!v. lJlUb!. ;12aulista; X\!'l..
. (1851] p. 569..601, São Paulo 1929, 8 plãrictíà s).
• e.sse. __artigo serve d;~~"õinplemento aos
Abreu, João Ca.pistrano de ·trabalhos de M àximiliano príncipe de
Ra:.> txa hu..ní..ku ..1. A_ lingua dos Caxi..
vVieà-Neuwied, Paul Ehren reich, H. fvia-
nauás do rio Ibuaçú, qffluente dq Murú
(prefeitura de Tarauacá). Rio de Janeiro, nizer e outros observadores· dos Botocudos,
mostrando interessantes fenômenos de mu-
1914.
dança cultural. Durante sua estada ehtre
630 p. aquêles índios, o autor coligiu, também, um
· te 2.t\ edição com as emendas do au.. pequeno v ocabulário ( p. i94r601) .
tor e um êstu o crítico do Prof. 'theodor
Ke>eh...Grünberg, Rio de · Janeiro, 1941, (1853]
635 p. ~- Abreu, Sylvio Fróes
Com dois rapa.zes kaxinauás, um de vin.. Na ter~ das palmeiras:· estudos brasilei-
te e outro de treze anos âe idade e ambos " >s; prefácio do ·Prof. Roquette Pinto. Rio •
liá muito tempo forà de sua terra, realizou ~e Janeiro, 1931 . .
o autor êsse magistral estúdo cheio .de da.- . vii, 287 p . ilus .
dos linguísticos, mitológicos e etnográficos -A s p. 8.7 ·103 dêsse interessante livro tra-
em geral. sôbre · aquelà tribo pano da ba.. tam das diferentes tribos do Maranhão an-
eia do Juruá. A parte principal do livro tigo e moderno, ao passo que as p .105·163
·.consiste em textos com él tradução lit eral ocuP,am-se exc:Iusivamente dos Guajajára e
em português e coordenados· pelo .autor sob de sua. língua ( tupí), sendo as p. 165..407
os seguintes títulos: Vida da aldeia; 1\li.. dedicadas aos . Canella (Ramkókamekra) · e


210 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

ao seu idioma (gê). As p. 209-214 mos- mat:rial fre ~P..~~~~~qoso cuja utilf..
tram as diferenças entre essas duas tribos · zac;ao e::iu e a maior precauc;aõ:'Para conbe..
visitadas pelo autor em setembro de 1928, cer os índios do Brasil. atual não é preciso
e as p. 215-228 referem-se às relações dês.. ler êsses autores. [18S5)
ses índios com os representantes da nossa
civilização. [18S4] Adalbert, príncipe da Prússia.
Aus meinem Tagebuche, 1842.. 1843. Ber..
Acuiía, Cristobal de Jin, 1847.
Nuevo descubrimiento del gran rio de vi, 778 p. 9 mapas, 1 plancha.
las Amazonas. Madrid, 1891.
xxxi, 235 p. (Colección de libros que A versão inglêsa traduzida por Sir Rob.
H. Schomburgk e J. E. Taylor intitula..se:
tratan de América, raros ó curiosos, v. 2).
esse jesuíta espanhol viajou, em 1639, de ..Travels in the south of Europe and in Bra-
Quito ao Pará descendo o Amazonas. Das zil", London 1819. 2 v. xvi, v. 338, 377 p.
suas notícias sôbre os habitantes da região Uma edição de divulgação foi organizada
percorrida destacam ..se as concernentes aos por Hermann Kletke sob o título "Reise Sei-
Tupinambá nas quais Métraux, na sua mo.. ner Kõniglichen Hoheit tles Prinzen Adalbert
nografia "Migrations historiques des Tupi.. von Preussen nach Brasilien im Jahre 1842", •
guarani", baseou sua hipótese a respeito do - Berlin 1857, 749 p. 1 plancha. O autor, que
itinerário dêsses índios de Pernambuco ao explorou o Baixo Xingu até Piranhacuara
Madeira. Na recente edição brasileira da (4 9 5,1 '). dá interessantes informações sõbre
narrativa de Acufia, aparecida no livro: os índios dessa região, principalmente sõbre
Gaspar de Carvajal, Alonso de Rojas e os Yuruna visitados por êle em dezembro de
Cristobal de Acufia: descobrimentos do rio 1842. , [18.S6]
das Amazonas (traduzidos e anotados por Anchieta, José de
C. de Melo-Leitão), São Paulo, l 91 l ,J3rit:
siliana v. 203, p . 261, há, nesse tocante, a Arte de grammatica da lingua mais usada
• seguinte nota: "Berredo completa a narrati.. na costa do Brasil, novamente dado à luz
va de Acuna e dela diverge no que se re- por Julio Platzmann . Lipsia, 1874.
fere às lendas contadas pelos tupinambás. xii, 82 p.
Diz êle: Mais abaixo (do rio Madeira) , Este esbôço de gramática cuja primeira
pela parte do norte, desemboca o Saracá, edição apareceu em Coimbra no ano de 1595
depois de já ter desaguado nêle;d:';U rubu (a é uma das fontes mais preciosas para o es·
que o padre Cwiha chama B~taipiru) , ha- tudo do tupí antigo. (1857)
bitado de muito gentio, que se· comunica
com os holandeses pelo Suriname; e a este Anchieta, José de
último antepõe também o mesmo padre Cartas, informações, fragmentos historicos
(sem dúvida que equivocadamente), não só e sermões, 1554.. 1594. Rio de Janeiro, 1933.
o Madeira mas ainda o Negro. Pouco (~l. ac. ~ =--
adiante de Saracá, correndo para a banda Valiosos documentos sôbre os Tupí que,
do norte, passou a armada a bôca do rio no século XVI habitavam o litoral do Bra..
Atumá, e com mais um dia de viagem a sil e os arredores da atual capital do Esta~
dos Jamundazes. Nessa altura a singeleza do d~ São Paulo. [l8S8]
do padre Cunha dei~ou:-se persuadir por
vátias novelas, sugeridas tôdas por uns ín- Andrade, Alfredo Antonio de
dios ch~mados Topinambazes. Maurício de Estudos das materias corantes de origem
Heriarte chama aos Tupinambás Tupinam- vegetal em uso entre os indios do Brasil e
baranas, dan~o as mesmas informações que das plantas de que procedem. (An. XX
o padre Acuiía. A relação de Carvajal congr. inter. americ. (Rio de Jane~
publicada em versão portuguêsa iunto à de v. 1, Rio êfe Janeiro 1924, p. 185-201).
Acufia no citado livro e da qual apareceu
uma edição em espanhol moderno sob o ti- A leitura dessa monografia é .!!!djsp~~..
• tulo "Descubrimiento del rio de las Ama.. ..ê2: i~.!M..dJ?.....!il~...ma.t.érhJL,~<?!~~ aplicadas
zonas", Sevilla 1894, ccxxxix e 278 .• re.. pefos índios a fios, palhas, penas, cerâmica
fere-se à descida do Amazonas, em 1541, e, principalmente, à própria pele.
por Orellana, em cuja companhia viajava A afirmação segundo a qual o urucu .ser..
êsse dominicano espanhol. Contém infor.. ve não sõmente para enfeitar, mas também
mes sôbre a gente da «terra de Omagua> "à defesa contra os mosquitos" (p. 199),
e outros índios. Ambos, Carvajal e Acufia, não deve ser generalizada, porém, quanto às
oferecem material para o estudo da etnogra- tribos do Brasil, pois entre estas, na maioria
fia amazõnica do século XVI e XVII, mas dos casos, o mencionado corante é aplicado
,.
MANUAL BIBLIOGRAFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

na pele: 1.0 ) não de todos, mas só de deter- anos de 1933 a 1935, a saber: dos Kaingang,
minados indivíduos, 2.0 ) nem sempre, mas só Tereno, Boróro, Karajá e Tapirapé. O livro
ocasionalmente, e 3.º) não em todo o corpo, foi classificado por Alfred Métraux, no.
mas só em certas partes, restringindo--se, fre- Handbook of Latin American Studies: 1938,
quentemente, a poucas linhas. [1859] Cambridge, Massacbusetts, 1939, n.º 358, co.-
mo "important contribution to our knowledge-
Antu, Gustav of South Amerkan ethnology". Os seguin.-
Einige Bemerkungen zu den Kugelbogen tes ensaios apareceram, também, em língua
im stãdtischen Museum für Võlkerkunde zu alemã: "A sucessão hereditária do chefe en-
tre os Tereno" (Ethnol. anz., Bd. IV, Stut..
Leipzig. (Jahr. stãdt. mus. võlker. zu Lei-
tgart 1935, p. 38~2); "Os grupos de comer
pzig, Band 3, Leipzig 1910, p. 79-95). e os grupos de trabalho dos Tapirapé" (Pin.-.
Entre os bodoques estudados pelo autor dorama, 1.Jg., Heft 2/3, S. Paulo, 1937, p.
também há tipos sulamericanos. O bodoque 1-11 ) ; "A mudança de cultura entre índios:
já foi mencionado por Debret como uma das no Brasil (Arch. für anthrop. und Volker.-
armas dos índios do Brasil. Nordenskiõld forschung, NN .F., Bd. XXIV, Heft 3/4,.
considerou êsse arco para atirar bolas de Braunschweig 1938, p. 170-189).
barro como um dos traços culturaiS que os (1864)
·portuguêses trouxeram da lndia para a costa Baldus, Herbert
ào Brasil. [1860] Herrschaftsbildung und Schichtung bet
A yrosa, Plínio Naturvõlkern Südamerikas. ( Arch. fur an-
throp., Võlkerforschung und kolonialen Kul...
V ocabulario na lingua brasilica: manus- turwandel, N . F., Bd. XXV, Friedr. Vieweg
crito português-tupi do século XVII, coorde- & Sohn, Braunschweig 1939, p. 112.-130).
nado ·e prefaciado por Plínio Ayrosa. São
Paulo, 1938. Na primeira parte do presente trabalho, o.
autor estuda o papel ,lo chefe entre os •
433 p. 5 planchas. (Coleção do Depar-
Guayakí e Chamakoko do Paraguai e os Ta.. ·
tamento de cultura, 20). pirapé do Brasil Central, baseando-se a res-
Fonte importantíssima para a tupinologia. peito dos Guayakí em comunicações que lhe-
Escreve o prefaciador (p. 68): " ... com os
dados que dispomos, e em face do que nos
a
foram feitas por F. C. Mayntzhusen, e res.-
peito das outras tribos em suas próprias ob...
forneteu o longo estudo -desapaixonado do servações.
manuscrito, não podemos, em sã conciência,
nêgar as grandes possibilidades de ter sido Na segunda parte, Baldus afirma haver na
Anchieta o autor primeiro dêste primeiro va.. América do Sul, como em outras partes do.
1losíssimo Vocabulário" ,, (1861] mundo, povos naturais cuja estratificação so-
cial é produzida pela estratificação étnica,
Baldus, Herbert enumerando várias tribos do Brasil e de ter...
Aldeia, casa, móveis e utensílios .entre os ritórios limítrofes em que a camada gover-
índios do Brasil. (§.QçiolQgia, IV, n. 2, São nada foi formada por membros de outras tri-
Paulo, 1942, p. 157.-172). - bos e se distingue da camada superior pelat
't""2 ai!:
atitude subordinativa, pelos traços físicos
Sugestões para pesquisas etnográficas. menos finos, pelas maneiras mais grosseiras.
[1862] e coisas semelhantes • A enumeração dessas·
Baldus, Herbert tribos atesta que tanto captores como tam..
• O conceito do tempo entre os índios do bém lavradores podem ser os senhores. Es..
Brasil. (Rev. arq. municip. LXXI, p. 87-94, tudado minuciosamente é um casp da segun-
São Paulo 1940. bibliografia) da metade do século XVIII, a saber, a ane.-
_ Trata, principalmente, da determinação do xação e a subordinação espontâneas dos:
tempo entre os Tapirapé e os antigos Tupí. Guaná, lavradores sedentários, aos Guaiku-
[1863] ru, captores que tornaram-se, mais tarde,.
pastõres. Os dados sôbre estas tribos ma..
Baldus, Herbert togrossenses apoiam.-se em relatótj')s espa-
Ensaios de etnologia brasileira. São Pau.- nhóis e portuguêses. [186Sl
la, 1937.
346 p. ilus . (Brasiliana, v. 1O1 ) . Baldus, Herbert
Bibliografia . lndianerstudien im nordõstlich@n Chaco ..
O autor estuda, principalmente, problemas Leipzig, 1931.
saciais e religiosos de várias tribos do Brasil ix, 230 p. l mapa, 8 planchas, apêndice•.
Meridional e Central visitadas por êle nos índice alfab. das matérias. ( Forsclíungen,
112 MANUAL BIBLIOGR}.FICO DE ESTUDOS BRAiSILEIROS

zur Võlkerpsychologie und Soziologie, em 1942, essa figura "uma onça assaltando
V. 11) uma anta".
Bibliografia . O tamanho e estilo dêsses retratos de
Neste livro, os Chamakoko do nprdeste animais talvez " possam supor que pro-
do Chaco que vivem caçando e colhendo cedem dos índios da região, os Borôró. Nas
frutas silvestres, são confrontados com seus aldeias dessa tribo, atualmente ainda, as
vizinhos Kaskihá, tribo maskoi, que leva crianças e os adultos têm predileção de de-
uma vida mais sedentária do que aquêles. senhar animais na areia e, sempre, em ta-
niorando ell?- casas retangulares construídas manho natural. Dizem, P.Orém, que não sa-
de troncos de palmeira, lavrando a terra e bem nada da existência das mencionadas
criando gado-vacum. Tanto os Chamakoko pinturas rupestres e de pbras semelhantes.
como os Kaskihá estiveram longo tempo, E' dign9 de nota estarem as pinturas de
·talvez por séculos inteiros, na dependência Sant'A.na da Chapada colocadas em lugar
•dps Mbayá, e principalmente a cultura ma- de difícil acesso e apresentarem, ainda, a
terial dos mencionados índios maskoi apre~ particularidade da sua altura acima do
.senta ainda, hoje, grandes semelhanças com chão, altura que implica na montagem de
a dos descendentes da chamada tribo guai- andaimes para a sua execução.
kuru que são os Kadiuéo ( Kaduveo) de Para fins comparativos, as estampas re-
Mato Grosso. O material dessa obra foi produzem, além de fotografias das pinturas
recolhido pelp autor, em 1923 e 1928 . O rupestres, desenhos a lápis feitos pelos BoA
apêndice contém ligeiras notas sôbre os rôro. (1869]
\ Guarani do litoral paulista visitados, pe!o_ Baldus, Herbert
• ._ipes~ vi~jaz:~t;. em 1927. [1866]~ Tereno-Te~í:e. (Anthrop. XXXII, p.
'Baldus, Herbert 528-544, St. Gabriel-Mõdling hei Wien
Instruções gerais para pesquisas etnográ- 1937).
ficas entre os índl:>S do Brasil. (Rev. arq. Iviaterial linguístico, mitológico e socioló-
• municip. LXIV,~. 253-272, São Paulo, gico colhido pelo autor, em 1934, da bôca
1940). dum velho Tereno, chefe da aldeia Murei-
Trata- do comportamento recomendável ra situada perto de Mir.anda no sul de
ao etnógrafo na sua aproximação dos ín- Mato GrQsso. O presente trabalho contém,
dios e na coleta de dados. [1867] além de textos em tereno com tradução in-
'. Balclus, Herbert terlinear, um vocabulário comparativo des-
sa língua aruak, uma lista de ·designações
A necessidade do trabalho indianista no de parentesco, um parágrafo sôbre o modo
Brasil. (Rev . arq. municip. LVII, p. 139- de contar e os números, e um comentário
150, Sãp P aulo, 1939). à monografia "Guaná" de Max Schmidt.
Essa aula inaugural da cadeira de Etno- [1870]
grafia brasileira da E scola livre de sociolo-
gia e política de São Paulo mostra a neces- Baldus, I-Ierbert e Willems, Emílio
sidade da colaboração do govêrno do Bra~ Dicioná rio de etnologia e sociologia. São
sil com a etnologia, no tocante à adminis- Paulo, 1939.
'tração dos Índios. · [ 1868] 245 p. (!nidação científica, v. 17)
Bibliografia .
:Baldus, Herbert
A1ém das explicações dos principais têr-
As pinturas ru~stres de Sant'Ana da
tll0S da etnologia e sociologia em ge:al.
Chapada (Mato Grosso) (Rev. arq. mu~ contém este livro muitas referências aos b.~­
nicip.,,.,XL, São Paulo, 1937, p. 5~14). dios do Brasil e numerosos verbetes con-
31 estampas.
cernentes à etimologia e ao significado de
Em 1934, o autor fotografou e mediu as têrmos índios usados na etnologia brasileira.
figuras descritas neste trabalho. · S~o pin- (1871]
·tadas com ocre vermelho ferruginoso numa Barlaeus, Caspar
parede de arenito branco, na borda escar- Rerum per octennium in Brasília et alibi
pada da Chapada de Mato Grosso. Re- nuper gestarum, sub praefectura Maurit\i
_presentam anta e onça, veados, coatís, ta- Nassoviae etc. cpmltis, historia. Amstelo-
tus, urubus, emas, seriemas e sapos ao lado dami, 1647.
de palmeiras, fileiras de bicones, circuLos ln folio, folhas ' não numeradas, 340 p.
·concêntricos e outros desenhos. A respeito 56 planchas .
da figura 21 na estampa 11, descrita no Uma versão alemã ilustrada apareceu em
presente estudo como "homem em pé em Cleve, no ano de 1652. A tradução por-
cima de uma anta", o autor pede licença tuguêsa saiu em J.210 no Rio de Janeiro sob
~para comunicar, aqui, que considera, hoje, o título: História dos feitos recentemente
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 213

praticados durante oito anos no Brasil e kaingang do Piquirí visitados por Borba
noutras partes sob o govêmo do ilustrissiA não diferem dos tupí descritos R')r Anchie-
mo João Maurício, conde de Nassau em ta e Gabriel Soares de Sousa. Contém a
tradução e anotações de Cláudio Brandão, primeira parte do presente livrinho ainda
xiii e 409 p. outros materiais kaingang, a saber: mitos
Etnogràficamente interessante é a descriA ( p. 20-27), uma narrativa histórica (p. 28-
ção dos "Tapuia" do Brasil holandês e da 33), textos de cantos fúnebres (p. 34), um
viagem do coronel Herckmann pelo Rio vocabulário alfabético português-kaingang
Grande do Norte e Paraíba. [1872] (p. 35-38), um diálogo em pprtuguês e
Barot Roulox úaingang (p. 39-40). um ensaio de conjuJ
Relation dv voyage de Rovlox Barp, in· gação (p. 41-47) e mais uma pequena lista·
terprete et ambassadeur. . . au pays des de vocábulos (p. 48). A segunda parte
Tapuies dans la terre ferme du Brésil. Re- dá ligeiras notas sõbre os Kainguá e Gua-
lations veritables et curieuses de l'isle de rani domiciliados no município do Tibagi
Madagascar et du Brésil... Paris, 1651. ( p. 51-62} , uma lenda guarani ( p. 62-69) ,
p. 197·307. um mito dos Aré cuja língua pertence, tam-
Contém alguns dados sôbre índios nor- bém, à familia tupi (p. 69..71}, um voca-
destinos do século XVII. [1873] bulário "'s Otí-Chavante dos Campos No-
vos da comarca paulista de Botocatú, com-
Boggianit Guidp parado com as correspondentes palavras em
Viaggi d'un artista nell'America MeridioA kainguá (p. 72-76) e um ensaio de conju-
nale; 1 Jaduvei (Mbayá o Guaycurú); con gação em guarani (p . 77-91 }. A terceira
prefazione ed uno studio storico ed etnoA parte compreende um vocabulário compa-
grafico del Dott. G. A. Colini. Roma, rativo português-kaingang-guaraní (p. 95-
1895. 114). O apêndice contém uma toponimia
xxiii, 339 p. 112 figuras, 1 mapa, apên- kaingang da comarca de Guarapuava (p.
dice. 117.. t 18), um conto db tamanduá e da onça
Bibliografia . em guarani com tradução interlinear por-
&te livro é o produto feliz de um ar- tuguêsa ( p. 119-123) , um estudo sôbre tú-
tista com tendências científicas. Um bom mulos índios no município do Tibagi ( p.
pintor que também se revela, bom etnógra- 124-127), uma refutação da suposição de
fo, descreve sua estadia entre os Kaduveo H. vpn Ihering de serem os atuais Kaingang
<lo sudoeste de Mato Grosso durante os os descendentes dos Guaianá mencionados
meses de janeiro, fevereiro e março de por Gabriel Soares, refutação essa que
1892 . A forma de diário dada a essa rela· Borba, com argumentos convincentes, de-
ção conserva detalhes psicológicps cujo va- monstra diferirem aquêles completamente
lor é estimado, principalmente, por nós h~ dêstes e distinguirem-se os Guaianá de
diernos. As ilustrações magistrais contri- Azara. também, fundamentalmente dos
buem para tornar essa obra um dos do- Kaingang (p. 128-137), acrescentando, ain-
cumentos mais grandiosos que existem sôA da, o vocabulário guaianá de D. Domingos
bre a vida e a arte ornamental dos índios Patino com as palavras correspondentes em
do Brasil . Um vocabulário kaduveo (p. kaingang (p. 138-139), "para que se veja
253-270) e os eruditos estudos do doutor a diferença radical que existe entre um e
Colini (p. xi-xxiii e 287-339) são seus pre- outro idioma". A . descrição duma viagem
ciosos complementos. [1874] do Jatai ao salto do Guaíra ocupa as
p. 140-165. [1875]
Borbat T elêma<p Morosini
Actualidade indígena. Coritiba, 1908. BrintontI Daniel G .
171 p. 5 planchas. Tfie American race: a linguistic classifi-
Nas p. 5· 19, o autor reproduz sua "Bre· cation and ethnographic description of the
ve noticia sobre os índios caingangues, que, native tribes of N-0rth and South America.
New York, 1891.
conhecidos pela denominação de coroados,
xvi, 392 p.
habitam no território comprehendid·o entre
os rios Tibagy e Uruguay", notícia essa Apesar de antiquada, essa obra conserva
escrita em 1882 e publicada na ':E.e.~~ grande importância bibliográfica e é indis-
,,., geo. de Lisboa" (no Rio de Janeiro). So- pensável para o estudo da história das elas~
ciolõgicamenté" Interessante é à oSsêrvação sificações das tribos sulamericanas e de
(p. 11): "Não casam com as filhas dos suas línguas. [1876]
irmãos, que consideram como suas, prefe. Caminh'1t Pedro Vaz de
rindo, entretanto, as filhas das irmãs para Carta; versãp em linguagem actual. com
suas espôsas:i>. A êsse respeito, pois, os anotações da doutora D. Carolina Michãe-
214 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUQOS BRASILEIROS

lis de Vasconcelos. (História da coloniza- percorridas. A primeira metade do ter-


ção portuguesa do Brasil, v. 2, p. 86~99. ceiro tomo (1851. 484 p.) ainda se refere
Pôrto. 1923) . a Mato Grosso e dá, também, vários infor-
Das numerosas edições, é esta a mais re.. mes sõbre seus indios. O quinto tomo
corÜend'ãvêlPãiãumtrâbâlho ciêlltificõ. .. A (1851. 480 p.) trata da Amazônia e das
'Cãitã éãifigTclã -a-el:rêi'n-~ 'Nianúêl- ê' data- Guianas e contém vocabulários botpcudos
da "Deste ~orto-Seguro, da vossa ilha de (p. 249-262) recolhidos por Victor Renault
Vera Cruz, hoje, sexta-feira. primeiro dia (reeditados em Belo Horizonte, em 1904}.
de maio de 1500». Com êsse documento. cherente (p. 262-264). cliavante (p. 261-
o autor inaugurou. da maneira mais bri- 268), úarajá (p. 268-270), apinayé (p. 270-
lhante, a etnografia do Brasil. Admirável é 273), karahó (p . 273-274-). guaná (p. 274-
sua capacidade de observação. e não me.. 276), aplaká. (p. 276...278), guachí (p. 278-
nos louvável é sua objetividade na descri- 280), guaikurú (p. 280-282), kayowá-gua-
ção dos fa~os. O encanto de seu estilo não raní (p . 282-283), guató {283-285), boróro
pode ser superado. Os dados referem-se (p. 285-286). e de línguas da Bolívia. do
aos índios brasileiros encontrados pela ar- Paraguai e do Peru. Todos êsses vocabu-
mada de Pedro Alvares Cabral, tomando lários de idiomas do Brasil foram reprodu-
provável terem sido tupi êsses índios. zidos no segundo tomo dos "Beitrãge zur
[1877] Ethnographie und Sprachenkunde" de Mar-
Cardim, Fernão. padre tius. [1879]
Tratados da terra e gente do Brasil; in- Chamberlain, Alexander Francis
tlpducções e notas de Baptista Caetano. The Allentiacan. Bororoan. and Calcha-
Capistrano de Abreu e Rodolpho Garcia; quian linguistic Stocks pf South América.
editores J. Leite & Cia. Rio de Janeiro, (Amer. anthrop., N.S. XIV, 1912. p.
1925. 2.ªed:,). São Paulo, Editora na... 499-507).
-
cional. 19~9.
379 p . (Brasiliana, v. 168) .
esse livro reune os tratados «.D o clima e
A parte dêsse artigo que trata dos Bo•
róros. contém também uma bibliograf-ia do
que foi escrito, até então, sôbre êsses índios
terra do Brasil:> e «Do princípio e origem mato-grossenses. [1880]
dos lndios do Brasil e de seus costumes,
adoração e ceremonias» e a «Narrativa Chamberlain, Alexander Francis
epistolar de uma "viagem e missão jesuiti- Linguistic stocks of South American in-
ca". São fontes importantíssimas para o dians. with distribution-map. (Amer. an-
estudo dos índios do Brasil quinhentista th11op .• N.S .• v. 15, p. 236-247, Lancas-
principalmente pelas suas informações sô- ter 1913).
bre os Tupinambá e pela enumeração das Classificação das famílias linguísticas su-
tribos e línguas do litoral contidas no se· lamericanas. com indicações bibliográficas.
gundo dêsses dois tratados que, aliás. ap3- Convém conferir, a seu respeito, o comen-
receram. enmeiro, em inglês, na coleção tário de P. Rivet no Jr. soe. americ., N .S .•
\ "Purchasflis 1'ilgrimes". v. IV. London v. 10, p. 652-653, Paris 1913. [1881]
f 1625. p. 1289-1 320. sob p título "A treatise
1 õrBrazil written by a Portugal which had Chamberlain, Alexander Francis
long lived there". [1878] Nomenclatura and distribution of the
principal tribes and sub-tribes of the Ara-
\ atelnau, Francis de wakan linguistic stock of South America.
Expédition dans les parties centrales de (Jr. soe. americ .• N.S.. X. Paris, 1913,
l'Amérique du Sud, de Rio de Janeiro a Li.. p. 473·496).
ma, et de Lima au Para. Histoire du Mapa.
voyagc. Paris. 1850-1851. Bibliografia de 14 números .
6 v. Lista alfabética das tribos e subtribo~
O primeiro tomo ( 1850. 468 p.) descre• arawak (ou aruak) com indicações sôbre
ve a viagem do Rio de Janeiro através de sua distribuição geográfica elucidadas por
Minas Gerais e Goiás até o Araguaia e a um mapa. Valiosas são, também. as exatas
descida por êste rio, em 1844, q~:mtendo re· referências bibliográficas. [1882)
ferência aos Xavante,Xerente e Karajá.
o· segundo tomo ( 1&50. 486 p.) relata a Chamberlain, Alexander Francis
· viagem de São João das Duas Barras à Sur quelques familles linguistiques peu
cidade de Goiás pelo Tocantins e dessa ca.. connues ou presque inconnues de l'Améri~
pi tal a Cuiabá, como também várias explo- que du Sud. (Jr. soe. americ., N. S., VII,
rações na bacia do Paraguai, contendo no- Paris 1910. p. 179-202).
tícias sõbre as numerosas tribos das zona~ Mapa.
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 215

Dá a localização geográfica e a biblio.- cioso material para pesquisa sõbre os pro..


grafia de 42 línguas sulamericanas das blemas da aculturação. [1885]
quais só algumas são do Brasil. [1883) Colbaccrunit Antonio
Church, George Earl 1 Bororos orientali "Orarimugudoge" del
A.t prigenes of South America; edited by Matto Grosso, Brasile. Torino [ 1925]
Ciements R. Marúham. London, 1912. xii, 463 p. ilus. planchas, mapa, índice
xxiv, 314 p. 1 plancha, índice alfab. alfabético. ( Contributi scientifici delle
Baseando-se exclusivamente em algumas miss~:>ni salesiane del venarabile Don Bos~
poucas obras antiquadas; pois o autor igno.- CO, V. 1)
ra tôda a literatura em língua alemã, o Esta magnífica monografia não é ~ômen~
presente ensaio sinótico contém inexati- te o mais importante dos numerosos traba~
dões e confusões que o impossibilitam a lhos escritos sôbre aquela tribo do centro
satisfazer ·exigências cientificas. de Mato Grosso. Ela é uma das melhores
[1884] obras sôbre índios do ""'BraSi1. ·Apresentan~
. .
Colbacchini, - An tonio e Albisetti Cesar
Os Boróros orientais orarimogodógue do
Ci'o'ínãtêrfalllõ iõeãnte ã'tõdos os proble..
mas principais da etnologia moderna. con.-
tém na sua primeira parte um estrido da
planalto oriental de Mato Grosso: contri- organização social e dos diversos aspectos
buicão científica da missão salesiana de da cultura material e espiritual, na segunda
!viato Gro&p aos estudos de etnografia e parte uma coleç~? de mitos, na terceira a
etnologia brasileira. S~o Paulo, 1942. gramática, na quarta textos originais de
454 p. ( Brasiliana (grande formato) mitos com tradução interlinear, e na quinta
IV). cantos religiosos, sendo alguns dêles acom.
Ainda que a pr~sente publicação seja por panhados pelas notas que indicam !'tia mv
essência a tradução do italiano para o pór.- lodia. Os estudiosos de problemas de .icul.-
tuguês da monografia publicada por Col- turação encontram .numerpsos dados nas
bacchini em Turim, distingue-se dela pior ótimas fotografias. [1886]
numerosas modificações e importantes
acréscimos . f..ora~ .§!;!-E):i91i.4~-S.taç.õ.,es Cook, William Azel
de outro.§~rsll e passagens referentes às Through the wildernesses of Brazil. New
a tividades missionárias . F..w;~m C.9JJ'igidas York, American Tract society [ 1909]
.2.s )!1$.~~ti.ci§~s _e.. i;rtos. FOram aumenta~Q_s 487 p. planchas .
consideràvelmente ~s .Sélclos. . .~s.P~(enôll1~ O autor visitou os Karajá do Araguai'l,
~nos ~-:>ciais, religião, medicina_ e a _soleçj-2-- os Xerente e Karahó do vale do Tocan 4

~ d~~tos . Foi ~escenté!9º u~..,s~P.ítulo es- tins, os Bpróro do rio Vermelho e o terri-
pecial sôbre a -p osição so..!;lal~a qiu her. tório dos Kayabí no rio Verde, sem encon~
Foram ãfüiitaêlõS- um êxtenso voêâbtífário trar~se, porém, com êstes últimos. Sua nar~
!>or.P,ro-.p~tuguês (p. 40544õ) .i ~lista rativa de viagem contém dados sôbre tôdas
de:" nomes nróniios do .membros da tribo essas tribos e uma nota a respeito dos Ta 4

f p~ 441-l".f6)~~ - ~.., . panhuma, vizinhos dos Kayabí. [1887]


Foram transcritos dois traoalhgs_Q_e To- Coudreau, H enri
E.tlll•um socioIÕgicÕ\p:-1~'84) e "'Z>uirô V,oyage au Tapajoz. Paris, 1897.
sintático (p. 308-321) . 213 p. 37 vinhetas, 1 mapa.
tJ ..c.e.r.ms ih!:s.tra~ões da ediç?~ italian~. i;ã?
A versão portuguêsa apareceu na Bra 4
t
siliana, v. 208. São Paulo, 1941 . 288 p., ~
•. f..Q!:aJll-~roduz1d<!~ na ealçao brasileira, ilustrações do original.
principalmente as referentes à vida das Em 1895, o autor explorou o Tapajós.
t missões. sendo fl".>ucas porém as suprimidas Seu livro contém ~is c!ipJ.t.ulos~ i~s~ ~'l:.
com valor etnográfico. $Lº--~..J~:luJ!~uku ('p.' 111-iióf, capítulo!!
E' justamente a minha grande admiração esses que são, na maior parte, reproctuçõ,es
pelos esforços científicos de Colbacchini e _d o q1:1.!...9,oô~Jves "fõcantins e Barbosa Ro~
Albisetti que me faz sentir, na presente _:_qn9J,l~scr~yeram..no tocante à essa tribo
obra-prima, a ausência de um estudo das cujo idioma apresenta certo parentesco com
relações culturais dos Boróro com outro~ línguas tupí. Hél, ainda, algumas referên~
índ~'Js e com os brancos, como também de das aos Parintintin, Maué e Apiaká, tribos
dados sôbre a P,Sique de determinados 111di~ essas cujas línguas são consideradas, atual.-
víduos. Missionários que passavam toda a mente, conp pertencentes à mesma fa~ilia
sua vida em contacto com a mesma gente tupí. Um capítulo consiste em vocabulá.-
deviam estar, mais do que ninguém, em rios maué ( p. 173-181), apiaká (p. 182..
condições de escrever a biografia de alguns 191) e munduruku (p. 192-~02).
dos seus catequizados e para fornecer prc· [1888]

. .
216 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

Coudreau, Henri Da Prade, Benjamino Santin


1897. Una spedizione ai "Coroados" nello Sta·
Voyage au Tocantins-Araguaya. Paris, to di S. Paolo nel Brasile. (Anthrop., 1,
ii, 298 p. 87 vinhetas, 1 mapa. Wien 1906, p . 35-48) .
Em 1897, o autor navegou da foz do To- Os mencionados "Coroados" são Kain -
cantins até a confluência do Tapirapé com gang. (1892]
o Araguaia. Seu livro menclpna os índios
Gaviões, Apinayé, Gradau, Karajá, Kayapó
Dengler, H.
e Tapirapé. O que disse sôbre êtes últi 4
Eine Forschungsreise zu den Kavahib·
mos é completamente erróneo, baseando-se lndianern am Rio Madeira. (Zeits. für
aparentemente, em informações mal enten- ethn., LIX, p. 112~ 126 e 377-378, Be.rlin
didas. Mas os Karajá e Kayapó foram 1928. 1 mapa, 6 planchas) .
observados pelo próprio autor que repro- Ligeiras notas baseadas em observações
duz bons retratos de vários indivíd~s des- feitas pelo autor e em informaçõ~s que lhe
sas ~ribos e vocabulários de suas línguas deram Curt Nimuendaju, Manuel de Sousa
(karajá: p. 259-270; kayapó: p. 271-290). Lôbo e José Garcia de Freitas, os melhores
E' verdade que, depois das pesquisas entre conhecedores dessa tribo tupi chamada
também, "Parintintin". O padrão-de-cpm-
os Karajá feitas por Ehrenreich em 1888 e
publicadas em 1891, Coudreau traz pouco portamento tribal dêsses índios é tipicamen...
te guerreiro. São caçadores de cabeças.
de novo sôbre êsses índios. Por outro lado. Matam e comem os prisioneiros com ceri...
qo, pprém, êle dá as primeiras notícias de
importância sôbre os Kayapó paraenses e mônias que, "segundo os escassos relatos
seus contactos pacíficos com os missioná- dados pelos próprios índ~'.>S e conforme as
rios. (1889] poucas observaçes a respeito feitas por
Garcia de F reitas, parecem ser semelhantes
Coudreau, Henri às realizadas pelos antigos Tupí orientais"
Voyage au Xingú (1896). Paris, 1897. (p. 125) . Por várias ocasiões, <? autor es·
ii, 230 p. 68 vinhetas, l mapa. tigmatiza as mistificações de Charles ·w.
Refere-se ligeiramente aos Assurini, Pe- Domville-Fife e Leo Parcus. Dados resu·
na, Juruna, Achipaye, Arara, Kuruaye, Ka- midos sôbre~ aquêles mesmos índios comu..
rajá e Karuriá, considerando estes últimos. nicou Dengler em se.u artigo: Die Kava·
como Munduruku ( p. 32-36), e apresenta hib-lndianer. (Forschungen und Fortschrit·
viocabulários juruna (p. 165-196) e arara te, III, p. 157-158, Berlin 1927) .
(p. 199-210). As p. 197-198 contêm can- (1893]
tigas juruna. (1890] Dyott, G.M.
The search for colonel Fawcett. The
Crevaux, J. Geographical journal, LXXIV, p. 513-542,
Voyages dans l'Amérique du Sud, con- London 1929)
tenant: 1, Voyage dans l'intérieur des Guy- ~'-' ano de 1928, o autor passou do Culi-
anes, 1876-1877: Exploration du Maroni et sehu ao Culuene, descendo, depois, êste e
du Yary; II, De Cayenne aux Andes, 1878- o Xingu. Seu relatório dá alguns informes
1879: Exploration de l'Oyapock, du Parou, sôbre os Nahuqua, Kalapalu e Guikuru que
de l'lça et du Yapurá; III, A travers la pertencem todos aos Nabuqua estudados
Nouvelle-Grenade et le Venezuela, 1880- por Herrmann Meyer em fins do século
1881: Exploration, en compagnie de M.E. pasado, e sôbre os Kamayurá dos quais já
Le Janne, du Magdalena, du Guaviare et de tratáram Karl vcn den Steinen e outros
l'Orénoque; IV, Excursion chez les Gua- viajantes . (1894)
raounos, 1881. Avec 253 gravures sur b.ois
d'apres des photographies ou des croquis Ehrenreich, Paul
du Dr. Crevaux. Paris, Hachette, 1883. Beitrãge zur Võlkerkunde Brasiliens.
xvi, 635 p. Berlin, 1891. .
80 p. 48 figuras no texto, 16 planchas,
Uma tradução espanhola do relatório da índices alfabéticos. (Verõffentlichungen
segunda viagem apareceu na crestomatia aus dem kgl. Museum für Võlkerkunde,
"'América pintoresca", p. 113-264, Barce- II)
lona, 1884. Em fins de agôsto de 1888, o autor d~s­
A monumental obra do célebre explora- ceu de vapor o Araguaia de Leopoldina até
dor francês contém interessantes notas sô.4 Santa Maria e, no mês seguinte, continuou
bre os índios das regiões por êle percorridas. a descida num batelão. Em dezembro do
Principalmente é\S descrições das viagens mesmo ano partiu de Manaus a Hyutana-
'd e 1876 a 1879 têm importância para a ham, J'IOnto final da navegação a vapor no
etnologia brasileira. (1891] Meio Purus. lã ficando até fevereiro de
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 217

1889. No Araguaia realizou o primeiro es- vos ainda indetermináveis e aquêles que
tudo sistemático dos Karajá. Os dados sô· dos países vizinhos se estendem até o in-
bre êstes índios ocupam as p . 3-48 e 73 da terior do Brasil, resulta a maioria das tri-
presente publicação. O viajante prestou bos brasileiras pertencer às quatro grandes
especial atenção à cultura material, às dan· famílias principais dos Tupí, Gê, Karaíb e
ças de máscaras e à mitologia. Natural- H aipure ou Nu-Aruak, e ppr conseguinte,
mente, a curta duração de seu contacto com se.i: relativamente simples, o aspecto etno·
os índios não lhe permitiu aprpfundar nes- gráfico dêste grande país» . ( p. 123) . A
ses problemas. Ainda menos satisfatório é respeito das direções da difusão dessas qua-
o m'a terial sociológico, pois também nêle o tro famílias lemos na mesma página: ''Do
autor se limita a afirmações genéricas sem 'coração' do continente saíram os Tupi pa-
mencionar exemplos concretos que especi· ra todos os lados e os Kara ib para o nor-
ficariam a complexidade dos fenômenps. deste, enquanto os Nu-Aruak avançaram do
Isso, às vêzes, faz duvidar da exatidão da norte para o interior, vindo do este os Gê".
observação e da escrupulosidade de sua re.- Certas afirmações de Ehrenreich mostram
produção. O valor dessa monografia sôbre que êle, opondo-se ·à complicação feita pior
os Karajá, também o das ligeiras notas sô· Martius, caiu no simplismo. Assim, por
bre as tribos aruak do Purus, isto é, os Pau-- exemplo, linguistas modernos não concor-
marí, Yamamadí e Ipuriná, insertas nas p. dam com êle em classificar, sem reserva,
48-72 e 74, consiste, principalmente, na os Botocudos e Kaingang oomo Gê.
prioridade, pois os exploradores anteriores [1896]
do Purus como W allis e Chandless, não Ehrenrdch, Paul
se dedicaram propriamente à etnografia. Die Ethnographie Südamerikas im Be-
Assim, para o estudo dos Karajá e das três ginn des XX. Jahrhunderts unter besonde-
mencionadas tribos do Purus, a presente derer Berücksichtigung der Naturvõlker.
obra de Ehrenreich conserva até hoje, pela (Arch, fur anthrop ., III, p. 39-75, Nene
maior parte, sõmente importância histórica. Folge, Braunschweig 1905).
Isso, porém, significa, sob vários aspectos, Foi traduzido para o português por J.
importância para o estudo dos índios do Capistrani-') de Abreu, versão essa publica-
Brasil em geral. [1895] da no Jornal do commercio e reproduzida,
Ehrenrdch, Paul parcialmente, na "Rev. inst. hist. geo. de
Die Einteilung und Verbreitung der Võl· São Paulo, XI, p. 280-305, São Paulo
kerstãmme Brasiliens nach dem gegenwar- 1906", no "Almanach Garnier, Rio de Ja·
tigen Stande unsrer Kenntnisse. (Dr. A. neiro, 1907", e no "Brasil antigo, Atlantide
Petei:manns Mitteilungen aus Justus Per· e antiguidades americanas, São Paulo \
thes' geographischer Anstalt, XXXVII, p . 1910» . Sste sumário era fundamental para
81-89 e 114-124, G:>tha 1891. 1 mapa, a etnplogia brasileira de seu tempo, mas
plancha 6). não satisfaz exigências modernas.
(1897)
r A ~rsão · ~rtugu~~ feita por Capistra·
no de Abi-eu s aiu, primeiro, no Jornal do Ehrenreich, Paul
commercio, sendo reproduzida integralmen- Die Mythen und Legenden der südameri-
te no "BoL soe. geo . do Rio de Janeiro, kanischen Urvõlker und ihre Beziehungen
I, p. 3-3o.l'iir.> de Janeiro I892" . - zu denen Nordamerikas und der Alten
W elt. (Zeits. für ethn.. XXXVII, Sup~
t;:sse trabalho sôbre a classificação e dis·
tribuição das tribos indias do Brasil segun·
plement, Berlin 1905, 108 p. r.
O autor analisa os mitos sulamericanos
do o estado dos conhecimentos etnológicos
geogràficamente agrupados num certo nú -
em 1891 apresenta-se, de certa maneira, mero de ciclos (Sagenkreise) ou provín·
como reação contra exageros de Martius, das, estudando, depois, as analogias entre
principalmente contra "sua suppsição com-
os mitos sulamericanps e os da América
pletamente infundada de migrações inces·
do N orte e da Asia que são explicadas,
santes de povos, divisões de tribos e reu- principalmente, pelas migrações. Se bem
nião de elementos heterogêneos formando que muitas hipóteses dessa obra devem ser
novas hordas (que êle designou de "collu- tratadas com a maior reserva, é um ~1
vies gentium"), como também de troca de
utilíssimo para o estudioso da mi~!291a dJ>!..
idiomas e de alterações linguísticas ilimita- " írfdios ~ su]àníericanos e, entre êles, dos in·
damente continuadas". (p. 83). &ta supo- dios dp Brasil. • (1898]
sição fê~ desesperar a possibilidade de clas-
sificar as tribos e linguas sulamericanas Ehrenreich, Paul
(p. 83-84) . Ehrenreich chega à seguinte Ueber die Botocudos der brasilianischen
conclusão: "Pondo de lado os poucos po- Pi:ovinzen Espiritu Santo und Minas G e-
218 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

raes. (Zeits. für ethn., XIX, p. 1-46 e nhão, no ano-de 1'874, e, pela _segunda vez,
49. . 82, Berlin 1881. i figuras no· texto, 2 no Rio de Janeir:o. em 1929. A obra de
planchas, bibliogr.) - Yves d"Svreux é rica fonte par_a o estudo
Baseado nas observações que pôde fa .. dos Tupi no Màranhão do· comêço do sé.,
%er durante suas visitas aos ·Botocudos em culo XVII. (190ll -
1884-1885. e nas numerosas informações
sôbre êstes índios dadas por outros viajan-
Farabeet William Curtis
tes, o autor estuda a história, o hábitat, a The Central Arawaks. Piladelfia,
aparência fisica, a cultur_a material, a aqui- l918.
sição do sustento, o canibalismo, a vida so- 288 p. ilus . mapa, 36 planchas. ( An•
cial, o en~~rro, as idéias religiosas, as doen~ throp. públ., v. 9)
ças e os. medicamentos, as capacidades Bibliografia .
mentais e o caráter, a língua e a craniolo- O material apresentado neste livro foi
gia, chegandp a considerar como provável recolhido no primeiro ano de trabalho da
serem os Botocudos "os representantes expedição do Museu da Universidade de
mais antigos dos Gê" (p. 81). O material - Pensilvânia que, de 1913 a 1916, estêve
apresentado tem, principalmente, valor para na América do Sul. São dados sôbre qua-
a linguística e a antropologia física, sendo tro tribos do sul da Guiana Ing_lêsa cujos
os outros dados extremamente reduzidos. nomes o autpr escreve Wapisiana, Ataroi,
[18991 Taruma e Mapidian. Membros das duas
Ehrenreich, Paul primeiras dessas tribos moram, também, na
über einige altere Bildnisse südamerika- Guiana Brasileira, na região do rio Branco,
nischer Indianer. (Globus, LXVI, p. 81-90, sendo chamados Uapixana e Atoraiú por
Braunschweig 1894. 3 fjguras np texto, 3 outros autores '· A maior parte do livro tra-
planchas). ta dos "Wapisianas", dando importância
Tradução portuguêsa por M. de Oliveira espe.cial à ergologia. · As ilustrações a êsse
Lima sob o título "Sqbre alguns antigos respeito ·são lexcelentes. Nos vocabulários
retratos de índios sulamericanos" _{fü,v. · das quatro tribos., a tradução inglt'.sa nem
._ inst. ar..,c h.,.. geo. pernambucano, XII, p. 1ç-- sempre é exata. cf. também comentário de
46, Prrnamb7i'êoí97>~ Walter E. Roth · in: Amer. anthrop., Lan-
O autor analisa etnolõgicamente retra· caster, N. S., 22, 1920, p. 291 ~293.
tos de .índios .oprdestinos do séctilo XVII [1902]
cuja composição se deve a Albert Eckhout,
-como mostra Thômsen no seu livro sôbre
Fiebrig-Gertz; C.
esse pintor holandês. Reunindo dados de Guarany names of Paraguayan plants
Marcgrave, Barlaeus, Roulox Bari:> e Laet, and animals. (Rev. Jardin bot. y Mus.
o presente trabalho de Ehrenreich é um dos. hist. nat. Paraguay, II, Jardin Botánico
melhores entre aquêles· que foram publica- (Paraguay) 1923 (1930), p. 99-149).
dos acêrca dos chamados «Tapuya» do Dépois de determinar botânicamente a1; ·
Brasil holandês. O autor classifica êstes plantas do Paraguai com nomes guaraní.
índios como Gê que, «possivelmente, eram o autor estudá a etimologia dêstes têrmo3
parentes dos Patachó ou J<ioropó, se bem e examina igualmente as · desig~ações gua-
que, de modo algum, idêntkos a êles» {p. rani de animais. Chega à conclusão ( p.
90). E.H. Snethlage, no seu estudo "Un~ 140) de que aquêles nomes. em contraste
ter nordbrasilianischen Indianern'', discorda com a nomenclatura zoológica da m·esma lín-
desta opinião. [1900] gua,. não parecem provar a existênica duma
avreux, Yves· d' noçã::> de orientação sistemá tica, sendo, ge~
ralmente. ·as re.lações entre tipos e formas.
Voyage dans le nord du Brésil fait du-
rant les années 1613 et 1614, par Ie pêre mais compreensíveis na zoologia do que na
Yves d'évreux; publié d'aprês l'exemplaire hotânicà. Considerando o parentesco do
unique conservé a la Bibliothêque impériale _ gu9raní do Paraguai com as línguas tupí do
Brasil, evidencia~se a importância do pre-
de Paris; avec une introduction et àes notes
par M. Ferdinand Denis. Leipzig &· Paris. sente trabalh'J para ·a etnologiã brasileira.
1864. [1903]
L, 456 p . índice alfab . Figueira. Luiz
A primeira edição apareceu em .Paris. Arte de grammatica da língua brasilica.
nr.> ano de 1615. A edição de Denis foi tra- Nova edição dada á luz e anotada por
duzida para o português por César Augus· Emilio Al1ain. Rio de Janeiro, 1880.
to Marques, sob o título "Viagem ao norte Esta obra cuja primeira edição apareceu
do Brasil", tendo sido publicada no Mara~ em Lisboa, no século XVII, é fonte pre-
r
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BfASILEIROS 219

desa para o estudo do tupi falado· naquele Friededci, Georg


tempo np litoral norte do Brasil. -v
. Die geogr_aphische erbreitung des Blas-
[1904] r.ohrs in America. ( Petermanns mitteil. ,
Freitas, José Garcia de ' LVU, p. 71-74., Goth~ -1911. 1 mapa).
Os índios Parintintin. (Jr. soe. americ. -Neste estudo sõbré a distribuição da sa-
de Pàris, N. S. t. XVIII, p. 67-73, Paris rabatana na América, o autor se refere, na- ,
1926. 1 .figura) • turalmente, também ao Brasil.
Ligeiras notas sõbre essa tribo tupl do . [1909]
vale do Madeira visitada pelo autor, des· f'riederici,_Georg
tacando·se as concernentes ao entêrro (p. Hilfswõrterbuch für den: -Amerikanisten.
67), à "saudação agressiva" (p. 68), à Lehnwõrter aus lncHanersprachen und Er~
antropofagia (p. 70-72) e à mudança de klãrungen altertumlicher Ausdrü·c ke. Halle
nomes (p. 72). · [1905] (Saale), 1926.
Fric, Albert Vojtéch e Radia, Paul xix, 115 p. ( Studien über Atnerika und
C,?ntributio~s to the study of the Bororo Spanien, Extra-serie, n.º 2)
Indians. (Jr. anthrop. inst. gr. br. & ir., Bibliografia .
XXXVI, London, 1906, p . 382-406) • Uma coleç.ão de 750 têrmos frequente~
. Interessantes observações sõbre ê.>scs ín... mente usados nas antigas fontes indispertsá~
dios mato-grossenses ·e um vocabulário -de veis . ao estudo da história e etnografia da
sua Hngua. [1906} _ Amén ca na época de sua descoberta, con-
quista e primeirâ colonização pelos .euro-
Frk, Albért Vojtéch peus. A maior parte dessas palavras é de
Onoenrgocii~Gott und Idple der Kad'uveo origem índia. O autor dá suas variantes
in Matto Grosso. (Intern. congr. americ., dialetais e gráficas, seus significados ~m
Proc. XVIII ses., London 1912, Part. II. alemão, espanhol e ingífs, sua etimologia e
Harrison and Sons, London 1913, p. 397- a literatura a respeito, Cf. o comentário de
407). Robert Ricard po ''Jr. S::>c. americ. de Pa-
O autor cita lendas e descreve bonecas, ris, :N. S., p. 396~398, Paris 1926".
discutindo, depois, se estas bonecas sf\o [1910]
.ídolos ou simples brinquedos. Duas plan-
Friederici, Georg
chas representam diversas bonecas de osso,
madeira e couro e vários brinquedos de Skalpieren und ahnliche Kriegsgebrü uche
crianças dêsses descendentes dos a_n figos in Amerika . Braunschwcig, 1906.
Guaikurú . [ 1907] 172 p. l mapa.
Segundo. êste trabalho, o costume de to-
Friederki, Georg mar o escalpo ou a cabeça do inimigo como
Der Charakter der Entdeckung und Ero- troféu de guerra era difundido na Améric:&
berung Amerikas durch die Europãer. Ein· desde 409 de áltitude sul até cêrca do tró-
letung zur Geschichte der Besiedlung Ame- pico de Câncer. O mapa de distribuiçãp
rikas durch die Võlker der Alten Welt. apresent ado pelo autor foi melhorado por
Stuttgart-q0tha, Fried. - Andreas Perthes, M.A. Vignati ("Los craneos trofeo de las
1925, 1936. sepulturas indígenas de la Quebrada de
3 V. V. 1: 579 p. (1925}; V. 2: 571 p. Humahuaca", Buenos Aires, 1930).
(1936); v. 3: 520 p. (1936) (Geschichte [1911]
der ausserouropaischen Staaten, herausge- Friederici, Georg
geben von Hermann Onckent 2) Ueber die Beharidlung der l<riegsgefan~
Obra indis ensável para o estudo das re- genen durch die Indianer Amerikas. Fe$ts..
lações entre ín ios e europeus na época da chrift Eduard Seler, herausgegeben von
descoberta e conquista da América. O Walter Lehmann. Stu ttgart, 1922.
primeiro tomo, depois de uma descrição ge- p. 59-128.
ral da terra, fauna e flora, das, tribos índias Nesse estudo sôbre o tratamento dado
e de seu comportamento ppr ocasião dos pe~?s índios aos prisiónefros de guerra, o
primeiros encontros com os brancos, refe- autor se refere ao Brasil de maneira aces~
re-se aos conquistadores espanhóis; o se- sória e resumida, apenas baseando-se para
gundo trata dos portuguêses, alemães e isso, principalmente, nas fontes antigas que
franceses; o terceiro dos holandeses, escan- falam da antropofagia. [1912]
dinavos, inglêses, anglo-americanos e rus-
.5os. O autor, ·um dos melhores conhecedo- f riederid, Georg
res. das fontes daquela época, trabalhou Die Verbreitung der Steinschleuder. in
quarenta anos nessa obra, apresentando Amerika. . (Globus, t. XCVIII. p. 287-Z90._
enorme bibliografia. (1908] Braunschweig 1910).
I
/
220 MANUAL · .SLIOGRÁFICO Dft ESTUDOS BRASILEIROS

Segundo o presente estudo sôbre a dis- êles servem para confirmar certas notícias
tribuição da funda na América, a maior dadas por êsses autores do mesmo século
parte dos índios do Brasil ignorava essa XVI. [1~15]
arma para arremessar pedras. [1913] Gensch, Hugo
Frõdin, ·Otto e Nor<knskiõld, Erland Die Erziehung eines Indianerkindes.
Ueber Zwirnen und Spinnen hei den In.- Praktischer Beitrag zur Losung der süda-
dianern Südamerikas. Gõteborgs Kungl. merikanischen Indianerfrage. Wien und
Vetenskaps ,_, och Vitterhetssamhãlles Leipzig, 1910.
Handlingar. Gõteborg, 1918. 56 p. 5 planchas. (Verhand. XVI in-
tern. americ. kongr. Wien, 1908) .
118 p. (Fjãrde fõljden, XIX)
Depois de fazer a história das relações
E' a obra-prima sôbre o fabrico de fios entre índios e brancos do município de
e cordas dos índios sulamericanos. Os au~ Blumenau, o autor enumera as observações
tores tratam, no comêço, do material dêsses feitas por êle ao educar, durante 16 meses,
fios e cordas, e, depois, do torcer sem fuso uma menina Aweikoma que, na idade de
e do fiar com fuso. Partindo de descrições treze a quatorze anos, lhe foi entregue pou-
de Karl von den Steinen, distinguem dois ti-
co depois de cativada por bugreiros profis-
pos de fuso: o fuso boróro e o fuso bakairí, sionais. Alguns dados etnográficos sôbre
e, correspondendp, a fiação boróro e a fia-
sua tribo completam essa interessi!nte con-
ção bakairí. O primeiro tipo é muito menos - tribuição ao estudo da aculturação.
difundido do que o segundo. No dizer dos [1916)
autores, o método bakairi desenvolveu-se,
provàvelmente, do método boróro que, em Gillin, John
grandes partes da América do Sul. fpi de- Some anthropological problems of the
salojado por aquêle. Por fim, Frõdin e anthrop., N. s; XLII, p. 642-656, Menasha;
Nordenskiõld estudam os fios segundo a di- tropical forf St area of South · America.
reção da torcedura, classificando-os em fios (Amer. authrop., N. S. XLII, p. 642-656,
torcidos para a direita ("left-to-right spiral" Menasha, Wisconsin 1940) .
de Walter E. Roth) e fios torcidos ara
aste artigo deve ser lido por todos os
a .esquerda ( "right-to-left spirar· de Roth).
estudantes de etnologia brasileira. Baseado
de fuso: o fuso bororo e p fuso bakairí, e, em centenas de publicações das quais cita
correspondendo, a fiação boróro e a fiação as mais impr')rtantes, o autor resume os nos-
bakairí. O primeiro tipo é muito menos sos conhecimentos atuais sôbre os índios
difundido do. que o segundo. das selvas tropicais sulamericanas e os pro-
A distribuição geográfica. das diferentes blemas resultantes. Distingue "problemas
espécies de matéria-prima, torcer, fiar, de antropologia tradicional ou pura" de
fusos e dfreção de torcedura é representada "problemas de antropologia aplicada", con-
em quadros e mapas, contendo essa im- siderando entre aquêles os de estudos lin-
portante publicação, além disso, numero- guísticos, os de estudos da história cultural,
sas figuras e extensa bibliografia. · [1914] isto é, das migraçõe~ históricas, e os de es-
Gandavo, Perp de Magalhães de tudos intensivos de determinadas culturas
tribais. Como "problemas de antropo\ogia
Tratado da terra do Brazil. Historia da aplicada" são tratados os de "aculturação
Provinda Santa Cruz. Rio de Janeiro,
e contacto" e os de "síntese cultural e ra·
1924. cial e futuro desenvolvimento".
(Publicações da Academia brasileira) . [1917]
A primeira edição da "História" apare- Goeje, C. H. de
ceu em Lisboa, no ano de 1576. Além de O Carirí. (Rev. inst. hist. geo. Ceará.
várias edições em português public(ldas em 52. Fortaleza, 1938, p. 201-215) .
Lisboa e .na "Rev. inst. hist. geo. bras., Estudo sôbre essa língua do ·Nordeste
XXI, p. 367-430, Rio de Janeiro 1858", brasileiro. Boa bibiografia . [1918]
há uma em francês, publicada por Henri Goeje, C. H. de
T ernaux em Paris, no ano de 1837 ( 162 l!tudes linguistiques Cara'ibes. (Verhand.
p.). Nos capítulos sôbre os indios, o autor kon. akad. wetens. Amsterdam. Afdee1ing
trata, principalmente, dos Tupí da costa, ,.
Letterkunde. Neuwe Reeks. X, 191 O). ~
referindo-se Hgeiramente, também, aos cha-
mados "Aimorés" e "Tapuyas:·. Se bem Contém uma gramática karaíb, um voca-
que seus informes etnográficos sejam muito bulário comparativo de 500 palavras e um
mais resumidos do que os de Hans Staden, estudo especial dos .dialetos KaJina, Trio e
Jean de Léry e Gabriel Soares de Sousa, Oyana. Digno de nota é a observação do
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS .ASILEIROS 221

autor segundo a qual o karaíb primitivo, O autor frisa: 1) a semelhança dêsses sis-
o tupí e o aruak têm um certo número de temas na América do Sul e do Norte. afir·
raízes comuns. [1919] mando que êles vieram a América do Sul
Grubb, K.G. pelo caminho da América Central, entraram
The Lowland Indians of Amazpnia: a primeiro nos Andes e se estenderam de lá
survey of the location and religious condi 4
até o Brasil Oriental antes da expansão dos
tion of the Indiarís of Colombia, Venezuela, Aruak, Karaib e Tupí; 2) a correspondên-
the Guianas, Ecuador, Peru, Brazil and Bo- cia entre o totemismo de clã do Brasil
livia . London, 1927. Central e dos Andes e certas variedades de
159 p. li mapas, 5 apendices, índice al· totemismo norte-americano; 3) algumas
fabético. analogias entre a instituição da casa-dos-
Enumeração das tribos sulamericanas homens na América do Norte e no Brasil.
que moram ao n()rte do 18º dei atitude, in- Segundo êle, a organização dos homens,
dicando seus territórios, sua classificação tantc'.> na América do Norte como na do
linguística e, em certos casos, seu número, Sul: é mais velha do que os sistemas de
suas relações com missões protestantes e metades e clãs totêmicos associados.
católicas e alguns detalhes etnográficos e O autor é metodolõgicamente orientado
geográficos. Os mapas se referem à mes- pela chamada "teoria dos ciclos culturais"
ma região tropical da América do Sul, mos· (Kulturkreislehre), procede, porém, com
trando as missões prptestantes, a vegeta.- cautela. Ninguém desprezará o va~?r de
ção, a densidade da população índia, sua sua obra como resumo de dados socioló-
"civilização" (distinguindo "areas of grea- gicos. [1922]
test civilization, areas inhabited by semi- Henry, Jules
civilized tribes, areas inhabited by wild or Jungle people a Kaingáng tribe of the
slightly civilized tribes») e a classificação highland of Brazil. New York, J. J. Au-
linguística. Nos apêndices são enumerada:, gustin, 1941 .
as tribos de mais de 15. 000 cabeças ( 7 tri- xix, 215. 6 planchas não numeradas, &
bos das quais uma única no Brasil, a saber, planchas numeradas, 5 apêndices, glossário,
os Nambikuara com 20.000), as missões ca· índice onomástico.
tólicas romanas entre os índios da região D e dezembrp de 1932 a janeiro de 1934,
estudada, as famílias linguísticas mencipna.. o autor conviveu com os Kaingáng aldea-
das e as traduções da Bíblia para essas lín- dos pelo Serviço de proteção aos índios,
guas . Apesar de vários erros e confusões no Pôsto Duque de Caxias. São chama-
na classificação das tribos e apesar da in· dos, também, Botocudps de Santa Catarina,
suficiente documentação bibliográfica, o li- Bugres, Chocreng e Aweikoma. O autor
vro serve pàra dar ràpidaµiente uma idéia os trata de "Kaingáng". Falam um dialeto
geral dos assuntos tratados. [1920] d~sta família linguística. O presente livro
,
Haebler, Ruth é um estudo da vida nômade dêsses índios,
Die geflochtenen Hãngematten der Na- de suas relações sexuais e formas matri-
turvõlker Südamerikas. (Zeits. fur ethn. moniais, da vendeta como fôrça diruptiva
Berlin, 1919. t. LI, p. 1-18). dentro de sua sociedade, de suas relações
com o s,')brenatural, da organização eco-
A autora considera insuficiente a antiga--
nômica, psique e folclore. Apêndices apre-
classificação das rêdes de dormir sulameri-
canas feita segundo a matéria prima, de- sentam a cultura material, pinturas do cor-
monstrandi') existirem diferenças essenciais po e sistema de parentesco, rituais, cantos
na maneira da fabricação. [1921] e a língua.
A obra de Henry é, até hoje, a maior
HaeckeJ, Josef tentativa de interpretar o pãdrão de com-
Zweiklassensystem, Mãnnerhaus und To- portamento duma tribo do Brasil, tentativa
temismus in Südamerika. (Zeits. fur ethn., brilhante que não deixa de impressipnar
LXX, p. 426-454, Berlin 1939). pela sua habilidade literária. O autor pa-
Neste trabalho sõbre história cultural sul- rece penetrar a fundo na vida emocional.
americana são consideradas como áreas expondo com rara clareza tôdas as sua!
principais da organização tribal em "meta- raízes. Esta vida se lhe afigura, por fim.
des" (moieties) ou, na terminologia do au- como tão simples que, num pequeno capí~
tor, do "sistema de duas classes": 1) o cen.. tulo intitulado «Estrutura psíquica», trata
trp e nordeste do Brasil com os Boróro, as da psique dos indios estudados c !')tnO se ela
tribos kran da família gê e os Munduruku. fosse a psique de um só indivíduo, chegan·
Parintintin e Tembé da família tupí; 2) os do a enquadrá-la num diagrama. . Tal as-
Andes. pecto didático não passa de um "blefe". O
222 MANUAL .• LIOGRÁPI_CO DE ESTUD.OS BRASILEIROS

indianista experimentado no .t rabalho de este primeiro tomo da célebre obra do


campo . sabe da compl_e xidade das psiques, antigo )esuífa trata da classificação linguís-
não digo, das psiques de todos os indiví- ti.ea de tribos americanas, tendo também
duos duma tribo; mas de alguns. E:Ie sabe, importânéia para o estudo da história dos
também, da diferença entre estas pstquês e índios do ~ )3rasil. Já em 1784 apareceu a
conhece a mobilidade da sua acomodação edição italiana dessa obra ~Qb o título: Ca-
ao padrão do comportamento tribal o qual, talogo delle lingue conosciute e nÓtizia del·
por sua vez, está sujeito a transformações. la loro afffüità e diversitá. Convém I)len...
O Sr. Henry -não considera nada disso. cionar, a êsse respeito, ainda as seguintes
Não prpcura estudar a psicologia do~ indi- obras do mesmo autor: Aritmetica d_eUe na...
v íduos, nem as ·mudanças culturais. Basea- zioni e divisioni ·del tempo ba l'Orientali, -,
do em da.d os de informantes índios, pinta, Cesena 1786; Vocabulário poligloto êon
principalmente, o quadro duma cultura pas,.. prolegomeni sopra piil di trecento lingue e
sada. Digo: "principalmente'', porque o au- dialetti, Ide.a del'Universo, XXI, -Cesena
tor não deixa de referir as suas próprias 1787 ~ (1927]
observações e, portanto, de mostrãr alguns Hoehne, Frederico Carlos
traços da cultura atual. Infelizmente, suas
Botaníca~ e agricultura no Brasil no se-
tendências simplistas manifestam-se, tam-
bém, a êsse respeito, unindo, às vêzes, em culo XVI. São Paulo, 1937.
promiscuidade o passado e o presente, e _ 410 p. (Brasiliana, v. 71}.
não distinguindo, visivelmente, entre o va- O autor identifica as plantas citadas por
lor dos fatos - observados por êle mesmo, e Manuel da Nóbrega, Joseph de Anchieta,.
o dos informes· que recebeu dos pesquisa-
André .T hevet, Jean de Léry, Pero de Ma-
dos. galhães Gandavp, Gabriel Soares de Sou-
Apesar de todos êsses senões, "Jungle sa, Frei Vicente do Salvador e Sebastião
people" é uma das melhores obras _sobre da Rocha Pita: Observa-se que o número
indíos do Brasil. Muitas das suas formula- das plantas ,cultivadas naquele tempo era
ções satisfazem inteiramente, podendo ser muito superibr ao das que conhecemos hoje
confirmadas pelos competentes. Para os peles sertanejos brasileiros e índios. O li-
futuros exploradores, êste belo Uv10 abri" vro é indispensável ao etnó~ogo que estuda
horizontes tão vastos como, até agora, não as condições da alimentação indígena. e a
existiam na etnologia brasileira. todos os que querem aprofundar ó seu co. .
[1923] nhecimento da flora brasileira. (1928]
Henry, Jules Ihering, Hermann von
A ethnographia do Brasil Meridional.
A kaingang text. (Int. jr. amer. ling.,
(Act. XVII. congr. !tter. americ. (Bue-
VIII, • 172~218, New York 1934-1935).
nos Aires 191 O), Buenos Aires, 1912, p
Importante contribuição ao estudp dos 250~263). ~
índios do este de Santa Catarina visitados
Depf>is de ventilar ligeiramente alguns
pelo autor em 1933. [1924]
problemas da pre-história brasileira, o au-
Henry, Jules tor examina a atual popu]ação índià <lo
The linguistic expression -of emotion. Brasil Meridional, dividindo-a em duas "fa-
( Amer. anthrop., N. S., XXXVIII, p~ 250- mílias": a dos Kaingang (ou Coroados) e
256, Menasha, Wisconsin, 1936). a dos Xavantes. Menciona, além disso, os
Neste artigo, o linguista fornece valios1os Guarani ào litoral p<itilista. r')bservando,
dados psicológicos sôbre os índios do este porém, a seu respeito: -" ... podemos provar
de Santa Catarina. [1925) que eles só no sécu!o passado tomaragi pos-
Henry, Jules se de seu atual domicílio e que também os
demais Guaranís e Kaiguas do Estado de
A method for learning to talk primitive São Paulo sã ? proveniente·s · do Paraguai e
1
languages. (Amer. anthrop.. N. S.. XLII, entraram no Estado de São Paulo só no
p. 635-641, Menasha, \Visconsin, 1940). século passado". (p. 252} A vis ta duin
A leitura dessas instruções baseadas nas vocabulário dos chamados "Bugres de San...
experiências do autor com línguas do Bra- ta Catarina", o autor não duvida que êstes
sil Meridional e do Chaco é recomendável índios pertencem à família dos Kaigang e
aos etnólogos em geral e indispensável · propõe den()miná-Ios '·'Aweikóma", desig-
àqueles que fazem trabalho de campo. nando-os assim com o nome que êles pró-
(1926] prios se lhes dão. (p. 254). No tocante
Hervás, Lôrenzo aos Xavantes -do Estado de São Paulo
Catálogp de las lenguas de las Naciones que a si própri<>S designavam pelo nome
conocidas, v. 1 . l\.fadrid, 1800. de "Otí", o autor reproduz um pequeno vo-
MANUAL ·atBLÍOGRÁFICO- E>E ESTUOO~ .ASILEIRO,S . 223
-
cabulário d!!· lín9u9 dêstes índios coligido tes que '\;isitaram o Brasil; Jean~Ba_ptiste
por ·Curt llhkel-N-imuendaju e a informa.. Debret, Johann Moritz Rugendas, A:ug.u ste
ção., da.da pelo:- mesmo_ pesquisador de exis.. Francois Biard. Franz Keller..-Leu.zinger,
tirem· ~penas quatro sobrevivent~s dessa_tri-:- Herc~les Florence, Wilhelm von den Stei..
- ·.bQ (J!. 254..255-) • 'Em seguida, o autor pu.. nen e- Guido Boggiani. [1932]
blica _um voeabulário- dos Xavantes.'."Opaié
Kirchhoff, Paul ,
de Mato Grosso que difetem comp:leta-men..
Verwandtschaf tsbezeichnungen und Ver·
te dos Oti - (p. 256-260) .. .UnkeJ..Nimuen..
wándtenheirat. (Zeits. für ethn., LXIV, p.
dajt1 a quem se d'eve tambem êste ':'.OCabu..
lário,- _adverte, porém, na sua monografia
41,:.71, Berlin 1933. Bibliografia.)
i;:ste importante trabalho sôbre designa..-
sôbr~ os Apap:ocúv~·· p. 376, conter essa ções- de. parenteséo e casamento entre pa..
publicação do vocabulário opaié inúmeros
rentes contém referências especiais à tribu
-erros- tipográficos d.':>S quais uma ~parte al..
karaib dos Makuchí e aos antigos Tupí. do
· têra o sentido. Com acrésdmos e corre..
litoral: [1933]
_çõesr ésta lista de palavras foi repr.o~uzida
'p or Nimuendaju eµ:i seu trabalho . «Idiomas Kirchho.ff, Paul
indígenas deJ Brasil,., p. 567..573. Con.. Die Verwandtschaftsórganisation d.e r
-duindo 0 seu estudo, H. von Ihering diz: Urwaldstamme Südãmerikas. (Zeits. fur
'tE' provável que 'iO número tota,l dos sel.. ethn., LXIII, p. 85-193., B~rlin 1932. Bí~
~agens nos quatro Estados m~ridíonais do bliografia.)
Brasil não exc-eda. à 1O.000. Dêstes são .o s
Guaranís mansos e aldeados, ao _passo . que ·Depois de discutir os conceitos de "famí-
as
entre tribos do grupo Ca4Jgang hã man.. lia» e «s'ipe» e. considerar como, na opinião
de R. H . .-Low'ie (Family and Sib. Ameri~ .
s.o s e bravios. No &tàdo dp Rio Grande
do Sul todos êstes Caiganges são aldea.. can anthropc1ogist XXI, 1919), a sipe se
dos, · ·mas no Estado de Santa Catarina · só desenvolveu da família-grande, - o autor
hã índios bravios e independentes. Nos çompila dados sociológicos da literatura sô..
~sta4os do Paraná e São Palilo, parte dos . bre os Tamanak, Makuchí, Taqlipáng
Cainganges é aldeada e ps restantes vivem (Arekuná) , Y ekuaná ( Maki'r-i tare.. Maiong-
em de.n sas matas de grande extensão onde gog}, Ginau, Aparai, Rukuyenn (Oyana),
.s·e tornam perigosos por assaltes a·os via.. Galibi (Karaib da costa), I\allinago das
jaates, · éolonos e sertanejós" (p. 261-262). Pequenas Antilhas (Karaie i.nsulanps),
Isso .foi dito em 1910! [1929] Kumanágoto, Palerike, Chaima, W arrau
(Gua_râuno), Lokono (Arawak), Goajiro,
O índio no Brasil. (O Observador econômico Vapixana, Aruak e Tukano do noroeste
e financeiro V, n.º 51, p. 97-121, Rio -de do Brasil (região do lçana e Caiarí-Uau·
Janeíro, abril .de 194:0 ) . · r pés), Uitoto, Bera, Okaina, Muinane e
Trata detalhadamente da organjzação e Tupí do li~')ral. Fontes principais dó capí..
finalidade do Serviço de" Proteção aos ln- tulo sôbre os Tupi (p. 182.. 189) são as
. dfos e critiê:a severamente a Missão sale-· obras de Thevet, Gabriel Soares de Sousa
siana . [ 19_30] e Claude d'Abbeville. Assim, os dados usa~
lzikowitz, Karl Gustav dos pelo autor diferem muito em valor.
Musical . and other sound in~truments of '" [1934]
the South American lndians: a cop:ipara-~ive Kissenberf ht Wilhelm
ethnographical study.. Gõtebprg, 1935. · übet die hauptsãchlichsten Ergehni'sse
' 433 p. - der . Araguaya..R~ise. (Zeits.. tfür ethn. ,
ct. a cFitica de Rafael Karsten no Hand- XLIV, p. 35..59, Berliri ~912. 3 mapas, 28
book of Latin American - studi-es, Cam- . . '
frguras,. .
bridg.e,. Massachusetts, 193?, n.0 2/J. · . O autor visitou, em 1908.. os Guajaiára
[19,31} do rio Ivlearfm, os Canela e es f\tlekuben-
'Kate,, Herman .'L'e.n gokrü'~Kayapó, e, em 1909, êsses mesmos
Sur quelques peintres oethnographes dans Kayapó do hinterland de Conc~ição do
l'Amérique du $ud. (Ac:t., ·X:VII. congr. Aragúaia e os Karajá. Ble dá, no presente
inter. amerie. (Buenos Ai~es 191 O) , Bue- trpbalhp, uma descrição resumida de sua
n0s Aires 19.12, p. 568-595. Publicado ~am~ viagem e a'lgumas nc~tas sôbre as mencio-
bém na revis·ta L'Anthrop., XXU, -1911, nadas tribos. -Sua tentativa de visitar os
p. lJ..35). Ta pirapé fracassou de DC'is ele um dia de
_Nesse ensaio bibliogl'.áfico sôbre pintores · navegélç·ã o no rio homônimo, cheçtándo o
e desenhistas que repr~seutaram índios sul.. · acesso conveniente às aldei~s dô.s índios
americanos· e seus· .artéfatos, é> aut,".>r t_r.ata viajante à- seguinte conclusão.: "O úoi~o
extensamente

dos seguintes artistas viajan- Tapirapé J).":>de ser -ape.na-s por viff -terrestre.
224 MANUAL WLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

pois a estiagem e a enchente do rio Tapi- tor mostra as índias não serem escravas do
rapé devem oferecer as mesmas dificulda- homem, como viajantes superficiais afirma-
des" (p . 45). Esta afirmação foi desmen· ram frequentemente, mas terem elas direitos
tida pelas expedições de Herbert Baldus e iguais aos dp outro sexo, sendo muito res-
outros sertanistas. [1935] peitadas como espôsas e como mães.
Klimek, S. and Milke, W. [1941]
An analysis of the material culture of Koch-Grünberg, The{)dor
the Tupí peoples. Amer. anthrop., Die Makú. (Anthrop., I. p . 877-906,
XXXVII, NR. l, p. 71-91, Menasha, Vis· Wien, 1906).
consin, 1935) . Mostra serem êsses índios da região fron-
O processo estatístico que Czekanowski, teiriça do Brasil com a Colômbia linguisti-
em 1911, introduziu na etnolo.gia para camente isolados . (1942)
aperfeiçoar o critério da quantidade, !é Koch-Grünberg, The;e>dor
146 elementos culturais de diferentes tribos Reise in Matto Grosso ( Brasilien). ex~
aplicado pelos autores na sua análise de pedition in das Quellgebiet des Schingú,
tupí segundo os dados publicados por Mé- 1899. (Mitteil. K. K. geogr. gesel. Wien,
traux. [1936] Wien, 1902, p. 332-335) .
Relatório sôbre a segunda expedição de
Koch..(Jrünberg, Thepdor Hermann Meyer às cabeceiras do Xingu.
Anfange der Kunst im Urwald. Berlin, _ O autor participou dessa viagem.
1905. [1943]
72 p. 63 planchas, 11 ilus. 2 mapas. Koch..Grünberg, Thepdor
Um estudo sôbre desenhos feitos pelos Südamerikanische Felszeichnungen. Ber-
índios da região do Alto Rio Negro e Iin, 1907.
lapurá. (1937] 92 p. 36 ilus. n,? texto, 1 mapa, 29 plan-
Koch-Grünberg, Thepdor chas e' índice alfabético.
Aruak«Sprachen. Nordwastbrasiliens und BibliografÍa.
der angrenzenden Gebiete. ( Mitteil. an- Um estudo sôbre os petroglifos da região
throp. gesel. Wien, 41, Wien 1911, p. 33- do Alto Rio Negro e Iapurá. Cita e co-
153, 203-282). menta, na primeira parte, as observações
Extenso vpcabulário comparativo das lín- de outros autores sôbre as gravuras rupes-
guas aruak do noroeste do Brasil e do sul tres do território dos ppvos · naturais sul-
da Venezuela, baseado no material recolhi- americanos. [1944]
do pelo autor e por vários outros viajantes.
Koch-Grünberg, Thepdor
Um mapa mostra a distribuição das tribos
aruaú, betoya, karaíb e makú np território Die Uitóto-Indianer. Weitere Beitrãge
situado entre o rio Negro e o Iapurá. zu ihrer Sprache nach einer Wõrterliste
[1938) vcn Hermann Schmidt. (Jr. soe. americ.,
Koch-Grünberg, Thepdor N.S., VII, Paris 1910, p. 61-83).
Die Hianákoto-Umáua. (Anthi-op.. III, O presente estudo sôbre um dialeto dês·
1908, p. 83-124, 297-335, 952-982) . ses índios que moram, principalmente, entre
Estuda particularmente a língua dessa o Alto Iapurá (Caquetá) e Iça (Putu-
tribo karaíb da fronteira da Colômbia com maio) , consiste num 'vocabulário ( p. 62-
o Brasil. · [1939] 73) e em notas gramaticais ( p. 37-83) .
(1945]
Koch-Grünberg, Thepdor Koch-Grünhergt Ther'Jdor
lndianertypen aus dem Amazonasgebiet. Die Võlkergruppierung zwischen Rio
I-VII. Berlin, 1906-1911. Branq:>, Orinoco, Rio Negro und Y-apurá;
Essa coleção de 141 planchas reprodu- Festschrift Eduard Seler, herausgegeben
zindo fotografias de índios amazonenses von Walter Lehmann. Stuttgart, 1922.
tem especial valor para a antropologia físi- p. 205-266, 1 mapa linguistice.
ca assim como para a etnopsicologia. O Este estudo sôbre a agrupação étnica en..
autor acrescenta dados sõbre o taráter e as tre o rio Branco, Orinoco, rio Negro e la-
capacidades mentais dos indivíduos repre- purá baseia~se, principalmente, nas obser·
~entados. [1940] vações feitas pelo autor nas suas viagens
Kocb.Grünberg, Thepdor no Alto Rio Branco e lapurá e do Rio
Indianische Frauen. (Arch. für anthrop. Branco ao Orinoco, nos anos de 1903 a
VIII. Braunschweig 1909, p. 91 e segs., 1 1905 e de 1911 a 1913. Indica tanto o
plancha, 3 figs. ) que já foi esclarecido nesta vasta região,
Referindo-se, principalmente, às tribos do como também os prpblemas das zonas vizi·
Noroeste do Brasil visitadas por êle, o au- nhas que ainda não foram resolvidos. O
MANUAL BIBLIOGRÁFICe» DE ESTUDOS BRAS ILEIROS 225

mapa anexo, também a respeito da geogra.. tes línguas isoladas: xirianá. auaké, kaliána,
fia que se baseia nas pesquisas mais mo# máku, puináve, guahibo e piaroa. O quin-
dernas de seu tempo, é, com exceção dos to tOIDi? reproduz fotografias de represen·
símbolos, igual àquele que acompanha o tantes das diversas tribos investigadas com
tomo IV de: Vom Roroima zum Orinoco. notas sôbre a constituição física e o estado
[1946] de saúde. Assim, a antropologia física, a
Koch..Grünberg, Thepdor linguística, os estudos de religião, a etno~
Vom Roraima zum Orinoco. Ergebnisse grafia prõpriamente dita e a geografia fo-
einer Reise in Nordbrasilien und Venezuela ram consideràvelmente enriquecidas ppr es-
in den Jahren 1911-1913. ta grandiosa obra . Em comparação com is-
v. 1: Schilderung der Reise. Berlin, so, porém, os dados sociológicos são muito
1917. x, 406 p. 6 planchas, 109 ilus., 1 menos satisfatórios, apesar de o estudo sô-
mapa . bre ps Taulipâng representar o tipo do cha-
v. 2: Mythen und Legenden der Tauli.. mado «trabalho intensivo~ que é a tentativa
pág ,_., und Arekuna - lndianer. Berlin, de conhecer a fundo uma tribo, em vez de
1916. ,Segunda edição: Stuttgart. 1924) investigar, mais ou menos superficialmente.
xi, 314 p. 6 planchas. o maior número possível de etnias, como
v. 3: Ethnographie. Stu~tgart. 1923. sucede no "trabalho extensivo". Aliás,
xil, 446 p. 66 planchas, 16 ilus . no texto, Koch..Grünberg a plica, nessa obra, um mé-
1 mapa, notas de música, em apêndice um t~? que, para mostrar seu contraste com
artigo sôbre música e instrumentos de mú.. o difusionismo, chamamos de "concêntri.-
sica de Erich M. V. Hornbostel. co", pois consiste em comentar certos tra..
v. 4: Sprachen. Stuttgart, 1928. xii, 357 ços cultyrais comparando--os com traços
p. 1 mapa. correspondentes de tribos vizinhas e outras,
e isso não para averiguar a distribuição
v. 5: Typen..Atlas. StuUgart, 1923. 27 dêsses traços pelo espaço e pelo tempo,
p . 180 planchas, 1 mapa . mas para compreender melhor a etnia a
A obra..prima do grande explorador. O ser estudada, etnia essa que representa o
primeirp tomo contém a descrição da via- centro com o qual todos aquêles traços de
gem. Depois de subir ao Rio Branco e o utras etnias são relacionados mediante a
marchar até o Roroima para estudar os comparação. [1947]
Taulipang e seus vizinhos, o autor sobe o Koch.-Grünberg, Thepdor
rio Uraricuéra e atravessa com enormes
esforços e sacrifícios a terta incógnita até Zwei Jahre unter den Indianern. Reisen
alcançar p rio Ventuari e, descendo êste, in Nordwest-Brasilien, 1903-1905. Berlin,
o Orinoco. Na viagem pelo Uraricuéra até 1909-1910.
o Ventuarí são pesquisados, prindpalmen.. v. 1: iv, 359 p. 227 ilus. 1 mapa, 12 ·
te, os Xirianá, Waíka, Y eúuaná e Gui.. planchas; v. 2: 413 p. 218 ilus. 4 mapas,
naú . O segundo tomo encerra mitos e len- 10 planchas . Apêndice e índice alfabético.
das das tribos karaíb do Roroima, em gran- O autor viajou pelo Alto Rio Negro,
de parte com os textos originais e a tradu.. seus afluentes lçana, Caiarí~Uaupés e Curi--
çãp interlinear, aos quais segue um estudo curiari, e os rios Apaporis e lapurá, estu-
comparativo. E' êste tomo uma das contri- dando nesta zona fronteiriça entre o Bra..
buições mais importantes à mitologia sul.- sil e a Colômbia numerosas tribos da famí-
americana. O terceiro tomo descreve não lia linguística Betoya e algumas tribos
sõmente os aspectos ergológicos das tribos aruak e karaíb. Encontrou--se também com
visitadas, mas também alguns fenômenos indivíduos dos Makú, Uitoto e Miranya,
de sua vida social e religipsa, destacando- investigando-os linguisticamente. A pre-
se uma coleção de fórmulas mágicas em sente -0bra é a narração dessa viagem, es-
texto original e tradução interlinear. Co.- tando intercalados os resultados científicos.
mo neste tomo, também no seguinte que é estes se referem, principalmente, à cultura
póstumo e foi editado por Ferdinand Hes.- material, sendo escaSS(.>s os dados psicoló-
termann, o material obtido entre os Tauli- gicos e sociológicos. A obra representa o
páng ,ocupa o maior espaço. Além de um tipo do chamado "trabalho extensivo" que
vocabulário e um esbôço gramatical da procura abranger o maior número possível
ltngua dêstes índios, encontram.-se nêle tex.- de e.tnias, em vez de limitar--se ao estudo
tos no mesmo idioma e material de outras «intensivo» de uma única tribo. No apên-
línguas Karaíb, isto é, do jauarána, inga.- dice o autor classifica as diferentes etnias
rikó, arekuná, sapará, purukotó e wayuma- visitadas, citando 60 palavras de cada uma
rá; das línguas aruak: baré, guinaú, pia- delas, a fim de compará-las. Nas páginas
póko, adzáneni e mandauáka, e das seguiu.- 378-391 do segundo tomo, Erich M. von
226 l\1ANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS B-RASILBIROS

Hornbostel estuda a altura dos sons de al- gem e, na segunda parte, ps resultados ci-
gumas flautas de pã do noroeste do Brasil, entíficos, tratando a8 p. 1'80-350 especial-
chegando a s~por estreita ligaçãp entre ês.- mente dos Karajá, as p. 351 ..367 dos Xa-
tes instrumentos de sôpro e seus semelhan.- vejé, as p. 368-402 dos Kayapó e as p.
tes no Peru antigo. l..Ima edição abreviada 403-4rl dos Tapirapé, enquanto o apêndi-
.dessa obra de Koch..Grünberg apareceu soo ce contém vocabulários e textos. Se bem
o título Zwei jahre hei den lndianem Nor.- que a apresentàção do matetial sôbre os
dwest.-Brasiliens, Stuttgart, 1921 (sétimo Karajá é, até agora, uma das melhores 1110..
milheiro, Stuttgart 1923)·, 416 p. 12 plan- nografias sôbre uma tribo brasileira, corl!"
chas, 48 ilustrações e 1 mapa. · _ (194'8] vém notar que oitenta e uma das suas pá·
K.rause, Fritz ginas ocupam-se com ªdornos-, armas. brin-
quedos_ de crianças e técnica, ao passo que
Beitrãge zur Ethnographie des Ara-
os capítulos sôbre relações poljticas, guer~
guaya-Kingu..Gebietes. (XXIe. Congr. in..
ra, chefes, tratamento de estrangeiros, rela-
ter. americ., Session de Gõteborg 1924, p.
-ções jurí.dicas, viàa social, fo.rmas de sau-
67 ..79, Gõteborg 1925) . ·
àação~ matrimônio, nascimentp, educação e
Baseado n{)S trabalhos de Wilhelm Sch- morte não chegam a encher, juntamente,
midt e Erland. Nordenskiõld sôbre a dis-
doze páginas. As notícias sôbre os Tapk
tribuição geográfica de «elementos cultu- ·- rapé reproduzem,- principalmente, informes
rais" na América do Sul, o autor proéura
dados pelos Karajá, pois o autor não coll!'
elucidar a posição "histórico-cultural'' dos
seguiu - alcançar aquela trJho .tupi. e suas
Knrajá. · Seu artigo foi reproduzido em
próprias observações a r'espe.ito referem..se
português lltº comentário de J. A. Padberg-
Cli':> pouco que êle podia ver d_u rante sua
Drenkpol intitulado "Situação históricÕ- excnrsão pelo rlo Tapirapé e em alguns in-
cultural dos Karayás" (em Boletim do Mu- divíduos taµ,irapé gúe viviam nas · aldeias
seu nacional, II, n. º 6, p. 71 ..82, Rio de karajá. No tocante ao material tapirápé
Janeiro 1926). [1949] cf. o comentário de 1-Ierbert Baldus na
Krause, Fritz "Rev. ârq. municp., LXVI, p. 13-45,. São
Forschungsaufgaben im Scbingu..QueU .. P3ulo 1940", que representa o prefáéio da
gebiet, Zentralbrasilien Sonderabdruck aus versão portuguêsa do presente ·livro - cuja
dem Tagungsbericht der Gesellschaft fur publicação começou no mesmo volume.
Võlkerkunde, 2. Tagung 1936 in Leipzig. Pequenas inexatidões da obra de. Krause
Leipzig, 1937. foram indicadas por Max Schm'idt (Zeits.
13 p. für ethn., XLV, p. 193, Berlin 19l 3) e
Bibliografia. Wilhelm Kissenberth (Baessler..Archrv; VI.
Heft 1/2, p. 37,- Leipzig..Berlin 1916) .
De.pois de enumerar as expedições. à re- [1952]
gião das cabeceiras do Xingu, desde a pri-
meira realizada por von den Steinen até a Krause, Fritz
de Petrullp feita em 1931. o autor indica · .Die Kunst der Karajá-Indianer (Staat
numerosos problemas para pesquisas etno- Goyaz, Brasilien) • (Baessler..Arquiv, II,
gráficas nesse território. [ 1950] Heft 1, p. 1-31, Berlin und Leipzig 191 r.
.70 figuras no texto, 11 planchas) .
Krause, Fritz
Gegenstande der Waurá..Indiarrer, Schin.:. O presente trabalho divide a produção
gú-Quellgebiet, Zentralbrasilien. (Mitteil. artística dos Karajá em arte representativa e
deut, · gesel. võlker., 9, Leipzig 1939, p. arte decorativa. Aquela compreende: 1) a
25-40) . plástica com trançados, esculturas em ma ..
Descrição dos objetos dessa tribo aruak deira e figuras de barro e cêra; 2) os dese-
que se encontram nos museus de Berlim, nhos em areia, em cuias e a lápis. Sob o
Rio de Janeiro e Philadelphia. cf. o artig;o título «Arte decorativa» são estudados os
anterior do mesmo autor sôbre os Waurá. desenhos tomados da técnica de trançados,
[1951] os ornamentos entalhados, as pirogravuras e
a atividade artística das mulheres qire, no
Krause, Fritz dizer do autpr, distingue~se completamente
In den Wildnissen Brasiliens. Leipzig, da dos homens, sendo inferior a · esta. O
1911. material apresentado foi colecionadQ ~ por
viii, 512 p. 517 figuras no texto, 337 Krause em 1908 e encontra ..se no Museu
fotografias em 69 planchas, 2 mapas, apên- etnográf~co de Leipzig. · (1953]
dice,. índice alfabético·.
Em 1908, o autor .percorreu o vale do Krause, Fritz
Araguaia para estudar suas tribos. De&" Die \Vaurá-Indianer des ·schingú..Quell..
creve, na primeira parte dêsse livro, a via, gebi.etes, Zentral..Brasilieri. (Mitteil. gesel.
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 227

võlker,. Heft 7. Leipzig 1936, p. 14-33, 1 dez "grupos" dos quais um único compreen-
ilus . 2 planchas) • de todp o oriente do Brasil e com isso os
O autor reune tôdas as notícias que as Gê e os Tupí da costa. Não é preciso dizer
expedições de Karl e Wilhelm von _den mais para caracterizar a fraqueza metodo-
Steinen. Herrmann Meyer, Max Schmidt, lógica do presente trabalho. [ 1956]
Heinrich Hintermann e V. M. Petrullp trou,..
Kruse. Albert
xeram sôbre -os Waurá, tribo aruak da re... Mundurucú moieties. (Primitive rnan.,
gião das cabeceiras do Xingu descrita como
VII, n.º 4, p. 51-57, Washingto~.' _1934 ).
amável e célebre pelos seus lindos e gigan-
Segundo menciona a revista Santo An-
tescos potes de barro. Cita, também, os
tônio, XV, p. 160, Bahia 1937», é o presente
diários inéditos de Wilhelm von den Stei,..
artigo «mais ou menos a reprodução inglê-
nen e Herrmann Meyer conservados no Ar,.
sa" do original alemão publicado nesta mes-
quivo do Müseu Etnpgráfico de Leipzig. ma revista, "XII, p. 24 e seguintes, Baía
cf. H. Baldus in.: Rev. arq. municip., XL, 1934".
São Paulo 1937, p. 50. [195-i]
Enumera os clãs patrilineares e totêmicos
Krickeberg, W altar dos Munduruku do Tapajós que se dividem
Amerika. lllustrierte Võolkerkunde, he- em "metades'' exógamas chamadas "bran-
rausgegeben von Georg Buschan. I. Dritte cos" e de .. vermelhos". O interessante m3-
Auflage. Stuttgart, 1922. terial sociológico é acompanhado por dadp s
p. 52-427, 167 figuras, 12 planchas, 3 mitológicos . [ 195i]
mapas etnográficos, índice alfabético da p.
Kruse, Albert . .
637-:-686. Ueber die W anderungen der .tvlundurukú
Bibliografia da p. 617,..632. in Südamerika. (Anthrop., XX.X, St. G a-
Referem,..se as p. 52,..6'4 aos americanos em briel~Modling hei Wien, 1935, p. 831-836) .
geral e as p. 217...239 aos índips sul-ameri- O autor supõe que os Munduruku vi.er~m
canos em geral. Dos índios do tlrasil ~a­ do sul para o seu território atual. Distin-
tam, especialmente, os capítulos: Os povos guem-se os seguintes três grupos da tribu
da região florestal tropical (p. 239-277) e Munduruku falando todos a mesma língua:
A população do Brasil Oriental (p. 283- Munduruku do Tapajós, Munduruku do l\.ia-
292). deira e Munduruku do Xingu. O autor dá
Apesar de não empregar as publicações os textos (em versão alemã) dos três con ·
dos últimos :vinte anos, a presente pbra con- tos seguintes sôbre acontecimentos históri-
tinua sendo um ótimo compêndio, pelo me ... cos: 1) • Origem da tribo dos Kuruáya; 2)
nos no que diz respeito à AAiêrica do Sul. Origem da tribo dos Wiaunén; 3} Correria
[1955] c1':lntra os Wiaunén. [ 1958]
Krickeberg. Walter Kunike, Hugo
Beitrãge zur Frage der alten kultl:1fgeschi- Der Fisch als F ruchtbarkeitssymbol bei
chtlichen Beziehungen zwischen Nord --- und den Waldindianern Südamerikas. (Anthrop.
Südamerika. (Zeits. fur ethn., LXVI, p. VII, p. 206-229, Wien 1912) .
287-373, Berlin 1935. 12 figuras, 2 mapas,
2 tabelas e bibliografia) . Considerando a importância do peixe na
alimentação dos índios do Brasil e da Guia-
Essas "contribuições ao problema das an~ na, não é de estranhar o grande papel que
tigas relações históric°"'culturais entre a aquêle animal desempenha na cultura espi..
América do Nprte e a América do Sul" são ritual de muitas dessas tribos. O autor, ba-
um estudo da difusão de certos ··dementes · seando-se em literatura antiga e moderna,
culturais". Pertencem aos melhores traba- estuda êsse papel nas danças e cantos desti-
' lhos dêsse gênero representado, na etnologia nadps a produzirem fertilidade, na arte de-
sulamericana, pelo padre Wilhelm Schmidt corativa e na mitologia. (cf. o comentário
e por Erland Nordenskiõld. Tem, por um de Tastevin na revista "Anthrop. IX, p.
lado, o defeito típicp de seu gênero que é a 405-417, Wien 1914). [1959]
esquematização simplista, e, por outro lado,
sua qualidade apreciável que consiste em fa ... Laet, Johannes de
cilitar, pela coordenação de copiosas dados Historie· ofte Jaerlijik Verhael van de
baseados em numerosa literatura exatamen- Verrichtínghen der Geoctroyeerde V./ est-In-
te indicada, uma orientaçãp rápida no tocan- dische Compagnie. Leyden, 1611.
te à distribuição geográfica dos objetos em In-fol.
questão. O autor trata, especialmente, da A versão portuguêsa é in titul~da: H i.s -
distribuição de 69 "elementos culturais sub- toria ou annaes dos feitps da Companhia
árticos na América do Sul", dividíndo para privilegiada das lndias Occidentaes, Rio de
êsse fim grande parte dêste continent~ em Janeiro 1925, 2 tomoo, {562 p. in 4.º.
..
228 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

Contém alguns dados sôbre os Tapuia Leite, Serafim, padre


do nordeste ( cf. p . 461 e seguintes da edi • Novas cartas jesuíticas. São Paulo, 1940,
ção brasileira) . [1960] 344 p . Brasiliana, v. 194) •
La.fone Quevedo, Samuel A." São cartas de Nóbrega, Vieira e de outro&
jesuítas do século XVI e XVII. «Sõbre os
Las lenguas de tipo Guaiacurú y Chiquito índios do Brasil versam todas". atirma de-
cpmparadas. {Act. XVII congr. inter. las o padre Serafim Leite p. 13). Nós. po-
americ . (Buenos Aires 191 O) , Buenos Aires rém, devemos confessar que as alusões fei-
1912, p. 228-231). tas por elas a êsse respeito são escassas e
Referindo-se a seu opúsculo publicado sob pouco interl.!ssante& para a etno~l)gia. Só um
o mesmo título na Revista del Museo de La dos escritos publicados no presente livro
Plata, XVII (-2. IV). p. 7-68, 1910, o merece certa atenção do indianista: a rela-
autor resume as semelhanças e difere11.ças ção do padre Jerónimo Rodrigues sôbre a
das famílias linguísticas guaikuru e chikito. missão do.s Carijó. Mas também esta des-
Ble dá especial informação à comparação crição da tribo guarani do litoral de Santa
dos pr.onomes a qual êle considera conveni- Catarina é, na maipr parte, um resumo das
ente como meio de classificação geral das más impressões recebidas pelo seu autor. ( cf.
línguas americanas. [ 1961] ~ H. Baldus in.: Rev. arq. municip., LXXV.
São Paulo 1941, p. 224-225). (1964)
.Lehmaml.-Nitsche, Robert
Ury, Jean de
El jabuti y el quirquincho. (Inst. mus. un.
nac. La Plata, Obra dei cincuentenario, t. Histoire d'vn voyage faict en la terre dv
li, Buenos Aires 1936, p. 185-200). Bresil, avtrement dite Amerique; revcve, cor-
rigee, et bien ""augmentee en cestc seconde
Comparando a lenda do jahutí e da on~a, edition, tant de figures, qu'autres choses no..
referida à Amazõnla por vários autores e tables sur 1~ suiet de I'auteur. Pour Antoine
por alguns em textp tupi, com a lenda do Chuppin, M.D. LXXX.
tatu e da onça, ouvida entre os Xipaia do
Alto Curuá por Curt Nimuendaju, e em San 15 fôlhas s.n., 382 p. índice de matérias
Luis de la Punta por D. B. Vidal, o autor em 6 fõlhas s . n.. 8 planchas, duas das quais
considera provada uma relação entre os reprr'Jduzem a mesma xilogravura.
Tupi do norte do Brasil e os Quíchua da Lêry declara ter permanecido entre êsses
Argentina. [1962] índios durante quase um ano, tratando fa-
.Lehmann ...Nit6che, Robert . miliarmente com êles. Confirma as notícias
dadas por Staden das quais teve conheci-
Studien zur südamerikanischen Mythf.>lo- mento sômente oito anos depois de publicar
gie. Die ãtiologisch en Motive . Ham... a sua própria narrativa, cpmo explica numa
burg, 1939. carta citada por Ternaux Compans e auto--
xil, 205 p. res posteriores. Por outro lado, Léry critica
· Bibliografia . violen~amente e não sem razão as observa-
çes sôbre os índios brasileiros publicadas por
Volumosa coleção do.s conceitos pelos Thevet, seu compatriota e antagpnista na
quais, nos mitos e lendas sulamericanas, se profissão religiosa. Como todos os. autores
explicam a origem de particularidades de de sua época que tratam de etnografia do
ambiente, de homens, animais e plantas. O Brasil; Léry dá a maior importância ao pro-
autor reune em secções especiais, ordenadas blema da antroppfagia. Nesse tocante, a se-
alíabêticamente, cêrca de 1.100 motivos re· guinte observação sôbre os Tupinambâ reve-
ferentt:s ao homem em geral. às diferentes la a objetividade do inteligente francês:
tribos, à fauna em geral, aos mamíferos. " ... não com~m a carne, como poderíamos
aves. réptis, anfíbios, peixes, cefalópodes. pensar, por simples gulodice, pois embora
moluscos e artrópodes, à flora geral e es- confessem ser a carne humana saborosíssi-
pecial e, por fim. às particularidades da ter- ma, seu priocpial intuitp é causar temor aos
ra e da paisagem. A respeito das relações vivos. Move-os a vingança, salvo no que
dos moitvos etiológicos com os mitps em que diz respeito às velhas, como já observei" .
.se encontram, o autor chegou à conclusão de O livro de Lêry destaca-se dos escritos de
que as particularidades do ambiente, de ho- Hans Staden e Gabriel Soares, principal- :1
mens, animais e vegetais deram motivo a mente, pelo seu valor linguistico. Plínio Ay-
uma explicação, então elabprada de tal ma- rosa que valorizou a última edição brasileira
neira que os elementos que a provocaram com notas tupinológicas. nela restaurando,
passaram a desempenhar um papel mais ou traduzindo e anotando também o célebre co-
.menos secundário, desaparecendo mesmo por lóquio tapinambá-francês do capítulo XX,
completo. [1963] disc:e muito bem a êsse respeito: ·· ... em ne-
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 229

nhwn outro cronista dr'lB anos afastados em uma lista de palavras dêsse idioma (Wor..
que se iniciava a colonização regular do tlisten aus Amazonien, p. 109.. 1 ló), consi-
Brasil, encontraremos elementos tão abun- dera-o tupí (ibidem, p. 93), ao passo que
dantes e téio curio.sos sõbre a chamada lín~ Loukotka, em "Linguas indígenas do Bra.-
gua-geral •.. " Além disso há em Léry algu- sil>, p. 154, classifica.-o como língua isolada
mas notas de canto índio que representam com ·'intrusão de aruak e tupí'". [1967]
os dpcumentos mais antigo.s de música bra- Lopes, Raymundo
sileira. As xilogravuras da obra de Léry, Os tupis do Gurupy: ensà~-:> comparativo.
· se bem que sejam tecnicamente superiores às ( Univ. nac. de La Plata, Act. y trab. cient.
da primeira edição de Staden, não são tão .del XXV. congr. inter. americ., 1, p. 139-
ricas como estas em material etnográfico. 171, La Plata, 1932. Buenos Aires, 1934. 11
Léry voltou ao Brasil à Europa em 1558 e figuras, 3 mapas) .
publicou a primeira edição de sua narrativa
de viagem em 1578. A segunda saiu em Em setembro e outubro de 1930, o autor
1580, em Genebra, "revista, corrigida e bem visitou os Urubu e Tembê. O presénte ar-
aumentada", e é nela que deve basear-se p tigo sõbre êsses índios trata de arços e fie..
investigador. Reimpressão dela é a melhor e chas, moradia, transporte, ves.tuário, enfeites,
mais acessível edição francesa moderna que, danças e canto, crenças, lendas e lingua, sen-
em 1830, foi publicada com numerosas notas do completado por um vocabulário urubu e
de Paul Gaffarel . Observa, também, êste uma lenda tembé no texto original e na ver·
comentador a respeito da edição de 1580: são portuguêsa. Dos três mapas do conti-
..E. ela multo preferível à precedente". A nente su}..americano que acompanham êsse
obra de Léry foi traduzida para o latim, ale- trabalho, o primeiro mostra a distribuição
mão, holandês e português. A melhor e mais dos tipos de arco.s e flechas, usadps pelas
éompleta de tõdas as edições até hoje feitas duas mencionadas tribos tupi; o segundo in-
apareceu como volume VII da ··Biblioteca dica a distribuição dos principais aspectos
histórica brasileira", sob a direção de Ru- técnicos dos enfeites de plumas; o terceiro
bens Borba de Morais, em São Paulo, 1941. apresenta a distribuição atual e os desloca·
Contém 280 p. em formato grande, o fac- mentos dos Tupi e das tribos vizinhas.
simile do mapa do Brasil de Comelis de Jobe (1968}
de 1593, e não somente as ilustrações da edi.. Loukotka, Chestmfr
ção original e de outras subsequentes mas Clasifkación de las lenguas sudamerica-
também algumas gravuras contemporâneas nas. Praha, 1935.
pouco conhecidas. [196S] 26 p. 1 vocabulário esquemático na capa.
tévi..Strauss, C. O autor estabelece 94 famíliélS linguísticas
Contribution a l'êtude de l'organisation na América do Sul das quais muitas · são
sodale des indiens Bororo. (Jr. soe. americ., subdivididas em numerosos idiomas~ Para a
N. S., XXVIII. Paris 1936, p. 269..JOi}. classificação serve um vocabulário esque.-
(Vresão portuguêsa na Rev. arq. municip.1 mãtico de 45 palavras que, além de~ ser pau-
XXVU, São Pat\lo, 1936, ilus.) pérrimo, ignora tôdas as características gra-
Nimuendaju, o maior perito em etnografia maticais. Esse método simplista dá. natural-
brasileira, que durante decénios não fêz ou.. meute, os resultados mais absurdo.s. >.s sub·
tra coisa senão observar índios, nec~ssitava, chvisões feitas pelo autor são, em g.rande
depois disso, ainda de muitos meses e gran~ parte, meramente geográficas. [1969]
des conhecimentos linguistico.s para resplver Loukotka, Chestmír
problemas tão pouco acessíveis como o.s da
Linguas indigenas do Brasil. (Rev. arq.
organização social de uma tribo. O Sr. u .. municip., LIV, São Paulo 1939, p. 147-174)
vi-Strauss pretende ter conseguido seme-
Segundo o método usado na sua "Classi--
lhantes resultados, depois de t,lma estaâia de
ficacion de las lenguas sudamericanas", o
poucas semanas numa aldeia borpró e sem
autor divide as línguas índias do Brasil em
o conhecimento da língua de seus habitantes.
37 famílias e muitas subdivisões. Anexp
[1966] está um mapa da distribuição do.s idiomas
'Lopes, Raymundo assim classificados . O grande valor do· pre-
Les indiens Arikêmes. (XXI. congr. inter. sente trabalho consiste na minudosa indi~
americ., session de Gõteborg 192'i, p. 630- cação das numerosas fontes. [1970]
612, Gõteborg 1925. 14 figuras sendo a pri.- L-0\vie, Robert H.
meira 1 mapa.) Amerlcan culture history. (Amer. an-
Ligeiras notas sõbre essa tribo do vale do thorp., XLII, p. 409-428, Menasha, Wiscon..
Madeira e um pequeno vocabulário de sue. sin 1940).
língua. Nimuendaju que também publicou Grande par~e d!sse importante artigo ven..
230 MANUAL BIBLIOGRÁPICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

tila engenhpsamente problemas essenciais da trãge zur Võlkerkunde Brasiliens) , êsses tex-
etnologia brasileira. [ 1971] tos foram recolhidos entre- os Anambé. O
Lozano, Pedro próprio Couto de Magalhães confirma .isso
Descripcion cborographica del terreno, pelo menos a respeitp da "Lenda acerca da
rios, arboles, y animales cle las dilatadissi- velha gulosa" anotando (p. 267): "Foi es-
mas Provindas dei Gran Chaco, Gualamba ta a primeira lenda que coligi, e fi-lo em
y de los ritos, y costumbres de las innume- 1865, ano em que passei cêrca de quatro
rables Naciones barbaras, e infieles, que le meses nas solidões das cachoeiras da !ta-
habitau: con una cabal Relacion hist:.orica -boca, no Tocantins, onde naufraguei e l'nde
de lo que en ellas han obrado para conquis- morreram alguns de meus companheirps. A
tarlas algunos Governadores, y Ministros 1enda foi-me narrada pelo tuxáua dos
reales; y los Missioneros jesuitas para re- Anambés."
ducirlas à la Fé dei verdadero Dios. Cor- A edição francesa dessas lendas feita por
doba, 1733. Reedición con prólog,D e índice Emile Allain saiu no Rio de Janeiro em
por Radamés A. Altieri. Tucumán, 1941. 1882 sob o título «Contes indiens du Bré..
xix, 467 p. 1 mapa. 2 fac-símiles. (Uni- sil". Q uase tôdas elas foram reproduzidas
versidad nacional de Tucumán, publicatión em alemão na coleçã{.) de Clcmens Bran-
n! 288). denburger intitulada <Mythen, Sagen und
Marchen brasilischer lndianer··, São Leo-
Trata, principalmente, das missões jesui· poldo [1919]. [1974]
ticas entre as tribos do · Chaco. Os dados
etnográficos sôbre os Guaikuru, índios êstes Manizer, Henri Henrikhovitch
dos quais certos grupos viviam em Mato- . Les Botocudos, d'aprês les observations
Grosso, são insignificantes em cpmparação recueillies pendant un séjour chez eux cn
com os informes sõbre a mesma tribu escri.. 1915; traduction du russe, légérement ré.su-
tos pelo padre José Sanchez Labrador e por mée par A. Childe. Titulo do original: Bo-
Frandsc:> Rodrigues do Prado. (1972] tocúdy (B,')runy) po nabliudeniam vo vre-
m.ia prébyvania sredi nikh v 1915 godu.
Magalhães, Amílcar A. Botelhp ·de Petrograd, 1916 . (Arch. Museo nac. Rio
Pelos sertões do Brasil. Segunda edição. de Janeiro, XXII, 1919, p. 241-273).
São Paulo, 1941 . O autor passou seis meses entre os Kre-
506 p. ilus. mapas. ( Brasiliana, v. 195) . nak do rio Doce e entre vários outros gru-
Esta obra é uma síntese dos relatórios sô- pos de Botocudos estabelecidos no põsto
bre as principais explorações realizadas pela oficial de Pane.as, a 50 km. de Colatina. Na
Comissão Rondon. Se bem que as informa... presente monografia descreve o território e
ções etnográficas sejam escassas em com.. a aparência física dêsses índios de Minas
paração com a abundância dos dados geo-- Gerais e Espírito Santo, suas habitações,
gráficos, contém copioso material no to.- seu adõrno, seus processos de adquirir o
cante às relações entre índios e brancos, des- sustento, seus matrimônips. nomes de paren·
crevendo encontros hostis e amigáveis, cruéls tesco. modos de tratar os mortos, conceitos
perseguições dos selvicolas por parte dos de espíritos e almas, e a sua língua. Os ho-
seringueiros e, em contraste, o comporta.. mens caçam e cultivam bananas, mandioca
mento altruísta e heróico dos oficiais da Co-- e batatas, cabendo, principalmente, às mu-
m.issão Rondon quando atacados por aquê.. lheres a colheita dessas frutas e de alimentos
les que os consideravam invasores de suas vegetais silvestres. As páginas 267..270 em
terras. A menção dêste comportamento dá que o autor trata de Maret-khmakiam, ente
ocasião a descrições minuciosas dos pro-- supremo dt:>s Botocudos, têm importância es-
cessos de aproximação !? pacificação apli.- pecial para o estudo da religião. Uma pran-
cados por Rondon e seus auxiliares.
(1973) cha mostra· alguns utensílios dêsses fndios.
Magalhães, Couto de (1975]
O selvagem. 3.• edição completa cpm o Manizer, Henri Henrikhovitch
curso da língua geral tupí. São Paulo, 1935. Musica e instrumentos de musica de al~u·
615 p. 1 plancha com o retrato do autor. mas tribus do Brasil. (Rev. brasileira de
(Brasiliana, v. 52) . musica 1, 4. 0 fase., p. 303·327 . Rio de Ja~
neiro, 1934. 20 fig. np texto e em planchas,
A edição princeps apareceu no Rio de notas musicais)
Janeiro em 1876. Traduzido integralmente do russo por A.
Além de alguns dados espalhados no to- Childe. O original foi publicado pelo "Mus.
cante a diversas tribos do Brasil, são prin.. antrop. ethn. do Imperador Pedro o Grande,
cipalmente as lendas em tupí as que consti- anexo à Academia das ciências da Russia,
tuem ainda certo valor dêste livro para a V, folheto I, Jl . 319-350. Petrograd 1918".
ciência moderna. Segundo Ehrenreich (Bei· Em 1914 e 1915, p autor visitou os Ka-
MANUAL BIBUOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 231

duveo, Tereno, Faia (Opayé-Xavante). O valor etnológico atual das obras de Mar-
Kaingang, Guarani e Botocudoo. No pre- tius foi examinado por Herbert Baldus no
sente trabalho estuda a música vocal e ins- ensaio bio-bibliográfko <A viagem pelo Bra..
trumental dêsses índios e suas danças. Se- sil de Spix e Martius.., publicado na "Rev.
gundo lhe parece, o canto indio estâ indisso- arq. munic. LXIX, p. 131-146, São Paulo,
luvelmente ligado ao tom emocional da pala- 1940". [1978]
vra. Fpi somente entre os Guarani que o
autor encontrou o canto sem palavras (p. Martius, Karl Frledrich Philipp von
305). Ssse artigo é uma das mais valiosas Das Naturell, die Krankheiten, das Arzt-
contribuições ao estudo da música índia do thum und die Heilmittel der Urbewohner
Brasil. [1976) Brasiliens. München [ 1844]
192 p. (Buchneres Repertorium für die
Markham, Clements Robert Pharmacie, XXXIII)
A Jist of the tribes of the Valley of the A edição brasileira é intitulada: Natu-
Amr.izons, including those of the banks of reza, doenças, medicina e remédios dos ín-
the main stream and pf all the tributaries. dips brasileiros ( 1844); tradução, prefácio e
Thrid edition. (Jr. anthrop. inst. gr. br. & notas de Pirajá da Silva. São Paulo, 1939,
ir., XL, London, 1910, p. 73-140). xxxii, 286 p. 19 planchas. Brasiliana CLIV.
Lista alfabética do3 numerosos nomes tri- Muitas idéias médicas e etnológicas ex-
bais da Amazônia, com sinônimos e indica- postas pelo autor são produtos típicos de
ções sôbre a origem, o território, a história, sua época e abandonadas .pela ciência mo-
a língua, os caracteres físicos e etnográficos derna. Apesar disso, o presente trabalho é,
das tribos em questão. Essa nomenclatura como tpdos os outros estudos indianistas do
é seguida por uma classificação geográfica sábio bávaro, um manancial de valiosas ob-
das mencior.adas tribus. O autor indica a servações, se bem que mostre, como os de-
literatura em que se apóia. Ignora, porém, mais, as características aptidões e dcfeit0s
as obras modernas que modificaram muito do autor, isto é, ótimo sistematizador e pês·
daquilo que êle afirma. Por isso, o trabalho simo psicólogo. Cs-:>mo naqueles estudos,
de Markham é completamente antiquadp. também aqui Martius se perde nas genera-
(1977) lizações mais absurdas quando trata da
Martius, Kar1 Friedrich Philipp von mentalidade dos índios. Hã nessa obra etno...
Beitrãge zur Ethnographie und Sprachen- médica, algumas páginas sõbre plantas me-
kunde Amerika's zumal Brasiliens. Leipzig, dicinais cujo complemento é, de certa ma-
1867. . neira, o livrinho publicado por Martius em
2 v. v. 1: ix, 802 p. mapa, índice alfabé- 1843 sob o título: Systema materiaé medi-
tico; v. 2: xxi, 548 p. cae vegetabilís brasiliensis, Lipsiae, xxvi,
O primeiro tomo encerra os três trabalhos 155 p. Sua versã(.> para o português .é áe
seguintes: 1) Uma conferência sôbre "O Henrique Veloso d'Oliveira e saiu no Rio
passa~0 e futuro da humanidade america- de Janeiro, em 1854. [1979)
na'.' (p. 1-42), feita em 1838, na qual o au- Maximilian, príncipe de Wied-Neuwied,
tor sustenta a opinião de que .. os america-
nos não são selvagens, mas asselvajados e Reise nach Brasilien in den Jahren 1815
decaídos. . . restos degradados de um passa- bis 1817. Frankfurt, 1820-1821.
do mais perfeito, em via de degenera~ão 2 v. v. 1: xx.xiv, 380 p.; v.; 2: xvili, 34S
muito antes da descoberta pelos europeus" p., 3 mapas, 22 gravuras.
( p. 6) . 2) Um estudo sôbre «Ü estado do Há várias edições alemãs, uma francesa,
direito entre os aborígenes do Hrasil" (p. uma italiana e uma ínglêsa, contendo esta
43-144) , .publicado também em versão por- última (London 1820) sômente o prtmeiro
tuguêsa na «Rev. inst. hist. geo. de S~o tomo do original. A edição brasileira saiu
Paulo, XI, p. 20-82, S. Paulo 1906", e, co- em 1940 sob o títulp "'Viagem ao Brasil",
mo livro, em São Paulo, no ano de 1938. tradução de Edgar Sussekind de Mendonça
Nesse estudo q~e alude igualmente à tese e Flávio Poppe de Figueiredo, refundida e
apresentada np primeiro dos três trabalhos. anotada por Olivério Pinto. São Paulo, 511
o autor trata de tôda sorte de fenômenos p., Brasiliana ....- grande formato, v .- l, in-8.0
sociais e culturais e não exclusivamente da- grande, com as vinhetas e estampas do ori-
quilo a que se restringe a jurisprudência mo- ginal, 2 mapas, um retrato dp autor e mais
derna. 3) Uma sinopse etnográfica dos ín- du2s planchas reproduzindo retratos exis-
dios do Brasil e das regiões limítrofes (p. tentes no castelo de Neuwied que represen-
145-780). Acompanha-a um mapa das su- tam o principe e o botocudo que o acompa-
postas migrações dos Tupí e da distribuição nhou à Alemanha. O autor percorreu o lito-
dps grupos linguísticos cuja base fornecem ral brasileiro e partes de seu hinterland, des-
os vocabulários reunidos no segundo tomo. de o Rio de Janeiro até a Bahia. ~ua des-
232 MANUAL BIBLIOGRÃFICO DB ESTUDOS BRASILEIROS

crição d06 Botocudos é uma das mais im· uma raça cuja cultura se compõe de elemen-
portantes das numerosas comunic;;ações sõbre tos que têm na América do Sul, distribuição
ésses indios feitas por etnógrafos e leigos, oriental e setentrional. Não tendo sido esta..
Se bem que tratasse, principalmente, da er· belecida, em tempos pre-históricos, nenhuma
gologia, revela o príncipe, em geral, uma tribo tupi..guarani de importância, na mar..
compreensão de outrps fenômenos culturais gem esquerda do Amazpnas, e tendo-se rea-
também, que, mesmo em no.ssos dias, é aJ.. lizado tarde a ocupação da costa. precisa-
cançad? por poucos. Um Botocudo acompa.. mos colocar o centro da dispersão das tri·
nhou o autor no seu regresso à Alemanha, bos desta raça na área limitada ao norte
contribuinc\o consideràvelmente para a or- pelo Amazonas, ao sul pelo Paraguai, ao es-
ganização elo vocabulário de sua lingua e te pelo Tpcantins e ao CP-ste pelo Madeira"
do estudo _gramatical sõbre a mesma feita por (p. 312). Em outro lugar (p. 303), o au·
Goetling, dois trabalhos publicados em tor frisa, ainda, a falta de influência andina,
apêndice da .p resente obra. Além disso, o afirmando: " ... na sua totalidade, a civiliza-
livro de -W ied contém algúns dados sõbre ção das tribos tupi..guarani não tem nenhum
os Coroados e Koropó da missão de São vestígio de uma influência procedida do
Pidélis no rio Paraíba e sõbre os Puri, Pa.. oeste ou do noroeste". O livro contém,
tachó, Machakari e Kamakan, como tam- além dissp, mapas e tabelas mostrando a
bém vocabuJários machakari, patachó, ma.. distribuição, na América do Sul, do tlpití,
Jali, makpni, menien e mongoió. (Cf. o en- do costume de colar penas na cabeça ou no
saio biobibliográfico de Herbert Baldus: corpo, · do boné de penas, do manto de pe-
«Maximiliano principe de Wied..Neuwied>, nas (técnica de filé), da tonsura, da defor-
"Rev. arq. municip., LXXIV, São Paulo mação artificial da barriga--da..perna, e, por
19+1. p. 283..291). [1980] fim, do bastãp..-"de-rltmo. E' o manual in-
Mdlo, Mario dispensável para o estudo dos ~fupí .e. por
Os Carnijós de Aguas Bellas. (Rev. mus. isso, uma das obras mais importantes da
paulista, XVI, p. 793..846, São Paulo, 1929. etnologia brasileira.
3 planchas) . (1982)
Essas ligeiras notas sõhre a tribu pemam.. Métraux, Alfred
buc:ana na qual o autor passou alguns dias, La decoration artificielle des plumes sur
referem..se, especialmente, à história, as dan- les oiseaux vivants. (Jr. soe. americ., XX.
ças e ·à língua daqueles indios denominada Paris 1928, p. 181-192).
<iatê> por êles mesmos. Os vocabulários al- Por um estudo detalha~.o da distribuição
fabéticos iatê-português (p. 822..830) e por.. geográfica da chamada "tapiragem" na
tuguês..iatê (p. 831 ..838) apresentam mais América do SuJ, o autor chega a considerar
de trezentos vocábulos dêsse idioma con.. de origem arawak êsse processo de mudar
siderado por Loukotka (Linguas indígenas artificialmente a côr das penas de aves vi-
do Brasil, .p. 153), cpmo Isolado -com a in- vas que era usado, também, por várias
trusão de kamakan>. Carlos Estêvam de tribps do Brasil. {1983) .
Oliveira publicou na ··Rev. mus. paull.na Métraux, Alfred
XVU, t.• parte, p. 519..527, São Paulo Les lndiens Kamakan, Patavo et Kutavo
1931 ", interessante comentário ao presente
d'aprês le joumal de route lnédit de l'exp)o-
trabalho de ·M ário Melo. (1981) rateur français J.B. Douville. (Rev. inst.
M~aux, Alfred etn. un. nac. de Tucumán, tomo l, entrega
La civilisation matérielle des tribus 'fupi.. 2.ª, p. 239-393. Tucumán ·1930).
Guarani. Paris, 1928. Valiosas informações sôbre os conceit~
xiv, 331 p. 30 fig. 10 planchas, 11 mapas. de propriedade, vida familiar e sexual, re..
Bibliografia. ligião e costumes fúnebres dos Kamakan, tri--
Baseado em numerosa literatura antiga e bo baiana hoje extinta, e algumas informa•
moderna, o autor estuda a dístribulçãr-:> geo- ções sôbre seus vizinhos Patachó e Kutachó.
gráfica das tribos da grande família linguis.. [l98i]
tica Tupi e descreve os elementos de ~ua Métraux, Alfred
cultura material, indicando a difusão dêles Les migratlons hlstoriques des Tupi-Gua...
entre essas tribos. Seguindo o exemplo dado rani. (Jr. soe. americ .. N. S., XIX, p. 1·
por Nordenskiõld e utilizando..se, tamb~m. 45, Paris 1927. 1 mapa. 1-- quadro crpno-
em parte, dos mapas organizados pelo india- lógico ant-xo das 20 migrações estudadas,
msta sueco, Métraux resume ps resultados bibliografia)
de suas pesquisas difusionlstas -em tabelas Depois de tratar, â base -de literatura an..
(p. 295-300) que o deixam chegar à se· tiga e moderna, das migrações de diversu
1JU1nte conclusão: "O.s Tupi..Guarant são tribos tupl durante os séculos XVI a XX.
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 233

o autor chega às seguintes conclusões (p. o presente livro completa "La civilisation
35-36): "1 ) Os primeiros senhores da co3ta matérielle des tribus .tupi-guarani" do mes-
do Brasil eram os Tapuia. 2) Eles foram mo autor~ séndo tão necessârip para o es-
expulsos de Já, numa data rela-tiamente re.. - tudo ·da cultu-r a espiritual dos '.J.'upi como
cente, pela invasão de tribos tupi•guarani esta última· obra é indispensável ·para co-
que, prr.>vàvelmente, devem ter irrompido no nhecer sua cultura material. · · _ [1987]
li~-:>ral, com o decorrer do século XV. 3) Os
Tupinambá conquistaram o Maranhão só na Meyer, Herrmann
segunda metade do século XVI. 4) Durante Bogen und Pfeil in Central·Brasilien
os quatro séculos que seguiram a ·conquista Leipzig, Druck vom Bibliographischen Ins-
houve, em diferentes regiões e várias dire- titut, s. d. (Versão .inglêsa em: Smithson.
rep. f1-:>r 1896, Washington 1898) ·
ções, grande número de migrações de Tupí-
Guaraní que percorreram, às vêzes, distân- vi, 56 p. l mapa. 4 plav.e:has.
cias tão cpnsideráveis como aquela que se- Esta célebre monografia é ·a primeira tén...
para o Peru da costa do Brasil. 5) Dessas tativa de estudo da distribuição geográfica
migrações, umas foram motivadas pelo de- de diferentes tipps de arcos e flechas no
sejo de e~capar à servidão que os portu- Brasil, classificando aquêles, principalmen..
guêses queriam impor aos índios, sendo as te, segundo o corte transversal e o mate..
outras, causadas pela crença obstina-clã dos rial da -vara, e estas segundo a empluma-
Tupí-Guaraní na existência dum paraíso ter- ção. ' Já o padre Wilhelm Sclimidt iKuJ..-
restre situado, pu ao este além do mar, ou turkreise etc.) , .fêz objeçõeS; a -respeito. Em
ao oeste no interior». Curt Nimuendaju es- todo caso, porém, o opúsculo de Hernriann
creveu valiosos acréscimos à presente mo- Meyer é hoje ainda, muito .próprip -para
nografia que foram publicados no "Jr. soe. dar uma idéia geral das diversas formas de
arneric., N. S., XX. p. 390-392. Paris 1928··. arcos e flechas no Brasrt. [19.68]
[1985) Nantes, Martin de J
Métraux, Alfred Relation succint~ et sincêre de la mission
El Museo ·e tnográfico de Gotembur.90. du pere Martin de Nantes, pre.dicateur ca-
(Rev~ gep. amer., Ili, Buenos Aires, 1935,
pucin, missionaire apostolique dans le Bré~
p. 253-256) . zil parmy les · indiens appelés Cari·ris.
Esse museu sueco é célebre pelas suas co- [17061
leções sulamericanas, devido aos esforços de 7 fJ., 233 p. 3 fl.
seu antigo diretor que era o barão Erland A segunda edição chama-se: Histofre de
Nordenskiõld. Possui tamDém ricas cole- la mission du P. Martin de Nantes, capu-
ções de objetos dos índios do Brasil das
cin de - la Province de Bretagne. chez les
quais as mais importantes resultaram de
Cariris, ttibu sauvage_ du .Brésil. 1671..1688;
-expedições de Curt Nimuendaju. [1986] réimpression exécutée par les soins du R.P.
Métraux, Alfred Appllinaite de Valence. Rome, Archives
La religion des Tupinamba et ses rapports générales de l'Ordre des capucins, 1888.•
avec .celle des autres tribus tupi-guarani. 183 p. ,
Paris. 1928 . O autor conviveu longo tempo com os
260 p. 9 fig·. 9 planchas, 1 mapa, apên- Karirí, sendo stia obra uma fonte preciosa
dices. ( l3ibliothêque de racole des hautes no tocante a êsses índios extintos do nor-
études - Scienc!!S religieuses, v. 45) deste. (1989]
Bibliografia . Nimuendajú, Curt
O autor compila os dados sôbre a mi- The · Apinayé. Washington, 1939.
tologia e outros fenómenos da chamada vi, 189 p . 30 fig . no texto, 1 mapa.
cultura espiritual dos antigos Tupinambá (Tbe Catholic university of America ·,....;
e de diversas tribos tupí modernas, dados Anthropological series, v. 8)
êsses que, na maior parte, são fragmentá-
Bibliografia .
rios. diferindo muito entre si no seu va)pr
ciep.tífico. Um grande capítulo (p. 12i- Os Apinayé (ou Apinagé) são uma tri..
169) trata da antropofagia ritual dos Tu- bo de dialeto timbira que habi.t a o td~gu­
pinambá : Outro capítulo (p. 180-188. com lo formado ·p elos r~l}S Tocantins .e Ara..
mapa e tabela) indica a difusão da ..sau· . g~ia até cêrca dé 69 30' de latitude sul.
dação lagrimosa" na América do Sul. Os Dividem·se em metades matrilocais e ma-
apêndices (p. 225-252) contêm mitos dos trilineares, das quais uma ocupava, antiga...
Tupinambá e informações sôbre a antro- mente, a parte setentrional da aldeia ·-cir..
p<>fagia dêstes indios extraídos de «La cos-- cular, e a outra a parte meridional. O se-
mographie universelle" e dum ma~uscrito xo masculino é ~ dividido em quatro -cama-
inédito de André Thevet. De certo modo, das~de-idade. O autor · estuda minuciosa..
I
/P'
I
234 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

mente os processos da iniciação (p. 37..72). mônios com minuciosa descrição dos ri.tos
a vida sexual, a divisãp do trabalho, o nas- antropófagos e várias lendas, outro capítu- ·
cimento e a infância, a nomenclatura do lo sôbre as almas dos mortos e os 'espíritos
parentesco, as saudações, os jogos, a guer.. com a narração dos detalhes de uma repre-
ra, o direito, a religião e os mitos daque- sentaçãp da dança dos espíritos presencia-
les índios. Concordo com o que Robert' H. da pelo autor, contos de animais e .tradi-
L,owie, que traduziu o presente trabalho do ções históricas . Infelizmente, os numero-
manuscrito alemão para o inglês, me escre.. sos mitos não são reproduzido& no texto
veu a respeito: "A meu saber é a primeira original, mas somente em versão alemã.
monografia sõbre uma tribo gê que, satis- Apesar disso, a obra represepta uma das
faz exigências modernas". (1990] mais interessantes cpntribuições à niitolo-
gia sul-americana. (1992]
Nimuendajú, Curt
Besuch bei den Tukuna-lndianern. (Eth- Nimuenôajú, Curt
nol. anz., II, Heft 4, Stuttgar".: 1930, p. The Gamella Indiaris. (Primitive man,
r188] -[ 1941 . 1 mapa) X, n. 0 3-4, Washington, 1937. 1i p. 1 ma-
Em 1929. o autor visitou os Tukuna que 'p a, bibliografia.)
moram nos afluentes esquerdos do Sóli- Segundo o autor. desde os tempos mais
mões entre Tabatinga e São Paulp de Oli- remotos a que se referem os relatórios mais
vença. No dizer dêle, há ainda pelo menos; antigos, distinguem-se dois g~upos de . tri-
3. 000 Tukuna no Brasil e no Peru. ,t\pe- bos na população india do território hoje
sar de já serem muito influenciados pela formado pelo Estado do Maranhão. O
nossa civilização, êles conservam numero- grupo indubitàvelmente mais antigo, que
sos traços de sua antiga cultura. A tribo ocupa o centro e o sul, abrange tribos ·gê
divide-se em vários bandos, não tendo or- de dois ramos., linguística e culturalmente
ganizaçã.o política . E' patrilinear e separa- diversos: ps Timbira no norte e os Akwé
da em àois ·grupos exógamos dos quais ca~ no sul. O / grupo mais novo é formado
da um consiste em diversos sub grupos não por tribos tupí tjue habitam o noroeste e
localizados. gsses sub grupos ( «kéa») têm podem ser divididas também em dois ra-
nomes animais ou vegetais. Os membros mos. Os dialetos do ramo "he" - assim
de -cada kéa são caracterizados pelos seus chamado por causa ~0 pronome da primei-
nomes próprios e, nas festas, pela pintura ra pessoa singular - pertencem a uma
de jenipapo. '8 digno de nota não ser onda antiga de imigrantes representada
usado o urucu . O autor dá a versão de pelos Guajajára e Amanayé. As tribos que
dois mitos astrais e estuda, depois, a mu. . falam os dialetos "txe" parecem ter imi-
dança cultural, enumerando os traços con- grado .posteriormente à descoberta do Bra ~
servados e perdidos. Apesar de quase to .. sil, vindo do sul; foram representadas, nes-
dos os Tukuna andarem completamente sa região, pelos Tupinainbá. Os Akwé e
vestidos à moda dos branco.S. praticam, os Tupinambá foram extin~0s, ao passo
ainda, a iniciação das moças com a depi~ ·que os Timbira e os Guajajára ainda vivem
lação delas e as danças de máscaras. São no Maranhão. Todo o nordeste dêsse esta~
bons lavradores. Têm diversos processos do e grandes trechos ao leste são etnogrà-
de pesca . Muitos homens são bons ca- ficamente quase desconhecidos. Sles re,..
çadores e grandes consumidores de bebi- presentam aquela parte do Maranhão que
das fermentadas. O autor louva as mulhe- foi a primeira a receber densa população
res como fabricantes de diferentes espéc' de colonos. As fontes dos séculos XVII e
de louças . [1991] XVIII mencionam doze tribos cujas línguas
Nimue.ndajú, Curt ficaram desconhecidas . Com exceção dos
Bruchstücke aus Religion und Ueberlie.- Gamella, só ppucos sobreviventes dessas
ferung der Sipáaia-Indãaner. (An;throp., tribos havia no comêço do século passado,
XIV--XV, Wien 1919-1920, p. 1002-1039; sobreviventes êsses que desapareceram
XVI-XVII, Wien 1921-1922, p. 367-406. completamente. Em 1936, o autor conse-
1 mapa. 9 ilus . no texto e 4 planchas). guiu visitar velha· mestiça Gamella cuja
O presente material fpi recolhido, nos avó ainda tinha sido Gamella· pura. Essa
anos de 1918 e 1919, em Boca do Baú, no mestiça, ~alvez fôsse o único ser humano
Alto Curuá (vale do Xingu). entre um pe- a lembrar-se, ainda, de algumas palavras
queno grupo de Xipaia que vivia na de- da língua dos seus antepassados índios.
pendência de seus senhores cristãos. AP,e- Essas palavras, segunt\0 o autor, indicam
sar disso contém valiosos dados sôbre fei- '"""' quanto seu :pequeno número permite
tiçaria e conceitos místicos do céu e da con.c luir - que se trata de uma língua iso-
terra, um im.Pi~tante capítulo sõbre os de- lada. (1993]
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 235
Nimuendajú, Curt O autor estuda as .ligas sociais e o go..
Idiomas indígenas dei Brasil. (Rev. inst. vêmo dessa tribo gê do Maranhão. flã.
etn. un. nac. de Tucumán, tomo Il, p. nela, duas espécies de "amizades formali-
543-618, Tucumán 1932). zadas" que apresentam, evidentemente,
Contém notícias históricas e vocabulá- certas Gorrespondências com instituições de
rios elas quatro seguintes tribos do Xingu: tribos norte-americanas. Outras ligas são
Takunyapé (p. 543-547), Arára (p. 517.. as chamadas "classes-de-idade" que resul-
552). Kayapó (p. 552-567) e Yurúna (p. tam da iniciação dos moços. Além das
580..589) , e vocabulários dos Opayé-xa- unidades sociais mencionadas, há uma or..
vantes do sul de Mato Grr.>sso (p. 567..573) dem honorifica chamada hamrén, compre-
e dos Tukuna do vale do Solimões (p. 573.. endendo os chefes da aldeia, os cabeças
580) , sendo em lingua alemã todos êsses das classes-de-idade, as moças · iniciadas
informes sõbre os índios e as palavras cor.. com os moçps, e determinadas outt:as pes-
respondentes às suas nos mencionados V0" soas de estima pública e importância para
cabulários. Portuguêses são os têrmos cor... as cerimônias. O chefe é eleito pelos ou..
respondentes nos vocabulários levantados tros chefes e pelo senado dos velhos. Ne-
pelo autor durante o reconhecimento dos nhum Ramkókamekra mostra muita vonta-
rios Içara, Ayarú e- Uaupés, vocabulários de de tomar-se chefe, e nunca o autor ob-
êsses que representam as seguintes línguas: serw:lu rivalidade entre os chefes.
Baníwa ( p. 590-592). Bar é (p. 592-594), [1997]
Wareúéna (p. 594-595), Karútana (p.
Nimuendajú, Curt
596..597), Kadaupuritana (p. 598-601). Streifzug vom Rio Jary zwn Maracá.
Moriwene (p. 601-602), Walipéri-Dákenãi
Petermanns geo. mitteil. 1927, Heft 11-12,
(p. 602-604), Hohódene (p. 604-607), Gotha 1927, p. 356-358-. 1 mapa)
Mapani (p. 607-609) '° Máulieni (p. 609- Relação duma excursão em procura de
611), Payualíene (p. 611-613), Adyánene índios desconhecidos do Alto Maracá.
(Adyána) (p. 613-614), Kumadá-Mnanai
(p. 615-616) e Kapité-Mnanei (p. 616-618)
[1998]
[1994] Nimucndajú, Curt
Streifzüge in Amazonien. (Ethnol. anz.,
Nimuendajú, Curt II, Heft 2, Stuttgart 1929, p. l90J-[97].
Os índios Parintintin do ri() Madeira. 1 mapa, 5 ilus. em 2 planchas)
(Jr. soe. americ. N.S. XVI. p. 201-278.
Paris 1924. 10 figuras no texto, sendo uma Relatório de viagens pela Amazônia,
um mapa, - plancha. Bibliografia) . nos anos de 1922 a 1927, em que o aittor
c;-:>lecíonou material arqueológico e etno-
Se bem que o autor conheceu os Parin- gráfico para o Museu de Gõteborg, fazen-
tintin sõmente fora de suas aldeias, a pre- do escavações e visitando os índios Parin-
sente monografia sôbre esta tribo tupí pa- tintin e Mura-Pirahá do rio l\t1aicy na re-
cificada por êle em 1922 é valiosa pela gião do Madeira, os Maué da região do
multiplicidade dos tra ~')S culturais estuda- Tapajoz. os Palikur e seus vizinhos no rio
dos. Particularmente interessantes são os Oyapeck, os Mundurukú do rio Paracuny,
dados concernentes aos primeiros contactos afluente meridional do Urariá, vários ban-
com os índios. O último capítulo contém dos de Múra no vale do Madeira, os Ba-
o material linguístico coligid,'). [1995] níua do vale do lçána, os Kobéwa do Alto
Nimuendajú, Curt Ayarí, os Wanána do rio Uaupés e uma
Dic Palikur-Indianer und ihre Nachbam. horda de Makú na região de Yauareté.
( Gõteborgs Kungl. Vetenskaps - och., [1999]
F jarde fõljden, 31 , n.º 2, Gõteborg 1926)
Nimuendajú, Curt
144 p. As tribus do al~Q Madeira. (Jr. soe.
De maio a agôsto de 1925, o autor con- americ., N. S., XVII, p. 137-172, Paris
viveu no rio Arucauá , na região do Oya- 1925 . Bibliografia)
pock, com os Palikur, tribo aruak que, As páginas 137~145 contêm notícias so-
apesar de sua mestiçagem parcial, cpnser-
bre a história dos Torá, Urupá, Jarú, Múra,
vou o essencial de sua cultura. A pre-
Múra -Pirahá, Matanawy, "Tupí" do Alto
sente monografia é um dos melhores tra-
Machado, e Ntogapyd, notícias essas ba-
balhos sôbre índios da Guiana. [ 1996]
. seadas em informes recolhidos pelo autor
Nimuendajú, Curt ou extraídos da literatura. A biblipgrafia
The social structure of the Ramkókame- p. 146-147) abrange 44 números. Seguem
kra (Canella) . Amer. anthrop., XL, n.º l, vocabulários das línguas torá (p. 148-157),
p. 51 -74, 1938) urupá (p. 158- 159), múra (p. 169-165),
j
i
236 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE· ESTUDOS BRAS:ILEIROS ,

rnúra-pirahá (p. 165-166), ~atanawy {p. Esta obra, uma das mais importantes .da
.. 166-171) e ntogapyd (p. ·1 72), ~todos le- etnologia brasileira, principalmente c(.)m rê-
vantados pelo autor em 1922. (2000] ferência aos índios do sul de Mato Grosso.-
de São Paulo e do Paraná, é indispensável
'Nimuendajú, Curt and Lowie, Robert H.
The associations of 'the Serénte. (Amer. para o estudo das religiões sul-americanas
e das línguas tupí. A abundância ~e da-
· anthrop., XLI, n.º 3, p. ·408-415, l939).
dos psicológicos evidencia o p~drão de
Depois de fazerem algumas referências comp,')rtamento étnico dos Apapocúva. O
, ·gerais . à estrutura social dessa tribo gê do autor passou vários anos com os Guarani
rio Tocantins, os autores tratam, detalha- do sul de Mato Gresso e do &tado· de São
damente, das fun'ções das associações dos ho- Paulo, falando correntemente sua língua.
mens. _(2001] No presente trabalho estuda a · história das
Nimuendajú, Curt and Lo'\\i~, Robert H. migrações de algumas hj'Ji:das guarani em
The dual organizations o~ the Ramkóka- procura da . "terra sem mal" e os concei-
mekra (Canella) of .Northern . Brazil tos da alma, os deuses, demônios, heróis e
(Amer. anthrop., N. S. XXXIX, n.0 4 os médicos-feiticeiros de- uma dessas hor~
( part. 1 ) , p. 565-582, 1937. 3 .fig_. das das, a saber, dos Apapocúva. Os mitos da
quais a t • é 1 mapa etnográfico do nor... criação e destruição do mundo que for-
deste, e a 2' uma planta da aldeia) Os Ram... mam a base da religião dêstes índios, são
kókamekra, mais conhecidos pelo nome ca... - reproduzidos no texto original e em versão
nela, vivem nos campos do Maranhão a uma alemã. - Interessantes são também as com-
distância de 78 quilômetrOS' ao sul da ci- parações com a mitologia kaingang é ofaié.
dade da Barra da Corda . Representam, [~004]
linguisticamente, o dialeto meridional do
timbira oriental da família gê. · São, prin- Nogueira, Baptista,... Caetano de Almeida
cipalmente, captores. Há duas organiza- Esbogo grammatical do Abáneeê ou lin:..
ções duais de especial importância para a gua guarani1 chamada tambem Il\':> Brazil
tribo inteira . A primeira é a divisão em língua tupi ou lingua geral, propriamente
metades matrilineares, não totêmicas. de abafieenga . ('An . Bibl . nac. do Río de
idêntica estima social e teoricamente exó- J~neiro, v. 6, Rio de Janeiro 1879, p. t-90)
gamas. Á segunda vigora só na época da Esta obra. como também a do mesmo
chuva. Estas "metades-da-época-da-chuva" autor intitulada «Vocabulario das pala~
existem independentemente das metades vras guaranis usadas pelo traductor da
exógamas. Uma série de nomes pessoais 'Conquista espiritual' do padre A. Ruiz de
determina automàticamente a metade à M,?ntoya'' (An. Bibl. nac. do Rio de Ja-
qual o portador pertence. . Depois de tra-· neiro, v. 7, 603 p. ix pag. de Errata, Rio
tar, ainda, das "metades. .de... praça" e das de Janeiro 1879) fci grandemente elogiada.-
"metades-de-classes-de-idades"., ambas res- na Rev. arq. municip. XLIII, p. 188, S"ão
tritas ao sexo masculino, e depois de enu~ Paulo 1938, pelo tupinólogo- Plínio Ayrosa.
.merar a nomenclatura <J.o pareÍ'ltesco dos especialista no assunto. [2005)
Ramkókamekra, o importante artigo termi- Nor:denskiõld, Erland
na com uma série de · notas comparativas. The changes in the material culture of
(2002] two lndian tribes under the influence of
Nimuendajú. . Unkel, Curt new surroundings. Gõterorg, 1920. _
· Sagen der Tembé-Indianer (Pará und xvi, 245 p. 38 ilus. 22 mapas, 22. tá·
Maranhão). (Zeits. für ethn., 47, Berlin buas. (Compar. ethn. studies, v. 2)
1915, p. 281-301). Bibliografia .
e:sses dez mitos daquela tribo tupí são O autor se refere com a maior frequên-
de' grande importância para a mitologia cia aos índios do Brasil, principalmente i
americana em geral, pois contêm motivos quando trata da distribuição geográfica de '
que encontramos também em putras partes construções_ palafíticas, catres, rêdes de
do continente. O texto está em alemão, dormir, flechas de pescar com várias pon-
sendo intercaladas, às :vêzes, certas pala- tas, pesca com' veneno, tipóis, jogos com
vras tembé. . [2003] bola de borracha, trombetas, flautas de
Nimuendajú-Unkelt Curt pã: máscarélcS, cêstos com _tampa, teares
Die Sagen von der Erschaffung und do tipo arawak e urnas funerárias. Inte-
Vemichtung der Welt als Grundlagen der ressantes são os mapas bibliográficos apre-
ReUgion der Apapocúva-Guaraní. {Zeits. sentando nas divel'Sas regiões de América
fúr ethn., 46, Berlin 1914. p. 284-403. 14 do Sul os nom~s dos au~ores que sôbre
ilus. sendo a 1.ª 1 mapa da zona migra- elas escreveram sob o ponto de vista etno-
tória dos Guarani do Brasil Meridional}. gráfico e arqueológico. v. o comentário
\

MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS .237

do padre W. Schmidt in: .. Die Abwen- gráfica da apicultura entre os índios".


dung vom Evolutiooismus und die Hin- "Pontes", "Flechas e dardos de silvo" e
wendung zum His~'.)rizismus in der Ameri- ·:Gongos". O que o autor chama de "gon-
kanistik", (Anthrop., XVI-XVII, Wien gos" , são espécies de torocanas, tambores
1921-1922, p. 497-502). [2006] que c:;:>nsistem num todo de madeira esca-
vado e servem para dar sinais. No estudo
Nordei:tskiõld, Erland
-An ethno-geographical analysis of the sôbre pinças (p. .237.-238 e mapa 7) não
há referências ao Brasil, pois o autor dei~
material culturc of two lndians trfües in
xou de mencionar as grandes pinças fei tas
the Gran Chaco. Gõteborg, 1919.
•..... de taquaruçú ou madeira rija com as quais
xi, 295 p. 69 ilus. 44 mapas, 6 tábuas.
os Aweikoma de Santa Catarina tiram os
( Compar. ethn. studies. v. 1 ) alimentos do fogo e das panelas quan~0
Bibliografia .
em estado de ebulição, como lemos em José
As referências aos índios do Brasil con-
Maria de Paula: Memória sobre os boto .
tidas neste volume são quase contínuas, so-
cudos do Paraná e Santa Catarina, cit. p.
bretudo n,":>s estudos da distribuição de fle-
125. [2008]
chas com ponta embotada, fundas, bodo-
ques, fornos subterrâneos, pilões de ma- Nordenskiõld, Erland
deira, raladores de mandioca, cachimbos, Origin of the lndian civilizations in
tatuagem, rêdes-de-carregar, charpas para South America . Gõtetprg, 1931 .
carreg9r crianças, jogos de azar, jogos com 76 p. ilus. mapas, apêndices. (Compar.
palheta e bola, jogps com bola de palha de ethn. studies, 9)
milho, tambores de couro, chocalhos de ca- Bibliografia.
baças, fu sos do tipo bakairí, impressões di- O autor averigua o que as con3tatnções
gitais em vasos de barro, cerâmica .pinta - feitas em volumes anteriores de seus "Com-
da, cabeças com tampas, cabeças com piro- parative ethnographical studies" esclare-
grâvura e cabaças consertadas por meio de cem a respeito da origem das diferentes
costura. A edição alemã dêste volume apa- formas de "cultura .m aterial" na América
receu em Gõte1:1org, em 1918; a francesa do Sul. Uma investigação dêste gênero
em Paris, em 1929. No prefácio da última, deve tomar em consideração tôda a Amé-
o autor declara ter introduzido no texto rica. Por isso, Nordenskiõld enumera, rri·
francês dados tirados da literatura publi- meiramente, objetos conhecidos tanto ·no
cada depois da publicaçãço da edição in- norte como no sul da América, reconhe-
glêsa. Verificamos, porém, serem poucos cendo assim, existirem no extremp sul da
êss.es acréscimos. v. p comentário do pa- América Meridional muitos objetos r:ujos
dr~ W. Schmidt in: "Die Abwendung vom semelhantes são achados, também, na Am0-
Evolutionismus und die 1-Ílnwendung zum rica do Norte, existindo só esporàdicamen-
,. Historizismus in der Amerikanistik" (An.- te na América do Sul . Além disso, traços
throp., XVI-XVIl. Wien 1921 .-1922, p. culturais do Chaco e q., sudoeste da A mé-
497-502). [2007] rica Meridional têm numerosos semelha:i-
tes no sudoeste da América Setentrional.
Nordenskiõld. Erland '
Depois, o autor se ocupa com o proble-
Modifications in lndian culture through
ma de influências oceânicas, chegando por
inventions and Ioans. Gõteborg, 1930. · ·
me~') de comparações do material etnográ-
256 p. ilus. mapas. (Compar. ethn.
fico à conclusão de existir na América
studies, 8)
Central, na Colômbia, no Amazonas e, em
Bibllografia .
parte, também no Peru um bom número de
Contém numerosas referências aos índios traços culturais com paralelas na Oceânia.
do Brasil, principalmente nps capítulos que mas de poderem ter vindo eventuais influ-
estudam "Elementos culturais cbnhecidos ências culturais oceânicas principalmente
pelos índios, mas desconhecidos no Antigo só numa época em que bananas, cana d~
Mundo antes da descoberta da Aniérica", açúcar, galinhas e porcos ~mésticos ain-
"Certas invenções provàvelmente feitas in- da eram desconhecidas na Oceânia. O es-
dependentemente, tanto no Antigo como no sencial do presente trabalho é a opin1à·::>
~<:>vo Mundo", "Invenções de distribuição de Nordenskiõld de ter sido inventada na
• is_o iada", "lnvençõ~s post.-columbianas fei- América do Sul ou conhecida tanto na
tas pelos índios", "O que os índios apren- América do Sul como na Amérka do ~r­
deram dos brancos - ou dos negros", "Até te a maioria dos "elementos" culturais ·su·
que ponto empréstimos culturais são de 4
}americanos que para os índios têm impor-
termináveis por comparações linguísticas", tância fundamental na luta pela vida. cf.
"O uso de tub,-:>s e seringas para clister en- H. Baldus in: "Sociologus", 9, p. 80-81,
tre índios", "História e distribuição geo.- Leipzig, 1933. A tradução espanhola dessa
~r7
/
I

, /
I
I
238 MANUAL BIBLIOGRAFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

obra de Nordenskiõld apareceu na "Rev. índice alfabético. (Humanior - Bibl. dei


chilena de hist. y gep. tomo ~1. n.0 92, amer. moderno, Imbelloni .- sección C -~
p. 232-263; tomo 8, n. 0 93, ;>. 280--318; tomo III)
Santiago de Chile, 1938''. [20091 Bibl~:igrafia.
Oiticica, José Rodrigues Leite e este importante livro trata. principal-
Do método no estudo das língua.e; suJa.. mente, da medicina dos araucanos e dos .fn...
mericanas. (Verhand. des XXIV. rntern. dios do antigo Peru e México, contendo
também algumas referências à medicina de
amerik. kongr .• P.· 272-297 (Hamburg
1930) Hamburg 1934) tribos do Brasil. Bibliografia especializa...
das estão no fim de cada capítulo. As
.Apareceu também, no Bol. do Mus.
figuras representam, na maior parte, obje.-
nac., IX, n.º l, p. 41-81, Rio de Janeiro,
tos e~gráficos e vegetais. [2014]
1933.
Observações gerais sôbre as necessida- Paula, José Maria de
des científicas do estudp das línguas índias Memoria sobre os botocudos do Paraná
da América do Sul. Referências i!Sp~.::i?.1s e Santa Catarina, organizada pelo Ser-
à linguística brasileira. [20J O} viço de protecção aos .selvicolas, sob a
inspecção do Dr. Jpsé Maria de Paula.
Olivcira, Carlos Estevão de
(An. XX congr. inter. americ. (Rio de Ja-
Os Apinagé do Alto-Tocantins: costu-
neiro 1922), v. 1, Rio de Janeiro 1924, p.
mes, crenças, artes, lendas, contos e voca-
117-137)
bulario. (Boi. do Mus. nac., VI, f.'. 61-
Ssse artigo contém preciosos dados sõ-
110, Rio de Janeiro 1930. 14 estampas) bre os chamados "Bugres" de Santa Cata-
O autor organizou o presente trabalho rina ou A weikoma, índios êsses denomina-
com quatro índios daquela tribo gê quan..
dos, às vêzes, .,também de BotocudÓs, ma&
do êstes, em 1926, estiveram em Belém do
sem a mesma razão que a tribu dêste nome
Pará durante 33 dias. Grande parte do
no rio Doce.' pois os Aweikoma usam só
artigo consiste em lendas das quais uma
pequeno pendente no beiço inferior, sendo
p. 69-71) foi reimpressa na Rev. do Mus.
êste costume restrito ao sexo masculino. ap
paulista, XVII, 1.ª parte, p. 515-517, São
passo que os Botocudos de Espírito Santo
Paulo 1931 . As estampas represe;1t:un ar-
e Minas Gerais devem sua alcunha ao uso
tefactos apinagé e desenhos feitos pelos
de rolos enormes introduzidos nps furos ar-
quatr,:> informantes. O texto é enriquecido
tificiais do lábio inferior e dos lóbulos da
por notas de Curt Nimuendaju, autor da
importante monografia "The Apinayé" orelha de ambos os sexos, rolos êsses .que
aparecida em 1939. [2011] lembraram os portuguêses o botoque, sinô-
n~mo de rôlha de barril. As páginas 131N
Oliveira, J. Feliciano de 137 contém duas pequenas listas de pala..
The Cherentes of Central Brazil. (In~ vras, ambas chamadas de «vocabulário bo-
tern. congr. americ., Proc. XVIII. ses., tocudo" pelo autor, sendo colhidas, uma
London 1912. Part. II, Harrison and Sor!I'-, no aldeiamento de Taio-Plate., Itajaí, San·
London 1913, p. 391-396) ta Catarina, e a outra no aldeiamentp .de o
Destas ligeiras notas destaca-se ''The Palmas, Paraná. Não satisfazem exigên-
Star Legend" nas páginas 395 e 396. Em cias científicas. [2015]
apêndice (p. 539-565 do mesmo vplume), Pedcot y García, Luis
o autor publica um vocabulário dêsses ín- América indígena. · I. Barcelona, 1936.
dios com as palavras correspondentes em xxxii, 732 p. 341 figuras, 8 planchas co-
português e inglês. [2012] loridas, 56 mapas.
Orbigny, Akide d', Bibliografia.
L'homme américain (de l' Amérique Mé- Bsse magnífico compêndio cuja primeira
ridíonale), considéré sous ses rapports parte trata do homem americano em ger<ll
physiologiques et moraux. Paris, 1839. e de sua origem, ocupando..se a segunda
x, 36.2 p. atlas in-~l)lio: 15 planchds. parte com as diferentes famílias linguísti..
' Voyage dans l'Amérique méridional~. cas .índias, é, apesar de certas inexatidões,
V. 1) indispensável para o etnó~-:>go, tanto pela
coordenação do material, como também pe-
Obra obsoleta para a etnologia brasi- las excelent~s ilustrações e mapas . e, làst
leira. [2013J but not least, pela minuciosa documenta-
Pardal, Ramón ção bibliográfica. [2016)
Medicina aborigen americana; prefácio Petrullo, Vincent M.,
de J. Imbelloni. Buenos Aires, s. d. ( 1937) Primitive peoples pf Matto Grosso, Bra-
377 p. 70 ilus. no texto, 6 planchas e zil. (The Museum journal, XXIII, n.º 2,
MANUAL BIBLlOGRÁFlCO DE ESTUDOS· BRASILEIROS 239
p. 83-173, University museum, Philade1· Apesar disso apresenta a primeira parte do
pbia 1932. 2i. planchas, 1 mapa) segundo tomo consagrada ao conhecimen-
Em 1931. o autor viSitou os Boróro da ~, da "vida econômica" (expressão com
.Campanha (Boróro ocidentais) e os Bo- que o autor substitui os têrmos «civiliza~
róro orientais do vale do São Lourenç,, çãq material'' e "cultura material") uma
como também as seguintes tribos da re... boa orientação sõbre os problemas em
gião do Kuliseu e Kuluene: Hakairí, Ana- questão, pela sua descrição clara e isenta
hukuâ, Mehinakú, Aura (Vaurá). Trumaí, de hipóteses pseudo-científicas. Os capí~
Yáwalaití, Kamayula fKamayurá), Tsuva, tulos sôbre a vida religfosa e social, porém,
Kuikotl (Cuicuru), Kalapalu e Naravut~. estãp sob a influência das teorias de Freud
O .presente 1'.elatório contém apenas ligei- e Levy~Bruhl. 'fambém o têrmo totemismo
ras notas sôbre êsses índios. (2017] é usado em sentido muito vago. Mas fora
Pinto, Estevão dêsses senões, a presente obra é recomen...
Alguns aspectos da cultura artística dos dável como introdução ao estudo dos ín·
Pancarús de Tacaratú (íncl~?S dos sertões dios dp Brasil e também pela sua abun-
de Pernambuco). (Rev. S.P .H.N.., v. 2, dante e exata doc-umentaç,ã o bibliográfica.
n.º 2, Rio de Janeiro 1938, p. 57-92) -... [2019]
0 autor considera êsses índios do Brejo- Piso, Guilherme e Marcgrav,
. . Georg
dos-Padres de Pernambuco parentes dos Historia natvralis Brasiliae, auspicio et
Gê. Especialmente interessantes são suas beneficio III. J. Mavritii Com. Nassav.
máscaras de dança que têm na forma e n,o iliivs provinciae et maris svmmi ·p raefecti
processo de fabricação certàs semelhanças. adorna ta. ln qua non tantum plantae ct
(!Oni as dos ·Tapirapé, tribo tupí do Brasil
.animalia, sed et indigenarum morbi, ingenia
Central, se bem que, por outro lado, dife- et mores describuntur et iconibus suprd
rem delas. Também num pequeno artigo qufogentas illustrantur. Lvgdvn. Batavo-
intiulado "Las máscaras de danza de los rum apud Franciscum Hackium, et Ams!e-
Pancarús" e publicado na Rev. geo. ame_r., lodami apud Lud. Elzevirium, 1648.
v. X, n. º 62, p. 342-344, o autor s.e re-
fere ao mesmo traço cultural daqueles ín- In-f 01~0. 112 e 293 p .
dios do nprdeste do Brasil. Ambos os tra- Esta edição serv·iu de base à versão por-
balhos são ilustrados com boas fotografias. tuguêsa aparecida em São Paulo, no ano
[2018] de 1942 (in-8.º grande, xx, 293 p. de texto,
Pinto, Estevão 4 p. com índice de plantas e animais.. civ
Os indígenas do Nordeste. São Paulo, p. de comentários).
1935, 1938. f -contêm dados sôbre Tupí e Tapúia do
v.
2 v. 1: 260 p. 45 çfosenhos e mapas; Nordeste, citando a respeito dps últimos os
v. 2: 366 p. 36 figuras: 1 mapa. (Brasi~ relatos de Rab e Herckmann. (2020]
liana, v . 44 e 112)
Ploet.z, Hermann e Mé_traux, Alfred
O primeiro tomo trata ~:> átual estad ~)
dos problemas arqueológicos e etnográfico.:; La civilisation matérielie et la vie socia-
do Brasil, da .história da etnologia dsête ~ le et religieuse des indiens Zê du Bréstl
país, da classificação de seus índios e <l;~.s Méridional et Oriental. (Rev. inst. etn. un.
relações entre êstes e os brancos. O sê... nac. de Tucumán, tomo 1, entrega 2.ª, p.
gundo tomo divide ps antigos habitantes 107-23&, Tucumán, 1930).
do nordeste em Tupí, Gê e Karirí, ref erín- Esta importante monografia baseada em
do-se, especialmente, à vida econômica e. numerosa literatura trata das tribos até h~
às crenças religiosas dêsse~ índios. Para pouco chamadas gê, das ipartes meridio-
isso, o autor reune copiosos dados de f en- nais do Brasil e ca costa dp sul da Bahia,
tes antigas e modernas. A respeito dr s estudando os nomes das tribos, sua tatua-
Tupí, hasea-se, ,principalmente, nas mono- gem. pintura do corpo, epilação, corte de
grafias de Métraux. Com referência aos cabelo, adornos labiais e auriculares, enfei~
Gê e Karirí, as ·fontes são mais esc~~sas, tes de pénas, adêrnos de pe~coço, braço e
recorrendo, por isso, o autor o maü•rial perna, vestes, habitação, móveis, aquisição
comparativo trazido, às vêzes, de bem de susten~'J, preparo de alimentos, cerâmi·
longe.. ca, ·fiação, tecelagem, trançados, instrumen,·
Ainda que Estêv?t:> Pinto (v. '2, p. 31) tos de música, navegação, meios de trans-
reconheça o perigo das generalizações re- · porte, narcóticos, capacidades intelectuais,
lativamente às culturas índias, não pode, sistemas numéricos, medicina, dan~a. médi-
pela natureza de seu livro (reduzindo os .· cos-feiticeiros, antrop.ofagia e costumes
ín<,iios ..em aprêço a três grupos) evitá-las. fúnebres. [2021)
240 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DB ESTUDOS . BRASILEIROS

Pohlt Johann Emanuel a memória do oficial pprtuguês, mas, por


· Reise im Innern von Brasilien. Wien, outro lado, mais influenciada pelo dogma~
1832, i837. tismo católico. Na sua "História", Rodri-
2 v. v. 1: xxx, 448 p. 6 planchas; v. 2: gues do Prado não se limita a relatar ·àcon-
xii. 641 p. 3 planchas. tedmentos históricos. &tuda a aparência
Nos anos de 1817 a 1821, o autor fêz física dêsses índios mató.-grossenses -e nu-
sua grande viagem do Rio de Janeiro por merpsos aspectas de sua cultura, descreven-
Minas Gerais e Goiás. O primeiro tomo do tanto adornos e ~rmas, como a organi-
contém ligeiras notas sobre uma visita aos zação social e diversos fenômenos psiqui-_
Kayapó aldeados em São José de Mossá.. cos. E chega a exprimir a seguinte obser-
medes ( p. 399-406) e algumas palavras da vação sôbre aquêles vizinhos do seu pre..
língua dêsses índios ( p. 447.-448) . No se- síd1o: "Este povp selvagem aµJa-se afe:..
gundo tomo há dados sôbre outras tribos tuosament:e, e vive entre si em uma doce
de .Goiás, a saber: sôhre os Xavante ( p. harmonia, sustentada desta amizade terna .
29-32, 157-172 e 221-227) e seu idioma que faz a formosura da vida.'' (p. 29). Tal
(p. 3J.-34), sobre os Canoeiros (p. 106- conceito podia pai:ecer influenciado pelas
111), Crahão (p. 182 e 211-217) e Pora- idealizações que Jean-Jacques Rousseau
cramecran (p. 185-210). Os índios de formou a respeito do suposto estado para-
Minas a que se refere o mesmo velume, disíaq:> dos povos-naturais. Convém, .p or
são os Botocudos do vale do Jequitinhonha isso, notar que o autor não deixa de mos-
(p. 418-419, 424, 428, 434-436, '142, 444 ~ trar outros aspectos da vida guaikurú que
456) e seus vizinhos Maxacali ( p. 446-449) se lhe ·afiguram menos ~elos. (2025]
e Moaquanhi (p. 468-471) .
Prado, João Fernando de Almeida
Se bem que Pohl não mostrou tanto in-
terêsse pelos assuntos etnográficos como Pernambuco e as ·capitanias do Nprte do
seus coevos Wied e Martius, suas obser- Brasil ( 1530.:-1630). São Paulo, 193.9,
1941. I - . -
vações conservam ~erto valor. principal-
mente pela sua contribuição ao estudo de 4 v. (Brasiliana, v. 175-175-A, 175-B,
175-_C ).
tribos pouco .conhecidas da grande família
~ibliografia.
linguística gê. [2022]
Contém informações interessantes para o
Pompeu, T. (sobrinho) estudo das relações e·n tre os índios e os
Indios Merrime. (Rev. inst. hist. geo. europeus que, de 1530 a 1630, procuraram
Ceará, 45, Fortàleza 1931, p. 5-35) estabelecêr-se no litoral norte do Brasil.
Um vocabulário dêstes índios gê do Ma- Principalmente nas páginas 163-195 do se-
ranhão que, no dizer do autor, são «Ca- gundp tomo,. o áutor trata da cátequ_esc
nellas". _ · [2023] -je_suítlca e franciscana, examinando as par-
Pompeu, T. (sobrinho) ticularidades do processo pelo qual_os mis-
Tapuias do Nordeste. (Rev. inst. hist. sionários se aproximavam· dos índios. (cf.
geo. Ceará. 53. Fortaleza, 1939, P• 221 - H. Baldus in~ Rev. arq. munidp., LXIII.
234). p. 181-184, São Paulo, 1940; LXXVI, p.
Estudo sôbre a língua e a distribuiçãp 242, São Paulo 1941, e t.XX.XIII. p. 89-9_D,.
geográfica de tribos que. nos tempos colo- São Paulo, 1942). [2026]
niais, habitavam o nordeste do Brasil e Prado_, Joép Fernando de Almeida .
não falavam tupí. [2024] Primeiros povoadores do Brasil ( 1500-
Prado, Francisco Rodrigues do 1530). Segunda edição. São Paulo, 1939.
Historia dos indios Cavalieiros, ou da 309 p. numerosas planchas. (Brasiliana,
nação Guaycurú. (Rev. inst. hist. geo. v. 37)
bras., tomo I, p. 21-44; Rio de Janeiro, Bibljografia .
1908).
&sa monografia escrita, em 1795, n.:> As .páginas 131-210 tratam dos índios
Real presídio· de Coimbra pelo comandan- quinhentistas do Brasil, segundo o estado
te dêste forte português no rio Paraguai, atual dos q'lssos conhecimentos e bi!sea-
é, sem favor, a obra mais. importanté sôõre das em documentos ainda não, ou quase
índ~')S do Brasil redigida em língua portu-
não utilizados por outros historiógrafos. A
. - guêsa no século XVIII. Entre as contri- segunda edição modifica e retifica a 1.ª.
buições à etnologia brasileira .produzidas _ [2027)
nesse século. só a do jesuíta Sánchez La- Preuss, Konrad Theodor
brador, escrita em espanhol e tratando tam- Religion und Mythologie der Ultoto.
bém dos Guaikurú, merece ser comparada Textaufnahmen und Beobachtungen hei ci-
com ela, sendo mais rica em dados do que nem Indianerstamm in Kolumbien. (Qucl·
MANUAL. BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 241

len der religionsgesch., Gruppe,· XI. 2 ter chua 2 vêzes, o guatô, o boróro, o saliva
mos, Gottingen und Leipzig 1921~1923). e o karajá 1 vez. · [2030)
O presente estudo sôbre a religião e mi- Rivet, Paul
tologia dos Uitoto, baseado em textos ori-
ginais c;om a tradução interlinear e em
Les indiens Canoeiros. (Jr. soe. amer.
de Paris, N .S., 'XVI, p. 169-182, Paris
ebservações feitas pelo autor durante sua 1924}
· Jonga convivênci" com essa tribo, é uma
dás mais notáveis obras do eminente ame· Interessante estudo sôbre êsses índios e
ricanista. Representantes dêsses -indios co- sua língua. Jâ Couto de Magalhães, na
'fonibianos chegam até os limites do Brasil. sua .. Viagem ao Aráguaya", deu notícias
[2028]
e vocábulos dêsses Tupí que moravam nos
Rivet, Paul se.rtões _situados entre -o .Araguaia e o Alto
Tocantins. [2031]
Affinités du Miránya. <Jr. soe. americ.,
N.S., VIII. Paris 1911, p. 117-152) Rivet, Paul
Baseando-se -n o ·v ocabulário publicado Langues amérkaines. Les langues du
por Kõch-Grünberg no seu trabalho sôbre monde. par · un groupe - de linguistes, sous
,os Miránya e no que von Martius publi- la direction de A. Meillet et Mareei Cohen.
C()U nos seus "Beitrãge etc.", II, p. 279- C<?llect~'.>n linguistique publiée par lá So-
281, o. autor prooúra determinar as afini- dété de ling_uistique de Paris. XVI,. -p~ 597,..
flades dessa língua do Alto Amazonas me· 712, Paris 1924. i mapas, bibliografia.
diante co1I1parações lexicológicas, das O autor divide as línguas americanas
quais resulta que das 300 palavras mi~ em 123 grupos, sendo 26 .da América do
ránya conhecidas até ~gora, 192 parecem- Norte, 20 4a Àmérlca Central e 77 da
se com palavras de diversas línguas da América do Sul e da$ .Antilhas.
mesma r~glão. ls,so pqova que o miránya [2032)
não pode ser considerado uma língua iso-' Rivet, Paul e Tastevin, C.
lada. Mas é difícil determinar suas afini- Les langues arawak du -Purús et du Ju·
dades exatas, pois o vocabwário compara,.. niã. (Jr. soe. americ.• N .S., t. XXX, Pa-
tivo ,a pres.e nta palavras correspondentes a ris, 1938. p. 7.1-114. 235-28'8 ).
um grande· número de- idiomas diferentes, Essas línguas são conhecidas como gru- ·
aparecendo entre êles as línguas ·tupi (ou, 1 po_ Arauá no· qual Brinton reuniu ps idio.-
q.:>mo diz o autor, ''guaranies") 89 vêzes, mas dos Arauá. -Pama, Pammàri e Puru-
às Jinguas uitóto 51 -vêzes, o záparo, ~O p,urú. Ehrenreich lilcorporou-as. novamen-
·vêzes. as línguas aruak ("rawaks", no di· te, -à grande família arawak. Os autores
..ter 4o autor) 44 vêz~s. ak linguàs kàra.íb acrescentam ao mendonad~ 'fl"OPó, às lin-
, 34 vêzest as ling·u as peba 15 ·vêzes; o ti... guas das seguintes tribos: Kurina. Pama-
. kuna 15 vê.zes, o -makú f3 vêzes. as línguas na, Ptirú, Yamamadi ou Kapinamari, Yu-
tukáno --11 vêzes. o piaroa 8 vêzes. âs Jín· heri, e, com restrições, Anamari. Am.amati -
- 'JUas~ pano 7 vêZes. o juri 6 vêzes e o pui... ou Jamamari, Kulina ou ~runawa. K-uria,
nabe ·2 v:ê~ _ · [2029] Kuriaua, Sewaku e Sipó. Também os Pa-
·ruvetj Paul ~ ma são çpnsiderados duvidosos. O traba·
~iku.na. (Jr. soe • americ. ,
. .-Aff'.m r•t•es d q "' lho-d reune · ~lo
T ·materiál inédito recolhido
""'" S 1x· p · 19-
1 2
'"'" ..- _ • . ar1s __ , p. -. .._83 110).. pa _
re · astevin e se baseia em numerosa
- O tikuna (ou tukwra, coiíio escreve Ni· literatura· -["2033]
muendaju) é falado ~ região fronteiriça Rivet, Paul e Tastevin, e-.
entre o Brasil e o _ Peru. O- autor mostra Les langues d-u l>urús, du Juruá e.t des
que de :256 pa1a\lrãs- de8sa língua extraídas ré_gions limittóphes.. (.Anthrop.. xrv..xv.
ele -vários livros do século passado e reuni.. WJ~n 191.9-1920,. p. 857-890; XVI~XYif.
das _num: vocabulário comparativp, 147- pa.. Wien 1921..19_22, p. 298-325, 819-828;
recem,-se com palavras de diferentes outras XYIJI..XIX, Wien 1923-1924, _p. 104-113)
línguas. aparecendo entre estas as linguas ~Ségundo os autores. as semelhanças gra-
.a ruak .(arawak, 'no ~dizer do autor) 85 vê- m-aticais e morfológicas . ap~esentadas neste
-ze-s, as li!lQuaS tl.!Pf (guaralÍies, ço dizer do trabaUio demonstram o kampa; pirokuniba
_.autor) 42 vêzes; o juri 32 vézes. as. liiig_tÍas· e ipuri:na. ~rmarem um sub.grupo arawak _
.b tàili (caribes;: no- dizer ~ do autor) 23 Vê,.. - de uma homogeneidade"que a diferenciação
-•~• a$ lmguas jê- t7 vêzes;.- as lfnguas_pa... bastante :manifesta -dessas três linguàs não
ne J :f' vêze:s, o DiirânY,a 14 v~~es~ - ãs lfu.. pode dissimular. As concordâncias lexk<>-
guas uitõto -12 vêzes, às lingU8S _tukán:9 gfáfkas reunidas ·num vocabulário compa#
(bêtoya·) 11- vêzes-• o. záparo: ta vêies. o· 'tati_vo confirmam .e ssa conclusão. o · p,fe.. -
mkú 7 vfzes, as llifguas· pebâ 5 vêuS. -o - ·sente ·e studo de gramática comparativa re-
piaroa S · vêzes, o yaruro .3 · yêzes. o qut.. - vela. afuda. no. dizer dos autpres, com~ se
242 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DB ESTUDOS BRASILEIROS

adaptam mal os conceitos gramaticais eu- Rodrigues, João Barbosa ..•


ropeus às línguas americanas. A distinção Rio Jauapery. Pacificação dos Chicha-
entre adjetivos, substantivos e verbos apa- nás. Rio de Janeiro, 1885.
rece nelas completamente artificial. As três 275 p. 1 mapa, notas musicais.
línguas aquí estudadas ignoram-na. Elas O autor descreve as relações hpstis en-
empregam radicais que são ao mesmo tem- tre os "civilizados" e os índios do Yaua-
po verbos, substantivos, adjetivos etc. e peri, afluente esquerdo do rio Negro, ini-
p btêm uma diferenciação sem rigor por mizades essas que só terminaram em 1884,
meios gramaticais e processos de derivação quando êle conseguiu pacificar êstes últi-
muito reduzidos. O lugar da palavra n<! mos . Além de interessantes observações
frase e também, de certo modo, o lugar dos etnográficas, o presente trabalho contém
afixos determinam o sentido exato~ a si.'1· um vocabulário comparativo crichaná.
taxe supre a indigência da morfologia. Um ipurucotó e macuchy (p. 247-260). Digno
radical, seja êle empregado cpmo substan- de nota é o seguinte comentário de Koch·
tivo, verbo ou adjetivo, é conjugado por Grünberg na Zeitschrift fur e.t hn. XXXIX.
meio das mesmas partículas possessivas ou p. 233-234, Berlin 1907: "Se bem que não
pronominais, prefixas ou sufixas. /\. noção quero aprovar, de modo algum, o duro pa-
do género é indicada, em tod1')5 os casos, recer sôbre as pesquisas de Barbosa Rodri-
pelo mesmo sufixo. Em apêndice são pu- gues dado l)\:>r Payer ("Reisen im Yaua-
blicados um vocabulário comparativo mas- perygebiete" ), considero impossível ter
hcoarawak e um vocabulário kusití-neri Barbosa Rodrigues recolhido seu.. grande
cujo parentesco com o pitp-kuniba é con- vocabulário krichaná sõmente entre os ín-
siderado evidente. [2034] dios bravos do rio Y auaperí, índios êsses
que não falam, ...fora de seu idipma, nenhu-
Rivet, Paul, e Tastevin, C. ma outra língua, nem sequer a Língua.-Ge-
Les tribus indiennes des bassins du Pu-
ral e, muito menos ainda, o português.
rús, du Juruá et des régions limitrophes. O informante principal parece ter sido o
(La Géographie, XXXV, p. 450-482, Socié- intérprete do explorador brasileiro, um
té de geographie; Paris 1921)
Makuchí meio civilizado do rio Branco,
Importante contribuição para a etnogra- que também entabulou relações com os sel...
fia das mencionadas regiões. [2035] vagens. e possível que êste intérprete,
Rodrigues, Jpão Barbosa ignorando a língua dêstes índios Y auaperf,
Poranduba amazonense; ou, Kochiyma usasse na conversa com êles o krichaná
uára orandúb. Rio de Janeiro, 1890. que ambas as partes ~onheciam. Ou que
os índios Yauaperí encontrados por Bár-
xv, 338 .p. 1 quadro linguístico, notas bosa Rodrigues fôssem de uma tribo intei·
musicais à p . 335. (An. bibl. nac. do Rio ramente diferente da dos índios Yauaperí
de Janeiro, v. 14) de Payer e Hübner e realmente Krichaná".
Importante contribuição à mitologia e Mais tarde, o mesmo Koch-Grünberg
~')Iclore do Brasil é essa coleção de lendas, ( Zeits. für ethn. XLV, p. 451-452, Berlín
contos e cantigas em Língua-Geral que o 1913) classificou a "Pacificação dos Cri-
autor recolheu dos lábios de indígenas do chanás" de "obra fantástica", reprovando
vale amazônico, acrescentando-lhes a tra- inteiramente o vocabulário "ipurucotó"
dução interlinear em português e interes- publicado pelo grande botânico. [2037]
santes comentários. Como complementos Rondon, Candido MariallJ da Silva
da "Poranduba amazpnense" publicou Bar· Conferências realizadas nos dias 5, 7 e
bosa Rodrigues um "Vocabulario indigena 9 de outubro de 1915, pelo Sr. coronel
com a orthographia correcta" nos "An. Candido Mariano da Silva Rondon, no
bibl. nac. do Rio de Janeiro, v. 16, fase. 2, Theatro Phenix do Rio de Janeiro ~bre
64 p. Rio de Janeiro 1894", e um "Voca· os trabalhos da Commissão telegraphica e
bulario indígena comparado para mpstrar da Expedição Roosevelt. (Diário do Con-
a adulteração da lingua", "Ibidem, v. 15, gresso nacional, anno XXVI, Rio de Ja·
fase. 2, 83 p. Rio de Janeiro 1892". Este neiro 1916. Publicaçãp n. º 42 da Commis·
último que reproduz, a título de introdu- são de linhas telegraphicas estrategicas de
ção, nas p. 1-39, um interessante artigo Matto-Grosso ao Amazonas).
publicado, primeiro, na Rev. inst. hist. geo. A versão inglêsa saiu como Publicat;iio
bras., LI, Rio de Janeiro 1888, coteja o n. º 43 da mesma série, Rio de Janeiro 1916,
"nheengatú" e a "Língua Geral" cpm o xxv, 299 p., 23 planchas, 4 mapas.
"auanheengá ", e "karaní", isto é, o tupí do Nessas três célebres conferências cuja
Pará e Amazonas com o da costa e do leitura é indispensável para o estudo da
Paraguai. [2036] Rondônia, hã referências aos Paressí, Nam-
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 243

biúuara. Kepikiri-uat, Arikême, Umotina correspondentes em português e inglês, e


(Barbadi")s), Parintintin, Kayabí, Bakairí, na página 387 o artigo é resumido em lín-
Apiaúá e outros índios dessa região mato- gua inglêsa. [2042]
grossense. [2038] Roquette~Pinto, Edgard
Rondon, Candido Mariano da Silva Rondonia. Terceira edição. São Pau-
Ethnographia. Rio de Janeiro, s.d. lo, Edi~0ra nacional, 1935.
57 p . 20 planchas . ( Commissão de li- xxxix, 401 p . ilus . , mapas, índice alfa-
nhas telegraphicas estrategkas de Matto bético. (Brasiliana)
Grosso ao Ama!i:>nas - Annexo n. 0 5 .- Apareceu antes, nos Archivos do Museu
Historia natural) nacional XX, Rio de Janeiro 1917. A ter-
Essas importantes notas sôhre os Pares· ceira edição é enriquecida de notas de Al-
sí e Nambikuara com vocabulários de suas berto José de Sampaio, Alvaro Ozorio de
línguas são resultados das expedições da Almeida, Mello Leitão, Olympio da Fon-
Comissão Rondon ao norpeste de f\1'ato seca Filho, Fabio Werneck, Heloisa Alber-
Grosso feitas nos anos de 1907 a 1911. to Torres e Raimundo Lopes.
. [2039] Em 1915, o autor propôs o nome Ron~
Rondon, Frederico dônia "para designar a zona compreendida
Na Rondônia Ocidental. São Paulo, entré f'::>S rios Juruena e Madeira, cortada
1938. pela estrada Rondon. Os elementos geo-
llus . (Brasiliana, v. 130) . lógicos, geográficos, botânicos, zoológicos.
O autor descreve sua viagem pela re- antropológicos e etnográficos que tal re-
gião situada entre a cidade de São Luís gião tem fomecicft?, originais e numerosos,.
de Cáceres, ~ Alto Paraguai, e Vila Bela justificam a criação dessa província antro-
de Mato Grosso, no rio Guaporé. Apesar pogeográfica" (p. 17).
de dedicar-se, de preferência, a observa- Na sua viagem ·à Rondônia, em 1912,
ções geográficas, traz algumas notas inte- Roquette-Pinto reuniu o copioso material
ressantes sôbre os índios dessa zona que sôbre os Paressí e Nambikuara que faz do
são os Guató, os Boróro Ocidentais e os presente livro uma das mais notáveis ~n­
Chiquitos. cf. H. Baldus in: Rev. arq. mu- tes da etnologia brasileira, principalmente a
nlcp.. LlII, p. 197 e 198, Sãp Paulo, 1939. respeito da cultura material dêstes índios.
[2040) da Serra do Norte. [2043)
Roosevelt, Theodore Roth, Walter Edmund
Through the Brazilian Vfildemess. Lon- Additional studies of the arts, erafts, and
don, 1914. Nova edição. New York, 1925. customs of the Guiana Indians, with special
xl, 410 .p. 3 mapas, 8- planchas, apêndi- reference to those of Southern British
ces, índice alfabético. Guiana. (Smiths. inst bur. of am. ethno..
Essa descrição da viagem pelo oeste de Bulletin 91, Washing40n 1929. xvU, 110 p.
Mato Grosso até o Amazonas feita pe1o 90 ilus. no texto, 34 planchas, bibliografiá)
autor em companhia do então coronel Cân-
dido Mariano da Silva Rondon serve de ~ Pela abundância de suas excelentes ilus-
complemento às "Conferencias" publicadas trações êste apêndice da obra publicada
por êste f.>ficial brasileiro e contêm interes- pelo mesmo autor em 1924 constitui ótimo
santes referências aos índios da zona per- material para estudos ergológicos não só--
corrida. [2041] mente de tribos da Guiana Inglêsa, mas
também de seus vizinhos na Guiana Bra-
Roquette..Pinto, Edgard sileira e dos índios do Brasil em geral.
Os indios Nhambiquára do Brasil Cen- [2044)
tral. (Inter. congr. americ. Proc. XVIII.
ses., London 1912, Part. II, Harrison and Roth, Walter Edmund
Sons, London 1913, p. 382-387). An inquiry into the amm1sm and folk-
lore of the Guiana Indians. (Thirtietb
Ligeiras notas sôbre essa tribo de IVIato Bureau of am. ethn. ann. rep., 1908-1909,
G1psso, descrevendo, principalmente, uma Washington 1915, p. 103-386. planchas
coleção de seus artefatos enviada ao Mu- 4-7, ilus. 1-6, bibliografia, glossário e, nas.
seu nacional do Rio de Janeiro pela Co- p. 427-453 indice alfabético)
missão Rondon. 4 figuras rio texto repre-
sentam alguns dêsses objetos, a saber, um Obra indispensável para o estudo dos
ab;;lno de fôlha de bacaba, cerân..ica, um índios da região limitada pelo Orinocp, rio
machado de pedra e diversos ti~?s de pon- Negro, Baixo Amazonas e Atlântico. e da
tas de flecha. Na página 386 há dois vo-- mitologia americana em geral. Foi qualifi.
cabulários nambikuara com as palavras cada como "excelente" por autoridade tão
244 !\!ANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

competente como Koch-Grünberg ( Vom Rudolph, Bruno


Roraima zum Orinoco, II, p. 26'i). N ão Wõrterbuch der Botokudensprache.
distingue suficientemente, porém, o v alor Hamburg, 1909.
de cada um dos vários autores em que se Importante contribuição ao estudo do
baseia. ~ por isso que os dados colhidos Botocudo, consistindo em vocabulário al-
diretamente da bôca dos índios pdo etnó- fabétiG0 e longa lista de frases.
logo inglês representam os componentes [2047] -
mais importantes do presente trabalho. De- Ruiz de Moatoya, Antonio
pois de ventilar o pipblema da crença num Arte de la lengva gvarani; publicado
Ser Supremo entre as tribos daquela re- nuevamente sin alteracion alguna por Julio
gião, Roth passa a estudar os heróis tri.. Platzmann. Leipzig, 1876.
bais, os ídolos, as noções da criação <ios Bocabvlario de la lengva gvarani.
homens, plantas e animais, - as idéias da (idem)
imortalidade do corpo e dos espíritos asse- . Tesouro de la lcngva gvarani. (idem)
dados com êle, ~ sonhos, os espíritos fa- {Primeira edição: Madrid, 1610) .
miliares, os espíritos da mata. da monta-
nha, da água e do céu, os agourps e feiti- tJma outra edic§Q "mas correcta y es-
ços, as restrições e abstenções no tocante _ merada que la primera, y q:>n las vozes in-
a jôgo, comida, indústria e nomes , a vida dias en tipo diferente" ~ apareceu em Vie..
sexual. o médico-feiticeiro, _o conceito de na e Paris, no ano de 187§. organizada por
Kanaima, diferentes crenças lndias a res- Francisco Adolfo de Varnhagen, Visconde
peito de homens e animais, animismo e de Põrto Seguro, sob os títulos "Arte de
c on~')s recém-importodos, misturas de cren- la lengua Guarani, ó mas bien Tupi" (IV
ças indígenas e forasteiras e, por ·fim, fot .. e 100 p.) e "Vocabulario y 'Tesoro de la
clore independente do animismo. As nume- lengua Guarani, ó mas bien -fupi, en dos
rosas lendas citadas ao tra~ar dêsses temas partes: 1. Vpcabulario Espaiiol-Ouarani,
provêm, principalmente, de Arawak, Ka- (ó Tupi), II. Tesouro Guarani (ó Tupi)
raib e Warrau. (2045] - Espaiiol" (XII, 255- e 407 p. ). Segun-
do o guaranilogo paraguaio Juan Francisco
Rotht Walter Edmund Recalde (Vocá bulos designativos de relaJ
An introductory study of the arts, crafts, ções e contactos sociais, nas línguas tupí
and customs of the Guiana lndians. (Thir.. ou guarani. p. 60), encontram-se nessa
ty..eighth Bureau pf am. ethn. ann. rep., obra clássica "expressões correswndentes
1916~1917, Washington 1924. p. 25-745. à influência da vizinhança dos indios da
183 planchas, 3i 1 ilus. no texto, mapa e costa marítima, sôbré os indios de Guairâ",
bibliografia) tendo Montoya aprendido "um guarani de
Uma das obras mais importantes da etno- fronteira que não se identifica ao de As-
logia sul~americana. Trata dos indios da sunção ou Vila Rica". A importância de
regi_ão limitada pelo Orinoco. rio Negro, Montoya fica bem patente pelas seguintes
Baixo Amazonas e Atlântico, principalmente frases escritas ~r um outro perito na ma-
das tribos da Guiana lnglêsa. O autor. téria, isto é. por Curt Nimuendajú, em car-
baseando-se em observações próprias e ta dirigida a Herbert Baldus: "Provàvel-
nas obras pubicadas por outros viajantes, mente há cerca de um metro cúbico de Ji ..
estuda a produção do fogo, os instrumentos teratura (linguística) sôbre o tupí-guarani.
de pedra, madeira e outrps materiais, o Posso passar mais oú menos sem tudo isso,
uso de borracha, cêra, óleos e matérias er- excetuando o velho Mont_oya (Arte-Voca-
rantes, o fabrico de cordas e fitas, os tra.. bulario - T e.v.>ro. 1640.. Nova edição
ba.lhos em penas, contas, metal. couro e V iena - Paris 1876). Verdade é que êle
entrecasca, a olaria, o fabrico de trançados tem os seus erros e por isso não serve para
e armas, os viveres, bebidas e narcóticos, principiantes". [2048]
as casas, móveis e utensílios, os adornos e
vestes, os instrumentos de música, jogos e Rydin, Stig
brinquedos, os animais domésticos, os cri- Brazilian anchor axes. ( Etnologiska
mes e castigos, o chefe e o exercício eia studier / Ethnological stadies, IV, p. 50-83,
autoridade, a guerra, as viagens, saudações Gõteborg 1937. 13 figuras no texto, sendo
e o comércio, a mprte e o luto, o matri - uma um mapa. Bibliografia)
mônio, o nascimento, a infânc1a, as docn* O a'.ltor chega é conclusão de que ps
ças e a higiene, os conceitos- de tempo, do machados de âncora foram usados como
número e da distância. Minucioso índice arma e como objeto ceremonial, empregan-
alfabético de nomes e matérias e um glos- do-se para o trabalho outros machadps
sário facilitam a utulizaçãi-:> dessa magní- mais simples. Um mapa de distribuição
·fica obra. (204<'] mostra ser aquê1e machado semilunar par..
,
MANUAL BIBLIOGRAPICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 245

ticular à cultura das tribos gê. ( cf. o co- Guató na região das cabeceiras do Xingu,
mentário de Herbert Baldus na "Rev. arq. chegando a concluir de que os começos do
munic., XLV, p. 125-127, São Paulo, cultivo da terra pelos índios devem s~!'
1938") [2049] procuracfi-:>s na "cultura de moundsº, pois
Sa.ittt Hilaire, Augustin François César de o processo de roçar exige já «um grau con-
Voyage dans les Provinces de Saint-Paul siderável de altura cultural" (p. 117).
et de Saint-Catherine. Paris, 1857. (2052)
Há recentes traduções portuguêsas de Schmidt, Max
Carlos da Costa Pereira e Rubens &rba Die Aruaken: ein Beitrag zum Problem
de Morais. Contém material sôbre os der Kulturverbreitun9. Leipzig, 1917.
Kaingang. [2050] 109 p. 1 mapa. ( Studien zur Ethnolo·
gie und Soziologie, v. 1 )
Sánchez Labrador, José O têrmo Aruak ou Arawak compreende
El Paraguay católico. Buenos Aires, um grupo de tribos linguisticamente paren-
1910, 1917. tes que se estendeu das lndias Ocidentais
3 v. v. 1: xx, 323 p. mapa, planchas; v. até cêrca do trópico de Capricôrnio. O
2: 332 p. 2 mélpas, planchas, v. 3: xxxv, au~:>r acentua ser essa agrupação apenas
373 p. - provisória, pois nem sempre o parentesco
O autor fundou, em 1760, a missão Be· linguístico coincide com outras conexões
Iém no rio Ypané, a uma distância de qua, culturais. O .primeiro capítulo da presente
tro léguas da desembocadura dêsse rio no monografia dá uma sinopse geral das .. cul-
Paraguai, vivendo entre ps Guaikurú até turas aruak". Os três capítulos seguintes
a expulsão dos jesuítas das possessões es- tratam dos motivos da expansão dessas
panholas no ano de 1767. A presente obra, culturas, dos meios ·cÓm que a expansão de
escrita em 1770, é muito importante para o realizou, de seu caráter e de suas conse-
estudo daqueles índ}os, também chamados qüências. O quintÓ capítulo considera a po-
de Mbayá e Kadiuéo ou Kaduveo, e para sição dos Aruak em relação às outras cul·
o da tribo aruak dos Guaná, isto é, para turas americanas. O sexto mostra a influ-
conhecer a história de tribos do norte do ência do modo <le expansão das culturas
Paraguai e do sul de Mato Grosso cujos aruak sôbre a mudança dos diferentes bens
descendentes ainda existem. Os primeiros culturais. O capítulo final resume tôdas
dois tomos contêm dados a respeito da essas investigações e indica seu alcance
cultura material, da organizaçãp política e no ~-:>cante a futuras pesquisas. Essa obra
da vida social. O terceiro tomo é uma gra- de Max Schmidt fêz época na etuologia
mática mbayá acompanhada de um catP.- sul-americana e, considerando a enorme
cismo cristão no mesmo idioma cujos tex- importância dos Aruak para o Brasil, é
tos servem para compreender melhor ·o me- leitura indispensável para todos os que es-
canismo dessa língua. Lafone Quevedc tudam os índios dêste país. [2053]
prefac~'JU o primeiro e o terceiro tomo, Schmidt, Max
dando nêles informes biográficos e biblio- Ergebnisse meiner zweijãhrigen Fôr-
gráficos sôbre o autor, e no último tomo schungsreise. in Matto Grosso, September
algumas observações linguísticas e . notícia 1926 bis August 1928. ( Zeits. für ethn.,
de que o vocabulário mbayá coligido peLo LX, p. 85-124, Berlin 1929. 12 figuras,
mesmo missionário jesuíta aparecerá como 1 mapa)
quarto tomo da presente publicação. O Em fevereitp de 1927, o autor visitou os
segundo tomo possui, ainda, um apêndice Bakairí do pôsto Simão Lopes. Em março
que reune dados sôbre as tribos em ques- e abril do mesmo ano encontrou-se com
tãi-? extraídos de livros antigos e modernos. alguns Kayabi no pôsto Pedro Dantas si-
[2051] tuado no rio Paranatinga. De janeiro a
Schmidt, Max março de 1928 estêve em Utiarity entre os
Die Anfãnge der Bodenkultur in Süda- Paressí do rio Papagaio, encontrando lá,
merika. (Zeits. für ethn., LIV, p. 113- também, três Iranche e três Tamaindé. Em
122, Berlin 1922) abril e maio do mesmo ano estudou os
Em grandes partes da América havia os Umotina do Alto Paraguai, também cha-
seguintes dois processos de cultivar a ter- madps de "Barbados" pelos brasileíros ·p or
ra: 1) aplicar meios artificiais com o fim causa das barbas compridas usadas pe1os
de fazer próprio para a plantação um ter· velhos desta tribo. Em junho visitou al-
reno estéril; 2) afastar dum solo fértil a guns Custó. O presente trabalho é um
vegetação silvestre que consistia, geral- relatório de viagem e contém notícias so-
mente, em mata virgem. O au~0r estuda bre recentes transmigrações dos Bakairí e
o primeiro processo nos aterrados dos Waurá (p. 86-88); uma impressionante
246 MANUAL .BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

descrição das relações entre Os heróicoo dos perto de Cuiabá, e compara essas pala·
funcionários da Comissão de prpteção aos vras com os têrmos c_orrespondentes de Jin..
índios do pôsto Pedro Dantas e os agres... guas aruak do sul de Mato Grosso, do Cha-
si vos Kayabi (p. 89...93); uma lista de vo· co e da Bolívia. Acrescenta várias not~
cábulos kayabí para provar pertencer esta gramaticais (p. 590-595}, frases em guan~
língua a família tupí (p. 95); alguns dados ( p. 595-598) e um índice alfabéticp alemão
sôbre a cultura material kayabí (p. 95-96); do vocabulário (p. 598-604). Um comen-
um pequeno vocabulário tamaindé (p. 102); tário minucioso ao presente tl'abalho foi fei ..
textos de um canto e um conto em paressí to por Herbert Baldus nos seus "Tereno-
(p. 103... 105); a observação de serem os Texte". (2057]
1ndios os quais p autor designou, em tra- Schmidt, Max
balhos anteriores, como "Paressí-Kabiclü",
Das Haus im Xingú...Quellgebiet. Fest-
uma sub-tribo paressí chamada de <i:Go- . schrift Eduard Seler, herausgegeben von
zárini" ou, depreciativamente, de "Kabi-
Walter Lehmann. Stuttgart, 1922.
chí:. ( p. 103) que, segundo as lendas '>ôbre
a origem dos Paressí, saiu com as outras p. 441 -470, 3 desenhos de Wilhelm von
sulJ..tribos da abertura redonda dum roche· den Steinen.
do visível no meio de certa cachpeira (p. Em oposiçãp ao trabalho do padre
99); a descrição da chamada .. saudação ~ Wilhelm Schmidt (Kulturkreise und Kultur.-
agressiva:., cerimônia de acolher o hóspede schichten in Südamerika, p. 1014 e segs. sõ-
praticada, na América do Sul, pelos Tu... bre a casa dos índios sul...americanos, o qual
pinambá, .pelos Jívaro e por índios da Pa- se limita a comparar as formas sem consi-
tagônia, e com a qual o autor foi recebido derar a função, Max Schmidt estuda a casa
pe]/)s Umotina independentes (p. 107-108); índia segundos seus diferentes objetivos e
outros dados sobre êstes índios (p. 106... isto num território restrito, a saber, na re·
118) e vocábulos de sua língua (p. 113 · gião das cabeceiras do Xinau, apoiando--se
114) que mostram algum parentesco com tanto em suas próprias observações feitas in
os Boróro; por fim, algumas palavras sôbre loco, como também nas pesqttisas das expe-
índios Guató (p. 121-122). [2054] dições de von den Steinen e Herrman!l
Meyer. Para êsse _fim define o conceito
Schmidt, Max "casa" como "um edifício fechado para ci-
Das Feuerbohren nach indianischcr ma por um teto". Estuda, também, as pa·
Weise. (Zeits. für ethn., XXXV, p. 75- lavras índias que cprrespondem a êste coo-
80, Bcrlin 1903. 5 figuras). ceito. Além dos diferentes p-roblemas rela-
O au~--:>r descreve suas experiências na cionados com a casa, Max Schmlât ventila
produção de fogo com dois paus mediante os da aldeia a respeito da situação e dq nú-
o processo giratório usado pelos índios mero de casas. O caráter sistemático d.:>
sul-americanos, e apresenta os diferentes trabalho tem valor didático especial.
tipos de varetas empregadas para isso por [2058}
tribos do Brasn. [20SS]
Schmidt, Max
Sclunidt, Max Indianerstudien in Zentralbrasilien: Er-
Grundriss der ethnplogischen Volkswirt- lebnisse und ethnologische Ergebnisse einer
schaftslehre: 1 - Die soziale Organisa- Reise in den J ahren 1900-1901. Berlin, 1905.
tion der menschlichen Wirtschaf t; II - xiv, 456 p. 281 figuras no textp, 12 plan-
Der soziale Wirtschaftsprozess der Men- chas, 1 mapa, índice alfabético. .
schhei t. Stuttgart, 1920- 1921.
Eru 1900, o autor visitou os Bakairí do
1: viii, 222 p.; II: viii, 226 p. rio Novo e, em 1901, os índios do rio Culi-
esse estudo etno...sociológico sôbre a eco-
nomia dos chamados povos naturais e se- seu e os Guató do vale do Alto P aragu3i.
A primeira parte do livrp (p. 1-167} coa-
mi-culturais (Natur - und Halbkultur-
tém a descrição dessas viagens. · A segunda
võlker) é baseado, de preferência, em da-
parte trata da história do~ Guató (p. 171-
dos sôbre índios que, em grande parte. são 174), de sua cultura material (p. 175-243),
tribos do Brasil. (2056)
de sua língua (p. 244...293), dê sua aparên-
Schmidt, M ax cia física (p. 294-298) e de alguns outros
Guaná. ( Zeits. für ethn., XXXV, p. 324.. traços de sua cultura ( p. 299-:317), ocupan-
336 e 560-604, Berlin 1903. Bibliografia) do-se as páginas restantes com a invasão cul-
Depois de reunir notícias históricas ex- tural européia na região das cabeceiras do
traídas da literatura sôbre os Guaná e as Xingu (p. 318-329), com os trançados e or-
outras tribos aruak de sua vizinhança. o namentos fabricados pelps índios desta zona
autor apresenta um vocabulár~Q coligido por p. 330-403), com os enfeites usados n2s SU(')S
êle, em 1901, entre alguns Guaná domicilia· danças ( p. 404-418) , com textos de cantos
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 247

•uetõ e bakairí (p . 41&.424), com questões (Blãtter der vergleichenden Rechtswissena-


~conômicas e sociológicas dos índios do chaft und V olkswirtschaftslehre II, - n.• 11,
Culiseu (p. 425-439) , com um vocabulá-rio p. 462-475) . (2061}
àe 161 palavras auetõ (p. 441 -446) e uina
Schmidt, Max
liita de 47 têrmos kamayurá (p. 446-447).
Verhãltnis zwischen Forro und Gebrau-
O vaJpr principal da presente obra consiste chszweck hei südamerikanischen Sach-
nos estudos fundamentais sõbre a técnlca
gü tern, besonders den keulenfõrmigen Hotz..
dos trançados dos Guató e dos í ndios das
gerãten. (Zeits. für ethn., L, p. 12--39.
cabeceiras do Xingu, estudos êsses que Je..
varam o autor a reconhecer a fôlha de paJ.. Berlin 1918 . 17 figuras no texto)
meira como ponto de partida nas diversas Êste estudo sôbre a relação entre a forma
e a finalidade de armas e instrumentos eIQ
coordenações de malhas da maioria dêsses
forma .de maça usados pelos índios sul-ame-
trançados. [2059]
ricanos contém muitas referências ao Brasil
Schmidt, Max e apresenta severa crítica do método empre..
Reisen in Matto Grosso im Jahre 1910. gado pelo padre Wilhelm Schmidt em sua
(Zeits. für ethn., XLIV, p . 130-174, Berlin obra c:Kulturkreise und Kulturschichten in
1912. 17 figuras, 3 mapas) Sudatnerika> .
Depois de tratar resumidamente de suas (2062]
pesquisas sõbre os aterrados e os índios Schmidt. Wilhelm
Guató do rio Caracará, mencionando, tam- Kulturkreise und Kulturschichten in Sü-
bém, as gravuras rupestres no morro homô- damerika. (Zeits. für ethn., XLV, p. 1014-
nim,'), o 3utc1r dâ alguns informes sôbre a
1130, Berlin 1913. 1 figura, 6 mapas no tex..
história e a cultura dos Paressí·Kabixí das to. 1 mapa anexo. Bibliografia) -
cabeceiras dos rios Cabaçal. Jaurú, Juruencl A edição brasileira tem o titulo "Ethnolo-
e Guaporé. Confessa, porém, terem querl- gia sul-americana". tradução de Sergio
do êstes índios impedí-lo de observar .. suas Buarque de Hollanda, São Paulo 1942, Bra-
interessantes condições sociais e políticas" e siliana v. 218 .
de estudar a lingua divergente do idioma pa -
ressí a qual a maior parte dêles usava entre &ta grandipsa tentativa de aplicar o mé--
si (p. 152). Entre os dados mais notáveis todo dos ciclos culturais ao material etno·
sôbre cs Paressí-Kabixí figura m os concer- gráfico sul·americano encontrou numerosas
nentes a um pequeno instrumento composto refutações por parte dos principais america..
de dois discos de cabaça unidos mediante re.. nistas. Já na discussão que seguiu a ap_re-
sina, instrumento êsse que, munido de bura- sentação oral do presente trabalho na sua
cos e soprado pelo nariz, s erve como urua qualidade de conferência, Fritz Krause (p.
espécie de flauta (p . 173) . Além dissot o 1121·1127) e Paul Ehrenreich (p. 1127-
autor trata de um jôgp que consiste em ar- 1128) faziam graves .Dbjeções a respeito e
remessar-se uma bola a golpe de cabeça frisavam a necessidade de procurar a reso~
(p. 174). [2060] lução dos problemas histórico-culturais ame..
ricanos, antes de tudo. pelo estudo d~s re·
Schmidt, Max lações culturais dentro da própria América
Ueber das Recht der tropischen N aturvõl- e não, como Wilhelm Schmidt, pela aplica-
ker Südamerikas. (Zeitschrift fur verglei- ção de conceitos formados cpm referência a
chende Rechtswissenschaft, XIII, p. 280-320, culturas de outros continentes . Depois, Er·
Stuttgart 1899) land Nordenskiõld mostrou em vá rias obras
A versão portuguêsa saiu no Jornal do . a influência dos meios naturais sôbre a cultu-
comlnercio, Rio de Janeiro. 22 e 29 de no- ra de certas tribos sul-americanas, influência
vembro de 1900, sendo reimpressa m.1 "Bo- essa que no trabalho do padre Wilhem Sch-
letim do Museu nacip nal, VI, p. 223-251. midt não foi devidamente considerada. Por
Rio de Janeiro, 1930". outro lado, as monografias de Max Schmidt
Ssse pequeno ensaio que se refere, D.a sôbre a relação entre a forma e a finalida-
maior parte, as tribos do Brasil, mostra quão de de armas e instrumentos sul-americanos
pouco era conhecido, no fim do s éculo pas- (Zeits. für ethn., L) e de casas no Xingú
sado, o direito reinante entre êsses índios. (Festschrift Eduard Seler) põem em evidên..
Aliás, os nossos conhecimentos nesse tocante eia os defeitos do trabalho do padre Wi-
não aumentaram .muito, desde então até hoje, lhelm Schmidt por comparar as formas sem
se bem que o autor. e.m 1907, acrescentou ~nderar a função. Grande parte das lisÚl-'
a êsse estudo um artigo sôbre "Rechtllche. sôbre a difusão de certos <elementos cultu..
soziale und wirtschaftliche Verhãltnisse hei rais» nas quais consiste, ao nosso ver, o va-
südamerikanischen Naturvõlkern. Nach ei- lor principal da obra de Wilhelm Schmidt,
gen Erfahrungen in den Jahren 1900.. 1901". foi completada e melhorada nos "Comparatl•
218 "'
MANUAL BIBLIOGRAFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

ve ethnogra-phical studies" de Nordens- pin e Cuvára; Focron com Fogpreg e Ven~ ·


kiõld. (2063] crê (n); Fogpreg com Focron e C~vâra".
(2065]
Schmidt. Wilhelm
Die Sprachfamilien und Sprachenkreise Schuller, Rudolf
der Erde. Heidelberg, C. Winter, 1926. Zur sprachlichen Verwandtschaft der
xxvi, 595 p. e Atlas composto de 14 ma- Maya.Qu'itsé mit den Carib·Aruác. (~n­
throp., XIV...XV. Wien 1919~1920, p. 465·
pas. 491. Bibliografia)
Uma das qualidades que distinguem esta Depois de indicar analogias pnomásticas
importante obra de outros trabalhos do mes- da mitologia dos Karaib, Aruak e Quiché, o
mo gênero, consiste em ela não somente dar autor procura demonstrar por meio de com-
uma classificação das línguas do mundo parações lexicográficas a antiga unidade lin·
con~rme o estado dos nossos conheclmen.. guística dêsses índios sul e cen~ro-ameri­
tos ·na data de sua publicação, mas tam• canos. [2066]
bém relatar a história da investigação cien · Serrano,· Antonio
tífica e agrupação dos diferentes idiomas. Lps Kaingangs de Rio Grande do Sul a
Expondo ela, ao mesmo tempo, a principal ~ mediados del siglo XIX. (Rev. inst. an ·
bibliografia de cada família linguística, re- trop. un. nac. de Tucumán, v. 2, n. 0 2,
presenta um manual indispensável tanto pa- Tucumán 1939, p. 13-35) ·
ra o filólogo em geral como para p estudan· E' um resumo das multíplas observações
te da etnologia brasileira. E' preciso notar, etnográficas feitas pelo tenente-coronel
porém, que a linguística sul-americana, des· Afonso Mabilde nas aldeias dos índios Kain-
dpe 1926, fêz consideráveis progressos. Além gang, nos anos de 1835 a 1866 e espalhadas
disso convém saber que o presente livro num manuserito inédito de trezentas e cinco
contém numerOSi'JS erros na grafia de nomes páginas da autoria desse pficial brasileiro.
de autores e tribos. [2064] Contém valiosas informações. dr. H. Bal-
Schuller, Rudolf dus in: Rev. arq. municip., LXXVI, São
Kein Totemismus hei den brasilianischen Paulo, 1941, p. 275~276). [2067]
Crên~Crãn - (Tapúya-Gêz - ) Stãmmen? Silva. Antonio Carlos Simoens da
in: Das Problem des Totemismus. (An- A "Tr1bu dos índios Crenaks" (Botocudcs
throp., XVIII~XIX, Wien 1923~1924, p. do Rio Doce) . (An. XX congr. inter.
516-521) amerk. (Rip de Janeiro 1922), v. I, Rio
Baseando-se nos escassos dados sôbre a de Janeiro 1924, p. 61-84)
ordem matrimonial e as abstenções alimen- Observações colhidas in loco, no ano de -
tares publicados por Geraldo H. de Paula 1918, algumas delas muito interessantes pa-
Sousa, e aproveitando indicações que um ra o estudo da mudança de cultura, se as
oficial do Serviço de Proteção aos índios compararmos com os numerosos dados sô-
lhe forneceu por carta, o autor atribui aos bre essa tribo fornecidos, em diferentes épo-
Kaingang um ··manifesto totemismo gru~ cas, ppr outros autores. (cf. H. Baldus: Ma-
pal" ( ausgesprochenen Gruppen totemismus) . ximiliano Principe de Wied~Neuwied, Rev.
Nãp queremos negar a possibilidade de exis- arq. municip., LXXIV, São Paulo, 1941,
tirem semelhantes conceitos entre os cha- p. 290). As páginas 78~84 do artigo de Si·
mados índios. A suposição feita no present~ moens ,da Silva contêm um& lista de 165 vo~
artigo é, porém, insuficientemente documen·· cábulos botocudos com versão para o por~
tada. Convém reproduzir, em todo caso, a
informação dada por aquêle oficial do Ser...
tuguês, espanhol, italiano, alemão, inglês e
francês. Um mapa anexp mostra a região
..i
viço de ProteÇão aos~ Indios, do qual o au·· habitada pela tribo em questão. 11 fotogra· J

tor, sem mencionar o seu nome, afirma ter fias são reproduzidas, no texto. [2068]
dirigido, durante mais de dez anos, os Kain- Smith. Herbert Huntington
gang provenientes do Estad;'J do Paraná ~ Do Rio de Janeiro à Cuyabá. São Paulo,
aldeados no rio do Peixe e em outros reser ... 1922.
vatórios do Estado de São Paulo. Eis a CO• 372 p.
municação ,p. 520): «A tribo divide-se nos As páginas 305 a 312 contêm um estutfo
seguintes grupos: 1 . Caií.eru. 2. Cafierú... intitulado .. O fabrico de louça entre os CaM
crên. 3. Pevin. 4. Votôro. 5. Venrei. diueus" que- f;-:>i primeiramente pµblicado, em
6. '&akempin. 7 . F(>Cron. 8. Fogpreg. 1886, na "Gazeta de noticias". E' uma des-
9. Cuvára . 10. Vencrê (n). Só podem crição detalhada do processo de olaria dessa
casar: Caíierú com Venrei; Cafierú-cr~n tribo guaikuru do sul de Mato Grosso.
com Votôro e Cuvára; Pevin com Nakem- [2069]
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 249

Snethlage, Emil Heinrich referências às diferentes tribos do litoral


Atiko y. Meine Erlebnisse bei den lndla- desde os "Tapuias" do Amazpnas até os
nern des Guaporé. Berlin, 1937. "Tapuias" do rio da Prata. A primeira
192 p. ilus. no texto, 1 mapa, planchas. edição completa da obra do eminente por-
Livro de divulgação sôbre a viagem feita tuguês com mentalidade de pesquisador foi
pelo autor ap Guaporé nos anos de 1933 a feita, em 1825, pela Academia de Lisboa. A
1934, contendo referências a treze tribos da segunda edição apareceu, em 18Sl, n() tomo
região dêsse rio e com isso indícios de gran.. XIV da "Rev. inst. hist. geo. bras.'. A
des possibilidades para futuras pesquisas tercetra edição é a rerpdução da segunda~
indianistas. · (2070] [2073j
Snethlaget Emil ~einrich Souza, Antonio Pyreneus de
Uebersicht über die lndianerstãmme des Notas sobre os ,costumes dos índios
Guaporégebietes. (Tag. der gel. für võlker., Nhambiquaras. (Rev. mus . autista, XII. 2.•
2, Tagung 1936 in Leipzig, p . 172-180) parte•. . ·391-410, São Paulo 1920) ~
Em 1933, o autor foi enviado, pelo Mu- O autor registou as .presentes notas c,tu-
seu etnográfico de Berlim, ao vale dp G1:1a- rante a sua permanência em Campo~ No-
poré, para recolher material das suas nume- vos, na Serra do Norte, onde estêve, de se..
rosas tribos. O presente trabalho é o rela- tembro de 1911 a fevereiro de 1912. Co..
tório desta viagem, sendo acompanhado por nhec~_u, lá, os seguintes grupos nambikua_ra:
um mapa linguístico da zona percorrida. Anonzê, CocoZÚ, Uainédezê, Xaody e
(2071] Tayôpa. Seu ti:abalho contém, além de in-
Snethlage, Emil Heinrich teressantes observações sôbre a cultura dês..
Unter nordostbrasilianischen Indianern. ses indios matq-grossenses, vocabulárips
(Zeits. für ethn., LXII, p. 111-205, Berlin anonzê (p. 406-408) e cocozú (p. 409-410).
1931. 23 figuras, 1 mapa. Bibliografia) , (207~)
1!:.stes numerosos dados sôbre a .t ribo tupí
dos Guajajara e as tribos gê dos Piokobyé. Souza, Pero Lopes de I
Remkokamekra. Krão e Apinayé visitadas Diario da navegação da armada que fo!
pelo autor nos anos de 1923 a 1926 são, em à terra do Brasil em 1530, sob a capitania-
grande parte, superficiais, pois o objetivo mór de Martim Afonso de Souza, escripto
principal das viagens de E. H. Snethlage na- ppr seu irmão Pero Lopes de So.u za; publi-
quele tempo era zoológico e nã-p etnológico. cado por Francisco Adolfo de Varnliagen.
Apesar disso há, no presente trabalho, refe ... Lisboa. 1839 .
rências a quase todos os aspectos mais im- 130 p.
portantes das culturas em questão, referên- Há várias e-lições posteriores, sendo im-
cias essas que, às vezes, são baseadas em portante a comentada por Eugênio de Cas-
outros autores. Ai; p. 134-139 e 187-200 tro e prefaciada por Capistrano de Abreu,
contêm vocabulários das mencionadas tribos. Rio de Janeiro, §ci~tor Pa~~?-r~i~ºJ. ,_1927.L
A bibliografia (p. 201-205) é extensa . Série Eduardo Praao (ZV: v. : p. s.n.,
[2072] vi, 534 :p.; v. 2: si p.)
Sousa, Gabriel Soares de O diário começa a 3 de dezembro de 1530
Tratado descriptivo do Brasil em 1587 ~ e vai até 5 de fevereiro de 1532. Contém
commentarios de Francisco Adolpho · de
Vamhagem. Terceira edição. São Paulo,
1938.
Liii, 493 p . (Brasiliana, v . 117)
interessantes referências aos ínsiios da Bahia
de Todos os Santos, reproduzidas, também.
na grafia do códice da Biblioteca da Ajuda,
f
na «História da eolonização por~uguêsa do
Ai; abundantes citações de Gabriel Soares J3rasil", III, Põrto 1Q24, .p . 1i3. [2075]
nas célebres monografias de Métraux sôbre
a civilizaçãp material e a religião dos Tu- Speisert Felix
pinambá já provariam suficientemente o Im Düster des brasilianischen Urwalds.
grande valor etnológico da obra considerada Stuttgart, 1926.
pelo seu comentador Vamhagen "talvez ~\ 321 p. 84 figuras no texto e em planchas,
mais admirável de quantas em portugµês 1 mapa.
produziu o século quinhentista''. Mas Ga- Narrativa de uma visita aos Aparai do
briel Soare~, senhor de engenho das vizi- rio Paru, afluente setentrional do Amazonas.
nhanças do Jequiriçá, que, em 1587, ano in- Numerosas observações etnográficas são In..
dicacf+') pelo título de seu livro, declarou ter tercaladas. A evidente incapacipade do au-
residido no Brasil "por espaço de 17 anos", tor etn granjear as simpatias dos índios le-
não observou e descreveu ·sõmente os Tupí va-o a um ressentimep.to gue envenena o
4a Bahia. A primeira parte de ·s eu tratad\> livro, tornando sua leitura bast~!l.te desagra..
é um "Roteiro geral da costa brasílica'' com dáv~l. · ·


250 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

Um pequeno estudo de Arnold Deuber francês, holandês, inglês e português. A edi-


sôbre a ·música d e~ssa tribo karaíb é ·anexo. ção inglêsa de Richard F. Burton é mtttu·
[2076] lada: The captivity of H. Stáden of Hesse
Stadcn. !ians in A. D. 1547 to 1555, among the wiÍl trl~­
W arhaftige Historia und beschreibung bes of Eastern Brazil; translated by Albert
eyner Landtschafft der wilden nacketen Tootal, annotated by R.F.B.: Lpndon 187-f;
grimm.igen Menschfresser-Leuthen in der Hakluyt society, v. 51. Mais recente t:
Newenwelt America geleg~n. Faksimile- Hans .Staden; the true history of his capti-
Wiedergabe nach der Erstausgabe ·~Mar­ vity, 1557: translated and edited by Malcolm
purg uff Fastnacht 1557" mit einer Beglei:.. Letts, with an introduction and notes; Lon-
tschrift ·(zweite vermehrte Auflage) von RJ- don 1928: xx e 191 p. e New York 1929.
cahrd N. Wegner. Frankfurt a.M.. 1927. Das várias edições brasileiras são as melho-
234 p., ilus., mapas. vocabulário. res a traduzida por Alberto Loefgren, re·
O arcabuzeiro e artilheiro alemão Hans vista e anotada por Teodoro Sampaio e
Staden fez sua primeira viagem ao Brasil .publicada ·p ela Academia Brasileira, Rio de ·
nos anos de 1547 a 1548, e a segunda de Janeiro 1930; e a traduzida por Guiomar de
1549 a 1555. Durante a última passoü nove Carvalho Franco, com uma introdução e no·
·meses como cativo entre os Tupinambá. À tas de Francisco de Assis Carvalho Franco,
êste fato devemos a primeira publicação .sõ- São Paulo. 1942. 216 p., com as 52 gravlúas
hre índios do Brasil que, ainda hoje, consti· , da primeira edição de Marburgo, mápas da.S
tui uma das mais valiosas fontes da etnolo· !(Otas seguidas por Staden e·indice analítico;
gia em geral e da tupinologia especialmente. a tradução de Loefgren é baseada na segun-
Mais importante ainda do que os elogio~ da edição do original, tendo servido, a prín-
dêsse livro feitos. por historiadores · como ceps, para a versão de Carvalho Franco.
Robert Southey e ppr etnólogos como Frie~ r [2077)
drich ~atzel parece-me a opinião de Jean de Stahl, Günther
Léry, famoso viajante francês que conheceu· Die Geo~hagie. Mit besonderer Beruck,.
os Tupinambá pouco& anos depois de Sta- sichtigung von Südamerika. (Zeits . fur
den e se -exprime, numa carta citada por ethn., LXIII, p. 346--374, Berlin, 1932) -
Ternaux Compans 'e outros autores, da se* ·Nesta monografia há várias referências.
guinte maneira sôbre a obra do soldado ale- ao Brasil. As .p . 362-365 tratam da difusão
mão: " ••• é digna de ser lida por ,todos cs da geografia entre os índios dêsse pais. A
que desejem saber como são na verdade os bibliografia abrange as p : 369-374 .
costumes dos brasileiros" . [2ó78]
O livro de Staden tem valor especial para
a ergologia. O autor IiãQ se con~enta sõ- Stahl, Günther
rnente com descrições, mas representa os Der Tabak im Leben südamerikanischet
artefactos também em xilogravuras. Refe- Võlker. (Zeits. für ~thn., LVII. p. 8.1-152,
re-se, porém, igualmente a problemas soçio- Berlin 1926. 27 figuras, 4 mapas, apêndi'ce.
lógicos. E' natural que o mais impressio- Bibliografia) ·
nante para o prisioneiro dos Tupinambá Neste importante tr~balho que contém co-
ameaçado de ser devorado por êles foi o piosas referências ao Brasil, o autor estuda
modo dêsses índios matarem e comerem seus a difusão do uso do tabaco entre os indlOi
inimigos, -e por isso Staden dedica o maior sul-americanos, seu cultivo e sua c~nservaA
capítulo de seu livro e numerosas gravuras ção, as maneiras e o objetivo de seu ernprê.a
a êste assunto. go e sua significação mítica. Uma tabelt
- Em resumo: o antigo arcabuzeiro trata, se
bem que ligeiramente, de tantos diferent~s
(p. 134- 138) mostra a-existência do cultivo
do tabaco e as diversas maneiras de seu use
aspec4'.ls da cultura tupinambá que seu livro nas tribos mencionadas -no texto, e um voc;a...
já assume o caráter duma monografia tribal. bulário (p. 139-146) apresenta r s têrmos
E' digno de nota, além disso, que Staden para "tabaco", "charuto". "cachimbou e
não se -limita a falar sômente dos Tupinam,,, <fumar> na língua de muitas dessas tribos
há, mas que menciona, fora dêles, várias ou.. A .bibliografia (p. 147-152) é extensa.
tras tribos . [2U79)
Havendo da edição da obra de Staden, ~teere, Joseph Beal
aparecida em Marburgo, no carnaval de Narrative of a visit to Indian tribes · Gf
1557, uma reprodução fac-similar fàcilmente the Purus river, Brazil. (Smiths. inst.• A.
acessivel, é esta de tôdas as. edições a ~maia nual rep.. 1901. p. 359-393, Washingt-Oll
,prgpria para pesquisas científicas. O núme· 1903. 9 planchas, l5 ilus. no texto}
ro das edições é superior a éinqüenta. >. De.pois de descrever :sua viagem nas· 1'·
ebra foi traduzida para o flamengo, latim, ; 36~-37.f)., o autor dâ noticias .dos Iptmiili,
rvIANUAL BIBLIOGRÁFICO DE. ESTUDOS BRASILEIROS 251

Yarnamadí e Paumarí, informando, princ!- Brasil Central", prefácio de :H erbert Baldus.


palmente, sôbre a G"'.>nstrução da casa e as tra~ução de Egon Echaden, 714 p. com tô ..
maneiras de adquirir o su&tento dessas tri- -tlas as planclias e figqras do original e com
bos, e apresentando pequenos vecabuláriosi ·s ua. vez, foram ·em parte corrJgidas por pes...
textos e notas de cantos. (2080] os mapas da edição de divulgação ..
Stcin:en, Karl von den l:!ste livro apresenta a descrição e os re..
Die Baka'irí-Sprache. Mit Beitrãgen zu sultados etnográficos da segunda viagem do
einer Lautlehre der karaibischen Grundspra- autor ao X1ngu realizada em 1887, e de
c::he. Leipzlg, · 1892. · sua visita aos Boróro feita em 1888. Um
404 p. capítulo ocupa-;;e de alguns Paressí que- vi~
A presente monografia contém um voc;.i- sitaram o explorador em Cuiabá, neste mes-
bulário (p. 1.. 160), textos (p. 161-21,4)_ e mo ano. O apêndice- contém vocabulários
uma gramática (p. 249-403) dessa língua dps Nahuquá, Yanumakapü-Nahuquá, Me-
karaíb. [2081] hinakú, Ku~tenaú, yYaurá, Yaulapiti, Aue-
tõ, Kamayurâ, Trumaí, Paressi e Boróré
Stdnen, Karl von den (Bororó, no dizer do autor)-. _
Durch Central-Brasilien. Leipzig, F .. A.
Brockhaus, 1886. Diferentes aspect9s da cultura destas tri-
xii, 372 p. ilus. 3 mapas, tabelas, índice bos e dos Bakairí são estudados, principal..
aUabético. mente a ergologia. Entre os .numerosos dii...
Em 1884, o autor desceu o Xingu, desde dos sôbre os Bakairi destacam-se, ainda, os
as cabeceiras, até a foz, descobrindo nesta G")né:ernente_s à sua história e mitologia. .
viagem uma série de tribos de diferentes lín- De acôrdo com a mentalidade evoludonís· ~
guas, ainda sem qualquer influência da DOS• ta de seu tempo, o autor. mediante bela$ hi-
sa civilização. O presente livro contém o póteses, procurou averiguar. a . origem de
diário da célebre expedição e a elaboração muitos fenómenos culturais, em vez de de·
do material científico nela recolhido. Dêste dicar~se tanto à s~iologi~ e psicologia co..-
·material ressalta pertencer a tribo dos Ba- n>.p nós hodiernos. Não obstante isso, o 11--
kairí à família linguística karaib, cujos re- vro de Karl von den Steineri, peta· sua ri-
presentantes principais eram conh~ci~-os. queza de observações e intêrpretações, apre-
até então, só ao norte do Amazon~. tend.o - sentada num estilo claro, ameno e cativante.
se estendido, pouco antes da chegada de é a obra máis brilhante da etnografia e etno.-
Colombo, sôbre as Guianas e Venezuel<i, logia brasileiras ·e uma leitura indispensável
até as Antilhas. Pelo vocabulário recolhido para todos os que estudam os indios dêste
entre os Bakairí, Karl vpn dcn Steinén che- país. (2083]
gou a conclusão do êrro da hipótese rigoro-
samente sustentada por d'Orbigny e consi- Stradclli, Ermano
derada muito provável por von Martius, se- Vocabularios da lingua gera. portuguez-
.gundo a qual os Karaíb procederám dcs nheêngatú e nheêngatú.-pPrtuguez, precedi-
Tupí-Guaraní. Isso p induziu a importante~. dos de um esboço de Grammatica nheêngaw
modificações na classificação linguística de umbuê-sáua mirí e seguidos de contos em
muitas tribos sul-americanas proposta por lingua geral nheêngatú poranduua. (Rev.
von Martius, modificações essas que, por inst. hist. geo. bras., tomo 194, v. 158,
sua vez, foram em parte corrigidas por pes- Rio de Janeiro, 1929, p. 5-768) . -
quisas posteriores. Apesar de certas conclu- Esta volumosa publicação é uma compila-
sões etnológicas do autor não satisfazerem
mais às ex1gencias científicas 11\0demas,
"Durch Central-Brasilien" continua a set
ção de têrmos. da Língua Geral falada nGr
Amazónia, têrmos esses cpmentados, ent
parte, por observações etnográficas, zooló-
-
uma das -0bras clássicas da etnografia bra- gicas e ootanicas . Em geral, o autor não in-
sileira. O apêndice contém vocabulários bn- dica com bastante exatidão a procedência
kairi, kustenaú, suyá, manitsauá e yuruna. dos vocábulos e dos pados sõbre ·-0s indip,s.
. [2082] Isso diminui consideràvelmente o valor de
iteincn, Karl von den suê obra. Os contos citados no fim do tra-
Unter den Naturvõlkern Zentral-Brasi.- balho são tirados de diversps autores · 9ue
lfens. Berlin, Dietrich Reimer, 1894. os colheram no Rio _Negro, no Solimões, e
xv, 571 .• 160 figuras no texto, um mapa, no Parâ. - - [2084].
30 planchas, apêndice e índice alfbético. Strõmer, P. Chrysostus
Há uma edição popular alemã, com outrOiõ Die Sprache der Mundurukú. Wõrter-
t mapas~ A edição brasileira foi publicad'it .buch, Grammatik und Texte eines lndianeri,..
Í'peJo Departamento de Cultura, Sãp Paulo, dioms am oberen Tapajoz. Amazona.s.gebret.
f 1940. sob Q ·título "Entr.e os aborí~ene'-' -do Mõdling hei Wien, 1932'.
/
/
252 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS !
vii, 146 p. (Linguistische Anthropos-Bi- na. Mas êle não percebeu nada disso e <le-
bliothek, v. 11 ) clara·se orgulhosamente descobridor do ver-
Esta mpnografia linguística contém im· dadeiro tupí." Um outro peritp da matéria
portantes dados sõbre diversos aspectos cul· o Dr. Juan Francisco Recalde, considerou a
turais daquela tribo do Alto Tapajós. publicação dessa obra "un pobre servi cio"
[208S] cf. Moisés S. Bertoni: Estructura, Funda-
Studart, Carlos ·(filho) mentos Gramatkales y Classificación de la
Notas historicas sobre os indigenas cea- lengua Guarani, Revista de la Sociedad Ci-
renses. (Rev. inst. hist. geo. Ceará, ·15, entifica del Paraguay, v. n.º 1. p. 26, no-
ta 3. Asunción 1940). [2088]
Fortaleza, 1931, 'P . 53· 103)
O autpr cita um grande número de no· Taunay, Alfredo de Escragnolle, visconde de
mes tribais do Ceará que encontrou em es- Entre ps nossos índios. Chanés, Terenas.
critos antigos e modernos, tentando demar· Kinihik~us, Guanás, Laianas, Guatós, Guay-
car os territórios dos índios em questão e curús, Caingangs . São Paulo [ 1931]
relatando acontecimentos relacionados com 134 p. 3 planchas.
êstes, acpntecimentos que, na maior parte, As p. 7-80 contêm ligeiras notas sõbre os
interessam mais o colecionador de datas hls.. índios do sul mato·grossense, principalmente
tóricas do Nordeste do que o etnólogo. O sôbre os Tereno, Guaikuru e Guaná, e um
mesmo se dá com seu artigo "As tribus in- vocabulário guaná recolhido pelo autor e
dígenas do Ceará", Rev. inst. hist. geo. pµblica"10, primeiro, nas suas "Scenas de
Ceará, 40, Fortaleza, 1926, p. 39-54. viagem", Rio de Janeiro 1868, p. 131-148,
(20861 livrinho êste que já trata das mencionadas
Tastevin, C. tribos no capítulo intitulado «Os índios do
districto de Miranda" (p . 111-130).
Les Indiens Mura de la région de l' Autaz
As p. 81-132 reproduzem a monografia
(Haut-Amazone); avec introduct~on par Je
Dr. R. Vemeau. (L' Anthrop., XXXIII, Pa· sôbre os Kaingang de Guarapuava e sua
língua, trabalho inserto na Rev. inst. hist.
ris, 1923, p. 509..533)
geo. bras., LI, Suplemento, Rip de Janeiro,
Os Mura levam uma vida de .. ciganos
1888 . Encerra, ao lado das valiosas infor·
aquáticos", dedicando-se, principalmente, à
mações do padre Francisco das Chagas Li 1

pesca. Acompanham seus cantos passando


ma sôbre os índios de Guarapuava, primei~
uma vareta ao longo de outra a qual está
ramente publicadas na citada Revista rv·,
munida de muitos entalhas. Consideram o
Rio de Janeiro 1842, a memória sobre os
firmamento um grande prado. A lua, c;-on·
Kaigang escrita por frei Luís de Cemitille e
siderada um ente antropomorfo, é masculina impressa, pela primeira vez, no "Catalogo
durante a metade do mês e feminina du..
dps objectos do Museu paranaense remetti·
rante a outra metade. Praticam cuvade e
dos à Exposição anthropologica do Rio de
colocam oferendas de víveres nos túmulos.
Janeiro", Curityba 1882.
[2087] Como o Visconde de Taunay estêve pes·
Tastevin, C. soalmente em contato com tôdas as referi·
La tangue Tap!h'iya. Vienne 1910. (Edi.. das tribos, sua obra contém dados interes~
ção portuguêsa: Grammatica da língua Tu· santes sôbre a vida delas no século passado.
py . Rev. mus. paulista, XIII, p . 537.597, (20891
São Paulo 1922; Vocabulario Tupy· portu-
Teschaucr, Carlos
guez. Ibidem, p. 603-686: Npmes de plan-
tas e animaes em língua Tupy. Ibidem, p. Die Caingang oder Coroados-Indianer im
689-763; Corrigenda e aditamentos á Gram· brasilianischen Staate Rio Grande do Sul.
matica Tupy e Vocabulario Tupy-portu- ( Anthrop., IX, St. Gabriel·Mõdling hei
guez . Ibidem, p . 1279· 1286) . Wien, 1914, p. 16-35. Versão portuguêsa
Numa carta a Herbert Baldus, Curt Ni· in: Bolet. mus . nac., v. III. n. 0 3, p. 37-56,
muendaju escreve a respeito dessa obra: Rio de Janeiro 1927; e in: Porandúba RJp..
"Ela não trata de nenhuma língua índia, grandense, Porto Alegre 1929, p. 340·368)
mas de uma gíria decadente e horrivelmente O autor visitou os Kaigang perto das po~
estropeada. E' verdade que esta se baseia voações de Cazeros e Nonohay e reune suas
numa língua tupí, mas não é falada Eºr observações com apontamentos deixados J)tOr
. povo tupí algum. Serve a tribos de tôdas alguns missionários. Sendo considerados êS·
as espécies nas suas relações com os neo- ses índios, quase em geral, como descen-
brasileiros. Se Tastevin tira dessa gíria con.. dentes dos antigos Guayaná, o padre Tes-
clusões gerais cpm referência ao tupt, é isso chauer menciona, primeiro, as notícias sôbre
mais ou menos como se quisesse julgar o êstes últimos refutando a classificação dêles
francês segundo o patois créole de Cayen- feita por Hermano von Ihering. Depois e'-
MANUAL BIBLIOGRÁFICO OE ESTUDOS BRASILEIROS 253·

tuda ligeiramente os Kaingang e a sua lín- ra, nomes das aldeias e número de seus ha-
gua, dando um pequeno vocabulário. No bitantes, execuções de acusados de feiti~o,
fim acrescenta o mito úaingung recolhido, no casamento, vida de família, tatuagem, divi-
Estado do Paraná, por Telêmaco M. Borba são de tempo, morte e entêrro, plantas cul-
As duas estampas oontidas no original =tlt!- tivadas e frutos silvestres, língua, honras
mão e representando cerâmica, faltam nas fúnebres feitas aos guerreiros que morrem
duas edições brasileiras. [2090] em combate, festas em 1'<:>nra da caça, da
pesca e da lavoura, comércio entre os re-
Thevet, André gatões e os índios. O ilustre engenheiro
Les singularitez de la France Antarctique. apresenta copioso material elucidando bem
Nouvelle édition avec notes et commentaires
o padrão-de-comportamento tribal, e não
par Paul Gaffarel. Paris, 1878. ·
deixa de considerar, deROiS de tratar das
Lxii, 459 p . ilus .
A primeira edição apareceu em Paris, no crueldades cometidas pelos Munduruku co1
mo caçadores de cabeças humanas e mata·
ano de 1558. Uma tradução italiana saiu
dores de supostos feiticeiros, a capacidadl!
em Veneza, no ano de 1561. sendo reedita-
dêsses mesmos índios em exprimir «o5 sen-
da em 1584. timentos mais puros e mais suaves do cora.-
Essa obra de Thevet contém muitos dados
ção humanp, como sejam saudades de mãe
concernentes aos Tupínambá, dados êsses e de filho" (p. 117}. No século passado
que, porém, só podem ser utilizados cêpti-
camente, se considerarmos as observações não foi escrito, em língua portuguêsa, traba-
lho melhor do que a presente monografia,
de Gaffarel sõbre a inextidão, a tendência
de exagerar e a extrema credulidade do au- sôbre uma tribo do Brasil, podendo seu au-
~0r figurar dignamente ao lado dos mais
tor (p. xix, xx e 312). Em todo caso, a
importantes pesquisadores que, '1.aquele sé-
maior parte dêsses informes etnográficos culo, lhe precederam no estudo ie índios
pode ser substituída com proveito pelos }i..
brasileiros, isto é, ao lado do Príncipe de
vros de Haus Staden, Jean de Léry e Ga-
W ied e de von Martius. [2093]
briel Soares de Sousa. Mas é digno de nota
que uma autoridade como Métraux cita, fre- T onelli, An ~r:>nio
quentemente, Thevet, chegando a transcre- La provenienza degli indi "Bororo orienJ
ver, na sua "Religion des Tupinambâ", tali" del Matto Grosso. (Atti del X Con.-
grandes trechos de duas obras do mesmo au- gresso geografico italiano, II, p. 625-629,
tor: "La cosmographie universalle", Paris Milano 1927).
1575 e "Histoire d'André Thevet Angou- Alcune notizie sui Báere e sugli Aroet-
moisin, cosmographe du Roy, de deux voxa· tawarifre "medicistregoni" degli indi Bor.o-
ges par luy faits aux Iodes f!Ustrales et oc- ro-Orari del Matto Grosso. (Atti del XXII
cidentales", manuscrito inédito da Biblioteca Congresso internazionale degli americanisti,
Nacional de Páris. " [2091] Roma 1926, II, p. 395-413, Roma 1928}.
Thom.sen, Thomas Alcune osservazioni sulla sintassi della
Albert Eckhout. Kopenhagen, 1938. lingua degl'indi Bororo-Orari del Matto
iv, 184 p. 80 figuras . Grosso (Brasile) . (Ibidem, p. 569-585).
Bibliografia. La famiglia pres510 i Bororo-Qrari indigeni
Importante estudo sôbre o pintor holan.. ' del Matto Grosso (Brasile). (Intemationale
dês cujos quadros s~o valiosas contrifntl~ W oche für Religionsethnologie, V. Tagung,
ções para o conhecimento dos índios nor- Luxemburg 1929, p. 299-314, Paris 1931)
destinos do século XVII, tendo sido etnolõ- 11 nome dei vivi e dei defunti (aroe) prés-
gicamente analisados por Paul Ehrenreich so gl'indi Orari (Bororo orientali) del Mat-
no seu artigo «lieber einige ãltere Bildnisse · to Grosso. (Festschrift für P. W. Schmidt,
_, südamerikanischer lndianer". cf. o comen- St. Gabriel-Mõdring bei Wien, s. d.}. ·
r tário de Herbert Baldus ao livro de Thom- Cinco pequen;os, mas importantes estudos
sen na Rev . arq. municip., LXI, p. 246J sõbre a mesma tribo da Chapada de Mato
248, São Paulo 1939) . [2092] Grosso. [2094)
Tocantins, An~r:>nio Manoel Gonçalves Torres, Heloisa Alberto
Estudos sobre a tribu "Mundurucú". Arte indígena da Amazónia. Rio de Ja.-
(Rev. inst. hist. geo. bras., XL, 2.' parte, neiro, 1940.
p. 73-161, Rio de Janeiro 1877. 2 figuras
xv, 50 planchas. (Publicações do Serviço
no texto).
do patrimonio histórico ~ artístico nacio-
Em 1875, o autor visitou êsses índios do
Alto Tapajós. Seu trabalho contém dados nal, n.º 6).
sôbre mitologia, his.tória, situação geogrâfi.. ~ste album reproduz fotografias de obje"
ca, modo de guerrear e finalidades da guer- tos de arte feitos pelos habitantes preC(:)lom..
254 MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS

bianos da ilha de Marajó, na foz do Ama- Vasconallos, Simão de


zonas, fotografias essas às quais foram reu- Crónica da Companhia de Jesus do Es-
nidas outras de artefactos de índios que ha- tado do Brasil. Segunda edição. Lisboa,
bitaram a Amazônia depois· de sua desco- 1865.
berta pelos europeüs, ou que ainda a habi· 2 v. cLvi, 200 • 339 . , 4 p com errata.
tam. Tal justaposiçãp tem por fim refutar A primeira edição apareceu em Lisboa, no
a hipótese de que os ornamentistas da ci!- ano de 1663.
rânrica marajoara "teriam alcançado um Essa obra contém, além de numerosos da-
nível de civilização mais elevado do que o dos sõbre os índios do litoral brasiltlro co,
·geralmente dominante entre os selvícolas nhecidos até a data de sua primeira publi-
.hrasílicos, ao tempo do descobrimento J a cação, uma classificação que reduz as tribos
América". Segundp a autora, "certos aspec- do Brasil a dois grupos subdivididos em vá~
rias "espécies" (p. Lxx.xix e seguintes).
tos de cultura, revelados nitidamente pela
·cerâmica, ou conclusões muito plausíveis a (2097]
Vignati, Milclades Alejo
que a sua observação conduz, levam-no$ d
Los craneos trofeo de las sepulturas indi-
acreditar que, de um modo geral, a civ:! ~za ­ genas de la Quebrada de Humahuaca. Bue-
ção dos aborígenes construtores dos montí- nos Aires, 1930.
cu~':>s funerários não se COI!traporia fundcl- (Facultad de filospfia y letras: Archivos
mentalmente a um quadro cultural indígena . dei Museu etnograflco, n.0 1).
em que grupos históricos amazõnicos (Guia·· O autor distingue os seguintes tipos de
na, Rio Negro, Xingu, e~c.) constituíssem cabeças-troféus na América do Sul:
-OS elementos típicos". (p. vi). E. mais l ) Sem preparo: Guarani, Araukano,
adiante, lemos: " ... a forma geral dos va- Guaikurú. Chiriguano, Matako.
.sos, muito próxima da de cêstos utilizados 2) Com preparp :
por pppulações indígenas amazõnicas atuais;
<0 caráter rigidamente geométrico dos moti- A - , cabeça inteira:
vos que decoram sobretudo as peças grava- a) desossada, descarnada, com
das au champ levé; a interseção, nessas mes- a cabeleira, processo de re-
mas peças, de bandas paralelas, que tanto dução: Jívaro.
lembram as talas de cestos trançados, e so- b) descarnada, com a pele,
bretudo o desenvolvimento contraditório en- crânio e cabeleira de tama-
tre a arte do oleiro (muito rudimentar) e a nho natural:
de decorador (tão elaborada) parecem apon~
1 - crânio não perfurado:
tar fortemente no sentido da juvenilidade da Mundurukú.
arte da cerâmica entre aquêles selvicolas. Jo- 2 - erâ nio perfurado:
vens oleirps, velhos artistas trançadores, os Naska.
marajouaras teriam transportado para o ele-
e) descarnado,· crâniiç limpo:
mento plástico os desenhos desenvolvidos
na matéria rígida das talas entrelaçadas 1 - sem perfuração: Pa-
.dos seus cêstos~ ( p. ix) . Vemos de tudo rintintin.
jsso que a interessante obra de Heloisa Al- 2 - com perfuração: Ti-
kuna.
berto Tõrres ~em tanta importância para a d) sem desossar, sem descar•
arqueologia como para o estudo dos índios nar, com perfurações: Hú-
do Brasil de hoje, estudo êsse em que a in - mahuaka.
fluência dos ornamentos do trançado sõbre
a arte de pintar e gravar já foi dem,onstraA B ,_, Parte da cabeça:
da por Max Schmidt nas suas "Indiancrstc-
dien in Zentral-Brasilien", Berlin 1905, p.
a) taças: índios do Cbace,
·Araukano, Inka.
-
.
I

374 e seguintes. (2095] b) escalpo: índios do Oiaco.


1lorres, Heloisa Alberto [209S]
Wagley, Charlu _ V

Contribuiçao para o estudo da proteÇ_ão The effects of depopulation upon social


ao material arqueológico e etnográfico no prganization as illustrated by the Tapira~­
Brasil. (Rev. S.P .H.N., n.º l; p. 9-~0. Indians. (Transactions of the Ne'V York
Rio de Janeirp 1937) academy of sclences, Ser. n. v. 3. n.• 1,
Enumera coleções e espécimes arqueoló- p. 12-16, 19i0).
gicos e etnográfico.'J existentes. em Museus Importante estudo sõbre as conseqUhldM
públicos e particulares do Brasil e trata do sociais de epidemias nessa tribo tupí ·.Jisitaqa
problema da proteção aos índios. [2096~ pelo aut<>r em 1939 e l9i0. (2099)
MANUAL BIBLIOGRÁFICO DE ESTUDOS BRASILEIROS 2S5

Wagky, Charlee W assênt Henry


O estudo de êxtase do pagé tupí. (Socio- Le Musée ethnographique de Gõteborg et
logia, IV, n.º 3, p. 285-292; São Paulo, l'oeuvre d'Erland Nordenskõild; avec une
1912). intf9duction de A. Métraux. (Rev. ins,t.
Segundo p autor, entre os Guajajara do etn. un. nac. de Tucumán, II, p. 233-262.
:&itado do Maranhão e os Tapirapé do DQ!:- 'Tucumán 1932. 6 figuras, 2 mapas. Biblio~
te de Mato Grosso, os médicos-feiticeiros grafia)
empregam os mesmos processos para cair O artigo enumera as tribos e regiões do
em transe, isto é, cantam chamando os sêres Brasil das quais o Museu de Gõteborg pos-
~brenaturais e engolem fumaça de tabaco sui coleções etnográficas e arqueológicas, e
até ficarem intoxicados. Por outro lado, a as bibliografias mencionam as publicaçõ~s
interpretação do transe difere nas duas tri- concernentes a essas coleções. [21021
bos •upí, pois, neste estado, o pajé guaja..
jara é· considerado como possu1do por um Wied...Newied, príncipe de
ser sobrenatural entrado no corpo clêle, ao vide
passo que o pajé tapirapé é tido como aba- Maximilian, príncipe de Wied-Neuwied.
tido na luta com Topy durante a cerimônia
do Trovãi~· Esta importante cerimônia é Williams, James
detalhadamente descrita pelo autor. Consi- The Aborigines of British Guiana aa«
derando os numerosos traços parentes uas their land. Anthrop. XXXI, St. Gabriel-
culturas das mencionadas tribos, surpreen- Mõdling bei Wien 1936, p. 417-432)
dem as diferenças radicais apontadas no Partes de algumas tribos da Guiana lm-
presente trabalho. (2100] glêsa vivem também n.o Brasil. (21011
Wassin, Henry
Williams, James
The frog in Indian mythology and ima-
ginative wor]d. (Anthrop., XXIX, p. 613- Grammar notes and vocabulary p f the
658, Wien 1934 . Biblfpgrafia) language of the Makuchi lndians of Guiana.
Esta monografia sõbre o papel místico da ( Anthrop. ling. blblio.. VIU, St. Gabriel-
rã e outros conceitos no tocante a ela re- Mõdling bei Wien 1932. 431 p.)
fere-se, frequentemente, a índios do Brasil. Essa tribo karaib vive na fronteira enh-e
r21ol] o Brasil e a Guiana Inglêsa. [2UMl

...

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