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A HISTÓRIA DO MARANHÃO
Por : Klaus Roger B. Cunha
SÉCULO XVI
ACOLÔNIA
Assunto polêmico, que ainda hoje divide opiniões: acaso ou conhecimento prévio da
manuscrito que lhe dera Vasco da Gama, em Lisboa, e não ouvira dele o conselho para que
navegasse mais para Oeste e escapasse das calmarias do golfo da Guiné? E Colombo já não
indicara o caminho, descobrira a América, embora pensando ter chegado às Índias? Há,
Atlântida, e de uma ilha misteriosa em meio do oceano, chamada Hy-Brasail. Por outro
lado,havia o interesse de tomar posse das terras que couberam a Portugal no “testamento de
Tordesilhas, de 1494), que dividia o mundo entre Portugal e Espanha. Assim, a 22 de abril
dias de viagem, pois partira de Lisboa a 8 de março, avistaram um monte muito alto e
redondo, a que deram o nome de Monte Pascoal. O Brasil havia sido “descoberto”.
Descobriu-se o já sabido; Cabral voltou a Portugal e deu seu recado ensaiado: - Terra à
cartagineses tenham visitado o Brasil em remotíssimas eras, é fora de dúvida que piratas de
região, como Diogo de Teive (1452), Gonçalo Taveira e João Vogado (1453), João Coelho
(1493), Alonso de Ojeda, Juan de La Cosa e Américo Vespúcio (1497), além de Juan
Vergara e Garcia Ocampo (1449 e 1500). Vale a pena lembrar o que um tal Johan,
bacharel, que ia na armada de Cabral, escreveu ao Rei: “Quanto, Senhor, ao sítio desta
terra, mande V. A. trazer um mapa-mundi que tem Pero Vaz Bisagudo e por aí poderá ver
Durante três décadas ficou ela esquecida, empenhado o rei D. Manuel em dilatar
suas conquistas no Oriente. Seu sucessor, D. João II, compreendeu a urgência de promover
a colonização, visto como seria perigoso deixar o desguarnecido Brasil à cobiça de tantos
que aqui nos interessam) a João de Barros e Fernão Álvares de Andrade que, associando-se
a Aires da Cunha, intentaram apossar-se dela, sem resultado. Eram lotes enormes, de cerca
de 350 km de largura, até à linha estabelecida pelo Tratado de Tordesilhas, interior a dentro
até algum lugar desconhecido. “Dez anos depois de criadas, as desordens internas, as lutas
sistema que o rei e seus conselheiros haviam optado por aplicar ao Brasil” (Eduardo Bueno,
“Capitães do Brasil”)
da Ásia”) não foi adiante; na primeira tentativa toda a frota de 10 navios, segundo a
História, perdeu-se nos baixios do Boqueirão, defronte da ilha do Medo. Contrariando essa
versão, ficou-nos a notícia da existência de uma cidade, chamada Nazaré, fundada pelos
sobreviventes do naufrágio, gente “que logo contraiu amizade com seus tapuias seus
Lavoura do Maranhão”. Quanto à Nazaré, se de fato existiu, não vingou; Bernardo Pereira
vestígios desse sítio, o que não impede que estudiosos do assunto afirmem ainda ser
verídica sua existência, esposando a tese de ter São Luís origem lusa e não francesa.
O segundo donatário do Maranhão, Luis de Melo e Silva, não foi mais feliz e,
que funda a cidade de Salvador - (BA) regime que vigorou até 1640, quando o Brasil foi
da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, por ele fundada a 1o. de março de 1565.
SÉCULO XVII
Desde 1594 Jacques Riffault estabelecera em Upaon-açu (ilha de São Luís) uma
feitoria, deixando-a a cargo de seu compatriota Charles dês Vaux, que havia conquistado a
amizade dos silvícolas, e tinha inclusive o domínio da língua nativa. Dês Vaux, indo à
França, provocou a vinda de Daniel de La Touche, mandado por Henrique IV numa viagem
de reconhecimento do terreno. Não obstante ter sido o rei assassinado nesse meio-tempo, e
menoridade de Luís XIII, concessão para estabelecer uma colônia ao sul do Equador, 50
de Nazaré).
construção do forte, chamado de São Luís, em honra ao rei-menino, o qual “posto que feito
de estacadas é forte por arte de grandes terraplenos, com seus baluartes altos e casamatas
com fosso de quarenta palmos de largo e dez de alto. (Alexandre de Moura, “Relatório” de
1616).
Sancy e François de Rasilly, Senhor de Aunelles e Rasilly, que financiaram a armação das
d’Abbeville, Arsene de Paris e Ambroise d’Amiens, dando início ao culto católico, muito
alcançaria seu paroxismo com os Jesuítas que, a serviço do poder real, apoiaria a escravidão
e, assassinando não só o corpo, mas a própria alma dos índios, implantaria o catolicismo
pessoais, e desculpem uns aos outros suas fraquezas, como Deus manda, e isso
- ordenamos que quem quer que se encontre furtando, seja, pela primeira vez,
aos bons costumes, relações mútuas, proteção de suas vida e honra, como à
mulheres dos índios, sob pena de morte, pois seria isso não só a ruína da alma
- ordenamos que se não pratiquem quaisquer atos desonestos com as filhas dos
colônia por espaço de um mês; da segunda, de trazer ferros aos pés por dois
julgarmos justo;
- proibimos ainda quaisquer roubos contra os índios, seja de suas roças, seja de
Frei Vicente do Salvador, na sua “História do Brasil”, diz que os portugueses, nas
culturas muitas vezes usando as mesmas covas dos índios. E quanto à violação das
sucessivamente: Ilha dos Tupinambás, Ilha das Vacas, Ilha de Nazaré, Ilha do Ferro e Ilha
de Todos os Santos. Por ignoradas razões, ou força do Destino, só vingou o de São Luís,
pouco acima de uma fonte de excelentes águas vivas e claras, cercada de árvores grandes
e copadas”.
do Maranhão, pois seu comércio, posto que incipiente, foi além dos produtos da indústria
de minas de ouro, prata e enxofre. Por outro lado, foi essa ocupação do território que abriu
os olhos à Coroa para a necessidade de promover a efetiva posse da Capitania, até então
desprezada.
Data dessa época a construção dos fortes de Itapari, Sardinha e Cahur, o Des Cahors dos
primeiros religiosos portugueses a por os pés no Maranhão, muito embora seja provável a
Melo e Silva, como era de praxe. No entanto foi daqueles que a História fez registro.
suas forças em duas colunas, cada uma com 70 soldados e 40 índios, assumindo o comando
Campos e a debandada foi geral. Quando os silvícolas, sob o comando do capitão Madeira,
portugueses dão apenas 10 mortos e 30 feridos como baixas, e entre os últimos, Antônio de
José de Morais assim descreve: “Foi fama constante (e ainda hoje se conserva por
tradição) que a Virgem Senhora fora vista entre os nossos batalhões, animando os
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dos dois lados à Europa, submetendo o litígio à decisão dos governantes de seus países,
Albuquerque tomar o forte de São Luís. Jerônimo, com tal reforço de tropas, falando ao
meses.
-200 franceses entregam, sem luta, o forte de São Luís. Há indícios de que La
Ravardiére, reagindo ao abandono que lhe votou o governo francês, haja negociado, por
2.000 cruzados, a entrega do sonho da França Equinocial aos portugueses. São dúvidas que
permanecem na História.
Pestana; Capitão do mar, Salvador de Melo; Capitão das entradas, Bento Maciel Parente;
Capitão de Cumã, Martin Soares Moreno; Ambrósio Soares, Comandante do forte de São
Felipe (o forte de São Luís teve o nome mudado para de São Felipe, em honra a Felipe II de
Espanha, a cujo reino estava sujeito Portugal, a partir de 1580, com a derrota do exército
da cidade de São Luís, para alguns, fundada pelos portugueses e não pelos franceses.
Minúcias de especialistas.
que se estendeu até 1824, com a nomeação de Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce,
- Bento Maciel sobe o rio Pindaré à procura de minas, sem resultado, e aproveita a
Bonfim.
parte do Brasil, conforme Carta Régia desta data. Compreendia o novo Estado, mais ou
menos, os atuais Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí e Ceará, os territórios de Rio Branco e
Amapá.
Ano de 1619 – 7 de novembro – Pelo Alvará desta data é o Estado do Maranhão separado
do Estado do Brasil.
Assume o governo Diogo da Costa Machado, conforme carta que lhe passou o
dois milhões de índios, de sorte que, segundo Roberto Simonsen, “em 1667 não havia mais
Estes colonos, que se supõe terem sido 200 casais, chegaram em duas levas: a
primeira, trazida por Manuel Correa de Melo; a segunda, no ano seguinte, por Antônio
que elegeu o primeiro Senado da Câmara, assim constituído: Presidente - Simão Estácio da
Silveira; Juiz - Jorge da Costa Machado; Vereadores – Antônio Vaz Borba e Álvaro
Ano de 1621 - Instala-se a primeira Câmara de São Luís, da qual Simão Estácio da Silveira
foi nomeado juiz. Parece-nos, portanto, que nesta data é São Luís elevada à categoria de
- Por essa época “vagavam pelas proximidades da cidade e das costas marítimas do
Para aplacar a ira de Deus, Diogo da Costa Machado levantou, à sua custa, a igreja matriz
(nas proximidades do futuro prédio do Hotel Central) e ajudou nas obras do convento do
Muniz Barreiros Filho governador, a título provisório, e a pedido de seu pai Antônio
Muniz, dando-lhe como assistente o padre Luiz Figueira, indicação mal vista pelos colonos,
SantoAntônio.
Lisboa.
Ano de 1625 – Chegam ao Maranhão o padre Lopo do Couto e um irmão coadjutor que,
em 1641, irão assinar, com Bento Maciel Parente, a ata de rendição aos holandeses.
Carvalho.
- Construção de pedra e cal do forte de São Filipe, “que era de faxina, obra de pouca
duração” e ficou perfeito, até com residência dos governadores, segundo César Marques.
Ano de 1627
Anindibá, ao patrimônio dos jesuítas; “Nesse local se ergueu mais tarde o Colégio de Nossa
Senhora da Luz, e junto dele a igreja da Companhia” (igreja da Boa Morte), diz o padre
Carvalho, de uma capitania na costa, “começando a medir da parte do rio Cumã para o
norte cinqüenta léguas, que é a repartição que Sua Majestade manda fazer das capitanias do
Estado do Brasil”.
Ele foi acusado de desviar verbas públicas e de ser responsável pelo assassinato de
Ano de 1636 – Jácome Raimundo de Noronha. Eleito governador pelo Senado da Câmara,
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1641.
colina do Convento de Nossa Senhora do Carmo, próximo aos muros da fortaleza de São
Filipe.
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disparar os canhões de bordo. Não obtendo resposta, dirigiu-se a Belém, onde naufragou,
conseguindo salvar-se alguns de sua comitiva, inclusive o pe. Luiz Figueira, Superior dos
Jesuítas. Assumiu então suas funções. Pede-lhe a Câmara que João Velho do Vale e Pedro
proibição que queriam que se estendesse a toda a geração do ex-Governador Bento Maciel,
Posto que estragassem pouco, destruíram tudo, como diz João Lisboa.
governo do Senado da Câmara, que o exercia pela morte de Teixeira de Melo. Governava a
Veiga, a do Maranhão.
Pádua, e às boas lembranças que tinha de sua quinta real, nos arredores de Lisboa.
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do Grão-Pará, Inácio do Rego Barreto, que fizesse partir de Belém uma expedição à
procura do famoso El-Dorado, fantástica região do rio do ouro ou do lago dourado, que
Ano de 1651 – Chega à fortaleza de Santo Antônio do Gurupá (Pará) a bandeira do mestrede-
Pela carta régia desta data é extinto do Estado do Maranhão e criadas as capitanias
independentes do Grão-Pará e de São Luís. Vê-se, pois, como eram contraditórias as ordens
autônomas.
Souza Pereira, e logo resolve fazer executar a ordem que trazia de por em liberdade todos e
quaisquer índios que até então fossem escravos, contando para isso com o apoio do padre
Antônio Vieira. Amotinou-se o povo, instigado pelo camarista Jorge de São Paio; o
governador pôs a tropa nas ruas e, afinal, por intercessão dos jesuítas, ficou acordado
com a assistência do desembargador João Cabral de Barros, examinassem caso a caso para
construção do Hospital.
Ano de 1654 - Junho – O padre Vieira prega em São Luís o célebre Sermão de Santo
Antônio, conhecido como o “Sermão aos Peixes”, no qual faz severas críticas aos
“Vêdes vós todo aquele bulir, vedes todo aquele andar, vedes aquele subir e descer as
calçadas, vêdes aquele entrar e sair sem quietação nem sossego? Pois tudo aquilo é
andarem buscando os homens como hão de comer, como se hão de comer”, e acrescenta,
falando aos peixes, mas dirigindo-se aos homens: “Não só vos comeis uns aos outros,
senão que os grandes comem os pequenos. Se fora pelo contrário era menos mal. Se os
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pequenos comeram os grandes, bastará um grande para muitos pequenos; mas como os
grandes comem os pequenos, não bastam cem pequenos, nem mil, para um só grande.”
Mercês, desaparecido.
25 de agosto – Pela Resolução Régia desta data são as duas capitanias reunidas
Bahia. O padre Vieira, consultado, respondeu ao Rei: “Digo que menos mal será um ladrão
que dois; e que mais dificuldades serão de achar dois homens de bem, que um. Sendo
propostos a Catão dois cidadãos romanos, para o provimento de duas praças, respondeu
que ambos lhe descontentavam, um porque nada tinha, outro porque nada lhe bastava.
Tais são os dois capitães-mores, em que se repartiu este governo. Baltazar de Souza não
tem nada, Inácio do Rego não lhe basta nada; e eu não sei qual é maior tentação, se a
necessidade, se a cobiça.”
16 de maio - Chega a São Luís, vindo de Portugal, o padre Vieira, trazendo nova
guerrear os índios aruã que, anos antes, haviam devorado os náufragos da expedição de
Pedro de Albuquerque.
viajou para lá, deixando o sargento-mor Agostinho Correa como governador interino da
- Foi por essa época que as Câmaras do Maranhão e Pará receberam a Provisão
gozavam os cidadãos do Porto, muito embora o padre Vieira achasse que o território não
isenções, etc.)
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descimento de índios, sob a direção do pe. Vieira. Reclamavam os colonos que as aldeias
dos jesuítas não eram missões e sim colônias, acusando os padres de serem donos de quase
todos os escravos resgatados nas missões e de não cumprirem a promessa “de que não
haviam de tirar lucro dos índios forros, nem com eles fabricar fazenda, nem canaviais, e só
tratariam da doutrina espiritual”. Mais uma vez os ânimos se exaltaram, o povo (sempre o
povo, este ser indefinido e sem rosto?!) “invadiu à força bruta o Colégio dos Jesuítas,
insultou-os e, arrancando-os dos seus próprios cubículos, lançou-os fora de sua habitação
usual.” Isto em São Luís, porque em Belém, após a procissão do Anjo Custódio, também o
povo invadiu o Colégio de Santo Alexandre, prendeu o padre Vieira e obrigou-o, com seus
irmãos, a embarcar para o Maranhão. Pedro de Melo, “governador apenas no nome”, nada
refugiados em Gurupá, acabou preso ele mesmo. Outra vez o povo libertou o procurador,
conduzindo os padres para Belém e mandou-os numa caravela para Portugal. Assim acabou
Ano de 1662 – 26 de março – Toma posse no governo do Maranhão Rui Vaz de Siqueira.
sentencia os presos (faz açoitar dois deles). Por fim mete-os todos num patacho com
Ano de 1663 – Nova epidemia de varíola, que fez grandes estragos, principalmente entre os
autorizando várias entradas nos rios e sertões do Amazonas. A que subiu o rio Urubu, sob
o comando de Antônio Arnau Vilela, acompanhado do frei Raimundo, das Mercês, deu-se
mal: os índios Caboquena e Guanevena deram cabo dela, só escapando o frade e mais uns
dois, o que deu motivo à vingança do governador: “tremendo foi o castigo infligido aos
bárbaros por este atentado”, diz C. Marques; e Berredo: “Ensoparam a terra com o sangue
de 700 selvagens mortos, aprisionaram 400, e fizeram baquear 300 aldeias envoltas em
turbilhões de labaredas!”
Os índios
Mas, quem eram estes índios tão selvagens? “Difícil é precisar-lhes as nações e
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tantas lacunas que só para alguns poucos grupos indígenas seria possível distinguir com
grupo tupi, além de outras, as seguintes: tupinambá, tabajara, caeté, etc., e ao tapuia: guaja,
gênio e tão viva inteligência; eram alegres e engenhosos, sóbrios no comer e bons
de seus haveres livremente; distribuem entre si tudo o que possuem e não comem nada sem
oferecer aos seus vizinhos” e o pe. José de Morais: destros por natureza e valorosos por
D’Abbeville acrescenta: “Ouvi de franceses, que com eles viveram durante dezoito e vinte
anos, que no passado eram muito mais liberais. O pouco que receberam dos franceses em
troca do que deram tornou-os finalmente avaros e desconfiados. E hoje nada fazem, nem
dão, sem antes ter recebido muito mais. Ainda assim é bem pouco o que desejam em troca
do que dão ou fazem. Por outro lado, nada se perde em ser liberal para com eles, pois não
deixam de reconhecer os favores recebidos e não são ingratos, nem gostam de ser
terreiro é para ganhar nome”... e Darcy Ribeiro: “tanto a guerra como a antropofagia
D’Abbeville, não faziam a guerra de conquista, para estender os limites de seu país, nem
para enriquecer-se com os despojos de seus inimigos, mas unicamente pela honra e pela
vingança, ressalvando o caráter epopéico de suas lutas. Simonsen diz que em 1655 existia,
80 aldeias.”
Perguntamos hoje o que deu à outrora enorme massa indígena a tão louvada
bens terrenos em detrimento do reino dos céus, cuja promessa só servia para justificar os
sofrimentos impostos aos miseráveis escravos e sagrar o direito dos ricos pela graça de
Deus. José Vieira Couto de Magalhães, estadista mineiro, presidente das províncias de
“Coitados! Eles não têm historiadores; os que lhes escrevem a história são aqueles que, a
pretexto da religião e civilização, querem viver à custa de seu suor, reduzir suas mulheres
catequese, que com mui raras exceções é inspirada por móveis de ganância, o que dá em
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resultado uma espécie de escravidão que, fosse qual fosse a raça, havia forçosamente de
eram de raça branca, e não sei que a história tenha conservado notícia de gente pior”.
haveria até 700 moradores portugueses, cuja riqueza consistia em ter mais ou menos
escravos índios, acrescentando que só restavam índios pelo Amazonas acima e que pela
costa deste Maranhão até Pará já os não havia, por terem os portugueses dado cabo
deles”.
Assim terminou este governo “tão cheio de grandes perturbações” e destituído “de
Ano de 1665 – Rui Vaz manda construir a igreja de São João Batista dos Militares, como
penitência pelo que havia feito a uma mulher nobre, casada, da qual lhe nasceu uma filha.
Maranhão, Francisco Coelho de Carvalho. A antiga questão afeta aos índios veio a
jurisdição a repartição dos índios feitas pelo juiz, as entradas unicamente decididas por ele,
acrescentando que “esta é e forma que se há de seguir e o estilo que convém se guarde
porque do contrário seguirá grande prejuízo a todos”. É fácil deduzir que logo haveria de
de seu filho do mesmo nome que, na capitania de Cametá, dispunha a bel prazer de todos os
também da ocasião para fazer o negócio não menos lucrativo do cravo”. (Aliás, vale
lembrar que, apesar das proibições régias, vedando aos cabos de tropas fazerem resgates
mesmas Câmaras [puxando a brasa para sua sardinha] que tais vantagens eram o único
perigos a que se expunham nas entradas, e que aos últimos eram-lhes insuficientes os
ordenados para atender aos gastos da viagem, sustentação do decoro de suas casas, brindes
que faziam aos índios, esmolas ao culto divino,etc., motivo pelo qual, a fim de evitar que
recorressem a meios ilícitos, justificavam fosse permitido dar-lhes 10% dos escravos que se
logo que viu findo o mandato dos vereadores, seguiu para Belém para vingar-se. Alertados,
porém, eles se esconderam nos sertões e o governador, frustrado, para não perder a viagem,
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Ainda a sempre presente questão dos índios deu início aos desentendimentos: ia a
conquanto ordenasse o cumprimento das leis de 1663 e 1667, praticamente justificou todas
Ano de 1677 – 29 de agosto - Avisado por um padre jesuíta de que, na noite seguinte,
quando estivesse assistindo a uma comédia, no convento das Mercês, nobreza e povo,
Pedro César foi o primeiro dos governadores a residir em Belém, desprezando São
Luís, sede natural do governo, “atraído pelas ganâncias do comércio muito mais
considerável então naquela cidade que em São Luís”, diz César Marques.
Neste ano foi estabelecido em São Luís o Estanco da Fazenda Real, aceito pelo
clero, nobreza e povo, convocados pelo governador em Junta Geral, pelo qual a Coroa
estancava o comércio, proibindo-o aos particulares, e faria, por sua conta, todo o negócio
recebendo em troca as drogas e produtos do País. Dois anos depois foi extinto, pois “só aos
catedral e Sé do Bispado. Frei Antônio de Santa Maria, capuchinho, eleito bispo, renuncia
nomeação, “ou por ser ele bastardo e mameluco, ou por outros defeitos que lhe assacou”,
segundo César Marques, pelo que o governador prendeu-o e deportou-o para o forte de
sedições e alvoroços.
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Ano de 1679
indomáveis índios Taramambeses”, diz Marques, e conta que, “protegidos pelas sombras da
morte não escaparam nem as mulheres”, diz Bettendorff; à vista de que não lhes restassem
esperanças, batizou-os todos, “com o que escapariam do fogo do inferno e iriam gozar no
sobre dois bancos, postos à boca de duas peças carregadas de bala, e pondo-se fogo a
ambas ao mesmo tempo voaram em um fechar de olhos pelos ares feitos em pedaços”. Não
satisfeitos ainda, a esta carnificina judiciária seguiu-se a guerra que lhes moveu Vital
descuidados, sendo tal o furor dos assaltantes que não perdoavam a sexo nem a idade”.
Mas, a tropa, chegada a São Luís “foi logo à igreja matriz dar graças a Deus e à Virgem
Ano de 1679 – 11 de julho – Toma posse nosso primeiro bispo – D. Gregório dos Anjos,
Carta Régia desta data ordenava que, como da devassa não resultara culpa,
cidade. Não obstante isso, foi antipatizado por todos por seus modos ásperos, não
jurisdição de Pernambuco.
Ainda a bordo, Sá de Meneses promoveu uma reunião com Pascoal Pereira Jansen
(que com ele viera), Antônio de Souza Soeiro, procurador da Câmara, Manuel Campelo de
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Andrade, juiz de órfãos e Jorge de Sampaio, vereador, para instalação do Estanco, sob a
presidência de Pascoal Jansen, o que foi feito no dia seguinte: reuniu-se a Câmara, e o
garantir a freqüência dos navios, ao menos de um por ano. Se o primeiro foi mal recebido,
sendo oficial, quanto mais este, instituído em benefício de particulares e que, estendendo-se
a toda a sorte de gêneros, vinha matar de vez toda a iniciativa dos da terra. Ademais, que o
governador declarava “ter ordens de Sua Majestade para estabelecer o Estanco, quer
quisessem quer não”, ameaçando meter no mesmo navio em que viera alguém que, por
- Sá de Meneses ergue em Itapecuru uma casa forte que chamou de Santo Cristo da
- “Os escravos não vieram, nem em número, nem pelo preço acertado; os gêneros
eram de má qualidade e até mesmo estragados; havia uma cotação para a venda e outra
para a compra; os navios escasseavam e a Companhia roubava nos preços, nos pesos e
empresa. Por outro lado, se o poder executivo comerciava (e esta era prática constante
desde os primeiros tempos, apesar das reiteradas proibições), o eclesiástico não ficava
atrás e adiantou-se na pessoa do bispo D. Gregório dos Anjos que, juntamente com Sá de
Meneses, atirou-se, sofregamente, ao lucrativo comércio do cravo, não obstante ser isto
Manuel Beckmam, português de nascimento mas, ligado, como vereador que fora, aos
negócios da terra, respeitado e estimado por suas atitudes corajosas que já lhe haviam
custado um desterro.
Escravidão Negra.
Embora Artur Ramos afirme existirem escravos negros no Brasil desde 1531, no
Maranhão sua importação começou com a primeira Companhia de Comércio, neste ano de
1682. Não obstante haver escravos negros nas lavouras de algodão, cana-de-açucar e arroz,
no Pindaré, Itapecuru e Mearim, foi o padre Vieira quem encareceu à Coroa a necessidade
de sua introdução em larga escala, propondo (para os colonos, que os padres continuaram
com os índios ainda por muito tempo) a troca do elemento autóctone pelo africano, “que já
mercadoria (opinião desposada também pela Igreja, pela maldição de Caim condenados a
ser “o servidor dos servidores de seus irmãos”) e de cujo comércio muito lucrativo
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participavam reis, nobres e até filósofos como Voltaire, constituindo “o mais importante
Pode-se considerar, porém, que foi com a nova Companhia Geral do Comércio do
Grão Pará e Maranhão, em 1757, que se organizou a rota negra da Amazônia e que os
e Pará, segundo Manuel Nunes Dias, e Roberto Simonsen calcula que 3 milhões e 300 mil
Costa dos Escravos e das ilhas portuguesas de São Tomé e Príncipe, aqui chegaram
angolas, congos, fanti-ahantis, nagôs, jejes, etc., englobados sob a denominação de minas
(as mulheres vindas principalmente do forte de São Jorge de Minas), para se tornarem os
formação de nossa identidade e nossa alma. Vinham, 300 a 500 fôlegos vivos, amontoados
no fundo dos porões infectos dos “tumbeiros” e, se na viagem a mortandade chegava a 25%
dos embarcados, sua vida últil e produtiva nos engenhos e fazendas, sujeitos a castigos e
torturas no tronco, nas gargalheiras, nas correntes, nas surras de chicotes de couro cru, etc.,
não ia além de 10 anos. Como disse o pe. Vieira: “Ah, fazendas do Maranhão, que se esses
mantos e essas capas se torcerem, haviam de lançar sangue”; Vicente Pires: “Sem a costa
da África o Brasil não teria negros, sem negros não se plantaria cana e faria açúcar e sem
açúcar não haveria Brasil” e Caio Prado Júnior: “O algodão, sendo branco, tornou preto o
Maranhão”.
vícios e crimes”, diz com razão o Arcebispo da Bahia; o corrompimento se dando pela
destino. Joaquim Nabuco reconhecia não ser o mau elemento da população a raça negra,
Em São Luís, a Casa das Minas, fundada por Nan Agotimé, viúva do rei
Agoingolo de Damomé e a casa das Nagôs, fundada por Josefa (ambas entradas no
expulsou os jesuítas, donos de outro monopólio: o dos índios. Vitória rápida e completa; o
verdadeira revolução popular, tanto nos seus intuitos, como na própria maneira como
possuía”, diz Barbosa de Godóis. Tratou Bequimão de obter o apoio de Tapuitapera e Pará,
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assuntos como o de proibir mantas de seda às mamelucas; tão despreocupados que só dez
o ambiente hostil e Tomás Beckman, irmão de Manuel, ao chegar a Lisboa foi posto a
A debandada foi tão grande que a cidade ficou deserta, dizem os cronistas. Gomes Freire
publicou um bando concedendo perdão aos revoltosos, com exceção dos chefes. Bequimão
escondeu-se mas, graças à traição de seu filho de criação, Lázaro de Melo, foi preso, e
condenado à morte.
Sampaio. Francisco Dias Deiró sofreu a mesma pena, porém em efígie, isto é, em retrato,
abnegação e amor extremado pela causa pública, aparece na história dos nossos tempos
coloniais como um vulto gigantesco, que pasma ter vivido num tempo em que a tirania da
(Jorge de Sampaio é esquecido por ter, ao que se depreende, feito jogo duplo:
movimento).
Pascoal Jansen pouco aproveitou das riquezas ilicitamente adquiridas, sendo seus
corte de árvores novas de cravo por 10 anos, e que só se mandassem ao Reino três a quatro
permanecesse no governo “pelo tempo que vos for possível”, embora já estando nomeado
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que em que foi à matriz, ouvir o Te-Deum, recusou-se Freire a ir sob o pálio, com o seu
Ano de 1688 – 12 de março – Carta Régia manda tomar severas medidas para impedir a
dilapidação, inclusive por religiosos, das salinas de Maracanã, no Pará. (C.R. de 12-3-
1688).
autoridade para fazer o mal” (Baena, Compêndio das Eras), Sá de Meneses fez edificar
nova igreja na Capitania de Icatu,; uma entrada pelo Amazonas até o Rio Negro, que
resgatou grande quantidade de índios; também descobriram-se minas de ouro no rio Urubu
e de prata em Jatuna, pelo que foi criada em Belém uma fundição de metais.
seu pai, de mesmo nome, governador de 1667 a 1671. Fez construir de pedra e cal a
fortaleza da Ponta de João Dias (Ponta d’Areia) e outras em Joanes e Gurupá, dada a
terra dos tapajó e iruriz; e aos índios abacaxi até os rios Negro e Madeira.
Ano de 1693 – 2 de novembro - Carta Régia ordena ao governador que só permita tais
Brasil.
reais, mandando a Coroa que sejam seqüestrados seus bens caso não justifiquem
convenientemente a recusa.
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- Epidemia de varíola trazida por um navio negreiro e que se estendeu por todo o
Estado, fazendo mais de 200 vítimas, entre as quais o Provedor-mor Guilherme Rodrigues
Bravo.
preservação de seus domínios, ante a descida dos castelhanos pelo Amazonas até as terras
que reprimisse as sátiras aos Ministros e ás autoridades, as quais ofendiam do púlpito com
palavras escandalosas.
bispo que soltasse os presos. Respondeu este com a leitura acintosa e todos os nomes dos
condenados, feita numa missa festiva na Sé. O Conselho da Coroa ordenou a soltura dos
que, sem criados, ia ele mesmo buscar água na fonte próxima, desde então apelidada “a
fonte do bispo”. Então mandou pregar-lhe portas e janelas. Seguiram-se atos de violência
Convento do Carmo, em Belém, por haver recorrido da sentença de interdição de sua igreja,
que o bispo dera por poluída por abrigar o corpo de seu desafeto, o Ouvidor-geral. O Juiz
aos confrontos físicos através de bandos de cacetistas, que se enfrentavam nas ruas, com
escândalo público. Ao próprio Rei, que lhe condenara os atos, respondeu que o assunto não
lhe competia, sendo de natureza estritamente religiosa. Inconformado, viajou para Lisboa,
mas não foi recebido por D. Pedro II; tão constrangedora tornou-se sua presença que se
recolheu à sua quinta em Setúbal, sem sequer nomear procuradores para acompanhar o
processo.
Ano de 1699 - Sentindo-se doente, Antônio de Albuquerque pediu demissão, vindo para
São Luís Fernão Carrilho, seu lugar-tenente, mas que só alcançaria o governo no ano
seguinte.
Ano de 1700 – 4 de março – Pelo Tratado Provisional desta data têm fim as usurpações do
24
SÉCULO XVIII
Ano de 1702 – 8 de julho – Toma posse D. Manuel Rolim de Moura como governador do
Maranhão.
enquanto o ex-governador parte para São Luís a fim de retornar ao Reino. Intrigantes de
São Luís informam a Molina que Rolim articula um movimento para sua deposição; viaja
para São Luís com o Ouvidor-geral e manda-o abrir devassa contra os pretensos
conjurados.
governador, recebendo o governo, por ordem expressa do Rei, diretamente das mãos de
Manuel Rolim de Moura. Costa Freire anula a devassa, solta os presos e demite Molina do
cargo de Capitão-mor do Pará; intenta por em execução a Carta Régia de 1705, que dava
liberdade aos índios, mas, diante da reação dos colonos, ao contrário, arma uma tropa de
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Ano de 1709 – 5 de março – A Câmara oficia à Metrópole dizendo “que o fim deste
capitão-mor (João Velasco de Molina) era destruir os privilégios dos cidadãos desta
Capitania, que eram iguais aos do Porto, pois mandou prender em pública e estreita
enxovia fechada os juizes ordinários, o juiz de órfãos e três capitães (...) tudo por ódio e
caprichos particulares”.
Câmara.
do Distrito dos Cambeba, e fizera 15 prisioneiros, entre os quais o jesuíta João Batista
Ano de 1715 – Provisão do Conselho Ultramarino manda que a Capitania de São José do
desejosos os moradores da Capitania “de o querer sofrer por mais outro triênio”, conforme
- Data deste ano o célebre “Processo das Formigas”, movido pelos frades
26
agosto.
Câmara.
- Não obstante mereça os maiores encômios como intelectual, autor dos “Anais
sobre uma colina, no cabo do mesmo nome, à margem esquerda do rio Bacanga, fronteiro a
São Luís.
Ano de 1719 – 4 de março – A Bula de Clemente XI eleva o Pará a Bispado, sendo seu
Lisboa.
Sargento-mor Francisco de Melo Palheta de, “com todo o disfarce e com toda a cautela”,
roubar um par de grãos de café de algum jardim ou roça da Guiana Francesa, aonde fora em
- Logo nos primeiros dias de seu governo representou à Sua Majestade, dizendo
“ser-lhe impossível o sustentar-se nesta Capitania com o soldo de seis mil cruzados,
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necessitando valer-se dos gêneros do reino para com eles comprar o preciso ao seu
sustento, e de sua família”, razão por que pedia que lhe fosse permitido “mandar ir de
Portugal 300 a 400$000 empregados nestas drogas”, o que lhe foi deferido, obrigando-o,
porém, a apresentar ao Conselho Ultramarino a relação dos gêneros com seus respectivos
preços.
- D. João V exige dos povos o donativo voluntário “para aliviar o Erário dos
grandes empenhos contraídos com as despesas dos casamentos dos príncipes portugueses e
espanhóis”.
Ano de 1724 – 18 de agosto – O governador ordenou que, sob pena de prisão, só fosse
usado o fio em meada e trouxesse o pano o nome do tecelão, para evitar o costume já
generalizado da fraudação da moeda (que era o novelo de algodão) recheando-a com trapos
estrada aberta por Pedro Teixeira, um século antes, e que ligava São Luís a Belém.
Também como de costume governador e bispo entram em divergência, por haver este
Ano de 1727 - Palheta exorbitou a ordem de João da Maia, trazendo cinco pés da planta e
mais de mil frutos. Iniciou-se, pois, no Maranhão a cultura do café no Brasil, tornando-se
proteger ladrões.
Ano de 1731 – 11 de dezembro – Carta Régia desta data ordena que sejam pagas, em
cravo, cacau e salsa, côngruas (pensão) aos cônegos, para seu sustento, conforme haviam
pedido.
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com os pais pela melhoria da criação e educação das crianças, recomendando à Ouvidoria
fossem evitados “pleitos de origem e fins poucos confessáveis”; proibiu a flagelação dos
penitentes nas igrejas, quinta e sexta-feira santas, e o andarem pelas ruas cidadãos
Ano de 1736 – 30 de março – Falecendo José de Serra, foi substituído pelo Capitão-mor
João Alves de Carvalho. Disputaram o cargo o Ouvidor-geral, Dr. José Monteiro de Souza
Ano de 1737 – Provisão Real de 13 de maio deste ano estabeleceu que, vagando-se a
29 de agosto – Toma posse João d’Abreu Castelo Branco e encontra em São Luís,
parece que, pela primeira vez, duas Câmaras, ambas em exercício: uma protegida do
Capitão-mor; outra, pelo Ouvidor-geral, costume que, no entanto, várias vezes se repetiria
Cruz.
e 2 mestres de cerimônia.
ação de graças pela aclamação de D. João V ao trono português, foi apenado por seu
superior; este apelou para a Câmara que ficou a favor dele. D. Manuel responde que eles
camaristas cuidassem de suas obrigações e não interferissem no que não era de sua conta.
Goiás, questão solucionada pela Coroa, que deu razão aos paulistas.
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Ano de 1743 – A Irmandade de Nossa Senhora da Conceição inicia, num largo, na rua
Mulatos, que somente seria concluída em 1662! Arruinada e reconstruída várias vezes,
objetivos científicos.
Ano de 1747 – 14 de julho – Toma posse o bispo D. frei Francisco de São Tiago.
Mendonça Gurjão. Preocupou-se de início com o problema dos índios, recomendando tratálos
com muita brandura para chamá-los ao grêmio da igreja, o que contrariava os padrões
da época.
amoedado de ouro, prata e cobre, em substituição aos rolos de algodão e abate-se sobre a
os escravos.
Ano de 1749 – Realizam-se brilhantes festejos para comemorar o título de Fidelíssimo que,
em 23 de dezembro, o Papa Benedito XIV deu ao rei D. João V e aos seus sucessores.
Ano de 1750 – 31 de julho – Ascende ao trono português D. José I, tendo como Primeiro
Ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, mais tarde o famoso Marquês de Pombal.
absolutos para atender o interesse dos povos, abolindo o prestígio, até então vigente, da
nobreza e do clero, que passaram a ser perseguidos. O Rei, pela mão de Pombal, extinguiu
julgar os crimes contra a fé, extirpar os herejes, os judeus e os infiéis, responsável por
15.000 pessoas queimadas vivas e 25.000 mortas nos cárceres, só em Portugal (e tudo em
para a Coroa as capitanias hereditárias ainda existentes; reforçou a defesa militar; cerceou o
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Estado a porta para um caminho de progresso que o levaria à fase áurea de toda a sua
probidade, diz Meireles, citando Rocha Pombo. A Câmara , louvando muito o seu governo,
pediu ao Ministério um retrato dele “por ser esta a única maneira de patentear seu apreço
apreciações de Jacomme Ratton, de Londres, que o acusam de violento com as partes que o
da Capitania do Maranhão, o Coronel Luís de Vasconcelos Lobo, que viria a falecer no ano
Delgado, carioca, Faustino da Fonseca Freire e Melo, baiano, Silvestre da Silva Baldez e
para Lisboa, sob a acusação de que a Fazenda Real no Maranhão “se achava em poder
de cinco aves de rapina americanas que tinham nas unhas todo o seu veneno”. Faleceram
todos na prisão do Limoeiro, sem nada ficar provado, tudo por causa de uma denúncia de
que contrapõe Rocha Pombo: a sindicância apurou o desfalque de 5.000 cruzados (apud
Mário M. Meireles).
que para Marques era homem virtuoso e de bons costumes, enquanto Ferreira dos Reis
diz que criou incidentes com o próprio Governador-Geral, não tendo o necessário equilíbrio
no cargo.
Ano de 1753 – 1o. de julho – Carta Régia desta data indefere o pedido dos habitantes do
Maranhão para serem dispensados do tal donativo voluntário, alegando serem os mais
miseráveis de toda a América, sob o fundamento de ainda não ter sido completada toda a
quantia pedida.
Rio Negro, Grão-Pará, Maranhão e Piauí , cada qual com seu governador, subordinados a
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Pereira Lobato e Souza. Entre outros atos do novo dirigente contam-se a abertura da
Estrada para a Estiva e o início do Canal de Arapapaí, obras que fez às suas custas; a
jesuítas. Foi ele ainda, segundo César Marques, que mudou o nome da Capitania de Cumã
para o de Alcântara, com grande pesar dos moradores que queriam conservar o primitivo
criação das de São José de Ribamar (5/8/55), São João de Côrtes (4/10/55), e Lapa e Pias
Ano de 1755 –Mais uma vez desentenderam-se Governador e Bispo por causa de um boato
sobre a descoberta de uma mina, obrigando a Corte a proibir que aqui se fizesse qualquer
– 11 de abril – Toma posse, por procuração, o bispo D. frei Antônio de São José.
Ano de 1759 – Terceira expulsão dos jesuítas, agora não só do Maranhão, mas do Brasil e
de todo o reino.
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Deu-lhe o tio muitos conselhos, contidos numa carta que ficou célebre e entrou
para os anais da História, entre os quais: 1) engana-se quem entende que o temor com que
se faz obedecer é mais conveniente do que a benignidade com que se faz amar; 2) quem
governa, se não pode conservar a saúde do corpo misto da república, por causa de um
membro podre, justo é cortá-lo para não contaminar a saúde dos demais; 3) é injúria do
poder usar da espada da Justiça fora dos casos dela. (e aqui faz a ressalva: duvido se há
quem saiba executar estas virtudes.) 4) quase todos os que governam querem que os
lisonjeiem, e sempre ouvem com agrado os elogios que lhe fazem; desta espécie de
inimigos em toda a parte se encontram; aparte-os de si como veneno mortal; 5) não altere
cousa alguma com força, nem com violência, pois é preciso muito tempo, e muito jeito ,
desterrar abusos, seja com muita prudência e moderação, que o modo vence mais do que o
poder; 6) observe estas três cousas: prudência para deliberar, destreza para dispor e
perseverança para acabar; 7) são os criados (que aqui podem ser tomados por secretários
quando são fiéis; se não são como devem ser, participam para fora o que sabem de dentro
e depois passam a dizer dentro o que se não sonha lá fora; 8) não aceite por mão deles
petição ou requerimento para que não aconteça que, à sombra da súplica, que vai despida
com previdência dois ouvidos, seja um para ouvir o ausente e o outro para o acusador; 10)
toda a república se faz mais de pobres e humildes que de ricos e opulentos; conheça antes
a maior parte do povo por pai, para o aclamarem defensor da piedade, do que a menor,
por protetor das suas temeridades para se gloriarem do seu rigor; o superior deve mandar
castigar, que para isso tem cadeias, ferros e oficiais que lhe obedeçam; mas nunca deve
injuriar com palavras e afrontas, porque os homens, se são honrados, sentem menos o peso
Ano de 1763 – 14 de setembro – Fernando da Costa Ataíde Teive faz um governo sem
expressão.
autônomos: Grão-Pará, com a capitania de Rio Negro; Maranhão e Piauí, com São Luís.
Pereira Caldas. Andavam por este tempo à matroca as repartições públicas, agindo os
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funcionários a esmo, por conta própria, a tal ponto de não haver, por vezes, nas colônias,
uma única cópia das leis em vigor; o que propiciava atitudes como a de Pereira Caldas, que
levou consigo todos os documentos de seu tempo a fim de que não ficasse vestígio de sua
Ano de 1773 – Posta fora da lei em Portugal, o Papa Clemente XIV, atendeu a instâncias
Ano de 1775 – 29 de julho –Toma posse Joaquim de Melo e Póvoas do governo do Estado
do Maranhão. De “gênio ativo, ordeiro e trabalhador”, nos seus dois governos mandou
construir os fortes de São Miguel (no lugar do de São Filipe), São Marcos e São Sebastião
vermelho, da terra; José Carvalho inaugurou um pilador de arroz, que então se chamava
“fábrica de soque”; e Melo e Póvoas fez vir de Lisboa maquinário para a instalação, no rio
Anil, de um fábrica de anil. Foi também Póvoas, neste segundo período, quem ordenou a
Ano de 1776 – Construída da igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na rua do
Egito.
Ano de 1779 – 21 de setembro – Toma posse por procuração o bispo D. Jacinto Carlos de
Oliveira que, logo, em 8 de agosto de 1780, sem vir ao Maranhão, renuncia ao cargo.
Magistratura, mandando encarcerar camaristas e o Juiz de Fora. Tanto fez que a Rainha D.
Maria mandou o Ouvidor tirar devassa de seu procedimento, a qual, como as demais
devassas, não deu resultado algum. Mas, diga-se a seu favor, que aplicou o saldo de 29
Ano de 1781 – 5 de junho – Toma posse o bispo D. frei José do Menino Jesus e, sem vir à
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Ano de 1782 – D. Lourença da Cruz Pinheiro faz erigir, no Caminho Velho da Madre de
Igreja de São José da Cidade, que depois se eternizaria como Igreja de São Pantaleão, mais
Governador foi comunicar para a Corte não haver encontrado nesta Capitania ordens,
desinteligência esta provocada e exacerbada pelo bispo, com os versos ferinos e sarcásticos
que despropositadamente dirigia aos que lhe eram adversos. Depois de agravos de parte a
parte, a Coroa repreendeu o bispo e mandou que o Ouvidor fizesse cumprir a lei. Foi ao
tempo em que houve novo surto de varíola e foi concluída a estrada da Estiva com a
Santaninha.
Ano de 1787 - 17 de dezembro – Fernando Pereira Leite de Foios, por apelido O “Cavalo
Santiago Maior, na rua das Crioulas (Cândido Ribeiro), num largo que, por isso, passou a
substituição dos uniformes, reduzidos a molambos. Leite de Foios manda prender o cabeça
que privavam o bispo de algumas regalias, como a apreensão de seu cavalo, proibição de
- César Marques queixa-se de que Fernando de Foios “não deixou registro algum
de sua correspondência oficial, sendo impossível saber-se diretamente o que ele por aqui
fez”.
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Ano de 1791 – O Estado se divide em duas Capitanias autônomas: Maranhão, com capital
considera “um dos mais imbecis governadores que teve o Maranhão” e César Marques
admira-se que “viesse de Portugal para presidir os destinos desta Capitania um homem tão
néscio, estúpido e pedante como este”. E para confirmar este conceito basta dizer que ele
foi, o mais ingenuamente possível, enganado pela lábia de um negro fugido, Nicolau,
- Carta Régia manda excluir dos Senados das Câmaras os naturais de Portugal.
Ano de 1794 – 3 de agosto – Partem de São Luís 2.000 homens sob o comando do tal
Achuí, que, depois de andar tontamente pelos matos, voltaram à capital, sem nada achar,
de filosofia alegando que “estudos superiores só servem para nutrir o orgulho próprio dos
habitantes das colônias à metrópole”. Todavia teve bajuladores aqui e grandes protetores
em Lisboa: a Câmara pretendeu apor seu retrato na sala das sessões e a Coroa deu a isso o
seu beneplácito! Foi ele quem mandou construir o quartel do Campo de Ourique, no qual
tanto dinheiro foi gasto, que levou a rainha D. Maria I a perguntar se nele havia portas de
Cruz e de São João, a Igreja de Nossa senhora de Santana. (Não confundir coma Capela de
comércio no Estado.
Ano de 1798 – 13 de janeiro – Decreto desta data nomeia D. Diogo de Souza para governar
o Maranhão. (Mário Meireles nomeia-o, por extenso: D. Diogo Martin Afonso de Souza
Teles de Meneses).
governo, e do Ouvidor João Pedro de Abreu e o Coronel Anacleto Henrique Campos, pelas
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autorizava-o a vir beijar a mão real; e ainda nomeou-o para Governador de Angola! Mais
disparando mais de 20 tiros sobre ela, aprisionam, na baía de São Marcos, a sumaca “Nossa
obrigando o governador Lobato a enviar para ali 4 peças de artilharia por mar e 30 soldados
por terra.
lhe não diziam respeito, como, desviando-se de suas obrigações, escrever para o reino para
sapateiro pobre, que faltara ao compromisso de entregar uns sapatos à sua amante em
determinado dia, mandou prender e açoitar sobre uma peça, no Baluarte. Pois, apesar disso
viveram os governantes felizes e tranqüilos, e até quase livres de desmandos, pelo que lhe
chamou “mestre de governar”! como comenta César Marques. Verdade que Diogo de
intendente”, pelo que ordenara ao Ouvidor abrisse devassa, “não só para o desafrontar
como também porque a História ensina que o primeiro indício das revoluções é o pouco
respeito que se presta às pessoas encarregadas dos cargos públicos”. Diga-se ainda a seu
favor que mandou abrir aulas de português, latim e gramática, em São Luís, e de latim, em
sugerir fosse feita vacinação contra a varíola, que de 1799 a 1802 havia vitimado 20% da
população, ou 20.000 pessoas. Também no seu governo, que se estendeu até 1804, foi
que o bispo D. Joaquim dispensasse dos banhos o casamento de sua filha com o exgovernador
Noronha, o que, naturalmente, lhe foi negado. O Coronel, sob algum pretexto,
posteriormente considerado válido, apesar de devassa feita, indo a dama para Lisboa
SÉCULO XIX
Ano de 1801 – Epidemia de cólera morbo faz centenas de vítimas, inclusive o bispo D.
Antônio de Saldanha da Gama, em lugar de Aires Pinto de Souza, que não aceitou sua
nomeação. Saldanha da Gama disse ao Rei que D. Diogo de Souza havia “reduzido ao
estado de tranqüilidade e sossego a Capitania, por muito tempo assolada por faccões e
Tulhas”, que, a partir de 1820, passou a existir como órgão público e erguida a “nova”
Ermida de Nossa Senhora dos Remédios, na Ponta do Romeu, substituída pela atual.
significando mestiço, mulato, a que o diminutivo não ameniza, antes reforça) foi mais um
arrendatário José da Costa Oliveira, nada mais fazendo que “dar ouvidos a intrigas e
maledicências que ele próprio alimentava”, de comum acordo com a Câmara, conforme
provado pela devassa feita, que “excluiu da governança da capitania por inábeis para mais
servirem de vereadores ou alguns cargos dela”, Sebastião Gomes da Silva Belfort, José
descobrisse ao passar em frente do palácio e foi acusado de ser partidário de Napoleão, pois
seu sogro, o General João Forbes era amigo de Junot (que invadira Portugal obrigando a
fuga da Corte para o Brasil) pelo que desarmara os fortes e espalhara a artilharia pelo
interior, apesar de advertido para estar alerta contra possíveis incursões de franceses,
espanhóis e holandeses, agora inimigos. Além do mais, entretinha íntima amizade com
Dionísio Rodrigues Franco (“O Filosofia”) e Antônio José da Silva Pereira (“O Físico”)
tidos como simpatizantes da causa francesa, “sem nenhum rebuço”, diz Marques,
acrescentando que “ameaçava com prisão, ferros e extermínios e tinha por sistema político
quando queria perseguir os outros”. Por último intimou o Ouvidor José Patrício Diniz da
Silva e Seixas a embarcar para São Bernardo do Parnaíba, um lugar inóspito sem mesmo
dar-lhe tempo de prover-se do necessário a viagem tão longa. Registre-se, porém, que
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de Lisboa, a atirar ainda sobre o último navio português. A mudança da Família Real teve
pouca repercussão em nosso Estado, estranhando D. Francisco de Paula e Silva, nos seus
Ano de 1808 – D. João VI declara abertos os portos brasileiros às nações amigas, o que
de Menezes, “outro déspota”, na opinião de Ribeiro do Amaral, que mal aconselhado pelo
padre Leonardo, seu capelão, suspendeu e aprisionou o Governador do Piauí Carlos César
Burlamarque e tantas fez que acabou demitido em 24 de novembro de 1810, com ordem de
regressar à Lisboa.
– Chega ao Maranhão, não se sabe porquê, Joaquim Silvério dos Reis, o delator
sendo sepultado na igreja de São João. Reforma realizada por religiosos alheios à nossa
História destruiu o túmulo que ficava no ossuário, à esquerda de quem adentra o templo.
Ano de 1811 –24 de maio – Assume o governo uma Junta Provisória composta pelo Bispo
D. Luís de Brito Homem; Bernardo José da Gama, Juiz de Fora; e Felipe de Barros e
Vasconcelos, Intendente da Marinha, “a qual nada fez que mereça menção, a não ser a
Maranhão”, limitado ao território mais ou menos atual, sem a antiga ligação com o Pará.
Perde ainda o forte e velho vínculo com Lisboa, pois com a vinda da Família Real para o
Rio de Janeiro e elevação do Brasil a Reino Unido de Portugal, ficou submetido ao novo
Curuba” (Permanece até hoje o costume, muito peculiar ao povo do Maranhão, de botar
apelido em todo mundo.) Este governador passou a ser assim chamado por sofrer de sarna
(escabiose). Advirta-se aqui que seria ele, no Império, o primeiro Barão de Bagé; o
segundo, seu filho, de mesmo nome, casado com Maria Luísa do Espírito Santo, filha de
José Gonçalves da Silva, “O Barateiro”, que para ela instituiu o Morgado das Laranjeiras,
partidos, unindo-se a alguma das principais pessoas do país, que por terem pleitos e
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ao mesmo tempo em que acoimava de “gênio incapaz de estar quieto, sempre propenso às
revoluções” o Ouvidor Dr. José da Mota; e “louco, imprudente e malcriado” Dr. Bernardo
José da Gama.
- Neste ano visitou o Maranhão o viajante inglês Henry Koster que, no livro que
publicou, “Viagens no Brasil”, escreveu: “As principais riquezas da região estão nas mãos
de escravos e ainda são comerciantes. Fui apresentado a muitos dos mais prestigiosos
pelo plantio de algodão. Possui 1.000 a 1.500 escravos.” Hóspede de respeitável família
de São Luís, ficou numa “tolerável sala, ornada com grande leito e três bonitas redes
pelo jogo pode ser facilmente explicado no pequeno ou nenhum gosto pela leitura e
Ano de 1812 – 24 de janeiro – Aldeias Altas é elevada à categoria de vila com o nome de
- Com a mudança da Corte para o Brasil, foi revogada a legislação que dava
Ano de 1814 – O Papa Pio VII restaura a Companhia de Jesus em todos seus direitos e
privilégios.
piocobojé.
O Maranhão deixa de ser Estado Colonial e passa a ser Província, e só então passa a receber
Ano de 1817 – Inaugurada a igreja de São José da Cidade, depois igreja de São Pantaleão,
no bairro do Gavião.
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toma posse Bernardo da Silveira Pinto da Fonseca, que seria nosso último Governador e
Capitão-General. Conforme a praxe, foi apelidado de “O Dente de Alho”, por ter um dente
incisivo saliente.
Não foi nada auspiciosa a chegada do novo governante: a corveta que o trouxe,
apesar de chamar-se “Voador”, encalhou nos baixios da Coroa Grande, perdeu o leme, as
dias e obrigando-o a desembarcar nas praias de Ribamar e entrar por terra na cidade.
deve-se atender às suas intenções, e à responsabilidade que pesava sobre seus ombros em
uma época difícil e longe como se achava do governo central. Não deixou de ter
historiador Luís Antônio Vieira da Silva, os fatos não autorizam de todo o juízo, conforme
veremos a seguir.
“os oficiais eram só nominais, pois pertenciam a corpos distantes 50, 100 e mais léguas
das residências deles e Capitães-mores com títulos apenas honoríficos”; toda a Capitania à
beira de “um incêndio espantoso” dada a existência de dois mil escravos armados com
mantinham para sua defesa da invasão de cem mil índios que incomodavam; na Secretaria
não havia carta ou notícia topográfica; faltavam párocos, subalternos e polícia, na própria
Marques que não receou tais embaraços e com a ajuda de particulares calçou ruas,
- João Batista von Spix e Carlos Frederico Filipe von Martius, naturalistas
fartura das necessidades físicas, criados entre escravos domésticos de pouca educação, e
na segunda posse dos bens herdados, mais inclinados ao gozo do que à atividade,
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comercial que enriquece, preferindo retirar-se para as suas fazendas e gozar sua
prosperidade.” Aduz ainda: “Já desde muito é costume mandar educar em Portugal os
jovens das famílias opulentas; os rapazes não raro vão também formar-se na Inglaterra e
importação e exportação.
miséria e cujo povo era o mais pobre de toda a América, onde todos estavam devendo os
capital era cidade bem situada, com boas ruas a rumo de corda, a maior parte calçada”,
elogia o pe. José de Moraes; a Praia Grande e adjacências cheia de edifícios nobres e
pessoa que possuísse ou usasse de estado algum dos que se praticam em terras civilizadas,
cadeirinhas e seges, conduzindo damas educadas nos colégios de Lisboa e do Porto, numa
sociedade de costumes requintados à moda européia, onde era hábito mandar os filhos
- Spix e Martius, em visita ao Maranhão, dizem que São Luís “merece, à vista
graças à ajuda dos ingleses a soberania de Portugal, com a expulsão dos franceses, regressa
D. João VI e toda a Corte à Europa, aqui deixando o príncipe D. Pedro como Regente.
suas casas sob o império do PR (Príncipe Regente, que o povo traduziu como Ponha-se na
rua) a permanência da Corte durante 14 anos trouxe, como não podia deixar de ser, muitos
melhoramentos ao Brasil:
Demétrio de Abreu, Major; Manuel José Ribeiro da Cunha, Capitão; Patrício José de
Almeida e Silva, bacharel; e Antônio José Saturnino das Mercês, sob a presidência do
após haver mandado prender o Comendador Honório José Teixeira, o Major José Inácio de
Mesquita, o Brigadeiro Manuel José Xavier Palmeirim e o Capitão José Antônio dos Santos
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Monteiro, e exilar para Guimarães o Cônego José Constantino Gomes de Castro, que se
Magalhães e Cunha, substituído pelo suplente Cônego José João Beckmam Caldas.
novembro, no prédio da rua do Norte, depois ocupado pela Santa Casa de Misericórdia.
O IMPÉRIO
dizer que o sentimento nativista teve origem no momento em que o primeiro índio, a
silvícola “mãos e braços da colônia”, ao qual ele só se submete depois de corrompido pelos
mulher índia teve aí preponderante papel) a que veio juntar-se o elemento negro,
reconheceu-se a nova raça diferente dos perós, gauleses e batavos, fundando um sentimento
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de 1821 foi convocada uma Constituinte Brasileira o que provocou pronta reação da Coroa,
São Paulo, recebeu a notícia do ultimato e os apelos de José Bonifácio ao gesto definitivo
as cores portuguesas da manga da túnica, gesto imitado pelos acompanhantes, com o grito
aconselhara o filho a que pusesse a coroa antes que outro aventureiro o fizesse... A
Todavia, o grito de liberdade ecoara por todo o País e a onda de subversão chegava até nós,
rebelião se estende por todo o interior obrigando a Junta a urgentes providências, ora em
lusitana; ora pedindo à Lisboa soldados e recursos para a defesa; ora enviando tropas para
em Caxias. Nem a prisão do chefe rebelde, Leonardo de Carvalho Branco, nem a vitória do
1823, conseguiram tranqüilizar a Junta, pois a todo momento chegavam-lhe notícias más:
guerrilhas aos gritos de mata marinheiro! Sucessivamente S. Bernardo, Brejo, Pastos Bons,
São José dos Matões, Manga do Iguará, Caxias e Rosário caíam em poder dos
“Matruá”, Francisco Gonçalves Meireles, João Ferreira do Couto, José Dias de Matos,
(20 de Julho), como na constituição do novo governo não houve lugar para Salvador de
Armas João Felix Pereira de Burgos, Padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago,
Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Fábio Gomes da Silva Belfort e Antônio Raimundo
Belfort Pereira de Burgos. Mas, Salvador de Oliveira era esquecido! ele que, modesto
negociante de gado no interior de Caxias, tivera sob suas ordens 2.000 sertanejos,
Teixeira, os Brigadeiros Paulo José da Silva Gama e Manuel José Xavier Palmerim, o
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preso, não foi deportado em virtude de seu grave estado de saúde. Porém somente São Luís
esforços, da energia e da atividade de seus membros (da Junta) todas as vilas, cidades e
aldeias do Maranhão iam aderindo à causa nacional e só a capital era discorde dessa
Constitucional composta de: Presidente: Advogado Provisionado Miguel Inácio dos Santos
Freire e Bruce; Membros: Lourenço de Castro Belfort, Coronel José Joaquim Vieira
Belfort, eleitos pela Capital, e o Padre Pedro Antônio Pereira Pinto do Lago, secretário;
Antônio Joaquim Lamagnere Galvão, Antônio Raimundo Belfort Pereira de Burgos, Fábio
Gomes da Silva Belfort, e José Felix Pereira de Burgos, eleitos pelo Itapecuru. Para
segundo Hélio Viana “nenhuma participação tendo nas lutas que então se travaram no
interior da provícia”, nos cobraria CENTO E SEIS CONTOS DE RÉIS “pelos seus
serviços”. Bloqueando a cidade, fez ciente à Câmara de suas intenções, ao que a mesma
açodadamente respondeu que os fins que haviam trazido o Almirante estavam em perfeita
depois.
Bernardes Lamagnere, José Tavares da Silva, Dr. Joaquim Vieira da Silva e Souza, Dr,
45
guerra as propriedades dos lusitanos, a dívida pública ativa, 2.970 arrobas de pólvora
pertencentes à Fazenda Nacional “e o que mais houvesse ao alcance de sua mão e que o
dono legítimo não pudesse reclamar ante a voz convincente de seus canhões...” (Mário M.
butim. “Insaciável, seu único ídolo era o dinheiro, diz dele Varnhagem. Pois foi
o de “Anjo da Paz”! além de Pedro I dar-lhe ainda o título de Marquês do Maranhão! Sua
da Ordem do Banho; teve o nome riscado da Armada Real e obrigado a deixar o País.
(Rubem Almeida).
Marechal Agostinho Antônio de Faria, Cônego Francisco da Mãe dos Homens Carvalho,
jornalista Antônio Marques da Costa Soares, Capitão João Manuel, João e Bernardo Pereira
Gomes, Manuel Antônio dos Santos Leal, Manuel Duarte Godinho, Manuel Domingues
Dias e Manuel Joaquim Gonçalves Bastos. Quanto a Frei Joaquim, a Junta comunicou que
cessara sua jurisdição na Diocese, e para evitar que o Cabido declarasse a sede vacante,
fazenda e o povo, que tomava partido e se inflamava, contra ou a favor deste e daquele
comissário dos frades das Mercês que pusesse cobro ao excesso com que tratavam do
missionários palavras escandalosas.” (C. de Lima) e César Marques confirma neste trecho
das lamentações do Desembargador Dr. Joaquim José Sabino: “Numa terra pequena, de
inveterada intriga e inimizades, assopradas pelo chefe de Estado, que neste fatal jogo
esgota toda a sua sutileza, quem poderá eximir-se dos raios no centro de um círculo tão
pequeno?” A Câmara por sua vez “excitava contendas, provocava questões e alimentava
discórdias, julgando-se superior à lei, mandando fazer prisões e soltar à sua vontade,
fazia penhoras, julgava todos os feito até final sentença, dissipava em proveito próprio os
“Guerra dos Três Bês”, as três famílias que disputavam o poder: Burgos, Bruce e Belfort.
46
Salgado de Sá Moscoso. Este consegue evadir-se e amotina a tropa; enfrenta-o Burgos, com
seus correligionários e amigos portugueses; segue-se um tiroteio, com alguns feridos, mas
Bruce, presidente; José Joaquim Vieira Belfort, Antônio Joaquim Lamagnere Galvão,
Capitão Rodrigo Luís Salgado de Sá Moscoso, Cônego Luís Maria da Luz e Sá, Capitão
Cisnando José de Magalhães e José Lopes de Lemos, secretários; eleição contestada pelos
43 eleitores de Caxias, nem sequer consultados. Note-se que os primeiros atos da nova
Junta foi mandar invadir as casas dos portugueses, à procura de armas e – Pasme-se! –
cortar as árvores do largo de Palácio por terem sido plantadas pelo ex-Governador
Bernardo da Silveira! Prática aliás que, anos mais tarde, seria seguida por outro governante.
Bruce, que estariam tramando um levante republicano para afastar do governo dois
membros da Junta e o próprio Sá Moscoso, que teria seu cargo extinto. Convocando os
chefes militares conseguiu Moscoso unanimidade para mandar prender todos os suspeitos e
ricas e expressivas da cidade fez com que a tropa retirasse o apoio a Moscoso, e o
demitindo Sá Moscoso e deportando-o do País. Nova expulsão dos portugueses causou tal
comoção na cidade que a Junta voltou atrás e resolveu organizar uma Guarda Cívica,
Não vamos relatar aqui todas as peripécias da briga Bruce X Burgos X Belfort;
aqueles de que Burgos, juntamente com o Bispo e o Arcippreste Luz e Sá, patrocinavam a
Icatu é ocupado pelo Sargento Valério de Souza; em Caxias o Capitão Clemente José da
Costa manda de volta a São Luís o novo comandante da Tropa de Linha, o capitão
47
- 1o. de Junho - A Junta Geral, convocada por Burgos, dissolve a segunda Junta
Secretário José Lemos, contra um único voto, o do Desembargador Joaquim Antônio Vieira
Cantanhede.
configuradas em sete itens de ciúmes a intrigas, resolveu deportar os presos para o Rio de
Janeiro.
cargos e agora os deportados são o Tenente-Coronel José Felix Pereira de Burgos; o Major
Antônio Raimundo Pereira de Burgos, seu irmão; e o Cônego Arcipreste Luís Maria da Luz
Brigadeiro Sebastião Gomes da Silva Belfort e Lourenço da Silva Belfort; além de Honório
e José Joaquim Burgos. “Deposto e deportado Burgos, e porque também à terra não mais
obstante apenas aguardasse sua patente para tomar posse do cargo de Presidente da
Província, para que o nomeara o Imperador, teria ele de enfrentar oposição cada vez mais
forte, acusado agora de ter idéias liberais e manter entendimentos com os revolucionários
sim pela ambição de governar”, sentenciava com razão Cochrane, forçoso é admitir.
um Conselho Provincial.
comum com muitos oficiais e graduados e civis que haviam desertado para Rosário. O fogo
cruzado dos fortes de São Luís e São Marcos, no entanto, obrigam o Comandante rebelde a
Como não poderia deixar de acontecer, tropelias, crimes e saques se sucedem, ficando
famosos o Ajudante José Alexandre da Silva Lindoso pela pilhagem e mortes praticadas em
Areal (Monte Castelo) 1.200 homens retornaram a Rosário, cercando a capital e decididos a
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contra os desmandos das autoridades da capital, mas não contra o Império, ou a favor da
República, quando retorna a São Luís o célebre Lord Cochrane. Recebe um memorial de 78
Província.
Presidência Manuel Teles da Silva Lobo, que expulsou o ex-governador e grande número
todo não se confirma, haja vista os futuros conflitos entre os poderes que, aliás, passariam
aos tempos da República, chegando até nós. Enfim, no frigir dos ovos, vale acentuar, tanto
uns quanto outros, inocentados das acusações, mereceriam: os Burgos: José, a Presidência
Antônio Sales Belfort, a Presidência do Ceará; Luz e Sá, a absolvição pela Relação do Rio
de Janeiro; e Miguel Inácio dos Santos Freire e Bruce, já Cavaleiro da Ordem do Cruzeiro,
Ano de 1825 – Nomeado pela Coroa, José da Costa Barros, apesar de chegado em 5 de
fevereiro, foi impedido por Cochrane de assumir o governo e obrigado a embarcar para o
Pará, a fim de que o corsário inglês recebesse de seu preposto a tal indenização com que
primeiro para o Presidente da Câmara, Joaquim José Sabino, depois para o Presidente do
Pedro José da Costa Barros, sete meses após a nomeação, passando a praticar “toda sorte
Ano de 1827 – 1o. de março - Eleito Senador, Costa Barros passou o governo ao Vice-
Presidente Romualdo Antônio Franco de Sá, que, “pelo acerto e moderação de seu
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José de Araújo Viana, é o novo chefe de governo, conseguindo apaziguar os ânimos com a
Ano de 1831 – A situação do País afigurava-se turbulenta com a luta entre o Trono e o
Ourique (Deodoro), apoiados pelo Coronel José Demétrio de Abreu, e exigiram, através de
Santo Antônio, e dois padres e oito civis, todos considerados inimigos da Independência; e
que se não julgasse criminosa a rebeldia presente. Sem outra saída Araújo Viana cedeu,
nova rebelião. Desta vez, porém, prevenido, Araújo Viana, tomou a desforra: o Capitão
Feliciano Antônio Falcão facilmente dominou os revoltosos, chefiados por José Cândido e
Egídio Launé, que lograram fugir à prisão, sendo, posteriormente, escondidos por Odorico
Mendes, em sua própria casa. Os demais reuniram-se sob a chefia de Antônio João
Rosário sofreram nova derrota. Antônio João, apesar disso, marchou para São Luís, tomou
o Armazém de Pólvora, mas cercado, rendeu-se. Recompondo suas hostes, atacou Caxias,
acampou em Estanhado, no Piauí, marchou contra o Brejo, mas foi vencido e morto no
Senador Nicolau Pereira de Campos Vergueiro; Regência Permanente Trina (17 de junho):
Brigadeiro Lima e Silva; José da Costa Carvalho, Marquês de Monte Alegre; e o Deputado
João Bráulio Muniz, maranhense; Regência Una (12 de outubro de 1835) Padre Antônio
Diogo Feijó. Todo o período regencial foi marcado por grande agitação no País: motins e
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Governo do Dr. Joaquim Vieira da Silva e Souza, nascido em Rosário que, por pouco que
tenha feito, muito fez – a paz, tão necessária após os acontecimentos de setembro e
novembro de 1831.
dos lugares do Brasil onde é mais agradável a permanência; as maranhenses notáveis pela
a polidez e a doçura das maranhenses, com gosto pelo trabalho e pela ordem e hábitos de
reserva e discrição; quanto aos jovens são quase todos mandados a bons colégios da
França e Inglaterra.” Quanto à economia “suas descrições são mais ou menos sucintas e se
notícias.” (Caldeira)
Ano de 1834 – 30 de outubro – Dr. Raimundo Felipe Lobo -Eleito deputado, Silva e Souza
passou o bastão a Manuel Pereira da Cunha, 1o. Vice-Presidente (17 de fevereiro); que o
transmitiu ao 2o., Antônio José Quim, (3 de março); que também entregou-o ao 3o.,
Raimundo Felipe Lobato (5 de março); e que o devolveu ao 2o., o dito Quim (30 de
outubro).
Ano de 1835 – 21 de janeiro – Toma posse Dr. Antônio Pedro da Costa Ferreira,
organizou a Secretaria. Pela primeira vez na nossa História, diz Meireles, o Presidente não
“Bentivi” (Liberal) pôs entre os papéis que iriam à apreciação do Presidente esta quadra:
51
Castro.
governo e funda o Liceu Maranhense, que coloca sob a direção de Francisco Sotero dos
Reis.
“Balaiada” neste dia em que o boiadeiro piauiense Raimundo Gomes Vieira, empregado do
fazendeiro Padre Inácio Mendes de Morais e Silva, “Bentivi”, invadiu a cadeia da vila da
Manga, no Iguará, para libertar seus homens, presos para recrutamento militar pelo
que concorreram para o movimento: a instabilidade política, a luta dos partidos pelo poder,
Pedro, em 1831, ofereceram terreno fértil à propagação das idéias liberais que se
mesma luta política pelo poder (“ninguém brigava pela república, e sim por ambição de
escravos sujeitos aos eternos maus tratos, os fazendeiros senhores de baraço e cutelo,
absolutos, tendo ao seu dispor homens armados com espingardas, peças de artilharia e
munição de guerra (“elementos combustíveis para a mais terrível explosão, cem mil índios
e dois mil escravos que podiam atear um incêndio espantoso” (advertira Pinto da Fonseca
imprensa, chegando mesmo às escaramuças das armas e dos desforços pessoais, no interior
os elementos egressos do Exército Auxiliador e das hostes que se haviam batido pela
que não mais admitiam o regime anterior, sitiantes que abandonaram seus afazeres
habituais para se tornarem “soldados da fortuna”, sem disciplina e sem comando, e que
todos os que, tendo desfrutado de uma situação provisória voltavam à dura realidade da
vida comum. Como ficarem indiferentes aos acontecimentos os que participaram, com
efetivo entusiasmo, os que pegaram em armas para emancipar o Estado do jugo português?
E que viam agora como resultado de todo o seu sacrifício? A Guerra dos Três Bês, a dança
52
popular, do Marajó ao Chuí rugiu uma onda de anarquia, que tudo alagou”, no dizer de
aduz Astolfo Serra. Pois foi neste clima que se instituiu a famigerada Lei dos Prefeitos
Província, em contraposição à autoridade do Juíz de Paz (que bem ou mal era a autoridade
Façamos, embora a largos traços, o perfil de cada chefe desses bandos que
constituíram o exército rebelde: Manuel Francisco dos Anjos Ferreira, o “O Balaio”, senão
o mais importante, o mais em evidência, tanto que deu nome à revolta: artesão fabricante de
balaios no lugar Pau de Estopa, entre Itapecuru-Mirim e Coroatá. Vivia com mulher e duas
política, mal sabendo ler, justifica Belarmino de Matos sua aparição na luta como vingança
legítima da desonra que lhe trouxe ao teto hospitaleiro o Capitão do Exército Raimundo
Guimarães, abusando das moças. Raimundo Gomes, piauiense, mestiço, analfabeto e pobre,
compreender que um homem ignorante, saído das últimas classes sociedade, tivesse força
precisa para levantá-las e assolar o território de grande parte de uma província durante o
longo tempo de mais de dois anos!” admira-se o historiador. Lívio Lopes Castelo Branco e
Silva, natural de Campo Maior (PI), “homem abastado e bastante popular, mas de um
espírito inquieto”. Rico, não é acoimado de bandido, mas acusado de ter um espírito
inquieto, a mesma inquietação apontada nos irmãos Bequimão: Manuel e Tomaz; à testa de
600 homens, “quase diariamente recebia tantos e copiosos auxílios, como o que lhe trouxe
Milhomem com 700 combatentes de Pastos Bons”. Dom Cosme Bento das Chagas, “Tutor e
Imperador das Liberdades Bentivis”. Preto, gozando de grande ascendência entre os de sua
raça, tinha sob seu comando 3.000 escravos. Pois este homem, tido como feiticeiro,
futuro governo do Duque de Caxias!) Afora estes outros houve, como Relâmpago, Trovão,
Corisco, Raio, Caninana, Sete Estrelas, Tetéu, Andorinha, Tigre, Jitirana, Ruivo, Coque,
Oliveira) conhecidos apenas pelos apelidos. São 11.000, onze mil homens em armas! sem
um comando único, mas unidos, não há como obscurecer, por um contágio de sentimentos
outros além do roubo e do crime, como quer fazer crer a historiografia oficial! 11.000
bandidos? Impossível! “O que faltou aos Balaios foi a orientação dos responsáveis morais
que a predicaram. Isso sim, é que deu origem a aparecerem no cenário da luta apenas
levante”, escreve Carlota Carvalho. Os que seriam de fato seus chefes naturais, os que a
Morais e Silva, João Francisco Lisboa e Estevão Rafael de Carvalho, falecido o primeiro e
receosos os outros, deixaram-na entregue à própria sorte, “um turbilhão popular... violento,
indiferente a leis e a princípios” tal como chamou Joaquim Nabuco a revolução liberal
mineira de 1842. “É uma injustiça perante à História dar-se à Balaiada uma expressão
53
essencialmente de banditismo. Foi uma revolta até hoje caluniada. Há cem anos atrás,
uma revolta de negros, mulatos, de índios e mestiços não poderia ser entendida pelo
espírito da época”, reclama Astolfo Serra. Esta foi sim, sem sombra de dúvida, nossa maior
Felizardo de Souza e Melo que, apesar do nome não foi nada feliz com o movimento dos
Junta Provisória com elementos idôneos e qualificados: Dr. Francisco de Melo Coutinho
Domingos Antônio de Mesquita e João Batista Viana, e fazem suas exigências para
deposição das armas: revogação da Lei dos Prefeitos e da Guarda Nacional; anistia
processo regular para os presos de cadeias públicas; expulsão dos portugueses e restrição
aos nacionalizados; e confirmação dos oficiais revoltosos nos seus postos, de acordo com a
idoneidade de cada um. “Era, não há dúvida, a oposição a querer aproveitar-se das
Armas Coronel Sérgio de Oliveira como uma “forte azêmola e uma nulidade na sua
de Caxias.
Ano de 1840 – 7 de fevereiro – Toma posse Caxias para por ordem na casa, mas já chega
revoltosos de “um punhado de facciosos ávidos de pilhagem”, o que não condiz com o
“pacificador” que pretendia encarnar, tão diferente da mensagem dirigida aos gaúchos, dois
anos depois: “Abracemo-nos e unamo-nos, não peito a peito, mas ombro a ombro, em
defesa da pátria, que é nossa mãe comum!, ordenando ao vigário da freguesia que, ao
invés do Te-déum à vitória, rezasse uma missa pelos defuntos, “pois devera-se o triunfo a
centelha da rebeldia se manifestou, o incêndio foi rápido, à feição do fogo nas caatingas...
Serra). Caxias encontrou o movimento dividido, ou melhor, ele nunca teve unidade de
chefia, e por todos os meios passou a usar “balaios” contra “balaios”. Alguns se ofereciam
à rendição, como Francisco Ferreira Pedrosa, a quem Caxias, numa exdrúxula interpretação
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Pernambuco, Bahia, Alagoas, Paraíba e Piauí acorreram a ajudar Luís Alves, 8.000
houve “crimes e violências inomináveis que mancharam os lauréis de suas vitórias”, pois
como dizia Mao Tse-tung, “uma revolução não é um banquete, uma cousa requintada,
agradável e cortês”. E Caxias também exorbitou: ordenou ao juiz José Furtado, “de ilibada
conduta e incontestável moral” que não recebesse os que desejavam render-se. Respondeulhe
o magistrado: “Como empregado público e respeitador das leis do meu país cumpro o
apresentem porque ainda não aprendi a substituí-las pela minha vontade.” Resultado? Sua
demissão sumária! “A última fase da guerra é um banho de sangue, onde pereceram talvez
10.000 pessoas entre crianças e adultos”, diz Mathias Assunção Röhrig. E o historiador
Milson Coutinho: “Causa-me notável escândalo, ainda hoje, o tratamento dado aos três
cabeças da Balaiada – Ferreira dos Anjos, Raimundo Gomes e o preto Cosme – já que só a
este último, ex-escravo, a justiça provincial deu morte pela forca. Não me consta que o
Código Criminal do Império premiasse o criminosos pela cor branca se era igual o seu
crime pela ação ou omissão”. Aqui está mais uma razão do porquê, sendo a “Balaiada”
uma rebelião igual às que se feriram no regime regencial, e que já relacionamos, somente
Ano de 1841 – janeiro – Findara-se a “Balaiada”. Luís Alves de Lima, que Henriques Leal
suprido? – Nada!” Todavia, deste Dr. Miranda ainda podemos citar a seu favor a Casa dos
inaugurada a 25 de novembro, com 28 alunos, e que durante trinta anos ministrou ensino
respeito do Maranhão de 1841: “As pessoas mais ricas que aqui residem são plantadores
de algodão, ao passo que as pobres ganham a vida pescando e fazendo redes.” Em Oeiras
(PI), impedido de continuar viagem por motivo da rebelião da “Balaiada”, Garder, acordo
com as notícias que lhe chegavam, descreve mais ou menos a origem da revolução na
bravata de um tal Raimundo Gomes, mestiço, e mais um bando de nove homens, que
desarmaram os soldados mandados para combatê-lo. “Em pouco tempo este bando cresceu
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grandemente com escravos foragidos, índios e outros elementos. (...) O tenente-coronel que
os comandava (300 soldados) e um capitão foram mortos à espada, aos demais foi poupada
a vida sob a condição de se unirem aos insurretos; e diz-se que a maioria o fez de bom
grado. Raimundo, assim fortalecido, organizou então regularmente seu bando, nomeando
seus secretários os oficiais capturados, pois nem ele nem nenhum dos seus partidários sabia
ler e escrever. É bem certo que, por este tempo, entrou em correspondência com um partido
Desta fonte, dizem, que procediam secretamente as armas e munições para as tropas de
Raimundo”. Também Daniel Parish Kider, um pastor protestante americano, disse dos
pela leitura”. Deve-se naturalmente a mudança não só aos estudos a que se submetiam os
inglesas e francesas” que, concorriam para nos por em contato direto com a “Europa
civilizada”, além do período de franca riqueza com o aumento das exportações de algodão e
arroz. Kider, que chegara ao Maranhão ao final da “Balaiada”, já atribui a rebelião a “uma
lei promulgada, havia pouco, segundo a qual os juízes de direito seriam substituídos por
sem escrúpulos, nada mais visando que o assassínio, o saque e o roubo, conseguiram
deveria estar repleta – e começaram a atacar indivíduos e famílias sem defesa, justamente
quando nada fazia suspeitar de tais acontecimentos.” Valem a pena os depoimentos, pois
Figueira de Melo.
Presidente.
da Província.
exercer o Governo.
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Ano de 1845 – 17 de novembro – Pela terceira vez o Desembargador João José de Moura
Magalhães.
Ano de 1846 – 4 de abril - Mais uma vez o cidadão Ângelo Carlos Muniz.
Joaquim Franco de Sá. Por sugestão sua fundou-se a “Liga Progressista Maranhense”,
Reis, Antônio Rego e Teófilo Alexandre de Carvalho Leal. Para fazer face à crise do
Furo de Arapapaí. Meireles salienta ter sido ele o primeiro a consignar em orçamento verba
idéias liberais. “Um dos melhores administradores que já teve o Maranhão”, segundo
Ribeiro do Amaral.
Governo durante exatos 44 dias, suficientes para demitir à bem do serviço público, o
Promotor Dr. Celso da Cunha Magalhães, que denunciara e levara ao banco dos réus sua
esposa, D. Ana Rosa Viana Ribeiro, acusada da prática de vários crimes contra seus
segunda vez.
cujo nome a História não guardou, enviou a um seu amigo resenha dos jornais da capital
que davam conta da queda de Luís Filipe, com a proclamação da Segunda República
francesa. O oficial de justiça portador do recado, tomando uma bebedeira, afixou pelos
muros da cidade as tais resenhas como uma conclamação ao povo para que fizesse a
República, episódio que ficou conhecido como “A República de Pastos Bons”. Esta, mais
ou menos, a história.
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Itapecuru.
Ano de 1851 – 5 de junho – Dr. Eduardo Olímpio Machado vem quebrar a monotonia dos
governos inexpressivos, pois, entre outras ações meritórias, preocupou-se com o babaçu, (o
Magalhães.
Magalhães.
cousas, a construir “um vasto edifício, com o fim de alugá-lo para lojas comerciais, no
lugar ocupado pela “Casa das Tulhas”, velho aglomerado de casebres que enfeava o bairro
comercial”.
Ano de 1855 – janeiro – Funda-se o Asilo de Santa Teresa, para educação de crianças órfãs
e expostas.
poderosa matrona D. Ana Jansen Pereira, associada ao comerciante Santos José da Cunha.
Coroatá.
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Ano de 1858 – 19 de abril – Bacharel João Pedro Dias Vieira, Vice-Presidente, assume o
vapor”, diz um seu biógrafo; conseguiu do Governo Central uma subvenção para a
Companhia de Navegação a Vapor do Maranhão, que chegou a contar com nove navios
- Robert Ave-Lallemant, que visitou São Luís neste ano de 59 foi recebido por
“uma família inglesa, em cuja casa reinava o encanto da fina educação européia, realçada
Campos Melo.
Maranhense (iniciada em 1854), “um edifício retangular, de risco elegante”, no lugar das
antigas “barracas”, com jardim interno e chafariz, e quatro portões, um em cada fachada,
59
Ano de 1863 – 5 de junho – Novamente Governador o, agora Senador, João Pedro Dias
Luís, depõem o Provincial da Ordem, Frei José de Santo Alberto Cardoso, ausente da
Convento, a dirigir insultos aos seus irmãos de hábito, que lhe respondiam, das janelas, no
mesmo tom. Foi de tal ordem o conflito que obrigou à presença da Polícia. Com a
eleito Governador.
João Silveira de Souza (1959), com os ingleses Silvestre Battin e Marcus William.
“Foi no segundo reinado, mais precisamente, no fim do ano de 1864, que teve
início a Guerra do Paraguai, um dos fatos mais celebrados de nossa história, citada
libertação dos oprimidos pelo tirano Francisco Solano Lopez. Hoje se sabe que a opressão
foi econômica, e não de Lopez, mas da Inglaterra, contra um pequeno país rebelde ao seu
domínio – o Paraguai, luta na qual foram empenhadas as nações a ela sujeitas: o Brasil
Uruguai, “um feudo dos rio-grandenses. Desse modo o Brasil foi, com esses países
guerra, adredemente preparada por uma diplomacia “pirata”, contra o Paraguai, cuja
economia teimava em fugir ao controle ânglico. (Carlos de Lima) Não cabe aqui maior
análise desta campanha, infeliz como todas as guerras; baste-nos o testemunho do Visconde
do Rio Branco, depois da viagem que fez ao Paraguai, em 1870, para regularizar as relações
com aquele país), citado por Júlio José Chiavenato: “Estamos persuadidos de que o
ditador Lopez não se armava para fazer guerra ao Brasil”. Por todo o País (e o Maranhão
não podia eximir-se) o recrutamento se fazia “no laço”, entre as classes mais pobres,
fugindo a burguesia ao chamamento, de vez que se lhe permitia mandar escravos negros em
60
Província.
Ano de 1867 – 4 de abril – Retorna Manuel Jansen Ferreira, Juiz de Direito da Comarca de
Carolina.
Assumem o Governo:
terceira vez.
Ano de 1869 – 4 de abril – Assume o Governo o Dr. José da Silva Maia, chefe do “Partido
Conservador”, órgão dos monarquistas, que fundara, em 1862, com Gomes de Castro, em
61
Ano de 1870 – 1o. de março - Após uma luta encarniçada, que durou cinco anos e custou
ao Brasil 90.000 homens, além de grandes despesas, nada tendo lucrado, pois nem a dívida
lanceado pelo soldado brasileiro Chico Diabo, exclamando, segundo seus biógrafos: -
Muero com mi pátria! Na verdade a guerra foi desastrosa para a nação vizinha;
demonstrou o heroísmo dos paraguaios, mas arruinou-lhe a economia que fora tão
Presidente.
Gomes de Castro, que inaugurou o primeiro serviço de transportes urbanos de São Luís,
sempre, alegando: “Sou homem tão cheio de ambições como quem as tiver, mas entendo
que serve bem ao país quem recusa empregos para os quais não se julga com habilitações.
Se o convite lisonjeava a minha vaidade, não podia calar a minha consciência, nem
Ano de 1871 - 18 de maio – Dr. José da Silva Maia, novamente no Governo; substituído
em
escravocrata estava condenado; grande parte dos proprietários compreendiam que não mais
Nesta data a Princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela
sancionou a chamada Lei do Ventre Livre, que declarava libertos todos os filhos de
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Campos Sales, Prudente de Morais, Rangel Pestana, Quintino Bocaiúva, Saldanha Marinho,
Aristides Lobo, Silva Jardim, Lopes Trovão, Alberto Torres, Nilo Peçanha, Assis Brasil,
disfarçado que, não fora o golpe da maioridade de D. Pedro II, se teria, pouco depois,
Souto Maior.
Ano de 1872 – 29 de abril – Novamente o Dr. José Pereira da Graça está no Governo.
da Graça.
incentiva “a digna comissão a empregar esforços pois há de por fim ver coroados os seus
desejos de um resultado tão útil ao País; cheios de patriotismo os membros desta comissão
não almejam outra recompensa senão a uitilidade geral que possa provir da combinação
de seus esforços e essa hão de tê-la”. É de notar a inovação, combatida pelo “Publicador”,
Ano de 1873 – 4 de março – Dr. Silvino Elvídio Carneiro da Cunha assume e é seguido
pelo
direção da Província.
63
Ano de 1875 - 22 de fevereiro – Dr. José Pereira da Graça, mais uma vez no Governo; e
surpreendia-se de como era fácil governar: bastava tão somente escrever abaixo dos
Barão de Monção..
Ano de 1878 – 28 de março – Dr. Carlos Fernando Ribeiro, Barão de Grajaú, mais uma vez
64
Ano de 1884 – 10 de setembro - Dr. José Leandro de Godoi Vasconcelos, em cujo governo
dos Sexagenários, que dá liberdade aos escravos que atingissem a idade de 60 anos.
Acontece que um escravo, sujeito a jornadas diárias de 15 e mais horas de trabalho, tinha
em média uma vida produtiva de 10 anos; aos 60 era geralmente incapaz de exercer
qualquer atividade lucrativa para sua própria manutenção. A lei libertava não o escravo,
Ano de 1886 – 29 de abril. Dr. José Francisco de Viveiros é Governador pela terceira vez.
Acusado de exercer vingança política, seu jornal, defendendo-o, disse que ele se limitara a
dez demissões de adversários apenas, porque seu partido não era a favor da “demissão em
massa como se pratica na grande nação americana, mas entendemos que, por mais larga
que seja a tolerância, não pode o governo permitir que o empregado público se torne
adversário, Dr. Carlos Fernando Ribeiro, havia, em dois dias, assinado 74 demissões!
Governo.
de no. 3.355, que continha apenas dois artigos: 1o.) - É declarada extinta a escravidão no
65
ocupado e a cidade oferecia o sonho de uma vida melhor. Toda a vida econômica da
os braços que vão faltando, pela aquisição de colonos estrangeiros; pela civilização das
tribos de índios selvagens; pelo melhoramento da raça escrava, que bem precisa de leis
existentes; regularize-se o sistema de imposição, que deve recair com igualdade sobre
Província, cuja sorte não considero ainda desesperada, reconquistando a posição que
perdeu.” Apesar das belas intenções nada foi feito e “a liberdade dos escravos e o advento
Ano de 1889 – 30 de junho – Dr. Carlos Fernando Ribeiro, Vice, assume pela sétima vez!
seguindo-se
Maranhão – Província do Brasil Independente! alguns cujo governo não durava mais de 4
dias, como sucedeu a Frederico José Corrêa!! “Isso não poderia garantir, é claro, uma
A REPÚBLICA
66
defesa da honra militar. “A oficialidade mais jovem recebera na Escola Militar influência
(com a ameaça de passar a Coroa à Princesa Isabel e ela vir parar nas mãos do Conde d’Eu,
Barão de Ladário, Ministro da Marinha. Deodoro da Fonseca vai ao Palácio, onde está
reunido o Gabinete Ouro Preto e, diante da precipitação dos acontecimentos (das janelas do
bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava” – diz Aristides Lobo – e
acrescenta: “O fato foi deles só (dos militares) porque a colaboração do elemento civil foi
quase nula”. Autores põem mesmo em dúvida as intenções de Deodoro de mudar o regime,
destacando sua íntima ligação com a família imperial e “muito sintomáticas as referências
que fez naquele momento de sua amizade que o unia ao Imperador”. D. Pedro, chamado de
Se no Rio de Janeiro, teatro dos acontecimentos, assim foi, em São Luís limitouse
Paula Duarte, mal informados de que o novo regime traria de volta a escravatura.
retângulo verde e o losango amarelo do antigo pavilhão, substituindo o escudo imperial por
uma esfera azul constelada atravessada por uma faixa branca com o lema Ordem e
Progresso.
67
Era a antiga burguesia escravocrata ressentida com o trono, nem tanto pela alforria dos
escravos, que lhe tirava os braços das lavouras e engenhos, mas com a perspectiva que se
esboçava de não receber a indenização pretendida pela perda deles. Acima de toda a
Conservadores à derrocada do Império. Tão falaz era o “republicanismo” da Junta (na qual
um membro apenas era Republicano – Paula Duarte (e que “entre a espada a ignorância
limitara-se a salvar a gramática na redação dos atos oficiais”, conforme suas próprias
palavras)) a qual, para mostrar serviço passou a decretar prisões e perseguir adversários,
ameaçados até de fuzilamento. Além disso criou muitos empregos que preencheu com
“gente que se incompatibilizara com a lei, com a moral e com a sociedade”. Ressalte-se
neste passo que José Francisco de Viveiros e João Lourenço Milanez recusaram-se a
Presidente Republicano (provisório) que, no dia seguinte, tornou nulos todos os atos da
Junta (decreto no. 1), mandando regressar aos seus postos os funcionários demitidos
injustamente, perdendo com isto a simpatia do Coronel João Luís Tavares, praticamente o
Souzândrade, conforme o modelo oficial feito pelo desenhista Antônio Frazão Cantanhede,
brasileira; e uma estrela de cinco pontas representando o Estado, sobre o quadrado azul da
Federação.
confessores servindo a órgãos públicos, o que foi desaprovado pelo Governo Central,
João Luís teve o prazer de anunciar pelos jornais que, cumprindo determinação do
Presidente da República, tornava nulo o ato do Governador, visto ele recusar-se a cumprir o
ordenado.
suas hostes com Paula Duarte e Casemiro Dias Vieira (este duas vezes deputado pelo
Partido Conservador!); o “Partido Liberal”, chefiado pelo Dr. Manuel Bernardino da Costa
Rodrigues; a “Facção Conservadora Maista”, dirigida pelo Dr. José da Silva Maia; outra
“Ala do Partido Conservador”, que obedecia ao Dr. Augusto Olímpio Gomes de Castro, e
que, muito embora fosse o que mais se afastava dos ideais republicanos, era o mais
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“Federalista”.
Ano de 1890 – 3 de janeiro – Pedro Augusto Tavares Júnior, fazendo ver a Deodoro que
não era essa a República que sonhara, pediu demissão e passou o Governo ao Chefe de
Polícia Eleutério Frazão Muniz Varela, e, de volta do Rio de Janeiro, deu uma entrevista
Brasil nosso primeiro empréstimo de 300 contos de réis. Veio com a recomendação de
apoiar Gomes de Castro (a quem deu logo uma das três Vice-Governadorias criadas) para
conquistar a simpatia do antigo Partido Conservador. Criou uma Escola Normal, cuja
Presidente, Floriano.
Tenente Manuel Inácio Belfort Vieira. É oportuno que se diga haver o Governo Central
Marinha Almirante Wandenkolk, que mandou para cá seu subordinado Belfort Vieira.
Ano de 1891 – 4 de março – Segue-se a Viana Vaz o Dr. Tarquínio Brasileiro Lopes,
também provisório.
poder pela preferência dada aos ex-Conservadores, foi o elemento de ligação de Mariano no
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o Senado (15) e com Manuel Bernardino da Costa Rodrigues, Presidente; Isaac Martins
Reis, 1o. Secretário; e José Ribeiro da Cruz Filho, 2o. Secretário, criou os cargos de
sua Presidência uma Junta Governativa, com o Capitão-Tenente Óton de Carvalho Bulhão e
os Drs. Benedito Pereira Leite, Raimundo Joaquim Ewerton Maia e Francisco Cunha
Machado.
Governo.
de Sá.
que não consegue convencer o Governador a renunciar, pois, ao contrário, havia este
também este forçado a deixar o poder. É constituída nova Junta Provisória, composta por
Ewerton Maia (Católico) e Benedito Pereira Leite (Constitucional), que declarou nula a
Constituição.
condição sine qua non para ser Governador o ter nascido no Maranhão. Belfort Vieira,
70
Martins, que instituiu um Conselho Superior de Instrução Pública, criou um Fundo Escolar
Coronel Francisco Joaquim de Souza. Interveio a Força Federal e Cunha Martins foi
reempossado.
Ano de 1895 – 2 de fevereiro – Assume o Comandante Manuel Inácio Belfort Vieira, para
novo período e em
mais próximo do local de trabalho, dando origem aos primeiros bairros proletários de São
- 29 de abril – Mais uma vez, o Tenente Manoel Inácio Belfort Vieira senta-se
da cadeira governamental.
Ano de 1897 – 26 de março - Alfredo da Cunha Martins, de novo! para criar uma
Ano de 1898 – 1o. de março – Dr. Sebastião José Magalhães Braga é o Governador.
71
as eleições para o segundo quadriênio, a escolha recaiu em Urbano Santos que, entretanto,
Magalhães Braga.” (Mário M. Meireles). Segundo Artur Moreira, João Gualberto limitouse
“a obedecer, sem discrepância, à orientação, quer política, quer administrativa que lhe
estendeu-se por quinze anos, de 1893 a 1908, período que se deve entender por seu
em Grajaú - conflito entre Jeferson Nunes (governista) e Leão Leda (oposicionista) e que
Assim, com o Governo deste João Costa que, significativamente, tinha o apelido
“Conseqüentemente, teremos que concluir que o pouco que fez João Costa, foi Benedito
(1811), Príncipe Alberto da Prússia (1843) Auguste François Biard (1858), e Elizabeth e
Louis Agassiz (1865), cujas narrativas muito pouco acrescentaram ao registrado pelos
demais.
E para arrematar digamos que, entre 1889 e 1900, em uma década, tivemos nada
Provisórias e 17 Interinidades
SÉCULO XX
Ano de 1901 – 13 de março - “Massacre de Alto-Alegre”, onde morreram cerca de 200
pessoas, entre frades, freiras, homens, mulheres e crianças, iniciando-se assim tragicamente
o século XX.
Ano de 1902 – 1o. de março – Assume o governo Dr. Manuel Lopes da Cunha, “posto por
que, dos quatro, inclusive o titular Lopes da Cunha, é o que por mais tempo exerce o poder,
criando até uma “oligarquia dos Moreira”. Deve-se-lhe a criação da Repartição de Obras
Públicas, Viação, Indústria, Terras e Colonização e durante seu governo sofreu São Luís a
dos médicos do sul, Drs. Rodolfo Vacani, Souza Sanches, Toledo Dodsworth, Henrique
Marques Lisboa, Augusto Pacheco, Adolfo Pereira, Vitor Godinho, Adolfo Lindenberg e
Crisciuma Filho, secundados pelos nossos Drs. Joaquim Belo, Galdino Ramos, Cláudio
Serra de Mares Rego, Rogério Coelho Júnior, Antônio Palhano e Domingos Xavier de
Carvalho. Pela quantidade de profissionais recrutados para atender à epidemia e pelo tempo
em que ela transcorreu vê-se a gravidade da situação, que obrigou a população em pânico a
fugir para sítios e quintas dos arrabaldes ou para localidades do interior, os ratos
disseminando o mal pela cidade. O próprio Dr. Henrique, que improvisara um laboratório
interessada assistência de seus colegas maranhenses. Igual sorte não teve o farmacêutico
Bernardo Pedrosa Caldas, que perdeu a mulher, vítima da epidemia. “Guarda a tradição,
diz Meireles, que a quantidade de pestosos diariamente mortos chegou a tanto, que o
serviço funerário normal foi substituído pelo do popular Mãe da Lua, que, percorrendo
com sua funérea carroça as ruas desertas, ia recolhendo das casas os cadáveres para levalos
cujos sinos sempre haviam dobrado à passagem de cada féretro pela rua do Passeio ou do
Norte, rumo ao Campo Santo, agora os mantinha calados para que, pela freqüência em
Ano de 1905 – 3 de janeiro – O Presidente da República, Dr. Afonso Pena, sancionou a Lei
no. 1.329 que autorizava a construção da Estrada de Ferro de São Luís a Caxias. Três
empresas concorreram saindo vencedora Proença Echeverria & Cia., com orçamento de
9.052:000$000 contra 22.560:000$000, o mais elevado. O traçado original foi mudado para
a margem do rio, uma incongruência, pois matou a navegação do Itapecuru, e ao fim custou
12.000$000!
Pereira Leite
Exposição.
Ano de 1908 – 25 de maio - Adoecendo, Benedito Leite passa o governo ao 2o. Vice-
Governador Artur Quadros Colares Moreira, que o conservaria até o dia 25/02/1909.
de Letras, juntamente com Alfredo de Assis Castro, Astolfo Marques, Barbosa de Godóis,
sobreveio para o Estado uma das mais graves crises políticas, conseqüente da luta
disfarçada e muda pela chefia do partido, entre Urbano Santos e José Euzébio,
Colares Moreira viajou para o Rio de Janeiro para viabilizar sua candidatura ao
governo no próximo quatriênio, conforme acerto com Benedito Leite; sem resultado,
governo, em
Não faz mal repitamos haver o governo de Benedito Leite se estendido por
quinze anos e não os dois de seu efetivo exercício. E durante eles o Maranhão enfrentou
abandono das fazendas, perdendo a classe rural quase 90% de seu capital; os lavradores,
desesperados, vieram perder o pouco que lhes restara na “disenteria fabriqueira” que
tomou conta do Estado; a alta do preço da borracha desviava para os seringais da Amazônia
criava novos serviços: biblioteca, registro civil, escolas modelo e normal e grupos escolares
telegráfica foi uma das preocupações de Bendito Leite.” Para acudir à aflitiva situação do
Estado sem omitir-se em relação aos deveres de governo, lançou mão de empréstimos de
bancos locais – Comercial, Maranhão e Hipotecário, e até à firma Cunha Santos & Cia.
Sucess., pois “a Benedito Leite repugnava ver sua terra no papel de necessitado pedinte”
Estado com os recursos do nosso não pode estar na miséria. A sua má situação é
passageira (...) e tanto bastará para que o Maranhão se liberte de sua dívida, que não
ele consiga reanimar o Maranhão.. Isso é mais patriótico e mais prático do que andar por
toda parte a badalar que a nossa terra está perdida, quando não o está.” Mas, acrescenta,
hesitante: infelizmente duvido muito que os maranhenses nos consorciemos para essa obra
de salvação do Estado. Somos desunidos por temperamento, por índole.” E num derradeiro
apelo: “Unamo-nos, patrícios; a união faz a força! Palestra de Artur Azevedo, no Rio de
Quanto à sua honradez, é o próprio Azevedo quem diz: “A acusação mais grave
que se lhe faz é de não saber somar, e querer, com uma receita de cinco pagar uma
despesa de dez. Sim, senhor, admito que é esse o grande erro do Dr. Benedito Leite:
confiou demais nas forças produtoras do Estado; admito mesmo que se enganasse na
algarismos são uma lástima (...) mas ninguém lhe pode negar a glória de sua pobreza, e as
boas intenções e o amor que tem manifestado por nosso torrão natal. (...) Quando ele
deixou a sua vila do Rosário para se meter na política, não era rico, mas possuía alguns
haveres, e hoje está pobre, paupérrimo, e não tem senão dívidas. A política e o Maranhão
absorveram-no por tal forma, que ele não aproveitou, numa rendosa banca de advogado, o
candidato único da conciliação promovida por Urbano Santos, tendo por Vice-
Machado.
desalentada voltava de palácio em súplica de pagamento”, não teve outra alternativa senão
recorrer ao empréstimo externo, tomando a Mayer Freres e Cie., por intermédio do Banco
Argentino Francês, 20.000.000 de francos, com o que conseguiu saldar a dívida flutuante,
a Escola Normal.
Ano de 1912 – 4 de setembro – Luís Domingues é reeleito para novo mandato (1912-
1914).
que existia de mais moderno no Maranhão, além de contar com a visita de alguns
estrangeiros e pessoas de alta posição social”, inclusive o escritor francês Paul Adam.
participou a Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Anil, com seus alvíssimos morins”.
Ano de 1914 – 1o. de março – Eleito mais uma vez para o governo do Maranhão, Urbano
Santos da Costa Araújo mais uma vez renunciou ao mandato, dando ocasião a que, como
Cirurgia do Maranhão, sob a presidência do Dr. Oscar Lamagnere Galvão, que se firmaria
enfim em 24 de abril de 1921, sob a mesma direção e contando com 40 associados, ela que
Governador do Maranhão para conjuração de nova crise política ligada à disputa Artur
graças às medidas tomadas por seu antecessor Luís Domingues e à I Guerra Mundial de
entrou em choque com a oposição na pessoa de Clodomir Cardoso, Prefeito de São Luís. “A
Ano de 1918 – 1o. de março – Assume o 1o.Vice-Governador eleito Dr. José Joaquim
Ulcerados que perambulavam pela cidade, contando com a ajuda dedicada de alguns
Janeiro), sob a direção do bacteriologista Dr. Cássio Miranda, assistido pelo Dr. Luís
Negócios e Interior e Justiça, a convite de Rodrigues Alves e mantido no cargo por Delfim
Ano de 1919 – 24 de fevereiro - Por inspiração de Urbano Santos foi feita a reforma
constitucional, “ditada mais por interesses político-partidários, e que por isso não teve a
chamar-se Presidente, com um único Vice; o Prefeito de São Luís a ser da confiança e
especial e com representações nos Estados para combater a terrível epidemia chamada
Ano de 1921 – Nova ameaça Peste Bubônica, com focos em São Bento, Penalva e São
Vicente Ferrer.
assume o poder em virtude, de outra vez, ser Urbano Santos candidato à Vice-Presidência
da República.
- 1o.de março – Godofredo Mendes Viana e Raul da Cunha Machado são eleitos
guardando a vaga para Urbano Santos, a quem devia por sua vez substituir, conforme
inspirou a revolta da Polícia militar, cuja tropa, sob o comando do Tenente Sebastião
Corrêa, ocupou o palácio mantendo o Presidente detido. Criou-se uma Junta Governativa
composta pelos Dr. Tarquínio Lopes Filho, Presidente, Desembargador Rodrigo Otávio
comprometer-se, por escrito, a manter os revoltados nos postos que tivessem, livres de
cargo, declarou pela imprensa que só o fizera sob coação, gerando novas inquietações, pois
Urbano Santos, em viagem para o Rio de Janeiro, o que daria origem a nova crise
Marcelino Machado, genro de Benedito Leite, logo eleito chefe da oposição, e de outro
Santos, desorientado com a ausência do chefe, que viajara para tratar de sua candidatura,
passou a ser dominado pelo seu Secretário do Interior, Dr. Teodoro Rosa.
depressão.
como uma esperança de paz e progresso, Godofredo Viana deixou-se influenciar pelo
cunhado e Secretário de Interior Juveliano Barreto, que criou para o governo a mais
Ano de 1824 – Para agravar a situação o fortíssimo inverno deste ano alagou cidades e
conceder auxílios e dispensar tributos, além da invasão de duas dezenas de municípios pela
- Novo empréstimo de $ 1.500.00 foi feito agora com Ulen & Co., de New
York, para financiamento dos serviços de água, esgoto, luz e tração elétricas em São Luís, a
cargo da Brighton & Co. Inc.; e depois outro empréstimo de 2.500 contos de réis, elevando
Procedeu a nova reforma do ensino proposta pelos professores Fran Paxeco, Osório
Ano de 1925 – 8 de abril – O Congresso Estadual aprovou, pela Lei no. 1.234, o laudo dos
oficiais do Exército Nacional que dirimiu a “Questão da Barra de Tutóia”, limites entre o
Wilson da Silva Soares e composto de, além do citado, Justo Jansen, José Domingues,
Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura e
Arias Cruz e acrescido depois com João Braulino de Carvalho, Raimundo Lopes, Fran
Almeida, aliás o segundo que exerceria integralmente o mandato,visto que o último fora
Rodrigues. No primeiro as cousas iam mal com a morte de Urbano Santos, delimitando-se
duas alas. Afinal, “definida a situação política com a cisão provocada por Marcelino
Machado, que foi suceder a Costa Rodrigues na chefia do Partido Republicano, o posto
que de Benedito Leite passara a Urbano Santos, acabaria em mãos do genro deste último,
Meireles)
obrigação de cortar gastos e suprimir cargos e serviços a fim de por em dia o pagamento do
incipiente de estradas de rodagem, outro de urbanismo para São Luís, a cargo do Dr. Jaime
Machado e Tarquínio Lopes Filho, chefe do “Partido Socialista” (que, como é óbvio, nada
Combate” e a “Folha do Povo” e que, não discrepando dos tempos passados, desciam aos
respondia em quase igual diapasão. É de notar que nunca houve realmente partidos no
Ano de 1930 – 1o. de março - É eleito Governador do Estado o Dr. José Pires Sexto, que
só governaria por sete meses, seria deposto e fugiria pelos fundos do palácio.
Sargento José Paz de Amorim. Tarquínio Lopes reunira em torno de si alguns jovens
idealistas, inclusive José Maria dos Reis Perdigão, o qual, tido por comunista, estivera
exilado na Argentina. Desde Deodoro que a insatisfação lavrava pelo país, manifesta nas
por “tenentismo” para combater “a mentalidade de comandita, de donos do bolo, (...) sem
nada conceder ao povo – que continua tratado como em país invadido” (Pedro Nava) que
Parga, Fernando Perdigão e José Maria Perdigão, Francisco Figueiredo, Hélio e Cunha,
Tácito Freitas, Eugênio Lima, entre outros) fez coro com o movimento armado que se
organizava pelo país, promovido pelos oficiais do Exército Miguel Costa, Carlos Prestes,
Juarez Távora e Siqueira Campos. José Maria Reis Perdigão fez-se seu representante entre
território maranhense. “Diante disso, e porque os oficiais (do Exército) não se resolvessem
a uma atitude (o tenente Tasso Serra, comprometido, voltou atrás) o sargento Paz Amorim
tomou a dianteira e, antes que sua companhia ficasse também desarmada, deu o brado da
revolta, prendendo toda a oficialidade, inclusive o major Luso Torres (comandante do 24o.
B.C.). (Meireles) Foi a sargento Amorim, um mulato simpático, de largo sorriso e decidida
ação, sem grande preparo intelectual, mas inteligente e corajoso quem, a 8 de outubro,
pelos Capitão Celso Aurélio Reis de Freitas, Dr. José Maria dos Reis Perdigão e Tenente
José Ribamar Campos. O Governador Pires Sexto fugiu pelos fundos do palácio e a Junta
Junta Pacificadora, formada pelos Generais João de Deus Mena Barreto e Augusto Tasso
Fragoso.
Luso Torres, o mesmo que, comandando o 24o. B. C. legalista, tinha sido aprisionado pela
revolução; secretariado pelo Dr. Reis Perdigão, um dos responsáveis maiores pelo
movimento revoltoso!
primeiro se transferiram para a segunda quase nas mesmas condições. A famigerada seca de
poder-se-ia dizer o mesmo que Henrique Leal disse dos antigos, que poucos são aqueles de
Ano de 1931 – 9 de janeiro – Toma posse no governo o padre Astolfo de Barros Serra
também soldado do movimento revolucionário de 30, teve uma curta e nada tranqüila
gestão. O caso é que o Arcebispo não podia ver com bons olhos um seu subordinado
políticos, e a que eram bastante vulneráveis tanto o Padre-Interventor, por sua maneira de
vida, quanto Arcebispo, pela auréola de antipatia que seu gênio lhe concedera”. (Mário
Meireles). Astolfo Serra deixou o palácio, após apenas 8 meses, nos braços do povo, o que
não impediu um tiroteio na rua principal da cidade, felizmente sem maiores conseqüências.
Interventor no. 4 de nosso Estado, vindo “para colocar ordem na política e nas finanças do
estadual”. (Buzar)
Governador.
aos trabalhadores salário mínimo, férias, indenização por dispensa sem justa causa, etc. e
Partido Comunista, de Luís Carlos Prestes e do Partido Integralista, sob a chefia de Plínio
Salgado.
Marcelino Machado, que, através do jornal “O Combate”, não lhe poupava violenta crítica
social ou econômica dos perseguidos, aplicadas por um grupo de capangas, que o povo
pela Assembléia Legislativa, candidato único dos dois Partidos: “Republicano” e “União”.
palavra dada; desentenderam-se por causa da Prefeitura de São Luís, prometida ao Dr.
Clodomir Cardoso, segundo uns, ao Dr. Costa Fernandes, para outros. O Governador
defende-se dizendo não submeter-se a imposições. Aliás, logo em seu discurso de posse dá
“um soleníssimo aviso”: “Não haverá considerações de espécie alguma, estima pessoal,
parentesco, gratidão por obséquios recebidos, apresentação por pessoas ás quais deva
pela posição social ou pelo valor soberanamente mais alto da cultura intelectual, nada,
diz Salomão Fiquene, seu colega na Medicina e seu confrade na Academia de Letras. Dá-se
empeachment do Governador (de modelo americano e pela primeira vez aplicado no Brasil)
de Caçadores;
Batalhão;
Carlos Prestes.
Pátria e Família”, por distintivo o Sigma e como saudação – Anauê!, atraiu importantes
Ano de 1937 – 24 de março – Assume o Governo Dr. Boanerges Neto Ribeiro, na ausência
transitória do titular.
futura campanha presidencial que julgavam poder desenvolver-se em torno dos nomes de
José Américo de Almeida, Armando Sales de Oliveira e Plínio Salgado, Getúlio Vargas
planejava um “golpe de Estado”. (Souto Maior). Para isto decretou “estado de guerra” em
comunismo no Brasil (depois descobriu-se que tal plano fora forjado pela polícia de Felinto
Muller.) Fechados Câmara e Senado, foi imposta à Nação uma “nova ordem”, uma
Constituição “que estabelecia teórica e praticamente uma ditadura”, assinada por todos os
ministros com exceção de Odilon Braga, da Agricultura, e apoiada pelas forças armadas.
Estava instalado o famigerado “Estado Novo”. Nunca um chefe de Estado obtivera tanto
“Seus nove anos de administração - diz Mário Meireles – foram, sem dúvida,
dos mais profícuos e progressistas que o Maranhão tem gozado”, o que não impede de ter
ele angariado a antipatia geral da população. Com os poderes discricionários de então pôde
alusões à sua pessoa, o que num estado policial propiciava toda sorte de vexames e prisões
públicas e espetaculosas, para gáudio de seu Chefe de Polícia Flávio Bezerra, “célebre por
programático (e uns pouquíssimos hoje existentes) não ficaram imunes à praga que Pedro
oriundos da velha oligarquia agrário-coronelesca, que se diversifica mas não perde o ranço
de superioridade de casta e cujo único objetivo é estar de cima! Com o Estado Novo a
cousa mudou para pior. A classe operária emergente foi logo cooptada pelo Ministério do
violência fascista contra a ascensão da classe trabalhadora e a esta engodava com a criação
proclamassem “O Pai dos Pobres”. “Uma vela em cada altar até que os acontecimentos
Polícia Flávio Bezerra a dar execução ao decreto que extinguia os partidos. “Paulo Ramos,
Ribeiro.
- 8 de maio – Reassume o poder Paulo Ramos e por outras tantas vezes ausentase
integralista, ambos com idéias totalitárias, acabaram se desavindo, mesmo porque aquele
decidira prescindir da colaboração dos partidos com a afirmação de seu poder pessoal. Na
Guanabara, num golpe muito mal organizado que resultou no fuzilamento de alguns
integralistas, Getulio reinou absoluto no uso de todos os discricionários poderes que lhe
II Grande Guerra, que envolveu o mundo inteiro: Alemanha, Itália, Rússia e Japão
formaram o bloco chamado “Eixo”; Inglaterra, França, Estados Unidos, o dos “Aliados”, ao
estratégicas; ao mesmo tempo, permite a utilização de seu território para instalação de bases
aéreas e navais americanas em seu território e a Marinha brasileira passa a proteger as rotas
Montese. E o Brasil ainda mandou os Segundo e Terceiro Escalões para a frente de batalha.
“Nossos objetivos – Monte Castelo, La Serra, Bela Vista, Santa Maria Villiana, Vale do
Ano de 1945 – 23 de março – Toma posse como Interventor o ex-Senador Clodomir Serra
Serrão Cardoso, “nomeado Interventor por influência da nova situação que se criara”, ou
seja “sob a chefia de Vitorino Freire, a cujo lado muitos dos nossos homens públicos se
haviam posto por motivo de seu prestígio pessoal junto ao candidato Eurico Dutra, o
favorito no páreo presidencial”, segundo Mário M. Meireles. Paulo Ramos viajara para o
Rio de Janeiro para entregar o cargo a Getúlio certo de que a candidatura de Dutra
grupo que o acompanha”. (Manifesto de 8 de abril de 1945). “Anos depois desse episódio,
os dois passaram a fumar o cachimbo da paz, quando Vitorino fora nomeado oficial de
Gabinete do Ministro da Viação e Obras Públicas e, através dele, Paulo Ramos passara a ter
acesso ao ministro João Mendonça Lima.” (B. Buzar) Dizia Millor Fernandes que a
diferença entre a guerra e a política é que naquela o inimigo está do lado de lá.
Cardoso para reorganizar o PSD. Paulo Ramos servira a ambos para neutralizar Vitorino;
Vitorino agora ajudava a “defenestrar Paulo Ramos do Maranhão” e vingar a ursada que ele
Constituição.
País o General Eurico Gaspar Dutra. Um dos responsáveis pela implantação do “Estado
Novo” o foi também dos que apressaram sua queda. Dutra rompeu relações com a União
Coligadas (UDN e PR) apenas 3 deputados. O Gal. Dutra obteve 44.750 contra os 27.030
de Eduardo Gomes.
governo.
contra a candidatura de Genésio, mas na briga pelo controle do Partido ganhou Genésio e
Vitorino foi abrigar-se no Partido Proletário Brasileiro – PPB, cedido por empréstimo, e
o Interventor.
Partido Social Trabalhista – PST, com amplitude e projeção nacionais, e dar sustentação a
Dutra no Congresso e garantir cargos e favores para seus amigos. Assentou seu reinado no
Maranhão.
Ano de 1948 – 28 de julho - Satu rompe com Vitorino por causa da eleição da Mesa
SÉCULO XX
Ano de 1901 – 13 de março - “Massacre de Alto-Alegre”, onde morreram cerca de 200
pessoas, entre frades, freiras, homens, mulheres e crianças, iniciando-se assim tragicamente
o século XX.
Ano de 1902 – 1o. de março – Assume o governo Dr. Manuel Lopes da Cunha, “posto por
que, dos quatro, inclusive o titular Lopes da Cunha, é o que por mais tempo exerce o poder,
criando até uma “oligarquia dos Moreira”. Deve-se-lhe a criação da Repartição de Obras
Públicas, Viação, Indústria, Terras e Colonização e durante seu governo sofreu São Luís a
dos médicos do sul, Drs. Rodolfo Vacani, Souza Sanches, Toledo Dodsworth, Henrique
Marques Lisboa, Augusto Pacheco, Adolfo Pereira, Vitor Godinho, Adolfo Lindenberg e
Crisciuma Filho, secundados pelos nossos Drs. Joaquim Belo, Galdino Ramos, Cláudio
Serra de Mares Rego, Rogério Coelho Júnior, Antônio Palhano e Domingos Xavier de
Carvalho. Pela quantidade de profissionais recrutados para atender à epidemia e pelo tempo
em que ela transcorreu vê-se a gravidade da situação, que obrigou a população em pânico a
fugir para sítios e quintas dos arrabaldes ou para localidades do interior, os ratos
disseminando o mal pela cidade. O próprio Dr. Henrique, que improvisara um laboratório
interessada assistência de seus colegas maranhenses. Igual sorte não teve o farmacêutico
Bernardo Pedrosa Caldas, que perdeu a mulher, vítima da epidemia. “Guarda a tradição,
diz Meireles, que a quantidade de pestosos diariamente mortos chegou a tanto, que o
serviço funerário normal foi substituído pelo do popular Mãe da Lua, que, percorrendo
com sua funérea carroça as ruas desertas, ia recolhendo das casas os cadáveres para levalos
cujos sinos sempre haviam dobrado à passagem de cada féretro pela rua do Passeio ou do
Norte, rumo ao Campo Santo, agora os mantinha calados para que, pela freqüência em
Ano de 1905 – 3 de janeiro – O Presidente da República, Dr. Afonso Pena, sancionou a Lei
no. 1.329 que autorizava a construção da Estrada de Ferro de São Luís a Caxias. Três
empresas concorreram saindo vencedora Proença Echeverria & Cia., com orçamento de
9.052:000$000 contra 22.560:000$000, o mais elevado. O traçado original foi mudado para
a margem do rio, uma incongruência, pois matou a navegação do Itapecuru, e ao fim custou
12.000$000!
Pereira Leite
Exposição.
Ano de 1908 – 25 de maio - Adoecendo, Benedito Leite passa o governo ao 2o. Vice-
Governador Artur Quadros Colares Moreira, que o conservaria até o dia 25/02/1909.
de Letras, juntamente com Alfredo de Assis Castro, Astolfo Marques, Barbosa de Godóis,
sobreveio para o Estado uma das mais graves crises políticas, conseqüente da luta
disfarçada e muda pela chefia do partido, entre Urbano Santos e José Euzébio,
Colares Moreira viajou para o Rio de Janeiro para viabilizar sua candidatura ao
governo no próximo quatriênio, conforme acerto com Benedito Leite; sem resultado,
governo, em
Não faz mal repitamos haver o governo de Benedito Leite se estendido por
quinze anos e não os dois de seu efetivo exercício. E durante eles o Maranhão enfrentou
abandono das fazendas, perdendo a classe rural quase 90% de seu capital; os lavradores,
desesperados, vieram perder o pouco que lhes restara na “disenteria fabriqueira” que
tomou conta do Estado; a alta do preço da borracha desviava para os seringais da Amazônia
criava novos serviços: biblioteca, registro civil, escolas modelo e normal e grupos escolares
telegráfica foi uma das preocupações de Bendito Leite.” Para acudir à aflitiva situação do
Estado sem omitir-se em relação aos deveres de governo, lançou mão de empréstimos de
bancos locais – Comercial, Maranhão e Hipotecário, e até à firma Cunha Santos & Cia.
Sucess., pois “a Benedito Leite repugnava ver sua terra no papel de necessitado pedinte”
Estado com os recursos do nosso não pode estar na miséria. A sua má situação é
passageira (...) e tanto bastará para que o Maranhão se liberte de sua dívida, que não
ele consiga reanimar o Maranhão.. Isso é mais patriótico e mais prático do que andar por
toda parte a badalar que a nossa terra está perdida, quando não o está.” Mas, acrescenta,
hesitante: infelizmente duvido muito que os maranhenses nos consorciemos para essa obra
de salvação do Estado. Somos desunidos por temperamento, por índole.” E num derradeiro
apelo: “Unamo-nos, patrícios; a união faz a força! Palestra de Artur Azevedo, no Rio de
Quanto à sua honradez, é o próprio Azevedo quem diz: “A acusação mais grave
que se lhe faz é de não saber somar, e querer, com uma receita de cinco pagar uma
despesa de dez. Sim, senhor, admito que é esse o grande erro do Dr. Benedito Leite:
confiou demais nas forças produtoras do Estado; admito mesmo que se enganasse na
algarismos são uma lástima (...) mas ninguém lhe pode negar a glória de sua pobreza, e as
boas intenções e o amor que tem manifestado por nosso torrão natal. (...) Quando ele
deixou a sua vila do Rosário para se meter na política, não era rico, mas possuía alguns
haveres, e hoje está pobre, paupérrimo, e não tem senão dívidas. A política e o Maranhão
absorveram-no por tal forma, que ele não aproveitou, numa rendosa banca de advogado, o
candidato único da conciliação promovida por Urbano Santos, tendo por Vice-
Machado.
desalentada voltava de palácio em súplica de pagamento”, não teve outra alternativa senão
recorrer ao empréstimo externo, tomando a Mayer Freres e Cie., por intermédio do Banco
Argentino Francês, 20.000.000 de francos, com o que conseguiu saldar a dívida flutuante,
a Escola Normal.
Ano de 1912 – 4 de setembro – Luís Domingues é reeleito para novo mandato (1912-
1914).
que existia de mais moderno no Maranhão, além de contar com a visita de alguns
estrangeiros e pessoas de alta posição social”, inclusive o escritor francês Paul Adam.
participou a Fábrica de Fiação e Tecidos do Rio Anil, com seus alvíssimos morins”.
Ano de 1914 – 1o. de março – Eleito mais uma vez para o governo do Maranhão, Urbano
Santos da Costa Araújo mais uma vez renunciou ao mandato, dando ocasião a que, como
Cirurgia do Maranhão, sob a presidência do Dr. Oscar Lamagnere Galvão, que se firmaria
enfim em 24 de abril de 1921, sob a mesma direção e contando com 40 associados, ela que
Governador do Maranhão para conjuração de nova crise política ligada à disputa Artur
graças às medidas tomadas por seu antecessor Luís Domingues e à I Guerra Mundial de
entrou em choque com a oposição na pessoa de Clodomir Cardoso, Prefeito de São Luís. “A
Ano de 1918 – 1o. de março – Assume o 1o.Vice-Governador eleito Dr. José Joaquim
Ulcerados que perambulavam pela cidade, contando com a ajuda dedicada de alguns
Janeiro), sob a direção do bacteriologista Dr. Cássio Miranda, assistido pelo Dr. Luís
Negócios e Interior e Justiça, a convite de Rodrigues Alves e mantido no cargo por Delfim
Ano de 1919 – 24 de fevereiro - Por inspiração de Urbano Santos foi feita a reforma
constitucional, “ditada mais por interesses político-partidários, e que por isso não teve a
chamar-se Presidente, com um único Vice; o Prefeito de São Luís a ser da confiança e
especial e com representações nos Estados para combater a terrível epidemia chamada
Ano de 1921 – Nova ameaça Peste Bubônica, com focos em São Bento, Penalva e São
Vicente Ferrer.
assume o poder em virtude, de outra vez, ser Urbano Santos candidato à Vice-Presidência
da República.
- 1o.de março – Godofredo Mendes Viana e Raul da Cunha Machado são eleitos
guardando a vaga para Urbano Santos, a quem devia por sua vez substituir, conforme
inspirou a revolta da Polícia militar, cuja tropa, sob o comando do Tenente Sebastião
Corrêa, ocupou o palácio mantendo o Presidente detido. Criou-se uma Junta Governativa
composta pelos Dr. Tarquínio Lopes Filho, Presidente, Desembargador Rodrigo Otávio
comprometer-se, por escrito, a manter os revoltados nos postos que tivessem, livres de
cargo, declarou pela imprensa que só o fizera sob coação, gerando novas inquietações, pois
Urbano Santos, em viagem para o Rio de Janeiro, o que daria origem a nova crise
Marcelino Machado, genro de Benedito Leite, logo eleito chefe da oposição, e de outro
Santos, desorientado com a ausência do chefe, que viajara para tratar de sua candidatura,
passou a ser dominado pelo seu Secretário do Interior, Dr. Teodoro Rosa.
depressão.
como uma esperança de paz e progresso, Godofredo Viana deixou-se influenciar pelo
cunhado e Secretário de Interior Juveliano Barreto, que criou para o governo a mais
Ano de 1824 – Para agravar a situação o fortíssimo inverno deste ano alagou cidades e
conceder auxílios e dispensar tributos, além da invasão de duas dezenas de municípios pela
- Novo empréstimo de $ 1.500.00 foi feito agora com Ulen & Co., de New
York, para financiamento dos serviços de água, esgoto, luz e tração elétricas em São Luís, a
cargo da Brighton & Co. Inc.; e depois outro empréstimo de 2.500 contos de réis, elevando
Procedeu a nova reforma do ensino proposta pelos professores Fran Paxeco, Osório
Ano de 1925 – 8 de abril – O Congresso Estadual aprovou, pela Lei no. 1.234, o laudo dos
oficiais do Exército Nacional que dirimiu a “Questão da Barra de Tutóia”, limites entre o
Wilson da Silva Soares e composto de, além do citado, Justo Jansen, José Domingues,
Barros e Vasconcelos, Domingos Perdigão, José Pedro Ribeiro, José Abranches de Moura e
Arias Cruz e acrescido depois com João Braulino de Carvalho, Raimundo Lopes, Fran
Almeida, aliás o segundo que exerceria integralmente o mandato,visto que o último fora
Rodrigues. No primeiro as cousas iam mal com a morte de Urbano Santos, delimitando-se
duas alas. Afinal, “definida a situação política com a cisão provocada por Marcelino
Machado, que foi suceder a Costa Rodrigues na chefia do Partido Republicano, o posto
que de Benedito Leite passara a Urbano Santos, acabaria em mãos do genro deste último,
Meireles)
obrigação de cortar gastos e suprimir cargos e serviços a fim de por em dia o pagamento do
incipiente de estradas de rodagem, outro de urbanismo para São Luís, a cargo do Dr. Jaime
Machado e Tarquínio Lopes Filho, chefe do “Partido Socialista” (que, como é óbvio, nada
Combate” e a “Folha do Povo” e que, não discrepando dos tempos passados, desciam aos
respondia em quase igual diapasão. É de notar que nunca houve realmente partidos no
Ano de 1930 – 1o. de março - É eleito Governador do Estado o Dr. José Pires Sexto, que
só governaria por sete meses, seria deposto e fugiria pelos fundos do palácio.
Sargento José Paz de Amorim. Tarquínio Lopes reunira em torno de si alguns jovens
idealistas, inclusive José Maria dos Reis Perdigão, o qual, tido por comunista, estivera
exilado na Argentina. Desde Deodoro que a insatisfação lavrava pelo país, manifesta nas
por “tenentismo” para combater “a mentalidade de comandita, de donos do bolo, (...) sem
nada conceder ao povo – que continua tratado como em país invadido” (Pedro Nava) que
Parga, Fernando Perdigão e José Maria Perdigão, Francisco Figueiredo, Hélio e Cunha,
Tácito Freitas, Eugênio Lima, entre outros) fez coro com o movimento armado que se
organizava pelo país, promovido pelos oficiais do Exército Miguel Costa, Carlos Prestes,
Juarez Távora e Siqueira Campos. José Maria Reis Perdigão fez-se seu representante entre
território maranhense. “Diante disso, e porque os oficiais (do Exército) não se resolvessem
a uma atitude (o tenente Tasso Serra, comprometido, voltou atrás) o sargento Paz Amorim
tomou a dianteira e, antes que sua companhia ficasse também desarmada, deu o brado da
revolta, prendendo toda a oficialidade, inclusive o major Luso Torres (comandante do 24o.
B.C.). (Meireles) Foi a sargento Amorim, um mulato simpático, de largo sorriso e decidida
ação, sem grande preparo intelectual, mas inteligente e corajoso quem, a 8 de outubro,
pelos Capitão Celso Aurélio Reis de Freitas, Dr. José Maria dos Reis Perdigão e Tenente
José Ribamar Campos. O Governador Pires Sexto fugiu pelos fundos do palácio e a Junta
Junta Pacificadora, formada pelos Generais João de Deus Mena Barreto e Augusto Tasso
Fragoso.
Luso Torres, o mesmo que, comandando o 24o. B. C. legalista, tinha sido aprisionado pela
revolução; secretariado pelo Dr. Reis Perdigão, um dos responsáveis maiores pelo
movimento revoltoso!
primeiro se transferiram para a segunda quase nas mesmas condições. A famigerada seca de
poder-se-ia dizer o mesmo que Henrique Leal disse dos antigos, que poucos são aqueles de
Ano de 1931 – 9 de janeiro – Toma posse no governo o padre Astolfo de Barros Serra
também soldado do movimento revolucionário de 30, teve uma curta e nada tranqüila
gestão. O caso é que o Arcebispo não podia ver com bons olhos um seu subordinado
políticos, e a que eram bastante vulneráveis tanto o Padre-Interventor, por sua maneira de
vida, quanto Arcebispo, pela auréola de antipatia que seu gênio lhe concedera”. (Mário
Meireles). Astolfo Serra deixou o palácio, após apenas 8 meses, nos braços do povo, o que
não impediu um tiroteio na rua principal da cidade, felizmente sem maiores conseqüências.
Interventor no. 4 de nosso Estado, vindo “para colocar ordem na política e nas finanças do
estadual”. (Buzar)
Governador.
aos trabalhadores salário mínimo, férias, indenização por dispensa sem justa causa, etc. e
Partido Comunista, de Luís Carlos Prestes e do Partido Integralista, sob a chefia de Plínio
Salgado.
Marcelino Machado, que, através do jornal “O Combate”, não lhe poupava violenta crítica
social ou econômica dos perseguidos, aplicadas por um grupo de capangas, que o povo
pela Assembléia Legislativa, candidato único dos dois Partidos: “Republicano” e “União”.
palavra dada; desentenderam-se por causa da Prefeitura de São Luís, prometida ao Dr.
Clodomir Cardoso, segundo uns, ao Dr. Costa Fernandes, para outros. O Governador
defende-se dizendo não submeter-se a imposições. Aliás, logo em seu discurso de posse dá
“um soleníssimo aviso”: “Não haverá considerações de espécie alguma, estima pessoal,
parentesco, gratidão por obséquios recebidos, apresentação por pessoas ás quais deva
pela posição social ou pelo valor soberanamente mais alto da cultura intelectual, nada,
diz Salomão Fiquene, seu colega na Medicina e seu confrade na Academia de Letras. Dá-se
empeachment do Governador (de modelo americano e pela primeira vez aplicado no Brasil)
de Caçadores;
Batalhão;
Carlos Prestes.
Pátria e Família”, por distintivo o Sigma e como saudação – Anauê!, atraiu importantes
Ano de 1937 – 24 de março – Assume o Governo Dr. Boanerges Neto Ribeiro, na ausência
transitória do titular.
futura campanha presidencial que julgavam poder desenvolver-se em torno dos nomes de
José Américo de Almeida, Armando Sales de Oliveira e Plínio Salgado, Getúlio Vargas
planejava um “golpe de Estado”. (Souto Maior). Para isto decretou “estado de guerra” em
comunismo no Brasil (depois descobriu-se que tal plano fora forjado pela polícia de Felinto
Muller.) Fechados Câmara e Senado, foi imposta à Nação uma “nova ordem”, uma
Constituição “que estabelecia teórica e praticamente uma ditadura”, assinada por todos os
ministros com exceção de Odilon Braga, da Agricultura, e apoiada pelas forças armadas.
Estava instalado o famigerado “Estado Novo”. Nunca um chefe de Estado obtivera tanto
“Seus nove anos de administração - diz Mário Meireles – foram, sem dúvida,
dos mais profícuos e progressistas que o Maranhão tem gozado”, o que não impede de ter
ele angariado a antipatia geral da população. Com os poderes discricionários de então pôde
alusões à sua pessoa, o que num estado policial propiciava toda sorte de vexames e prisões
públicas e espetaculosas, para gáudio de seu Chefe de Polícia Flávio Bezerra, “célebre por
programático (e uns pouquíssimos hoje existentes) não ficaram imunes à praga que Pedro
oriundos da velha oligarquia agrário-coronelesca, que se diversifica mas não perde o ranço
de superioridade de casta e cujo único objetivo é estar de cima! Com o Estado Novo a
cousa mudou para pior. A classe operária emergente foi logo cooptada pelo Ministério do
violência fascista contra a ascensão da classe trabalhadora e a esta engodava com a criação
proclamassem “O Pai dos Pobres”. “Uma vela em cada altar até que os acontecimentos
Polícia Flávio Bezerra a dar execução ao decreto que extinguia os partidos. “Paulo Ramos,
Ribeiro.
- 8 de maio – Reassume o poder Paulo Ramos e por outras tantas vezes ausentase
integralista, ambos com idéias totalitárias, acabaram se desavindo, mesmo porque aquele
decidira prescindir da colaboração dos partidos com a afirmação de seu poder pessoal. Na
Guanabara, num golpe muito mal organizado que resultou no fuzilamento de alguns
integralistas, Getulio reinou absoluto no uso de todos os discricionários poderes que lhe
II Grande Guerra, que envolveu o mundo inteiro: Alemanha, Itália, Rússia e Japão
formaram o bloco chamado “Eixo”; Inglaterra, França, Estados Unidos, o dos “Aliados”, ao
estratégicas; ao mesmo tempo, permite a utilização de seu território para instalação de bases
aéreas e navais americanas em seu território e a Marinha brasileira passa a proteger as rotas
Montese. E o Brasil ainda mandou os Segundo e Terceiro Escalões para a frente de batalha.
“Nossos objetivos – Monte Castelo, La Serra, Bela Vista, Santa Maria Villiana, Vale do
Ano de 1945 – 23 de março – Toma posse como Interventor o ex-Senador Clodomir Serra
Serrão Cardoso, “nomeado Interventor por influência da nova situação que se criara”, ou
seja “sob a chefia de Vitorino Freire, a cujo lado muitos dos nossos homens públicos se
haviam posto por motivo de seu prestígio pessoal junto ao candidato Eurico Dutra, o
favorito no páreo presidencial”, segundo Mário M. Meireles. Paulo Ramos viajara para o
Rio de Janeiro para entregar o cargo a Getúlio certo de que a candidatura de Dutra
grupo que o acompanha”. (Manifesto de 8 de abril de 1945). “Anos depois desse episódio,
os dois passaram a fumar o cachimbo da paz, quando Vitorino fora nomeado oficial de
Gabinete do Ministro da Viação e Obras Públicas e, através dele, Paulo Ramos passara a ter
acesso ao ministro João Mendonça Lima.” (B. Buzar) Dizia Millor Fernandes que a
diferença entre a guerra e a política é que naquela o inimigo está do lado de lá.
Cardoso para reorganizar o PSD. Paulo Ramos servira a ambos para neutralizar Vitorino;
Vitorino agora ajudava a “defenestrar Paulo Ramos do Maranhão” e vingar a ursada que ele
Constituição.
País o General Eurico Gaspar Dutra. Um dos responsáveis pela implantação do “Estado
Novo” o foi também dos que apressaram sua queda. Dutra rompeu relações com a União
Coligadas (UDN e PR) apenas 3 deputados. O Gal. Dutra obteve 44.750 contra os 27.030
de Eduardo Gomes.
governo.
contra a candidatura de Genésio, mas na briga pelo controle do Partido ganhou Genésio e
Vitorino foi abrigar-se no Partido Proletário Brasileiro – PPB, cedido por empréstimo, e
o Interventor.
Partido Social Trabalhista – PST, com amplitude e projeção nacionais, e dar sustentação a
Dutra no Congresso e garantir cargos e favores para seus amigos. Assentou seu reinado no
Maranhão.
Ano de 1948 – 28 de julho - Satu rompe com Vitorino por causa da eleição da Mesa
cooptaram Satu Belo para o outro lado, fazendo-o mesmo seu candidato à sucessão de
com o Senador Neiva: este passara do vitorinismo para a oposição; o outro trocou o PR
pelo PST. Depois de muita confusão, inclusive violências, com duas Assembléias em
funcionamento, Vitorino fez o Presidente da Mesa e foi para o Rio com seu prestígio
restaurado.
Barros, confiado, no Maranhão, ao médico Dr. Clodomir Teixeira Milet, e Paulo Ramos
ressuscita o antigo PTB. Arma-se a disputa: de um lado UDN + PR + PSD + PSP + PTB;
de outro o PST, “sem a parceria de qualquer outra agremiação partidária, numa eleição
insultos pelos jornais (“Jornal do Povo”, oposicionista versus “Diário de São Luís”,
concedeu forças federais para garantir a ordem e ensejar aos juízes eleitorais condições de
Presidência da República.
morte de Satu.
Eugênio Barros.
João Lisboa, insuflava o povo “a evitar, ainda que como sacrifício da própria vida”, a
intolerância recíproca. “Após um comício, por volta das 8 horas da noite (27/2/1951), o
garantido pela Polícia Militar, postada em frente à igreja da Sé, formando o célebre
“paralelo 38”, apelido tomado à Guerra da Coréia, contemporânea dos fatos. Exacerbaramse
Janeiro, o jornalista Neiva Moreira afirmava: “Iremos a tudo, à guerra civil inclusive. Não
1o. de março – Chega a São Luís o Comandante da 10a. RM, Coronel Inimá
maranhense, o Ministro da Justiça opinando que o caso não era de intervenção: “O TSE é
10a. Região vem ao Maranhão, restabelece a ordem pública. A disputa passa a ocorrer nos
Presidência, eleição de um Governador oposicionista, que não tomou posse, a tropa federal
Superior Eleitoral.
Lino Machado não teve dúvidas em afirmar que haveria uma terceira Balaiada no
Maranhão e o Deputado Rui Almeida que a guerra civil seria inevitável, caso o TSE
mais entusiasmo. “A impressão geral era de que nova crise eclodiria, mantendo-se ou não,
Luís.
garantido não só pela Polícia Militar, disposta no paralelo 38, como pelo Exército. Por
um ônibus desgarrou-se, desceu a rua do Sol e, ao deparar-se com a força policial, foi por
ela alvejada, supondo tratar-se de um ataque da oposição. Começou a fase dos incêndios
acusação aos Coligados, afirmando que somente a eles interessava incendiar casas, para
João dos Patos, estar à frente de 12.000 homens para atacar a Capital. O Tenente Eurípedes
Bezerra, com 12 soldados da Polícia Militar é mandado ao seu encontro e com essa brutal
desproporção de 1.000 revoltosos para cada 1 praça, desbarata o exército rebelde e “faz o
dias em São Luís em conferência com governistas e antivitorinistas e volta ao Rio sem uma
genro de Getúlio, Eugênio declarou: “Não preciso, não desejo e nem peço intervenção;
posso manter a ordem; basta retirarem as tropas federais.” O sertanejo Eugênio Barros
manteve-se no governo, disposto a morrer em defesa da lei e de sua dignidade: “Na hora da
luta não ficarei em palácio. Sairei para as ruas e peço apenas aos instigadores da
insurreição popular que também estejam em praça pública. Morreremos todos escrevendo
carnificina. Nem um tiro foi disparado; a expectativa deu lugar a uma tranqüilíssima e
radiosa manhã. Morria a “revolução” que por duas semanas perturbara a vida do Estado.
Eugênio telegrafou a Getúlio: “Reina absoluta calma em todo o Estado”. E governou até 31
de janeiro de1956.
(Por ironia da sorte José Sarney, três décadas mais tarde se encontraria em
situação parecida: Com a morte do Presidente Tancredo Neves, criou-se o mesmo dilema:
substituir, alegavam. Por fim o jurista Afonso Arinos de Melo Franco sentenciou: - José
mutandis Eugênio não era vice de Satu e, sim, vice-governador do Maranhão! E acabou
assumindo)
Ano de 1954 – 28 de junho – Vitorino Freire contabiliza mais uma vitória: o Tribunal
Sebastião Archer da Silva; 1o. Secretário - Newton de Barros Belo; 2o. Secretário –
Raimundo Bogéa; 1o. Tesoureiro – Alexandre Alves Costa; 2o. Tesoureiro – José de Matos
Carvalho.
Diários Associados”, que perdera a eleição para o Senado em sua terra natal, a Paraíba,
toma posse como Senador pelo Maranhão, graças às articulações de Vitorino Freire.
à tona as mais torpes cenas de degradação moral e política, no curso das quais
Kuitscheck de Oliveira, que mudaria a Capital para o planalto goiano e construiria Brasília.
Carvalho (Governador) e Alexandre Alves Costa (Vice) ainda não tinham sido diplomados.
até pouco tempo o consideravam vilão, rapidamente passaram a vê-lo como herói.”
mesmo que tivera a casa incendiada em 1951), designando-o para assumir o Governo do
vezes, tem dois governos. Costa Fernandes renuncia e é leito outro Governador – o
desembargador Palmério Campos que não consegue melhor acolhida por parte de Alderico
Machado. Agora são três “governadores” para uma só vaga. Vitorino mais uma vez
de duas dezenas de soldados intenta atacar o Palácio; “não tendo, porém, logrado aumentar
(Meireles)
O governo de Eurico Ribeiro foi dos mais agitados em razão da disputa pelo
pretensões oposicionistas o que desencadeava críticas e insultos por parte dos adversários
Desembargadores com estas expressões: “... o cinismo de quatro tarados, de cara calçada
e almas enzinhavradas de cobre”, obrigando o revide do Estado que lhe havia conferido o
repetir entre nós, o epíteto com que agride e desrespeita, da tribuna do Senado, os
TRE, antes acusado pelos governistas de estar a serviço das Oposições, passava, agora, a
ser alvo da censura e da ira destas, acusado de fazer o jogo dos vitorinistas”. Assim é a
Política!
Ano de 1957 – 9 de julho, foi proclamado e empossado o Novo Governador, o Dr. José de
Matos Carvalho, com ele o Dr. Alexandre Alves Costa, como Vice-Governador.
Secretário de Interior, Dr. Newton Belo recusa-se a entregar o poder e é exonerado pelo
Governador Alexandre Costa, que passa a governar da sala da Assembléia. Matos Carvalho
sobre aplicação de recursos ainda do Governo Eugênio Barros, no qual Alexandre era
Assembléia. Alexandre Costa é destituído da Presidência, que passa a ser exercida por um
Deputado. De novo o Estado tinha duas Assembléias: uma na rua do Egito, outra na
Biblioteca Benedito Leite. Ao final, esta aprovou a ata que retirava do Vice-Governador a
Mesa Diretora do Judiciário são eleitos dois Presidentes – Nicolau Dino e Francisco Costa
Fernandes Sobrinho que, ridiculamente, se sentam lado a lado na mesa da Presidência, sem
conseguir presidir nada, um de posse do livro de atas, outro com as chaves da Secretaria. A
Política, por vezes, toma a aparência de uma comédia diante da qual só umas boas
gargalhadas. Essa dualidade só teve fim com a intervenção do Superior Tribunal Federal
“que decidiu por cobro a essa vergonhosa novela judiciária”, anulando a eleição,
designando o Desembargador Traiaú Moreira para presidir outra, que elegeu Palmério
Governador, impetra mandato de segurança por não lhe ter o Governador passado o cargo.
comum com o PSD. O Deputado Clodomir Milet, “munido de farto material”, denunciou
dando ensejo a uma acre discussão pela imprensa, na qual José Sarney, udenista, chamou
Crédito da Amazônia para candidatar-se ao Governo do Maranhão pelo PTB e logo recebe
conseguiu extrair dos segmentos vitorinistas o seu candidato para enfrentar a máquina do
PSD, como aconteceu em 1950, com Saturnino Belo, e em 1955, com Hugo da Cunha
Machado. Repetia-se, pois, em 1960, o figurino adotado nos pleitos anteriores: à falta de
disputar as eleições e partir para a tomada do poder (...) fingiam esquecer, em nome da
causa maior, o passado e os serviços prestados pelos cristãos novos ao PSD, esforçando-se
fazendo o Diretor do “Jornal do Povo”, órgão ademarista, Neiva Moreira, (que assumiu a
candidatura Jânio Quadros. Foram para o pleito Newton Belo-Alfredo Dualibe versus
desceram ao terreno do insulto, mantendo-se com decência e educação, “à altura das mais
em Aragarças, onde já estavam 3 aviões DC-3, da Força Aérea Brasileira, na revolta que
apoio dos companheiros de farda e dos civis da UDN, adversários de Kubitschek. Dentre os
seqüestrados estava o Suplente de Senador maranhense, Dr. Remy Archer da Silva. Foram
Burnier, Haroldo Veloso e Geraldo Lebre; Majores Eber Teixeira Pinto e Washington
Mascarenhas; Capitães Leusinger Marques Lima, Gerseh Barbosa, Próspero Barata Neto e
Tarcísio Célio Nunes Ferreira; e os civis engenheiro Charles Herba,; advogado Luís
Ano de 1960 – 10 de setembro – O General HenriqueTeixeira Lott visita São Luís. Jânio
Quadros, em entrevista, dissera que onde ele não pudesse ir o General iria por ele. Todo
mundo achou que ele era mesmo maluco, como se propalava. Depois dos comícios de Lott
viu-se porquê: ele pregava a favor de Jânio. Disse bobagens, despautérios, trocou nomes e
profissões e afirmou, em praça pública, que todo advogado é herdeiro do defunto, nos
inventários e nos prometeu uma Faculdade de Direito, quando a nossa era já centenária. Um
andares e que demorou cerca de 3 anos, no local da antiga Igreja de Nossa Senhora da
Conceição.
Ano de 1961 – 31 de janeiro -Toma posse da Presidência da República o Dr. Jânio da Silva
junto ao governo de Jânio Quadros. Crescia o prestígio de José Sarney, destaque da cúpula
udenista.
Goulart, sob o regime Parlamentarista, para conjurar a crise criada pelos militares contra a
ao seio do PSD, formando com Newton Belo, agora chefe do Partido, enquanto o comando
da UDN passa às mãos de José Sarney e ele se torna intermediário entre Newton Belo e o
Palácio do Planalto. .
Ano de 1962 – Rebelião dentro do PSD, chefiada pelo Deputado Cid Carvalho.
passam a controlar o poder e Vitorino volta a ocupar posição de mando como antes.
“Diante dessa nova realidade, a participação de José Sarney perdeu substância e o seu
seu campo de luta.” Outros Deputados federais e estaduais rompem com Newton Belo. As
Agrária.
Ano de 1963 – 4 de janeiro – O TRE declara eleitos Deputados Federais: 11 pelo PSD; 3
do PSP; 2 pela coligação PR, UDN, PDC e PTN; Estaduais: PSD – 22; PSP – 6;
práticas ditatoriais e antidemocráticas que têm dado ao Brasil uma visão deformadora do
assassinado em Dalas.
Revolução, que os tinha como responsáveis pela situação a que chegara o país. No
William Moreira Lima e Dra. Maria José Aragão, dirigentes do PC; detinha o jornalista
Presidente da UMES Edimar Santos, os jornalistas Eider Paes, Luís Vasconcelos e Ribamar
Bogéa, e os sindicalistas Vera Cruz Marques e Renato de Vaz Figueira. No Rio de Janeiro
Deputados figura Neiva Moreira, que ainda por cima é preso. Faz-se intervenção da
apresenta a intervenção militar como corretiva e transitória. Mas não consegue evitar que
História”)
cassou os Deputados Sálvio Dino e Benedito Buzar, e os Suplentes Joaquim Mochel, José
Tribuzi Pinheiro Gomes, Manuel Vera Cruz Marques e William Moreira Lima, por
atividades comunistas e José Bento Neves, por subversão. Foram também cassados e presos
políticos, acaba com as eleições diretas para presidente, espicha em um ano a duração do
governo, intervém em sindicatos. Mesmo assim o clima ainda não é o de uma ditadura
situação o PR, a UDN, o PSP e o PDC para apresentar denúncias contra o Governador,
Mas, por pressão das Oposições, foi realizada ampla revisão eleitoral que,
executado com a chancela do governo revolucionário que tinha como objetivo conduzir as
harmonia com o Palácio do Planalto” que era, segundo Buzar, “minar as bases
pessedistas”, sendo o alvo principal Newton Belo, para que ele não fizesse seu sucessor
Renato Archer, “um nome de valor, dotado de significativa força eleitoral” e a quem “o
Congresso Nacional”.
Ano de 1965 – 1o. de maio – O Deputado Adail Carneiro (PSD), eleito para a Presidência
da Assembléia Legislativa, é vetado pelo Exército. Afinal é eleito Aldenir Silva (PSD), de
comum acordo.
hipótese, veto ao seu nome, porque não reconhece o presidente Castelo Branco como
membro do PSD” acrescentando: “Se há resistência ao meu nome, que seja declarada
Não restam dúvidas sobre o verdadeiro, senão único, responsável pelo fracasso da
candidatura Archer. Castelo, então, comunica a Vitorino, como Presidente do PSD, o veto e
Palácio dos Leões, onde estava hospedado, e mudar-se para a residência do vicegovernador
àquela altura integrado por Renato Archer e membros da bancada federal”. (Buzar) É
oportuno observar que Renato Archer, vetado por Vitorino (segundo o noticiário), viesse
“queimação” de sua candidatura... Não houve mais entendimento e Vitorino rompeu com
definitivamente, o imbatível PSD, que assim partiria para a eleição de outubro de 1965
literalmente esfacelado.”
militares e, com a ajuda de Renato Archer, tornado seu aliado, arrebatar o Partido das mãos
impasse foram propostas, outros nomes apresentados para a conciliação, mas “o presidente
da República não tinha o menor interesse de ver essa sugestão viabilizada, até porque,
(Buzar) Costa Rodrigues foi candidato pelo PDC (que sempre integrou as Oposições
consciência de que não poderia, naquela altura da vida política, aderir às Oposições. Não
Vitorino, ou a tolerância dos militares e se deveu a “porque o SNI sabia que, com a revisão
eleitoral e o PSD cindido, não havia nenhuma força política capaz de operar o milagre de
Renato Archer subir em triunfo as escadas do palácio dos Leões”, segundo Buzar.
Concorreram Costa Rodrigues, pelo PDC, Renato Archer, pelo PTB e perderam
para José Ribamar Ferreira de Araújo Costa (José Sarney), candidato das Oposições, o
tropas do 24o. B.C. com contingentes do Exército de Teresina e Fortaleza, o que emprestava
prestígio às Oposições, José Sarney foi eleito Governador com uma diferença de 17.000
votos da soma dos dados aos seus opositores. Outras mais vezes, pela vida afora, os deuses,
Luís Regino de Carvalho, Walter Fontoura e o prefeito de então, Costa Rodrigues, toma
posse como Prefeito eleito de São Luís, de acordo com a emenda no. 16, da Assembléia
mesmo Partido José Sarney e Vitorino Freire. Diz Buzar que “esse fato contribuiu para que
Sarney desenvolvesse sua ação política com grande desembaraço, pois Vitorino mantevese
do mesmo partido”.
malquerença do Regime Militar aos antigos integrantes do PSD, Vitorino foi obrigado a
anos, o Maranhão deu um salto: pulou de zero para quinhentos quilômetros de estradas de
terra. Criou-se, além disso, uma rede de telecomunicações, cobrindo 85municípios; elevouse
Francisco, sobre a foz do rio Anil, ligando a ilha de São Luís, a usina hidrelétrica de Boa
Este assunto já se torna por demais longo e enfadonho, mas não se pode
esquecer que a Era Vitorino durou 30 anos. Pois, apesar de tudo, muita, muita cousa
deixou de ser dita destes tumultuados tempos em que a paz frouxa e indecisa durava menos
que as rosas de Malherbe. Como diz Buzar, “não se podia imaginar concórdia entre atores
até bem pouco tempo empenhados (diríamos nós: sempre) numa luta em que ambições
completa Sarney: “... um tempo em que a política fazia com que os homens fossem
escravos da paixão e do ódio, (com) a ausência de uma visão maior da função do estado e