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DIÁRIO DA REPÚBLICA

Sexta-feira, 28 de Abril de 2006 I Série — N.º 52

ÓRGÃO OFICIAL DA REPÚBLICA DE ANGOLA


Preço deste número — Kz: 90,00
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Considerando estarem reunidas as condições para insti-


SUMÁRIO
tucionalizar e prover o cargo do Provedor de Justiça, órgão
importante na consolidação do Estado democrático e de
Assembleia Nacional
direito, mormente no que respeita à defesa dos direitos,
Lei n.º 4/06: liberdades e garantias dos cidadãos;
Do estatuto do Provedor de Justiça.
Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 88.º
Lei n.º 5/06:
Orgânica da Provedoria de Justiça.
e da alínea c) do artigo 89.º ambos da Lei Constitucional, a
Assembleia Nacional aprova a seguinte:
Conselho de Ministros ————
Resolução n.º 29/06:
Aprova o Programa de Apoio Alimentar de Emergência às populações
LEI DO ESTATUTO DO PROVEDOR
afectadas pela estiagem na região Centro/Sul do País.
DE JUSTIÇA
Resolução n.º 30/06:
Aprova o contrato para a implantação da «Fazenda Pungo Andongo»,
celebrado entre a sociedade GESTERRA — Gestão de Terras CAPÍTULO I
Aráveis, S. A. e as sociedades Construtora Norberto Odebrecht,
Disposições Gerais
S. A. e a FNP — Consultoria e Comércio, Limitada.

Ministérios da Justiç a e do Urbanismo e ARTIGO 1.º


Ambiente (Definição e funções)
Despacho conjunto n.º 231/06:
Confisca o prédio urbano sito em Luanda, no Município do Kilamba O Provedor de Justiça é um órgão público independente
Kiaxi, Estrada de Catete Km 4,85, em nome de The Shell Company que tem por objecto a defesa dos direitos, liberdades e
Of West Africa, Limited.
garantias dos cidadãos, assegurando, através de meios infor-
mais, a justiça e a legalidade da administração pública.

ASSEMBLEIA NACIONAL ARTIGO 2.º


—— (Âmbito de actuação)

Lei n.º 4/06


de 28 de Abril As acções do Provedor de Justiça exercem-se nomeada-
mente, no âmbito dos serviços da administração pública,
A Lei n.º 23/92, de 16 de Setembro — Lei de Revisão central e local, dos institutos públicos, empresas públicas ou
Constitucional, consagra no seu artigo 9.º o princípio segun-
de capitais maioritariamente públicos, concessionárias de
do o qual ‹‹enquanto não for designado o Provedor de
Justiça, as funções que lhe são acometidas pela Lei Consti- serviços públicos ou de exploração de bens de domínio
tucional serão exercidas pelo Procurador Geral da República››. público.
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ARTIGO 3.º 2. Após o termo do período por que foi designado, o


(Iniciativa e direito de queixa) Provedor de Justiça mantém-se em exercício de funções até
à posse do seu sucessor.
1. O Provedor de Justiça exerce as suas funções com
base em queixas apresentadas pelos cidadãos, individual ou 3. A designação do Provedor deve ocorrer 30 dias antes
colectivamente, por acções ou omissões dos órgãos e agentes do termo do mandato do seu antecessor e deve tomar posse
da administração pública, que afectem de algum modo os na 1.ª sessão plenária realizada após a sua eleição.
seus direitos, liberdades, garantias ou interesses legítimos, 4. Verificando-se a dissolução da Assembleia Nacional
não dependendo tais queixas de qualquer prazo. ou se não estiver em funções, a eleição tem lugar dentro
de 30 dias contados da 1.ª reunião da Assembleia Nacional
2. Constituem excepção os casos de flagrante violação eleita ou a partir do início da nova sessão.
dos direitos, liberdades e garantias fundamentais dos cida-
dãos, podendo nestes casos, a acção do Provedor ser exercida ARTIGO 7.º
por iniciativa própria, independente dos meios graciosos ou (Cessação de funções)
contenciosos previstos na constituição e nas leis, recomen-
1. Antes do termo do seu mandato, as funções de Pro-
dando no sentido de ser reposta a legalidade e ressarcidos
vedor de Justiça só podem cessar:
eventuais prejuízos ou danos.
a) por morte ou incapacidade física ou psíquica per-
ARTIGO 4.º manente;
(Natureza da actividade) b) por perda dos requisitos de elegibilidade;
c) por incompatibilidade superveniente;
Compete ao Provedor de Justiça emitir recomendações d) por renúncia;
aos órgãos ou serviços que estejam no âmbito da sua activi- e) por motivo de condenação judicial por crime
dade, sem poderes decisórios. doloso punível com pena de prisão maior supe-
rior a dois anos;
CAPÍTULO II f) por acções ou omissões praticadas com negligên-
Estatuto cia grave no cumprimento das suas funções.

ARTIGO 5.º 2. Os factos determinantes da cessação de funções, pre-


(Designação e posse) vistos nas alíneas a), b), c) e d) do n.º 1, são verificados
pela Assembleia Nacional, nos termos do seu regimento.
1. O Provedor de Justiça é designado pela Assembleia 3. A declaração de renúncia, prevista na alínea d) do
Nacional por maioria de 2/3 dos Deputados em efectividade n.º 1, é apresentada ao Presidente da Assembleia Nacional e
de funções e toma posse perante o Presidente da Assembleia torna-se efectiva a partir da data da publicação no Diário da
Nacional. República, da resolução da Assembleia Nacional.

2. Deve ser designado cidadão angolano que preencha 4. O Provedor de Justiça não está sujeito às disposições
os requisitos de elegibilidade para a Assembleia Nacional e legais em vigor sobre a aposentação e reforma por limite de
goze de comprovada reputação, integridade, independência idade.
e esteja no pleno gozo dos seus direitos civis e políticos. ARTIGO 8.º
(Independência e inamovibilidade)
3. No acto de posse o Provedor de Justiça presta o
O Provedor de Justiça é independente e inamovível, não
seguinte juramento: ‹‹Juro por minha honra desempenhar
podendo as suas funções cessarem antes do termo do
fielmente o cargo de Provedor de Justiça em que fico
mandato para que foi eleito, salvo nos casos previstos na
investido, promovendo e defendendo os direitos, liberdades,
presente lei.
garantias e interesses legítimos dos cidadãos, no estrito
ARTIGO 9.º
respeito pela Constituição e pelas demais leis da República››.
(Vacatura)

ARTIGO 6.º Em caso de vacatura do cargo de Provedor de Justiça


(Duração do mandato) antes do termo do seu mandato, por qualquer circunstância
prevista no n.º 1 dos artigos 7.º e 9.º da presente lei, a
1. O Provedor de Justiça é eleito por quatro anos, sendo Assembleia Nacional designa um Provedor de Justiça
reelegível apenas uma vez, por igual período. interino.
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ARTIGO 10.º 2. O tempo de serviço prestado como Provedor de Justiça


(Imunidades) conta, para todos os efeitos, como prestado nas funções e no
lugar de origem, bem como para efeitos de aposentação.
1. O Provedor de Justiça não pode ser perseguido, inves-
tigado, preso, detido, nem responde civil ou criminalmente ARTIGO 15.º
pelas recomendações, reparos ou opiniões que emita ou (Identificação e livre trânsito)
pelos actos que pratique no exercício das suas funções, no
âmbito da estrita legalidade. 1. O Provedor de Justiça tem direito a um cartão espe-
cial de identificação emitido pela Secretaria da Assembleia
2. O Provedor de Justiça só pode ser preso depois de Nacional e assinado pelo Presidente.
culpa formada e após suspensão do exercício do cargo pela
Assembleia Nacional, excepto em flagrante delito por crime 2. O cartão é simultaneamente de livre trânsito e de acesso
doloso punível com pena de prisão maior. a todos os locais de funcionamento da administração cen-
tral, local e institucional, serviços civis e militares, polícia,
3. Movido procedimento criminal contra o Provedor de empresas públicas e de capitais maioritariamente públicos.
Justiça e havendo culpa formada, a Assembleia Nacional
delibera sobre se o Provedor de Justiça deve ou não ser sus- ARTIGO 16.º
penso para efeitos de prosseguimento do processo, ressal- (Gabinete do Provedor de Justiça)
vada a excepção do número que antecede.
À organização, funcionamento e composição dos gabi-
ARTIGO 11.º netes do Provedor de Justiça e do Provedor de Justiça-
(Honras, direitos e garantias) -Adjunto aplica-se o estipulado nos Decretos n.º 26/96,
de 4 de Abril e n.º 68/02, de 29 de Outubro, sobre a com-
O Provedor de Justiça goza do estatuto, direitos, remu- posição e o regime jurídico dos gabinetes dos membros do
nerações e regalias idênticas às concedidas aos Ministros. Governo.
ARTIGO 17.º
ARTIGO 12.º
(Provedor de Justiça-Adjunto)
(Incompatibilidades)

1. No exercício das suas funções, o Provedor de Justiça


1. O Provedor de Justiça está sujeito às incompatibili-
é coadjuvado por um Provedor de Justiça-Adjunto, eleito
dades que decorrem do estatuto que lhe está consignado no
pela Assembleia Nacional por maioria absoluta dos deputa-
artigo anterior.
dos em efectividade de funções e toma posse perante o
2. Ao Provedor de Justiça é vedado o exercício de quais- Presidente da Assembleia Nacional.
quer funções em órgãos de partidos ou associações políticas
2. O Provedor de Justiça-Adjunto tem os direitos, remu-
e o desenvolvimento de actividades partidárias de carácter
nerações e regalias idênticas às de Vice-Ministros.
público.
ARTIGO 13.º
3. O Provedor de Justiça pode delegar no Provedor de
(Dever de sigilo)
Justiça-Adjunto os poderes constantes dos artigos 20.º, 21.º,
1. O Provedor de Justiça é obrigado a guardar sigilo 26.º, 31.º, 38.º e 46.º
relativamente aos factos de que tome conhecimento no
4. Ao Provedor de Justiça-Adjunto aplica-se o estipu-
exercício das suas funções, de acordo com a natureza dos
lado nos artigos 12.º, 13.º e 14.º da presente.
factos.
CAPÍTULO III
2. O mero dever de sigilo, que não provenha do reconhe-
Atribuições
cimento ou protecção da constituição ou da lei, de quaisquer
cidadãos ou entidades, cede perante o dever de cooperação ARTIGO 18.º
com o Provedor de Justiça no âmbito da competência deste. (Competências)

ARTIGO 14.º Ao Provedor de Justiça compete:


(Garantias de trabalho e estabilidade no emprego)
a) emitir recomendações para os órgãos competentes
1. O Provedor de Justiça não pode ser prejudicado na com vista à correcção de actos ilegais dos
estabilidade do seu emprego, na sua colocação e carreira e órgãos e agentes da administração pública ou
no regime de segurança social de que seja beneficiário. melhoria dos respectivos serviços;
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b) emitir parecer por solicitação da Assembleia 2. A fim de tratar de assuntos da sua competência, o
Nacional sobre quaisquer matérias relacionadas Provedor de Justiça pode tomar parte nos trabalhos das
com a sua actividade; Comissões de Trabalho Permanentes da Assembleia
c) promover a divulgação do conteúdo de cada um Nacional sempre que estas solicitem a sua presença.
dos direitos e liberdades fundamentais, bem
como da finalidade da instituição do Provedor CAPÍTULO IV
de Justiça, dos meios de acção de que dispõe e Procedimento
de como a ele se pode fazer apelo;
d) intervir, nos termos da lei aplicável, na tutela dos ARTIGO 22.º

interesses colectivos ou difusos, quando estive- (Apresentação de queixas)

rem em causa, órgãos ou agentes da adminis-


tração pública; 1. As queixas podem ser apresentadas oralmente, por
e) visitar e apreciar as condições humanas de inter- escrito, por via telefónica ou electrónica e devem conter a
namento dos reclusos, devendo, sempre que identidade e morada do queixoso e, sempre que possível, a
constar situações desumanas que periguem a sua assinatura.
vida destes, recomendar ao órgão visitado a
2. Quando apresentadas oralmente, são reduzidas a auto,
supressão imediata das referidas condições e
que o queixoso assina sempre que saiba e possa fazê-lo;
informar do facto o órgão superior de tutela;
carecendo, todavia, de análise, investigação e confirmação,
f) instruir processos de mera averiguação das queixas
as queixas e denúncias formuladas telefonicamente.
de cidadãos por actos praticados pelos agentes
da administração pública; 3. As queixas podem ser apresentadas em linguagem
g) acompanhar o cumprimento das recomendações própria e adequada e não devem conter termos ofensivos ao
emitidas. bom-nome e honra das pessoas ou instituições em causa.
Quando a queixa não for apresentada em termos próprios e
ARTIGO 19.º
adequados, deve ser ordenada a sua correcção no prazo
(Poderes)
máximo de 30 dias.

1. No exercício das suas funções, o Provedor de Justiça 4. As queixas apresentadas ao Provedor de Justiça, dis-
deve procurar, em colaboração com os órgãos e serviços pensam a constituição de advogado, estão isentas de custas
competentes, as soluções mais adequadas à tutela dos inte- e selos, desde que contenham a identidade e a morada do
resses legítimos dos cidadãos e ao aperfeiçoamento da queixoso e, sempre que possível, a sua assinatura.
acção administrativa.
ARTIGO 23.º
2. A avaliação e actuação do Provedor de Justiça é limi- (Apreciação prévia das queixas)
tada pela utilização de meios graciosos.
As queixas são objecto de uma apreciação preliminar
ARTIGO 20.º tendente a avaliar a sua admissibilidade, oportunidade e
(Limites de intervenção) razoabilidade.
ARTIGO 24.º

O Provedor de Justiça não tem competência para anular, (Recusa da queixa)

revogar ou modificar os actos dos poderes públicos e a sua


O Provedor de Justiça recusa as queixas anónimas, apre-
intervenção não suspende os prazos dos recursos, quer
sentadas de má-fé, as desprovidas de fundamento, que não
hierárquico, quer contencioso.
sejam da sua competência, cuja ilegalidade já tenha sido
reparada ou de cuja tramitação resultem prejuízos dos legí-
timos direitos de terceiros.
ARTIGO 21.º
(Relatório e colaboração com a Assembleia Nacional)

ARTIGO 25.º
1. O Provedor de Justiça envia semestralmente à (Instrução)
Assembleia Nacional um relatório da sua actividade que
deve conter as iniciativas tomadas, as queixas recebidas, as 1. A instrução de processos consiste em pedidos de
diligências efectuadas e os resultados obtidos, sem prejuízo informação ou qualquer outro procedimento razoável que
do relatório anual que deve incluir a prestação de contas. não colida com os direitos fundamentais dos cidadãos e é
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efectuada por meios informais à prossecução das petições ARTIGO 28.º


às regras que lhes sejam enviadas. (Arquivamento)

2. As diligências são efectuadas pelo Provedor de 1. São mandadas arquivar as queixas:


Justiça e seus colaboradores, podendo também a sua
execução ser solicitada directamente aos agentes do a) quando não sejam da competência do Provedor de
Ministério Público ou quaisquer outras entidades públicas Justiça;
com prioridade e urgência, quando for caso disso. b) quando o Provedor de Justiça conclua que a queixa
não tem fundamento ou que não existem ele-
ARTIGO 26.º mentos bastantes para ser adoptado qualquer
(Dever de cooperação) procedimento;
c) quando a ilegalidade ou injustiça invocadas já
1. Os órgãos e agentes das entidades públicas, civis e tenham sido reparadas.
militares têm o dever de prestar todos os esclarecimentos e
informações que lhes sejam solicitados pelo Provedor de 2. O interessado deve ser sempre informado da decisão
Justiça. de arquivamento do pedido.

2. As entidades públicas, civis e militares prestam ao ARTIGO 29.º

Provedor de Justiça toda a colaboração que por este lhes for (Encaminhamento)

solicitada, designadamente informações, efectuando inspec-


ções através dos serviços competentes e facultando docu- 1. Quando o Provedor de Justiça reconheça que o
mentos e processos para exame, remetendo-os ao Provedor, queixoso tem ao seu alcance um meio gracioso ou con-
se tal lhes for pedido. tencioso, especialmente previsto na lei, pode limitar-se a
encaminhá-lo para a entidade competente e acompanhar o
3. O disposto no número anterior não prejudica as seu desfecho.
restrições legais respeitantes ao segredo de justiça nem a
2. Independentemente do disposto no número anterior, o
invocação de interesse superior do Estado, nos casos devi-
Provedor deve informar sempre o queixoso dos meios con-
damente justificados pelos órgãos competentes, em ques-
tenciosos que estejam ao seu alcance.
tões respeitantes à segurança, à defesa ou às relações inter-
nacionais.
ARTIGO 30.º
(Gratuitidade das comunicações e correspondência)
4. O Provedor de Justiça pode fixar por escrito um
prazo, não inferior a 30 dias na Província de Luanda e
1. É isenta de selos e demais taxas toda a correspondên-
45 dias nas restantes províncias, para satisfação de pedido
cia referente à actividade do Provedor de Justiça, por dizer
que formule com nota de urgência.
respeito a um serviço de carácter eminentemente público e
à defesa e magistratura do cidadão.
ARTIGO 27.º
(Depoimentos) 2. O Provedor de Justiça deve dispor igualmente de
linha telefónica para as reclamações dos cidadãos, os reca-
1. O Provedor de Justiça pode solicitar a qualquer dos da criança, apelos do idoso, dos portadores de deficiên-
cidadão depoimentos ou informações sempre que os julgar cia e dos reclusos, nos termos a acordar com os serviços
necessários para apuramento de factos. competentes.
ARTIGO 31.º
2. Considera-se justificada a falta ao serviço determi- (Sigilo das comunicações)
nada pelo dever de comparência à Provedoria de Justiça
em caso de notificação para depoimento. 1. A correspondência dirigida ao Provedor de Justiça
remetida de um estabelecimento prisional, centro de
3. Em caso de recusa de depoimento ou falta de com- detenção, internamento ou custódia de pessoas, não pode
parência no dia e hora designados, o Provedor de Justiça ser objecto de qualquer tipo de censura.
pode notificar, por ofício dirigido ao superior hierárquico,
tratando-se de funcionário público, as pessoas que devem 2. Não podem ser objecto de escuta ou interferência as
ser ouvidas, constituindo crime de desobediência a falta conversações referidas no n.º 2 do artigo 30.º da presente
injustificada de comparência ou a recusa de depoimento. lei.
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ARTIGO 32.º 5. As conclusões do Provedor de Justiça são sempre


(Casos de pouca gravidade) comunicadas aos órgãos ou agente visados e, precedendo
queixa do cidadão, aos queixosos.
Nos casos de pouca gravidade, sem carácter continuado,
o Provedor de Justiça pode limitar-se a uma chamada de CAPÍTULO V
atenção ao órgão ou serviço competente ou dar por encerra- Provedoria de Justiça
do o assunto com os esclarecimentos fornecidos.
ARTIGO 37.º
ARTIGO 33.º (Autonomia, instalação e fins)
(Audição prévia)
1. A Provedoria de Justiça tem por função prestar apoio
O Provedor de Justiça deve sempre ouvir os órgãos ou técnico e administrativo necessários ao desempenho do
agentes postos em causa, permitindo-lhes que prestem todos Provedor de Justiça, de acordo com as atribuições, com-
os esclarecimentos necessários antes de extrair quaisquer petências e funções a definir na própria lei orgânica.
conclusões.
ARTIGO 34.º 2. A Provedoria de Justiça é dotada de autonomia admi-
(Participação de infracções e publicidade) nistrativa e financeira.

Ocorrendo na tramitação do processo indícios sufi- 3. A Provedoria de Justiça funciona em instalações pró-
cientes da prática de infracções criminais ou disciplinares, o prias.
Provedor de Justiça deve dar do facto conhecimento, con- ARTIGO 38.º
(Pessoal)
forme os casos, ao Ministério Público ou à entidade hierar-
quicamente competente para instauração do competente
A Provedoria de Justiça dispõe de um quadro de pessoal
processo disciplinar ou criminal.
próprio, nos termos da respectiva lei orgânica.
ARTIGO 35.º
ARTIGO 39.º
(Irrecorribilidade dos actos do Provedor)
(Competência administrativa e disciplinar)

Os actos do Provedor de Justiça não são passíveis de


Compete ao Provedor de Justiça praticar todos os actos
recurso hierárquico, mas podem ser passíveis de recurso
relativos ao provimento e à situação funcional do pessoal da
contencioso, nos termos do artigo 43.º da Lei Constitucional
Provedoria de Justiça e exercer sobre ele o poder discipli-
e da Lei n.º 2/94, de 14 de Janeiro - Lei da Impugnação dos
nar.
Actos Administrativos.
ARTIGO 40.º
(Orçamento do serviço)
ARTIGO 36.º
(Recomendações)
A Provedoria de Justiça tem um orçamento anual, autó-
nomo, elaborado nos termos da respectiva lei orgânica e no
1. As recomendações do Provedor de Justiça são dirigidas âmbito que deve constar de verba a inscrever no Orçamento
ao órgão competente para corrigir o acto ou a situação irreg- da Assembleia Nacional, a gerir directamente, por um Con-
ular. selho Administrativo, sem prejuízo do estipulado legal-
mente quanto à fiscalização do Tribunal de Contas.
2. O órgão destinatário da recomendação deve, no prazo
de 45 dias, na Província de Luanda, 60 dias nas restantes ARTIGO 41.º
províncias, a contar da sua recepção, comunicar ao Provedor (Disposições finais e transitórias)
de Justiça a posição tomada sobre a recomendação.
As dúvidas e omissões que se suscitarem da aplicação e
3. O não acatamento da recomendação tem sempre de interpretação da presente lei são resolvidas pela Assembleia
ser fundamentada. Nacional.
ARTIGO 42.º
4. Se as recomendações não forem atendidas, e sempre (Entrada em vigor)
que o Provedor de Justiça não obtiver a colaboração devida,
pode dirigir-se ao superior hierárquico competente. A presente lei entra em vigor na data da sua publicação.
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Vista e aprovada pela Assembleia Nacional, em Luanda, ARTIGO 2.º


aos 3 de Fevereiro de 2006. (Natureza da instituição)

Publique-se. 1. A Provedoria de Justiça é dotada de autonomia admi-


nistrativa e financeira.
O Presidente da Assembleia Nacional, Roberto António
Víctor Francisco de Almeida. 2. A gestão financeira da Provedoria de Justiça é asse-
gurada pelos serviços da Secretaria Geral.
Promulgada em 10 de Abril de 2006.
ARTIGO 3.º

O Presidente da República, JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS. (Provedor de Justiça-Adjunto)

———— 1. O Provedor de Justiça-Adjunto é eleito pela Assem-


bleia Nacional por maioria absoluta dos seus membros em
Lei n.º 5/06 efectividade de funções e toma posse perante o Presidente
de 28 de Abril da Assembleia Nacional.

A Lei n.º 23/92, de 16 de Setembro — Lei de Revisão 2. Compete ao Provedor de Justiça-Adjunto:


Constitucional, consagra no seu artigo 9.º o princípio
segundo o qual ‹‹enquanto não for designado o Provedor de a) coadjuvar o Provedor de Justiça nas suas tarefas;
Justiça, as funções que lhe são acometidas pela Lei Consti- b) substituir o Provedor de Justiça nas suas ausências
tucional serão exercidas pelo Procurador Geral da Repú- e impedimentos;
blica››. c) desenvolver as demais tarefas que lhe são incum-
bidas pelo Provedor de Justiça.
Considerando estarem reunidas as condições para insti-
tucionalizar e prover o cargo do Provedor de Justiça, órgão CAPÍTULO II
importante na consolidação do Estado democrático e de Estrutura Orgânica
direito, mormente no que respeita à defesa dos direitos,
liberdades e garantias dos cidadãos. ARTIGO 4.º
(Órgãos)

Nestes termos, ao abrigo da alínea b) do artigo 88.º


e da alínea c) do artigo 89.º ambos da Lei Constitucional, a A Provedoria de Justiça compreende os seguintes órgãos:
Assembleia Nacional aprova a seguinte:
a) Provedor de Justiça;
———— b) Conselho da Provedoria.

LEI ORGÂNICA DA PROVEDORIA ARTIGO 5.º


DE JUSTIÇA (Serviços)

CAPÍTULO I 1. A Provedoria de Justiça compreende os seguintes


Natureza e Atribuições serviços:

ARTIGO 1.º a) Secretaria Geral;


(Noção e finalidade) b) Direcção dos Serviços Técnicos.

A Provedoria de Justiça é uma instituição de direito ARTIGO 6.º


público, que tem por objectivo prestar apoio técnico e (Provedor de Justiça)
administrativo necessários à realização das atribuições e
tarefas do Provedor de Justiça, constantes do respectivo 1. As competências do Provedor de Justiça são as que
estatuto. constam da lei que aprova o seu estatuto.

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