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Geografia

China: socialismo de mercado e a guerra comercial

Teoria

Uma civilização
Antes de estudar a China como Estado Moderno, é importante entender que ela é uma das civilizações mais
antigas do mundo. Sua história remonta a mais de quatro mil anos. Alguns historiadores até defendem que
os primeiros sinais dessa civilização emergiram há 5800 anos. Porém, para uma melhor didática do assunto
abordado pela Geografia, esse estudo sobre as dinastias imperiais chinesas não será privilegiado. Assim, o
que nos interessa é o estudo da China Moderna.

Guerreiros de Terracota no Mausoléu de Qin Shi Huang, primeiro imperador da China

Fonte: https://veja.abril.com.br/cultura/china-fixa-oficialmente-a-idade-de-sua-civilizacao-5-800-anos/

República da China (1912-1949)


Na época moderna, por mais de dois séculos, a China foi governada pela dinastia Manchu ou Qing (1644-
1911). A partir do século XIX, passou a ser alvo da ação imperialista ocidental. Os ingleses foram os principais
a conquistarem territórios e impor tratados. A Guerra do Ópio, em 1838, é um exemplo disso. A derrota para
os ingleses em dois conflitos resultou na imposição de diversos tratados, como o Tratado de Tianjin, que
forçava a abertura de seus portos para os europeus, e o Tratado de Nanquim, que entregou o conjunto de
ilhas de Hong Kong para a Inglaterra.
Em 1911, a última dinastia é derrubada por meio da Revolução Nacionalista. Sun Yat-sen, através do partido
Kuomintang, funda a República da China. Influenciado pelo crescente debate comunista no mundo, é criado
também o Partido Comunista Chinês (PCC), em 1921. Com a morte de Sun Yat-sen, seu sucessor, Chiang
Kai-shek, assume o poder, em 1925. Ele passou a adotar uma postura muito mais repressiva, que se traduziu
em uma guerra civil, com dois grupos políticos rivais e ideologicamente antagônicos: o Kuomintang, ou
Partido Nacionalista, liderado por Chiang Kai-shek, e o Partido Comunista Chinês, liderado por Mao Tsé-tung.

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Fotografia de Sun Yat-sen

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

A Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945)


Observando a disputa pelo poder entre os dois principais grupos do país, o Japão aproveitou o momento e
invadiu a China, embora já ocupasse alguns territórios do país, como a ilha de Formosa. A ocupação japonesa
ocorreu a partir de um massacre de Xangai a Pequim, com o intuito de mostrar a força dos invasores. Toda a
ação, mais prolongada que o esperado, forçou uma aliança temporária entre os dois partidos, para, pelo
menos, atrasar a invasão japonesa. Dominado durante a Segunda Guerra Mundial, a ocupação do país só
acabou com a derrota dos japoneses, em 1945.

Japoneses celebram a captura de Nanquim, em dezembro de 1937

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

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Duas Chinas (1945 -1949)


Após o fim do domínio japonês, as tropas de Mao Tsé-tung e as de Chiang Kai-shek voltaram a se enfrentar,
até que os comunistas venceram, em 1º de outubro de 1949, fundando a República Popular da China, que
compreende todo o território continental chinês. Apoiado pelos Estados Unidos, o general Chiang Kai-shek e
seus seguidores fugiram para a ilha de Formosa, onde fundaram a China Nacionalista (República da China),
ou Taiwan. Desde então, os dois representantes, da China continental e da China insular, contestam o título
de legítimo governo da China.

Território controlado pela República Popular da China (em roxo), e pela República da China (em laranja).
O tamanho das ilhas foi exagerado para facilitar a identificação

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

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A China de Mao Tsé-tung (1949-1976)

Fotografia de Mao Zedong, ou Mao Tsé-tung

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

Após a vitória dos comunistas chineses, foi realizado um tratado de amizade e cooperação com a antiga
União Soviética. Com a morte de Stalin, em 1953, a relação entre os dois países foi abalada e eles começaram
a se distanciar. Mesmo assim, o PCC continuou com a adoção de políticas econômicas, com o objetivo de
planificação da economia, seguindo basicamente uma cartilha soviética.

Primeiro Plano Quinquenal (1953-1958)


Entre as características desse plano, destacam-se:
• Estatização dos meios de produção (terra, água, agricultura, indústria, mineração, transportes);
• Desenvolvimento industrial (prioridade para a indústria de base);
• Planejamento econômico, político e social centralizado.

Esse plano não se desenvolveu conforme o esperado, e o país enfrentou algumas dificuldades. Em 1958, no
auge da crise sino-soviética, foi elaborado um segundo plano econômico, de 3 anos, para tentar transformar
definitivamente a China em uma grande potência.

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Grande Salto para a Frente (1958-1961)


O principal objetivo desse plano era gerar um grande crescimento industrial, concentrando todos os esforços
nesse setor, diminuindo a dependência chinesa do comércio exterior. O plano não funcionou. A questão
agrária não foi bem resolvida pelo primeiro plano e, com a concentração de investimentos no setor industrial,
a produção agrícola chinesa caía ano após ano. Em pouco tempo, a China não tinha alimentos para abastecer
sua já enorme população. Estima-se que entre 15 a 55 milhões de chineses morreram nesse período,
denominado a Grande Fome Chinesa.
Revolução Cultural Chinesa (1966-1976)
Após esses fracassos, o poder de Mao Tsé-tung dentro do PCC foi minado. Tentando retomar o controle sobre
o partido, Mao Tsé-tung promoveu um movimento denominado Revolução Cultural. Seu objetivo era revitalizar
a Revolução Chinesa contra os privilégios de classes e o modo de vida burguês. Não demorou muito para o
movimento assumir sua verdadeira feição autoritária, mobilizando a Guarda Vermelha (jovens estudantes)
contra os inimigos políticos de Mao, despertando um clima de terror sobre os oposicionistas. Tais ações
duraram até a morte de seu líder.

A China de Deng Xiaoping (1977-1997)

Fotografia de Deng Xiaoping

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

Após a morte do líder da Revolução Chinesa, os partidários mais antigos foram afastados do poder, e novos
dirigentes começaram a construir um novo plano de crescimento para a China. Entre esses, Deng Xiaoping,
que chegou à conclusão de que nem o modelo comunista nem o capitalista atenderiam às necessidades da
China. Era necessário continuar com o projeto de modernizar a agricultura, a indústria, a defesa do país e o
setor de ciência e tecnologia, porém, essa modernização deveria usar métodos capitalistas. Assim, ele criou
o que alguns especialistas denominam socialismo de mercado, uma combinação entre controle estatal dos
meios de produção e adoção de mecanismos de mercado.
Do ponto de vista econômico, o plano foi um sucesso, e a grande potência econômica que a China se tornou
é de responsabilidade desse plano. Mas isso não significou uma evolução social. A China não se tornou mais
democrática, pelo contrário, nela continua a prevalecer uma política unipartidária, sob o governo do Partido
Comunista, que reprime brutalmente manifestações populares e a livre expressão. Atualmente, existem
alguns sinais de maior liberdade pessoal.

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Zonas Econômicas Especiais (ZEEs)


Com as reformas econômicas propostas por Deng Xiaoping, revertendo, inclusive, as reformas iniciadas por
Mao Tsé-tung, observou-se uma maior liberalização da economia chinesa, adotando-se, inclusive, o modelo
de desenvolvimento industrial japonês e dos Tigres Asiáticos. Esse modelo, denominado plataforma de
exportação, é caracterizado pela produção industrial de bens de consumo duráveis. Sua produção busca
atender à exportação, e não às necessidades do mercado interno, aproveitando-se da oferta de mão de obra
barata dos chineses. Todavia, tal concepção foi implantada em determinadas partes do território chinês, em
zonas específicas.
Assim, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Geralmente, estão localizadas em cidades
litorâneas, cujo regime econômico foi adaptado para a abertura de mercado ao capital estrangeiro. A
produção industrial voltada para a exportação é isenta de impostos, e essas cidades são destinos de grandes
investimentos nas áreas portuárias e urbanas, buscando-se facilitar a circulação de mercadorias e capital.
Devido ao sucesso dessa política, ela também foi ampliada e adaptada para outras áreas, como exemplo
temos a criação das cidades abertas, cuja circulação de capital e investimentos também é facilitada.

China: cidades e regiões abertas à entrada de investimentos estrangeiros – 2014

Em um primeiro momento, essas ZEEs se caracterizavam pela formação de joint ventures: uma empresa
estrangeira se aliava a uma empresa chinesa, controlada pelo Estado, para produzir. Corresponde ao famoso
período “Made in China”, caracterizado por produtos baratos e de baixa qualidade. Com os investimentos em
desenvolvimento tecnológico e educação, essas zonas passaram a sofrer uma transformação, iniciando-se
um segundo momento. A China, hoje, consegue produzir novas tecnologias e inovar o processo produtivo a
partir de uma mão de obra qualificada, cada vez menos barata.
Assim, as cidades se tornam mais tecnológicas, e o país consegue se introduzir de forma mais competitiva
na economia. Recentemente, observa-se uma mudança na direção de sua economia, que, antes, era voltada
para atender às demandas externas e, hoje, busca atender ao mercado interno, criado com o desenvolvimento
econômico e tecnológico.
Muitos países também criaram essas zonas especiais para atrair empresas. No Brasil, essas zonas são
denominadas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) e contam com isenção de impostos e maior
facilidade para trocas cambiais, desde que a produção seja voltada para a exportação.

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Guerra Comercial entre Estados Unidos e China


Considerando-se todo esse crescimento econômico chinês, fica mais fácil entender a guerra comercial que
Donald Trump começou a disputar com a China. Olhando para a balança comercial dos Estados Unidos,
Donald Trump percebeu que era deficitária para o país, e superavitária para a China. Isso significava que a
China vendia mais para os Estados Unidos do que ele vendia para a China. Assim, Trump adotou medidas
protecionistas, impondo sobretaxas aos produtos chineses. Em tese, isso aumentaria o custo desses
produtos e faria as indústrias voltarem a produzir dentro dos Estados Unidos. Em resposta, a China também
começou a impor tais sobretaxas aos produtos americanos, criando uma verdadeira guerra comercial entre
os dois países e preocupando o mundo com uma possível redução do comércio global.

Fonte: https://www.opeu.org.br/

O 5G e a Huawei
Com esse pacote, os Estados Unidos começaram um plano para boicotar a Huawei, uma grande empresa de
tecnologia chinesa. Essa empresa conseguiu desenvolver de forma mais eficiente e barata a tecnologia de
quinta geração das redes de telecomunicações, conhecida como 5G. Isso gerou preocupações sobre
possíveis ações de espionagem chinesa e sobre o crescimento econômico e tecnológico que o país alcançou.
Para impedir esse crescimento, os Estados Unidos proibiram as empresas americanas de negociarem com a
Huawei, que passou a desenvolver suas próprias tecnologias para concorrer com o Google e a Apple.

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One Belt, One Road – A Nova Rota da Seda


Esse nome faz alusão à antiga Rota da Seda, que conectava Europa e Ásia. Com uma roupagem atual, o
governo chinês lançou um plano que pretende gastar até 4 trilhões de dólares para ampliar sua influência
econômica sobre os continentes asiático, africano e europeu, a partir da construção de uma densa
infraestrutura de transportes (portos, ferrovias, aeroportos) e comunicações (fibra óptica).

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/03/1596528-china-ambiciona-poder-global-com-nova-rota-da-seda.shtml

Veja bem, não é um plano definido em detalhes, com cada centímetro de rodovia, ferrovia e fibra óptica
pensado. É um ambicioso projeto geopolítico do governo chinês que começa a sair do papel, então, é muito
comum encontrar divergência dos países que irão fazer parte ou não. Por isso, sempre fique atento às aulas
de atualidades.

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Exercícios

1. (Uem 2019) A República Popular da China é o país mais populoso do mundo e o terceiro maior em
termos de extensão terrestre. Recentemente tem se destacado como uma das maiores potências
econômicas do mundo globalizado. A respeito desse país, assinale o que for correto.
01) Apesar da grande extensão, o território chinês é pobre em recursos minerais, tornando-se
altamente vulnerável a recessões e a crises econômicas que porventura atinjam os países de onde
importam tais matérias-primas.
02) Entre os séculos XVI e XX, a China sofreu forte influência de diversas potências europeias, como
Portugal, Holanda, Reino Unido, França, além das influências soviética e japonesa.
04) A Revolução Cultural chinesa diz respeito a um grande movimento popular ocorrido nas décadas
de 1960 e 1970, liderado por Mao Tsé-Tung, resultando em imposição de pensamento, em
perseguição a pessoas e em isolamento político em escala internacional.
08) Zonas Econômicas Especiais (ZEE) criadas a partir da década de 1980 ficaram conhecidas como
“oásis capitalistas”, devido à receptividade à tecnologia, à experiência e a capitais estrangeiros.
16) No início da década de 1980, algumas cidades costeiras foram abertas ao capitalismo, tais como
Xangai e Guangzhou, tornando-se conhecidas como áreas ou cidades costeiras abertas, e mais
tarde essa experiência foi estendida para outras áreas do país.

Soma =

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2. (FGV 2020) O governo chinês, com a Iniciativa do Cinturão e da Rota (Belt and Road Initiative – BRI),
prevê uma mega conexão de portos, ferrovias, estradas e aeroportos para alavancar os negócios da
China com a Ásia, Europa, Oriente Médio e África. A iniciativa tem duas partes principais: o Cinturão
(Belt), formado por uma série de corredores terrestres que ligam a China à Europa, via Ásia Central e
Oriente Médio, e a “Rota da Seda do Século XXI” (Road), o corredor marítimo que liga a costa sul da
China ao leste da África e ao Mediterrâneo. Sobre a Iniciativa do Cinturão e da Rota, analise o mapa a
seguir.

Com base no mapa, analise as afirmações a seguir.


I. O BRI deve consolidar o protagonismo chinês nas relações internacionais e alterar as dinâmicas
geopolíticas, incrementando seu soft power nos espaços euro-afro-asiáticos.
II. O Cinturão, por um lado, deve impulsionar o desenvolvimento das províncias do oeste chinês e, por
outro, pode tornar dependente os países que receberam investimentos em infraestrutura física e
digital.
III. A Rota deve estabelecer novas interconectividades entre a China e os países banhados pelo Índico,
cujos recursos naturais são estratégicos para manter o crescimento econômico chinês.

Está correto o que se afirma em


a) I, II e III.
b) I e II, apenas.
c) I, apenas.
d) II e III, apenas
e) I e III, apenas.

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3. (Uerj 2020)

Adaptado de vox.com, acesso em 26/08/2014.

O centro de gravidade econômica do mundo é calculado ponderando-se as localizações do Produto


Interno Bruto de cada país. Esse cálculo é projetado por meio de um ponto na superfície da Terra. Na
prática, isso significa que esse centro está sempre mais próximo das principais potências econômicas
do mundo.

Nomeie o país mais relevante para o deslocamento do centro de gravidade econômica mundial entre
1913 e 1950. Nomeie, também, o país em cuja direção está se movendo esse centro, a partir de 1990.
Em seguida, apresente uma justificativa econômica para esse movimento mais recente.

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4. (Uerj 2019)
Mudança no comércio de bens dos Estados Unidos: importações por países

Adaptado de piie.com.

O processo de globalização das últimas décadas vem redefinindo os fluxos de bens entre os países. A
partir do gráfico, a mudança dos locais de origem dos bens pode ser explicada pela seguinte
característica do processo de globalização:
a) difusão espacial das fontes de matéria-prima
b) integração nacional dos centros de tecnologia
c) redistribuição territorial das atividades industriais
d) concentração regional dos mercados consumidores

5. (Unicamp 2013) Graças ao tamanho continental e à imensa população do país, as políticas


implementadas pelo governo permitiram à China combinar as vantagens da industrialização voltada
para a exportação, induzida em grande parte pelo investimento estrangeiro, com as vantagens de uma
economia nacional centrada em si mesma e protegida informalmente pelo idioma, pelos costumes,
pelas instituições e pelas redes, aos quais os estrangeiros só tinham acesso por intermediários locais.
Uma boa ilustração dessa combinação são as imensas ZPEs que o governo da China ergueu do nada
e que hoje abrigam dois terços do total mundial de trabalhadores em zonas desse tipo.
(Adaptado de Giovanni Arrighi, Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008,
p.362.)

a) Indique duas ações políticas do governo chinês que produziram as condições internas para a
ascensão econômica do país.
b) Aponte as estratégias geopolíticas utilizadas pela China para a obtenção de recursos naturais em
distintas partes do mundo, que possibilitam a manutenção do atual modelo de produção industrial
em larga escala no país.

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Gabarito

1. Soma = 02 + 04 + 08 + 16 = 30.
Apenas o item 01 está incorreto, uma vez que o território chinês, dada a sua extensão, apresenta uma
grande riqueza mineral.

2. A
A Nova Rota da Seda é um gigantesco investimento proposto pela China, com o objetivo de aumentar o
comércio e a dependência econômica dos países da Eurásia e da África em relação a tal país. O
financiamento será feito pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura, controlado pela China.
A iniciativa irá proporcionar o aumento da influência geopolítica chinesa pela via da cooperação
econômica e comercial. Esse tipo de poder é denominado soft power, enquanto o poder militar é
denominado hard power.

3. Gabarito oficial
Pelo menos desde as Grandes Navegações, a riqueza mundial está muito mais concentrada no
Hemisfério Norte do que no Sul, o que explica a localização do centro de gravidade da economia mundial
nessa porção do planeta. Na primeira metade do século XX, o centro de gravidade da economia mundial
deslocou-se em direção aos Estados Unidos da América. A principal razão para esse fenômeno foi o
crescimento muito mais acentuado do PIB desse país diante dos PIBs dos países da Europa, continente
que, até então, era o grande polo econômico do planeta.
No período de 1950 a 1980, a acelerada recuperação europeia do pós-Guerra reverteu levemente essa
tendência da primeira metade do século XX e realocou o ponto médio da economia mundial novamente
para o norte da Europa.
A partir de 1990, contudo, é nítido e acelerado o deslocamento do eixo econômico do mundo em direção
à China. Entre as justificativas mais relevantes para essa tendência recente, estão: o acelerado processo
de industrialização do país, a partir da década de 1980; a ampliação expressiva do mercado consumidor
interno; o crescimento das exportações de bens; o ritmo de crescimento do PIB superior ao dos demais
países do mundo; os investimentos chineses diretos no exterior (empresas, compra de terra), revertidos
em remessas econômicas para o país investidor; e os volumosos investimentos em infraestruturas
(transportes, comunicações, moradia, saneamento, etc.) gerando milhões de empregos.

4. C
Conforme é possível observar no gráfico, houve um aumento dos produtos importados de países
emergentes, como México e China, e uma diminuição das importações de países desenvolvidos, como
Japão, Canadá e membros da União Europeia. Nesse sentido, a redistribuição territorial das atividades
industriais para esses países emergentes, possibilitada pela evolução dos transportes e comunicações,
é a característica do processo de globalização que melhor explica tais mudanças.

5.
a) A China vem apresentando, nas últimas décadas, um acelerado crescimento econômico, motivado
frequentemente pelo expressivo aumento da produção industrial. Esse fenômeno resulta,
fundamentalmente, do protecionismo do mercado interno; dos elevados investimentos realizados
pelo Estado nacional chinês, destacando-se o desenvolvimento de políticas governamentais em
educação para a qualificação da mão de obra; da construção de infraestrutura no território nacional,
sobretudo em transporte, produção de energia e redes de comunicação; e da criação das
denominadas Zonas de Processamento para Exportação (ZPEs) – áreas especializadas, com intensa

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e moderna produção industrial e relativa abertura econômica, voltadas para a exportação e


espalhadas pelo território nacional, fazendo uso intensivo de mão de obra e tecnologia de ponta.

b) Entre as estratégias geopolíticas chinesas para a obtenção de recursos naturais que garantem a
expansão industrial do país, destacam-se a compra de terras e a instalação de empresas nacionais
de exploração mineral e de combustíveis fósseis em vários países do mundo, especialmente em
países do continente africano. Além disso, a China busca estabelecer uma ampla política exterior de
empréstimos ou cooperação econômica, visando uma aproximação estratégica com países
detentores de grandes reservas de recursos naturais.

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