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Teoria
Uma civilização
Antes de estudar a China como Estado Moderno, é importante entender que ela é uma das
civilizações mais antigas do mundo. Sua história remonta a mais de quatro mil anos. Alguns
historiadores até defendem que os primeiros sinais dessa civilização emergiram há 5800 anos.
Porém, para uma melhor didática do assunto abordado pela Geografia, esse estudo sobre as
dinastias imperiais chinesas não será privilegiado. Assim, o que nos interessa é o estudo da China
Moderna.
Geografia
Fonte: https://veja.abril.com.br/cultura/china-fixa-oficialmente-a-idade-de-sua-civilizacao-5-800-anos/
Em 1911, a última dinastia é derrubada por meio da Revolução Nacionalista. Sun Yat-sen, através
do partido Kuomintang, funda a República da China. Com influência do crescente debate comunista
no mundo, é criado também o Partido Comunista Chinês (PCC) em 1921. Com a morte de Sun Yat-
sen, seu sucessor, Chiang Kai-shek, assume o poder em 1925. Ele passou a adotar uma postura
muito mais repressiva, que se traduziu em uma guerra civil, com dois grupos políticos rivais e
ideologicamente antagônicos: o Kuomintang, ou Partido Nacionalista, liderado por Chiang Kai-shek,
e o Partido Comunista Chinês, liderado por Mao Tsé-tung.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
Geografia
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
Território controlado pela República Popular da China (em roxo) e pela República da China (em
laranja).
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
Geografia
Após a vitória dos comunistas chineses, foi realizado um tratado de amizade e cooperação com a
antiga União Soviética. Com a morte de Stalin, em 1953, a relação entre os dois países foi abalada,
e eles começaram a se distanciar. Mesmo assim, o PCC continuou com a adoção de políticas
econômicas, com o objetivo de planificação da economia, seguindo basicamente uma cartilha
soviética.
Esse plano não se desenvolveu conforme o esperado, e o país enfrentou algumas dificuldades. Em
1958, no auge da crise sino-soviética, foi elaborado um segundo plano econômico, de 3 anos, para
tentar transformar definitivamente a China em uma grande potência.
Fonte: https://pt.wikipedia.org/
Após a morte do líder da Revolução Chinesa, os partidários mais antigos foram afastados do poder,
e novos dirigentes começaram a construir um novo plano de crescimento para a China. Entre estes,
Deng Xiaoping, que chegou à conclusão de que nem o modelo comunista nem o capitalista
atenderiam às necessidades da China. Era necessário continuar com o projeto de modernizar a
agricultura, a indústria, a defesa do país e o setor de ciência e tecnologia; porém, essa modernização
deveria usar métodos capitalistas. Assim, ele criou o que alguns especialistas denominam
socialismo de mercado, uma combinação entre o controle estatal dos meios de produção e a
adoção de mecanismos de mercado.
Do ponto de vista econômico, o plano foi um sucesso, e a grande potência econômica que a China
se tornou é de responsabilidade desse plano. Mas isso não significou uma evolução social. A China
não se tornou mais democrática; pelo contrário, nela continua a prevalecer uma política
unipartidária, sob o governo do Partido Comunista Chinês, que reprime manifestações populares e
a livre expressão. Atualmente, existem alguns sinais de maior liberdade pessoal.
No entanto, não podemos deixar de considerar que a abertura da China para o comércio mundial,
realizado aos moldes de Deng Xiaoping, foi o início de uma política importante que elevou a China
gradativamente até o posto de segunda maior economia do mundo. A abertura comercial em zonas
controladas, e realizando troca de tecnologia e fusão empresarial entre internacionais e nacionais,
elevou a participação da China no capitalismo e começou a captar grande parte da renda necessária
para ela sair de uma condição de produtora de mercadorias básica para uma grande produtora
tecnológica.
Assim, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Geralmente, estão localizadas em
cidades litorâneas, cujo regime econômico foi adaptado para a abertura de mercado ao capital
estrangeiro. A produção industrial voltada para a exportação é isenta de impostos, e essas cidades
são destinos de grandes investimentos nas áreas portuárias e urbanas, buscando-se facilitar a
circulação de mercadorias e capital. Devido ao sucesso dessa política, ela também foi ampliada e
adaptada para outras áreas. Como exemplo temos a criação das cidades abertas, cuja circulação
de capital e investimentos também é facilitada.
Em um primeiro momento, essas ZEEs se caracterizavam pela formação de joint ventures: uma
empresa estrangeira se aliava a uma empresa chinesa, controlada pelo Estado, para produzir.
Corresponde ao famoso período “Made in China”, caracterizado por produtos baratos e de baixa
qualidade. Com os investimentos em desenvolvimento tecnológico e educação, essas zonas
passaram a sofrer uma transformação, iniciando-se um segundo momento. A China, hoje, consegue
produzir novas tecnologias e inovar o processo produtivo a partir de uma mão de obra qualificada,
cada vez menos barata.
Assim, as cidades se tornam mais tecnológicas, e o país consegue se introduzir de forma mais
competitiva na economia. Recentemente, observa-se uma mudança na direção de sua economia,
que antes era voltada para atender às demandas externas, e hoje busca atender ao mercado interno,
criado com o desenvolvimento econômico e tecnológico.
Muitos países também criaram essas zonas especiais para atrair empresas. No Brasil, essas zonas
são denominadas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) e contam com isenção de
impostos e maior facilidade para trocas cambiais, desde que a produção seja voltada para a
exportação.
Geografia
Fonte: https://www.opeu.org.br/
O 5G e a Huawei
Com esse pacote, os Estados Unidos começaram um plano para boicotar a Huawei, uma grande
empresa de tecnologia chinesa. Essa empresa conseguiu desenvolver de forma mais eficiente e
barata a tecnologia de quinta geração das redes de telecomunicações, conhecida como 5G. Isso
gerou preocupações sobre possíveis ações de espionagem chinesa e sobre o crescimento
econômico e tecnológico que o país alcançou. Para impedir esse crescimento, os Estados Unidos
proibiram as empresas americanas de negociarem com a Huawei, que passou a desenvolver suas
próprias tecnologias para concorrer com o Google e a Apple.
Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/03/1596528-china-ambiciona-poder-global-com-nova-rota-da-seda.shtml
Veja bem, não é um plano definido em detalhes, com cada centímetro de rodovia, ferrovia e fibra
óptica pensado. É um ambicioso projeto geopolítico do governo chinês que começa a sair do papel;
então, é muito comum encontrar divergência entre os países que irão fazer parte ou não. Por isso,
sempre fique atento às aulas de atualidades.
Geografia
Exercícios de vestibulares
1. (UEM, 2019) A República Popular da China é o país mais populoso do mundo e o terceiro maior
em termos de extensão terrestre. Recentemente tem se destacado como uma das maiores
potências econômicas do mundo globalizado. A respeito desse país, assinale o que for
correto.
01) Apesar da grande extensão, o território chinês é pobre em recursos minerais, tornando-se
altamente vulnerável a recessões e a crises econômicas que porventura atinjam os países
de onde importam tais matérias-primas.
02) Entre os séculos XVI e XX, a China sofreu forte influência de diversas potências europeias,
como Portugal, Holanda, Reino Unido, França, além das influências soviética e japonesa.
04) A Revolução Cultural chinesa diz respeito a um grande movimento popular ocorrido nas
décadas de 1960 e 1970, liderado por Mao Tsé-Tung, resultando em imposição de
pensamento, em perseguição a pessoas e em isolamento político em escala
internacional.
08) Zonas Econômicas Especiais (ZEE) criadas a partir da década de 1980 ficaram
conhecidas como “oásis capitalistas”, devido à receptividade à tecnologia, à experiência
e a capitais estrangeiros.
16) No início da década de 1980, algumas cidades costeiras foram abertas ao capitalismo,
tais como Xangai e Guangzhou, tornando-se conhecidas como áreas ou cidades costeiras
abertas, e mais tarde essa experiência foi estendida para outras áreas do país.
Soma =
Geografia
2. (FGV, 2020) O governo chinês, com a Iniciativa do Cinturão e da Rota (Belt and Road Initiative
– BRI), prevê uma mega conexão de portos, ferrovias, estradas e aeroportos para alavancar
os negócios da China com a Ásia, Europa, Oriente Médio e África. A iniciativa tem duas partes
principais: o Cinturão (Belt), formado por uma série de corredores terrestres que ligam a China
à Europa, via Ásia Central e Oriente Médio, e a “Rota da Seda do Século XXI” (Road), o corredor
marítimo que liga a costa sul da China ao leste da África e ao Mediterrâneo. Sobre a Iniciativa
do Cinturão e da Rota, analise o mapa a seguir.
4. (Unesp, 2021 - adaptada) “Enquanto operava como uma fábrica barata, o crescimento da
China foi bem recebido pelos EUA, e seu surgimento como um novo mercado para bens de
consumo foi ansiosamente antecipado. No entanto, em meados da década de 2010, a relação
entre a nação em ascensão e a superpotência atual tornou-se mais competitiva. Com a eleição
em 2016 de Donald Trump em uma plataforma “America First”, as luvas caíram. Insatisfeito
com o desequilíbrio comercial, o presidente dos Estados Unidos deu início a uma guerra
comercial em 2018. As consequências para as empresas foram consideráveis.
(Lucy Colback. www.ft.com, 28.02.2020. Adaptado.)
O excerto descreve mudanças nas relações geopolíticas entre Estados Unidos e China nas
últimas décadas. Essas mudanças resultaram em
(A) barreiras aos investimentos de empresas norte-americanas em território chinês, com o
confisco de máquinas destinadas à produção.
(B) medidas unilaterais e protecionistas do governo norte-americano, com a adoção de
tarifas adicionais aos produtos chineses.
(C) soluções sustentáveis para setores industriais tradicionalmente poluidores, com o
compartilhamento de fontes de insumos renováveis entre os dois países.
(D) incentivos para a criação de indústrias binacionais, com o intercâmbio facilitado de
trabalhadores qualificados.
(E) sanções econômicas e diplomáticas do governo norte-americano, que restringiram o
comércio da China com outros países.
Geografia
5. (UERJ, 2020)
6. (UERJ, 2019)
Mudança no comércio de bens dos Estados Unidos: importações por países
Adaptado de piie.com.
O processo de globalização das últimas décadas vem redefinindo os fluxos de bens entre os
países. A partir do gráfico, a mudança dos locais de origem dos bens pode ser explicada pela
seguinte característica do processo de globalização:
(A) difusão espacial das fontes de matéria-prima.
(B) integração nacional dos centros de tecnologia.
(C) redistribuição territorial das atividades industriais.
(D) concentração regional dos mercados consumidores.
Geografia
7. (Fuvest, 2021)
(A) Indique duas ações políticas do governo chinês que produziram as condições internas
para a ascensão econômica do país.
(B) Aponte as estratégias geopolíticas utilizadas pela China para a obtenção de recursos
naturais em distintas partes do mundo, que possibilitam a manutenção do atual modelo
de produção industrial em larga escala no país.
Geografia
Gabarito
1. Soma = 02 + 04 + 08 + 16 = 30.
Apenas o item 01 está incorreto, uma vez que o território chinês, dada a sua extensão, apresenta
uma grande riqueza mineral.
2. A
A Nova Rota da Seda é um gigantesco investimento proposto pela China, com o objetivo de
aumentar o comércio e a dependência econômica dos países da Eurásia e da África em relação
a tal país. O financiamento será feito pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura,
controlado pela China. A iniciativa irá proporcionar o aumento da influência geopolítica chinesa
pela via da cooperação econômica e comercial. Esse tipo de poder é denominado soft power,
enquanto o poder militar é denominado hard power.
3. C
A charge configura a disputa dos gigantes da tecnologia, EUA e China, pela implantação da
internet 5G, fato ocorrido especialmente no Brasil. O que está em disputa é o mercado global
5G, e não o controle do Vale do Silício. Além disso, embora tenham ampliado seu espaço, as
empresas chinesas não desqualificam as corporações estadunidenses.
4. B
A alternativa correta é B, porque o texto discute o desequilíbrio comercial entre China e EUA,
particularmente após o governo Trump iniciar uma guerra comercial, alterando o cenário de
cooperação econômica entre os dois países. Dessa forma, as mudanças nas relações entre os
dois países resultaram em adoção de protecionismo por parte dos EUA, sobretaxando os
produtos chineses. As alternativas incorretas são: A, porque o protecionismo foi adotado pelos
EUA e não pela China; C, porque a questão ambiental não foi pauta dessa política do governo
Trump; D, porque a intenção do protecionismo estadunidense é minorar a participação chinesa
no comércio e não criar laços empresariais; E, porque o protecionismo foi adotado com o
mercado estadunidense e não com o mercado de outros países.
5. Gabarito oficial
Pelo menos desde as Grandes Navegações, a riqueza mundial está muito mais concentrada no
Hemisfério Norte do que no Sul, o que explica a localização do centro de gravidade da economia
mundial nessa porção do planeta. Na primeira metade do século XX, o centro de gravidade da
economia mundial deslocou-se em direção aos Estados Unidos da América. A principal razão
para esse fenômeno foi o crescimento muito mais acentuado do PIB desse país diante dos PIBs
dos países da Europa, continente que, até então, era o grande polo econômico do planeta.
6. C
Conforme é possível observar no gráfico, houve um aumento dos produtos importados de
países emergentes, como México e China, e uma diminuição das importações de países
desenvolvidos, como Japão, Canadá e membros da União Europeia. Nesse sentido, a
redistribuição territorial das atividades industriais para esses países emergentes, possibilitada
pela evolução dos transportes e comunicações, é a característica do processo de globalização
que melhor explica tais mudanças.
(B) Ao recuperar e modernizar a rede criada pela Rota da Seda, a China objetiva ampliar seu
domínio comercial, intensificar seus acordos de produção e fornecimento de bens e
consolidar sua hegemonia econômica e política, além de garantir infraestrutura de
circulação, dada a sua centralidade no comércio internacional.
Perante esse cenário comum, dentre os impactos negativos, podem-se citar: o aumento do
endividamento dos países; o aumento da dependência comercial com a China; a queda da
produção comercial desses países perante a entrada dos produtos chineses; a
consolidação da condição de fornecedores de matéria-prima na economia mundial.