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Geografia

China: socialismo de mercado e a guerra comercial

Teoria

China: características gerais


A China é o segundo maior país da Ásia e é o país com a maior população do mundo, com 1,412
bilhão de pessoas. A parte oeste do território chinês possui menor densidade demográfica, em
função da presença de ambientes pouco favoráveis para habitação, como a Cordilheira do
Himalaia, o Deserto de Gobi e de Takla Makan. Parte da Cordilheira do Himalaia reduz sua imensa
altitude no que é o maior planalto do mundo, o Planalto do Tibete. Os rios escoam da cordilheira a
oeste para as planícies chinesas, a leste, o que favoreceu a ocupação e o plantio de arroz, tendo a
China um histórico relevante no que tange à rizicultura. Na parte nordeste do território, há uma
região majoritariamente industrial e urbana chamada de Manchúria. O mandarim é o idioma oficial
do país, que conta com algumas regiões autônomas e grande diversidade cultural. É berço de
antigas civilizações, sendo o taoísmo uma das religiões mais antigas do mundo, que deu origem
também a diversas tradições de saúde e medicina.

Disponível em: https://pt.maps-china-cn.com/img/0/china-mapa-pol%C3%ADtico.jpg

Uma civilização
Antes de estudar a China como Estado Moderno, é importante entender que ela é uma das
civilizações mais antigas do mundo. Sua história remonta a mais de quatro mil anos. Alguns
historiadores até defendem que os primeiros sinais dessa civilização emergiram há 5800 anos.
Porém, para uma melhor didática do assunto abordado pela Geografia, esse estudo sobre as
dinastias imperiais chinesas não será privilegiado. Assim, o que nos interessa é o estudo da China
Moderna.
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Guerreiros de Terracota no Mausoléu de Qin Shi Huang, primeiro imperador da China

Fonte: https://veja.abril.com.br/cultura/china-fixa-oficialmente-a-idade-de-sua-civilizacao-5-800-anos/

República da China (1912-1949)


Na época moderna, por mais de dois séculos, a China foi governada pela dinastia Manchu, ou Qing
(1644-1911). A partir do século XIX, passou a ser alvo da ação imperialista ocidental. Os ingleses
foram os principais a conquistarem territórios e impor tratados. A Guerra do Ópio, em 1838, é um
exemplo disso. A derrota para os ingleses em dois conflitos resultou na imposição de diversos
tratados, como o Tratado de Tianjin, que forçava a abertura de seus portos para os europeus, e o
Tratado de Nanquim, que entregou o conjunto de ilhas de Hong Kong para a Inglaterra.

Em 1911, a última dinastia é derrubada por meio da Revolução Nacionalista. Sun Yat-sen, através
do partido Kuomintang, funda a República da China. Com influência do crescente debate comunista
no mundo, é criado também o Partido Comunista Chinês (PCC) em 1921. Com a morte de Sun Yat-
sen, seu sucessor, Chiang Kai-shek, assume o poder em 1925. Ele passou a adotar uma postura
muito mais repressiva, que se traduziu em uma guerra civil, com dois grupos políticos rivais e
ideologicamente antagônicos: o Kuomintang, ou Partido Nacionalista, liderado por Chiang Kai-shek,
e o Partido Comunista Chinês, liderado por Mao Tsé-tung.

Fotografia de Sun Yat-sen

Fonte: https://pt.wikipedia.org/
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A Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945)


Observando a disputa pelo poder entre os dois principais grupos do país, o Japão aproveitou o
momento e invadiu a China, embora já ocupasse alguns de seus territórios, como a ilha de Formosa.
A ocupação japonesa ocorreu a partir de um massacre de Xangai a Pequim, com o intuito de mostrar
a força dos invasores. Toda a ação, mais prolongada que o esperado, forçou uma aliança temporária
entre os dois partidos, para, pelo menos, atrasar a invasão japonesa. O país, dominado durante a
Segunda Guerra Mundial, só foi desocupado com a derrota dos japoneses em 1945.

Japoneses celebram a captura de Nanquim, em dezembro de 1937

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

Duas Chinas (1945 -1949)


Após o fim do domínio japonês, as tropas de Mao Tsé-tung e as de Chiang Kai-shek voltaram a se
enfrentar, até que os comunistas venceram em 1º de outubro de 1949, fundando a República
Popular da China, que compreende todo o território continental chinês. Apoiado pelos Estados
Unidos, o general Chiang Kai-shek e seus seguidores fugiram para a ilha de Formosa, onde
fundaram a China Nacionalista (República da China), ou Taiwan. Desde então, os dois
representantes, da China continental e da China insular, contestam o título de legítimo governo da
China.
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Território controlado pela República Popular da China (em roxo) e pela República da China (em
laranja).

O tamanho das ilhas foi exagerado para facilitar a identificação

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

A China de Mao Tsé-tung (1949-1976)

Fotografia de Mao Zedong, ou Mao Tsé-tung

Fonte: https://pt.wikipedia.org/
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Após a vitória dos comunistas chineses, foi realizado um tratado de amizade e cooperação com a
antiga União Soviética. Com a morte de Stalin, em 1953, a relação entre os dois países foi abalada,
e eles começaram a se distanciar. Mesmo assim, o PCC continuou com a adoção de políticas
econômicas, com o objetivo de planificação da economia, seguindo basicamente uma cartilha
soviética.

Primeiro Plano Quinquenal (1953-1958)


Entre as características desse plano, destacam-se:
● Estatização dos meios de produção (terra, água, agricultura, indústria, mineração, transportes);
● Desenvolvimento industrial (prioridade para a indústria de base);
● Planejamento econômico, político e social centralizado.

Esse plano não se desenvolveu conforme o esperado, e o país enfrentou algumas dificuldades. Em
1958, no auge da crise sino-soviética, foi elaborado um segundo plano econômico, de 3 anos, para
tentar transformar definitivamente a China em uma grande potência.

Grande Salto para a Frente (1958-1961)


O principal objetivo desse plano era gerar um grande crescimento industrial, concentrando todos os
esforços nesse setor, diminuindo a dependência chinesa do comércio exterior. O plano não
funcionou. A questão agrária não foi bem resolvida pelo primeiro plano e, com a concentração de
investimentos no setor industrial, a produção agrícola chinesa caía ano após ano. Em pouco tempo,
a China não tinha alimentos para abastecer sua já enorme população. Estima-se que entre 15 a 55
milhões de chineses morreram nesse período, denominado a Grande Fome Chinesa.

Revolução Cultural Chinesa (1966-1976)


Após esses fracassos, o poder de Mao Tsé-tung dentro do PCC foi minado. Tentando retomar o
controle sobre o partido, Mao Tsé-tung promoveu um movimento denominado Revolução Cultural.
Seu objetivo era revitalizar a Revolução Chinesa contra os privilégios de classes e o modo de vida
burguês. Não demorou muito para o movimento assumir sua verdadeira feição autoritária,
mobilizando a Guarda Vermelha (jovens estudantes) contra os inimigos políticos de Mao,
despertando um clima de terror sobre os oposicionistas. Tais ações duraram até a morte de seu
líder.
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A China de Deng Xiaoping (1977-1997)


Fotografia de Deng Xiaoping

Fonte: https://pt.wikipedia.org/

Após a morte do líder da Revolução Chinesa, os partidários mais antigos foram afastados do poder,
e novos dirigentes começaram a construir um novo plano de crescimento para a China. Entre estes,
Deng Xiaoping, que chegou à conclusão de que nem o modelo comunista nem o capitalista
atenderiam às necessidades da China. Era necessário continuar com o projeto de modernizar a
agricultura, a indústria, a defesa do país e o setor de ciência e tecnologia; porém, essa modernização
deveria usar métodos capitalistas. Assim, ele criou o que alguns especialistas denominam
socialismo de mercado, uma combinação entre o controle estatal dos meios de produção e a
adoção de mecanismos de mercado.

Do ponto de vista econômico, o plano foi um sucesso, e a grande potência econômica que a China
se tornou é de responsabilidade desse plano. Mas isso não significou uma evolução social. A China
não se tornou mais democrática; pelo contrário, nela continua a prevalecer uma política
unipartidária, sob o governo do Partido Comunista Chinês, que reprime manifestações populares e
a livre expressão. Atualmente, existem alguns sinais de maior liberdade pessoal.

No entanto, não podemos deixar de considerar que a abertura da China para o comércio mundial,
realizado aos moldes de Deng Xiaoping, foi o início de uma política importante que elevou a China
gradativamente até o posto de segunda maior economia do mundo. A abertura comercial em zonas
controladas, e realizando troca de tecnologia e fusão empresarial entre internacionais e nacionais,
elevou a participação da China no capitalismo e começou a captar grande parte da renda necessária
para ela sair de uma condição de produtora de mercadorias básica para uma grande produtora
tecnológica.

Zonas Econômicas Especiais (ZEEs)


Com as reformas econômicas propostas por Deng Xiaoping, revertendo até as reformas iniciadas
por Mao Tsé-tung, observou-se uma maior liberalização da economia chinesa, adotando-se,
inclusive, o modelo de desenvolvimento industrial japonês e dos Tigres Asiáticos. Esse modelo,
denominado plataforma de exportação, é caracterizado pela produção industrial de bens de
consumo duráveis. Sua produção busca atender à exportação, e não às necessidades do mercado
interno, aproveitando-se da oferta de mão de obra barata dos chineses. Todavia, tal concepção foi
implantada em determinadas partes do território chinês, em zonas específicas.
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Assim, foram criadas as Zonas Econômicas Especiais (ZEEs). Geralmente, estão localizadas em
cidades litorâneas, cujo regime econômico foi adaptado para a abertura de mercado ao capital
estrangeiro. A produção industrial voltada para a exportação é isenta de impostos, e essas cidades
são destinos de grandes investimentos nas áreas portuárias e urbanas, buscando-se facilitar a
circulação de mercadorias e capital. Devido ao sucesso dessa política, ela também foi ampliada e
adaptada para outras áreas. Como exemplo temos a criação das cidades abertas, cuja circulação
de capital e investimentos também é facilitada.

China: cidades e regiões abertas à entrada de investimentos estrangeiros – 2014

Em um primeiro momento, essas ZEEs se caracterizavam pela formação de joint ventures: uma
empresa estrangeira se aliava a uma empresa chinesa, controlada pelo Estado, para produzir.
Corresponde ao famoso período “Made in China”, caracterizado por produtos baratos e de baixa
qualidade. Com os investimentos em desenvolvimento tecnológico e educação, essas zonas
passaram a sofrer uma transformação, iniciando-se um segundo momento. A China, hoje, consegue
produzir novas tecnologias e inovar o processo produtivo a partir de uma mão de obra qualificada,
cada vez menos barata.

Assim, as cidades se tornam mais tecnológicas, e o país consegue se introduzir de forma mais
competitiva na economia. Recentemente, observa-se uma mudança na direção de sua economia,
que antes era voltada para atender às demandas externas, e hoje busca atender ao mercado interno,
criado com o desenvolvimento econômico e tecnológico.

Muitos países também criaram essas zonas especiais para atrair empresas. No Brasil, essas zonas
são denominadas Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs) e contam com isenção de
impostos e maior facilidade para trocas cambiais, desde que a produção seja voltada para a
exportação.
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Guerra Comercial entre Estados Unidos e China


Considerando-se todo esse crescimento econômico chinês, fica mais fácil entender a guerra
comercial que Donald Trump começou a disputar com a China. Olhando para a balança comercial
dos Estados Unidos, Trump percebeu que era deficitária para o país e superavitária para a China.
Isso significava que a China vendia mais para os Estados Unidos do que ele vendia para a China.
Assim, Trump adotou medidas protecionistas, impondo sobretaxas aos produtos chineses. Em
tese, isso aumentaria o custo desses produtos e faria as indústrias voltarem a produzir dentro dos
Estados Unidos. Em resposta, a China também começou a impor tais sobretaxas aos produtos
americanos, criando uma verdadeira guerra comercial entre os dois países e preocupando o mundo
com uma possível redução do comércio global. O objetivo do Trump, num primeiro momento, com
as sobretaxas nos produtos chineses, era encarecê-los em território estadunidense e deixar mais
baratos os produtos nacionais, estimulando o consumo interno do produto nacional. Acontece que,
com as duas maiores economias do mundo se sobretaxando, a chance de haver um desbalanço
financeiro ou até mesmo uma crise econômica mundial é grande. Isso acontece sobretudo pelo fato
de que mais da metade de todo o comércio mundial passa por esses gigantes países, o que poderia
encarecer essas transações, ou até mesmo redirecionar fluxos, causando um atraso no comércio
mundial e afetando os demais países do mundo.

Fonte: https://www.opeu.org.br/

O 5G e a Huawei
Com esse pacote, os Estados Unidos começaram um plano para boicotar a Huawei, uma grande
empresa de tecnologia chinesa. Essa empresa conseguiu desenvolver de forma mais eficiente e
barata a tecnologia de quinta geração das redes de telecomunicações, conhecida como 5G. Isso
gerou preocupações sobre possíveis ações de espionagem chinesa e sobre o crescimento
econômico e tecnológico que o país alcançou. Para impedir esse crescimento, os Estados Unidos
proibiram as empresas americanas de negociarem com a Huawei, que passou a desenvolver suas
próprias tecnologias para concorrer com o Google e a Apple.

One Belt, One Road – A Nova Rota da Seda


Esse nome faz alusão à antiga Rota da Seda, que conectava Europa e Ásia. Com uma roupagem
atual, o governo chinês lançou um plano que pretende gastar até 4 trilhões de dólares para ampliar
sua influência econômica sobre os continentes asiático, africano e europeu, a partir da construção
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de uma densa infraestrutura de transportes (portos, ferrovias, aeroportos), energia e comunicações


(fibra óptica).

Esse investimento reflete o momento econômico e financeiro da China, em que mais de ⅓ do


comércio mundial passa pelo país. Ampliar a integração entre os países é também garantir fluxos
comerciais e ampliá-los. O crescimento econômico chinês foi muito grande, sobretudo a partir da
virada comercial na qual a China passou a ser produtora de tecnologia. Todo esse desenvolvimento
demanda também ampliação em infraestrutura e consolidação de parceiros comerciais que
possuam os meios fixos necessários para consolidar essas relações, como é o caso das
exportações africanas de matéria prima para o gigante asiático. A China possui resquícios de sua
história e cultura, como a questão do controle estatal, mas se insere fortemente na dinâmica
capitalista global, não podendo, atualmente, ser considerada um país socialista ou comunista.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/03/1596528-china-ambiciona-poder-global-com-nova-rota-da-seda.shtml

Veja bem, não é um plano definido em detalhes, com cada centímetro de rodovia, ferrovia e fibra
óptica pensado. É um ambicioso projeto geopolítico do governo chinês que começa a sair do papel;
então, é muito comum encontrar divergência entre os países que irão fazer parte ou não. Por isso,
sempre fique atento às aulas de atualidades.
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Exercícios de vestibulares

1. (UEM, 2019) A República Popular da China é o país mais populoso do mundo e o terceiro maior
em termos de extensão terrestre. Recentemente tem se destacado como uma das maiores
potências econômicas do mundo globalizado. A respeito desse país, assinale o que for
correto.
01) Apesar da grande extensão, o território chinês é pobre em recursos minerais, tornando-se
altamente vulnerável a recessões e a crises econômicas que porventura atinjam os países
de onde importam tais matérias-primas.
02) Entre os séculos XVI e XX, a China sofreu forte influência de diversas potências europeias,
como Portugal, Holanda, Reino Unido, França, além das influências soviética e japonesa.
04) A Revolução Cultural chinesa diz respeito a um grande movimento popular ocorrido nas
décadas de 1960 e 1970, liderado por Mao Tsé-Tung, resultando em imposição de
pensamento, em perseguição a pessoas e em isolamento político em escala
internacional.
08) Zonas Econômicas Especiais (ZEE) criadas a partir da década de 1980 ficaram
conhecidas como “oásis capitalistas”, devido à receptividade à tecnologia, à experiência
e a capitais estrangeiros.
16) No início da década de 1980, algumas cidades costeiras foram abertas ao capitalismo,
tais como Xangai e Guangzhou, tornando-se conhecidas como áreas ou cidades costeiras
abertas, e mais tarde essa experiência foi estendida para outras áreas do país.
Soma =
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2. (FGV, 2020) O governo chinês, com a Iniciativa do Cinturão e da Rota (Belt and Road Initiative
– BRI), prevê uma mega conexão de portos, ferrovias, estradas e aeroportos para alavancar
os negócios da China com a Ásia, Europa, Oriente Médio e África. A iniciativa tem duas partes
principais: o Cinturão (Belt), formado por uma série de corredores terrestres que ligam a China
à Europa, via Ásia Central e Oriente Médio, e a “Rota da Seda do Século XXI” (Road), o corredor
marítimo que liga a costa sul da China ao leste da África e ao Mediterrâneo. Sobre a Iniciativa
do Cinturão e da Rota, analise o mapa a seguir.

Com base no mapa, analise as afirmações a seguir.


I. O BRI deve consolidar o protagonismo chinês nas relações internacionais e alterar as
dinâmicas geopolíticas, incrementando seu soft power nos espaços euro-afro-asiáticos.
II. O Cinturão, por um lado, deve impulsionar o desenvolvimento das províncias do oeste
chinês e, por outro, pode tornar dependente os países que receberam investimentos em
infraestrutura física e digital.
III. A Rota deve estabelecer novas interconectividades entre a China e os países banhados
pelo Índico, cujos recursos naturais são estratégicos para manter o crescimento
econômico chinês.
Está correto o que se afirma em
(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) I, apenas.
(D) II e III, apenas
(E) I e III, apenas.
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3. (PUC – Rio, 2022)

A interpretação adequada da charge leva à seguinte conclusão:


(A) as maiores empresas de conexão virtual da atualidade estão em competição pelo
controle do Vale do Silício, na Califórnia.
(B) o grande poder global das empresas chinesas desqualifica a presença das corporações
norte-americanas nesse mercado.
(C) a guerra comercial entre os EUA e a China pelo controle do setor de comunicação virtual
pode ser entendida como parte da nova Guerra Fria no século XXI.
(D) a China e os EUA desenvolvem uma falsa competição internacional pela comunicação
virtual, pois os chineses controlam as empresas norte-americanas e dominam o mercado
atualmente.

4. (Unesp, 2021 - adaptada) “Enquanto operava como uma fábrica barata, o crescimento da
China foi bem recebido pelos EUA, e seu surgimento como um novo mercado para bens de
consumo foi ansiosamente antecipado. No entanto, em meados da década de 2010, a relação
entre a nação em ascensão e a superpotência atual tornou-se mais competitiva. Com a eleição
em 2016 de Donald Trump em uma plataforma “America First”, as luvas caíram. Insatisfeito
com o desequilíbrio comercial, o presidente dos Estados Unidos deu início a uma guerra
comercial em 2018. As consequências para as empresas foram consideráveis.
(Lucy Colback. www.ft.com, 28.02.2020. Adaptado.)

O excerto descreve mudanças nas relações geopolíticas entre Estados Unidos e China nas
últimas décadas. Essas mudanças resultaram em
(A) barreiras aos investimentos de empresas norte-americanas em território chinês, com o
confisco de máquinas destinadas à produção.
(B) medidas unilaterais e protecionistas do governo norte-americano, com a adoção de
tarifas adicionais aos produtos chineses.
(C) soluções sustentáveis para setores industriais tradicionalmente poluidores, com o
compartilhamento de fontes de insumos renováveis entre os dois países.
(D) incentivos para a criação de indústrias binacionais, com o intercâmbio facilitado de
trabalhadores qualificados.
(E) sanções econômicas e diplomáticas do governo norte-americano, que restringiram o
comércio da China com outros países.
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5. (UERJ, 2020)

Adaptado de vox.com, acesso em 26/08/2014.

O centro de gravidade econômica do mundo é calculado ponderando-se as localizações do


Produto Interno Bruto de cada país. Esse cálculo é projetado por meio de um ponto na
superfície da Terra. Na prática, isso significa que esse centro está sempre mais próximo das
principais potências econômicas do mundo.
Nomeie o país mais relevante para o deslocamento do centro de gravidade econômica
mundial entre 1913 e 1950. Nomeie, também, o país em cuja direção está se movendo esse
centro, a partir de 1990. Em seguida, apresente uma justificativa econômica para esse
movimento mais recente.

6. (UERJ, 2019)
Mudança no comércio de bens dos Estados Unidos: importações por países

Adaptado de piie.com.

O processo de globalização das últimas décadas vem redefinindo os fluxos de bens entre os
países. A partir do gráfico, a mudança dos locais de origem dos bens pode ser explicada pela
seguinte característica do processo de globalização:
(A) difusão espacial das fontes de matéria-prima.
(B) integração nacional dos centros de tecnologia.
(C) redistribuição territorial das atividades industriais.
(D) concentração regional dos mercados consumidores.
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7. (Fuvest, 2021)

Considerado um dos programas de infraestrutura mais ambiciosos já concebidos, a Nova


Rota da Seda chinesa foi anunciada pelo presidente Xi Jinping, em 2013. O programa inclui
diversos projetos de desenvolvimento e investimento e envolve regiões da Ásia, Europa, África
e América Latina. Lauren Johnston, pesquisadora da Escola de Estudos Orientais e Africanos
da Universidade de Londres, acredita que a maioria dos acordos de investimento da Nova Rota
da Seda tem beneficiado as partes envolvidas. "Para os governos que precisam de acesso ao
financiamento, seja para novas infraestruturas ou para o desenvolvimento social, os
benefícios continuam superando os custos potenciais".
BBC News Brasil: https://www.bbc.com/. Adaptado.
Custos dos projetos que integram a Nova Rota da Seda chinesa
Projeto Custo Descrição
*
1. Ferrovia Londres ND Linha cargueira entre China e Inglaterra.
2. Ferrovia Laos 5,9 Transporte de passageiros em trens de alta velocidade.
3. Túnel Uzbequistão 1,9 Túnel mais longo da Ásia Central conectado à malha
ferroviária.
4. Ferrovia Rússia 16,7 Trens de passageiros conectando Moscou a Pequim.
5. Ferrovia Tailândia 12,0 Transporte de passageiros entre China e Tailândia.
6. Corredor de Dutos 7,3 Gasodutos do Cazaquistão para a China.
da Ásia Central
7. Corredor de 54,0 Rodovias, ferrovias, gasodutos, oleodutos e redes de
Infraestrutura - telefonia e internet até a Caxemira.
Paquistão
8. Ferrovia Etiópia - 4,0 Ferrovia projetada para cargas e passageiros.
Djibuti
9. Ferrovia Budapeste 2,9 Primeiro trecho de trajeto que deverá chegar a Atenas.
- Belgrado
*Em bilhões de dólares (US$) / ND = Não Divulgado
Disponível em https://super.abril.com.br/. Adaptado.

A partir dos elementos apresentados, responda:


(A) O que foi, originalmente, a chamada Rota da Seda?
(B) Cite e explique um objetivo econômico da China com a implementação desse projeto.
(C) Explique um impacto econômico negativo e um impacto social positivo em apenas um
dos seguintes projetos:
2- Ferrovia Laos; 7- Corredor de Infraestrutura- Paquistão; 8- Ferrovia Etiópia - Djibuti.
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8. (Unicamp, 2013) Graças ao tamanho continental e à imensa população do país, as políticas


implementadas pelo governo permitiram à China combinar as vantagens da industrialização
voltada para a exportação, induzida em grande parte pelo investimento estrangeiro, com as
vantagens de uma economia nacional centrada em si mesma e protegida informalmente pelo
idioma, pelos costumes, pelas instituições e pelas redes, aos quais os estrangeiros só tinham
acesso por intermediários locais. Uma boa ilustração dessa combinação são as imensas
ZPEs que o governo da China ergueu do nada e que hoje abrigam dois terços do total mundial
de trabalhadores em zonas desse tipo.
(Adaptado de Giovanni Arrighi, Adam Smith em Pequim: origens e fundamentos do século XXI. São Paulo: Boitempo, 2008,
p.362.)

(A) Indique duas ações políticas do governo chinês que produziram as condições internas
para a ascensão econômica do país.
(B) Aponte as estratégias geopolíticas utilizadas pela China para a obtenção de recursos
naturais em distintas partes do mundo, que possibilitam a manutenção do atual modelo
de produção industrial em larga escala no país.
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Gabarito
1. Soma = 02 + 04 + 08 + 16 = 30.
Apenas o item 01 está incorreto, uma vez que o território chinês, dada a sua extensão, apresenta
uma grande riqueza mineral.

2. A
A Nova Rota da Seda é um gigantesco investimento proposto pela China, com o objetivo de
aumentar o comércio e a dependência econômica dos países da Eurásia e da África em relação
a tal país. O financiamento será feito pelo Banco Asiático de Investimento em Infraestrutura,
controlado pela China. A iniciativa irá proporcionar o aumento da influência geopolítica chinesa
pela via da cooperação econômica e comercial. Esse tipo de poder é denominado soft power,
enquanto o poder militar é denominado hard power.

3. C
A charge configura a disputa dos gigantes da tecnologia, EUA e China, pela implantação da
internet 5G, fato ocorrido especialmente no Brasil. O que está em disputa é o mercado global
5G, e não o controle do Vale do Silício. Além disso, embora tenham ampliado seu espaço, as
empresas chinesas não desqualificam as corporações estadunidenses.

4. B
A alternativa correta é B, porque o texto discute o desequilíbrio comercial entre China e EUA,
particularmente após o governo Trump iniciar uma guerra comercial, alterando o cenário de
cooperação econômica entre os dois países. Dessa forma, as mudanças nas relações entre os
dois países resultaram em adoção de protecionismo por parte dos EUA, sobretaxando os
produtos chineses. As alternativas incorretas são: A, porque o protecionismo foi adotado pelos
EUA e não pela China; C, porque a questão ambiental não foi pauta dessa política do governo
Trump; D, porque a intenção do protecionismo estadunidense é minorar a participação chinesa
no comércio e não criar laços empresariais; E, porque o protecionismo foi adotado com o
mercado estadunidense e não com o mercado de outros países.

5. Gabarito oficial
Pelo menos desde as Grandes Navegações, a riqueza mundial está muito mais concentrada no
Hemisfério Norte do que no Sul, o que explica a localização do centro de gravidade da economia
mundial nessa porção do planeta. Na primeira metade do século XX, o centro de gravidade da
economia mundial deslocou-se em direção aos Estados Unidos da América. A principal razão
para esse fenômeno foi o crescimento muito mais acentuado do PIB desse país diante dos PIBs
dos países da Europa, continente que, até então, era o grande polo econômico do planeta.

No período de 1950 a 1980, a acelerada recuperação europeia do pós-Guerra reverteu


levemente essa tendência da primeira metade do século XX e realocou o ponto médio da
economia mundial novamente para o norte da Europa.

A partir de 1990, contudo, é nítido e acelerado o deslocamento do eixo econômico do mundo


em direção à China. Entre as justificativas mais relevantes para essa tendência recente, estão:
o acelerado processo de industrialização do país, a partir da década de 1980; a ampliação
expressiva do mercado consumidor interno; o crescimento das exportações de bens; o ritmo
de crescimento do PIB superior ao dos demais países do mundo; os investimentos chineses
diretos no exterior (empresas, compra de terra), revertidos em remessas econômicas para o
país investidor; e os volumosos investimentos em infraestruturas (transportes, comunicações,
moradia, saneamento, etc.), gerando milhões de empregos.
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6. C
Conforme é possível observar no gráfico, houve um aumento dos produtos importados de
países emergentes, como México e China, e uma diminuição das importações de países
desenvolvidos, como Japão, Canadá e membros da União Europeia. Nesse sentido, a
redistribuição territorial das atividades industriais para esses países emergentes, possibilitada
pela evolução dos transportes e comunicações, é a característica do processo de globalização
que melhor explica tais mudanças.

7. Respostas das alternativas


(A) Foi uma das maiores rotas comerciais utilizada nos primeiros séculos até o início da Idade
Moderna, integrando Ásia, Europa e África.

(B) Ao recuperar e modernizar a rede criada pela Rota da Seda, a China objetiva ampliar seu
domínio comercial, intensificar seus acordos de produção e fornecimento de bens e
consolidar sua hegemonia econômica e política, além de garantir infraestrutura de
circulação, dada a sua centralidade no comércio internacional.

(C) Os projetos da 2-Ferrovia Laos, 7-Corredor de Infraestrutura Paquistão e 8-Ferrovia Etiópia-


Djibuti têm em comum serem projetos de infraestrutura modernizando a circulação dos
produtos e realizados em países subdesenvolvidos.

Perante esse cenário comum, dentre os impactos negativos, podem-se citar: o aumento do
endividamento dos países; o aumento da dependência comercial com a China; a queda da
produção comercial desses países perante a entrada dos produtos chineses; a
consolidação da condição de fornecedores de matéria-prima na economia mundial.

Dentre os impactos sociais positivos, podem-se citar: inserção de seus mercados na


economia mundial; integração territorial e econômica, ampliando as trocas comerciais;
maior empregabilidade para os países nas obras de infraestrutura; maior dinamismo
econômico; melhoria e modernização da infraestrutura de transportes e comunicações.

8. Respostas das alternativas:


(A) A China vem apresentando, nas últimas décadas, um acelerado crescimento econômico,
motivado frequentemente pelo expressivo aumento da produção industrial. Esse fenômeno
resulta, fundamentalmente, do protecionismo do mercado interno; dos elevados
investimentos realizados pelo Estado nacional chinês, destacando-se o desenvolvimento
de políticas governamentais em educação para a qualificação da mão de obra; da
construção de infraestrutura no território nacional, sobretudo em transporte, produção de
energia e redes de comunicação; e da criação das denominadas Zonas de Processamento
para Exportação (ZPEs) – áreas especializadas, com intensa e moderna produção
industrial e relativa abertura econômica, voltadas para a exportação e espalhadas pelo
território nacional, fazendo uso intensivo de mão de obra e tecnologia de ponta.
(B) Entre as estratégias geopolíticas chinesas para a obtenção de recursos naturais que
garantem a expansão industrial do país, destacam-se a compra de terras e a instalação de
empresas nacionais de exploração mineral e de combustíveis fósseis em vários países do
mundo, especialmente em países do continente africano. Além disso, a China busca
estabelecer uma ampla política exterior de empréstimos ou cooperação econômica,
visando a uma aproximação estratégica com países detentores de grandes reservas de
recursos naturais.

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