Você está na página 1de 1

HOME > HISTÓRIA GERAL > IDADE CONTEMPORÂNEA >

REVOLUÇÃO RUSSA

Revolução Russa
A Revolução Russa, considerada um dos
maiores acontecimentos do século XX, vai além
do fim do czarismo. Seu legado esteve presente
em diversos fatos históricos posteriores.

Cabeça da estátua de Alexandre III derrubada


durante a Revolução Russa de 1917.

A Revolução Russa, foi a concretização de


uma série de revoltas pelas quais o país
passava desde 1905 e que tiveram várias
consequências, como o fim do czarismo
(monarquia) e a tomada de poder pelos
socialistas.

Naquele contexto, a Rússia poderia ser


chamada de atrasada, pois, em pleno XX,
preservava práticas ainda feudais, era agrária
e dominada por czares (imperadores). As
primeiras revoltas, que antecederam a
revolução, foram contra os privilégios da
nobreza e clero, mas também contra gastos
de guerra (contra o Japão, batalha que a
Rússia perdeu).

Vemos as consequências da Revolução


Russa como fato histórico até, no mínimo,
1989, com a queda do Muro de Berlim, já que
a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), formada depois da revolução, existiu
até a década de 1990 e, em anos anteriores,
confrontou os EUA, dividindo o mundo entre
socialistas e capitalistas na Guerra Fria.

Leia também: História de Moscou — a


trajetória da mais importante cidade russa

Resumo sobre a Revolução


Russa
A Revolução Russa data de 1917, mas
pelo menos desde 1905 existiam
manifestações no país que culminaram
na tomada do poder pelos sovietes.

A Rússia antes da revolução era agrária,


“feudal”, dominada por clero (Igreja
Ortodoxa), nobreza e czares
(imperadores).

A população se revoltou contra essas


camadas sociais que tinham privilégios
sociais enquanto passava fome.

Somou-se a isso a perda da guerra para


o Japão, em 1905. Diante dos grandes
gastos bélicos, a população continuava
à míngua. Assim, aconteceu a
Revolução de 1905.

A população revoltosa estava


organizada no Partido Operário Social-
Democrata, que, por sua vez, era
dividido entre mencheviques e
bolcheviques (minoria e maioria,
respectivamente). Uns pensavam que
deveriam acontecer reformas burguesas
antes da revolução, e outros queriam a
revolução proletária prontamente.

Em 1914, na I Guerra Mundial, a Rússia


esteve na Tríplice Entente, junto da
Inglaterra e França, porém, perdeu
importantes batalhas.

Em fevereiro de 1917, após grandes


rebeliões, aconteceu a renúncia do czar,
que assumiu um governo provisório.

Em outubro de 1917, os bolcheviques


realizaram a tomada do Palácio de
Inverno, e aconteceu a Revolução
Russa, de fato, tendo Lenin como
primeiro governante.

Várias medidas foram adotadas na


economia. A Rússia também se retirou
da I Guerra Mundial, porém, os
opositores da revolução organizam um
exército, e ocorreu uma guerra civil na
Rússia.

Após a guerra civil, visando à unificação


e coesão, foi formada a União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), que perdurou até 1991, porém,
já com ideais muito diferentes dos
revolucionários de 1917.

Videoaula sobre a Revolução


Russa

Revolução Russa (1917) - Brasil Escola

Antecedentes históricos da
Revolução Russa
A Rússia no início do século XX era o que o
restante da Europa poderia considerar
“atrasada”, já que era majoritariamente
rural, e seus poderes, ainda divididos quase
como na Idade Média: entre nobreza (no caso,
proprietários rurais) e clero (nesse caso, a
Igreja Ortodoxa).

Foram vãs as tentativas, ainda no século


XVIII, do czar Pedro, O Grande de modernizar
o país, que adotou novos modelos de
educação e administração, transferiu a
capital de Moscou para São Petersburgo para
torná-la uma “janela para a Europa” — enfim,
ele desejou ocidentalizar a Rússia. Somente
em meados de XIX começaram os primeiros
movimentos no sentido da industrialização e
modernização, que sempre se chocavam
com a estagnação rural comandada pelos
grandes proprietários de terra, chamados
boiardos.

A Rússia era governada pelos czares (o


mesmo que “imperadores”). Lá, uma mesma
dinastia estava no poder desde 1613: os
Romanov. A burguesia, vendo o que
acontecia na Europa, almejava o mesmo:
industrializar-se para também obter
dividendos e não continuar servindo ao
Estado, como sempre fora.

Os últimos czares antes da revolução


começaram a se preocupar com a
modernização russa, mas já era tarde
demais. Alexandre II aboliu a servidão e
eliminou dívidas, mesmo assim, acabou
assassinado por revolucionários. Alexandre
III, seu herdeiro, reprimiu anarquistas e
marxistas e, finalmente, conseguiu
impulsionar a indústria, porém, com capital
francês, inglês, belga e alemão.

A Rússia passou a ter, então, por um lado,


alguns elementos modernos e, por outro, a
oligarquia agrária. Nicolau II, o último czar,
não fugindo à tradição (que também
incomodava o povo: os altíssimos gastos em
guerras), disputou e desta vez perdeu a
Guerra Russo-Japonesa (1904-1905).

Nicolau II — o último dos czares.

Mencheviques e
bolcheviques
Como vimos, os czares tinham muitos
opositores. Entre esses, alguns se
organizaram por seus ideais políticos, como
os niilistas (anarquistas defensores das ideias
de Bakunin), socialdemocratas (acreditavam
na social-democracia, mas não como é hoje, já
que incorporavam alguns ideais marxistas),
narodnikis (a tradução literal é “ir ao povo”,
logo, eram populistas) e os que mais se
destacaram: os mencheviques e os
bolcheviques.

Esse destaque veio com o Congresso do


Partido Socialdemocrata (POSDR), em 1903,
que dividiu ambos em lados diferentes de
acordo com o que pensavam sobre o
desenvolvimento da Rússia. Assim:

Mencheviques: eram os minoritários.


Achavam que primeiramente seria
necessário que o capitalismo russo se
desenvolvesse para depois lutarem pelo
socialismo. Para isso, eram necessárias
reformas progressistas, feitas na Duma
(Parlamento), que seriam lideradas pela
burguesia (Revolução Burguesa) contra
o czarismo.

Bolcheviques: eram majoritários.


Defendiam que a Revolução Socialista
ocorresse de forma imediata, com a
instalação da Ditadura do Proletariado e
a aliança entre operários e camponeses.
Seu líder era Lenin e tinham o apoio dos
sovietes, conselho de trabalhadores e
soldados que, a partir da Revolução de
1905, obteve poderes executivos e
legislativos, com representantes
advindos de quartéis e fábricas.

Leia também: Karl Marx — o autor que


embasou o chamado socialismo científico

Revolução de 1905
A Revolução de 1905 foi, na verdade, uma
série de movimentos da população russa,
faminta, contrária às medidas czaristas, à
crise econômica que enfrentava e à
participação da Rússia em uma guerra contra
o Japão, que gerou enormes gastos bélicos.

A Guerra Russo-Japonesa foi uma disputa


imperialista (ou seja, por mais terras) da
Rússia e do Japão pela Crimeia e a
Manchúria. O estrondoso fracasso do czar
estimulou as forças de oposição, que, como
vimos, já eram muitas.

Nicolau II, percebendo tal movimentação,


passou a conter, com muita violência, atos
que seriam até então pacíficos. Como foi o
caso do que depois ficou conhecido como
“Domingo Sangrento”, quando pessoas,
mesmo cantando o hino “Deus salve o czar”,
foram exterminadas, apenas por
apresentarem, também, algumas queixas.

Com isso, Nicolau II caiu mais ainda em


descrédito e se viu obrigado a assinar o
Tratado de Portsmouth, que acabou com a
guerra, em 5 de setembro de 1905,
entregando ao Japão partes importantes de
seu território — entre eles, a Coreia.

Os sovietes foram criados nesse contexto,


quando o czar lançou o Manifesto de
Outubro, em que prometia uma monarquia
constitucional e parlamentar. Assim, não só
os sovietes passaram a existir, como também
a Duma (Parlamento, também já
mencionado). O problema era que Nicolau II
não largaria o poder tão facilmente e lançou
decretos que o colocavam acima da Duma.

Parlamentares não satisfeitos protestaram,


ao passo que o czar dissolveu a instituição,
colocando em seu lugar outro Parlamento,
agora censitário, ou seja, com base em quem
tinha posses. Esse sistema perdurou até
1911, sob a liderança de Stolypin, que, mais
tarde naquele ano, foi assassinado por forças
opositoras

Todo esse período, desde 1905, é


considerado por alguns como um “ensaio da
Revolução Russa”.

Quais as causas da
Revolução Russa?
A Rússia seguia, como vimos, um modo de
produção bastante atrasado. Era
majoritariamente rural e se encontrava em
um regime ainda feudal. As tentativas de
industrialização, ao longo da história, várias
vezes não deram certo, o que fez com que a
aristocracia, ou seja, os nobres, concentrasse
toda a riqueza, enquanto o restante do povo
vivia na miséria e na fome.

Com o tempo, várias ideias contrárias à


monarquia absolutista foram surgindo,
algumas delas revolucionárias, como as dos
mencheviques e bolcheviques, por exemplo.
Essas ideias ganharam adesão junto ao povo
que passava fome.

As repressões do czar, como a do


Domingo Sangrento, foram o estopim para
a Revolução de 1917.

Estouro da Revolução Russa


O que chamamos de Revolução Russa, de
fato, foi o estopim, ou seja, a tomada de
poder pelos sovietes, em outubro de 1917,
que vinham se organizando com a população
desde pelo menos 1905, em protesto contra
os czares e seus privilégios, a fome e a
repressão.

Assim como a Guerra contra o Japão foi um


gatilho em 1905, a partir de 1914, a Primeira
Guerra Mundial também mexeu com a
conjuntura interna russa — sendo inclusive
apontada por muitos como um dos motivos
da revolução —, pois a Rússia fez parte da
Tríplice Entente (junto da Inglaterra e França)
e, como era um país atrasado, não possuía os
mesmos meios tecnológicos das demais
nações, o que fez com que perdesse diversas
batalhas, inclusive algumas importantíssimas
para a Alemanha, que conquistou parte de
seu território.

Como sabemos, a I Guerra Mundial teve


objetivos imperialistas e, no que tange
especialmente a Rússia, havia o temor da
ascensão alemã e invasão de territórios,
pois ela havia passado recentemente por
unificação e ameaçava outras nações.

O fim do czarismo estava próximo, com os


problemas econômicos, a repressão e, agora,
mais uma derrota militar, e aconteceu em
fevereiro de 1917, como veremos a seguir.

Revolução de Fevereiro
(Revolução Branca)

Em fevereiro de 1917, o czar abdicou de


todo o seu poder, após tantos problemas,
como crise econômica, derrotas em batalhas
importantes e reiteradas manifestações da
população durante anos. Assumiu, então, o
Governo Provisório, que funcionou como
um Parlamento liberal europeu.

À frente desse governo estava Alexander


Kerenski, que era socialista, porém,
reformista (menchevique, como vimos). Esse
período é chamado de República da Duma,
Revolução de Fevereiro, Revolução Branca ou
ainda Revolução Menchevique.

Entretanto, a Rússia não tinha saído da


guerra, e as pessoas ainda passavam fome,
logo, seriam necessárias outras mudanças.
Com isso, a oposição bolchevique se
fortaleceu nos sovietes. Liderada por Lenin
e Trotsky, sob o lema “pão, paz e terra”,
indicava, além da saída da guerra, a
redistribuição (expropriação e divisão) das
grandes propriedades de terra, a fim de
ajustar o fornecimento interno de comida
para a população.

Paralelamente, a Guarda Vermelha ia sendo


formada por Trotsky. Posteriormente, essa
guarda passou a se chamar Exército
Vermelho, pós-revolução. Até então, ela era
um grupo revolucionário e armado dos
bolcheviques, que visava à tomada do poder.

Revolução de Outubro
(Revolução Vermelha)

Vladimir Lenin foi um dos líderes da


Revolução de Outubro

Em 7 de novembro de 1917 ou 25 de outubro


no calendário juliano (que a Rússia ainda
usava), os Bolcheviques tomaram o Palácio
de Inverno, bombardeando-o, e depois
todos os outros prédios públicos russos, que
passaram a ser chamados de Conselhos de
Comissários do Povo.

Kerensky, menchevique que estava à frente


do Governo Provisório, fugiu, e assim teve
início o governo bolchevique, cuja primeira
publicação oficial foi o “Apelo aos
trabalhadores e camponeses”, de Lenin,
primeiro governante revolucionário. Por meio
dela, foi dado “todo o poder aos sovietes”.
Uma das primeiras medidas foi também
retirar o país da I Guerra Mundial.

Quais as consequências da
Revolução Russa?
A Revolução Russa não é um fato histórico
que possa ser explicado apenas pela
sucessão de acontecimentos, pois vemos
suas consequências até, no mínimo, 1989,
com a queda do Muro de Berlim ou, para
alguns, até hoje.

Mas, se quisermos considerar as


consequências imediatas, temos:

nacionalização de todas as indústrias e


bancos russos;

saída da guerra, com a perda de


territórios como a Letônia, Lituânia,
Estônia, Finlândia, Ucrânia e Polônia;

redistribuição das terras no campo.

Outra consequência foi a Guerra Civil Russa,


como veremos a seguir.

Guerra Civil Russa


Claro que tantas mudanças assim não
agradaram a todos. Dessa forma, houve a
oposição ao governo de Lenin, formada por
antigas forças czaristas e mencheviques, que
se uniram também aos países que não
aceitaram a saída russa da guerra. Esses
contrarrevolucionários se organizaram com
armas no Exército Branco (em contraposição
ao Vermelho) e promoveram uma verdadeira
guerra civil, em 1918, que durou até 1921,
quando os bolcheviques, mais uma vez,
saíram vitoriosos.

A saída da Rússia da guerra só foi possível


por meio da assinatura de um acordo com a
Alemanha, chamado Tratado Brest-Litovsk.
Os opositores acreditavam que essa aliança
havia prejudicado muito os russos, que
perderam territórios e reservas de carvão.
Por outro lado, Trotsky, comandante do
Exército Vermelho, percebia o quanto este
estava enfraquecido para mais batalhas.
Lenin, por sua vez, entendia que a guerra era
impopular entre o povo desde o começo.

Além dos dois exércitos internos, soldados


estrangeiros invadiram a Rússia,
almejando ajudar a restaurar a monarquia
e instabilizar os bolcheviques. Ao longo de
três anos, muitos foram mortos em batalhas
— estima-se que de quatro a dez milhões de
pessoas. Os opositores se enfraqueceram
após a vitória final bolchevique, em 1921.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas


(URSS) foi criada após a Guerra Civil Russa,
em 1922, como forma de reunificar o país e
outras nações após tantos confrontos.

Confira no nosso podcast: Ditadores que


marcaram a história

Exercícios resolvidos sobre a


Revolução Russa
QUESTÃO 1

(ESPM 2018)

Quando os bolcheviques — até então um


partido de operários — se viram em maioria
nas principais cidades russas, e sobretudo
na capital, Petrogrado e Moscou, e
depressa ganharam terreno no exército, a
existência do Governo Provisório tornou-se
cada vez mais irreal; em especial quando
teve de apelar às forças revolucionárias na
capital para derrotar uma tentativa de golpe
contrarrevolucionário de um general
monarquista em agosto. A onda radicalizada
de seus seguidores inevitavelmente
empurrou os bolcheviques para a tomada
do poder. O Governo Provisório, sem mais
ninguém para defendê-lo, simplesmente se
esfumou.

(Eric Hobsbawm. Era dos Extremos: o breve


século XX — 1914-1918)

Assinale a alternativa que apresenta,


respectivamente, quem liderava o Governo
Provisório derrubado pela Revolução
Bolchevique e quem assumiu a presidência
do Conselho de Comissários do Povo,
organizado após a revolução de 25 de
outubro (7 de novembro no calendário
gregoriano):

Você também pode gostar