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FACULDADE DE LETRAS
Juiz de Fora
Março de 2021
Introdução
UMBIGO (2006)
O poeta Nicolas Behr nasceu em 1958 em Cuiabá, mas desde 1974 reside em
Brasília, lugar de grande presença em sua poesia. Em 1977 lançou seu primeiro livro e
best seller Iogurte com farinha ao estilo de seus companheiros escritores da década de
1970, mimeografado.
Nos anos seguintes seguiu publicando novos trabalhos, como por exemplo,
Grande circular, Caroço de goiaba e Chá com porrada (1978), Viver deveria bastar
(2001), Porque construí Brasília (2003) e o objeto de análise do presente trabalho
Umbigo (2006).
Umbigo é um poema estruturado com a utilização de versos livres e de
linguagem simples com exemplos pontuais de neologismos. O poema segue o estilo do
autor no que se refere à temática do cotidiano, em especial, do poeta. Para tanto, Behr
elaborou o poema em torno da metalinguagem, ou seja, o poema/poesia que discorre
sobre ela mesma.
O verso inaugural de Umbigo, “minha poesia é primeira linha”, tem um sentido
irônico por apresentar duplo significado, de um lado a poesia “é primeira linha” por se
tratar do primeiro verso, e de outro, pela característica positiva, acerca da qualidade do
que é escrito pelo autor. Sobre isso, o poema segue, “minha poesia não é de segunda
mão”, reforçando a ideia de uma poesia bem estruturada, e na sequencia o autor retoma
a linguagem irônica, como demonstra o terceiro verso, “minha poesia às vezes é de
terceira categoria”.
Ainda sobre os primeiros versos, a rima interna surge como recurso que dá
sonoridade ao poema, um exemplo disso é o par não/mão, no segundo verso (“minha
poesia não é de segunda”), começar/soltar, no quarto verso (“minha poesia vai
começar. pode soltar os cintos”) que além de ser uma rima interna é também uma rima
consoante.
A partir do quarto verso já apresentado anteriormente, o poeta que já havia
inaugurado o poema logo no primeiro verso, anuncia ao leitor que sua poesia vai
começar (“minha poesia vai começar”) e segue, “minha poesia. com a palavra, o poeta”,
demarcando, assim, o sujeito por trás da poesia, o artista. Em seguida, o verso “minha
poesia é de tirar o fôlego. é só parar de respirar” anuncia que a poesia possui grandes
virtudes, “é de tirar o fôlego” e termina com um tom irônico, “é só parar de respirar”
que em certa medida quebra as expectativas de quem lê.
A construção e quebra das expectativas de início do poema seguem como
recurso de linguagem e construção do tom de bom humor e ironia nos versos sete e oito,
“minha poesia a partir de agora vai fazer uso da palavra/ minha poesia - você ainda não
leu nada”. Essa é uma característica marcante dos poetas da geração mimeógrafo que
contavam os acontecimentos do cotidiano e denunciavam as penúrias do povo
brasileiro, em plena ditadura militar, através da sátira.
Segue agora a análise do trecho abaixo:
Conclusão
A poesia de Nicolas Behr é sempre um desafio no ato de sua análise. Não pela
complexidade vocabular, mas sim pela riqueza de imagens e sentido que ela evoca. Essa
é, sem dúvidas, a característica central do poema Umbigo, analisado pelo presente
artigo.
Os versos foram construídos a partir de uma estrutura que rompeu com a
tradição poética, mas não rompeu com a diversidade de recursos linguísticos, ao
contrário. Behr faz uso da aliteração, assonância, anáfora, repetição vocabular,
intertextualidade, dentre outros.
No que se refere à temática do poema vê-se o poema falando de si, para si e para
o outro, nesse caso o leitor. O autor discorre acerta da poesia com tom ora satírico, ora
carregado de intensidade, evocando diversas imagens.
Referências Bibliográficas