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Primeira Edição: Texto integral do Informe à Conferência dos Partidos Comunistas na Polônia.
Fonte: Problemas - Revista Mensal de Cultura Política nº 5 - Dezembro de 1947.
Transcrição e HTML: Fernando A. S. Araújo
Direitos de Reprodução: A cópia ou distribuição deste documento é livre e indefinidamente garantida nos
termos da GNU Free Documentation License.
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aumentou a dependência econômica e financeira da Inglaterra, com relação aos Estados Unidos.
Terminada a guerra, a Inglaterra pôde ainda recuperar as suas colônias, mas teve de se chocar
contra uma mais forte influência do imperialismo norte-americano nas colônias, o qual
desenvolveu a sua atividade, durante a guerra, em todas as zonas, que antes eram consideradas
esferas de influências monopolistas do capital inglês (Oriente árabe, Ásia do sudeste). Foi
reforçada a influência dos Estados Unidos nos territórios do Império britânico e da América do
Sul, onde a parte possuída há tempos pela Inglaterra, passa em medida sempre mais
considerável às mãos dos Estados Unidos.
O término da guerra colocou diante dos Estados Unidos uma série de novos problemas. Os
monopólios capitalistas esforçaram-se para manter o nível elevado dos lucros atingidos durante a
guerra. Com este escopo, procuraram fazer com que o volume das encomendas do tempo de
guerra não fosse reduzido. Para alcançar este objetivo era, porém, necessário que os Estados
Unidos conservassem todos os mercados exteriores que absorviam durante a guerra a produção
americana e que conquistassem novos mercados, uma vez que, no após-guerra, a capacidade de
aquisição da maioria dos países diminuiu nitidamente. Também aumentou a dependência
financeiro-econômica destes países com relação aos Estados Unidos. Os Estados Unidos
colocaram, no exterior, créditos num total de 19 bilhões de dólares, exclusive os investimentos no
Banco Internacional e no fundo internacional de divisas. Os principais concorrentes dos Estados
Unidos — a Alemanha e o Japão — desapareceram do mercado mundial, circunstância esta que
criou novas e vastas possibilidades para os Estados Unidos.
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O objetivo visado pela nova orientação abertamente expansionista dos Estados Unidos é o de
estabelecer o domínio mundial do imperialismo americano. Com o fim de consolidar a situação de
monopólio dos Estados Unidos sobre os mercados, que se criaram em seguida ao
desaparecimento dos seus maiores concorrentes, — a Alemanha e o Japão, — e com o fim de
debilitar os seus sócios capitalistas — a Inglaterra e a França — o novo curso da política norte-
americana se funda sobre um vasto programa de medidas de ordem militar, econômica e política,
as quais tendem a estabelecer em todos os países objetos de sua expansão o domínio político e
econômico dos próprios Estados Unidos, reduzindo esses países à condição de satélites daquele
país, impondo-lhes regimes internos tais, que afastem todo obstáculo oposto pelo movimento
operário democrático à exploração patrocinada pelo capital americano. Este novo objetivo da sua
política, os Estados Unidos buscam estendê-lo, atualmente, não apenas aos inimigos de ontem e
aos Estados neutros, mas, também em grau sempre maior, aos seus aliados de durante a guerra.
Uma atenção especial tem sido dirigida à exploração das dificuldades econômicas da
Inglaterra, aliada e em igual tempo rival de longa data e concorrente capitalista dos Estados
Unidos. O plano expansionista americano tem como ponto de partida a consideração de que, não
só não é necessário aliviar o peso da dependência econômica com relação aos Estados Unidos, na
qual a Inglaterra caiu durante a guerra, mas, ao contrário, reforçar a pressão sobre a Inglaterra,
a fim de arrancar-lhe, pouco a pouco, o controle sobre as colônias, expulsá-lo de suas esferas de
influências e reduzi-la à condição de potência vassala.
Assim, a nova política dos Estados Unidos tende a consolidar sua posição de monopólio e a
submeter e colocar sob sua dependência os seus sócios capitalistas.
Mas, no caminho das suas aspirações ao domínio mundial, os Estados Unidos chocam-se
contra a URSS e sua crescente influência internacional como bastião da política antiimperialista e
antifascista, chocam-se contra os países da nova democracia, já libertos do controle do
imperialismo anglo-americano, chocam-se contra os operários de todos os países, inclusive os da
própria América, que não querem novas guerras para o reforçamento dos seus próprios
opressores. Por isso, o novo plano expansionista e reacionário da política dos Estados Unidos visa
a luta contra a URSS, contra os países da nova democracia, contra o movimento operário dos
Estados Unidos, contra as forças antiimperialistas de libertação em todos os países.
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todas as partes do mundo, são apresentadas com farisaica hipocrisia como medidas de "defesa"
contra uma imaginária ameaça militar pela URSS. A diplomacia americana, que opera com os
métodos da intimidação da corrupção e da chantagem, arranca facilmente aos outros países
capitalistas, e em primeiro lugar à Inglaterra, a aprovação da consolidação legal das vantajosas
posições americanas na Europa e na Ásia (nas zonas ocidentais da Alemanha, na Áustria, na
Itália, na Grécia, na Turquia, no Egito, no Irã, no Afeganistão, na China, no Japão etc.).
Com este fim, o campo imperialista não hesita em se apoiar nas forças reacionárias e anti-
democráticas de todos os países e em sustentar os inimigos de ontem contra os seus aliados de
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guerra.
Frente à tarefa de assegurar uma justa paz democrática, operou-se o reagrupamento das
forças do campo anti-imperialista e antifascista. Sobre esta base nasceu e reforçou-se a
cooperação amistosa da URSS com os países democráticos em todos os problemas de política
exterior. Estes países, e em primeiro lugar, os países da nova democracia — Iugoslávia, Polônia,
Checoslováquia e Albânia — que tiveram uma função importante na guerra de libertação contra o
fascismo bem como a Bulgária, a Romênia, a Hungria, parcialmente a Finlândia, se juntaram à
frente antifascista e se tornaram no após-guerra tenazes combatentes pela paz, pela democracia,
pela sua liberdade e independência, contra todas as tentativas dos Estados Unidos e da Inglaterra
para fazê-los retroceder e lançá-los novamente sob o jugo do imperialismo.
Os êxitos e o crescente prestígio internacional do campo democrático não são agradáveis aos
imperialistas. Já durante a II Guerra Mundial, na Inglaterra e nos Estados Unidos, a atividade das
forças reacionárias estava em constante aumento e tendia a minar a ação coordenada das
potências aliadas, a prolongar a guerra por longo tempo, a dessangrar totalmente a URSS e a
salvar os agressores fascistas da derrota completa.
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No curso dos últimos dois anos, a política exterior da União Soviética e dos países
democráticos foi uma política de luta para concretizar consequentemente, num mundo saído da
guerra, os princípios democráticos. Os Estados do campo anti-imperialista têm sido combatentes
fiéis e resolutos na luta pela realização destes princípios sem afastar-se dos mesmos em um
ponto sequer. Por isto, a política exterior dos Estados democráticos, no após guerra, tem como
tarefa principal a luta por uma paz democrática, a liquidação dos restos do fascismo, a luta para
impedir uma nova agressão imperialista fascista, para a consolidação dos princípios de igualdade
dos direitos de todos os povos, e para o respeito da sua soberania, para a redução geral dos
armamentos e a proibição das armas mais destrutivas, destinadas ao extermínio em massa da
população pacífica.
A ação comum da diplomacia da URSS e dos Estados democráticos, dirigida para resolver o
problema da redução dos armamentos e da proibição da arma mais destrutiva — a bomba
atômica — tem uma imensa importância.
Por iniciativa da União Soviética, foi apresentada a Organização das Nações Unidas uma
proposta de redução geral dos armamentos e de proibição, com urgência, da produção e da
utilização da energia atômica, para objetivos de guerra. Esta proposta do governo soviético
encontrou a resistência encarniçada dos Estados Unidos e da Inglaterra. Todos os esforços dos
meios imperialistas tendiam à sabotagem desta decisão, como demonstram as infinitas e estéreis
emendas e os obstáculos e dilações sem fim destinados a impedir qualquer medida prática
efetiva. A atividade dos delegados da URSS e dos países democráticos nas reuniões da
Organização das Nações Unidas, reveste um caráter de luta quotidiana, sistemática, tenaz, pelos
princípios democráticos de cooperação internacional e pela denúncia das intrigas dos
conspiradores imperialistas contra a paz e a segurança dos povos.
Isto foi constatado de modo particularmente claro, por exemplo, no exame da situação nas
fronteiras setentrionais da Grécia. A União Soviética e a Polônia intervieram energicamente contra
a tentativa de utilizar o Conselho de Segurança para desacreditar a Iugoslávia, a Bulgária e a
Albânia, falsamente acusadas pelos imperialistas de atos de agressão contra a Grécia.
A política exterior soviética tem como pressuposto a coexistência, por um longo período, de
dois sistemas: o capitalismo e o socialismo. Daí deriva a possibilidade de cooperação entre a
URSS e os países que têm um outro sistema, sob a condição de que seja respeitado o princípio de
reciprocidade e que sejam obedecidos os compromissos tomados. É sabido que a URSS sempre
foi e continua fiel aos compromissos assumidos. A União Soviética demonstrou a sua vontade e o
seu desejo de cooperação.
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A política soviética segue a linha de uma leal observância das relações de boa vizinhança
com todos os Estados que manifestem o desejo da colaboração. A União Soviética sempre foi, é e
será sempre fiel amiga e aliada dos países que são seus verdadeiros amigos e aliados.
Como é sabido, a URSS é pela formação de uma Alemanha unida, amante da liberdade,
desmilitarizada, democrática. Definindo a política soviética com relação à Alemanha, o camarada
Stálin afirmou: "Em resumo, a política da União Soviética na questão alemã se cifra na
desmilitarização e na democratização da Alemanha. A desmilitarização e a democratização da
Alemanha são uma das mais importantes condições para instalar uma paz duradoura e sólida."
Todavia, esta política do Estado soviético com relação à Alemanha choca-se contra a resistência
encarniçada dos meios imperialistas dos Estados Unidos e da Inglaterra.
A sessão do Conselho dos Ministros dos Negócios Exteriores, levada a efeito em Moscou, em
março e abril de 1947, demonstrou que os Estados Unidos, a Inglaterra e a França, estão prontos
não somente a fazer fracassar a democratização e a desmilitarização da Alemanha, mas também
a liquidar a Alemanha, como Estado único, a desmembrá-la e a resolver separadamente o
problema da paz.
A realização desta política nas novas condições, que se criaram desde quando a América
rompeu com a antiga política de Roosevelt e passou a uma nova política, leva a uma política de
preparação de novas aventuras militares.
Embora os Estados Unidos tenham sido relativamente pouco golpeados pela guerra, a
esmagadora maioria dos americanos não quer saber de uma nova guerra, nem dos sacrifícios e
das restrições que das guerras derivam. Isto impele o capital monopolista e os seus servidores,
os círculos dirigentes dos Estados Unidos, a procurar meios extraordinários para quebrar a
oposição interna à política agressiva e expansionista, porque é do seu interesse ter as mãos livres
para desenvolver esta perigosa política.
Mas a campanha contra o comunismo, proclamada pelos círculos dirigentes americanos, que
se apóiam nos monopólios capitalistas, tem como conseqüência logicamente inevitável a violação
dos direitos e dos interesses vitais dos trabalhadores americanos, a fascistização interna da vida
política dos Estados Unidos, a difusão das mais selvagens e inumanas "teorias" e concepções. Os
grupos expansionistas americanos, que sonham com a preparação de uma terceira guerra
mundial, estão profundamente interessados em sufocar dentro do país toda resistência possível
às aventuras externas, em envenenar de chauvinismo e de militarismo as massas politicamente
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A realização dos planos estratégicos militares para as futuras agressões está ligada com a
tendência a utilizar plenamente o aparelho de produção militar dos Estados Unidos, o qual
cresceu consideravelmente no fim da segunda guerra mundial. O imperialismo americano conduz
uma política sistemática de militarização do país. Nos Estados Unidos, as despesas anuais para o
exército e a frota sobem a mais de 11 bilhões de dólares. Em 1947-1948, os Estados Unidos
destinaram à manutenção de suas forças armadas 35% do orçamento, quer dizer onze vezes
mais que em 1937-38.
No inicio da Segunda Guerra Mundial, o exército dos Estados Unidos ocupava o 17.° lugar
entre os exércitos dos países capitalistas; hoje, ocupa o primeiro lugar. Paralelamente à
acumulação das bombas atômicas, os estrategistas americanos não se envergonham de dizer que
nos Estados Unidos se preparam armas bacteriológicas.
O plano estratégico militar dos Estados Unidos prevê a criação em tempo de paz de
numerosas bases e praças d'armas, muito longe do continente americano e destinadas a ser
utilizadas para fins de agressão contra a URSS e os países da nova democracia. As bases
americanas, militares, aéreas e navais existem ou estão em vias de criação no Alaska, no Japão,
na Itália, na Coréia Meridional, na China, no Egito, no Irã, na Turquia, na Grécia, na Áustria, na
Alemanha Ocidental. Uma missão militar americana opera no Afeganistão e também no Nepal.
Fazem-se febris preparativos para a utilização do Ártico aos fins de uma agressão militar.
Ainda que a guerra tenha terminado há muito tempo, a aliança militar entre a Inglaterra e os
Estados Unidos continua a subsistir do mesmo modo que o Estado Maior Unificado das forças
armadas anglo-americanas. Sob a bandeira de um acordo para a estandardização dos
armamentos, os Estados Unidos estenderam o seu controle sobre as forças armadas e os planos
militares de outros países, em primeiro lugar as da Inglaterra e o Canadá. Sob a bandeira comum
do hemisfério ocidental, os países da América Latina estão entrando na órbita dos planos de
expansão militar dos Estados Unidos.
O governo dos Estados Unidos anunciou que o seu objetivo oficial era ajudar a modernização
do exército turco. O exército reacionário do Kuomintang foi instruído sob a direção de oficiais
americanos e foi dotado de armas e meios técnicos americanos.
A clique militar torna-se uma força política nos Estados Unidos e fornece, em larga escala,
homens de Estado e diplomatas que dão uma orientação militar agressiva a toda a política do
país.
A expansão econômica dos EE.UU. tem uma grande importância na realização do plano
estratégico. O imperialismo americano esforça-se como um usurário, por explorar as dificuldades
em que se debatem, depois da guerra, os países europeus, e sobretudo a penúria de matérias
primas, de combustíveis e produtos alimentícios dos países aliados que de um modo mais
acentuado sofreram a guerra, para lhes impor condições escravagistas de ajuda. Prevendo a crise
econômica iminente, os EE.UU. se apressam a encontrar novas esferas monopolistas para o
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investimento de capitais e para a venda de mercadorias. A "ajuda "econômica dos EE.UU. visa
submeter a Europa ao capital americano. Quanto mais grave é a situação econômica de um país
tanto mais duras são as condições que os monopólios americanos se esforçam por impor-lhes.
Enfim, a tendência dos EE.UU. para o domínio mundial e a sua política anti-democrática
comportam também uma luta ideológica. A parte ideológica do plano estratégico americano tem
principalmente o objetivo de enganar a opinião pública, difundir calúnias sobre a pretensa
agressividade da União Soviética e dos países da nova democracia, com o fim de poder, assim,
apresentar o bloco anglo-saxão nas roupagens de um pretenso bloco defensivo e eximi-lo das
suas responsabilidades na preparação de uma nova guerra.
Na sua luta ideológica contra a URSS, os imperialistas americanos que se orientam mal nos
problemas políticos e dão prova de ignorância, agitam antes de tudo a idéia de uma União
Soviética como uma força anti-democrática e totalitária, enquanto a democracia seria
representado pela Inglaterra e pelos EE.UU. e por todo o mundo capitalista.
E enquanto não poupam as palavras para difundir calúnias contra o regime soviético, os
laboristas e os outros advogados da democracia burguesa acham inteiramente normal a
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sangrenta ditadura da minoria fascista sobre o povo na Grécia e na Turquia; fecham os olhos
sobre numerosas, vergonhosas violações às próprias normas da democracia formal nos países
burgueses; passam sob silêncio o jugo nacional e de raça, a corrupção, a desenfreada usurpação
dos direitos democráticos nos EE.UU.
A "doutrina de Truman" e o "plano Marshall" são, nas condições atuais dos EE.UU., a
expressão concreta desses esforços expansionistas. No fundo, estes dois documentos são a
expressão de uma só política, ainda que se distingam, pela forma em que é apresentada a
pretensão americana de subjugar a Europa.
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A "Doutrina de Truman"
Das reuniões e das intervenções dos homens de Estado americanos, que se sucederam,
resulta, em síntese, que o "plano Marshall" não é um plano de ajuda, em primeiro lugar, aos
países vencedores empobrecidos, aos aliados da América na luta contra Alemanha, mas uma
oferta de ajuda aos capitalistas alemães, para que controlem as principais fontes de carvão e de
metais, necessária à Europa e à Alemanha, pondo os países que têm necessidade de carvão e de
metal sob a dependência da potência econômica alemã em vias de restauração.
Ainda que o "plano Marshall" preveja a definitiva queda da Inglaterra, como da França, a
potências de segunda ordem, o governo trabalhista de Attlee, na Inglaterra, e o governo
socialista de Ramadier, na França, se agarraram ao "plano Marshall" como a uma tábua de
salvação. Sabe-se que a Inglaterra, já quase consumiu o empréstimo americano de 3.750
milhões de dólares, concedidos em 1946. Sabe-se, além disso, que as condições servis desse
empréstimo ataram a Inglaterra de mãos e pés. O governo trabalhista da Inglaterra, agora preso
pelo laço de sua dependência financeira, aos EE.UU., não vê outra saída que não seja obter
outros empréstimos. Por isso, acolheu o "plano Marshall"— como uma via de escape do beco sem
saída econômico em que se meteu, como uma possibilidade de obter novos créditos. Além disso,
os políticos ingleses contavam explorar a cria cão do bloco de países da Europa Ocidental —
devedores nos EE.UU. — para tentar assegurar-se, dentro do próprio bloco, a parte de principal
agente americano e de poder, talvez, salvar-se a custa dos países débeis. A burguesia inglesa vai
utilizando o "plano Marshall”, prestando serviços aos monopólios americanos e submetendo-se ao
seu controle; sonhava poder recuperar as posições perdidas em certos países e, em particular,
poder restabelecer as suas posições na região balcânica e danubiana.
Com o fim de dar uma aparência maior "de objetividade" às propostas americanas, foi
decidido incluir nas listas dos promotores da realização do "plano Marshall" também a França, que
já tinha meio sacrificada a sua soberania nacional em favor dos EE.UU., pois que a concessão de
crédito à França, em maio de 1947, por parte dos EE. U.U, foi condicionada ao afastamento dos
comunistas do governo.
URSS os países europeus que necessitam realmente de ajuda. Se, ao contrário, a URSS tivesse
aceitado participar dos tratados, seria fácil atrair para a ratoeira da "reconstrução econômica da
Europa com a ajuda da América" os países do Este e do Sudoeste da Europa. Enquanto o "plano
Truman" pressionava, com intimidação terrorista, a esses países, o "plano Marshall" era
destinado, neste caso, a contribuir para a realização, de um dos objetivos mais importantes do
programa americano geral: restabelecer o poder do imperialismo nos países da nova democracia,
obrigar esses países a renunciar à sua cooperação econômica e política com a União Soviética.
Não obstante, continuam as tentativas de formar um bloco ocidental sob a égide da América.
É preciso notar que a variante americana do bloco ocidental não pode deixar de encontrar
sérias oposições, mesmo nos países que já dependem dos EE.UU., como a Inglaterra e a França.
A perspectiva de restaurar o imperialismo alemão como força real capaz de opor-se à democracia
e o comunismo na Europa, não pode seduzir nem à Inglaterra, nem à França. Aqui nos
encontramos em presença de uma das principais contradições internas do bloco Inglaterra —
EE.UU. — França. Visivelmente, os monopólios americanos, como toda a reação internacional,
não pensam que Franco ou mesmo os fascistas gregos sejam um baluarte mais ou menos seguro
dos EE.UU. contra a URSS e as novas democracias na Europa. Por isso nutrem esperanças
particulares sobre a restauração da Alemanha capitalista, considerando-a como a mais importante
garantia de sucesso da luta contra as forças democráticas da Europa. Eles não têm fé, nem nos
trabalhistas na Inglaterra, nem nos socialistas na França, considerando-os, malgrado a sua
complacência, como "semi-comunistas", não suficientemente merecedores de confiança.
Eis porque a questão alemã, e, em particular, a da Bacia do Ruhr, base potencial militar e
industrial do bloco hostil à URSS, é o aspecto mais importante da política internacional e é causa
de litígio entre os EE.UU., Inglaterra e a França.
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Os apetites dos imperialistas americanos não podem deixar de suscitar uma séria inquietude
na Inglaterra e na França. Os EE.UU. fizeram compreender de maneira inequívoca que querem
tomar o Ruhr aos ingleses. Os imperialistas americanos exigem também a fusão das três zonas
de ocupação e aberta formação da Alemanha Ocidental em entidade política sob o controle
americano. Os EE.UU. insistem para que o nível de produção de aço seja elevado na Bacia do
Ruhr à base da manutenção das empresas capitalistas sob a direção dos EE.UU.. Os créditos
prometidos por Marshall para a reconstrução da Europa são considerados em Washington,
sobretudo, como uma ajuda aos imperialistas alemães. Assim, o "bloco ocidental" que a América
está criando não afasta o plano Churchill dos Estados Unidos da Europa, concebido como
instrumento da política inglesa, mas é considerado como um protetorado americano, no qual os
Estados soberanos da Europa, não excluída a própria Inglaterra, terão uma função que não está
muito longe daquela do famoso "49.° Estado. Americano". O imperialismo americano trata a
Inglaterra e a França de modo sempre mais insolente e cínico. As deliberações entre dois e três
países sobre problemas que dizem respeito à determinação do nível de produção industrial da
Alemanha Ocidental (Inglaterra, EE.UU., França), deliberações que infringem arbitrariamente as
decisões de Potsdam, demonstram, entre outras coisas, que os EE.UU. ignoram completamente
os interesses vitais dos seus sócios de tratados. A Inglaterra, e sobretudo a França, estão
obrigados a escutar o diktat americano e a aceitá-lo com resignação. A conduta da diplomacia
americana em Londres e em Paris recorda, sob muitos aspectos, a que observamos na Grécia,
onde os representantes americanos não crêem nem mesmo necessário respeitar as
conveniências, nomeiam e trocam a seu bel-prazer os ministros gregos e se comportam como
conquistadores. Assim, o novo "plano Dawes" para a Europa é, no fundo, dirigido contra os
interesses fundamentais dos povos europeus; é um plano de subjugação e de submissão da
Europa aos EE.UU.
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precisamente, o "plano Marshall", dirigido contra a industrialização dos países europeus e que
objetiva, por conseguinte, destruir a independência dos mesmos.
É preciso, além disso, recordar que a América mesma se acha ameaçada de uma crise
econômica. A generosidade oficial de Marshall tem as suas sérias razões. Se os países europeus
não receberem créditos americanos, o pedido de mercadorias americanas por parte desses países
diminuiria e isto contribuiria para acelerar e agravar a crise econômica que se avizinha nos EE.UU.
Por isso, se os países europeus dão prova da necessária firmeza e da vontade de resistir às
condições servis de crédito, a América poderia ver-se obrigada a ceder.
O Comintern tinha sido fundado depois da primeira guerra mundial, quando os Partidos
Comunistas eram débeis, as ligações entre a classe operária dos diversos países eram quase
inexistentes, e os Partidos Comunistas não tinham ainda dirigentes do movimento operário
universalmente reconhecidos. Foi mérito do Comintern o ter estabelecido e consolidado as
ligações entre os trabalhadores dos diversos países, elaborado as questões teóricas do
movimento operário nas novas condições do seu desenvolvimento, depois da guerra, haver fixado
normas comuns para propaganda e a agitação da idéia do comunismo e ter facilitado a formação
dos dirigentes do movimento operário. Deste modo, criaram-se as premissas para a
transformação dos jovens Partidos Comunistas em partidos operários de massa. Mas, com a
transformação dos jovens Partidos Comunistas em partidos operários de massa, a direção destes
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Desde que a maior parte dos dirigentes dos partidos socialistas (sobretudo os trabalhistas
ingleses e os socialistas franceses) se comportam como agentes dos círculos imperialistas dos
EE.UU. da América, cabe aos partidos comunistas a função histórica específica de pôr-se à frente
da resistência ao plano americano de subjugação da Europa e de desmascarar resolutamente
todos os auxiliares internos do imperialismo americano. Ao mesmo tempo, os comunistas devem
apoiar todos os elementos verdadeiramente patriotas que não querem deixar ultrajar a sua
pátria, que querem lutar contra a subjugação de sua pátria ao capital estrangeiro e pela
salvaguarda da soberania nacional do seu país.
Os comunistas devem ser a força dirigente que arrasta todos os elementos antifascistas
amantes da liberdade para a luta contra os novos planos americanos de expansão e de
dominação da Europa.
É preciso ter presente que, entre o desejo dos imperialistas de fazer explodir uma nova
guerra e a possibilidade de organizá-la há imensa distância. Os povos do mundo não querem a
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guerra. As forças que querem a paz são tão grandes e importantes que, se elas forem firmes e
tenazes na luta pela defesa da paz, se elas derem prova de constância e firmeza, os planos dos
agressores serão condenados a um completo fracasso. É preciso não esquecer que o barulho dos
agentes imperialistas a respeito dos perigos de guerra tem o objetivo de assustar as pessoas
indecisas ou fracas de nervos e de obter, por meio da chantagem, concessões ao agressor.
O perigo principal para a classe operária consiste, atualmente, na subestimação das próprias
forças e na superestimação das forças do adversário. Como no passado, a política de Munich
encorajou a agressão hitlerista, também hoje as concessões à nova política dos EE.UU. da
América e do campo imperialista podem tornar os seus inspiradores ainda mais insolentes e
agressivos. Por isso, os Partidos Comunistas devem pôr-se à frente, da resistência aos planos
imperialistas de expansão e de agressão em todos os campos: governativo, político, econômico e
ideológico. Eles devem cerrar fileiras, unir os seus esforços na base de uma plataforma anti-
imperialista e democrática comum e reunir em torno de si as forças democráticas e patrióticas do
povo.
Aos Partidos Comunistas irmãos da França, da Itália, da Inglaterra e de outros países cabe
uma tarefa particular. Devem tomar nas suas mãos a bandeira da defesa da independência
nacional, da soberania dos respectivos países. Se os Partidos Comunistas permanecerem firmes
em suas posições, se não se deixarem intimidar e enganar, se se puserem corajosamente em
guarda por uma paz sólida e pela democracia popular, em guarda pela soberania nacional, pela
liberdade e independência de seus países, se na sua luta contra as tentativas de submissão
econômica e política de seus países, souberem colocar-se à frente de todas as forças, prontos a
defender a causa da honra e da independência nacional, nenhum plano de dominação da Europa
poderá ser realizado.
O Que é Nação
Stálin
Inclusão 07/07/2007
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