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A Guerra Fria.

1. Guerra Fria.
Chamamos de guerra fria a situação de tensão e competição militar e política
que existiu entre os Estados Unidos e a União Soviética, desde o fim da Segunda
Grande Guerra (1945) até a saída do presidente soviético Mikhail Gorbatchev
(1991). Em mais de 40 anos, EUA e URSS nunca chegaram a brigar diretamente.
Porém, vários conflitos e guerras que se espalharam pelo mundo tiveram a
participação ativa desses países, sendo que vários países receberam armas com
grande poder de destruição dos soviéticos e norte-americanos. Esses países
produziram uma inifinidade de conflitos que provocaram a morte de milhões de
pessoas.

2. O Bloco Capitalista.
Chamamos de bloco capitalista o conjunto de países liderados pelos Estados
Unidos e pelas nações ricas da Europa. Nas últimas décadas, o Japão também
tornou-se uma das nações mais ricas do mundo, ganhando a condição de um dos
líderes do bloco capitalista. Os EUA passaram a ser o país mais rico do mundo
depois da Segunda Guerra. Essa situação foi criada pelos seguintes motivos:
 A Europa estava arrasada e muito destruída por causa da Segunda Guerra
Mundial;
 O único país industrializado da Ásia era o Japão, mas também estava
arrasado;
 Os americanos criaram planos de empréstimos financeiros para os países que
precisavam se reconstruir, e isso foi uma maneira de conseguir riquezas para
os Estados Unidos (receber de volta o dinheiro emprestado com juros).
O Japão e a Alemanha Ocidental conseguiram se reerguer após a derrota na
Segunda Grande Guerra em 1945 com essa ajuda financeira dos EUA. Os
americanos desenvolveram o Plano Marshall, que era um gigantesco empréstimo
oferecido às nações destruídas durante a guerra. Assim, já nos anos 60, Alemanha
e Japão também já estavam entre os países mais ricos do mundo.
O mesmo não se poderia dizer dos países capitalistas da América Latina, da
África ou da maior parte da Ásia. Essas regiões continuavam pobres e
apresentavam as seguintes características:
 Concentração de riquezas nas mãos de poucos, ou seja, das elites
econômicas que, em geral, dominam a política nesses países (grandes
empresas nacionais ou estrangeiras, grandes fazendeiros, etc);
 A atividade empresarial não é independente da interferência dos países mais
ricos;
 A maior parte dos países são apenas produtores de matéria-prima;
 A dependência econômica em relação aos países mais ricos;
 Esses países possuem altos índices de analfabetismo;
 Péssimas condições de trabalho;
 Lutas entre os políticos locais, gerando conflitos entre os habitantes de um
mesmo país.

Por tudo isso, são considerados países subdesenvolvidos.

3. Bloco Socialista.
Chamamos de bloco socialista o conjunto de países que eram liderados pela
União Soviética. Após o término da Segunda Guerra, a maioria deles se localizava
no leste europeu. Após a década de 50, outros países do mundo passaram a fazer
parte desse bloco. Seriam eles: Mongólia, Afeganistão, Alemanha Oriental,
Polônia, Bulgária, Romênia, Tchecoslováquia, Hungria e Albânia. Mais tarde
entraram para o bloco a Coréia do Norte, o Vietnã e Cuba. China e Iugoslávia eram
socialistas, mas não faziam parte do bloco liderado pelos soviéticos. De um modo
geral esses países apresentavam as seguintes características:
 Bons indicadores sociais (analfabetismo baixo, desemprego reduzido,
amplos sistemas de assistência à saúde);
 Eram ditaduras controladas por uma pequena elite privilegiada;
 As pessoas deveriam trabalhar na profissão que o Estado determinasse;
 Havia um grande controle sobre a entrada e saída das pessoas nesses países;
 Havia eleições apenas para cargos restritos à comunidade (diretores de
colégio, gerente de mercados, deputados).
 Não havia eleições para cargos de maior importância política (presidência do
país, por exemplo);
 Só era permitida a existência de um partido político: o Partido Comunista.

Por exemplo do Bloco Capitalista, a URSS congregou formalmente os países do


Leste Europeu que estavam sob seu domínio numa aliança político-militar,
denominada Pacto de Varsóvia (por ter surgido na cidade polonesa de Varsóvia) e
também desenvolveram um plano de apoio aos países que estavam sob sua
influência: o Comecon.

Guerras Causadas Pelo EUA vs URSS e Outros Conflitos.


4. A Divisão da Alemanha.
Depois da derrota na Segunda Guerra, a Alemanha teve mais uma vez o
exército desfeito e passou a ser controlada pelos países vencedores. O país foi
dividido em duas zonas: uma capitalista (EUA, Inglaterra e França) e outra
Socialista (URSS). Em 1949, a zona capitalista passou a formar a República
Federal Alemã, também conhecia como Alemanha Ocidental. Quanto à zona
soviética, essa passou a ser a República Democrática Alemã, também chamada de
Alemanha Oriental.
A antiga capital alemã, a cidade de Berlim, estava do lado oriental, mas era
disputada por soviéticos e americanos. A solução encontrada foi a divisão da
cidade de Berlim entre os dois países, criando dentro da Alemanha Oriental uma
área de influência dos EUA: Berlim Ocidental. A insatisfação com o governo da
Alemanha Oriental, que era favorável aos soviéticos, provocava várias tentativas
de fuga de alemães orientais para o lado ocidental de Berlim.
Em 1961, soviéticos construíram o maior símbolo da guerra fria: o grande muro
de Berlim, que cortava toda a cidade, separando a parte Oriental da Ocidental. O
muro possuía um rigoroso sistema de segurança: qualquer um que tentasse passar
para o lado ocidental poderia ser fuzilado.

5. A Revolução Chinesa.
Em 1936, a China foi invadida pelo Japão. Os comunistas e os nacionalistas se
uniram para enfrentar o Japão. Foi nessa época que a população chinesa passou a
apoiar os comunistas. Então, a Segunda Guerra acabou e os japoneses se renderam,
dentro da China os nacionalistas e comunistas voltaram a se separar. Em 1949, os
comunistas derrotaram Kuomintang e expulsaram Kai-shek. No mesmo ano, Mao
Tse-tung transformou a China em um país socialista, com o nome de República
Popular da China. A China foi aliada da URSS até 1960.
Devido a problemas de discordância política, em 1960 soviéticos e chineses
cortaram relações e a China passou a criticar duramente o governo soviético.

6. A Guerra da Coréia.
Durante a Segunda Guerra, o Japão ocupou a Coréia. Em 1945, quando a guerra
terminou e as tropas do Japão deixaram o país, a Coréia foi dividida em duas zonas
de ocupação: uma norte-america (ao sul) e outra soviética (ao norte). A Coréia
deveria realizar eleições, mas o lado norte do país não aceitou. A ONU resolveu
intervir militarmente contra o lado norte, que, por causa disso, passou a receber
apolo militar dos soviéticos e chineses.
A chamada Guerra da Coréia durou até 1953, quando os dois lados envolvidos
terminaram a guerra, mantendo a divisão politica e dando origem à Coréia do
Norte (socialista) e Coréia do Sul (capitalista). O conflito foi extrema- mente
violento, deixando mais de três milhões de mortos entre civis e militares.

7. A Guerra do Vietnã.
Em 1956, ficou determinado pela Conferência de Genebra que os Territórios de
Laos, Camboja e Vietnã seriam independentes e que o Vietnã ficaria dividido
temporariamente em Vietnã do Norte e Vietnã do Sul, até que se realizassem
eleições. O Vietnã do Sul, apoiado pelos Estados Unidos, cancelou as eleições
porque pretendia manter a divisão politica do país. Em 1960, o lado norte tentou
reunificar o país e isso deu origem à Guerra do Vietnã, com o lado norte apoiado
pela União Soviética e o lado sul recebendo ajuda dos Estados Unidos.
Milhares de soldados norte-americanos foram mandados para o Vietnã. Mesmo
com os sofisticados armamentos que possuíam, os combatentes dos Estados
Unidos sofriam o problema de não conhecer o território, além do intenso
nacionalismo dos vietcongs (soldados vietnamitas), que estavam a favor do Vietnã
do Norte e que chegavam a cometer suicídio para combater os invasores.
Em 1973, o presidente Richard Nixon, dos Estados Unidos, após diversas
manifestações públicas e denúncias dos movimentos pacifistas que criticavam a
guerra, concordou em retirar as tropas do Vietnã do Sul. Em 1975 os vietnamitas
do norte venceram os sulistas. O país passou a se chamar República Socialista do
Vietnã. Em outras palavras, os americanos se renderam e conheceram uma das
únicas derrotas militares de toda a sua história.

8. A Revolução Cubana.
Durante a primeira metade do século XX, os Estados Unidos ajudaram militar e
economicamente os ditadores que governavam a ilha de Cuba. Esses chefes
politicos mantinham o seu poder de forma extremamente violenta, com
fuzilamentos e perseguições. Em 1956, um advogado chamado Fidel Castro, se
instalou na selva de Sierra Maestra, acompanhado de outros revolucionários, como
o estudante de medicina Ernesto Che Guevara e Camilo Cienfuegos. Partindo de
lá, os rebeldes que não chegavam a cem pessoas, pretendiam acabar com o governo
do ditador cubano Fulgêncio Batista.
Através de um equipamento de rádio que interferia na transmissões dos rádios
da ilha, os revolucionários tentavam ganhar o apoio da população contra o ditador
Fulgêncio Batista, fazendo campanha contra ele. O grupo guerrilhero aumentou,
ganhou o apoio de milhares de pessoas pobres e camponeses e resolveu marchar
até Havana, a capital do país. Cidades foram ocupadas e as terras das fazenda
invadidas foram distribuídas aos camponeses.
Percebendo o avanço da revolução, Fulgêncio Batista fugiu de Cuba em 1958.
Em 12 de janeiro de 1959, os revolucionários conquistaram a capital, Havana. O
novo governo tomou algumas decisões que incomodaram o governo dos Estados
Unidos:
a) nacionalização das empresas estrangeiras (as empresas americanas passaram
para o controle do governo cubano).
b) exclusividade do Estado sobre a produção do açúcar (assim, os norte-
americanos não podiam mais produzir açúcar em Cuba com suas empresas).
Muitos aliados de Fulgêncio Batista fugiram de Cuba e foram morar nos Estados
Unidos. Esses cubanos eram chamados de contra-revolucionários porque
pretendiam derrubar o governo de Fidel Castro. Assim, resolveram invadir Cuba
com apoio militar americano. Esse ataque ocorreu em 1961 e ficou conhecido
como a invasão da Baía dos Porcos. O fracasso foi total, pois na hora dos conflitos
mais intensos os militares norte-americanos abandonaram os combatentes contra-
revolucionários em plena praia, sem nenhuma chance de fugir. Muitos deles
acabaram presos e fuzilados.
Percebendo que novos ataques dos Estados Unidos poderiam acontecer, Fidel
Castro e os dirigentes cubanos decidiram se aproximar politicamente da União
Soviética. Assim, Cuba adotou o socialismo em 1961, tornando-se o primeiro país
na América a favor dos soviéticos. Desde 1964 até hoje, os Estados Unidos
pressionam os demais países para não manterem comércio com a ilha de Cuba (é o
chamado embargo econômico).

A Revolução Russa.
Rússia antes da revolução e da Guerra Fria:
A Rússia era um dos países mais atrasados e pobres de Europa até o final do
século XIX. Essas são outras características da Rússia da virada do século:
 A Rússia era um imenso império, que ocupava territórios como Ucrânia,
Lituânia, Finlândia, Polônia, Letônia, Estônia, entre outros;
 No império russo todos os povos eram obrigados a falar russo;
 Todos no Império eram obrigados a seguir a religião cristã ortodoxa;
 A sociedade era estamental, sendo que a camada social mais alta era
composta por nobres e membros do clero ortodoxo. A camada mais baixa
era composta por milhões de camponeses e milhares de operários;
 O poder era exercido pelo czar (imperador), que, na época, era Nicolau II, da
dinastia Romanov, cujo governo foi marcado pelo absolutismo e pelos
conselhos de um “mago” chamado Rasputin, fiel ao governo.

Como a indústria ainda não era a principal atividade econômica na Rússia, os


empresários daquele país não tinham muita força política, sendo obrigados a
aceitar as ordens do czar. Nesse clima de insatisfação política (que atingia quase
todos os russos) é que se organizou o Partido Social-Democrata dos Trabalhadores
Russos, composto por intelectuais, operários, camponeses e militares que
defendiam idéias marxistas (comunistas). O partido passou a enfrentar problemas
entre os próprios membros a partir de 1903, quando ocorreu uma divisão interna
que deu origem a dois grupos:
 Bolcheviques (majoritários ou maioria): desejavam atingir o socialismo por
meio de uma revolução armada de operários organizada pelo partido. Eram
liderados por Vladimir Lênin e acreditavam que a rebelião deveria acontecer
no primeiro momento de crise do governo.
 Mencheviques (minoritários ou minoria): pretendiam aguardar o crescimento
das ideias socialistas entre as camadas mais pobres e chegar ao poder por
meio das eleições. Eram liderados por Martov e pretendiam construir o
socialismo na Rússia por meio de reformas.

Os bolcheviques, que representavam a maioria no partido, conseguiram que sua


proposta vencesse, mas a perseguição do governo aos opositores forçou alguns
líderes do partido, como Lênin e Leon Trostky, a viverem for a da Rússia durante
vários anos.

A revolução:
No Inicio do ano de 1917 o czar Nicolau ll governava um país tomado por
manifestações, paralisações de trabalhadores, motins e passeatas. Sem nenhuma
condição de continuar governando, Nicolau Il abdicou do trono. Nesse momento a
Duma, formada por pessoas de classe média mas já com forte influência dos
empresários russos, organizou um governo provisório e entregou ao príncipe Lvov
o direito de presidir o país, o que representou a ascensão da burguesia ao poder.
Enquanto isso, o partido bolchevique montou em várias cidades os sovietes
(conselhos de operários e soldados), que deveriam reunir os operários interessados
em participar de uma possível revolução.
O governo provisório sofria do mesmo mal que atingia Nicolau II: falta de
habilidade política. Estranhamente, o Partido Constitucional Democrático, ou
Partido Kadete não atendia aos pedidos das camadas mais pobres e insistia em
manter a Rússia na guerra. Nesse momento a país já era governado por Kerensky,
que substituiu o príncipe Lvov. Integrantes do Partido Kadete, insatisfeitos com o
governo de Kerensky, tramaram um golpe de Estado chefiado pelo general
Kornilov. Alguns dos que apoiavam ao golpe eram favoráveis a colocar o czar
novamente no trono.
Os bolcheviques não estavam interessados no retorno do czarismo, portanto,
decidiram defender o governo. Em 1917 foi organizada a Guarda Vermelha,
liderada por Leon Trotsky, chefe do soviete de Petrogrado, capital de Rússia. O
objetivo da Guarda Vermelha era derrotar as forças de Komilov, e isso foi atingido.
Com a vitória militar dos bolcheviques, o governo de Kerensky dependia deles
para governar. Se os bolcheviques podiam proteger Kerensky, também poderiam
derrubá-lo. Foi isso que aconteceu.
Na capital russa, Petrogrado, os prédios públicos eram tomados pelos
bolcheviques, assim como as fábricas. Em 25 de outubro de 1917, os socialistas,
liderados por Lênin e Trotsky, derrubaram o governo burguês. A nova ordem era:
Todo poder aos sovietes!

Após a revolução:
Lênin assumiu o governo da Rússia e convocou o Conselho dos Comissários do
Povo. Nessa reunião foi decidido:
 A nacionalização dos bancos e fábricas estrangeiras;
 Direção das fábricas pelos operários que nelas trabalhassem;
 Distribuição de terras para os camponeses;
 Transformação da Guarda Vermelha em Exército Vermelho;
 Libertação dos povos que faziam parte do império russo (finlandeses,
lituanos, entre outros);
 Decretação do fim da propriedade privada;
 A saída da Rússia da 1ª guerra mundial, por meio do Tratado de Brest-
Litovsk com a Alemanha.

A decadência da União Soviética:


Em 1917, a Rússia passou por essa revolução socialista, liderada por Via- dimir
Lênin. Em 1922 o país fundou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Em
1924 morreu Lênin, que estava governando o país desde o triunfo da revolução e
de seu grupo político, os bolcheviques. Iniciou-se então, dentro do Partido
Comunista, uma luta interna para saber quem ficaria no lugar de Lênin. Havia dois
candidatos (que eram rivais entre si): Leon Trotsky, que era chefe do Exército
Vermelho, e Josef Stálin, que era secretário-geral do Partido Comunista.
Stálin conseguiu mais aliados e se tornou o novo chefe da URSS. Tornou-se um
dos mais sanguinários ditadores da história, prendendo, perseguindo e executando
milhões de pessoas que não concordavam com a sua opinião, in- clusive o próprio
Trotsky, que foi expulso do partido, do exército, exilado e, finalmente, assassinado
no México por um agente secreto de Stálin. Durante seu governo, Stálin conseguiu
transformar a União Soviética em uma superpotência militar e, após a Segunda
Grande Guerra, ocupou militarmente os países do leste europeu, obrigando-os a se
tornarem integrantes do bloco soviético e adotarem o regime comunista.
Stálin morreu em 1953, após sofrer um derrame cerebral. Em seu lugar assumiu
Nikita Krushev, que tomou uma decisão inesperada: divulgar publicamente todos
os atos autoritários de Stálin durante o XX Congresso do Partido Comunista Russo.
Em seu governo, Nikita Krushev conseguiu avanços importantes, como por
exemplo:
• Os críticos de Stálin que foram expulsos da URSS puderam voltar ao país;
• Vários ministérios foram dissolvidos e os operários ganharam mais poderes
para decidir sobre a produção industrial e agrícola;
• O padrão de vida melhorou;
• Melhorou o relacionamento com os Estados Unidos: Krushev chegou a
visitar a América em 1959.
Nesse governo também foi realizada uma abertura política e cultural chamada
degelo. Essa abertura se caracterizou por:
• Permitir a crítica ao governo por meio de obras artísticas;
• Diminuir o poder da polícia;
• Acabar com as atividades em vários campos de trabalho forçado nas prisões.

Em 1964, Nikita Krushev estava sem apoio do Partido Comunista, por causa da
aproximação com os EUA e, ao mesmo tempo, estava desprestigiado, porque foi
obrigado a aceitar a retirada dos mísseis nucleares de Cuba. Por isso, foi
substituído por Leonid Brejnev, que retomou um pouco do velho estilo autoritário.
Já em 1985, a presidência foi assumida por Mikhail Gorbatchev, que tentou
realizar uma política que impedisse o fracasso financeiro do país. Por muitos
motivos se deu esse fracasso, mas os principais foram:
• Crise desencadeada pelo modelo econômico que impunha a população a
viver com a escassez de muitos bens de consumo;
• Reformas mal conduzidas que levaram à deterioração da qualidade de vida
da população;
• Descontentamento popular com a oferta de produtos, principalmente
alimentos;
• As diferenças de qualidade de vida entre os cidadãos da URSS e os do bloco
capitalista;
• Concentração do poder;
• Enfraquecimento do poder central;
• O autoritarismo, com a censura à imprensa e as mais diversas formas de
manifestações populares;
• Controle da Igreja e demais religiões;
• Enfraquecimento da disciplina do Partido Comunista devido à divisão
ideológica;
• Guerra Fria e a pressão do Ocidente.
As principais reformas políticas e econômicas para salvar a URSS de
Gorbatchev foram:
a) Glasnost: palavra que significa “transparência”. Lançada em 1986 procurava
realizar uma grande abertura política no país. Essa política permitia, entre
outras coisas, que os meios de comunicação (rádio, jornal etc.) criticassem a
política do governo e que outros países pudessem fazer reportagens sobre a
vida das pessoas pobres que viviam na URSS.
b) Perestroika: palavra que significa “reestruturação”. Era um grande plano de
reorganização da produção econômica do país, que permitia a atividade de
empresas estrangeiras na URSS e tentava fazer as empresas soviéticas
atuarem em outras regiões do mundo.

As propostas de Gorbatchev não impediram um forte movimento de oposição


ao seu governo:

• O Partido Comunista não aceitou a diminuição de seus poderes;


• Muitos países ligados ao bloco soviético se empolgaram com a abertura
política e resolveram afastar-se de uma vez do governo de Moscou;
• A URSS era formada pela união de quinze repúblicas. Por causa das
modificações políticas de Gorbatchev, cada uma das repúblicas passou a
lutar pela sua independência política da URSS.

Em agosto de 1991, os militares contrários às reformas de perestroika e da


glasnost realizaram um golpe de Estado e derrubaram Gorbatchev, que ficou preso
e incomunicável. Esta situação preocupou o mundo todo.

Apesar de não ser um dirigente muito popular dentro da URSS, Gorbatchev


recebeu amplo apoio da população. Um dos maiores críticos do governo soviético,
o deputado russo Bóris Yeltsin, aproveitou-se da movimentação e passou a liderar
a ação dos populares. Os militares perderam força e acabaram isolados. Três dias
depois, o golpe fracassou e Gorbatchev acabou voltando ao posto de presidente da
URSS. Porém, o episódio abriu caminho para que Bóris Yeltsin, antes considerado
um político aproveitador e incapaz, fosse visto como um aliado confiável das
grandes potências capitalistas.
Ainda em dezembro de 1991, as repúblicas soviéticas continuavam se
autoproclamando independentes. Para o desespero de Gorbatchev, nesse mesmo
mês, os presidente das repúblicas soviéticas criaram a Comunidade de Estados
Independentes (CEI) e decretaram o fim da União Soviética. Assim, Mikhail
Gorbatchev, o dirigente que tentou salvar a União Soviética do fracasso econômico
e político, renuncio à presidência. De qualquer forma, com ou sem renúncia, o país
que ele governava não existia mais.
Com a saída de Gorbatchev, a URSS deixou de existir e nasceu a Comunidade
dos Estados Independentes (CEI). A CEI tem a liderança da Rússia, mas seus
membros são mais indenpendentes que antes. Bóris Yeltsin foi eleito presidente
Rússia em 1991. Ele comandou um amplo processo de abertura econômica. Mas
esse processo enfrentou grandes dificuldades, principalmente com a miséria em
que se encontrava o povo. Entre 1992 e 2000, Yeltsin teve que lutar contra essas
dificuldades econômicas, processos de independência como o da Tchechênia
(território da Rússia) e ainda sérios problemas de saúde. Todas estas dificuldades
contaminaram a política do país que chegou a trocar de primeiro-ministro cinco
vezes em menos de dois anos. Depois, Yeltsin nomeou Vladimir Putin como
primeiro-ministro. Foi fim de um período de instabilidades. Em março de 2000
Putin se elegeu presidente da Rússia, o que marcou o início do seu governo foi um
programa de ideias liberais.

O Governo de João Goulart e a Ditadura no Brasil

O governo Jango e o parlamentarismo no Brasil:


De acordo com a Constituição da época, caso o presidente deixasse o cargo, o
vice-presidente deveria assumir o governo. Jânio Quadros renunciou, portanto o
vice João Goulart deveria assumir como presidente da República, mas, como
estava em viagem oficial a China, o cargo foi entregue ao presidente da Câmara
dos Deputados, Ranieri Mazzilli. Aproveitando-se da situação, os membros da
UDN (União Democrática Nacional) tentaram impedir a posse de Jango (como o
povo chamava João Goulart), planejando prendê-lo assim que chegasse ao Brasil,
alegando que João Goulart era um perigoso comunista.
Uma grande crise política tomou conta do país e dois grandes grupos se
formaram. Um era contrário à posse de Jango, sendo formado por grandes
industriais nacionais e estrangeiros, militares, ministros e pessoas ligadas à UDN.
O outro era favorável à posse de Jango. Deste grupo faziam parte trabalhadores,
líderes sindicais, profissionais liberais, estudantes e o Ill Exército (destacamento
militar do Rio Grande do Sul). Prevendo que o confronto das duas forças poderia
resultar em uma guerra civil, o Congresso votou às pressas a aprovação de uma
emenda que instituía o parlamentarismo no Brasil. Significa dizer que João Goulart
deveria dividir poderes com um primeiro-ministro, que deveria ser aprovado pelos
deputados e senadores. Essa seria uma tentativa de diminuir o poder de Jango
como presidente. Jango aceitou as regras do jogo e assumiu a função de presidente
em 7 de setembro de 1961. Como primeiro-ministro de Jango foi indicado o
mineiro Tancredo Neves.
Em seu discurso de posse, João Goulart colocou-se a favor dos trabalhadores e

dos grupos mais pobres da população. Em janeiro de 1963, 12 milhões de pessoas


votaram no plebiscito (podemos dizer que plebiscito é uma consulta ao povo antes
de uma lei ser constituída, de modo a aprovar ou rejeitar as opções que lhe são
propostas; o povo ratifica, “sanciona”, a lei já aprovada pelo Estado ou a rejeita)
para decidir se o Brasil continuaria a ser um país parlamentarista ou voltaria a ser
presidencialista como antes. Cerca de 10 milhões de pessoas apoiaram a volta do
presidencialismo, o que fortaleceu ainda mais o governo de Jango, para desespero
da UDN e seus poderosos aliados.
A volta do presidencialismo:
Jango defendia que o desenvolvimento econômico só ocorreria com o
desenvolvimento social. O governo propôs o Plano Trienal (que seria desenvolvido
em três anos). Para colocar esse plano em prática seria preciso um grande
empréstimo de dinheiro. O ministro da Economia da época, Celso Furtado, buscou
apoio dos Estados Unidos, mas pouco conseguiu. Além de receber recursos bem
abaixo do que necessitava, não conseguiu aumentar o prazo estipulado para pagar a
dívida externa brasileira. Os Estados Unidos pretendiam enfraquecer o governo de
João Goulart, que era contra a exploração do Brasil por empresas estrangeiras e
para isso chegou até a financiar grupos de pessoas e entidades encarregadas de
fazer propagandas contra o governo. Por outro lado, os sindicatos e os estudantes
apoiavam as reformas de Jango.
Em 13 de março de 1964, num grande comício realizado no Rio de Janeiro, João
Goulart anunciou o programa de Reformas de Base, que previam, entre outras
coisas, a realização de uma reforma agrária iniciada com a desapropriação de mais
de 100 hectares de terra que ficavam às margens de ferrovias ou estradas federais.
O ministro Darcy Ribeiro iniciaria uma reforma educacional, para garantir a todos
o acesso ao ensino público, gratuito e de bom nível. Também seria feita uma
reforma sanitária, para promover uma grande reforma no sistema médico-
hospitalar nacional e ampliar o sistema de saneamento básico (de fornecimento de
água e esgoto).

A marcha pela família com Deus pela liberdade:


Um dos movimentos contra Jango foi Marcha da Família com Deus pela
Liberdade que foi uma manifestação pública de grupos conservadores,
antipopulistas e anticomunistas contrários às reformas de base propostas pelo então
presidente da República, João Goulart.

O golpe militar de 1964:


Em 31 de março de 1964, tropas do Exército vindas de Minas Gerais exigiram
que João Goulart deixasse o governo. Em poucas horas os mineiros receberam
apoio de militares paulistas, cariocas e nordestinos, além do apoio dos
governadores Ademar de Barros (São Paulo), Carlos Lacerda (Estado da
Guanabara, atual Rio de Janeiro) e Magalhães Pinto (Minas Gerais). Os militares
depuseram Jango, dissolveram o Congresso e iniciaram uma ditadura militar. O
governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, tentou convencer Jango a
liderar uma resistência armada contra o golpe, mas João Goulart não queria
derramamento de sangue e preferiu pedir asilo no Uruguai. Era o fim do governo
de Jango, do periodo populista e das liberdades democráticas. Iniciava-se uma
nova página da história nacional, marcada por mais de 20 anos de ditadura militar.

Leonel Brizola. João Goulart.

O início da ditadura militar:


Chamamos de ditadura militar o período em que o Brasil foi governado pelos
militares. O que caracteriza a ditadura é um governo autoritário e antidemocrático.
Ou seja, os dirigentes dos cargos mais importantes do país não eram escolhidos
através de eleições, mas sim a partir de indicações dos militares. Esses militares
brasileiros estavam convencidos de que o golpe de 1964 tinha sido uma revolução
contra o risco de movimentos comunistas.
Na verdade, a ditadura que se instalou no Brasil não foi um movimento isolado.
Em todo o mundo havia agitações políticas, e a tensão entre os Estados Unidos e a
União Soviética aumentava. Assim, o governo norte-americano temia que
surgissem na América Latina novos países que adotassem o socialismo.
Percebendo que boa parte dos parlamentares não estavam dispostas a se submeter
às vontades dos novos ditadores, os militares criaram os Atos Institucionais, que
funcionavam como emendas à Constituição, dando aos militares o poder de criar e
executar leis sem que deputados ou senadores pudessem questionar o assunto.
Em 9 de abril de 1964, foi decretado o primeiro ato institucional do regime
militar. O Ato Institucional nº 1 (chamado Al-1) estabelecia a suspensão por seis
meses das garantias constitucionais de todos os funcionários públicos. A ideia era
verificar quais funcionários eram simpáticos ao governo João Goulart e afastá-los
de seus cargos. Pelo mesmo Ato Institucional, o presidente passaria a ter poderes
para cassar mandatos políticos (afastar do cargo), suspender os direitos políticos
(direitos de votar e ser votado), propor emendas à Constituição (criar novos Atos
Institucionais) e decretar o estado de sítio (estado de sítio é o instrumento utilizado
pelo Chefe de Estado em que se suspende temporariamente os direitos e as
garantias dos cidadãos e os poderes legislativo e judiciário, ficando submetidos ao
poder executivo, tendo em vista a defesa da ordem pública).
Dois dias depois da imposição do Al-1, ocorreram eleições indiretas para
presidente da República (apenas deputados federais e senadores votavam). O
candidato indicado pelos militares, o marechal Humberto de Alencar Castelo
Branco, venceu.

Humberto Castelo Branco e os outros Atos Institucionais:


A preocupação inicial do general Castelo Branco e seus auxiliares era acabar
com todo e qualquer tipo de manifestação popular que fosse favorável às reformas
propostas pelo governo anterior (de João Goulart). Assim, Castelo Branco
anunciou uma grande lista de pessoas que teriam seus direitos políticos cassados:
 Políticos que eram contrários ao regime militar;
 Líderes sindicais e os ligados às Ligas Camponesas: espécie de sindicatos de
trabalhadores rurais.
 Estudantes, em especial os líderes da UNE (União Nacional dos Estudantes)
e da UBES (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas).
Foi criado o SNI (Serviço Nacional de Informações), que era um órgão
encarregado de investigar qualquer pessoa suspeita de subversão ao governo.
Sindicatos e organizações populares foram fechados pelo exército.
A CGT (principal organização sindical) e a UNE (principal entidade estudantil)
denunciavam o autoritarismo dos militares, e foram proibidas de funcionar. Apesar
de toda a repressão e da proibição de manifestações populares, diversas outras
entidades continuavam realizando passeatas e manifestações contrárias ao regime
militar, abertas ou secretas, em defesa da liberdade de expressão e por melhor
qualidade de vida.

Em outubro de 1965, decretou-se um novo ato institucional, o Al-2. Esse ato


determinava que todas as eleições para presidente seriam indiretas (ou seja, os
presidentes seriam eleitos pelo Congresso Nacional e não pelo povo) e que o
presidente da República poderia decretar o fechamento do Congresso Nacional, das
Assembléias Legislativas estaduais e das câmaras municipais.
Um mês depois foi decretado o fim de todos os partidos políticos existentes, que
foram substituídos por apenas dois partidos reconhecidos pelo governo: a ARENA
(Aliança Renovadora Nacional), partido do governo, e o MDB (Movimento
Democrático Brasileiro), único partido que poderia fazer oposição “oficial” ao
governo.
Os militares decretaram, em fevereiro de 1966, o Al-3 que impunha a realização
de eleições indiretas para governadores de estado, prefeitos das capitais e cidades
consideradas área de segurança nacional. Além desse ato, o Congresso Nacional
foi fechado, sendo reaberto somente no ano seguinte, para aprovar a nova
Constituição.
No final do mandato do presidente Castelo Branco, os deputados e senadores
foram novamente convocados, por meio do Al-4, com a tarefa de escolher o novo
presidente da República após aprovar a Constituição elaborada pelos militares.
Essa Constituição reafirmava todos os decretos dos atos institucionais anteriores.
Além disso, permitia a centralização dos poderes nas mãos do presidente da
República, que poderia governar utilizando-se de decretos-leis, o que diminuía
ainda mais a ação dos poderes Legislativo e Judiciário. Esse ato também
estabeleceu a diminuição do mandato presidencial
de cinco para quatro anos e limitou o direito de
greve.
O único candidato à presidência da República foi
o general Artur da Costa e Silva. Ele foi indicado
pelo Supremo Comando Militar e foi aceito pelo
Congresso Nacional, formado apenas pelos
deputados e senadores da ARENA, pois os
representantes da oposição (do MDB) se recusaram
a participar da eleição.

Artur da Costa e Silva e a passeata


dos cem mil:
O general Artur da Costa e Silva era um representante da chamada “linha dura”
do exército nacional. Essa característica fez com que Costa e Silva endurecesse
ainda mais a ação do governo, reprimindo duramente as manifestações populares.
Em 28 de março de 1968, estudantes do Rio de Janeiro organizaram uma pequena
manifestação no restaurante Calabouço, por melhores condições na alimentação.
Tropas de choque do exército chegaram rapidamente ao local e reprimiram a tiros a
manifestação. Um dos tiros atingiu o estudante Edson, Luís de Lima Souto, que
caíu morto. A morte do estudante, despertou a opinião pública contra o regime
militar. Intelectuais, artistas e populares juntaram-se aos estudantes para pedir o
fim da ditadura militar. No Rio de Janeiro, um imenso ato público foi organizado
pela UNE: a passeata dos 100 mil (foi a maior manifestação contrária ao regime
militar).

O AI-5:
De acordo com o Ato Institucional nº 5 (AI-5, considerado o mais violento do
regime militar) o presidente da República teria o poder de:
 Fechar o Congresso Nacional, passando a elaborar e decretar leis;
 Decretar intervenção (ordenar interferência) em estados e municipios,
indicando o interventor (o representante do governo);
 Suspender os direitos políticos e cassar qualquer cidadão;
 Demitir, afastar ou reformar qualquer oficial das forças armadas.
Mais de 500 pessoas foram presas oficialmente. As manifestações, até então
reprimidas a jatos d’água e cassetete, passaram a ser impedidas à bala. O exército
erguia barricadas nas ruas e invadia casas na tentativa de prender os que eram
considerados inimigos do regime militar. O país passou a viver momentos de
verdadeira guerra civil.
Uma pesquisa coordenada pela Igreja Católica com documentos produzidos
pelos próprios militares identificou mais de cem torturas usadas. Esse baú de
crueldades, que incluía choques elétricos, afogamentos e muita pancadaria, foi
aberto de vez em 1968, o início do período mais duro do regime militar. A partir
dessa época, a tortura passou a ser amplamente empregada, especialmente para
obter informações de pessoas envolvidas com a luta armada. Contando com a
“assessoria técnica” de militares americanos que ensinavam a torturar, grupos
policiais e militares começavam a agredir no momento da prisão, invadindo casas
ou locais de trabalho. A coisa piorava nas delegacias de polícia e em quartéis, onde
muitas vezes havia salas de interrogatório revestidas com material isolante para
evitar que os gritos dos presos fossem ouvidos. Os relatos indicam que os suplícios
eram duradouros, prolongavam-se por horas essas torturas, eram praticados por
diversas pessoas e se repetiam por dias
A sucessão de Costa e Silva:
Nesse clima de tensão, o presidente Costa e Silva foi vítima de um derrame. Por
lei, quem deveria assumir a presidência seria o vice-presidente, Pedro Aleixo. Esse
foi impedido de assumir, uma vez que, por ser civil, não inspirava o autoritarismo
militar. O governo foi tomado por uma junta militar formada por três membros, um
de cada uma das três forças armadas (Marinha, Exército e Aeronáutica). No curto
espaço de tempo em que esteve no governo, a junta militar impôs uma emenda na
Constituição brasileira, cujos principais artigos definiam:
 A ampliação dos poderes e do mandato presidencial (que voltou a ser de 5
anos);
 A criação da pena de morte e da prisão perpétua para os casos de luta
armadura contra o regime militar;
 Somente o presidente poderia suspender o AI-5.

Emílio Garrastazu Médici:


O general Emilio Garrastazu Médici também era pertencente à linha dura do
exército nacional, e realizou o mais violento governo do período militar. Durante
os anos em que governou, milhares de pessoas desapareceram em situação
intrigante: os órgãos policiais do governo prendiam alguém e essa pessoa acabava
morrendo ainda na prisão. Como não se podia divulgar a morte do preso,
tomavam-se providências para que o corpo nunca fosse encontrado. Os órgãos de
segurança (encarregados de manter a “ordem social”, como o DOPS –
Departamento de Ordem Política e Social) prendiam, sequestravam, torturavam e
eliminavam pessoas acusadas de perturbarem a ordem nacional.

A resistência armadura ao regime militar:


Os grupos que lutavam contra a ditadura tinham duas opções: passar a fazer
parte do MDB, que era o partido de oposição permitido e que não oferecia nenhum
perigo ao governo, ou partir para a radicalização, optando pela luta armada contra
o regime, por meio de guerrilhas no campo ou nos centros urbanos (cidades).
Muitos grupos escolheram a segunda opção (como o MR- 8 — Movimento
Revolucionário 8 de outubro, a VAR-Palmares — Vanguarda Armada
Revolucionária Palmares, e o PCBR — Partido Comunista Brasileiro
Revolucionário). Eles adotaram a luta armada contra o governo (sequestros,
atentados e guerrilha armada). Embaixadores e diplomatas estrangeiros foram
sequestrados por grupos de esquerda para serem trocados por presos políticos.
Alguns focos da luta armada se instalaram no interior do país, com destaque para o
da Serra do Caparaó, em Minas Gerais, e para o da região do Araguaia, no norte do
país.

O “milagre brasileiro” e o governo Médici:


Durante seu governo, Médici promoveu o chamado “milagre econômico”. Com
o aumento dos investimentos estrangeiros a economia brasileira chegou a crescer
10% ao ano, segundo o ministro da Fazenda da época, Antônio Delfim Neto. Mas
para que esses índices fossem alcançados, houve um aumento violento de
empréstimo de dinheiro estrangeiro e uma grande abertura para as indústrias
multinacionais se instalarem no país.
O crescimento da produção de bens de consumo (televisores, rádios, geladeiras,
aspiradores de pó, ventiladores etc.) favoreceu especialmente à classe média, que
passou a ser grande consumidora desses produtos. O capital adquirido por
empréstimo junto aos bancos estrangeiros foi aplicado em obras, como a ponte
Rio-Niterói (quarta maior ponte do mundo) e a rodovia Transamazônica. Uma das
características dos governos militares foi a construção de obras gigantescas e que,
aos olhos do povo, parecessem impossíveis de ser realizadas. Uma vez prontas,
tornavam-se um instrumento que trazia a certeza de que o Brasil poderia fazer tudo
e em breve estaria entre os países mais desenvolvidos do mundo.
No final do governo Médici a situação politica havia sido controlada à moda da
linha dura, mas a situação econômica começou a apresentar problemas. A divida
externa havia triplicado (foi 4 bilhões de dólares em 1969 para mais de 13 bilhões
de dólares em 1973) e a inflação aumentou muito, fazendo com que o poder de
compra das classes média e alta diminuísse cada vez mais, enquanto as parcelas
mais pobres da população sofriam ainda mais com essa situação.

A redemocratização:
No dia 15 de março de 1974, Médici foi substituído na Presidência pelo general
Ernesto Geisel. Ele assumiu prometendo retomar o crescimento econômico e
restabelecer a democracia. Mesmo lenta e controlada, a abertura política começava,
o que permitiu o crescimento das oposições.
O governo Geisel aumentou a participação do Estado na economia. Vários
projetos de infraestrutura tiveram continuidade, ele também diversificou as
relações diplomáticas comerciais do Brasil, procurando atrair novos investimentos.
No ano seguinte, diante da recusa do MDB em aprovar uma reforma da
Constituição, o Congresso foi fechado e o mandato do presidente foi aumentado
para seis anos. A oposição começou a pressionar o governo, junto com a sociedade
civil. Com a crescente pressão, o Congresso já reaberto aprovou, em 1979, a
revogação do AI-5. O Congresso não podia mais ser fechado, nem cassados os
direitos políticos dos cidadãos.
Geisel escolheu como seu sucessor o
general João Baptista Figueiredo, eleito de
forma indireta. Figueiredo assumiu o cargo
em 15 março de 1979, com o compromisso
de aprofundar o processo de abertura
política. No entanto, a crise econômica
seguia adiante, com a dívida externa
atingindo mais de 100 bilhões de dólares, e
a inflação batendo 200% ao ano.
As reformas políticas continuaram sendo realizadas. Com o fim do
bipartidarismo, surgiram vários partidos, entre eles o Partido Democrático Social
(PDS) e o Partido dos Trabalhadores (PT). Foi fundada a Central Única dos
Trabalhadores (CUT). Os espaços de luta pelo fim da presença dos militares no
poder central foram se multiplicando.

Movimento “Diretas Já” e o fim da ditadura militar:


Nos últimos meses de 1983, teve início em todo o país uma campanha pelas
eleições diretas (o povo podendo votar) para presidente, as “Diretas Já”, que
uniram várias lideranças políticas como Fernando Henrique Cardoso, Lula, Ulysses
Guimarães, entre outros. O movimento chegou ao auge em 1984, quando foi
votada a Emenda Dante de Oliveira, que pretendia restabelecer as eleições diretas
para presidente.
No dia 25 de abril, a emenda apesar de obter a maioria dos votos, não conseguiu
os 2/3 necessários para sua aprovação, frustrando a população, que havia ido as
ruas em favor do voto direto. Logo depois, grande parte das forças de oposição
resolveu participar das eleições indiretas para presidente. O PMDB lançou
Tancredo Neves, para presidente e José Sarney, para vice. Reunido o Colégio
Eleitoral, a maioria dos votos foi para Tancredo Neves que era contrário ao golpe
desde seu início, derrotando Paulo Maluf, candidato do PDS. Desse modo
encerrou-se os dias da ditadura militar e Tancredo tornou-se o primeiro civil eleito
desde o golpe de 1964.

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