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O MUNDO

PÓS-
SEGUNDA
GUERRA E A
GUERRA FRIA
SUMÁRIO
• O que foi a Guerra Fria
• Capitalismo x Comunismo
• O mundo dividido em blocos e mundos
• A divisão da Alemanha e o Muro de Berlim
• A Guerra Fria na América Latina
• A corrida tecnológica, científica e espacial
• A China comunista fora da influência soviética
• O fim da Guerra Fria
O QUE FOI A GUERRA FRIA
A Guerra Fria foi um período de tensão entre os Estados Unidos e a União Soviética que se estendeu entre o
fim da II Guerra Mundial (1945) e a caída do muro de Berlim (1989). Essa tensão envolvia a disputa pela
liderança mundial entre dois sistemas econômicos e sociais opostos: o capitalismo (sustentado pelos EUA) e o
comunismo (sustentado pela URSS).
O termo “fria” refere-se ao fato de nunca ter ocorrido um confronto armado oficial entre os dois países. Os
enfrentamentos se davam através de guerras periféricas entre países que orbitam na hegemonia americana ou
soviética. Nessas guerras, tantos os EUA quanto a URSS intervinham oferecendo financiamento, treinamento
militar, estratégias de guerra e armas para facções locais e, algumas vezes, inclusive, enviando tropas.
Dependendo da facção vitoriosa, o país era alinhado ou caía sob domínio dos EUA (com regime capitalista)
ou da URSS (com regime comunista). Estes enfrentamentos mataram milhões de pessoas e arruinaram
economias que, em alguns casos, não conseguiram se recuperar. Apesar de ser, oficialmente, uma guerra
“fria”, este período acumulou consequências tão severas quanto uma guerra mundial.
CAPITALISMO X COMUNISMO
A Guerra Fria foi, também, uma guerra ideológica uma vez que capitalismo e comunismo são dois sistemas políticos, econômicos e
sociais antagônicos, baseados em princípios opostos de direção e organização da sociedade. As diferenças fundamentais entre
capitalismo e comunismo tem a ver com a propriedade – privada ou coletiva – conforme se descreve abaixo:
O capitalismo se baseia no direito à propriedade privada que permite ao dono dos meios de produção concentrar a mais-valia
(“lucros”). Defende mercado livre e a livre concorrência baseada na não intervenção do Estado na economia. O Estado deve
garantir os direitos individuais e a propriedade privada. Incentiva o consumismo, o mérito e a iniciativa individual. Critica o
comunismo pela falta de liberdade e de incentivo ao enriquecimento individual, pela excessiva centralização do poder que conduz a
ditaduras e regimes autoritários.
O comunismo se baseia na propriedade coletiva dos meios de produção e na distribuição equitativa das riquezas. O Estado intervém
e planifica a economia para garantir a igualdade de oportunidades e a redistribuição das riquezas. Incentiva o coletivismo, a
inclusão social e a solidariedade social. Valoriza a diversidade. Critica o capitalismo pela exploração da classe trabalhadora em
benefício de uma minoria que acumula a maior parte do capital, pela profunda desigualdade social e não atender os mais
oprimidos.
No período da Guerra Fria, as diferenças e divergências entre capitalismo e comunismo eram bem claras e definidas, como
mostrado acima. Na atualidade, porém, os dois sistemas incorporaram alguns elementos entre si de maneira que, mesmo
permanecendo antagônicos, desdobraram-se em outros modelos.
O MUNDO DIVIDIDO EM BLOCOS E MUNDOS
As tensões da Guerra Fria não se limitaram aos EUA e URSS mas envolveram os blocos de países liderados, cada um, por uma
dessas potências. Nesse contexto, surgiu a chamada teoria dos mundos segundo a qual o cenário internacional estava dividido em
Primeiro Mundo, Segundo Mundo e Terceiro Mundo.
Primeiro Mundo: liderado pelos EUA, se caracterizou por ter um sistema capitalista misto, isto é, em que existem investimentos
privados e também investidos públicos. O sistema político predominante é a democracia parlamentarista. Consolida-se a sociedade
de consumo e a economia de bem-estar social. No Primeiro Mundo estão países desenvolvidos: EUA, Europa Ocidental, Canadá,
Austrália, Nova Zelândia, Taiwan e Japão.
Segundo Mundo: liderado pela URSS, caracterizou-se pelo sistema econômico socialista, que limita ou impede investimentos
privados. A capacidade de consumo é pequena, porém existe menor diferença entre as camadas mais rica e as mais pobres. A
exceção é geralmente a classe política. No Segundo Mundo estão, além da URSS, a China, a Coréia do Norte, o Vietnã e Cuba. O
termo Segundo Mundo caiu em desuso com o colapso do bloco soviético.
Terceiro Mundo: abrangia os países que se posicionaram neutros na Guerra Fria, isto é, não se alinharam nem com o capitalismo
nem com o comunismo. Parte dos países do Terceiro Mundo sofreram as guerras periféricas e caíram sob domínio de ditaduras
sustentadas pelo governo soviético ou pelo americano. Esses conflitos deixaram efeitos locais que persistiram depois da Guerra Fria
criando economias dependentes das potências. No Terceiro Mundo estão: países da América Central e do Sul (incluindo o Brasil),
da África, do Oriente Médio, Índia. Atualmente, a expressão está associada a países com um desenvolvimento econômico limitado.
A DIVISÃO DA ALEMANHA E O MURO DE BERLIM
Visto que a Alemanha foi derrotada na Segunda Guerra Mundial, os aliados lhe impuseram uma série de
condições entre as quais a ocupação de seu território pelo Reino Unido, Estados Unidos, França e União
Soviética. Em 1949, foram criadas duas Alemanhas:
• República Federal da Alemanha (RFA), do lado ocidental, sob influência norte-americana, britânica e
francesa.
• República Democrática Alemã (RDA), do lado oriental, sob influência soviética.
Berlim, a capital alemã, situada do lado oriental, ficou dividida em duas partes: Berlim Ocidental e Berlim
Oriental, cada parte alinhada respectivamente à RFA e RDA. A cidade foi dividida com uma cerca fortemente
vigiada.
Em 1961, a URSS determinou a construção de um muro de concreto de 3 m de altura e 113 km de extensão
separando a parte oriental da ocidental. Foram instaladas grades de aço e redes eletrificadas, além de torres de
vigilância policial e minas explosivas. O Muro de Berlim, também chamado de “muro da vergonha” tornou-se
um dos símbolos da Guerra Fria.
A GUERRA FRIA NA AMÉRICA LATINA
Na América Latina, o Departamento de Defesa dos EUA manteve, no Panamá, entre 1946-84, a Escola das Américas, com o
objetivo de ensinar a “formação contra insurgência comunista”. A escola treinou vários ditadores latino-americanos, gerações de
seus militares e, nos anos 1980, incluiu o uso de tortura em seu currículo. Na Escola das Américas se graduaram mais de 60 mil
militares da Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua,
Panamá, Paraguai, Peru, Uruguai e Venezuela.
Entre generais latino-americanos graduados na Escola das Américas estamos alguns de especial relevância pelos seus crimes contra a
humanidade, entre eles:
Hugo Banzer (ditador da Bolívia, 1971-78),
Leopoldo Fortunato Galtieri (ditador da Argentina, 1981-82),
Manuel Noriega (ditador do Panamá, 1983-89),
Juan Velasco Alvarado (ditador do Peru, 1968-75)
O Brasil enviava regularmente militares para treinamento na Escola das Américas.
A partir de 1954 e, principalmente após a Revolução Cubana (1959), os serviços de inteligência dos EUA participaram de golpes de
estado contra governos latino-americanos de esquerda ou contrários aos interesses políticos e econômicos daquela potência.
A CORRIDA TECNOLÓGICA, ARMAMENTISTA E ESPACIAL
As guerras periféricas permitiram às grandes potências medirem suas capacidades militares. O desenvolvimento da
energia nuclear estava associado a essa disputa tecnológica e armamentista, assim como a exploração do espaço. A
disputa entre EUA e URSS pela supremacia tecnológica, armamentista e espacial levou ambos países a um enorme
gasto com pesquisas e produção de equipamentos. Um procurava superar o outro em tecnologia e potência bélica.

Enquanto um país fabricava um foguete para chegar à Lua, o outro preparava outro foguete para levar um homem à
Lua. Enquanto um inventava um míssil balístico intercontinental, o outro lançava um míssil antimíssil. Um lançava
uma sonda espacial para Vênus e, no ano seguinte, outro lançava para Marte.
A CHINA COMUNISTA, FORA DA INFLUÊNCIA SOVIÉTICA
Em 1949, o Exército Vermelho (comunista) de Mao Tsé-Tung venceu o exército nacionalista de Chiang
Kai-Chek (apoiado pelos EUA) e fundou a República Popular da China, com apoio da URSS.
Em 1958, Mao rompeu com a URSS e lançou a campanha do Grande Salto para Frente, com o objetivo
de tornar a China um país desenvolvido em tempo recorde. O projeto visava aumentar a produção
industrial e agrícola, contudo, não obteve sucesso.
Em 1966, Mao anunciou a Revolução Cultural, uma ampla campanha ideológica que transformou a
juventude chinesa na “guarda vermelha” percorrendo o país divulgando o pensamento maoista.
A Revolução Cultural perdeu fôlego após o falecimento de Mao, em 1976, e foi encerrada em 1978.
Desde então, a China iniciou um processo de abertura econômica que ainda está em curso. O país
continua sendo governado pelo Partido Comunista.
FIM DA GUERRA FRIA
A Guerra Fria começou a se desmantelar quando reformas radicais ocorreram no bloco soviético. Em 1985, Mikhail Gorbatchov assumiu o poder na URSS e lançou
as políticas reformistas da glasnot (transparência) e da perestroika (reestruturação). Gorbatchov implantou uma política interna de descentralização e abertura política
e econômica estimulando a abertura de empresas privadas e a entrada de capital estrangeiro. Decretou o fim da censura à imprensa e às artes, a liberdade religiosa, a
libertação de presos políticos e o combate à corrupção e aos privilégios dos altos funcionários do governo. No âmbito internacional, o líder soviético desencadeou uma
ofensiva diplomática em prol da paz e do desarmamento, e anunciou a suspensão dos testes nucleares subterrâneos da URSS. A grande virada da política externa
soviética ocorreu no segundo semestre de 1989 quando teve início a desagregação do bloco soviético.
Os regimes socialistas foram varridos da Europa Oriental, sem que houvesse resistência interna ou externa significativa. Neste processo, ocorreu:
Extinção do governo comunista na Hungria, Polônia, Romênia e Checoslováquia.

Queda do muro de Berlim (1989). Reunificação da Alemanha (1990).

Extinção da URSS (1991), desmembrada em 15 países: Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Moldávia, Estônia, Letônia, Lituânia, Armênia, Geórgia, Azerbaijão,
Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguistão e Tadjiquistão.

Desmembramento da Checoslováquia em 2 países: República Checa e Eslováquia. Desmembramento da Iugoslávia em 6 países: Eslovênia, Croácia, Macedônia,
Bósnia-Herzegovina, Sérvia e Montenegro.

Na última década do século XX, restavam como países comunistas: Cuba, Coreia do Norte, Vietnã e China.

O mundo pós Guerra Fria não era mais bipolar, mas unipolar tendo os Estados Unidos como a única superpotência remanescente. Há quem preveja um retorno da
bipolaridade no século XXI, tendo a China (e não mais a Rússia) como o segundo polo de hegemonia mundial. O fim da Guerra Fria foi visto por muitos como a
vitória da democracia e do capitalismo e a derrota do socialismo e do comunismo. Mas a história tem apresentado outros desafios aos “vencedores” como as crises
cíclicas do capitalismo e a enorme desigualdade de renda em todo planeta.

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