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Organização dos Estados Americanos

Guia de Estudos
HopeMun 2020

OEA - Organização dos Estados Americanos


Organisation des États Américains
Organization of American States
Organización de los Estados Americanos

1. Sobre a Organização dos Estados Americanos

A OEA é uma organização internacional componente da


ONU, Organização das Nações Unidas, cujos membros são
os 35 (trinta e cinco) países americanos: Argentina, Bolívia,
Brasil, Colômbia, Chile, Costa Rica, Estados Unidos da
América, Cuba, Uruguai, Nicarágua, México, República
Dominicana, El Salvador, Guatemala, Panamá, Paraguai,
Haiti, Honduras, Venezuela, Barbados, Trinidad e Tobago,
Jamaica, Grenada, Suriname, Dominica e Santa Lúcia,
Antígua e Barbuda, São Vicente e Granadinas, Bahamas,
Canadá, St. Kitts e Nevis, Belize e Guiana.

1.1. Histórico do Comitê

A Organização dos Estados Americanos é o mais


antigo organismo regional do mundo. A sua origem
remonta à Primeira Conferência Internacional Americana,
realizada em Washington, D.C., de outubro de 1889 a abril de
1890. Esta reunião resultou na criação da União
Internacional das Repúblicas Americanas, e começou a se
tecer uma rede de disposições e instituições, dando início
ao que ficará conhecido como “Sistema Interamericano”, o
mais antigo sistema institucional internacional.
A OEA foi fundada em 1948 com a assinatura, em
Bogotá, Colômbia, da Carta da OEA que entrou em vigor em
dezembro de 1951. Posteriormente, a Carta foi emendada
pelo Protocolo de Buenos Aires (que entrou em vigor em
fevereiro de 1970), pelo Protocolo de Cartagena das Índias
(que entrou em vigor em 1988); pelo Protocolo de Manágua
(que entrou em vigor em janeiro de 1996); e pelo Protocolo de
Washington (que entrou em vigor em setembro de 1997).
Hoje, a OEA congrega os 35 Estados independentes
das Américas e constitui o principal fórum governamental
político, jurídico e social do Hemisfério. Além disso, a
Organização concedeu o estatuto de observador
permanente a 69 Estados e à União Europeia (EU).

1.2. Propósito e paralelo atual.


A Organização foi criada para alcançar nos Estados
membros, como estipula o Artigo 1º da Carta, “uma ordem
de paz e de justiça, para promover sua solidariedade,
intensificar sua colaboração e defender sua soberania, sua
integridade territorial e sua independência”.
Para atingir seus objetivos mais importantes, a OEA
baseia-se em seus principais pilares que são a democracia,
os direitos humanos, a segurança e o desenvolvimento.
Como foi criada em 1948, durante a Guerra Fria, os “fins
de solidariedade e cooperação entre seus Estados
membros no Hemisfério Ocidental”, isso na prática
significava opor-se ao esquerdismo como influência
europeia.
Desde a década de 1990, a organização se concentra no
monitoramento de eleições.
Desde 18 de março de 2015, o secretário-geral é o
uruguaio Luis Almagro.
A Organização dos Estados Americanos tem como
pilares quatro conceitos que a sustentam e guiam:
democracia, direitos humanos, segurança e
desenvolvimento. Para atingi-los, utiliza uma estratégia
quádrupla que suporta seus objetivos, são eles:

I. diálogo político
II. cooperação
III. mecanismos de acompanhamento
IV. patrimônio jurídico

1.3. Estrutura

A OEA possui instâncias dentro de sua estrutura,


podendo estas serem consultivas e políticas; estas são:

I. Assembleia Geral;
II. Conselho Permanente;
III. Conselho Interamericano para o Desenvolvimento
Integral;
IV. Comitê Jurídico Interamericano;
V. Comissão Interamericana de Direitos Humanos;
VI. Secretaria Geral;

A assembleia geral o órgão supremo de tomada de


decisões. Se reúne uma vez por ano em uma sessão regular.
Em circunstâncias especiais, e com a aprovação de dois
terços dos Estados membros, o Conselho Permanente pode
convocar sessões extraordinárias.
Os Estados membros revezam-se para sediar a
Assembleia Geral. Os países são representados em suas
sessões por seus delegados escolhidos: geralmente, seus
ministros das Relações Exteriores ou seus representantes
nomeados. Cada Estado tem um voto e a maioria dos
assuntos - exceto aqueles para os quais a Carta ou o próprio
regulamento da Assembleia Geral exigem especificamente
uma maioria de dois terços - são resolvidos por um voto
majoritário simples.[5]
Os poderes da Assembleia Geral incluem definir o curso
e as políticas gerais da OEA por meio de resoluções e
declarações; aprovar seu orçamento e determinar as
contribuições a pagar pelos Estados membros; aprovar os
relatórios e as ações do ano anterior das agências
especializadas da OEA; e eleger membros para servir nessas
agências.

2. Panorama histórico da Crise Latina

O turbilhão que virou a América Latina nos últimos anos


traz consigo o aumento da pobreza e crises econômicas
avassaladoras por todo o território, impasses eleitorais,
polarização intensa, golpes de poder e ameaças aos
Congressos. Entretanto, a crise não chega espontaneamente,
pelo contrário, crises latinas são reflexos bem construídos
dos frutos da história colonial, que concretizam os Estados
latino-americanos como barris de pólvora.

A história colonial latina é marcada pelo domínio


ibérico, que começa com a revolução que o avanço da
navegação europeia proporcionou. Durante os 300 primeiros
anos de colonização, a produção de riquezas por parte da
metrópole era simples: exploração de riquezas minerais e
naturais e regime escravocrata de povos nativos e africanos.
O pacto colonial impedia, ainda, o desenvolvimento da
colônia, que tinha que comprar e importar apenas para a
metrópole.

Quem morava aqui e conseguia lucrar, eram os


europeus ou seus filhos, que através das várias oligarquias
ligadas à corte europeia, recebiam largas extensões de terra,
garantindo seu domínio político.

O tempo passa, e as independências começam a


explodir na América no século XIX, algumas com o maior
envolvimento do povo, outras encabeçadas quase que
totalmente pela elite (como é o caso do Brasil), e mesmo com
as “rupturas” com as metrópoles, a realidade social não muda
para a massa popular, pois a renda e a propriedade
permanecem, ainda, concentradas na mãe de uma minúscula
elite.

O privilégio reservado apenas a essas classes mais altas


na pirâmide social, geram a exclusão dos povos
descendentes de indígenas e escravos no território
americano. E esses indivíduos eram as grandes maiorias.

O mecanismo pelo qual essa exclusão se deu,


assegurava que os povos separados fossem marginalizados
nas estruturas produtivas, no acesso à terra, na educação,
no serviço público e na política.

No pós-colônia, no início do século 20, os grandes


produtores de capital (proprietários de terra), passam a
compartilhar o poder político com a elite que estava
nascendo: nascia desse contexto o nacionalismo. O sistema
político nacionalista exaltava o Estado, o controle, a figura do
líder - que era apoiado pela burguesia porque o poder
estatal era visto como o grande indutor dos investimentos
industriais. Líderes populistas, os “caudilhos”, surgiram em
escala por todo o continente, é característica latina. Esses
líderes conversavam com a população vendendo a impressão
de ser o salvador, ganhando grande apoio popular, e em sua
maioria, exerciam governos ditatoriais. Os maiores exemplos
talvez sejam Juan Perón, na Argentina, e Getúlio Vargas, no
Brasil.

No período de Guerra Fria, não saímos imunes, a


ruptura cubana com a dominação norte-americana fez
desembocar um regime comunista nas Américas. Como
reação, os militares latinos obtiveram direto apoio dos
Estados Unidos da América para tomarem o poder.
Iniciava-se ali o grande período de ditaduras no território
latino.

Golpes militares são sinônimos de supressão


democrática, e aqui não foi diferente. Os regimes militares
faziam diretamente alianças com os setores empresariais
cujas ditaduras ajudavam. Os Estados Unidos da América
nunca deixaram de auxiliar os militares financeiramente e
com os seus serviços de inteligência.

A situação ainda não possuía controles democráticos,


então a transparência econômica era prejudicada,
facilitando a corrupção, e consequentemente, aumentando
consideravelmente a dívida externa (tanto que o México e
Brasil declararam moratória, suspenderam os seus
pagamentos de dívida periodicamente).
Depois da época ditatorial, começa o período de
redemocratização, onde os regimes civis democráticos
assumem com uma série de problemas que os regimes
causaram, dentre elas:

a. profunda desordem econômica


b. desemprego
c. inflação no teto
d. recessões severas em certas nações

Com esse cenário vigorando, a ânsia geral era por uma


solução para as grandes regressões econômicas, em grande
parte frutos da corrupção intensa do período anterior, e essa
resposta veio com um nome: neoliberalismo.

Na Guerra Fria, o capitalismo e o socialismo disputavam


pela hegemonia de seus polos, e, com o seu fim e a derrota
da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), os
Estados Unidos despontaram como a maior potência
mundial capitalista. O consenso de Washington que se
estabeleceu então, foi uma série de políticas neoliberais para
que a América Latina superasse sua crise.

Na prática, isso ocorreu com uma série de privatizações,


eliminação de barreiras para comércio externo, redução de
gastos estatais e abertura de capitais. Assim começava uma
“nova fase” latina, mas com origens antigas.
Com o neoliberalismo implantado, surgem-se novas
políticas com novos problemas, mas, especialmente, com
velhos problemas. E esse é o motivo de o panorama histórico
regional ter que ser considerado para a análise de todos os
problemas latinos que nos devastam até hoje. A herança
histórica que os séculos de abuso exploratório europeu é
cicatriz.

Essa herança não apenas nos influenciou até hoje: nos


moldou. É essa a raiz da massiva e destruidora desigualdade
social que marca a América Latina hoje. Desigualdade essa é
inegável e indiscutível, tendo em vista que todos os países
que dela fazem parte, todas, estão abaixo da média mundial
de igualdade na distribuição de renda.

E esse nosso contexto histórico se traduz, na prática,


hoje em dia, em todos os riscos de abalo e instabilidade de
governo, que são frequentes e de cunho institucional. A
indigência moral e cívica do corpo político, da fraca
cidadania, da desigualdade social, do analfabetismo, da
miséria, do baixo influxo da classe média em seu teor
participativo, de fatores históricos adversos, de golpes de
Estado, de ditaduras, de toda uma conjunção de elementos
de agitação e turbulência, que contribuem para as
oscilações do sistema.

E é por isso que o modelo presidencial de governo na


América Latina é vitimizante das sociedades locais e propicia
terreno fértil para a ditadura e o enfraquecimento das
instituições do Estado.

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