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UNIÃO DAS NAÇÕES SULAMERICANAS – UNASUL: A

QUESTÃO DO NARCOTRÁFICO NO CONTINENTE


SULAMERICANO

Maria Clara Oliveira

Miguel Adrião

Clara Rodriguez

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Sumário:

1. Introdução Histórica ............................................................................................ Pág. 3

2. A UNASUL ......................................................................................................... Pág. 4

2.1. A Criação da UNASUL ................................................................................ Pág. 4

2.2. A Estrutura da UNASUL .............................................................................. Pág.5

2.3. Cúpulas Anteriores.......................................................................................... Pág. 5

2.3.1. Cúpula de assinatura do Tratado Constitutivo: Brasília, Brasil ............. Pág. 5

2.3.2. 1ª Cúpula: Santiago, Chile (2008) ....................................................... Pág. 6

2.3.3. 9ª Cúpula: Quito, Equador (2014)......................................................... Pág. 6

2.3.4. 10ª Cúpula: Quito, Equador (2015)......................................................... Pág. 6

3. O Narcotráfico na América do Sul...................................................................... Pág. 7

3.1. As FARC........................................................................................................ Pág. 7

3.2. Pablo Escobar................................................................................................ Pág. 10

4. A “Guerra as Drogas”........................................................................................ Pág. 12

4.1. Richard Nixon (1969-1974).......................................................................... Pág. 12

4.2 Ronald Reagan (1981-1989).......................................................................... Pág. 13

5. Contexto Atual................................................................................................... Pág. 15

6. Agenda de Discussões........................................................................................ Pág. 17

7. Políticas Externas............................................................................................... Pág. 18

8. Bibliografia........................................................................................................ Pág. 31

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1. Introdução Histórica

Desde Francisco De Miranda, notável revolucionário e líder político


venezuelano que lutara nas guerras de independência dos territórios hispano-
americanos, o sonho de ver uma América Latina unificada em uma única república era
alimentado. De Miranda não teve a chance de ver seu sonho realizado. Pelo contrário,
foi capturado por seus inimigos espanhóis em 1812 e em uma prisão espanhola
permaneceu até sua morte em 1816. Contudo, a imagem de uma "Colômbia" - como
Fernando de Miranda chamaria a grande república da América Latina - e o sonho de
uma América Latina unificada permaneceu na mente de outros homens. Entre eles,
Simon Bolívar.

Bolívar, como sucessor de Fernando de Miranda no cargo de "Chefe Supremo da


Venezuela", foi aquele que mais se destacou com o discurso de unificação, integração e
cooperação mútua entre os territórios da região, valores que inspirariam a formação do
conceito de bolivarianismo. Tendo se destacado na guerra de independência hispano-
americana, tendo ajudando na libertação colombiana, equatoriana, venezuelana, peruana
e boliviana frente ao domínio espanhol, fundou em 1819 o primeiro conjunto de países
independentes latino-americanos, ao qual deu o nome de Grã-Colômbia, que abrangia
territórios hoje pertencentes à Colômbia, Equador, Suriname, Guiana, Panamá, Peru,
Venezuela, e até uma pequena parte ao norte do Brasil.

Em 1826, Simon Bolívar reuniu uma conferência localizada no Panamá sobre a


temática do continente sul-americano. Nela, abordou principalmente a necessidade das
novas nações latino-americanas se desgarrarem em todos os âmbitos das influências de
nações estrangeiras. Para Bolívar, era necessário criar um força de defesa que pudesse
conter ameaças estrangeiras e garantir os interesses e a própria identidade das recém-
formadas nações. A iniciativa, porém, não teve o apoio dos outros representantes de
nações presentes na conferência, com exceção, é claro, da Grã-Colômbia. Apesar do
fracasso da conferência, ela significou o primeiro avanço real nas relações diplomáticas
internas na região da América Latina.

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2. A UNASUL

2.1 A Criação da UNASUL

Em 2004, representantes de vinte nações sul-americanas assinaram a Declaração de


Cuzco, que anunciava a criação da Comunidade de Nações Sul-Americanas (CSN). A
esperança dos representantes fundadores era formar uma espécie de União Europeia,
com propostas como de passaporte unificado, a criação de um parlamento e,
eventualmente, de uma moeda única.
O ministro de relações exteriores chileno da época, Ignácio Walker, logo
requisitou que o nome da recém-formada organização fosse mudado para South
American Union, mas esta proposta já havia sido negada por conta de a abreviação ser
parecida com “USA”, abreviação de Estados Unidos da América, e poderia confundir os
americanos. Finalmente, em abril de 2007, em Isla Margarita, Venezuela, o nome foi
mudado para União das Nações Sul-Americanas (UNASUL).
Em 2008, foi assinado em Brasília, o Tratado Constitutivo da UNASUL. Uma
integração entre os membros do Mercosul e da Comunidade Andina de Nações, a
UNASULé uma organização internacional que abrange os países da América do Sul, daí
o nome União das Nações Sul-Americanas. Com exceção da Guiana Francesa, que se
trata de um domínio francês e portanto não se enquadra como um país autônomo. Todos
os demais países da América do sul, além dos convidados Panamá e México, são
membros.
A intenção ao criar essa organização foi, é claro, dar um passo a mais no
processo de integração e cooperação dos países sul-americanos, ao compilar os países
membros de ambos os blocos econômicos do continente, a Comunidade Andina de
Nações e o Mercosul, abrangendo um total de 14 países, sendo 12 membros oficiais
(Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Paraguai, Peru,
Suriname, Uruguai e Venezuela) e 2 membros convidados (Panamá e México). Assim,
as reuniões, chamadas de “Cúpulas” da UNASUL são a forma diplomática que os
Chefes de Estado dos países sul-americanos possuem para discutir entre si acerca dos
problemas enfrentados em âmbito continental, além de defender mecanismos de
cooperação, em matéria de comércio, diplomacia e ou segurança com as nações
pertencentes ao organismo.

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2.2 A Estrutura da UNASUL

Um secretariado permanente está estabelecido na sede da UNASUL em Quito,


Equador. O Secretário Geral deve ser mudado a cada dois anos, por meio de consensos
formados pelos Chefes de Estado dos países membros. O primeiro Secretário Geral da
UNASUL a ser eleito foi o então ex-Presidente argentino Nestor Kirchner, em 2010.
Hoje, a cadeira pertence a Ernesto Samper, ex-Presidente colombiano.
Os Chefes de Estado fazem uma reunião anual. A primeira, em 2005, aconteceu
em Brasília. Eles elegem entre si aquele líder que exercerá a Presidência Pro-Tempore
da UNASUL, cargo que irá ocupar por um ano. Hoje a Presidência Pro-Tempore
pertence ao ex-Presidente uruguaio Jose Mujica e a primeira a ocupar este cargo foi a
então atual e reeleita Presidenta chilena Michelle Bachelet.
Os Ministros de Relações Exteriores dos países membros se reúnem uma vez a
cada seis meses. Além deles, também comparecem o presidente do comitê
representativo permanente e o diretor de departamento do Mercosul, o Secretário Geral
da Comunidade Andina de Nações, O Secretário Geral da ALADI (Associação de
Integração da América Latina) e de quaisquer instituições que ajudem a promover a
integração na região, no caso o comitê contará com a presença de uma representação do
UNODOC, o Escritório para Drogas e Crimes da Organização das Nações Unidas,
ONU.
A UNASUL conta com vários conselhos estruturais, sendo os principais o Conselho de
Chefes de Estado e de Governo; o Conselho de Ministro das Relações Exteriores; o
Conselho de Delegados; e a Secretaria Geral. Contudo, há também Conselhos
Ministeriais, destinados à discussão de assuntos ligados à saúde; educação; energia;
defesa; desenvolvimento social; combate ao narcotráfico; cultura; ciência; infraestrutura
e planejamento; tecnologia e inovação.

2.3 Cúpulas Anteriores

2.3.1. Cúpula de assinatura do Tratado Constitutivo: Brasília, Brasil

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Nesta cúpula, que ocorreu em 23 maio de 2008 na capital brasileira, foi assinado
o Tratado Constitutivo da UNASUL, também conhecido como o Tratado da UNASUL.
Sua assinatura se deu durante uma reunião de Cúpula dos Chefes de Estado dos Países
membros da UNASUL.Oficializando assim a existência da entidade internacional.

2.3.2. 1ª Cúpula: Santiago, Chile (2008)

No Mesmo ano de 2008, a presidenta chilena Michele Bachellet convocou uma


Cúpula de emergência devido à crise política que a Bolívia enfrentou no período. Na
época, o presidente boliviano Evo Morales declarou estado de sitio para a parte leste do
país, que sofria com violentos confrontos entre manifestantes situacionistas e
oposicionistas. Dezenas de pessoas morreram nesses confrontos, além do Gasoduto
Brasil-Bolívia ter sido tomado por oposicionistas do regime, prejudicando a oferta de
combustível.
Após seis horas de reunião, os representantes de Argentina, Bolívia, Brasil,
Colômbia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela chegaram à decisão de apoiar o
regime do presidente Morales, defendendo sua legitimidade.

2.3.3. 9ª Cúpula: Quito, Equador (2014)

Nesta reunião, que serviu para alavancar ainda mais a integração sul-americana,
aconteceu a inauguração da sede da UNASUL, em Quito, no Equador. Além disso,
esteve em pauta também a discussão acerca de um passaporte sul-americano, um
documento que garanta liberdade de circulação para os cidadãos dos doze países
membros dentro da região. Nenhum resultado foi atingido quanto a isso, uma vez que as
discussões foram pautadas quase que unicamente sobre a recente crise institucional e os
conflitos na Venezuela.

2.3.4 10ª Cúpula: Quito, Equador (2015)

O tópico da cúpula de 2015 será o narcotráfico, problema frequente para a


grande parte dos países sul-americanos, e em especial para alguns países como
Colômbia, Bolívia e Peru. É nestes países que grande parte das drogas ilícitas são
produzidas, sendo a principal a cocaína, que tem como objetivo final o imenso e
selvagem mercado estadunidense. Em meio a dúvidas acerca do que fazer mediante esse

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problema, os Senhores Ministros, Presidentes e Presidentas devem procurar ao longo
desta reunião quais passos devem ser tomados para combater o tráfico de drogas e suas
consequências no continente. Quais experiências devem ser utilizadas como um bom
exemplo de política de drogas, podendo dialogar desde a manutenção da política
proibicionista até uma nova guinada frente a políticas de cunho mais liberal.

Os senhores e as senhoras, presentes em Quito para a 10ª Cúpula, estarão


enfrentando um problema já muito antigo para o continente americano, porém um
componente que hoje já é visto de maneira muito diferente do que era visto a anos atrás.
A política de combate do Estado ao consumo, a produção e a venda de substâncias
psicotrópicas ilícitas, as drogas, completa 100 anos em 2015 e o mundo já é muito
diferente do que era em 1915, quando de um regime aonde as drogas eram legalizadas e
consumidas como produtos de dia a dia, e hoje os primeiros passos para uma nova
guinada frente a novas soluções para antigos problemas se mostra possível para os
membros da UNASUL.

3. O Narcotráfico na América do Sul

3.1. As FARC

Dentre as organizações ligadas ao narcotráfico na América Latina nos dias de


hoje, a mais conhecida são as FARC, ou Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
A origem do grupo, hoje considerado terrorista por governos como Estados Unidos e
Colômbia, remonta às disputas entre grupos liberais e conservadores no cone-sul, no
caso na Colômbia, em meados do século XX, levaram a muitos massacres, repressões,
uma política estatal de grande militarização e fortalecimento das relações colombianas
com os Estados Unidos, além da perda do controle de algumas regiões para as FARC.

Durante 1948 e 1958 ocorreu o mais famoso desses conflitos partidários,


conhecido como La Violencia. Após os conservadores retomarem o poder em 1946, um
estímulo à invasão de terras de camponeses liberais por camponeses conservadores
levou a uma onda de violência pelos campos da Colômbia. Além disso, conflitos
ocorreram depois na região urbana, incluindo assaltos, assassinatos, perseguições e
destruição de propriedades privadas. Em 1957, após um acordo entre os dois grupos,
que concordaram em eleger um único candidato, o período de Guerra Civil teve fim,

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mas deixou para trás um rastro de sangue muito marcante, e inclusive serviu como
inspiração para o romance de Gabriel García Márquez “Cem anos de Solidão”.
Durante La Violencia, os liberais colombianos se aliaram com a ala comunista do país
para lutar contra os conservadores, porém com medo que a experiência da Revolução
Cubana se repetisse no país, há um rompimento dessa aliança e uma passagem dos
liberais para o lado conservador, que resultando assim em um acordo de paz entre
liberais e conservadores.

As FARC originaram-se como um movimento de guerrilha no ano de 1964, que


visava a instauração de um regime socialista na Colômbia, causa que é defendida até os
dias de hoje por seus militantes e simpatizantes. O Partido Comunista Colombiano
(PCC possuía relações diretas com as FARC, as apoiava e reconheciam sua luta, até a
década de 1980, quando caíra sobre as Forçar Armadas Revolucionárias da Colômbia o
estigma do envolvimento da mesma com o narcotráfico internacional. Este episódio
selou o fim das relações do PCC com as FARC desde então, o que não impede das
FARC ainda serem um grupo muito popular na Colômbia como em muitos outros países
da América do Sul.

Apesar de tudo, os guerrilheiros continuaram sua atividade. Inicialmente


composta por famílias camponesas, as FARC, hoje, de acordo com o governo
colombiano, dispõem de uma força humana de 6000 a 8000 membros e ocupam cerca
de 20% do território nacional. Segundo dados do governo norte-americano, o grupo é o
principal refinador e distribuidor de cocaína no mundo, e a quantidade da droga que
entra nas fronteiras dos EUA hoje é produto da atuação da organização no narcotráfico.

Ao longo dos anos, desde sua fundação em 1964, as FARC foram cada vez mais
se distanciando de uma luta ideológica, e hoje são praticamente uma organização
exclusivamente criminosa, apesar de ainda se proclamarem uma organização de cunho
marxista-leninista de inspiração bolivariana, defensoras dos moradores de áreas
agrícolas do país contra classes favorecidas, além de repudiarem a presença americana
no território colombiano. Contudo, de acordo com a Human Rights Watch, as FARC
possuem cerca de 20 a 30% de seu contingente composto por menores de 18 anos. A
presença de crianças-soldado no grupo é algo que vem causando críticas ao grupo por
parte da comunidade internacional. Porém, os números quanto ao contingente de

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crianças soldados nas FARC são extremamente discrepantes, uma vez que é muito
complicada a pesquisa para levantar tais dados.

Estas atitudes por parte do grupo, além de sequestros e assassinatos, serviram para, ao
longo do tempo, contribuir para a impopularidade das FARC na Colômbia. Estima-se,
mediante fontes ligadas a Washington ou a Bogotá, que cerca de seis mil pessoas foram
sequestradas pelo grupo nos últimos dez anos.

O governo de Álvaro Uribe, 2002, com o auxílio de treinamentos militares por


parte dos Estados Unidos, contribuiu para uma diminuição considerável do número de
sequestros e, em 2005, este número atingiu seu nível mais baixo em 20 anos. Esta luta
de Uribe contra a organização se deve também a um motivo pessoal: em 1983, seu pai
foi assassinado pelas FARC. Uribe também é acusado pela oposição de ter utilizado sua
influência política para consolidar apoio a Pablo Escobar e por sua vez seria interessante
o enfraquecimento das FARC mediante a conflitante relação entre as Forçar Armadas da
Colômbia e os carteis de drogas de Medelín.

Juan Manuel Santos, atual presidente do país, apostara em um acordo de cessar-


fogo com as FARC durante as eleições de 2014, e o mesmo acordo, que fora assinado
em Havana no ano passado, segundo o mesmo, foi rompido unilateralmente pelos
guerrilheiros após um ataque deliberado dos mesmos a um grupo de militares na zona
rural de Cauca, que matou 10 soldados. Este foi o pretexto para que o presidente
retomasse bombardeios ao grupo considerado terrorista pelo governo colombiano e pelo
governo dos Estados Unidos.

Dentre os líderes mais conhecidos da organização, estão Raúl Reyes e Iván Ríos
(ambos falecidos em 2008). O primeiro, considerado o chefe mais moderado e o
segundo líder mais importante da facção. Foram os principais interlocutores do grupo
com os governos de Equador e França para a libertação da ex-senadora Ingrid
Betancourt, refém do grupo desde 2002. Além disso, Reyes afirma ter se encontrado
com Luiz Inácio Lula da Silva durante um dos Foros de São Paulo, realizado em San
Salvador. Também expôs que, durante o mandato do presidente FHC, as FARC
possuíam uma delegação no Brasil. Foi morto em um bombardeio em 2008 provocado
pelo Exército Colombiano.
O líder considerado mais importante da organização foi Manuel Marulanda Vélez,
fundador das FARC. Também era conhecido como “Tirofijo” (Tiro Certeiro) por conta

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da precisão de seus disparos. Apesar de ser comunista, começou a guerrilhar juntamente
com grupos liberais. Após o “Bogotazo”, uma onda de violência que ocorreu em Bogotá
diante de delegados que participavam de uma reunião da OEA (Organização dos
Estados Americanos), os principais grupos guerrilheiros-revolucionários colombianos
se formaram, entre eles as FARC.

Mal visto pelo governos russo por se envolver com grupos guerrilheiros, o PCC
declarou repúdio àqueles grupos que apoiavam tal forma de luta política. Mesmo assim
as FARC seguiram em atividade. “Tirofijo”, que desempenhava grande aptidão para a
guerrilha, foi o guardião desta manutenção e continuidade do grupo nas lutas de
guerrilha. Morreu em 26 de março 2008 vítima de um ataque cardíaco.

No Brasil, um episódio envolvendo as FARC em 1991 marcou o país, quando


um grupo de 40 homens que se declaravam membros da organização invadiram o
território brasileiro pela fronteira e depuseram uma instalação militar brasileira que
contava com cerca de 17 homens, às margens do rio Traíra. Todos os equipamentos
foram apropriados pelos paramilitares das FARC. Dias depois o Exército Brasileiro
deflagrou a Operação Traíra, que consistia em uma resposta a investida das FARC em
seu território, e expulsou os combatentes estrangeiros.

Hoje, as FARC são consideradas uma organização terroristas pelos governos da


Colômbia, EUA, Canadá e pela União Europeia. Aqueles governos que não aplicam
essa classificação ao grupo são o governo brasileiro, argentino, boliviano, chileno e
equatoriano. Cuba e Venezuela adotam o termo “insurgente” para se referir às FARC.

3.2. Pablo Escobar

Nascido em 1 de Dezembro de 1949, em Rionegro, na Colômbia, Pablo Emilio


Escobar Gaviria era filho de um fazendeiro com uma professora, e sua família, apesar
de simples, era uma família de classe média. Desde muito cedo já tinha como sua
principal ambição se tornar um milionário, entrando para a vida do crime já durante a
adolescência, quando sua principal atividade era o roubo e a venda de lápides de
cemitério para traficantes.

Em 1975, Pablo entrou no ramo do tráfico de drogas, sendo a cocaína sua


principal mercadoria, que mais tarde lhe conferiria o apelido de “El Sar de la Cocaina”,

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ou O Rei da Cocaína. Era comum Pablo e seus homens subornarem autoridades, pois
dinheiro era algo em abundância para o Cartel de Medellín, do qual Escobar era o líder.
Estima-se que a quantia movimentada pelo tráfico de cocaína durante o período de
Escobar no Cartel de Medellín chegava aos 30 milhões de dólares até a década de 90.

Em 1982, curiosamente, Pablo Escobar foi eleito membro alternativo da Câmara


dos Representantes da Colômbia, pelo Partido Liberal. Logo ele se tornaria conhecido
mundialmente, assim como o Cartel, que exportava a maior parte das drogas que
entravam nos EUA, México, República Dominicana, Porto Rico, Venezuela e Espanha,
produzindo cocaína a partir da coca importada da Bolívia e do Peru, já que a coca
colombiana era de pior qualidade e a demanda por uma cocaína melhor havia
aumentado.

Cada vez mais a corrupção e a intimidação faziam parte das negociações do Cartel, que
possuía o bordão “plata o plomo”, que significa “dinheiro ou balas”. Esta forma de
negociação ostensiva levou a centenas de mortes, tanto de policiais e agentes do estado,
como delegados, deputados e juízes, como de civis e militares das FFAA da Colômbia.

Escobar possuía inclusive um assassino profissional que lhe prestava serviços,


cujo apelido era Popeye. Pablo foi acusado de ordenar o assassinato de Luís Carlos
Galan, ex-Ministro da Educação da Colômbia na década de 70 e no ano de sua morte,
1989, candidato à presidência pelo Partido Liberal Colombiano (PLC), além de ter
participado dos atentados a bomba ao voo da Avianca 203 e do prédio da DAS
(Departamento Administrativo de Seguridad, em espanhol, que corresponde a uma
espécie de Agência de Segurança e de imigração do governo da Colômbia. Em meio a
estes e outros crimes, Pablo e seu Cartel conseguiam lucrar em média, no melhor
momento de vendas do Cartel, 60 milhões de dólares por dia.

Porém, enquanto era visto como vilão para os governos de EUA e Colômbia,
para muitas pessoas ele era um herói. Pablo Escobar e o Cartel de Medellín ajudaram a
financiar a construção de diversos hospitais, escolas e igrejas no oeste da Colômbia, o
que o ajudava a cultivar sua imagem de Robin Hood em meio a população carente da
Colômbia e aos membros da Igreja Católica. Após o assassinato de Galan, Escobar foi
perseguido pela administração do presidente César Gaviria, e acabou se entregando as
autoridades em 1991. Seu cativeiro, entretanto, se comparava mais a um bordel
privativo, na prisão de La Catedral, que fora construída a mando do chefe do cartel, e de

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lá ele ainda era capaz de comandaras atividades criminosas do Cartel. Foi assim que, em
1992, Escobar foi movido para uma prisão convencional, o que o permitiu elaborar um
plano de fuga que no final daria certo. Escobar era muito preocupado com a
possibilidade de ser extraditado para os EUA, onde era considerado um inimigo público.
Assim, após o sucesso de sua fuga, os EUA criaram forças-tarefa para descobrir o
paradeiro do chefe do Cartel de Medelín, além de treinarem um grupo especial de
oficiais colombianos para serem parte de uma polícia especializada para encontrá-lo
(conhecida como “Search Bloc”). Finalmente, em 1993, o grupo dos Search Bloc
comandado pelo coronel Hugo Martínez, através do uso de tecnologia de triangulação
de sinais de rádio, conseguiram localizar Escobar, que estava escondido em um bairro
de classe média em Medellín, junto com seu guarda costas, conhecido como “El
Limon”. Eles ainda tentaram fugir pelo telhado das casas, mas sofreram disparos e
ambos morreram no local, tendo Escobar sido atingido fatalmente na orelha, no joelho e
no tórax. Após sua morte, a imagem de Robin Hood que Escobar cultivara em Medellín
ainda permaneceu viva durante muitos anos e nos dias de hoje ainda são comuns
aqueles que são saudosos a imagem do falecido criminoso.

4. A “Guerra às drogas”

4.1. Richard Nixon (1969-1974)

A década de 70 foi o berço da revolução ideológica ultraliberal, que viria a se


consolidar na década de 80 com Ronald Reagan, presidente americano, e Margareth
Thatcher, primeira-ministra da Inglaterra. Na época espalhou-se pelo mundo, dentre
outros, direcionamentos como o neoliberalismo globalizado (no campo econômico) e o
neoconservadorismo (na área política e jurídica). A “guerra contra as drogas” constitui a
máxima expressão dessa política ostensiva e militarista que equiparou o consumidor ao
traficante, considerando todos criminosos.

Os Estados Unidos lideram essa campanha de proibição das drogas que conta
com intervenção pelo uso da forca mantendo o apoio ao envolvimento de militares
latino-americanos no combate ao tráfico de drogas, com o intuito de definir e reduzir o
tráfico de narcóticos. O termo “guerra às drogas” foi popularizado pela mídia logo após
a conferência de imprensa dada em 18 de junho de 1971 pelo então presidente dos

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Estados Unidos, Richard Nixon, durante a qual ele declarou que o abuso do uso de
drogas ilegais era o principal inimigo público. A iniciativa inclui um conjunto de
políticas destinadas a desencorajar a produção, distribuição e o consumo do que os
governos participantes e as Nações Unidas definem como drogas psicoativas ilegais. No
dia anterior a conferencia, Nixon havia publicado uma mensagem ao Congresso sobre
"Prevenção e Controle do Abuso de Drogas". O texto incentiva maior gasto em recursos
federais para a "prevenção de novos viciados e a reabilitação daqueles que são
viciados", o que não recebeu a mesma atenção do público quanto o termo "guerra às
drogas". A organização sem fins lucrativos Drug Policy Alliance estima que apenas
os Estados Unidos gastam cerca de 51 bilhões de dólares anualmente na guerra contra as
drogas.

Em 1986, os EUA aprovaram uma lei que aumentou em 100% as condenações


por posse de crack em relação ao ano seguinte. A posse de 5 gramas de crack já
significava cinco anos de cadeia. Em 1980 5 mil pessoas estavam presas por posse de
drogas, número que hoje passa da casa dos 47% da totalidade do sistema carcerário
americano, o maior do mundo com o maior número de detentos.

Na sequência da declaração de Nixon, os EUA reformularam seu aparato


repressivo, criando uma agência centralizadora de planejamento das ações antidrogas - a
Drug Enforcement Administration (DEA), em 1974 - e dando início às primeiras
operações contra o narcotráfico no Caribe e no México. Já no final dessa década, com o
crescimento do tráfico de cocaína, as políticas antidrogas estadunidenses voltaram-se
para os países andinos (Bolívia, Peru e Colômbia), fundamentadas na lógica de que o
combate ao narcotráfico deveria ser conduzido pelo esforço coligado das polícias e
Forças Armadas dos "países produtores". Para tanto, os EUA começaram a investir no
treinamento e formação de grupos militares especiais, primeiro no México e, depois,
nos países andinos.

4.2. Ronaldo Reagan(1981-1989)

No meio de seu segundo mandato, Ronald Reagan lançou políticas mais


ambiciosas no contexto da guerra contra as drogas. Ele afirmou que as drogas
ameaçavam a sociedade Americana e prometeu lutar por escolas e locais de trabalho
livre de drogas de expansão do tratamento da dependência, as proibições sobre o
consumo e maior informação pública.

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Em 1982 a primeira-dama Nancy organizou a campanha “Just Say No”. Nancy
sentiu a necessidade de educar as crianças americanas sobre o uso de drogas e os seus
efeitos negativos. A primeira-dama organizou várias viagens pelos estados norte-
americanos para promover o combate às drogas. Os Reagan’s viajaram mais de 400 mil
km por todo o território nacional para educar em favor da rejeição às drogas. A
campanha foi um sucesso e teve o apoio de vários líderes mundiais e de diversos
governadores americanos.

Em 1986, Reagan assinou uma aplicação da lei liberando $ 1,7 bilhão para a
guerra contra as drogas e a definição de uma pena mínima obrigatória para crimes
relacionados com drogas.

Insistiu-se na urgência da militarização do combate ao narcotráfico na América


Latina e Caribe. Em abril de 1986, Reagan editou uma "National Security Decision
Directive" (NSDD), algo que se relaciona à um decreto presidencial, intitulada
"Narcotics and National Security", sendo que agora o presidente "oficializava", assim, a
tese das narcoguerrilhas. A NSDD afirmava que:

“o financiamento de atividades de alguns grupos insurgentes pela taxação de ações vinculadas


ao tráfico de drogas, provendo proteção a traficantes locais ou cultivando suas próprias colheitas de
drogas" (NSDD-221, 1986, p.2).

O documento assinado por Reagan retomou e ampliou, portanto, a definição


dada por Nixon, na década anterior, de que o narcotráfico era uma ameaça à segurança
nacional dos EUA, acrescentando seu potencial como perigo à segurança nacional de
cada país do hemisfério onde houvesse atividade narcotraficante.

Para enfrentar tamanha "ameaça", a NSDD-221 recomendou um esforço


continental para combater a produção, tráfico e consumo de drogas ilícitas, e anunciou a
intenção dos EUA de apoiar a "guerra às drogas" já conduzidas pelos Estados latino-
americanos e caribenhos. Para tanto, Reagan ordenou que o secretário de Defesa, o
procurador-geral e o secretário de Estado desenvolvessem e implementassem "toda
modificação necessária aos estatutos, regulamentos, procedimentos e linhas mestras em
vigor a fim de habilitar as Forças Armadas estadunidenses a dar suporte mais ativo aos
esforços de combate ao narcotráfico, consistentes com a manutenção de sua necessidade
de preparo e treinamento" (NSDD-221, 1986, p. 3).

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A proposta de envolvimento militar na "guerra às drogas" gerou polêmica no
ambiente político estadunidense, principalmente de políticos democratas e de ativistas
dos direitos humanos, que viam tal diretriz como intervencionista. Até mesmo dentro
das Forças Armadas, a decisão teria recebido críticas da parte de militares que temiam o
desvirtuamento das funções tradicionais de defesa nacional.

Ao mesmo tempo, na América Latina, a disposição dos EUA de apoiar a


militarização do combate ao narcotráfico gerou resistências de setores nacionalistas, de
políticos de esquerda e movimentos sociais - como os cocaleros bolivianos -, mas foi
abolida, em maior ou menor grau, por sucessivos governos à esquerda e à direita.

A adesão dos países latino-americanos foi impulsionada por pressões


diplomático-econômicas, com destaque para o processo de "certificação", pelo qual, a
partir do governo Reagan, os presidentes estadunidenses passaram a publicar
anualmente uma lista dos países que, na avaliação dos EUA, colaboraram ou não com a
"guerra às drogas" no ano anterior, prevendo sanções econômicas e reprimendas
diplomáticas aos descumpridores. Todavia, o acatamento da lógica punitiva e da
militarização por Estados latino-americanos respondeu, também, a processos próprios a
cada país que já eram - à época das decisões de Reagan - signatários dos tratados
proibicionistas e que já procediam, cada qual a seu modo, o combate às drogas como
tática de governo e repressão seletiva sobre suas próprias populações.

5.Contexto Atual

O tráfico de drogas na América do Sul sempre foi uma questão a se colocar em


debate. Desde a década de 80 essa atividade tem crescido muito na região,
principalmente por conta de países como Colômbia, Bolívia, e hoje, também, o Peru.
Nesses países, onde a cocaína é o principal produto de exportação dos narcotraficantes,
o plantio da folha de Coca é legalizado pelos governos locais por uma questão cultural,
pois mascar ou fazer chá com a folha são costumes frequentes, além do clima para o
plantio ser muito favorável, permitindo que a Coca cresça facilmente em meio à flora
local.

O maior consumidor dessa cocaína produzida na América Latina são os Estados


Unidos, e, segundo dados, em segundo lugar está o Brasil. As ações norte-americanas

15
durante os governos de Ronald Reagan e Richard Nixon, que tratavam de criminalizar
qualquer atividade relacionada à drogas, seja o consumo, a produção ou a venda, se
mostraram terrivelmente ineficientes, pois além de um aumento considerável nos gastos
governamentais, essas medidas não tiveram sucesso na tarefa de dizimar o consumo de
drogas no país. Isso ocorre pois o mercado das drogas é ainda muito procurado por
muitos indivíduos que sofrem com a falta de oportunidades ou que simplesmente
escolhem este caminho por se tratar de uma das atividades mais lucrativas no mundo,
ficando atrás apenas do tráfico de armas, que está diretamente ligado ao tráfico de
drogas.

Na América Latina, a situação precária de algumas regiões contribuem para que


pessoas optem por este caminho, e mesmo que haja repressão governamental, a
produção de drogas renascerá em outro local, pois a demanda pelo produto sempre
existiu e sempre existirá. É o caso do Peru nos dias de hoje, que nasceu como o novo rei
da cocaína nos últimos anos. O governo peruano tenta ao máximo reprimir militarmente
a produção de drogas, mas com o plantio da Coca legalizado isso se torna muito difícil
de se fazer. Por isso, outras políticas anti tráfico têm sido apoiadas pelo governo, como
o plantio alternativo, substituindo a Coca do agricultor por outra cultura.

A Colômbia e a Bolívia também são territórios chave para a produção de cocaína


no continente. Apesar da fama por causa das FARC e do Cartel de Medellín, a
Colômbia hoje não é mais o principal produtor de cocaína. Em 2001, o país chegava a
produzir cerca de 700 toneladas da droga, enquanto que em 2011 estima-se que mais de
70% dessa produção tenha reduzido, atingindo apenas 195 toneladas. A Bolívia, que
produz cerca de 265 toneladas e o Peru, com 325, lideram o ranking dos maiores
produtores da droga nos dias atuais. A repressão às organizações narcotraficantes e o
aprimoramento do Sistema judiciário colombiano foram os motivos para a queda no
nível de produção da droga no país.

A droga produzida nesses três países citados viaja aos mais variados territórios,
das mais variadas formas. Ao principal consumidor, os Estados Unidos, a cocaína
produzida é vendida aos cartéis mexicanos, e se torna uma ótima fonte de renda para
esses grupos quando passam a fronteira com os EUA e conseguem vender a carga da
droga em dólares. Esses cartéis têm protagonizado atos hediondos no México e fora
dele, como o tráfico de pessoas, contrabandos, fraude financeira, extorsão e corrupção,
sempre atuando com muita brutalidade. O governo mexicano trabalha para reprimir

16
essas atividades ilegais dos cartéis, mas sua quantidade e o modo como estão espalhados
pelo território tornam muito difíceis as prisões e apreensões.

Já o segundo principal consumidor de cocaína, o Brasil, a droga chega muito


facilmente pelas fronteiras com Paraguai e Bolívia, e uma vez dentro do território
nacional, se espalha de acordo com a concentração de mercados consumidores. Esse é o
processo que ocorre na maior parte dos países sul-americanos, devido à proximidade
com o produtor, o que faz da América do Sul, com exceção do Brasil, o terceiro maior
consumidor da droga no mundo. Muitas vezes a droga é também revendida para outros
territórios, como o Reino Unido (sexto maior consumidor de cocaína) e outros países
europeus, chegando inclusive à Ásia. Nesse caso, para atingirem seu mercado final, a
cocaína é transportada até países africanos onde a fiscalização é praticamente nula e
muitas vezes os governos locais se beneficiam também do narcotráfico e outras
atividades clandestinas, ou são apenas coniventes.

Da África, a droga vai ou para a Europa através de contrabando pelo Mar


Mediterrâneo ou para a Ásia, por terra ou por mar. O negócio da droga, por encontrar
um mercado muito abrangente ao redor do mundo, se torna muito lucrativo, mas possui
suas consequências e elas não são poucas. No caso do México, por exemplo, o tráfico é
a principal fonte de renda para os cartéis, que se armam e provocam o terror no
território.

O tráfico leva também à diminuição da escolaridade, por conta de crianças e


jovens que são persuadidos por esses narcotraficantes, que garantem dinheiro fácil,
porém sujo. É o que ocorre, por exemplo, em El Salvador, na América Central. Lá, a
maior parte da população deseja deixar o país, pois não conseguem mais suportar a
influência e a presença dos cartéis, que além de aterrorizarem a população procuram ali
recrutar os futuros narcotraficantes que comandarão as atividades criminosas no futuro.
As consequências causadas pelo comércio da droga, e as políticas de repressão e
recuperação que a atividade fomenta por parte dos governos de países que sofrem com o
tráfico e procuram combatê-lo parecem fazer menos sentido a cada dia que passa. Com
as iniciativas tomadas pelos Estados Unidos de legalizar o comércio de maconha em
alguns estados como Washington e Colorado, a Guerra às drogas tem sido cada vez
mais questionada. Políticas públicas alternativas como ocorrem no Uruguai com a
maconha sendo fornecida pelo Estado são também formas de combater o narcotráfico
sem gastos militares. Essas saídas alternativas têm sido fomentadas por muitos, mas a

17
questão é: Até que ponto as drogas podem ser legalizadas e não criminalizadas? A
maconha, por se tratar de uma droga mais leve e natural, obteve uma acepção maior,
mas propôr a legalização da cocaína ou da heroína, ou até do Crack seria um passo
diferente e mais radical dentro desta questão.

6. Agenda de Discussões

Devido ao fato de que a atividade ilegal do comércio de drogas se inicia com a


produção na América dos Sul, é preciso reconhecer a responsabilidade que UNASUL
possui com a questão do narcotráfico, por se tratar da principal entidade capaz de
mediar as relações entre os países do continente e procurar uma solução para o
problema. Há de se propor, porém, que o diálogo se estenda a outras entidades, como a
União Europeia, por este não ser um problema que afeta exclusivamente o território sul-
americano, muito pelo contrário. Dito isto, é necessário colocar que a UNASUL possui
o Conselho Sul-Americano sobre o Problema Mundial das Drogas (CSPMD), que se
propõe a criar estratégias de cooperação internacional para que haja uma ação uniforme
quanto a problemática do narcotráfico, além de uma cooperação entre as diferentes
instituições responsáveis pelas causas e consequências do problema.

Este comitê possui, portanto, o objetivo de discutir possíveis formas de atuação,


sejam políticas, econômicas ou sociais, que possam ser plausíveis para a diminuição do
tráfico de drogas e da criminalidade causada por esta atividade. Através do diálogo entre
as nações presentes, e baseando-se sempre na cooperação entre as mesmas, a UNASUL
buscará, especificamente, reduzir os problemas de lavagem de dinheiro e produção de
drogas, procurando também medidas de controle do consume. Isto deve ocorrer através
do trabalho mútuo de serviços de inteligência dos países sul-americanos para combater
os criminosos ligados ao tráfico; de uma busca para conciliar o consumo de Coca em
países como Peru e Bolívia com o combate ao tráfico; de uma avaliação das
consequências da permissão do consumo para o tráfico de drogas, usando como base o
caso recente do Uruguai.

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7. Políticas Externas

Bolívia:

Nos anos de 1990, a Bolívia diminuiu drasticamente a produção camponesa


ilícita de coca, e as ameaças políticas correlatas, em suas regiões amazônicas orientais,
porem agora se assiste ao regresso da produção de cocaína a pleno vapor no país.

Na nova Constituição, instaurada pelo governo Morales, a coca é considerada


"patrimônio cultural, recurso natural renovável da biodiversidade da Bolívia e fator de
coesão social; em seu estado natural não é entorpecente". Pesquisadores e analistas
alertam que junto com o aumento dos cultivos de coca na Bolívia, cartéis colombianos e
mexicanos estão se fortalecendo.

Desde que Evo Morales foi eleito presidente, a CIA-EUA, a Agência de


Inteligência Militar, a Agência Controladora de Drogas, dentre outras, tentam minar a
posição do presidente boliviano, não economizando esforços para criar em torno de
Morales uma imagem de “barão das drogas” e de “barão índio dos entorpecentes”.

Na esteira de sua restrita relação com os Estados Unidos, o presidente da Bolívia


decidiu não contribuir mais com a guerra norte-americana contra as drogas para testar
seus próprios modelos de combate. Propôs a "nacionalização" da luta antidrogas seguida
da expulsão da DEA (Drug Enforcement Administration), organismo de combate as
drogas do governo dos Estados Unidos, do território boliviano e afirmou que a Bolívia
tem capacidade financeira e policial para continuar o combate ao narcotráfico sem a
ajuda norte-americana.

O presidente reconhece que seja responsabilidade de todos os países,


especialmente dos Estados Unidos e da Europa, participar de uma luta efetiva contra o
narcotráfico porem afirma que o combate `as drogas - "cocaína zero", como sugeriu -
aconteceria a partir de uma aliança com outros países e que, sem a DEA, o numero de
apreensões aumentaram.

Na tentativa de enfrentar o crime organizado e o tráfico de drogas nas regiões de


fronteira do Brasil, da Bolívia e do Peru, os governos dos três países firmaram acordo
de cooperação mútua. A parceria estabelece ações por terra, pelo ar e pela água.

19
Segundo o ministro boliviano, o ato define ações integradas que visam a uma “guerra
contra as drogas” a partir de medidas técnicas determinadas no “mais alto nível político
dos governos dos três países”.

Peru:

O Peru é o maior produtor mundial de coca. Segundo a Organização Mundial da


Saúde, 100 mil camponeses peruanos cultivam 300 mil hectares de coca e apenas 5%
dessa produção é utilizada para fins legais. Com o resto, o tráfico abastece 60% do
mercado mundial. Esses camponeses são massacrados, alternadamente, pela guerrilha,
pela máfia e pelas tropas de repressão ao tráfico.

Nos 1.047 quilômetros de fronteira entre o Peru e a Bolívia vivem muitos


agricultores que cultivam coca ilegalmente para fabricar cocaína. Por exemplo, nas
províncias de Sandia e San Antonio de Putina, do lado peruano da fronteira, os
produtores plantaram mais de 3.200 hectares ilegais de coca em 2013, de acordo com o
Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC).

Autoridades de políticas antidrogas incentivam os camponeses da região a


plantarem cultivos legais alternativos, como café e cacau, usados na produção de
chocolate. Esse tipo de iniciativa tem se mostrado bem-sucedida em algumas regiões
como no estado peruano de San Martin e no Vale do Monzón. Sendo uma das pautas
defendidas internacionalmente pelo governo peruano.

A DEA está presente no território peruano e sua missão é promover e defender


os interesses e objetivos do Peru, a nível multilateral no domínio do controle das drogas,
em coordenação com a Comissão Nacional para o Desenvolvimento e Vida sem Drogas
(DEVIDA) e outras entidades relacionadas com a administração pública.

Autoridades policiais peruanas e bolivianas planejam lançar medidas conjuntas


de erradicação de cultivos ilegais de coca e cooperar na interdição de cargas de drogas
ao longo de sua fronteira comum. O plano deve ajudar os policiais dos dois países a
detectar e impedir voos com drogas. Narcotraficantes costumam usar aviões pequenos e

20
pistas clandestinas para transportar cocaína da região do Vale dos Rios Apurimac, Ene e
Mantaro, conhecida como VRAEM, do Peru para a Bolívia. Melhorar a segurança
pública ao longo da fronteira é uma alta prioridade dos dois países, já que pela região
passam importantes rotas de comércio e turismo usadas por empresários e viajantes.

Para enfrentar as organizações criminosas ligadas ao tráfico de drogas que


operam paralelamente no Peru e no Brasil, as forças armadas, a polícia e o Ministério
Público dos dois países cumprem uma estratégia binacional por meio de ações
coordenadas.

Equador:

Seguindo o exemplo de Holanda, Portugal e Uruguai, o Equador junta-se ao


grupo de países que tratam as drogas como uma questão de saúde pública, muito mais
do que policial.

Autoridades afirmam que a constituição e a lei consideram que não é crime o


consumo e que o que está sujeito a punição é o cultivo, o tráfico e a venda, seja em
quantidades pequenas ou elevadas.

A legalização do consumo de drogas é um passo importante rumo ao fim da


política internacional de "guerra contra as drogas", liderada pelos Estados Unidos nos
últimos 20 anos.

O Equador é um país praticamente livre de cultivos e laboratórios de drogas,


apesar de fazer fronteira com os maiores produtores de cocaína do continente - Peru e
Colômbia - e também se transformou em um obstáculo para os cartéis mexicanos e
colombianos.

Quando, em 2009, os Estados Unidos deixaram a base equatoriana de Manta, no


Pacífico, pela rejeição do presidente da época em renovar um acordo de combate às
drogas vigente desde 1999, muitos temeram um enfraquecimento do governo frente ao
narcotráfico. No entanto, depois da saída dos americanos, o governo de Rafael Correa,
atual presidente, ostenta êxitos importantes na apreensão de drogas e na desarticulação
de bandos a serviço dos cartéis mexicanos e colombianos. O Equador abandonou a

21
estratégia americana de cumprir metas de apreensão e reclusão dos consumidores para
ocupar-se dos elos intermediários do negócio.

O trabalho do Equador é reconhecido pelas Nações Unidas, que o situam como


um dos países mais eficientes em apreensão de cocaína, junto com países como Holanda
e Colômbia.

Cartéis como o de Sinaloa, no México, ou Los Rastrojos e Los Urabeños, da


Colômbia, contratam os serviços pessoais do crime organizado equatoriano para
transportar a droga das fronteiras para os pontos de saída. São esses intermediários que
as autoridades do governo tentam desarticular.

A coordenação entre a Colômbia e o Peru é primordial. Antes essa troca de


informações praticamente não existia, agora o canal de comunicação direto é de extrema
importância para o êxito das ações.

UNODOC:

Fundada em 1997 através de uma fusão do Programa de Controle de Drogas das


Nações Unidas e do Centro Internacional para a Prevenção do Crime, o Escritório das
Nações Unidas contra Drogas e Crime (UNODC) é líder mundial na luta contra as
drogas ilícitas e o crime internacional.

O UNODC mobiliza e promove a cooperação regional e transnacional para


enfrentar a crescente ameaça à segurança representada pela convergência de crime
organizado, tráfico de drogas, corrupção e terrorismo. Guiado por mandatos e orientado
pelas necessidades dos Estados-membros, tal como pré definido como estratégia,
fortalece o Estado de Direito e das instituições de justiça e reforça a ação internacional
contra a produção, o tráfico e a criminalidade relacionada `as drogas.

Argentina:

A Argentina é responsável a no Conselho Sul-Americano Sobre o Problema


Mundial das Drogas, ou CSPMD, pelo grupo de trabalho que tem como temática a
redução da demanda de drogas e, para isso, tem o enfoque na promoção e
gerenciamento de um espaço para discussões, aportes técnicos e intercâmbio de
experiências sobre a utilização e o sentido dado ao conceito de redução da demanda.

22
Além disso, esse grupo também busca chegar a um entendimento no que diz respeito
aos alinhamentos das políticas preventivas que serão tomadas, sempre dando grande
ênfase ao fomento às boas práticas sociais que favoreçam a promoção da saúde.

Não se pode esquecer que essas políticas claramente são ajustadas e aplicadas
conforme as necessidades e os interesses específicos de cada Estado. Outro ponto que a
Argentina aborda, tendo em vista que ela e o Brasil são vulneráveis às fragilidades de
segurança dos seus países vizinhos em relação ao tráfico de drogas, é a proposta de
acordo com o UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), o qual
estabeleceria um escritório no país, a fim de auxiliá-la no controle do tráfico de drogas
nas fronteiras, além de adotar políticas que ajudem na prevenção do uso de drogas e no
tratamento de usuários.

Com intuito de prevenir consumo de drogas, a Argentina promulgou uma lei que
apreende usuários que forem flagrados com pequenas quantidades de entorpecentes.
Além disso, ela tem ajuda de outros países como Brasil, Paraguai, Bolívia e Chile) para
monitoramento das fronteiras. O país conta, ainda, com o Observatório Argentino de
Drogas, o qual promove investigação de fronteiras e do tráfico em geral, tendo uma área
administrativa, que controla o aumento ou diminuição do tráfico, e a área de
fortalecimento e articulação institucional, a qual faz parcerias para auxiliar no controle
do tráfico

Brasil:

O Brasil tem hoje o Fundo Nacional Anti-Drogas (Funad), mantido pela


Secretaria Nacional Anti-Drogas (Senad). O programa se propõe ao cuidado com
usuários de drogas e aborda vários temas, como prevenção, repreensão, tratamento e
recuperação para usuários das substâncias ilícitas. Para auxiliar os projetos
governamentais a respeito deste tema, existe a modalidade de Subvenção Social, uma
prática que transfere recursos financeiros públicos para auxiliar a manutenção desses
projetos. Para obter ajuda dessa modalidade, é necessário cadastrar-se na Secretaria
Nacional Anti-Drogas. O Conselho Nacional de Políticas sobre as Drogas (CONAD) é o
órgão responsável por estabelecer orientações ao Sistema Nacional de Políticas Públicas
sobre as Drogas (SISNAD), os quais são vinculados ao Ministério da Justiça e são
responsáveis por exercer políticas preventivas, educativas e repreensivas sobre os
artigos ilícitos.

23
Colômbia, Peru e Bolívia são os principais produtores de cocaína do mundo e
fazem fronteira com o Brasil. Dado tal fato, relação aos problemas fronteiriços, o país
optou por aumentar a fiscalização nas fronteiras que são alvo de passagem e entrada de
drogas no país. Um projeto para solucionar esse problema é aumentar o acesso às
informações por meio de outros países com uma realidade comum que o Brasil enfrenta,
como a criação de bases nas fronteiras que sejam capazes de articular e trocar
informações com países vizinhos.

O Brasil investe em políticas públicas com a mesma finalidade que a Argentina,


além de ter estabelecido um pacto com a Bolívia e com o Paraguai para desenvolver
técnicas que têm como objetivo a identificação daqueles que contribuem com o
narcotráfico, tanto com o seu escoamento, quanto com a produção desses entorpecentes
(COY, 2012).

Colômbia:

O narcotráfico, extremamente presente na Colômbia e sua dificuldade em


combatê-lo causa preocupações nos Estados Unidos. Por este motivo, inicialmente, o
país tinha uma dependência das políticas norte-americanas de combate ao narcotráfico.
Atualmente, o negócio movido pelo narcotráfico no país gira em torno de 2% a 3% do
PIB colombiano, valor consideravelmente baixo, uma vez que, nos últimos 10 anos, já
chegou a significar 5%.

Uma das maiores intervenções dos Estados Unidos no país foi o Plano
Colômbia, que consistiu em um gasto de US$7,5 bilhões divididos entre a Colômbia, os
Estados Unidos e vários outros países consumidores das drogas colombianas. Além
disso, em 2000, havia o plano de treinar mais de 5 mil militares e policiais colombianos
para lidar com o problema das drogas de forma mais satisfatória.

O Plano Colômbia passou a incluir uma multiplicidade de ações, que


compreendiam ajuda específica a projetos de fumigação de plantações, atividades de
inteligência e apoio a operações de interdição terrestre, aérea e ribeirinha. Dentre as
políticas públicas internas do governo colombiano, a política de erradicação das drogas
consiste em duas vertentes: a erradicação forçada, com a qual se aumenta o custo de
produção das drogas, por meio do aumento dos preços de substâncias químicas
necessárias para a sua produção; e a erradicação voluntária, a qual gera incentivos para

24
os produtores pararem suas produções ilegais e produzirem outros produtos Além
disso, dentro do âmbito do CSPMD, a Colômbia coordena um grupo de trabalho que
tem por objetivo desenvolver as medidas de controle para o problema das drogas.

O primeiro passo dado por essa mesa de trabalho foi fazer um levantamento das
capacidades nacionais e das plataformas e/ou sistemas existentes para combater o
problema das drogas, para que, só então, possam vir a ser desenvolvidos novos projetos
transnacionais.

Paraguai:

Sendo considerado o grande canal de passagem ilegal de drogas e armas, o país


possui uma política de vigilância reforçada e constante das fronteiras e aeroportos.
Atualmente, o país tem uma insuficiência de agentes especiais da Senad para cuidar de
toda sua expansão geográfica, o que sugere que haja uma disposição de cooperação com
os países vizinhos. A função do Senad é reprimir a produção e o tráfico de
entorpecentes ilícitos, além de combater seu consumo. Suas funções são reguladas pela
Constituição Nacional, portanto, segue a política interna do país.

O Paraguai, ao mesmo tempo que tenta controlar sua fronteira, possui grande
parte de sua renda vinda de atividades que fogem os grandes centros, sejam elas grandes
latifúndios na fronteira com o Brasil, sejam elas os empreendimentos de mercadoria a
baixo custo na tríplice fronteira – Brasil, Argentina e Paraguai. Por meio dessas
fronteiras, que dependem de apoio do Estado para a manutenção da economia paraguaia
é que as drogas e armas são contrabandeadas e adentram o território do maior
consumidor da América do sul, o Brasil.

O atual governo paraguaio defende políticas de criminalização, e apreensão para


a questão dos narcóticos, porém é sabido que o país é muito pobre e não dispõe de
recursos para serem aplicados em treinamento e em novos materiais, humanos e
tecnológicos, que seriam utilizados no combate ao tráfico doméstico e internacional.
Buscar acordos com os países e desafogar o Paraguai como a principal rota do tráfico,
de armas e ou drogas, no sul do continente é a principal bandeira pela qual os
representantes paraguaios irão se empenhar na Cúpula de Quito da UNASUL.

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México:

Até o final de 2012, mais de 58 mil pessoas morreram em decorrência de crimes


relacionados às drogas no país. Foram investidos mais de 50 bilhões de dólares na luta
contra os cartéis de drogas durante o governo do ex-presidente Calderón. A situação
chegou a ser tão drástica que grupos influentes da sociedade mexicana e partidos
políticos passaram a pensar em alternativas às fracassadas políticas contra os cartéis,
como possíveis legalizações de substâncias entorpecentes, porém este projeto não foi
finalizado.

Veículos de mídia do próprio país vem mostrando claramente que esses


episódios de violências alarmantes, cada vez mais frequentes, são indícios de que o
maior problema enfrentado pelo México é o fato de não existir uma estratégia
governamental coesa e integral, visto que, as esferas políticas, econômicas, sociais, além
das de inteligências e das polícias, não caminham de forma conjunta e nem organizada.
Para combater esse cenário de calamidade e insegurança pública que já envolve
confrontos em grande escala entre grupos armados de facções diferentes, será necessário
que o Estado se articule e organize de forma rápida e eficiente, com o intuito de se
recompor institucionalmente, para que possa vencer essa guerra contra o narcotráfico.

Uruguai:

Em Junho de 2012, o Uruguai legalizou em seu território nacional a distribuição


e venda de maconha fiscalizada pelo Estado na busca de combater crimes relacionados à
drogas e por questões de saúde pública. Esta ação política do presidente uruguaio José
Mujica levou o Uruguai a se distanciar de medidas policiais para combater o tráfico de
drogas e os crimes cometidos pelos carteis e outros grupos de traficantes pelo continente
sul-americano.

O mandato do presidente Uruguaio tem sido muito marcante para o país,


principalmente pela figura política de Mujica. Marcado por discursos em prol da
cooperação internacional, da diplomacia, dos direitos humanos e do meio ambiente, o
ex-líder revolucionário goza de muito prestígio dentro e fora de seu país.
Em junho de 2014, o secretário Nacional de Drogas do Uruguai, Julio Heriberto
Calzada, afirmou que a medida uruguaia de legalização da maconha reduziu a zero o
número de mortes causadas pelo tráfico dessa substancia. Entretanto, o secretário

26
uruguaio enfatizou que as drogas não são iguais entre si, portanto as medidas utilizadas
para reverter os problemas sociais causados por seu comércio ilegal também não devem
ser iguais.

Apesar da legalização, a população uruguaia possui um limite de quantidade


permitido tanto para consumo como para plantio doméstico de Cannabis. Quem planta,
pode cultivar até 6 pés; e quem compra pode comprar até 40g por mês. Além disso
também existem os chamados “Clubes da Cannabis”, onde se pode cultivar em grupo
uma quantidade proporcional ao número de pessoas. A lei também prevê a produção de
cânhamo para que seja usado como matéria prima para produzir papel, tecido e outros.
Um órgão do Estado é responsável pela fiscalização da produção e do consumo
(IRRCA), juntamente com outros agentes estatais auxiliadores.
Em 2013, Tabaré Vásquez, presidente uruguaio entre 2005 e 2010, havia afirmado que a
legalização da cocaína seria uma possível consequência da lei da maconha recentemente
posta em vigor.

Quando questionado sobre o assunto, Tabaré respondeu que as liberdades


individuais devem ser respeitadas, e que o consumo da droga era uma questão pessoal e
não jurídica. Essa distinção entre consumo, produção e comércio é muito enfatizada
pelas autoridades do país.

Em 22 de Dezembro de 2013, por exemplo, a Marinha do Uruguai anunciou a


bem-sucedida Operação “Tiburón Quemado”, que apreendeu cerca de 1 tonelada e meia
de cocaína de um barco pesqueiro que seguia em direção à Europa em águas Uruguaias.

A operação “Tiburón Quemado” faz parte de uma ampla ação do governo


uruguaio de combate ao tráfico de drogas. Com cada vez mais frequência, grupos do
crime organizado estão usando o Uruguai como ponto de transbordo, para transportar
cocaína e outras drogas através do país e, então, para o México, os Estados Unidos ou a
Europa. Os narcotraficantes da Colômbia e do Equador e as gangues criminosas da
América Central disputam o controle das rotas do tráfico de drogas no Cone Sul, a
extremidade sul da América Latina que inclui Uruguai, Argentina, Chile e parte do
Brasil

Hoje o Uruguai passa por um período de maior estagnação na sua política de


regulamentarização do consumo e do plantio de maconha. O atual presidente, eleito em

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2014, Tabarez Vasquez, é mais moderado quanto ao processo começado pelo seu
antecessor e colega partidário Pepe Mujica. Vasquez, médico e antitabagista, busca uma
maneira mais moderada de perpetuar o processo iniciado pela administração passada,
mesmo o atual presidente já tendo se declarado favorável a terminar o processo de
legalização e regulamentarização da maconha em solo uruguaio.

Chile

A política atual de drogas no Chile segue o padrão militarista e policial tomado


como exemplo dos Estados Unidos durante a década de 80. Do tráfico ao consumo, tudo
é ilegal. Apesar disso, projetos de lei que preveem a descriminalização do consumo de
maconha já estão em trâmite no Congresso Nacional, além de o cultivo dessa substância
ser legalizado mediante comprovação de que ela será brevemente consumida por quem
cultiva por parte do “Servicio Agrícola y Ganadero” chileno.
Contudo, a base da política de guerra às drogas chilena está na lei de Nº 17.934, de
1973, tendo sido atualizada em 1985, 1994 e em 2007, já no mandato da atual
presidente Michelle Bachelet.

Em 2012, o ministro do Interior do Chile, Rodrigo Ubilla, anunciou que o


governo chileno implementaria o uso de aviões não tripulados (chamados Drones) para
intensificar a fiscalização em suas fronteiras com a Bolívia e o Peru, afim de impedir o
avanço do narcotráfico na região. É uma medida que ajuda a poupar contingentes
militares que seriam mandados a fiscalizar eventualmente as fronteiras.

Uma participação chave da polícia chilena no combate ao tráfico foi quando, em


2011, as autoridades do Chile auxiliaram na operação comandada pela DEA que
resultou na prisão de um general boliviano, René Sanabria. A operação consistiu em
uma emboscada: uma compra simulada de cocaína conduzida pelas autoridades.
Sanabria, na Bolívia, era o chefe da polícia Antidrogas da Bolívia. A operação causou
um clima de descontentamento entre os vizinhos latino-americanos, e as autoridades
chilenas foram alvo de duras críticas por parte do presidente boliviano Evo Morales.
Em dados estatísticos, estima-se que o percentual da população chilena usuária de
cocaína é de 4,7%, enquanto que de maconha está em mais ou menos 20%.

28
Panamá

A lei de controle e repressão às drogas no Panamá rotula como criminosos todos aqueles
envolvidos no porte, tráfico ou produção de entorpecentes no país. Para fins legais,
drogas são todas as substâncias que causam dependência.

No dia 9 de Março de 2015, em meio à uma reunião do Sistema de Integração


Centro-Americana, o presidente panamenho Juan Carlos Varela fez uma proposta tática
àqueles representantes de governo presentes, que consistia na criação de uma entidade
integradora de agências de inteligência para fiscalizar a região centro-americana
integralmente, para que se possa monitorar de forma mais efetiva a movimentação dos
carteis e impedir que os entorpecentes cheguem ao seu destino final, o consumidor. O
triângulo norte da América Central (composto por Guatemala, Honduras e El Salvador)
é considerado pela ONU uma das áreas mais violentas do mundo, além de haver um alto
grau de impunidade nesses locais.

O Panamá defende uma política mais voltada a repressão e a eventuais medidas


que sejam preventivas e integradas entre os Estados. Uma vez que o país se localiza em
uma posição estratégica, e de passagem, entre as Américas central e do sul, o Panamá é
visto como uma eventual rota de transito de narcóticos, utilizado muitas vezes pela sua
proximidade com a Colômbia e a sua densa floresta tropical ao sul e ao norte do país.

Suriname e Guiana

O Suriname e a Guiana são dois países que não possuem uma grande população,
não possui grandes metrópoles e grande parte de seus territórios ainda são compostos
por floresta amazônica ainda virgem. Tais características fazem com que a temática das
drogas não seja algo que alarde tanto os governos de Suriname e Guiana em matéria de
segurança pública ou de saúde pública, os índices de consumo de drogas leves,
maconha, são baixos enquanto os índices de drogas mais pesadas, heroína ou cocaína,
são menores ainda que os baixos níveis de consumo frente as demais substancias.

Ambos os países possuem uma preocupação muito mais estratégica, política e


geográfica do que social em matéria de narcotráfico. Ambos os países, como já dito

29
anteriormente, possuem baixos níveis de consumo de drogas em seu território e não há
registros de grandes laboratórios ou de produções de coca ou maconha em larga escala
nos países. Porém, é de se lembrar que ambos estão inseridos no enorme bioma
amazônico e portanto possuem grandes problemas com relação a rotas de tráfico, abrigo
a guerrilheiros e traficantes.

Hoje o território da Guiana e do Suriname é mal fiscalizado, o poder público


destes países é muito ineficiente e não dispõe de recursos para a elaboração de políticas
de fiscalização e controle de fronteiras, o que acarreta em um constante transito de
foragidos internacionais, sejam eles traficantes ou membros das FARC, para a densa
floresta amazônico dos países.

Venezuela

A Venezuela consta na “lista negra” do governo estadunidense, desde 2011,


como um dos países que mais produziu e serviu de rota para o tráfico desde 2010. A
documentação americana, a qual fora apelidada pelos governos latino-americanos de
“lista negra”, fora elaborada para assim descriminar quais países estavam seguindo as
políticas recomendadas, e muitas vezes forçadas, por Washington como também para
servir de argumento para condenar as ações e para cobrar países os quais não são
alinhados com o governo estadunidense, como o caso da Venezuela, da Bolívia,
Equador e Nicarágua. O governo venezuelano afirma que o relatório é baseado em
política e não em dados.

O governo venezuelano começou, desde o início da década de 2000, a monitorar


e a combater o tráfico e a produção, resultados que vieram em 2009 com a confirmação
da total extinção das produções de coca e amapola do território venezuelano. Quem
estima e afirmou esses dados foi o Escritório da ONU para Drogas e Crimes, o
UNODC.

A Venezuela é mais um jogador da equipe na luta mundial contra as drogas.


Hoje, a Venezuela faz parte de 52 acordos de cooperação antidrogas, e participa da
Comissão Interamericana para o Controle do Abuso de Drogas da OEA. A Venezuela
ratificou três das principais convenções antidrogas sob o sistema interamericano, e sete
das oito convenções antidrogas das Nações Unidas.

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Em resposta à "lista negra", o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, realizou
uma entrevista coletiva em 16 de setembro de 2014, e rejeitou as alegações da falha da
Venezuela na luta contra o narcotráfico. Maduro falou sobre os esforços antidrogas da
Venezuela em nível nacional, bem como do papel de líder na região; a nação
venezuelana já fez um apelo a outros membros da União de Nações Sulamericanas
(UNASUL) para criar uma política autônoma para frear o flagelo das drogas. O combate
de maneira regional e autônomo, isso é, vindo por iniciativa e com comando e
coordenação dos países da UNASUL é, para a Venezuela, a melhor maneira de se
encabeçar e se propagar a luta contra as drogas.

8.Referências

https://www.youtube.com/watch?v=LCeuHlUqGEA

http://www.mundoeducacao.com/geografia/narcotrafico-na-america-sul.htm

http://g1.globo.com/ciencia-e-saude/noticia/2012/09/brasil-e-o-segundo-maior-
consumidor-de-cocaina-e-derivados-diz-estudo.html

http://exame.abril.com.br/mundo/noticias/colombia-nao-e-maior-produtor-de-cocaina-
da-america-latina

http://en.wikipedia.org/wiki/Pablo_Escobar

http://laurocampos.org.br/2009/09/cupula-da-unasur-em-bariloche-temores-justificados/

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http://pt.wikipedia.org/wiki/For%C3%A7as_Armadas_Revolucion
%C3%A1rias_da_Col%C3%B4mbia

http://en.wikipedia.org/wiki/FARC

http://brasil.elpais.com/

winki

http://www.oolhodahistoria.ufba.br/04coggio.html

http://dialogo-americas.com/pt/articles/rmisa/features/2014/12/04/feature-04

http://www.rree.gob.pe/temas/Paginas/Cooperacion_Internacional.aspx

http://gestion.pe/politica/peru-y-brasil-incrementaran-acciones-contra-narcotrafico-
2109444

http://es.panampost.com/rebeca-morla/2015/04/15/ecuador-debate-la-finalizacion-de-la-
guerra-contra-las-drogas/

ttp://www.elcomercio.com

http://psicodelia.org/noticias/ta-liberado-governo-do-equador-autoriza-porte-de-drogas

http://www.em.com.br/app/noticia/internacional/2013/11/12/
interna_internacional,469839/equador-esta-vencendo-a-queda-de-braco-com-os-carteis-
das-drogas.shtml

http://www.unbrussels.org/agencies/unodc.html

http://www.unodc.org/

http://www.brasil.gov.br/saude/2011/11/unasul-analisa-implantacao-de-plano-de-acao-
para-combate-as-drogas

http://brasil.embajada.gob.ve/index.php?
option=com_content&view=article&id=117%3Alucha-de-venezuela-contra-las-
drogas&catid=3%3Anoticias-de-venezuela-en-el-mundo&Itemid=19&lang=pt

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