Você está na página 1de 7

FATOS POLÍTICOS – PARTE

III
2

EDIÇÕES DA CÚPULA DAS AMÉRICAS SÃO MARCADAS POR FA-


TOS HISTÓRICOS
Entre os dias 6 e 10 de junho deste ano, em Los Angeles, nos Estados Unidos, ocorre a Cúpula
das Américas, uma reunião periódica de líderes, que discute problemas comuns e pontos impor-
tantes da dinâmica social, econômica e política do continente.
Criada em 1994, a Cúpula está em sua nona edição. Em nota, o Itamaraty confirmou a presença
do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PL), após uma resistência inicial.
A Cúpula ocorreu pela primeira vez em Miami, também nos EUA, sob o objetivo de discutir
a criação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). A proposta, porém, foi definitivamente
rejeitada na quarta edição, em 2005. A segunda reunião, em 1998, no Chile, teve como foco a edu-
cação, mas também destacou a criação de metas para o fortalecimento da democracia nas Américas.
Atenção!
Discussões sobre a Alca, Carta Democrática Interamericana e encontros entre nações politicamente
divergentes estão entre os eventos que marcaram a diplomacia americana.
Entre os acontecimentos históricos da Cúpula está a definição da Carta Democrática Interame-
ricana, na edição de 2001, em Québec, no Canadá. O artigo 1º da Carta estabelece que “os povos
da América têm direito à democracia e seus governos têm a obrigação de promovê-la e defendê-la”.
A edição de 2009, em Trinidad e Tobago, foi marcada pela imagem do então presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, recebendo um exemplar do livro “As Veias Abertas da América
Latina”, de Eduardo Galeano, das mãos do venezuelano Hugo Chávez. O encontro apresentou um
forte poder simbólico de união entre nações com divergências políticas.
Na convenção seguinte, em 2012, na cidade colombiana de Cartagena, houve uma tentativa
de interromper o isolamento de Cuba na conferência por meio de um convite feito pelo então
presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ao cubano Raúl Castro. A ação, porém, causou a
desistência de outros líderes além de represália dos Estados Unidos.
A presença de Castro, todavia, ocorreu em 2015, na edição realizada no Panamá. A reunião
ficou marcada pelo encontro histórico entre lideranças de Cuba e dos EUA, representados pelo
então presidente Barack Obama.
Já a edição de 2018, anterior à deste ano, se destacou pela primeira ausência de um líder
norte-americano na história da Cúpula. Na ocasião, que teve o combate à corrupção como tema, o
então presidente norte-americano, Donald Trump, recusou o convite do anfitrião peruano, Pedro
Pablo Kuczynski.

CÚPULA DAS AMÉRICAS DEMONSTRA DECLÍNIO DA INFLUÊNCIA DOS


EUA NA AMÉRICA LATINA
As definições de poder no cenário geopolítico mundial foram atualizadas com sucesso — e
os Estados Unidos parecem ter dificuldades para “aceitar” essas novas condições. Na mais recente
edição da Cúpula das Américas, o mundo pôde ler nas entrelinhas dos contratos sociais que o
poderio estadunidense sob os países vizinhos sofre uma baixa.
Depois de convocar os líderes e diplomatas latino-americanos que lhe interessavam, a Casa
Branca sofreu uma série de recusas e até boicote por ter deixado Venezuela, Cuba e Nicarágua
fora de sua lista. Alegando que apenas convidaria nações sob o regime democrático, os Estados
 3

Unidos receberam críticas de todos os lados — inclusive daqueles que compareceram ao evento,
como o presidente do Chile, Gabriel Boric, e a presidenta de Barbados, Sandra Mason.
O levante da voz dessas lideranças mostra uma inversão nas dinâmicas de poder. Historica-
mente, os Estados Unidos sempre usaram de sua força política e econômica para interferir nas
relações de seus vizinhos, e é difícil acreditar que, anos atrás, algum desses países teriam “coragem”
de negar um pedido da Casa Branca, como acontece agora.
De fato, o papel da China na América Latina cresceu rapidamente. Em 2000, o mercado chinês
representou menos de 2% das exportações da América Latina, mas logo houve um boom de com-
modities na região. Nos oito anos seguintes, o comércio cresceu a uma taxa média anual de 31%,
atingindo o valor de US$ 180 bilhões em 2010. Em 2021, o comércio totalizou US$ 450 bilhões, e
os economistas preveem que poderá ultrapassar US$ 700 bilhões até 2035.
Essa ascensão da presença chinesa em territórios vizinhos acende alerta na Casa Branca, que
também disputa a liderança geopolítica com Pequim em outros lugares. Paralelamente, com o dis-
tanciamento da América Latina, os Estados Unidos se veem em uma posição mais frágil — e isso
pode ser crucial quando se fala na possibilidade de uma recessão.
“Não acho que há alguma relação que possa salvar os Estados Unidos de uma crise, mas tenho
certeza que, se a relação com os países vizinhos fosse melhor, o impacto poderia ser amortecido. A
história nos prova a importância da comunidade em tempos difíceis”, diz Michael Shifter, presidente
do centro de pesquisas Inter-American Dialogue.
Prova do fracasso das tentativas da Casa Branca em retomar o “namoro” com os vizinhos foi
a pouca importância dada ao evento por parte da imprensa internacional. A cobertura da Cúpula
das Américas foi pífia no exterior, e tampouco ajudou o fato de que nenhum grande acordo ou
contrato tenha sido firmado.
Aliás, pelo contrário, a grande “conquista” do encontro dos líderes na semana passada foi um
acordo de colaboração para as questões imigratórias. Os países presentes se comprometeram a
colocar sob rédeas questões humanitárias, a fim de reduzir o fluxo migratório rumo às fronteiras
estadunidenses. O documento, embora redigido de maneira humanitária, reforça a ideia de que
há uma crise de imigração.
Enquanto se ocupa de levantar mais muros e grades, os Estados Unidos perdem a oportunidade
de construir pontes com quem lhe cerca. O isolamento social que a maior potência do mundo falhou
em colocar em prática durante a pandemia, pode ser justamente o efeito colateral de uma política
desajeitada, que tende a subjugar tudo e todos que estão ao sul de sua fronteira.
Fique ligado!
Evento diplomático foi questionado até mesmo por participantes após Casa Branca decidir vetar países da
região.

FMI, GUERRA NA UCRÂNIA, FOME E EXCLUSÃO REGIONAL: A DURA


MENSAGEM DE FERNÁNDEZ A JOE BIDEN
Os representantes dos países presentes na 9ª Cúpula das Américas, nos Estados Unidos, discur-
saram em Los Angeles. O discurso mais esperado era o de Alberto Fernández, presidente argentino.
Presente no encontro também como presidente da Comunidade de Estados Latino-Americanos e
Caribenhos (Celac), Fernández foi incumbido de responder à decisão do presidente Joe Biden de
não convidar Cuba, Nicarágua e Venezuela. Além disso, atendia o pedido do presidente mexicano,
Andrés Manuel López Obrador, um dos mandatários que decidiram não comparecer à Cúpula em
forma de protesto.
4

Sexto orador na ocasião, o presidente argentino foi direto já no começo de seu discurso:
“Lamento que não podemos estar presentes todos os que devíamos estar, neste âmbito tão propício
ao debate”, afirmou, logo após estimar os esforços para realizar a Cúpula.
Em seu discurso, Fernández não deixou de fora nenhuma das temáticas mais caras à região
latino-americana: os impactos da guerra na Ucrânia, da crise climática e da fome sobre uma região
que emite pouco gases do efeito estufa, contribui para emissão de oxigênio no planeta e é grande
produtora de alimentos. Além disso, falou da sujeição econômica na lógica de dívidas imposta aos
países em desenvolvimento; e do papel da Organização dos Estados Americanos (OEA) no golpe
de Estado na Bolívia.
Na semana em que enviou ao Congresso Nacional o projeto de lei para arrecadar parte do lucro
inesperado de grandes empresas na Argentina que cresceram graças à guerra na Ucrânia, Fernández
também apontou para a desigualdade perpetuada pelo poder econômico concentrado. “Devemos
abordar a necessidade de políticas impositivas progressivas, mesmo quando as elites domésticas
nos apresentem como um perigo para a qualidade democrática”, destacou.
“O lucro inesperado que a guerra entregou como um presente a grandes corporações alimen-
tícias, petroleiras e armamentistas deve ser taxada para melhorar a distribuição de renda.”

A VOZ DOS PAÍSES EXCLUÍDOS


Reforçando estar presente na ocasião como presidente da Celac, ressaltou o impacto da pan-
demia de covid-19 sobre a América Latina e o Caribe, que passou a ser a região mais endividada
do mundo. “O peso médio da dívida externa supera 77% do Produto Bruto Regional”, apontou.
Outro dado citado por Fernández foi a informalidade trabalhista, que supera 50% na região, além
da expectativa de vida mais baixa na pobreza, o que chamou de “loteria do nascimento”.
Em seguida, questionou a ordem global vigente. “O mundo central determinou regras finan-
ceiras evidentemente desiguais. Alguns poucos concentram renda enquanto milhões de seres
humanos ficam encurralados na pobreza.”
Logo de início, não deixou de mencionar os bloqueios efetuados contra países da região. “Da
periferia onde nos colocam, a América Latina e o Caribe veem com dor o padecimento de povos
irmãos. Cuba suporta um bloqueio de mais de seis décadas imposto nos anos da Guerra Fria, e a
Venezuela tolera outro, enquanto uma pandemia que assola a humanidade arrasta consigo milhões
de vidas.”
Mesmo sem nomear os Estados Unidos em relação aos bloqueios perpetuados, foi direto ao
criticar a exclusão política de determinados países da Cúpula das Américas: “Ser o país anfitrião
não outorga a capacidade de direito de admissão”, disse.
“Estou aqui buscando construir pontes e derrubar muros”, disse. E, dirigindo-se a Biden, fez
uma contraproposta à lógica excludente perpetuada pelo presidente anfitrião. “Como presidente
da Celac, quero convidá-lo a participar da nossa próxima reunião plenária. Sonho que, em uma
América fraternalmente unida, tenhamos o compromisso de que todos os seres humanos do nosso
continente tenham direito ao pão, à terra, ao teto e ao trabalho digno.”
Apostando no que chamou de “associação estratégica comum”, o presidente argentino lançou
uma proposta global para enfrentar a fome e a emergência climática. “Organizemos continental-
mente a produção de alimentos e proteínas e desenvolvamos nosso enorme potencial energético
e de minerais críticos para a transição energética.”
Dirigindo-se a Biden em diversos momentos, Fernández, em outras palavras, convidou o pre-
sidente norte-americano a escolher um caminho diferente de seu antecessor, Donald Trump.
 5

“Presidente, Biden, tenho certeza de que este é o momento de abrir-se de modo fraterno
em prol de favorecer interesses comuns. Os anos prévios à sua chegada ao governo dos Estados
Unidos estiveram guiados por uma política imensamente danosa para nossa região, executada pela
administração que o precedeu. É hora de que essas políticas mudem e os danos sejam reparados.”
Na sequência, apontou contra as instituições internacionais que operam contra países da região.
“A OEA foi utilizada como um soldado que facilitou um golpe de Estado na Bolívia. Apro-
priaram-se da condução do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que historicamente
esteve em mãos latino-americanas. Foram desbaratadas as ações de aproximação a Cuba”, afirmou.
“A intervenção do governo de Donald Trump no Fundo Monetário Internacional foi decisiva para
facilitar um endividamento insustentável a favor de um governo argentino em decadência”, disse,
em referência à presidência de Mauricio Macri, cúmplice de Trump, único momento em que citou
a política de seu país em particular. “Por tamanha indecência, hoje, todo o povo argentino sofre.”

TENSÕES ENTRE RÚSSIA E UCRÂNIA


As tensões entre a Rússia e a Ucrânia escalaram rapidamente a partir de dezembro de 2021,
culminando na invasão do território ucraniano pelo país vizinho apenas dois meses mais tarde.
Os motivos pelos quais esse quadro se instalou na região do Leste Europeu remontam ao passado
histórico dos dois países e a questões de ordem sociocultural, econômica e política.
As áreas que correspondem hoje aos países da parcela oriental do continente europeu, espe-
cialmente Rússia, Ucrânia e Belarus, foram ocupadas pela primeira vez por povos pertencentes a
uma mesma matriz étnica, comumente chamados de primeiros eslavos ou ainda Rus, denominação
atribuída muito depois do início do povoamento. Dessa forma, apesar da particularidade cultural
de cada um deles, há uma série de elementos culturais que os conectam.
Pensando na questão geopolítica e territorial, a história de formação da Ucrânia e a expansão
do território russo ao longo dos séculos nos auxiliam também na compreensão do atual contexto na
região. Durante a segunda metade do século XVIII, teve início a anexação de uma parte do território
ucraniano pelo Império Russo, que se expandiu por diversas áreas a oeste e ao sul, o que inclui a
península que corresponde à Crimeia. Após conquistar a sua independência, o país foi incorporado
à União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no ano de 1922.
A Ucrânia fez parte do bloco soviético durante toda a Guerra Fria, tornando-se novamente
independente somente em 1991 com o desmantelamento da URSS. Nesse ínterim, no ano de 1954,
a península da Crimeia, que pertencia até então ao território russo, foi cedida para a Ucrânia em
uma manobra interpretada como simbólica e estratégica. Quase seis décadas mais tarde, essa área
retornaria para o domínio russo, causando uma profunda crise diplomática e geopolítica com a
Ucrânia, conhecida como questão da Crimeia, que se desenrolaria no conflito atual.
Outro fato importante que aconteceu no intervalo entre a formação da União Soviética e a sua
separação foi a criação, em 1949, da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), uma aliança
política e militar que tem por objetivo a resolução e prevenção de conflitos e a proteção de seus
países-membros. Após o fim da Guerra Fria, a Otan se expandiu para o Leste Europeu, com maior
aproximação da Ucrânia. Esse país iniciou também o diálogo com a União Europeia, demonstrando
interesse em integrar oficialmente o bloco.
Fique ligado!
Trata-se de algo multifatorial, a Rússia invadiu a Ucrânia no dia 24 de fevereiro de 2022, após uma escalada nas
tensões que haviam tido início poucos meses antes.
6

MOTIVAÇÃO DAS INVASÕES


Os motivos pelos quais a Rússia invadiu a Ucrânia ainda causam intensos debates entre analistas
políticos e pesquisadores. A invasão aconteceu no dia 24 de fevereiro de 2022, mas, como vimos
acima, muitas de suas motivações podem ser identificadas por meio de uma análise histórica da
conflituosa relação entre os dois países do Leste Europeu.
Uma das principais razões apontadas para a invasão é a maior aproximação da Ucrânia com a
Otan, organização essa que representa, na visão russa, os países do Ocidente e alguns de seus prin-
cipais oponentes políticos no cenário internacional, dentre eles os Estados Unidos. Outras nações
do Leste Europeu e que fazem fronteira com a Rússia, inclusive, são parte dessa aliança, como os
países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) e a Polônia, restando somente a Ucrânia e Belarus.
Além de um provável ingresso na Otan indicar a maior força do Ocidente na região e, por
conseguinte, a redução da influência russa sobre a Ucrânia, o território ucraniano passaria a adotar
a política de segurança e proteção militar da aliança, o que acarretaria em apoio direto de outros
países-membros em caso de instabilidades na região.
Tais ações representariam uma ameaça para a Rússia. No entanto, após um mês do início do
conflito, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky teceu críticas à atuação da Otan com relação
à falta de auxílio ao seu país.
Outra causa da invasão está diretamente associada com eventos passados, que foram desen-
cadeados em 2013. À época, as negociações para o ingresso da Ucrânia na União Europeia foram
suspensas pelo então presidente do país, cujos ideais políticos se alinhavam à Rússia. Ele foi deposto
do cargo no ano seguinte, 2014, após uma intensa onda de protestos no país.
No mesmo ano, ocorreu a anexação da Crimeia ao território da Rússia, além de que os russos
declararam apoio às regiões separatistas do leste da Ucrânia. Ambas possuem um grande contin-
gente populacional de origem russa, e o governo do país alega que as ações visavam proteção dos
cidadãos russos ou com raízes russas.
Alguns dias antes de efetivar a invasão, ocorreu o reconhecimento da independência das
regiões separatistas de Donetsk e Luhansk pela Rússia, no leste ucraniano. Isso fez com que os
russos deslocassem suas tropas para aquela área, se inserindo de fato nos limites fronteiriços da
Ucrânia e se aproximando de áreas estratégicas do país.
As causas acima são as mais conhecidas e associadas à invasão russa da Ucrânia. Há ainda
análises que apontam motivos políticos do presidente da Rússia, Vladimir Putin, para a invasão,
como a demonstração do poder de influência russo sobre a região e a resolução de “negócios ina-
cabados” com a nação vizinha.
Atenção!
Algumas das motivações que conduziram a esse cenário no Leste Europeu, como a maior aproximação da
Ucrânia com organizações como a Otan e a União Europeia, são compreendidas mediante a análise das
relações históricas entre ambos os países, remetendo principalmente à incorporação da Ucrânia à União
Soviética, ao contexto da Guerra Fria e ao domínio sobre a península da Crimeia.

FATORES
ͫ Embora as tensões entre a Rússia e a Ucrânia tenham escalado rapidamente no final
de 2021, suas raízes remontam ao passado histórico e às relações territorial, cultural e
política entre esses dois países.
 7

ͫ A possibilidade de a Ucrânia ingressar na Otan é uma das causas do conflito. Isso signifi-
caria maior aproximação em relação ao Ocidente e perda de influência da Rússia sobre
o país.
ͫ Além disso, levando em conta os objetivos dessa aliança, os demais países-membros
da Otan protegeriam de forma direta e indireta a Ucrânia, o que poderia aumentar a
capacidade militar do país e representar uma ameaça para a Rússia.
ͫ Uma profunda crise política que se instalou na Ucrânia após a suspensão das negociações
com a União Europeia e a questão da Crimeia são também causas do conflito.
ͫ Pouco antes da invasão de fato, que aconteceu em 24 de fevereiro de 2022, a Rússia
reconheceu a independência das regiões separatistas da Ucrânia.
ͫ Algumas das consequências do conflito são a grande onda de refugiados ucranianos,
centenas de mortos e feridos, além de sanções econômicas contra a Rússia e os membros
de seu governo de maneira pessoal.

CONFLITO NA UCRÂNIA PODE LEVAR A UMA “GUERRA FRIA 2.0”, DIZ


DIRETOR DA EURASIA
Para o cientista político Christopher Garman, diretor-executivo para as Américas da consultoria
Eurasia, mesmo que a guerra na Ucrânia não demore a acabar, o redesenho que já está provocado
nas forças geopolíticas deve perdurar e levar ao que chamou de “guerra fria 2.0”.
“A gente acredita que uma versão de guerra fria 2.0 é o mais provável”, disse Garman, refe-
rindo-se aos possíveis cenários mesmo após um eventual término dos ataques militares da Rússia
na região.
“Claro que nós, da Eurasia, atribuímos uma probabilidade à saída diplomática de 30%, mas não
vemos sinais para este caminho. O que acredito é que, se continuamos com um cenário em que a
Rússia continua a ocupar parte da Ucrânia, e as sanções não saem, aí o que vemos é uma versão
do isolamento da Rússia no cenário internacional.”
O enfraquecimento do G20, do qual a Rússia ainda faz parte, e um maior alinhamento da
economia russa com os países asiáticos, são outras configurações desse novo cenário de maior
isolamento descrito por Garman.
De acordo com ele, é até possível que a ofensiva militar em si se encerre nos próximos meses.
“Essa guerra está sendo muito mais difícil do que Putin imaginava e chegando próxima a um fra-
casso”, afirmou.
As diversas sanções econômicas à Rússia, porém, defende, devem continuar. Também devem
se manter o movimento da Europa em reduzir sua dependência energética da Rússia e as restrições
logísticas de produtos exportados pelos russos, como os fertilizantes consumidos pelo Brasil.
“É importante chamar a atenção que o fim do conflito militar não necessariamente significa
uma saída diplomática e, igualmente importante para a economia global, a retirada das sanções
postas sobre a Rússia.”
Fique atento!
Para Christopher Garman, mesmo que a ofensiva militar acabe, sanções econômicas e isolamento da
Rússia devem perdurar.

Você também pode gostar