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Imagem da capa: Cerimónia do içar das bandeiras de Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Moçambique na
sede da Organização das Nações Unidas.
Da esquerda para a direita: Abílio Duarte, ministro dos Negócios Estrangeiros de Cabo Verde; Gaston
Thorn, presidente da Assembleia-Geral; Kurt Waldheim, secretário-geral; Miguel Trovoada, primeiro mi-
nistro de São Tomé e Príncipe; e Joaquim Chissano, ministro dos Negócios Estrangeiros de Moçambique.
Título
A Organização das Nações Unidas
e a Questão Colonial Portuguesa:1960-1974
AUTOR
Aurora Almada e Santos
ISBN: 978-972-9393-39-6
Depósito legal: 424637/17
ÍNDICE
Agradecimentos........................................................................................... 7
Abreviaturas................................................................................................. 9
Prefácio...................................................................................................... 11
Introdução................................................................................................. 15
Conclusão................................................................................................ 317
Fontes...................................................................................................... 323
Bibliografia.............................................................................................. 325
Agradecimentos
Fontes de Arquivo:
AHD – Arquivo Histórico-Diplomático
ANTT – Arquivo Nacional Torre do Tombo
GNP – Gabinete dos Negócios Políticos
Mç – Maço
POI – Política e Organismos Internacionais
UNARMS – United Nations Archives Record Management Section
Prefácio
1
Veja-se Mark Mazower, 2009. No Enchanted Palace. The End of Empire and the Ideological
Origins of the United Nations. Princeton NJ: Princeton University Press, capítulo 6 e Afterword,
e do mesmo autor, Governing the World. The History of an Idea. London: Penguin Books, 2013,
maxime pp. 254-272.
Prefácio | 13
1
Goldstein e Kehoane definem três tipos de crenças: as opiniões mundiais, as principled beliefs
e as causal effects. Outros estudos, como o de Hendrik Spruyt (2000: 67), propõem uma
classificação que distingue três categorias de normas: as que delineiam regras morais, as que
fazem parte de prescrições consideradas como dados adquiridos e as que servem propósitos
utilitários.
16 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
2
Um dos esforços mais bem-sucedidos para o desenvolvimento desta perspectiva é o United
Nations Intellectual History Project, iniciado em 1999 pelo City University of New York, que
aborda os contributos da Organização para as áreas da economia e do desenvolvimento social,
abarcando temas como os direitos humanos, incluindo o direito à autodeterminação, a susten-
tabilidade ou as questões de género. Sobre o projeto vide <URL:http://www.unhistory.org/>.
3
Esta abordagem foi desenvolvida no âmbito do projeto Creation, Adoption, Negation and
Distortion of Ideas in Development (CANDID), da Universidade de Oslo, Noruega.
Introdução | 17
4
As referências citadas não são exaustivas. Para mais informação vide a bibliografia.
Introdução | 19
que terá sido impotente perante a recusa portuguesa em colaborar com os seus
órgãos, concluindo-se que no início da década de 1970 tinha esgotado todos
os meios de persuasão e que não existiam mecanismos para obrigar Portugal a
implementar a ideia de autodeterminação (Barbier, 1974: 387). A nota favo-
rável à atuação das Nações Unidas é reservada para o período pós-1974, com
a mudança de regime em Portugal, quando se defende que as suas ações foram
determinantes para o reconhecimento pelo governo português do direito à
autodeterminação (Ferreira, 2006: 118-122). Apresentando uma perspectiva
convencional, as abordagens existentes nem sempre têm vindo a demonstrar
que o caso português contribuiu para mudanças normativas nas atitudes e
práticas quanto à ideia de autodeterminação.
Pretendendo relativizar o entendimento de que as Nações Unidas não foram
eficazes, este livro pressupõe algumas escolhas metodológicas. As ferramentas
de análise derivadas da História Institucional, que enquadram as instituições
num determinado contexto, analisam as suas funções, estudam o seu funcio-
namento e identificam os seus atores, serão empregues para se perceber a na-
tureza e as ações da Organização. Os métodos da História Internacional, que
se caracterizam por uma pluralidade de práticas, serão igualmente utilizados
com o objetivo de, ultrapassando o paradigma nacional, se adotar uma pers-
pectiva multinível, que equacione as perceções dos diferentes intervenientes
na questão colonial portuguesa. Pelo seu potencial serão valorizados os contri-
butos da Global History, o que permitirá considerar os debates sobre o colonia-
lismo português como fazendo parte de um fenómeno transnacional: a mu-
dança normativa quanto ao colonialismo que resultou na independência dos
povos colonizados. Uma vez que podem ser utilizados para explicar a influên-
cia das crenças e dos valores nas ações dos estados, não se poderá deixar de
abarcar os critérios da História das Ideias, que permitirão compreender os
múltiplos significados que a autodeterminação assumiu nas Nações Unidas.
Sem que haja a intenção de circunscrever o objeto de estudo a um único cam-
po, entendemos que a melhor interpretação será a que resulte da conjugação
de diferentes metodologias. Uma pesquisa multiarquivo, baseada na recolha
de fontes primárias em instituições portuguesas e estrangeiras, complementará
os pressupostos metodológicos subjacentes ao livro. Na recolha das fontes
privilegiou-se não somente a versão pública, oficial, dos acontecimentos, mas
também as ações paralelas, que narram histórias mais complexas, designada-
mente as tentativas de influenciar o processo de decisão das Nações Unidas.
Na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra (que desde 1957 faz parte
da rede de instituições depositárias das publicações das Nações Unidas), na
Biblioteca Dag Hammarskjöld, em Nova Iorque, na Biblioteca da Universida-
de da Colúmbia Britânica, no Canadá, e no Centro Regional de Informação
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1
Nations Unies – A/4390/Add. 1. Supplément n.º 1A. Introduction au Rapport Annuel du Secré-
taire General sur l’Activité de l’Organisation. 16 Juin 1959-15 Juin 1960. Nova Iorque: s.n.,
1960. p. 3-4.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 23
2
Nas conferências que antecederam o estabelecimento da Organização, por oposição do Reino
Unido não foram claramente definidas as responsabilidades que as NU poderiam ter nas ques-
tões coloniais. Em São Francisco, a discussão sobre os territórios dependentes resultou num
desacordo entre os participantes. A grande dificuldade foi precisamente a de associar às dispo-
sições sobre os territórios dependentes a ideia de autodeterminação, por se temer que pudesse
servir de justificação à secessão. Para proteger os seus interesses, as potências coloniais resistiram
à introdução de provisões potencialmente radicais, consentindo somente algumas alterações,
ainda que substanciais, nas propostas iniciais sobre os territórios dependentes. Cf. Luard,
1989b: 58-62.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 25
3
Organização das Nações Unidas. Carta da Organização das Nações Unidas. Disponível em
<URL: http://www.un.org/spanish/Depts/dpi/portugues/charter/index.htm>, data de acesso
01/02/2013.
26 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
4
Idem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 27
5
United Nations. Resolution 144 (II), 3 November 1947. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 29
6
United Nations. Resolution 222 (III), 3 November 1948. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
7
Idem.
8
United Nations. Resolution 567 (IV), 18 January 1952. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
9
United Nations. Resolution 742 (VIII), 27 November 1953. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
30 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
10
Nem todas as abordagens têm reconhecido de forma pacífica o estatuto do anticolonialismo
enquanto direitos humanos. Alguns defendem que o movimento anticolonial não foi na sua
essência um movimento de direitos humanos. Cf. Burke, 2010: 5.
11
United Nations. Resolution 217 (III), 10 December 1948. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 31
12
United Nations. Resolution 545 (VI), 5 February 1952. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
13
United Nations – Yearbook of the United Nations: 1956. s.l.: s.n., s.d. p. 290.
32 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
14
Ibidem.
15
United Nations – Yearbook of the United Nations: 1957. s.l.: s.n., s.d. p. 294.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 33
481)16. Dada a previsão de que não se conseguiria continuar por mais tempo
a recorrer à regra dos 2/3, por iniciativa do Reino Unido, que pretendia que se
discutisse unicamente princípios gerais, enquanto mero exercício académico,
a AG aprovou (em 1959) o estabelecimento do designado Comité dos Seis
(Martins, 1995: 188). Argumentando que a composição do Comité – na qual
participariam, em paridade, potências coloniais e estados que não possuíam
coloniais – tinha sido decidida de forma irregular, Portugal rejeitou a colabo-
ração com o órgão, exprimindo reservas quanto aos resultados do seu estudo17.
Demonstrando um amplo consenso entre os seus membros, o Comité dos Seis
aprovou, de forma unânime, 12 princípios sobre a transmissão de informações
ao abrigo do Art.º 73.º. Com o entendimento de que as disposições do Capí-
tulo XI da Carta deviam ser examinadas à luz da mudança dos espíritos, os
princípios apresentados estabeleceram uma definição do conceito de territó-
rios não autónomos (Lopes, 2003: 55). Adotando um âmbito estritamente
colonial, o que afastou a possibilidade de alargamento a outras realidades, a
definição considerou como não autónomos todos os territórios que estivessem
geograficamente separados, fossem étnica ou culturalmente distintos do país
que os administrava e que, adicionalmente, pudessem encontrar-se numa
situação de subordinação administrativa, jurídica, económica ou histórica18.
Numa escolha livre e voluntária, as populações acederiam ao autogoverno
quando tivessem atingido a independência, nas situações de associação a um
Estado independente ou aquando da integração num outro país. Privilegian-
do-se claramente que os territórios não autónomos alcançassem o autogover-
no pela independência, exigências acrescidas foram impostas às soluções
decorrentes da associação e da integração num outro Estado (Lopes, 2003:
56). Em caso de associação ficou estabelecida a liberdade dos territórios modi-
ficarem o seu estatuto a qualquer momento, devendo o processo de integração
resultar de um estádio avançado de autogoverno e ser conduzido numa base
de absoluta igualdade.
16
Segundo o Art.º 18.º, § 2.º-3.º, a maioria de 2/3 aplica-se a decisões relativas a recomenda-
ções sobre a manutenção da paz e da segurança; eleições para os conselhos de Segurança, Tutela
e Económico e Social; admissão, suspensão e expulsão de estados membros; assuntos de tutela
e de orçamento; e questões em que se decidisse por maioria simples que deveriam ser conside-
radas como importantes. Cf. Organização das Nações Unidas. Carta da Organização das Nações
Unidas. Disponível em <URL: http://www.un.org/spanish/Depts/dpi/portugues/charter/in-
dex.htm>, data de acesso 01/01/2013.
17
Arquivo Histórico-Diplomático (AHD), Fundo Política e Organismos Internacionais (POI),
Maço (Mç.) 148, Processo XH-1, Anos de 1960-1961, Vol. XIII, Telegrama da Missão de Por-
tugal na ONU para o MNE, de 28 de Julho de 1960, p. 1-3.
18
United Nations. Resolution 1541 (XV), 15 December 1960. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
34 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
19
United Nations – Yearbook of the United Nations: 1960. s.l.: s.n., s.d. p. 511-512.
20
Esta cláusula terá sido influenciada pelo Reino Unido, que pretendia uma salvaguarda contra
a intromissão das NU na condução dos seus territórios coloniais para a independência. Cf.
Oliveira, 2007: 207.
21
United Nations – Yearbook of the United Nations: 1960…p. 511-512.
22
AHD, Fundo POI, Mç. 151, Processo XH-2, Anos de 1956, 1961-1963, Vol. XII, Telegra-
ma do MNE para a Missão de Portugal na ONU, de 16 de Novembro de 1960, p. 1.
23
AHD, Fundo POI, Mç. 151, Processo XH-2, Anos de 1956, 1961-1963, Vol. XII, Carta da
Embaixada de Portugal em Madrid para o MNE, de 26 de Janeiro de 1961, p. 1.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 35
24
AHD, Fundo POI, Mç. 148, Processo XH-1, Anos de 1960-1961, Vol. XIII, Telegrama da
Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 12 de Novembro de 1960, p. 1.
25
O texto soviético propôs uma autodeterminação baseada na soberania estatal, não interferên-
cia e cooperação internacional. Tendo por objetivo exclusivamente o colonialismo europeu e a
independência nacional, o projeto de resolução ignorou a ligação entre a autodeterminação e os
direitos humanos. Aceitando a violência como forma de colocar termo ao colonialismo, atacou
as potências coloniais, citando os abusos e a exploração económica subjacentes ao sistema colo-
nial. Cf. Burke, 2010: 50-51.
36 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
tivesse votado contra, o projeto afro-asiático foi adotado por 89 votos favorá-
veis e as abstenções das principais potências coloniais, entre as quais Portugal,
tornando-se na resolução 1514 (XV), de 14 de dezembro.
Herdeira da tradição dos documentos sobre questões de natureza geral que a
AG adquirira a prática de adotar, a Declaração sobre a Concessão da Indepen-
dência aos Países e Povos Coloniais, conhecida como A Magna Carta da Des-
colonização, constituiu um capítulo adicional no processo normativo de trans-
formação do princípio de autodeterminação num direito (Lopes, 2003: 47;
Philpott, 2001: 155-156). O texto baseou-se largamente em elementos defi-
nidos na Conferência de Bandung (1955), demonstrando o impacto que a
ação coordenada dos países afro-asiáticos podia ter numa determinada questão
na ONU (Alden, Morphet e Vieira, 2010: 42-43). Uma das influências de
Bandung esteve precisamente representada na Declaração sobre a Concessão
da Independência aos Países e Povos Coloniais, que reproduziu algumas das
conclusões da Conferência, onde fora considerado que o direito dos povos e
nações à autodeterminação constituía o pré-requisito para o completo usufru-
to de todos os direitos humanos fundamentais (Burke, 2010: 5). Em conse-
quência dessa transposição, poder-se-á afirmar que a estruturação da ideia de
autodeterminação resultou da consolidação de uma tendência que vinha de
trás, não podendo ser considerada como algo novo, criado de raiz.
Tornando o compromisso da Carta com a autodeterminação num tema sujei-
to a uma ampla interpretação, a Declaração produziu um amadurecimento
das ideias anticoloniais, que entendiam a dominação colonial como, moral e
politicamente, insustentável (Philpott, 2001: 160-161). Minando os funda-
mentos do colonialismo, contribuiu para a alteração nas regras que regulavam
as relações internacionais, permitindo um novo entendimento sobre o que
constituía uma soberania legítima ou ilegítima. A adoção do texto tem vindo
a ser interpretada como a consumação de uma revolução nas ideias que con-
duziu, por sua vez, a uma revolução na soberania, legitimando a ascensão das
colónias à condição de Estado (Philpott, 2001: 153-154). Com o entendi-
mento de que a subjugação à dominação e à exploração estrangeira constituía
uma negação dos direitos fundamentais, contrariava a Carta e podia compro-
meter a paz e a cooperação internacionais, foi estabelecido que todos os povos
tinham direito à autodeterminação, no exercício do qual podiam determinar
livremente o seu estatuto político e perseguir o seu desenvolvimento económi-
co, social e cultural26. Não se circunscrevendo a limites estritamente políticos,
os aspetos económicos do direito à autodeterminação foram vincados com o
27
Idem.
38 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
AHD, Fundo POI, Mç. 151, Processo XH-2, Anos de 1956, 1961-1963, Vol. XII, Telegra-
28
29
United Nations. Resolution 1542 (XV), 15 December 1960. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
30
AHD, Fundo POI, Mç. 148, Processo XH-1, Anos de 1960-1961, Vol. XIII, Telegrama da
Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 16 de Novembro de 1960, p. 1.
40 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
31
AHD, Fundo POI, Mç. 148, Processo XH-1, Anos de 1960-1961, Vol. XIII, Telegrama da
Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 28 de Julho de 1960, p. 1-3.
32
Ibidem.
33
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée Gé-
nérale. 16 Juillet 1960-15 Juillet 1961. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 74.
34
United Nations – Security Council Official Records. Sixteenth Year. Supplement for January,
February and March 1961. Nova Iorque: s.n., s.d. p. 227-228.
35
Habitualmente as inscrições na agenda decorriam sem votação prévia, mas como o procedi-
mento não lhe convinha Portugal forçou o voto. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo
XM-1, Ano de 1961, Vol. I, Telegrama do MNE para a Embaixada de Portugal em Londres, de
20 de Fevereiro de 1961, p. 1.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 41
36
Portugal atribuiu a aceitação da proposta às hesitações da China e do Equador, que não se
manifestaram contra a pretensão da Libéria. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1,
Ano de 1961, Vol. I, Telegrama do MNE para a Embaixada de Portugal em Washington, de 13 de
Março de 1961, p. 1-2.
37
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 21 de Abril de 1961, p. 1.
38
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée Gé-
nérale… p. 76.
39
Ibidem.
40
Idem. p. 78.
42 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
41
Idem. p. 75.
42
Ibidem.
43
Idem. p. 76.
44
Idem. p. 75.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 43
45
Idem. p. 75-78.
46
Idem. p. 77.
47
Ibidem.
44 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
48
Ibidem.
49
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. I, Aerograma do MNE para
a Missão de Portugal na ONU, de 8 de Março de 1961, p. 1.
50
Alguns autores defendem que a ação da UPA fora planeada para coincidir com a votação no
CS, o que a ser verdade significava que o movimento adotara a mesma estratégia da Frente de
Libertação Nacional (FLN), que intensificava os combates aquando dos debates das NU sobre
Argélia. Existem contudo outras interpretações que contestam que o objetivo da UPA tivesse
sido o de condicionar a votação, atribuindo a simultaneidade dos eventos ao acaso. A este res-
peito vide Pélissier e Wheeler, 2009: 256.
51
AHD, Fundo POI, Mç 163, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. I, Telegrama da DELNATO
Paris para o MNE, de 25 de Fevereiro de 1961, p. 1.
52
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée
Générale… p. 78.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 45
53
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 10 de Junho de 1961, p. 1-3.
54
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée
Générale... p. 76.
46 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
55
Nations Unies – A/4800. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Acti-
vité de l’Organisation. 16 Juin 1960-15 Juin 1961. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 87.
56
Ibidem.
57
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 21 de Abril de 1961, p. 1.
58
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Proc. UA-4, Anos de 1956, 1961-1964, Vol. I, Telegrama do
MNE para a Missão de Portugal na ONU, de 20 (?) de Abril de 1961, p. 1-2.
59
Ibidem.
60
Ibidem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 47
61
Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance Plénière.
Jeudi 20 Avril 1961, à 20h30. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 398.
62
Nations Unies – A/PV. 991. Assemblée Générale. Quinzième Session, 991e Séance Plénière.
Jeudi 20 Avril 1961, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 386.
63
Nations Unies – A/PV. 990. Assemblée Générale. Quinzième Session, 990e Séance Plénière.
Jeudi 20 Avril 1961, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 371.
64
Idem. p. 364; Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance
Plénière… p. 395 e 398.
65
Nations Unies – A/PV. 990. Assemblée Générale. Quinzième Session, 990e Séance Plénière…
p. 372-373.
48 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
66
Idem. p. 364-366.
67
Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance Plénière…
p. 395-396.
68
Nations Unies – A/PV. 991. Assemblée Générale. Quinzième Session, 991e Séance Plénière…
p. 386.
69
Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance Plénière…
p. 399.
70
Nations Unies – A/PV. 991. Assemblée Générale. Quinzième Session, 991e Séance Plénière…
p. 388; Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance
Plénière… p. 398.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 49
membros, designados pelo presidente da AG71. Por acreditar que algo podia
ser feito para aumentar os votos contra e as abstenções, Portugal tentou que
fosse criado um ambiente desfavorável à investigação sobre os desenvolvimen-
tos em Angola72. Se bem que não houvessem ilusões quanto à possibilidade de
impedir a aprovação do texto, o objetivo definido por Portugal, que conti-
nuaria a ser seguido nos debates seguintes, foi o de evitar que as decisões fos-
sem adotadas por maiorias esmagadoras. As diligências realizadas em países
alinhados com o bloco ocidental, latino-americanos, Paquistão e Filipinas
confirmaram algumas simpatias, demonstrando em simultâneo as contradi-
ções e as divisões que a política colonial portuguesa suscitava. Declarações
públicas nas quais assumiram-se como defensores de uma orientação anticolo-
nialista, aliado a fatores complementares como os receios quanto às reações da
oposição interna e à influência detida pelos afro-asiáticos na Assembleia,
determinaram que nem sempre as solicitações portuguesas tivessem encontra-
do acolhimento favorável.
O Brasil, em particular, que estando sob o governo de Jânio Quadros tentara
romper com a política de apoio a Portugal, foi difícil de persuadir, mudando
de opinião várias vezes (Carvalho, 2014: 157)73. Por temerem ficar isolados no
apoio a Portugal, países como o Chile questionaram sobre a posição brasileira
e norte-americana, não escondendo que a orientação dos seus governos depen-
deria em parte dos grupos regionais aos quais pertenciam74. Preocupações de-
correntes da posse de territórios colonizados, da reação da opinião pública
interna, da pressão dos afro-asiáticos e, uma vez mais, do comportamento dos
EUA condicionaram o Reino Unido e a Bélgica75. Evitando argumentar publi-
camente em defesa da política colonial portuguesa, tendo reservado as inter-
venções para a explicação do sentido de voto, o que para Portugal deveu-se ao
desejo de não desagradar à maioria afro-asiática, os países que apoiaram a po-
lítica colonial portuguesa tentaram relativizar o alcance do projeto de resolu-
71
Nations Unies – A/4800. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General… p. 87.
72
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 24 de Março de 1961, p. 1-2.
73
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama do MNE para
a Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, de 17 de Abril de 1961, p. 1. Para mais informações
sobre o comportamento do Brasil quanto à questão colonial portuguesa vide Dávila, 2010.
74
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Santiago do Chile para o MNE, de 8 de Abril de 1961, p. 1.
75
AHD, Fundo POI, Mç. 163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Londres para o MNE, de 22 de Março de 1961, p. 2; AHD, Fundo POI, Mç.
163, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. II, Telegrama da Embaixada de Portugal em Bruxelas
para o MNE, de 21 de Março de 1961, p. 1.
50 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
ção. O Brasil propôs substituir o texto por um pedido a Portugal para que
transmitisse informações sobre as colónias, solicitando o abandono da propos-
ta de criação de um órgão especial para investigar o conflito em Angola76. A
Itália, indicando que poderiam ser utilizadas outras expressões para exprimir
os sentimentos dos africanos quanto às aspirações pela autodeterminação e a
independência, salvaguardou as suas reservas sobre a criação de comissões de
inquérito pelas NU77.
Para diminuir a legitimidade do projeto de resolução, foram solicitados votos
separados sobre algumas disposições, o que segundo as regras formais poderia
permitir eliminar qualquer parágrafo do texto. As afirmações mais polémicas
– que pretendiam indicar o perigo para a manutenção da paz e da segurança
internacionais que eventualmente resultaria da continuação dos distúrbios e
conflitos em Angola, o reconhecimento da necessidade de se agir rapidamen-
te, eficazmente e em tempo oportuno, a criação do subcomité e a composição
do órgão – tiveram de ser aprovados em escrutínios separados78. Com 73 votos
favoráveis, 2 contra (Espanha e África do Sul) e 9 abstenções (Austrália, Bélgi-
ca, Brasil, França, Países Baixos, República Dominicana, Reino Unido, El Sal-
vador e Tailândia), o projeto foi adotado, tornando-se na resolução 1603
(XV), de 20 de abril. Ainda que esmagador, o resultado da votação deverá ser
interpretado, no que se refere a alguns países, mais como produto do ambien-
te de hostilidade criado pela maioria do que como um gesto contra Portugal.
A China, que votou favoravelmente, apresentou uma explicação que, ao con-
siderar que Portugal tinha uma política multirracial, retirou parte do signifi-
cado ao seu voto79. Únicos apoiantes declarados da política colonial portugue-
sa, os votos da Espanha, que encontrava-se crescentemente numa posição
dúbia em que, aceitando transmitir informações sobre as suas colónias, apoia-
va Portugal, e da África do Sul, que não tinha a preocupação de agradar à
maioria afro-asiática com a qual mantinha o diferendo sobre a questão do
apartheid, resultaram no isolamento de ambos os países. Os outros que enten-
deram demonstrar alguma solidariedade a Portugal acabaram por ter de se
refugiar na abstenção, sendo que, com a exceção do Reino Unido aquando da
explicação do voto, nenhum país argumentou a favor da ilegalidade do debate.
76
Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance Plénière…
p. 415.
77
Idem. p. 407-408. O comportamento da Itália quanto à questão colonial portuguesa encon-
tra-se detalhado em Matos, 2010.
78
Nations Unies – A/PV. 992. Assemblée Générale. Quinzième Session, 992e Séance Plénière...
p. 415-416.
79
Idem. p. 412.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 51
80
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée Gé-
nérale… p. 83.
81
Ibidem.
82
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Carta da Embaixada de
Espanha para o MNE, de 27 de Maio de 1961, p. 1-2.
52 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
83
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 29 de Maio de 1961, p. 1.
84
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Maio de 1961, p. 1-2.
85
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama do MNE para a
Missão de Portugal na ONU, de 31 de Maio de 1961, p. 1-2.
86
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée
Générale… p. 86
87
Idem. p. 83.
88
Ibidem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 53
89
Idem. p. 84.
90
Idem. p. 85-86.
91
Idem. p. 86.
92
Ibidem.
93
Idem. p. 84.
94
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 24 de Maio de 1961, p. 2.
54 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
95
Ibidem.
96
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée Géné-
rale… p. 84.
97
Ibidem.
98
Idem. p. 88.
99
Idem. p. 85.
100
Idem. p. 86-87.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 55
101
Idem. p. 88.
102
Idem. p. 87-88.
103
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Nota da Embaixada de
Espanha para o MNE, de 15 de Junho de 1961, p. 1.
104
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Proc. XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Santiago do Chile para o MNE, de 9 de Junho de 1961, p. 1.
105
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 10 de Junho de 1961, p. 1-3.
106
Nations Unies – A/4867. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée
Générale… p. 88.
107
Ibidem.
56 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão
108
109
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 18 de Maio de 1961, p. 1.
110
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Carta da Embaixada
de Espanha para o MNE, de 27 de Maio de 1961, p. 2.
111
AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Telegrama da Missão de Portugal
na ONU para o MNE, de 24 de Junho de 1961, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo
XM-1, Ano de 1961, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 14 de Junho de
1961, p. 1.
58 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
112
AHD, Fundo POI, Mç. 149, Processo XH-1, Ano de 1961, Vol. XV, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 1 de Junho de 1961, p. 1.
113
Ibidem.
114
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 9.
115
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Aerograma da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 23 de Maio de 1961, p. 1.
116
Se bem que o carácter de Salamanca tivesse merecido reparos, Portugal reconheceu a sua
sinceridade e a utilidade em servir-se da Espanha para apresentar oficiosamente esclarecimentos
que, por não aceitar a competência do Subcomité, considerava que não deveriam ser objeto de
correspondência escrita. Cf. Idem. p. 1-2.
117
AHD, Fundo POI, Mç. 164, Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Maio de 1961, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç. 164,
Processo XM-1, Ano de 1961, Vol. III, Aerograma da Missão de Portugal na ONU para o MNE,
de 23 de Maio de 1961, p. 1-2.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 59
118
AHD, Fundo POI, Mç. 149, Processo XH-1, Ano de 1961, Vol. XV, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 1 de Junho de 1961, p. 1.
119
United Nations Archives Record Management Section (UNARMS), Archives of Secretary-
-General U Thant, Symbol DAG-4/4.2, Archive Group: Political and Security Council Affairs,
Subgroup: Security Council and Political Committee Division, Series: Files of the Sub-
-Committee on the Situation in Angola, Memorandum for the Guidance of the Chairman, 12
July 1961, p. 1.
120
Para fortalecer a posição de Salamanca, Vasco Garin sugeriu que fosse acompanhado por
Louis Ignacio-Pinto, do Daomé, que, embora africano, era considerado um “verdadeiro amigo”
de Portugal. Ainda que Ignacio-Pinto tivesse manifestado a sua disponibilidade, Salamanca
viajou para Lisboa na companhia de Dantas Brito, também considerado pró-português, e de A.
Salamanca, seu secretário particular. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de
1961, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 28 de Junho de 1961, p. 1-2.
121
AHD, Fundo Gabinete dos Negócios Políticos (GNP) do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/
RRI/0700/00630, Processo GG-7-5, ONU, Apontamento da Conversa entre Carlos Salamanca e
o Ministro do Ultramar Realizada a 19 de Julho de 1961, Elaborado por A. Ribeiro da Cunha a 27
de Julho de 1961, p. 2.
122
Ibidem.
60 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
123
Para complementar as informações, álbuns fotográficos – intitulados “Fomento”, “Urbani-
zação”, “Ensino e Assistência” e em “Oito Séculos de Nacionalidade, Quatro de Lusitanidade
em Angola” – foram alguns dias depois entregues a Salamanca.
124
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 9.
125
AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Telegrama do MNE para a
Missão de Portugal na ONU, de 27 de Julho de 1961, p. 1.
126
Ibidem.
127
Arquivo Nacional Torre do Tombo (ANTT), AOS/CD-8-3-1, Alberto M. Franco Noguei-
ra, Carta de Franco Nogueira, Enviada de Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, em Outubro
de 1961, p. 560v-561v.
128
AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Carta de Carlos Salamanca para
Franco Nogueira, de 9 de Agosto de 1961, p. 1.
129
Salamanca indicou a Portugal que não apoiara a ideia da viagem ao Congo (Leopoldville),
mas que os restantes membros do Subcomité deixaram-se influenciar pelos EUA. Por entender
que talvez houvesse a oportunidade de reunir elementos comprovativos da participação estran-
geira nos acontecimentos em Angola, considerou porém que a deslocação poderia ter vantagens
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 61
para Portugal. Embora de forma hesitante, sugeriu que os membros do Subcomité fossem
autorizados a visitar Angola após a estadia no Congo (Leopoldville), para comprovarem as suas
averiguações. Salamanca não acompanhou os restantes membros do Subcomité na viagem com
o pretexto de que tinha de ficar em Nova Iorque para iniciar a preparação do relatório. Cf.
AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Carta do Diretor-Geral do MNE,
A. Ressano Garcia, ao Diretor do GNP do MU, de 1 de Agosto de 1961, p. 1.
130
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00630, Processo
GG-7-5, ONU, Informação da Embaixada de Portugal em Leopoldville, de 28 de Agosto de 1961,
p. 2-6.
131
Idem. p. 3.
132
Idem. p. 2.
133
Ibidem.
134
No seu relatório, que foi mostrado aos representantes portugueses em Leopoldville,
Schmidt indicou que houve pouca eficácia no método utilizado pelo Subcomité de Angola para
o interrogatório das testemunhas e que foram obtidas respostas evasivas, que estavam longe da
verdade. Schmidt concluiu que tinha sido comprovado que o problema dos refugiados angola-
nos fora causado em grande parte pela ação das organizações políticas, em particular da UPA,
considerada a mais extremista. Cf. Idem. p. 2-3.
62 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
135
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 122-124.
136
Idem. p. 124.
137
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00630, Processo
GG-7-5, ONU, Informação da Embaixada de Portugal em Leopoldville, de 28 de Agosto de 1961,
p. 6.
138
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 124-125.
139
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00630, Processo
GG-7-5, ONU, Informação da Embaixada de Portugal em Leopoldville, de 28 de Agosto de 1961,
p. 6.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 63
140
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 8.
141
Existe a informação segundo a qual foi ouvido o reverendo Malcolm McVeigh, missionário
metodista que esteve em Angola. Cf. UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, Sym-
bol DAG-4/4.2, Archive Group: Political and Security Council Affairs, Subgroup: Security
Council and Political Committee Division, Series: Files of the Sub-Committee on the Situation
in Angola, Box: 2, Attitudes of African States, Preliminary Notes on Comments on Portugal,
Carta de Dantas de Brito, Secretário do Subcomité de Angola, para Lee Malania, do Gabinete do
SG, de 26 de Janeiro de 1962, p. 3.
142
AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Telegrama da Missão de Portugal
na ONU para o MNE, de 5 de Outubro de 1961, p. 1.
143
Ibidem.
144
Salamanca lamentou que não tivessem sido apresentadas provas concretas do envolvimento
externo em Angola, que pudessem ter permitido a realização de uma investigação. Como con-
siderava o problema dos refugiados como o mais grave e o que mais embaraçava Portugal, reco-
mendou que se conseguisse o repatriamento o quanto antes. Se a resolução que resultasse da
apresentação do relatório do Subcomité fosse demasiado radical, aconselhou Portugal a convi-
64 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
dá-lo, juntamente com o outro membro que não fora ao Congo (Leopoldville), a visitar Ango-
la. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 13 de Setembro de 1961, p. 1.
145
Como Salamanca prometera oportunamente entregar-lhe um esquema do relatório, Garin
entendeu que Portugal deveria renovar os pedidos aos países aliados para que exercessem uma
ação moderadora. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Telegrama
da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 22 de Agosto de 1961, p. 1.
146
O documento foi estruturado em quatro partes, abarcando as condições gerais em que o
Subcomité desempenhou o seu mandato, a situação em Angola, uma breve introdução históri-
ca destinada a enquadrar a questão e os aspetos internacionais do conflito, em particular as suas
repercussões nas relações entre os países e na paz e segurança.
147
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 51.
148
Nations Unies – A/PV. 1098. Assemblée Générale. Seizième Session. 1098e Séance Plénière.
Vendredi 26 Janvier 1962, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1403.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 65
149
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 49.
150
AHD, Fundo POI, Mç. 166, Processo XM-1, Ano de 1961, Telegrama da Missão de Portu-
gal na ONU para o MNE, de 5 de Outubro de 1961, p. 1.
151
Nations Unies – A/4978. Supplément n.º 16. Rapport du Sous-Comité Charge d’Étudier la
Situation en Angola… p. 52.
152
Idem. p. 12.
153
Idem. p. 16.
66 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
passagens mais duras para o governo português, que a população tinha medo
de exercer os seus direitos e que se notavam poucos progressos nas condições
de vida154. Ainda que tivesse sido dito que Portugal parecia ter reconhecido a
legitimidade de algumas queixas, as reformas portuguesas foram qualificadas
como limitadas. Com a reprodução das reivindicações dos agrupamentos
políticos, o Subcomité referiu que tinha havido um crescimento das aspirações
nacionalistas, admitindo que parecia existir um amplo desejo de expressão
política em Angola155.
Mesmo não possibilitando uma leitura linear, o relatório foi mais um episódio
na condenação internacional da política colonial portuguesa. Tendo o Subco-
mité tido por objetivo determinar os factos para fornecer uma base de ação à
AG e ao CS, o documento resultou na afirmação da existência de um conflito
armado em Angola, que estaria a transformar-se numa guerra de guerrilha156.
Como Portugal violara o dever de cooperação com o órgão (estabelecido no
Art.º 2.º, § 5.º, que determina que os estados membros devem dar assistência
às NU em qualquer ação desencadeada de acordo com a Carta), a atividade do
Subcomité de Angola colocou em evidência algumas das fragilidades da Orga-
nização, reveladas designadamente na forma como o governo português con-
seguiu condicionar o processo de inquirição. Ainda assim, não somente o
relatório, mas toda a atividade do Subcomité de Angola, foram determinantes
pelos precedentes que criaram para a prática da Organização quanto às coló-
nias portuguesas. Os procedimentos adotados, com a recolha de informações
de forma direta, a deslocação ao continente africano e a audição de peticioná-
rios, rapidamente passaram a fazer parte dos termos de referência de outros
órgãos estabelecidos para o estudo da política colonial portuguesa.
154
Idem. p. 44.
155
Idem. p. 1.
156
Idem. p. 36.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 67
157
United Nations – A/4998. 1 December 1961. Non-Compliance of the Government of Portugal
with Chapter XI of the Charter of the United Nations, and Resolution 1542 (XV) of the General
Assembly. Report of the Fourth Committee. s.l: s.n., s.d. p. 1.
158
O representante da Guiné, no início da sessão, entendeu submeter informações
suplementares sobre Angola sob a forma de fotografias, que pediu que fossem expostas para
consulta na sala de reuniões. Como a Comissão adotou a proposta guineense, Portugal também
solicitou o direito a apresentar fotografias, o que foi aceite. Cf. Idem. p. 1-2.
159
Nations Unies – A/C.4/SR 1193. Quatrième Commission, 1193e Séance. Mercredi 1er
Novembre 1961, à 15h40. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 237.
160
Em resposta às observações do Daomé, Portugal questionou as motivações para a ocupação
da fortaleza, procurando saber se foram respeitadas as resoluções 1514 (XV) e 1541 (XV). Se a
população de São João Batista de Ajudá exprimira o desejo de se associar livremente ao Daomé
e se tinham sido seguidos os critérios para a integração de um território não autónomo
num Estado independente foram as questões suscitadas pelo representante português. Cf. Idem.
p. 236.
161
Nations Unies – A/C.4/SR 1203. Quatrième Commission, 1203e Séance. Jeudi 9 Novembre
1961, à 15h40. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 295.
162
Outros países, como o Níger, entenderam que Portugal não deveria ser expulso da Organi-
zação, pois isso significaria dar-lhe liberdade de ação para agir com impunidade. Cf. Nations
Unies – A/C.4/SR 1197. Quatrième Commission, 1197e Séance. Lundi 6 Novembre 1961, à 11
heures. Nova Iorque: s.n. 1961. p. 256.
68 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
163
AHD, Fundo POI, Mç. 118, Processo XA-20, Ano de 1961, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 9 de Dezembro de 1961, p. 1-2.
164
Nations Unies – A/C.4/SR 1207. Quatrième Commission, 1207e Séance. Lundi 13 Novembre
1961, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 319.
165
Nations Unies – A/C.4/SR 1195. Quatrième Commission, 1195e Séance. Jeudi 2 Novembre
1961, à 15h35. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 243.
166
Esta fórmula fora elaborada pela Bélgica para ser aplicada à questão do Congo. Cf. Nations
Unies – A/C.4/SR 1049. Quatrième Commission, 1049e Séance. Lundi 14 Novembre 1960, à 11
heures. Nova Iorque: s.n., 1960. p. 307.
167
Ainda que reconhecendo que o documento devia ser considerado como um instrumento
vivo, os representantes portugueses avançaram que as interpretações não podiam colocar em
causa a eficácia e o prestígio da Organização ou a posição legítima dos estados membros.
Entendendo que, desde a XI sessão, tinha-se tentado dar uma nova interpretação à Carta para
aplicar obrigações discriminatórias, Portugal acusou a maioria de agir de forma ilegal. Os repre-
sentantes portugueses insistiram que o Art.º 73.º devia ser interpretado numa base jurídica e
não segundo as conclusões do Comité dos Seis, que a maioria não podia impor obrigações que
não fossem livremente aceites e que o país não se considerava vinculado pela resolução 1542
(XV). Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1193. Quatrième Commission, 1193e Séance… p. 234.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 69
168
Nations Unies – A/C.4/SR 1200. Quatrième Commission, 1200e Séance. Mardi 7 Novembre
1961, à 15h40. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 276.
169
Nations Unies – A/C.4/SR 1199. Quatrième Commission, 1199e Séance. Mardi 7 Novembre
1961, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 268-269.
170
Nations Unies – A/C.4/SR 1200. Quatrième Commission, 1200e Séance… p. 276-277.
171
Nations Unies – A/C.4/SR 1201. Quatrième Commission, 1201e Séance. Mercredi 8 Novembre
1961, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 281.
172
Nations Unies – A/C.4/SR 1207. Quatrième Commission, 1207e Séance. Lundi 13 Novembre
1961, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 318.
173
United Nations – A/4998. 1 December 1961. Non-Compliance of the Government of Portu-
gal… p. 7.
174
Ibidem.
70 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
175
Idem. p. 3.
176
AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo XH-Geral, Ano de 1961, Telegrama da Embaixada
de Madrid para o MNE, de 10 de Novembro de 1961, p. 1.
177
Sobre a posição dos países quanto a Portugal vide AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo
XH-Geral, Ano de 1961, Telegrama da Embaixada de Bruxelas para o MNE, de 20 de Novembro
de 1961, p. 1-2.
178
Dúvidas sobre a competência da AG para prescrever as obrigações contidas no texto, obje-
ções a que se condenasse a conduta portuguesa, apelos para que a audição de peticionários fosse
considerada um caso especial e não um precedente, pedidos para que algumas disposições não
fossem entendidas como pretendendo embargos ou sanções de carácter geral e indicações de
que o comité a criar teria de se limitar a analisar a não observação da resolução 1542 (XV) foram
complementadas com afirmações de que a situação nos territórios portugueses não se tinha
deteriorado, que outros países também desrespeitavam as decisões das NU e que alguns pará-
grafos do projeto de resolução não tinham qualquer relação com a questão. Cf. Nations Unies
– A/C.4/SR 1207. Quatrième Commission, 1207e Séance. Lundi 13 Novembre 1961, à 15h25.
Nova Iorque: s.n., 1961. p. 315-323.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 71
179
Idem. p. 323.
180
Idem. p. 317.
181
AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo XH-Geral, Ano de 1961, Aerograma da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 14 Novembro de 1961, p. 1.
72 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
182
Para evitar as audições, Portugal fez diligências em vários países, designadamente nos EUA,
pedindo que pressionassem a Libéria, que detinha a presidência da Comissão, para que aconse-
lhasse o Senegal a desistir da sua intenção. Objeto de votação, a proposta senegalesa foi aprova-
da com os votos contra de Portugal, França, África do Sul, Espanha e Reino Unido e a absten-
ção da Bélgica. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo XH-Geral, Ano de 1961, Carta de
João Hall Themido ao Diretor do GNP do MU, de 24 de Outubro de 1961, p. 1-2.
183
Numa parte substancial, a intervenção foi dedicada ao desmentido das teses portuguesas
sobre o estatuto constitucional das colónias, o papel civilizador e emancipador em África e os
progressos da assimilação. Considerando o colonialismo português como aquele que se revestia
do aspeto mais totalitário e draconiano, o MLGC alertou para a falta de direitos políticos, o
aumento crescente da repressão, a discriminação racial, o analfabetismo, a prática de trabalho
forçado e as deficientes condições sanitárias, concluindo que as reformas adotadas visavam
manter a dominação colonial. Com a indicação de que enviara ao governo português um pedi-
do de reformas sociais e políticas que conduzissem à independência, o movimento apelou às
NU para que ajudasse a poupar as populações da Guiné (Bissau) e de Cabo Verde à mesma re-
pressão que estava a ocorrer em Angola, obrigando Portugal a negociar. Cf. Nations Unies –
A/C.4/SR 1209. Quatrième Commission, 1209e Séance. Mardi 14 Novembre 1961, à 15h30.
Nova Iorque: s.n., 1961. p. 331-333.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 73
numa iniciativa apoiada pelos EUA que deram garantias de que não permiti-
riam que a questão servisse de pretexto para a renovação da discussão sobre o
colonialismo português185. Tendo a URSS e o Ceilão forçado a votação sobre
a inscrição da questão, a discussão, que (realizada a 18 de dezembro) esteve no
centro das atenções mundiais por algum tempo, foi de certa forma uma mera
formalidade, uma vez que como a União Indiana conseguira rapidamente
o controlo militar no terreno as hipóteses de influenciar os acontecimentos
foram mínimas (Bègue, 2007a: 1139).
Tendo adotado como estratégia retirar à União Indiana todas as opções, exce-
to o uso da força, Portugal estava convencido que, em caso de invasão de Goa,
Damão e Diu, um mínimo de resistência permitiria acionar a aliança luso-
-britânica e a comunidade internacional (Ferreira, 2006: 103). Declarando
que a União Indiana cometera um ato de agressão premeditado, violando a
Carta e os seus direitos soberanos, solicitou ao Conselho a adoção de medidas
para o cessar-fogo imediato e a retirada das forças invasoras186. Para a ação da
União Indiana tinham sido determinantes a condenação pelas NU da situação
em Angola, a incapacidade portuguesa em organizar uma defesa eficaz, as pres-
sões internas, o desejo de recuperar, com uma demonstração contra o colonia-
lismo, a liderança do bloco afro-asiático e a certeza de que não haveria reações
declaradamente hostis das potências ocidentais (Oliveira, 2007: 264-265). Em
justificação da invasão, o representante indiano reportou-se à resolução 1514
(XV), naquela que foi a primeira ocasião em que a Declaração sobre a Conces-
são da Independência aos Países e Povos Coloniais foi explicitamente invocada
por um Estado membro (Barbier, 1974: 85). A União Indiana entendia não
poder ser acusada de agressão contra um território que lhe pertencia, preten-
dendo que o CS pedisse a evacuação por Portugal dos territórios de Goa,
Damão e Diu e efetivasse as resoluções sobre a concessão da independência.
Numa afirmação da irreversibilidade da situação, indicou que Charter or no
Charter, Council or no Council a integração do Estado Português da Índia pros-
seguiria, o que era um indicador de que não receava represálias187.
185
O governo português demonstrou de início algumas dúvidas sobre se a convocação do CS
poderia colocar o país numa situação suscetível de resultarem novas críticas à sua política colo-
nial. A sugestão para a apresentação da queixa partira dos EUA e do Reino Unido, tendo Por-
tugal desconfiado das reais intenções de ambos os países. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 118,
Processo XA-20, Ano de 1961, Vol. I, Telegrama de António de Oliveira Salazar para a Missão de
Portugal na ONU, de 19 de Dezembro de 1961, p. 1.
186
Nations Unies – A/5202. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée
Générale. 16 Juillet 1961-15 Juillet 1962. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 49.
187
Nations Unies – A/PV. 1815. Assemblée Générale. Vingt-Quatrième Session. 1815e Séance
Plénière. Jeudi 20 Novembre 1969, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 19.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 75
188
Nations Unies – A/5202. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée…
p. 51.
189
Idem. p. 50-51.
190
Idem. p. 53.
191
Ibidem.
76 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
192
Idem. p. 52.
193
Ibidem.
194
Idem. p. 53.
195
Numa reunião da NATO, realizada a 18 de dezembro, Portugal fora alertado para a possi-
bilidade do veto soviético bloquear a decisão. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 118, Processo XA-20,
Ano de 1961, Vol. I, Telegrama do MNE para a Missão de Portugal na ONU, de 18 de Dezembro
de 1961, p. 1.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 77
196
AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo XH-Geral, Ano de 1961, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 15 de Dezembro de 1961, p. 1.
197
Ibidem.
198
AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo XH-Geral, Ano de 1961, Telegrama da Embaixada
de Paris para o MNE, de 9 de Dezembro de 1961, p. 1.
199
Nations Unies – A/C.4/SR 1256. Quatrième Commission, 1256e Séance. Mercredi 20
Décembre 1961, à 11h30. Nova Iorque: s.n., 1961. p. 640.
78 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
200
ANTT, AOS/CO/NE-30B-5, Notas sobre a Política Externa Portuguesa, p. 25-28.
201
AHD, Fundo Missão Permanente de Portugal nas Nações Unidas: 1980, Mç. 66, Carta da
Embaixada de Portugal em Londres (?) para o MNE, de 17 de Janeiro de 1962, p. 1.
202
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo XM-1, Ano de 1962, Vol. V, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 20 de Janeiro de 1962, p. 1.
203
Ibidem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 79
204
Numa breve introdução ao debate, Salamanca apresentou o relatório do Subcomité, expli-
cando as condições em que o seu mandato fora desempenhado. De forma ambígua, indicou
que tentara deslocar-se a Angola, mas que Portugal recusara, compensando a sua atitude com o
fornecimento de algumas informações de ordem geral. Cf. Nations Unies – A/PV. 1088. Assem-
blée Générale. Seizième Session. 1088e Séance Plénière. Lundi 15 Janvier 1962, à 15 heures. Nova
Iorque: s.n., 1962. p. 1277.
205
Idem. p. 1278-1286.
206
Numa carta de 17 de janeiro, Garin transmitiu um documento intitulado Alguns Comentá-
rios da Delegação Portuguesa à XVI AG das NU sobre o Relatório do Subcomité de Angola e a 27
de janeiro enviou os Comentários pela Delegação Portuguesa ao Debate da AG sobre a “Situação
de Angola”. Ao analisar os comentários, o Subcomité concordou que Salamanca fizesse no ple-
nário uma breve declaração, explicitando que a metodologia do Subcomité se baseara na com-
paração de fontes diversas, sem que tivesse havido a preferência por informações de uma deter-
minada proveniência. Cf. UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, Symbol
DAG-4/4.2, Archive Group: Political and Security Council Affairs, Subgroup: Security Coun-
cil and Political Committee Division, Series: Files of the Sub-Committee on the Situation in
Angola, Box: 2, The Situation in Angola: Debate in the General Assembly during its 16th Session,
p. 5.
207
Ibidem.
208
Ibidem.
80 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
sões, que foram entendidas como dificilmente contestáveis. Ainda assim, fo-
ram dirigidas críticas a determinados detalhes, considerados como contendo
lacunas de forma e de fundo. Alguns membros, particularmente a Guiné, cri-
ticaram a inclusão da informação transmitida por Portugal e as referências às
reformas, avaliadas como um gesto gratuito, que desmentia a política de igual-
dade, fraternidade e fusão de raças proclamada pelas autoridades portugue-
sas209. A análise do documento serviu de pretexto para a reafirmação da posi-
ção quanto a Angola (e às colónias portuguesas em geral), refutando-se que a
situação estivesse normalizada e afirmando-se que existia uma guerra que
constituía uma ameaça à paz e à segurança internacionais210. Com a crescente
tendência para se enquadrar o problema angolano num âmbito mais alargado,
os membros da NATO voltaram a ser responsabilizados pela cumplicidade
com Portugal e pela exploração económica do território. A maioria das dele-
gações pediu com insistência a adoção de medidas, incluindo sanções, para
impedir que o governo português continuasse a violar as decisões das NU211.
Forçados a definir a sua posição, algumas delegações tentaram minimizar o
carácter desfavorável do relatório para Portugal, realçando os aspetos da polí-
tica colonial portuguesa que consideravam positivos. Num difícil equilíbrio
entre o apoio a Portugal e a tentativa de evitar alienar os afro-asiáticos, os
países alinhados com o ocidente aceitaram a validade da aplicação da autode-
terminação às colónias portuguesas, atenuando contudo as suas afirmações
com indicações de que o seu exercício não deveria ser imediato e nem ter ne-
cessariamente como resultado a independência212. Somente a Espanha, a pedi-
do de Lisboa, e a África do Sul apoiaram abertamente Portugal, negando a
existência em Angola de uma ameaça à paz e à segurança internacionais213. O
Brasil – numa declaração considerada pelo adido militar português no Rio de
Janeiro como motivada pelos interesses do país em África, pelas aspirações a
uma política de liderança relativamente aos africanos e por preocupações elei-
209
Nations Unies – A/PV. 1089. Assemblée Générale. Seizième Session. 1089e Séance Plénière.
Mardi 16 Janvier 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1296.
210
Nations Unies – A/PV. 1096. Assemblée Générale. Seizième Session. 1096e Séance Plénière.
Jeudi 25 Janvier 1962, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1375.
211
Nations Unies – A/PV. 1089. Assemblée Générale. Seizième Session. 1089e Séance… p. 1289.
212
Entre os exemplos que podem ser apontados temos o da Austrália. Cf. Nations Unies – A/
PV. 1091. Assemblée Générale. Seizième Session. 1091e Séance Plénière. Jeudi 18 Janvier 1962, à
15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1320-1323.
213
Nations Unies – A/PV. 1094. Assemblée Générale. Seizième Session. 1094e Séance Plénière.
Mardi 23 Janvier 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1354-1357; Nations Unies – A/
PV. 1102. Assemblée Générale. Seizième Session. 1102e Séance Plénière. Mardi 30 Janvier 1962, à
15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1450.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 81
torais – lançou um apelo, seguido pela Austrália, a Portugal para que permitis-
se a independência de Angola214. Os EUA, como de resto o Reino Unido e a
China, insistiram no carácter positivo das reformas portuguesas, aconselhan-
do soluções pacíficas e que não fossem exercidas pressões demasiado radicais
sobre Portugal215. A França, que reservou a sua intervenção para o final, mani-
festou o entendimento de que a situação em Angola era uma questão interna,
sem deixar de afirmar que o desejo de acabar com o sofrimento da população
era compreensível216.
Uma nítida divisão de opiniões entre a maioria, opondo aqueles que deseja-
vam uma solução rápida e radical do problema e os que defendiam a modera-
ção, marcou o debate. A controvérsia resultou na apresentação de dois proje-
tos de resolução, assentes na afirmação de ideias opostas. Considerando que
não bastava a adoção de princípios gerais para a liquidação do colonialismo e
que chegara o momento de aprovar medidas precisas e decisivas, a Polónia e a
Bulgária propuseram um projeto assente em quatro eixos fundamentais. O
texto reafirmava solenemente o direito sagrado do povo angolano à autodeter-
minação e à independência, solicitando ao Comité de Descolonização que
atribuísse absoluta prioridade à questão, enviando representantes a Angola e
apresentando um relatório à XVII AG217. Numa medida radical, avançou-se
que Portugal fosse condenado pela guerra colonial e convidado a colocar ter-
mo a todas as medidas repressivas e a libertar de imediato os prisioneiros polí-
ticos. A todos os estados, numa disposição considerada precisa e justificada,
pretendeu-se recomendar que recusassem ao governo português qualquer
apoio e assistência, nomeadamente sob a forma de armas, de material de guer-
ra e de exportações de natureza militar. Até que as decisões das NU fossem
implementadas, o projeto de resolução propôs a adoção de sanções contra
Portugal, em aplicação das disposições da Carta que definiam ações para as
situações em que a paz estivesse comprometida218.
Com a intenção de evitar o extremismo, os países afro-asiáticos afastaram-se
das considerações entendidas como podendo agravar, mais do que aliviar, a
situação. Não querendo que motivações relacionadas com a Guerra Fria fos-
sem determinantes, introduziram um projeto de resolução, que seria revisto,
com a inserção de algumas modificações. Apresentado como Impregnado de
214
Nations Unies – A/PV. 1088. Assemblée Générale. Seizième Session. 1088e Séance… p. 1287.
215
Nations Unies – A/PV. 1097. Assemblée Générale. Seizième Session. 1097e Séance Plénière.
Jeudi 25 Janvier 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1388.
216
Nations Unies – A/PV. 1102. Assemblée Générale. Seizième Session. 1102e Séance… p. 1453.
217
Nations Unies – A/PV. 1089. Assemblée Générale. Seizième Session. 1089e Séance… p. 1293.
218
Ibidem.
82 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
219
Nations Unies – A/5201. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Acti-
vité de l’Organisation. 16 Juin 1961-15 Juin 1962. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 53.
220
Idem. p. 53-54.
221
Idem. p. 54.
222
Ibidem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 83
223
Nations Unies – A/PV. 1099. Assemblée Générale. Seizième Session. 1099e Séance Plénière.
Vendredi 26 Janvier 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1419.
224
Nations Unies – A/PV. 1102. Assemblée Générale. Seizième Session. 1102e Séance… p. 1453.
225
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo XM-1, Ano de 1962, Vol. V, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 30 de Janeiro de 1962, p. 1.
226
Nations Unies – A/PV. 1102. Assemblée Générale. Seizième Session. 1102e Séance… p. 1458.
227
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo XM-1, Ano de 1962, Vol. V, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 23 de Janeiro de 1962, p. 2.
228
Nations Unies – A/PV. 1102. Assemblée Générale. Seizième Session. 1102e Séance... p. 1454-
-1461.
229
Idem. p. 1459.
230
Idem. p. 1462.
84 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
231
ANTT, AOS/CO/NE-30B-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e o Embaixa-
dor dos EUA, Charles Elbrick, Realizada em 13 de Fevereiro de 1962, p. 33-34.
232
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00573, Processo
GG-7-7, ONU, Informação de Serviço da Missão de Portugal na ONU, Elaborada por António
Patrício a 5 de Abril de 1962, p. 1.
233
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00573, Processo
GG-7-7, ONU, Informação de Serviço da Missão de Portugal na ONU, Elaborada por António
Patrício a 26 de Abril de 1962, p. 2.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 85
234
United Nations – A/5160 and Add. 1 and 2. Report of the Special Committee on Territories
under Portuguese Administration. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 27-28.
235
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00573, Processo
GG-7-7, ONU, Informação de Serviço da Missão de Portugal na ONU, Elaborada por António
Patrício a 5 de Abril de 1962, p. 1-2.
236
A 13 de março, o Comité enviou uma carta a Franco Nogueira na qual chamou a atenção
para a eventualidade de serem pedidas facilidades para uma visita às colónias portuguesas.
Deixando em aberto a possibilidade de conceder a sua colaboração, o governo português enten-
deu porém condicionar a resposta definitiva ao esclarecimento de algumas questões. Franco
Nogueira pediu para ser informado se o Comité pretendia basear o seu trabalho na resolução
1542 (XV), que mencionava Goa, Damão, Diu e São João Baptista de Ajudá, e que lhe fosse
transmitido as provisões e regras que autorizavam a decisão de ouvir peticionários e a pretensão
de visitar as colónias. O governo português afirmou determinar a sua posição quando fosse
notificado da visita do Comité a Goa, Damão e Diu e das suas conclusões quanto à forma como
a resolução 1514 (XV) estava a ser implementada nesses territórios. Com dúvidas quanto à
sinceridade da proposta portuguesa, Rossides, em carta datada de 19 de abril, transmitiu o en-
tendimento do Comité de que qualquer aceitação por Portugal da possibilidade de visita a um
dos territórios deveria ser estendida às restantes colónias, que detinham o mesmo estatuto cons-
titucional que Goa, Damão e Diu no momento da adoção da resolução 1542 (XV). Cf. United
Nations – A/5160 and Add. 1 and 2. Report of the Special Committee on Territories… p. 3-4.
237
Para se dar a conhecer aos que pretendiam ser ouvidos, o Comité aprovou uma declaração
sobre as suas atividades e objetivos, que teve uma ampla difusão através do Gabinete de Infor-
mação Pública das NU. Cf. Idem. p. 5
238
Até então, ao que tudo indica, era prática fazer-se a identificação completa dos peticioná-
rios. Cf. AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00573, Processo
86 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
GG-7-7, ONU, Informação de Serviço da Missão de Portugal na ONU, Elaborada por António
Patrício a 26 de Abril de 1962, p. 4.
239
Autorizado a fazer um depoimento, Henrique Galvão, a quem no ano anterior os EUA ti-
nham recusado o visto para se deslocar às NU, não conseguiu comparecer no Comité antes da
conclusão dos trabalhos. A aceitação da audição foi considerada por Portugal como uma nítida
intromissão na política interna portuguesa e uma manifesta contradição com a intenção de
recolher informações atualizadas, uma vez que Galvão não se deslocava às colónias há cerca de
20 anos. Cf. AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00573, Pro-
cesso GG-7-7, ONU, Informação de Serviço da Missão de Portugal na ONU, Elaborada por An-
tónio Patrício a 5 de Abril de 1962, p. 2-3.
240
United Nations – A/AC.108/SR. 8. 21 May 1962. Special Committee on Territories under
Portuguese Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary
Record of the Eighth Meeting Held at Headquarters, New York, on Monday, 9 April 1962, at 10.55
a.m. s.l.: s.n., s.d. p. 4.
241
United Nations – A/AC.108/SR. 12. 15 May 1962. Special Committee on Territories under
Portuguese Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary
Record of the Twelfth Meeting Held at Headquarters, New York, on Wednesday, 11 April 1962, at
3.35 p.m. s.l.: s.n., s.d. p. 3.
242
United Nations – A/AC.108/SR. 14. 15 May 1962. Special Committee on Territories under
Portuguese Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary
Record of the Fourteenth Meeting Held at Headquarters, New York, on Tuesday, 17 April 1962, at
11 a.m. s.l.: s.n., s.d. p. 3.
243
United Nations – A/AC.108/SR. 15. 15 May 1962. Special Committee on Territories under
Portuguese Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary
Record of the Fifteenth Meeting Held at Headquarters, New York, on Tuesday, 17 April 1962, at
3.25 p.m. s.l.: s.n., s.d. p. 4
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 87
244
AHD, Fundo POI, Mç. 141, Processo XH-Geral, Ano de 1962, Vol. III, Informação de
Serviço sobre o Comité dos Sete, Elaborada por António Patrício a de 5 de Abril de 1962, p. 4.
245
United Nations – A/5160 and Add. 1 and 2. Report of the Special Committee on Territories…
p. 6.
246
Idem. p. 5.
247
Em Dar es Salam, onde foram analisadas as condições em Moçambique, o governo do Tan-
ganica, dando especial atenção à visita, publicou na imprensa um anúncio convocando os pos-
síveis interessados em participar nas sessões. Elementos do partido no poder, o Tanganyika
African National Union (TANU), ajudaram na preparação dos depoimentos, organizando reu-
niões especiais onde os peticionários ensaiaram as suas intervenções. Cf. AHD, Fundo GNP do
MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00572, ONU, Relatório Elaborado pelo Consulado
Geral de Portugal em Salisbúria, de [ant. 29 de Agosto de 1962], p. 1.
248
United Nations – A/AC.108/SR. 40. Special Committee of Territories under Portuguese
Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary Records of
the Fortieth Meeting Held at the Arden Hall, Accra, on Friday, 1 June 1962. s.l.: s.n., s.d. p. 3.
88 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
249
United Nations – A/AC.108/SR. 44. Special Committee of Territories under Portuguese
Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary Records of
the Forth-Fourth Meeting Held at the National Assembly Hall, Conakry, on Tuesday, 5 June 1962.
s.l.: s.n., s.d. p. 3.
250
United Nations – A/AC.108/SR. 23. Special Committee of Territories under Portuguese Ad-
ministration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI). Summary Records of the
Twenty-Third Meeting Held in the Parliament Building, Dar es Salaam, on Monday, 14 May
1962. s.l.: s.n., s.d. p. 3.
251
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00572, ONU, Relatório
Elaborado pelo Consulado Geral de Portugal em Salisbúria, de [ant. 29 de Agosto de 1962], p. 2.
252
AHD, Fundo POI, Mç. 144, Processo XH-Geral, Ano de 1962, Vol. IV, Informação de
Serviço sobre a Viagem a África do Comité dos Sete, de 18 de Julho de 1962, p. 6.
253
Numa mensagem enviada ao gabinete da Operação das Nações Unidas no Congo aquando
das sessões do Comité em Leopoldville, o encarregado de negócios português, Sequeira Freire,
indicou que uma pequena delegação poderia visitar Angola, com a condição dos representantes
da Guiné e da Bulgária não estarem presentes, uma vez que tinham provado ter ideias precon-
cebidas. Ainda que tivesse considerado a proposta inaceitável e um insulto, o Comité informou
que ficaria a aguardar um convite oficial, por escrito, antes de tomar a decisão. Tendo o encar-
regado de negócios prometido remeter o documento após consultar o governo português, o
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 89
convite escrito para a visita a Angola nunca foi enviado. Cf. United Nations – A/5160 and Add.
1 and 2. Report of the Special Committee on Territories… p. 4-5.
254
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00572, ONU, Aponta-
mento do GNP do MU, Elaborado por Manuel Fernandes Costa a 10 de Julho de 1962, p. 14-15.
255
AHD, Fundo POI, Mç. 223, Aerograma do Consulado de Portugal em Dakar para o MNE,
de Setembro de 1962, p. 7.
256
AHD, Fundo POI, Mç. 144, Processo XH-Geral, Ano de 1962, Vol. V, Apontamento Ela-
borado pelo Cônsul de Portugal em Dakar sobre as Reuniões do Comité dos Sete Realizadas nessa
Cidade, de 19 de Junho de 1962, p. 3.
257
Em Rabat, as intervenções ficaram marcadas por um incidente protagonizado pelo repre-
sentante da Colômbia, que reservou o direito de aceitar ou rejeitar – com a justificação de que
se inspiravam em ideais muito diferentes das verdadeiras aspirações dos povos das colónias
portuguesas – a declaração da União Geral dos Estudantes da África Negra sob Dominação
Portuguesa (UGEAN). Anteriormente, em Dakar, uma das declarações fora desvalorizada pela
Colômbia por o peticionário não ter conseguido apresentar provas de que soldados espanhóis,
usando uniformes portugueses, estavam a ser empregues na repressão aos movimentos antico-
loniais na Guiné (Bissau). Cf. United Nations – A/AC.108/SR. 52. Special Committee of Territo-
ries under Portuguese Administration Established under General Assembly Resolution 1699 (XVI).
Summary Records of the Fifth-Second Meeting Held at the National Assembly Building, Rabat, on
Friday, 15 June 1962. s.l.: s.n., s.d. p. 3.
258
A Goan Association, com sede no Quénia, onde existia uma comunidade de goeses, enviou
uma carta ao SG, que não foi referida no relatório do Comité dos Sete, o que Portugal entendeu
que confirmava a parcialidade do órgão. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 144, Processo XH-Geral,
Ano de 1962, Vol. V, Carta de João Hall Themido para Vasco Garin, de 27 de Agosto de 1962, p. 1.
90 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
259
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/00572, ONU, Aponta-
mento do GNP do MU, Elaborado por Manuel Fernandes Costa a 10 de Julho de 1962, p. 15.
260
AHD, Fundo POI, Mç. 144, Processo XH-Geral, Ano de 1962, Vol. V, Apontamento sobre
as Reuniões do Comité dos Sete em Dakar, Elaborado pelo Cônsul de Portugal a 19 de Junho de
1962, p. 5-19.
261
AHD, Fundo POI, Mç. 144, Processo XH-Geral, Ano de 1962, Vol. IV, Carta de J. M.
Fragoso a Salvador Augusto de Sousa Sampayo Garrido, Embaixador de Portugal em Bogotá, de 5
de Julho de 1962, p. 2-3.
262
ANTT, AOS/CD-2-5, Salvador de Sampaio Garrido, Instruções Enviadas pelo Ministério das
Relações Exteriores da Colômbia ao Representante do País na ONU a 8 de Agosto de 1962, p. 192.
263
Ibidem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 91
264
O relatório era composto por quatro partes, destinadas a apresentar a organização do traba-
lho do Comité, a revisão da situação nos territórios portugueses antes e depois de dezembro de
1960 e as observações, conclusões e recomendações do órgão.
265
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/12889, Processo
GG-7-7, ONU, Carta do GNP do MU para o Governador da Província de Cabo Verde, de 16 de
Janeiro de 1963, p. 1-2.
266
Ibidem.
267
United Nations – A/5160 and Add. 1 and 2. Report of the Special Committee on Territories…
p. 9-27.
268
Idem. p. 16-17.
269
Idem. p. 22.
270
Idem. p. 27-44.
92 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
271
Idem. p. 30.
272
Idem. p. 40.
273
Idem. p. 47.
274
Aquando do debate sobre o relatório do Subcomité de Angola, a Guiné propusera a adoção
das seguintes medidas: 1) a cessação imediata das ações de repressão; 2) a libertação de todos os
presos políticos; 3) o regresso, sem ameaças de sanções, dos nacionalistas que se encontravam
no exílio; 4) a recusa, da parte dos aliados da NATO, de conceder a Portugal qualquer ajuda ou
assistência suscetíveis de serem utilizadas contra o povo angolano; 5) um embargo total sobre o
envio de armas e munições para Angola; 6) a retirada das tropas portuguesas encarregues de
intensificar a repressão; 7) e uma amnistia geral e incondicional para todos os factos ligados aos
acontecimentos políticos que tiveram lugar no território. Cf. Nations Unies – A/PV. 1098.
Assemblée Générale. Seizième Session. 1098e Séance Plénière. Vendredi 26 Janvier 1962, à 10h30.
Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1407.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 93
275
United Nations – A/5160 and Add. 1 and 2. Report of the Special Committee on Territories...
p. 48.
276
Ibidem.
277
Idem. p. 46.
278
Idem. p. 48.
279
Ibidem.
94 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
280
Nations Unies – A/5238. Rapport du Comité Spécial Chargé d’Étudier la Situation en ce qui
Concerne l’Application de la Déclaration sur l’Octroi de l’Indépendance aux Pays et aux Peuples
Coloniaux (Pour la Période du 20 Février au 19 Septembre 1962). Canadá: s.n., 1963. p. 7-8.
281
A URSS solicitou que a questão de Angola fosse a primeira a ser debatida no Comité de
Descolonização, o que acabou por não se verificar. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo
XM-1, Ano de 1962, Vol. VI, Cópia de Carta de Jaime de Piniés, Representante da Espanha na
ONU, para o Ministro dos Assuntos Exteriores da Espanha, de 2 de Março de 1962, p. 1.
282
Os projetos de resolução do Comité de Descolonização não foram analisados pela IV Co-
missão e pelo plenário por ter sido decidido que as decisões seriam adotadas no âmbito do es-
tudo dos relatórios do Comité dos Sete. Cf. Nations Unies – A/PV. 1167. Assemblée Générale.
Dix-Septième Session. 1167e Séance Plénière. Mercredi 7 Novembre 1962, à 15 heures. Nova Ior-
que: s.n., 1962. p. 768.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 95
283
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, Symbol DAG-4/4.2, Archive Group:
Political and Security Council Affairs, Subgroup: Security Council and Political Committee
Division, Series: Files of the Sub-Committee on the Situation in Angola, Box: 2, Co-ordination
of Work of the Sub-Committee and Special Committee, Carta de Ralph Enckell, Presidente em
Exercício do Subcomité de Angola, para Zenon Rossides, Presidente do Comité Especial para os Ter-
ritórios sob Administração Portuguesa, de 1 de Maio de 1962, p. 1.
284
Ibidem.
285
Idem. p. 1-2.
286
United Nations – A/5286. 14 November 1962. Report of the Sub-Committee on the Situation
in Angola. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 6.
287
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo XM-1, Ano de 1962, Vol. VI, Cópia de Carta de
Jaime de Piniés, Representante da Espanha na ONU, para o Ministro dos Assuntos Exteriores da
Espanha, de 2 de Março de 1962, p. 2.
288
ANTT, AOS/CO/NE-30-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e Dean Rusk, no
Palácio das Necessidades, em 27 de Junho de 1962, p. 162.
96 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
289
United Nations – A/5286. 14 November 1962. Report of the Sub-Committee… p. 16.
290
Idem. p. 6.
291
Idem. p. 12.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 97
292
Idem. p. 23.
293
Ibidem.
294
Ibidem.
295
Ibidem.
296
Ibidem.
297
Idem. p. 21.
98 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
No novo relatório era mais difícil reconhecer, embora não tivessem desapare-
cido completamente, as afirmações favoráveis a Portugal, tendo sido rejeitada
a ideia da necessidade de uma evolução progressiva para Angola. Algumas
das críticas apresentadas ao primeiro relatório foram tidas em consideração,
notando-se a ausência de expressões suscetíveis de representar um juízo de
valor em relação aos envolvidos em ações militares contra Portugal.
As razões que explicam a alteração operada no Subcomité não parecem ter
sido alheias às críticas e acusações de falta de imparcialidade apresentadas
por Portugal, que alienaram o apoio de Salamanca. A ausência de coopera-
ção do governo português, que anteriormente, ainda que de forma limitada,
fornecera informações, impediu também a possibilidade de outro resultado
que não fosse a condenação da sua política. Com a continuação da guerra e
do problema dos refugiados, que não podiam ser ignorados, o Subcomité
muito dificilmente conseguiria justificar uma nova ambiguidade. Num con-
texto em que desempenhou o seu mandato em simultâneo com o Comité
Especial para os Territórios sob Administração Portuguesa e o Comité de
Descolonização, que pela composição que tinham era previsível que produ-
zissem relatórios e resoluções desfavoráveis a Portugal, o Subcomité com
toda a probabilidade terá tentado evitar o isolamento, o que resultou num
maior radicalismo. A hipótese dos afro-asiáticos e dos soviéticos, que outrora
tinham insistido na elaboração de um texto radical, terem renovado as pres-
sões não pode igualmente ser afastada, pela importância que poderão ter tido
para a criação de uma predisposição para a condenação de Portugal. O cui-
dado em satisfazer as opiniões públicas internas e o posicionamento dos
membros do Subcomité quanto à rivalidade bipolar, por serem fatores deter-
minantes na orientação seguida nas NU, devem ter seguramente continuado
a fazer sentir a sua influência.
O relatório constatou que uma guerra, em toda a definição do termo, conti-
nuava em Angola, variando de intensidade durante o período analisado298.
O Subcomité reconheceu uma nova e substancial fuga de refugiados para o
Congo (Leopoldville), que teria sido provocada pela ofensiva portuguesa para
reconquistar o norte do território299. Com base numa estimativa das organiza-
ções que ajudavam as populações, revelou que não fora possível comprovar
a veracidade do número de refugiados apontado por Portugal como tendo
regressado às suas povoações. Foram encontrados indícios de “uma trágica
perda de vidas humanas” e de represálias contra as populações, afirmando-se
que estavam a ser vítimas de ataques indiscriminados, sobretudo com meios
298
Idem. p. 15.
299
Idem. p. 14.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 99
300
Idem. p. 15.
301
Idem. p. 18.
302
Idem. p. 21.
303
ANTT, AOS/CO/NE-30-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e Dean Rusk, no
Palácio das Necessidades, em 27 de Junho de 1962, p. 162.
304
United Nations – A/5286. 14 November 1962. Report of the Sub-Committee… p. 25.
305
Idem. p. 27.
306
Ibidem.
100 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
307
Ibidem.
Uma Questão Prioritária: 1960-1962 | 101
1
Nations Unies – A/5801/Add. 1. Supplément n.º 1A. Introduction au Rapport Annuel du Secré-
taire General sur l’Activité de l’Organisation. 16 Juin 1963-15 Juin 1964. Nova Iorque: s.n.,
1964. p. 9.
2
ANTT, AOS/CO/NE-30B-8, Reino Unido, Apontamento da Conversa entre Franco Nogueira
e o Embaixador do Reino Unido, Realizada a 10 de Junho de 1962, p. 38.
104 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
3
AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0768/12922-001, Processo
GG-12-24, Carta da Direcção-Geral dos Negócios Políticos e da Administração Interna do MNE
para o GNP do MU, de 5 de Dezembro de 1962, p. 1.
4
Idem. p. 2.
5
Informações recolhidas pela Missão de Portugal indicaram porém a existência de divergências
entre as delegações africanas quanto aos peticionários que deveriam ser ouvidos. Ao que parece,
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 105
o Mali e a Guiné desejavam que fossem concedidas audições a todos os que se apresentassem
como peticionários, enquanto outras delegações pretendiam que somente os depoimentos de
pessoas reconhecidas como representando os interesses das populações eram válidos. Cf. AHD,
Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0768/12922-001, Processo GG-12-24,
Carta do GNP do MU para o Governador-Geral de Angola, de 15 de Dezembro de 1962, p. 1-2.
6
Nations Unies – A/C.4/SR 1398. Quatrième Commission, 1398e Séance. Mardi 27 Novembre
1962, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 469.
7
United Nations – A/5349. 13 December 1962. Non-Compliance of the Government of Portugal
with Chapter XI of the Charter of the United Nations and with General Assembly Resolution 1542
(XV): Report of the Special Committee on Territories Under Portuguese Administration. Report of
the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d.
8
Nations Unies – A/C.4/SR 1394. Quatrième Commission, 1394e Séance. Jeudi 22 Novembre
1962, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 446.
9
Nations Unies – A/C.4/SR 1398. Quatrième Commission, 1398e Séance… p. 470-471.
106 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
10
Nations Unies – A/C.4/SR 1404. Quatrième Commission, 1404e Séance. Vendredi 30 Novembre
1962, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 525-526.
11
Possivelmente a República Árabe Unida terá colocado à disposição dos peticionários quatro
bilhetes de avião com destino a Nova Iorque. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 223, Aerograma do
Consulado de Portugal em Dakar para o MNE, de Setembro de 1962, p. 1.
12
A Missão Portuguesa sugerira ao MNE que organizações goesas com sede em Nairobi e Lis-
boa fossem instruídas a enviar petições a solicitar audições, o que se presumia que seria recusa-
do, mas que poderia ter algum valor político. Contactado pelo Consulado de Portugal em
Dakar, a UNGP aceitou enviar um pedido de audição, sem que contudo chegasse a apresentar
qualquer depoimento, o que talvez se tivesse devido à dificuldade em encontrar um porta-voz.
Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 140, Processo XH-Geral, Anos de 1962-1963, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 14 de Novembro de 1962, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç.
223, Aerograma do Consulado de Portugal em Dakar para o MNE, de Setembro de 1962, p. 1-8.
13
Nations Unies – A/C.4/SR 1408. Quatrième Commission, 1408e Séance. Mardi 4 Décembre
1962, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 559.
14
Nations Unies – A/C.4/SR 1416. Quatrième Commission, 1416e Séance. Lundi 10 Décembre
1962, à 15h50. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 609.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 107
15
Nations Unies – A/C.4/SR 1400. Quatrième Commission, 1400e Séance. Mercredi 28 Novem-
bre 1962, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 489.
16
Idem. p. 493.
17
A título de exemplo veja-se as declarações do Congo (Brazzaville). Cf. Nations Unies –
A/C.4/SR 1397. Quatrième Commission, 1397e Séance. Lundi 26 Novembre 1962, à 15h15.
Nova Iorque: s.n., 1962. p. 465-466.
18
Nations Unies – A/C.4/SR 1399. Quatrième Commission, 1399e Séance. Mardi 27 Novembre
1962, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 477.
19
Nations Unies – A/C.4/SR 1401. Quatrième Commission, 1401e Séance. Mercredi 28 Novem-
bre 1962, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 498.
20
Nations Unies – A/C.4/SR 1397. Quatrième Commission, 1397e Séance… p. 465.
108 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
21
ANTT, AOS/CO/NE-30B-13, NATO, Aerograma da Delegação Portuguesa ao Conselho da
NATO sobre a Reunião Realizada a 26 de Setembro de 1962, p. 69-70.
22
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo XM-1, Ano de 1962, Vol. VI, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 16 de Novembro de 1962, p. 1-2.
23
Ibidem.
24
Ibidem.
25
AHD, Fundo POI, Mç. 144, Processo XH-Geral, Ano de 1962, Vol. V, Telegrama da Embai-
xada em Bogotá para o MNE, de 11 de Setembro de 1962, p. 1.
26
Nations Unies – A/PV. 1183. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1183e Séance Plénière.
Mercredi 5 Décembre 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1033-1041.
27
United Nations – A/5349. 13 December 1962. Non-Compliance of the Government of Portugal
with Chapter XI… p. 10.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 109
28
Ibidem.
29
Ibidem.
30
Idem. p. 11.
31
Idem. p. 12.
32
Idem. p. 3.
110 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
tornar o projeto num texto mais vigoroso, a Bulgária tentou que se afirmasse
que qualquer assistência a Portugal representava a cumplicidade na supressão
dos movimentos nacionalistas, devendo ser estabelecido um embargo à venda
e ao abastecimento de armas ao governo português33. Não tendo sido aceites
pelos patrocinadores do projeto de resolução, que afirmaram que o texto
deveria ser interpretado segundo o significado que lhe fora atribuído, as emen-
das não tiveram acolhimento34. Sem que ao que tudo indica Portugal tivesse
efetuado muitas diligências, os parágrafos mais controversos do projeto de
resolução, em particular o referente à existência de uma ameaça à paz e à segu-
rança internacionais, foram submetidos a votação separada a pedido da Suécia
e da Irlanda, acabando por ser aprovados35.
Inalterado, o projeto de resolução foi adotado (a 11 de dezembro) com 78
votos favoráveis, 7 contra e 12 abstenções. Os que votaram contra foram a
África do Sul, Bélgica, Espanha, EUA, França, Portugal e Reino Unido, regis-
tando-se as abstenções de países alinhados com o ocidente, em particular dos
restantes membros da NATO, da Austrália, Brasil e Nova Zelândia. A dimi-
nuição, quando comparada com a votação da XVI AG, da maioria que apoia-
va os projetos de resolução sobre a questão colonial portuguesa, o voto nega-
tivo das potências ocidentais e a atitude de reserva de alguns países terá sido o
resultado de Ecos de Compreensão Até Há Pouco Inconcebíveis que Portugal
vinha encontrando devido à discordância com o que se considerava serem os
“excessos da vertigem anticolonialista” (Beller, 1970: 85)36. As razões apresen-
tadas para o comportamento na votação foram a alegada ambiguidade na
redação dos apelos aos estados membros para que se abstivessem de continuar
a fornecer qualquer assistência que permitisse prosseguir a repressão das popu-
lações e para que adotassem medidas para evitar a venda e o fornecimento de
armas e de equipamento militar ao governo português37. Fatores adicionais, e
mais decisivos do que as questões de semântica, poderão contudo explicar a
modificação da orientação que vinha sendo seguida. Em particular, o voto
contra do Reino Unido, que apoiara as anteriores resoluções, derivou de con-
dicionantes como o posicionamento historicamente benevolente do país em
33
Idem. p. 3-4.
34
Nations Unies – A/C.4/SR 1418. Quatrième Commission, 1418e Séance. Mardi 11 Décembre
1962, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 629-630.
35
Nations Unies – A/C.4/SR 1417. Quatrième Commission, 1417e Séance. Mardi 11 Décembre
1962, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 619-620.
36
ANTT, AOS/CO/NE-30B-9, Brasil, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e o Embaixa-
dor do Brasil, Negrão de Lima, Realizada em 28 de Agosto de 1962, p. 53.
37
Nations Unies – A/C.4/SR 1419. Quatrième Commission, 1419e Séance. Mercredi 12 Décembre
1962, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 631.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 111
38
AHD, Fundo POI, Mç. 167, Processo XM-Geral, Anos de 1960-1961, 1966, Vol. II, Tele-
grama da Embaixada de Portugal em Otava para o MNE, de 5 de Janeiro de 1963, p. 1.
39
ANTT, AOS/CO/NE-30-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e Dean Rusk, no
Palácio das Necessidades, Realizada a 27 de Junho de 1962, p. 157; ANTT, AOS/CO/NE-30B-9,
Brasil, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e o Embaixador do Brasil, Negrão de Lima, Rea-
lizada a 22 de Agosto de 1962, p. 41-42.
40
Ibidem.
112 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
41
United Nations – A/5349. 13 December 1962. Non-Compliance of the Government of Portugal
with Chapter XI… p. 14.
42
Ibidem.
43
ANTT, AOS/CO/NE-30B-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e o Embaixa-
dor dos EUA, Charles Elbrick, Realizada a 13 de Fevereiro de 1962, p. 33-34.
44
United Nations – A/5349. 13 December 1962. Non-Compliance of the Government of Portugal
with Chapter XI… p. 8.
45
Com a justificação de que disposições similares tinham sido incluídas em resoluções ante-
riores da AG, a URSS apresentou uma emenda destinada a que se solicitasse ao SG o envio do
relatório do Comité dos Sete, juntamente com os documentos da IV Comissão sobre a ques-
tão, ao governo português, ao Conselho Económico e Social, à Comissão Económica para a
África, à Comissão Económica para a Ásia e o Extremo Oriente, bem como às agências espe-
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 113
cializadas, incluindo a OIT. Por nunca ter reconhecido o Comité dos Sete, Portugal anunciou
que não participaria na votação, que teve lugar a 12 de dezembro. Sem votos contra, mas com
a abstenção de 22 países, a emenda soviética foi aprovada e integrada no projeto de resolução.
Cf. Idem. p. 9.
46
Nations Unies – A/C.4/SR 1419. Quatrième Commission, 1419e Séance… p. 634.
47
Como exemplo temos as intervenções da FRELIMO e do PAIGC. Cf. Nations Unies –
A/C.4/SR 1394. Quatrième Commission, 1394e Séance… p. 446-451; Nations Unies – A/C.4/SR
1420. Quatrième Commission, 1420e Séance. Mercredi 12 Décembre 1962, à 15h20. Nova
Iorque: s.n., 1962. p. 637-638.
48
Nations Unies – A/C.4/SR 1427. Quatrième Commission, 1427e Séance. Lundi 17 Décembre
1962, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 691-692.
49
Nations Unies – A/C.4/SR 1420. Quatrième Commission, 1420e Séance… p. 638-639.
50
Ibidem.
51
Nations Unies – A/C.4/SR 1427. Quatrième Commission, 1427e Séance... p. 691-692.
114 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
52
Nations Unies – A/C.4/SR 1431. Quatrième Commission, 1431e Séance. Mercredi 19 Décembre
1962, à 15h10. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 720.
53
Nations Unies – A/PV. 1194. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1194e Séance Plénière.
Vendredi 14 Décembre 1962, à 20h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1229.
54
Ibidem.
55
Ibidem.
56
United Nations. Resolution 1654 (XVI), 27 November 1961. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 115
57
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Processo XM-1, Ano de 1962, Vol. VI, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 16 de Novembro de 1962, p. 1.
58
Nations Unies – A/PV. 1170. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1170e Séance Plénière.
Mardi 20 Novembre 1962, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 810.
59
Nations Unies – A/PV. 1180. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1180e Séance Plénière.
Jeudi 29 Novembre 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 985.
60
Ibidem.
116 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
internacionais para inquirir sobre a situação nas colónias, não pretendia deixar
a iniciativa nas mãos dos norte-americanos61. Como se verificara na IV Co-
missão, em que fora adotada uma atitude mais ponderada, grande parte da
intervenção portuguesa foi dedicada ao historial da questão, colocando-se em
evidência os esforços para o desenvolvimento de Angola, e a responder às crí-
ticas mais recorrentes62. Não se insistiu nas acusações de parcialidade e ilegali-
dade que o primeiro relatório fora objeto e não foram apresentadas as reservas
formais anteriormente expressas.
A hostilidade portuguesa foi reservada para as intervenções em direito de
resposta, que ainda assim foram bastante comedidas e consistiram em larga
medida na reafirmação das anteriores observações. O tom moderado de Por-
tugal não produziu um efeito apaziguador no debate, que teve de diferente
em relação ao que estava a decorrer na IV Comissão a menor insistência com
que foram abordadas as condições de vida ao nível do ensino, da saúde ou do
trabalho. Os países afro-asiáticos e os socialistas foram os únicos a proferir
intervenções, sendo de assinalar uma breve declaração britânica em exercício
do direito de resposta63. Com considerações que extravasaram o quadro da
questão colonial portuguesa, as delegações orientaram a discussão para a po-
tencial ameaça à paz e à segurança internacionais64. Ao contrário do anterior
relatório do Subcomité, o novo documento teve a concordância, quanto à
forma e ao conteúdo, dos intervenientes que o entenderam como comprova-
tivo de que nenhum progresso fora alcançado e que o drama angolano estava
a agravar-se65. De novo voltaram a ser empregues, em associação a Portugal,
expressões como “extermínio”, “genocídio”, “carnificina” e “repressão”, reser-
vando-se para as ações das organizações anticolonialistas angolanas outras
como “luta sagrada”66.
Que a situação não estava normalizada e que nada deixava antever a cessação
das hostilidades em Angola foram afirmações conjugadas com indicações de
que o número de refugiados não parava de aumentar em resultado da política
61
AHD, Fundo POI, Mç. 165, Proc. XM-1, Ano de 1962, Vol. VI, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 16 de Novembro de 1962, p. 1-2.
62
Nations Unies – A/PV. 1183. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1183e Séance
Plénière… p. 1033-1041.
63
Nations Unies – A/PV. 1185. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1185e Séance Plénière.
Jeudi 6 Décembre 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1082-1083.
64
Idem. p. 1077.
65
Nations Unies – A/PV. 1184. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1184e Séance Plénière.
Jeudi 6 Décembre 1962, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1059.
66
Idem. p. 1061; Nations Unies – A/PV. 1188. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1188e
Séance Plénière. Vendredi 7 Décembre 1962, à 20h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1132.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 117
67
Nations Unies – A/PV. 1185. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1185e Séance
Plénière… p. 1075.
68
Nations Unies – A/PV. 1184. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1184e Séance
Plénière… p. 1053-1054.
69
Idem. p. 1059.
70
Idem. p. 1061.
71
Nations Unies – A/PV. 1174. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1174e Séance Plénière.
Vendredi 23 Novembre 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 874.
72
Nations Unies – A/PV. 1184. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1184e Séance
Plénière… p. 1062.
73
Nations Unies – A/5501. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Acti-
vité de l’Organisation. 16 Juin 1962-15 Juin 1963. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 30.
118 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
74
Ibidem.
75
Ibidem.
76
Ibidem.
77
Ibidem.
78
Nations Unies – A/PV. 1196. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1196e Séance Plénière.
Mardi 18 Décembre 1962, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1247-1249.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 119
79
ANTT, AOS/CO/NE-30B-15, NATO, Apontamento Elaborado por José Manuel Fragoso da
II Reunião do Conselho da NATO sobre o Problema de Angola nas Nações Unidas, Realizada a 10
de Outubro de 1962, p. 93.
80
Idem. p. 96.
81
Nations Unies – A/PV. 1196. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1196e Séance
Plénière… p. 1247.
120 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
82
United Nations. Resolution 1761 (XVII), 6 November 1962. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
83
ANTT, AOS/CO/NE-30-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e Dean Rusk, no
Palácio das Necessidades, Realizada a 7 de Junho de 1962, p. 162.
84
ANTT, AOS/CO/NE-30-7, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e Dean Rusk, no
Palácio das Necessidades, Realizada a 28 de Junho de 1962, p. 163-164.
85
ANTT, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada de
Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de 20 de Outubro de 1962, p. 568v-569.
86
ANTT, AOS/CO/NE-30-11, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e Dean Rusk,
na Embaixada dos EUA em Paris, Realizada a 15 de Dezembro de 1962, p. 203.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 121
87
Nations Unies – A/PV. 1196. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1196e Séance
Plénière… p. 1249.
88
Ibidem.
89
Idem. p. 1250.
90
Nations Unies – A/PV. 1201. Assemblée Générale. Dix-Septième Session. 1201e Séance Plénière.
Jeudi 20 Décembre 1962, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1962. p. 1298.
91
ANTT, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada de
Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de 20 de Outubro de 1962, p. 568v-569.
122 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
92
Nations Unies – A/5501. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General… p. 32.
93
Portugal tentou, por intermédio de países como Marrocos, que o Senegal retirasse o pedido
de convocação do CS. O governo português propôs no Conselho a criação de uma comissão de
investigação luso-senegalesa, o que não foi aceite pelo Senegal.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 123
94
O pedido foi reforçado por mensagens de Haile Selassie e de Kwame Nkrumah, que propu-
seram a adoção de deliberações que conduzissem à liquidação do domínio colonial português
em África.
95
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 15 de Julho de 1963, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç. 207,
Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada de Portugal em Tananarive para o
MNE, de 26 de Julho de 1963, p. 1-2.
124 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
96
Alguns rumores deram conta que países africanos teriam exercido pressões sobre a Indonésia
para que desencadeasse uma invasão de Timor no momento da reunião. Cf. AHD, Fundo GNP
do MU, Processo H-5-11, Indonésia, Carta da Direcção-Geral dos Negócios Políticos e da Admi-
nistração Interna do MNE para o GNP do MU, de 15 de Julho de 1963, p. 1.
97
A este respeito vide AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Carta
da Embaixada de Portugal em Manila para o MNE, de 28 de Julho de 1963, p. 1-3; AHD, Fundo
POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada de Portugal em
Tananarive para o MNE, de 26 de Julho de 1963, p. 1-2; AHD, Fundo POI, Mç. 83, Processo
WA-43, Ano de 1963, Vol. I, Telegrama da Embaixada de Portugal em Rabat para o MNE, de 12
de Abril de 1963, p. 1-2.
98
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité. 16 Juillet 1963-15
Juillet 1964. Nova Iorque: s.n., 1964. p. 9-11.
99
Idem. p. 10.
100
Idem. p. 11.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 125
101
Idem. p. 16.
102
Idem. p. 11.
103
Ibidem.
104
Idem. p. 12.
105
Os EUA, antes do debate, fizeram uma diligência em Lisboa, sugerindo a adoção de uma
posição semelhante à da Espanha ou a apresentação de uma declaração de reconhecimento do
direito à autodeterminação das populações africanas. O debate provocou uma tensão nas rela-
ções entre os dois países, por o comportamento norte-americano ter merecido alguns reparos
do governo português.
126 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
106
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 13.
107
Ibidem.
108
Idem. p. 14.
109
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Londres para o MNE, de 29 de Julho de 1963, p. 1-2.
110
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Londres para o MNE, de 29 de Julho de 1963, p. 1-2.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 127
111
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 13.
112
Ibidem.
113
Ibidem.
114
Ibidem.
115
Idem. p. 16.
116
Ibidem.
128 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
117
Ibidem.
118
A abstenção provocou descontentamentos no governo francês, onde alguns setores não
compreendiam o apoio diplomático e militar do general de Gaulle à política colonial portugue-
sa. O representante francês nas NU, Roger Seydoux, exprimiu o seu desagrado pelo voto da
França, indicando que se tornava cada vez mais difícil opor-se a propostas que tinham interesse
ao mais alto nível para os africanos. Cf. Marcos, 2007.
119
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 14.
120
Idem. p. 16.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 129
tivo foi o facto de, em vez de relembrar a resolução 1514 (XV), como fora
efetuado em anteriores sessões, ter confirmado a Declaração. No mesmo sen-
tido, ao rejeitar o conceito português de territórios ultramarinos, na prática o
documento teve como significado a reafirmação das resoluções 1541 (XV) e
1542 (XV). Consideravelmente enfraquecido, o texto poderá no entanto ser
interpretado como um retrocesso nos esforços afro-asiáticos, tornando eviden-
te a existência de um desfasamento entre o radicalismo dos debates e a capaci-
dade para adotar decisões. Em sentido literal, a resolução 180 (1963) signifi-
cou que o órgão que pela Carta tinha competência para determinar a
existência de ameaças à paz e à segurança internacionais não subscreveu o en-
tendimento de que a situação nas colónias portuguesas recaía no âmbito do
Capítulo VII, que previa a adoção de medidas coercivas, e nem atendeu ao
pedido de sanções. Numa demonstração dos limites da pressão afro-asiática,
dado que os países ocidentais determinavam em grande medida a orientação
do órgão, o documento resultou na desautorização das conclusões e decisões
do Comité dos Sete, do Comité de Descolonização e da própria AG. Explica-
da pelo desequilíbrio inerente ao sistema das NU, a resolução 180 (1963)
evidenciou a diferença entre a atuação do CS, onde Portugal conseguiu mobi-
lizar o apoio dos membros permanentes que tinham o poder de veto, e a AG,
que foi sempre mais radical nas suas exigências, adotando medidas penaliza-
doras.
121
United Nations – S/5448. 31 October 1963. Report by the Secretary-General in Pursuance of
the Resolution Adopted by the Security Council at its 1049th Meeting on 31 July 1963 (S/5380). s.l.:
s.n., s.d. p. 2.
130 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
122
ANTT, AOS/CO/NE-30-14, EUA, Relato da Conversa entre Franco Nogueira e o Embaixa-
dor dos EUA, Realizada a 16 de Agosto de 1963, p. 257-258.
123
AHD, Fundo POI, Mç. 86, Processo WE-Geral, 1963, Telegrama da Missão de Portugal na
ONU para o MNE, de 2 de Setembro de 1963, p. 1.
124
AHD, Fundo POI, Mç. 200, Processo ZG-2, Anos de 1964-1967, Vol. I, Telegrama da
Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 29 de Agosto de 1963, p. 1.
125
Idem. p. 1-2.
126
Idem. p. 2.
127
Do lado português, os participantes nas reuniões foram: Franco Nogueira; general Câmara
Pina, chefe de Estado-Maior do Exército; Alexandre Ribeiro da Cunha, inspetor superior do
MU; João Hall-Themido, diretor-geral adjunto dos Negócios Políticos do MNE; e assessores
do MNE e do Estado-Maior do Exército. Cf. AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/
GM/GNP/RRI/0903/12548, Processo GG-2-2, ONU, Apontamento da Conversa com o Repre-
sentante do SG das NU, Elaborado pela Direcção-Geral dos Negócios Políticos e da Administração
Interna do MNE, p. 1.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 131
128
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-05, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Mission of Mr. Amachree to
Portugal, Second Meeting: 10 September 1963, 4 p.m., p. 8-10.
129
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Memorando de Godfrey Amachree para o SG, de 17 de Setembro de 1963, p. 2.
130
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-05, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Mission of Mr. Amachree to
Portugal, Resumo da Reunião entre Godfrey Amachree e António de Oliveira Salazar, Realizada a
11 de Setembro de 1963, às 12h30, p. 1.
131
AHD, Fundo POI, Mç. 86, Proc. WE-Geral, Ano de 1963, Carta da Embaixada de Portugal
em Paris para o MNE, de 18 de Março de 1966, p. 1.
132
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Memorando de Godfrey Amachree para o SG, de 17 de Setembro de 1963, p. 3.
133
Ibidem.
132 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
134
Ibidem.
135
Idem. p. 4.
136
Ibidem.
137
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, Country Files of the Secreta-
ry-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations, Memorando de
Godfrey Amachree para o SG, de 17 de Setembro de 1963, p. 4.
138
O aide-mémoire que Amachree entregou aos países africanos foi elaborado em termos mui-
to genéricos, para não causar embaraços a Portugal. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 86, Processo
WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Outu-
bro de 1963, p. 1.
139
United Nations – S/5448. 31 October 1963. Report by the Secretary-General in Pursuance of
the Resolution… p. 4.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 133
140
ANTT, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada
de Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de 19 de Outubro de 1963, p. 588.
141
Antes das conversações, os EUA informaram Amachree que consideravam que o conceito
de autodeterminação não incluía somente a possibilidade de independência total e absoluta,
devendo ser equacionada a eventualidade das colónias portuguesas escolherem a associação a
Portugal.
142
Conforme aos procedimentos adotados, que tinham sido sugeridos por Amachree, o SG
presidiu à abertura das reuniões, a 17 de outubro, pronunciando uma breve declaração. Com o
consentimento de todos, U Thant determinou que Franco Nogueira falaria em primeiro lugar,
fazendo uma exposição sobre a política portuguesa, após o que a reunião seria interrompida
para permitir que os países africanos pudessem analisar as considerações efetuadas por Portugal.
Cf. UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Summary of Meeting between Portugal and Representatives of African States Held in the Secretary-
-General’s Office, 17 October 1963, First Meeting, p. 1.
143
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Summary Meeting between Portugal and Representatives of the African States Held in the Secretary-
-General’s Office, 17 October 1963, Second Meeting, p. 1-9.
144
Idem. p. 5-6.
134 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
145
Idem. p. 6.
146
Idem. p. 6-7.
147
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Summary of Meeting between Portugal and Representatives of the African States, Held in the Secre-
tary-General’s Office, 18 October 1963, Third Meeting, p. 2.
148
Idem. p. 3.
149
Ibidem.
150
Idem. p. 4-6.
151
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Memorando de Godfrey Amachree para o SG, de 22 de Outubro de 1963, p. 1.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 135
152
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Anexo ao Memorando de Godfrey Amachree para o SG, de 22 de Outubro de 1963, p. 1.
153
Dando crédito ao que Portugal dissera sobre o reduzido número de seguidores dos grupos
anticolonialistas, Amachree avançou ainda com a sugestão, que ao que tudo indica não foi
adotada, para que o SG procurasse saber a reação dos países africanos a um eventual envio de
uma missão do Secretariado às colónias portugueses para determinar a representatividade dos
movimentos de libertação. Cf. UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005,
S-0884-0016-03, Country Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories,
Afro-Portuguese Conversations, Memorando de Godfrey Amachree para o SG, de 22 de Outubro
de 1963, p. 1-2.
154
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Resposta dos Países Africanos, de 23 de Outubro de 1963, ao Aide-Mémoire do SG, p. 1.
155
Idem. p. 3.
156
Ibidem.
157
ANTT, AOS/CO/NE-30B-34, Troca de Telegramas entre a Delegação Portuguesa na ONU
e António de Oliveira Salazar sobre Conversas Realizadas entre Portugal e Países Africanos,
136 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Telegrama nº 403-D, de 23 de Outubro de 1963, Enviado por Franco Nogueira, de Nova Iorque,
a António de Oliveira Salazar, p. 179-180.
158
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Summary of Meeting between Portugal and Representatives of the African States, Held in the Secre-
tary-General’s Office, 28 October 1963, Sixth Meeting, p. 3.
159
Ibidem.
160
ANTT, AOS/CO/NE-30B-34, Troca de Telegramas entre a Delegação Portuguesa na ONU
e António de Oliveira Salazar sobre Conversas Realizadas entre Portugal e Países Africanos,
Telegrama nº 407-A, de 28 de Outubro de 1963, Enviado por Franco Nogueira, de Nova Iorque, a
António de Oliveira Salazar, p 192-193.
161
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Summary of Private Meeting between the Foreign Minister of Portugal and Representatives of the
African States, 29 October 1963, p. 1-8.
162
Idem. p. 11.
163
Idem. p. 8-9.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 137
164
AHD, Fundo POI, Mç. 86, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Novembro de 1963, p. 2.
165
United Nations – S/5448. 31 October 1963. Report by the Secretary-General in Pursuance of
the Resolution… p. 6-7.
166
Idem. p. 7.
167
Na IV parte do relatório do SG constavam as respostas solicitadas aos estados membros
sobre as medidas adotadas para suspender a atribuição de qualquer assistência que permitisse a
Portugal continuar a repressão nas colónias.
168
AHD, Fundo POI, Mç. 86, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Novembro de 1963, p. 1-2.
138 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
169
Ibidem.
170
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country
Files of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations,
Comunicado Entregue pelo Representante do Gabão, em Nome do Grupo Africano, de 6 de Novem-
bro de 1963, p. 1.
171
ANTT, AOS/CO/NE-30B-34, Troca de Telegramas entre a Delegação Portuguesa na ONU
e António de Oliveira Salazar sobre Conversas Realizadas entre Portugal e Países Africanos,
Telegrama nº 403-D, de 23 de Outubro de 1963, Enviado por Franco Nogueira, de Nova Iorque, a
António de Oliveira Salazar, p. 179-180.
172
Ibidem.
173
ANTT, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada
de Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de Outubro de 1963, p. 593v-595.
174
AHD, Fundo POI, Mç. 151, Processo XH-1.1, Anos de 1960, 1961, 1965, Telegrama da
Embaixada de Portugal em Bruxelas para o MNE, de 18 de Outubro de 1963, p. 1-2.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 139
do SG, que se esperava que criasse um ambiente favorável para o país nos
meios internacionais, pode-se considerar que Portugal conseguira tirar partido
de algumas das fragilidades do sistema das NU175.
175
ANTT, AOS/CO/NE-30B-34, Troca de Telegramas entre a Delegação Portuguesa na ONU
e António de Oliveira Salazar sobre Conversas Realizadas entre Portugal e Países Africanos,
Telegrama nº 409-A, de 1 de Novembro de 1963, Enviado por Franco Nogueira, de Nova Iorque, a
António de Oliveira Salazar, p. 197.
176
AHD, Fundo POI, Mç. 86, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 6 de Novembro de 1963, p. 2.
177
AHD, Fundo POI, Mç. 151, Processo XH-1.1, Anos de 1960, 1961, 1965, Telegrama da
Embaixada de Portugal em Bruxelas para o MNE, de 18 de Outubro de 1963, p. 1.
178
AHD, Fundo POI, Mç. 184, Processo ZB-2, Ano de 1964, Vol. VIII, Relatório (Resumo da
XVIII Sessão da Assembleia-Geral da ONU) Elaborado por Vasco Garin, p. 8.
140 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
179
Ao se analisar o pedido de Galvão, os EUA assinalaram que o peticionário poderia, caso se
deslocasse à sede das NU, sofrer consequências em virtude do acordo de extradição entre os
governos norte-americano e português. Por se temer que Portugal pudesse apresentar uma ação
nos tribunais norte-americanos para conseguir a extradição, o serviço jurídico das NU foi cha-
mado a estudar, juntamente com a delegação norte-americana, não somente o caso específico
de Galvão, mas também se os acordos entre os EUA e qualquer país poderiam impedir a audi-
ção de peticionários. O Conselheiro Jurídico, C.A. Stavropoulos, que tinha uma opinião desfa-
vorável à audição, indicou que a questão fundamental era o estatuto legal dos indivíduos que
pretendiam apresentar-se como peticionários e que as NU não podiam dar a Galvão nenhuma
garantia contra perseguições judiciais durante a estadia nos EUA. O parecer de Stavropoulos foi
considerado por algumas delegações como mal fundamentado, juridicamente parcial e incorre-
to, pelo que se avançou com a hipótese de se remeter o estudo da questão para o Tribunal
Internacional de Justiça. Segundo Franco Nogueira foi acordado entre Portugal e os EUA, para
salvaguardar a obrigação norte-americana de não interferência no direito do acesso à sede das
NU, que o pedido português de extradição seria deliberadamente apresentado com atraso para
impedir que tivesse seguimento.
180
Nations Unies – A/C.4/SR 1498. Quatrième Commission, 1498e Séance. Mardi 3 Décembre
1963, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 498.
181
Presença assídua nas sessões dos órgãos sobre as colónias portuguesas, Amílcar Cabral, que
enviara um comunicado anunciando a chegada a Nova Iorque de uma delegação do PAIGC,
não conseguiu apresentar-se na IV Comissão. A sua comunicação foi distribuída como docu-
mento oficial e mais tarde o presidente da Comissão fez a leitura de um telegrama que enviara
ao SG e no qual apelava que fossem adotadas medidas para evitar o massacre da população civil
guineense. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1483. Quatrième Commission, 1483e Séance. Lundi 18
Novembre 1963, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 367.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 141
182
Nations Unies – A/C.4/SR 1476. Quatrième Commission, 1476e Séance. Mardi 12 Novembre
1963, à 10h45. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 314-315.
183
Entre as novas organizações que se apresentaram na Comissão temos o Comité de Unidade
Nacional Angolana (CUNA), criado em 1962 por dissidentes de outros movimentos. A orga-
nização propôs que a IV Comissão, entre outras medidas, recomendasse a retirada das forças
portuguesas de Angola, a libertação dos presos políticos, a convocação de uma mesa redonda
para a negociação da independência e a formação de um governo transitório para preparar
eleições por sufrágio universal. A Liga Geral dos Trabalhadores Angolanos (LGTA), associada à
FNLA, enviou uma petição escrita transmitindo informações sobre a situação dos trabalhadores
nas colónias portuguesas.
184
Nations Unies – A/C.4/SR 1457. Quatrième Commission, 1457e Séance. Vendredi 25 Octobre
1963, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 166-167.
185
Eduardo Mondlane envolveu-se numa discussão com o representante dos EUA por ter afir-
mado que estava em curso um projeto de cooperação nuclear entre o país e a África do Sul. Cf.
Nations Unies – A/C.4/SR 1480. Quatrième Commission, 1480e Séance. Jeudi 14 Novembre
1963, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 341-342.
142 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
186
ANTT, AOS/CO/NE-21-40, ONU, Carta de Júlio Monteiro, da Missão de Portugal na
ONU, para Silva Cunha, Subsecretário de Estado da Administração, de 20 de Novembro de 1963,
p. 878.
187
Nations Unies – A/C.4/SR 1490. Quatrième Commission, 1490e Séance. Jeudi 21 Novembre
1963, à 15h10. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 432.
188
Idem. p. 434.
189
Idem. p. 435.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 143
190
AHD, Fundo POI, Mç. 85, Processo WB-3, Anos de 1956-1964, Carta do MNE para o
GNP do MU, de 10 de Dezembro de 1963, p. 2.
191
AHD, Fundo POI, Mç. 84, Processo WA-51, Anos de 1963-1964, Aerograma da Embaixa-
da de Portugal em Madrid para o MNE, de 14 de Novembro de 1963, p. 1.
192
Nations Unies – A/C.4/SR 1484. Quatrième Commission, 1484e Séance. Lundi 18 Novembre
1963, à 15h10. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 370.
193
Idem. p. 371.
194
Nations Unies – A/C.4/SR 1488. Quatrième Commission, 1488e Séance. Mercredi 20
Novembre 1963, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 411.
195
O relatório do SG foi colocado à disposição das delegações e o comunicado do Grupo Afri-
cano sobre o rompimento das conversações foi lido pelo representante da Tunísia.
196
Nations Unies – A/C.4/SR 1476. Quatrième Commission, 1476e Séance… p. 309.
144 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
197
Nations Unies – A/C.4/SR 1484. Quatrième Commission, 1484e Séance… p. 370-371.
198
Idem. p. 372.
199
Nations Unies – A/C.4/SR 1483. Quatrième Commission, 1483e Séance… p. 365.
200
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 21 de Novembro de 1963, p. 1.
201
AHD, Fundo POI, Mç. 184, Processo ZB-2, Ano de 1964, Vol. VIII, Relatório (Resumo da
XVIII Sessão da Assembleia-Geral da ONU) Elaborado por Vasco Garin, p. 8.
202
Nations Unies – A/C.4/SR 1490. Quatrième Commission, 1490e Séance… p. 439.
203
United Nations – A/5629. 29 November 1963. Report of the Special Committee on the Situa-
tion with Regard to the Implementation of the Declaration on the Granting of Independence to
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 145
Colonial Countries and Peoples: Territories Under Portuguese Administration. Report of the Fourth
Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 7.
204
Nations Unies – A/C.4/SR 1493. Quatrième Commission, 1493e Séance. Mercredi 27
Novembre 1963, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 455-456.
205
As diligências foram efetuadas junto do Reino Unido, Peru, Argentina, Chile, Venezuela,
Dinamarca, Noruega, Itália, Canadá, Equador, Grécia, Turquia, Costa Rica, Brasil, Espanha,
França e EUA.
206
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Novembro de 1963, p. 1.
207
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Diário do Congresso Nacio-
nal, Secção II, de 16 de Maio de 1964, p. 1196.
208
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Copenhaga para o MNE, de 1 de Dezembro de 1963, p. 1-2.
209
Idem. p. 3.
146 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
210
Nations Unies – A/C.4/SR 1493. Quatrième Commission, 1493e Séance… p. 457.
211
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Novembro de 1963, p. 1.
212
Esses países argumentaram ainda que não era oportuno que a AG solicitasse ao Conselho a
implementação das suas próprias decisões, que lamentavelmente não tinham sido feitas referên-
cias ao relatório do SG e que a questão dos territórios portugueses estava mais de acordo com o
Capítulo VI da Carta do que com as disposições sobre ameaças e ruturas da paz. A Austrália e
a Nova Zelândia revelaram algumas reservas sobre as expressões utilizadas e quanto ao pedido
que fora formulado ao CS. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1494. Quatrième Commission, 1494e
Séance. Vendredi 29 Novembre 1963, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 461-462.
213
Nations Unies – A/C.4/SR 1495. Quatrième Commission, 1495e Séance. Vendredi 29 Novem-
bre 1963, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 468-469.
214
Na análise do relatório que foi apresentado pela IV Comissão à AG, a Argélia pediu que, na
indicação dos peticionários que tinham sido ouvidos, Holden Roberto fosse identificado como
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 147
Galvão fez o seu depoimento, que teve uma grande cobertura mediática, no
final dos trabalhos da Comissão215. Apesar da grande expectativa que pudesse
fornecer informações novas, o depoimento de Galvão não foi muito feliz,
desagradando aos países africanos, uma vez que defendeu a política colonial
portuguesa216. Ainda que interpretando a autodeterminação como a liberdade
dos povos determinarem o seu destino, Galvão demonstrou não apoiar a inde-
pendência das colónias, indicando que os dirigentes dos movimentos de liber-
tação, aos quais acusou de praticar assassinatos, não tinham representativida-
de217. Quando se tornou evidente que pretendia orientar a sua intervenção
para a luta contra o Estado Novo, foi-lhe indicado que se limitasse a abordar
o problema colonial por a Comissão não pretender se ocupar da situação em
Portugal. As declarações de Galvão foram particularmente contestadas pela
Argélia, Congo (Brazzaville), Guiné e Tanganica, que entenderam que não
tinham ajudado a uma melhor compreensão da realidade nas colónias portu-
guesas218. Para Portugal, a intervenção teve um efeito positivo por se conside-
rar que Galvão dera a impressão de diminuição mental e física e ter demons-
trado que era motivado por um ódio pessoal a Salazar219.
Não menos importante para Portugal foram as intervenções de António da
Fonseca, Romeo da Silva, Leo de Sousa e Wolfgang Doss de Souza, pertencen-
tes ao The Goan Association, com sede no Quénia220. Tendo resultado de uma
presidente do GRAE. Portugal apresentou reservas quanto à proposta e solicitou que fosse su-
jeita a votação. Como o presidente da Comissão afirmou que o pedido argelino fora aprovado
antes do português, a delegação portuguesa contestou a decisão, o que obrigou a uma votação.
A Comissão foi chamada a pronunciar-se não sobre a forma como identificar Holden Roberto,
mas sobre se o pedido da Argélia fora aprovado. A votação foi, na opinião da delegação norte-
-americana, bastante constrangedora para os países amigos de Portugal, tendo também motiva-
do algum descontentamento entre os afro-asiáticos, por nem todos terem reconhecido o GRAE.
Com 86 favor, 1 contra (Portugal) e 1 abstenção (Espanha) foi determinado que a proposta
argelina fora aprovada. O protesto português acabou por não constar do relatório aprovado pela
Comissão. Cf. Idem. p. 471-472.
215
AHD, Fundo POI, Mç. 85-A, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Vol. I, Carta da Legação
de Portugal em Lima para o MNE, de 12 de Dezembro de 1963, p. 2.
216
AHD, Fundo POI, Mç. 85-A, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Vol. I, Carta da Embai-
xada de Portugal no Rio de Janeiro para o MNE, de 16 de Dezembro de 1963, p. 1.
217
Nations Unies – A/C.4/SR 1507. Quatrième Commission, 1507e Séance. Lundi 9 Décembre
1963, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 568.
218
Idem. p. 569-571.
219
AHD, Fundo POI, Mç. 85-A, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Vol. I, Telegrama da Mis-
são de Portugal na ONU para o MNE, de 9 de Dezembro de 1963, p. 1.
220
Leo de Sousa, ex-diretor da Faculdade de Ciências da Universidade de Karachi, vivia no
Paquistão; Wolfgang Does de Sousa, bacharel em Comércio, associado do Institute of Charte-
red Accountants, residia em Inglaterra; António da Fonseca, gestor de promoção de vendas
148 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
iniciativa portuguesa para relembrar a questão de Goa, Damão e Diu nas NU,
com os depoimentos pretendia-se que Portugal pudesse dispor de argumentos
para demonstrar a parcialidade da Organização, acusando-a de negligenciar a
situação nesses territórios221. Os peticionários orientaram as suas intervenções
para a aplicação da autodeterminação, que curiosamente foi interpretada
segundo o entendimento das NU e não de acordo com o conceito portu-
guês222. Considerando que a autodeterminação, enquanto possibilidade dos
povos escolherem livremente a sua forma de viver, era incompatível com a
anexação pela força, os peticionários produziram afirmações que foram uma
reprodução das do representante português, Bonifácio de Miranda, de quem
partira a ideia de se apresentarem na Comissão223. As intervenções dos peticio-
nários foram constantemente interrompidas, acabando por lhes ser retirada a
palavra224. Da experiência resultou a dúvida se a IV Comissão deveria conti-
nuar a aceitar todos os pedidos de audição, tendo alguns países considerado
que esse método comportava riscos225.
Para demonstrar a importância que a questão assumira, os problemas decor-
rentes da aplicação da resolução 1808 (XVII), que instituíra o programa espe-
cial de formação para os territórios administrados por Portugal, foram analisa-
dos pela Comissão como um item separado. No relatório sobre a questão, o
SG informara que 80 bolsas de estudos, destinadas sobretudo ao ensino supe-
rior, tinham sido atribuídas pelos estados membros, o que foi considerado um
resultado satisfatório226. Para corrigir as deficiências do programa, designada-
mente ao nível da formação profissional, a Comissão aprovou um projeto de
resolução destinado a alargar os meios de ensino para os habitantes das coló-
nias portuguesas. O texto, adotado com um único voto contra, o de Portugal,
solicitava aos estados membros que pretendiam oferecer bolsas de estudos que
internacionais, tinha o seu domicílio em Portugal; e Romeo da Silva, secretário do Goan Asso-
ciation, era residente no Quénia. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 118, Processo XA-20, Anos de
1956-1964, Vol. II, Circular NU-3 do MNE, de 25 de Janeiro de 1964, p. 1.
221
A audição foi objeto de uma circular do MNE, onde se fez a transcrição integral da ata da
reunião. Cf. Ibidem.
222
Tendo o pedido de audição sido enviado de Londres, ficou previsto que os peticionários
viajariam para Nova Iorque a partir de um país estrangeiro. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 118,
Processo XA-20, Anos de 1956-1964, Vol. II, Apontamento de Bonifácio de Miranda, de [post.
31 de Janeiro de 1963], p. 1-2.
223
Nations Unies – A/C.4/SR 1508. Quatrième Commission, 1508e Séance. Mardi 10 Décembre
1963, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 577-578.
224
Idem. p. 578.
225
Ibidem.
226
Nations Unies – A/5801. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Activité
de l’Organisation. 16 Juin 1963-15 Juin 1964. Nova Iorque: s.n., 1964. p. 131.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 149
227
United Nations – A/5673. 14 December 1963. Information from Non-Self-Governing Territo-
ries. Report of the Fourth Committee. s.l: s.n., s.d. p. 14.
228
Nations Unies – A/PV. 1270. Assemblée Générale. Dix-Huitième Session. 1270e Séance
Plénière. Mardi 3 Décembre 1963, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1963. p. 1-4.
229
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 29 de Novembro de 1963, p. 1.
230
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Buenos Aires para o MNE, de 29 de Novembro de 1963, p. 1.
231
ANTT, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada
de Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de Outubro de 1963, p. 590-593v.
150 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
dos por razões diversas, nas decisões sobre as colónias portuguesas. Retrospe-
tivamente, por não ter trazido novidades, poderá ser entendida no âmbito do
carácter repetitivo das decisões da Organização e como uma mera formalidade
destinada à preparação da convocação do CS, que os africanos pretendiam que
tivesse lugar independentemente da decisão que fosse aprovada no plenário232.
232
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 21 de Novembro de 1963, p. 2.
233
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité... p. 18.
234
AHD, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada de
Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de 19 Outubro de 1963, p. 582-582v.
235
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 6 de Dezembro de 1963, p. 1.
236
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Circular NU-2 do MNE,
de 16 de Janeiro de 1964, p. 2.
237
Ibidem.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 151
a Libéria foram os que mais insistiram numa definição minimalista que fizesse
depender o exercício da autodeterminação da independência238. Como a ini-
ciativa do SG demonstrara, alguns países africanos adotaram no entanto um
comportamento ambíguo ou assumiram uma interpretação maximalista da
ideia. Madagáscar e a Tunísia não fizeram quaisquer referências ao conceito de
autodeterminação, limitando-se a considerações sobre o falhanço das conver-
sações ou à ameaça à paz e à segurança em África resultante da situação nas
colónias portuguesas239. Testemunhando as tensões existentes entre os africa-
nos, a Serra Leoa admitiu que a independência era apenas uma das opções da
autodeterminação, que poderia produzir outras soluções que não somente a
constituição de estados soberanos240. Por se declarar que nenhuma hipótese
estava excluída, a intervenção da Serra Leoa representou um certo recuo no
conceito africano de autodeterminação.
Adotando uma postura cautelosa, a representação portuguesa entendeu en-
quadrar as suas afirmações no contexto da declaração apresentada nas conver-
sações patrocinadas pelo SG241. Portugal continuou a tentar demonstrar que
não tinha uma posição rígida, indicando que os países africanos não se interes-
saram pela discussão das condições existentes nas suas colónias. Seguramente
para evitar a renovação da controvérsia, não foram efetuadas referências ao
conceito português de autodeterminação. Declarando defender os interesses
das populações, Portugal limitou-se a afirmar que a sua política tinha por base
a constituição de uma sociedade multirracial e que não existiam dúvidas quan-
to à legitimidade dos métodos empregues242. Para sublinhar uma vez mais a
disponibilidade em cooperar com as NU, Franco Nogueira, que rejeitou todas
as acusações, convidou oficialmente o SG a deslocar-se a Angola e a Moçam-
bique para averiguar a situação no terreno243.
O projeto de resolução apresentado pelos afro-asiáticos destinou-se a obter a
aprovação de todas as delegações e a convencer Portugal do carácter ultrapas-
sado da sua definição de autodeterminação. Do texto não constavam elemen-
tos, como a referência à ameaça à paz e à segurança internacionais, que pudes-
sem suscitar objeções. Sucessivas alterações, por iniciativa do Brasil e dos
EUA, reduziram o alcance do documento, atenuando a sua redação244. Os
238
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 18-19.
239
Idem. p. 18.
240
Idem. p. 18-19.
241
Nations Unies – A/5801. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General… p. 26.
242
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 19.
243
Idem. p. 19.
244
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Londres para o MNE, de 11 de Dezembro de 1963, p. 1.
152 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
245
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Washington para o MNE, de 11 de Dezembro de 1963, p. 1.
246
Ibidem.
247
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 20.
248
Ibidem.
249
Ibidem.
250
Ibidem.
251
Idem. p. 20.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 153
252
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 11 de Dezembro de 1963, p. 1.
253
Ibidem.
254
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Washington para o MNE, de 11 de Dezembro de 1963, p. 1.
255
AHD, Fundo POI, Mç. 207, Processo WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Londres para o MNE, de 11 de Dezembro de 1963, p. 1.
256
Nations Unies – A/5802. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 20.
257
Idem. p. 20-21.
154 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
258
Numa carta aos autores do projeto de resolução, Holden Roberto terá indicado que o texto
parecia ter tido por objetivo satisfazer Portugal e os seus aliados, em vez de manifestar a solida-
riedade africana com a luta nas colónias portuguesas. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 207, Proces-
so WE-Geral, Ano de 1963, Telegrama da Embaixada de Portugal em Brazzaville para o MNE,
de 13 de Dezembro de 1963, p. 1.
259
UNARMS, Archives of Secretary-General U Thant, AG-005, S-0884-0016-03, Country Files
of the Secretary-General U Thant, Portuguese Territories, Afro-Portuguese Conversations, Carta
de Tafeb Slim, Representante da Tunísia nas NU, para U Thant, de 29 de Abril de 1964, p. 1.
Uma Recuperação Notável: 1962-1964 | 155
260
Nations Unies – A/6001/Add. 1. Supplément n.º 1A. Introduction au Rapport Annuel du
Secrétaire General sur l’Activité de l’Organisation. 16 Juin 1964-15 Juin 1965. Nova Iorque: s.n.,
1965. p. 1.
156 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
O impacto das ideias promovidas pelas NU tem sido estudado como depen-
dendo de variáveis relacionadas com as áreas a que se reportam e com os
acontecimentos particulares que ao longo do tempo afetaram a Organização
(Emmerij, Jolly e Weiss, 2009: 203). O surgimento ou o desaparecimento de
ideias nas NU resultam de mudanças globais, que obrigam a um processo de
constante adaptação, para responder a preocupações novas. Entendida por
alguns como um preceito vinculativo, a ideia de autodeterminação tornou-se
num objetivo maior das NU. Os progressos realizados na sua implementação,
favorecidos em larga medida pelos esforços de países afro-asiáticos e socialis-
tas, transformaram a dominação colonial num anacronismo. Nada tendo per-
dido da sua gravidade, a situação nas colónias portuguesas, ao ficar demons-
trado após a XIX AG o desejo de retomar, de acordo com o regulamento
interno, os trabalhos da Organização, foi objeto de novas tentativas para
encontrar soluções. Em resultado do renovado interesse, a ausência de pro-
gressos na descolonização dos territórios portugueses foi considerada Uma
Fonte de Inquietações Particulares1. O sentimento de frustração e de insatisfa-
ção demonstrado pela maioria acentuou-se, favorecendo novas condenações
da política colonial portuguesa.
Sendo menor o tempo dedicado à análise da questão, tem-se entendido que
desde 1963 tinham sido esgotadas as iniciativas das NU, que passaram a resu-
mir-se à adoção de resoluções que solicitavam a independência imediata, ou
que Portugal não tinha muito a temer por as potências ocidentais não permi-
tirem a utilização de meios de pressão mais efetivos (Martins, 1995: 317; Oli-
veira, 2007: 14). Mesmo que possam ter alguma pertinência, tais afirmações
são somente parcialmente exatas, uma vez que nos anos de 1965-1967 o go-
verno português experimentou maiores dificuldades nas NU. Com tradução
num conjunto de decisões enérgicas, a ação internacional manifestou-se num
endurecimento da Organização e na multiplicação de iniciativas de diversa
ordem. Inúmeras queixas invocando incidentes fronteiriços foram apresenta-
das no CS e agências especializadas, como a OMS, suscitaram dúvidas quanto
à participação portuguesa nas suas sessões. As resoluções traduziram a intro-
1
Nations Unies – A/6701/Add. 1. Supplément n.º 1A. Introduction au Rapport Annuel du Secré-
taire General sur l’Activité de l’Organisation. 16 Juin 1966-15 Juin 1967. Nova Iorque: s.n.,
1967. p. 17.
158 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
dução de novos temas nos debates e foram desenvolvidos mais esforços para
ajudar os povos das colónias portuguesas a alcançarem a autodeterminação e a
independência. Tendo sido adotadas medidas de grande alcance, com signifi-
cado para o desenvolvimento da ideia de autodeterminação, o radicalismo
da Organização poderá ser considerado como resultante de um processo de
estreitamento da associação entre a questão colonial portuguesa e outras preo-
cupações dominantes da agenda das NU.
A Frustração Africana
Ainda antes da normalização do funcionamento das NU, a situação nas coló-
nias portuguesas registou um agravamento com desenvolvimentos em Angola e
na Guiné (Bissau) e o surgimento de uma nova frente em Moçambique. Em
Angola, decorrente das independências da Zâmbia e do Tanganica, os movi-
mentos de libertação passaram a dispor de mais bases de apoio, iniciando o
MPLA preparativos para a criação de uma nova frente de combate (Afonso e
Gomes, 2000: 585). Tendo obtido o reconhecimento da OUA, que entendeu
privilegiar os movimentos envolvidos na luta armada, o PAIGC reclamou o
controlo sobre parte do território da Guiné (Bissau), afirmando estar a imple-
mentar as estruturas de um proto-governo (Sousa, 2011: 378). Com santuários
na República Unida da Tanzânia, a FRELIMO (a partir de 24 de setembro de
1964) passou a realizar ações armadas em Moçambique, provocando um con-
flito que mobilizou laços transfronteiriços, afetando países vizinhos (Bonate,
2013). O apoio da ONU à ideia de autodeterminação terá influenciado a pas-
sagem à ação armada, que foi, entre outras razões, uma tentativa para demons-
trar a eficácia e o empenho na luta pela independência (Reis, 2013: 262).
Sendo os incidentes o resultado do conflito na Guiné (Bissau), o CS foi convo-
cado (em maio de 1965) para discutir uma queixa por violações repetidas do
espaço aéreo e do território senegalês por militares portugueses. A decisão ado-
tada, presente na resolução 204 (1965), lamentou profundamente as incursões
em território senegalês, reafirmando a anterior decisão do Conselho sobre a
questão e solicitando novamente ao governo português para implementar me-
didas eficazes que evitassem novas ocorrências2. Invocando a resistência de Por-
tugal em aplicar as resoluções e a intensificação da repressão contra as popula-
ções, a OUA (em julho) pediu que o órgão se reunisse urgentemente para
examinar a situação nas colónias portuguesas3. Com o estabelecimento de uma
2
Nations Unies – A/6001. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Activité
de l’Organisation. 16 Juin 1964-15 Juin 1965. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 38.
3
Numa iniciativa conjunta, os mandatários da OUA (Libéria, Madagáscar, Serra Leoa e Tunísia)
voltaram a solicitar, a 15 de outubro, uma reunião para o exame das questões dos “territórios
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 159
ocupados” por Portugal e da política do apartheid. Cf. Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2.
Rapport du Conseil de Sécurité. 16 Juillet 1965-15 Juillet 1966. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 46.
4
Após conversas com alguns representantes, António Patrício ficou convencido que a escolha
do momento para a convocação do Conselho fora da exclusiva responsabilidade dos quatro
países mandatados pela OUA, que teriam agido sem consultar o Grupo Africano. Cf. AHD,
Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Missão de Portugal na
ONU para o MNE, de 21 de Outubro de 1965, p. 1.
5
AHD, Fundo da Missão Portuguesa na ONU: 1975, Mç. 11, AC-2, Pasta 67, Telegrama da
Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Setembro de 1965, p. 1.
6
AHD, Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Carta do Diretor-Geral do
MNE para o GNP do MU, de 30 de Junho de 1965, p. 1-2.
7
Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 47.
160 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
8
Tendo pedido autorização no decorrer do debate para fazer uma declaração dadas as acusações
portuguesas de que abrigava campos de treino e bases militares de movimentos de libertação, o
representante da República Unida da Tanzânia, numa intervenção que Portugal qualificou “de
pura demagogia, usando linguagem violentíssima”, referiu a existência de execuções coletivas,
incêndios de aldeias e trabalho forçado nas colónias portuguesas. Cf. AHD, Fundo POI, Mç.
162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Carta do Diretor-Geral do MNE para o GNP do MU,
de 13 de Novembro de 1965, p. 2.
9
Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 48-49.
10
Idem. p. 49.
11
Portugal apresentou ao CS uma lista contendo a enumeração de 140 violações do espaço
aéreo da Guiné (Bissau), que teriam ocorrido nos primeiros seis meses do ano. Cf. Ibidem.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 161
12
Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 50.
13
AHD, Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 11 de Novembro de 1965, p. 1.
14
Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 52.
15
Ibidem.
162 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
16
Ibidem.
17
Idem. p. 52-53.
18
AHD, Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 19 de Novembro de 1965, p. 1-2.
19
Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 53.
20
Ibidem.
21
AHD, Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Carta da Missão de Por-
tugal na ONU para o MNE, de 26 de Novembro de 1965, p. 1-2.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 163
22
Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 54.
23
Ibidem.
24
Ibidem.
25
Ibidem.
164 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
26
Idem. p. 53-54.
27
AHD, Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1965, Vol. II, Carta do Diretor-Geral
do MNE para o GNP do MU, de 6 de Dezembro de 1965, p. 2-3.
28
United Nations. Resolution 217 (1965), 20 November 1965. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 165
29
AHD, Fundo POI, Mç. 185, Processo ZB-2, Anos de 1965-1966, Vol. XIII, Apontamento
Elaborado por Costa de Morais, do GNP do MU, de 30 de Dezembro de 1965, p. 15.
30
ANTT, AOS/CD-8-3-3, Alberto M. Franco Nogueira, Carta de Franco Nogueira, Enviada de
Nova Iorque, a António de Oliveira Salazar, de 5 de Outubro de 1965, p. 662-663.
31
Idem. p. 659-661.
32
United Nations. Resolution 2022 (XX), 5 November 1965. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
166 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
33
United Nations. Resolution 2054 (XX), 15 December 1965. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
34
United Nations. Resolution 2074 (XX), 17 December 1965. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
35
Arquivo da Fundação Mário Soares, Espólio Amílcar Cabral, 03 Movimentos Anticoloniais-
-CONCP, Pasta 07059.022.005, Processo Verbal da Primeira Reunião do Comité Preparatório da
II Conferência da CONCP, Rabat 12-15 de Fevereiro de 1965, p. 7.
36
Nations Unies – A/C.4/SR 1574. Quatrième Commission, 1574e Séance. Jeudi 2 Décembre
1965, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 386.
37
Nations Unies – A/C.4/SR 1584. Quatrième Commission, 1584e Séance. Vendredi 10 Décem-
bre 1965, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 469.
38
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Carta do MNE para o
GNP do MU, de 20 de Dezembro de 1965, p. 1.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 167
39
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 14 de Dezembro de 1965, p. 1.
40
United Nations – A/6209. 20 December 1965. Implementation of the Declaration on the
Granting of Independence to Colonial Countries and Peoples: Reports of the Special Committee:
Territories under Portuguese Administration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 6.
41
Idem. p. 7.
42
Ibidem.
43
Ibidem.
168 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
44
Idem. p. 7-8.
45
Idem. p. 8.
46
Ibidem.
47
Ibidem.
48
Idem. p. 9.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 169
49
Nations Unies – A/C.4/SR 1589. Quatrième Commission, 1589e Séance. Mercredi 15 Décem-
bre 1965, à 11h10. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 505.
50
Idem. p. 506.
51
Nations Unies – A/C.4/SR 1592. Quatrième Commission, 1592e Séance. Samedi 18 Décembre
1965, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 523.
170 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
52
Um dos membros da delegação portuguesa era Costa de Morais, do GNP do MU, que foi
delegado suplente na IV Comissão. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 185, Processo ZB-2, Anos de
1965-1966, Vol. XIII, Apontamento Elaborado por Costa de Morais, do GNP do MU, de 30 de
Dezembro de 1965, p. 1-21.
53
United Nations – A/C.4/SR 1585. Fourth Committee, 1585th Meeting. Monday, 13 December
1965, at 11 a.m. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 450.
54
Nations Unies – A/C.4/SR 1590. Quatrième Commission, 1590e Séance. Mercredi 15 Décembre
1965, à 15h35. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 514.
55
Idem. p. 513-514.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 171
56
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama do MNE para
a Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, de 16 de Dezembro de 1965, p. 1-2.
57
Nations Unies – A/C.4/SR 1592. Quatrième Commission, 1592e Séance… p. 524.
58
Idem. p. 522.
59
AHD, Fundo POI, Mç. 511, Processo POI-03, Ano de 1971, Informação de Serviço Secreta
do MNE, Elaborada por José Calvet de Magalhães a 15 de Janeiro de 1970, p. 3.
60
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Londres para o MNE, de 16 de Dezembro de 1965, p. 1.
172 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
61
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Paris para o MNE, de 18 de Dezembro de 1965, p. 1.
62
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 17 de Dezembro de 1965, p. 1.
63
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama do MNE para
a Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, de 16 de Dezembro de 1965, p. 1.
64
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Carta do MNE para o
Diretor do GNP do MU, de 21 de Dezembro de 1965, p. 2.
65
AHD, Fundo POI, Mç. 185, Processo ZB-2, Anos de 1965-1966, Vol. XIII, Apontamento
Elaborado por Costa de Morais, do GNP do MU, de 30 de Dezembro de 1965, p. 17-18.
66
Nations Unies – A/C.4/SR 1592. Quatrième Commission, 1592e Séance...p. 527.
67
Idem. p. 528.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 173
68
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 15 de Dezembro de 1965, p. 1.
69
Nations Unies – A/C.4/SR 1592. Quatrième Commission, 1592e Séance… p. 528.
70
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama do MNE para
a Embaixada de Portugal em Paris, de 19 de Dezembro de 1965, p. 1.
71
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama do MNE para
as Embaixadas Portuguesas em Viena, Copenhaga, Oslo, Bangkok, Santiago de Chile, Manila,
Tóquio e Dublin, de 19 de Dezembro de 1965, p. 1-2.
72
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Dublin para o MNE, de 21 de Dezembro de 1965, p. 1.
73
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama do MNE para
a Embaixada de Portugal em Dublin, de 23 de Dezembro de 1965, p. 1.
174 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
ção no número de votantes por certos países que tinham estado ausente terem
decidido participar na votação74. Quanto ao texto sobre o programa de ensino
e formação, não tendo havido alterações nos votos, também foi adotado,
transformando-se na resolução 2108 (XX), de 21 de dezembro75.
A posição assumida quanto à resolução 2107 (XX) não deixou de refletir nova-
mente os constrangimentos resultantes da deslegitimação da dominação colo-
nial, das vicissitudes da política interna ou das pressões afro-asiáticas. Presente
na votação, a Zâmbia, que foi o único país africano a explicar o seu voto, de-
monstrou, ao referir a sua política de boa vizinhança, estar dividida entre obje-
tivos dificilmente conciliáveis76. Delegações como as do Chile, Tailândia e Fili-
pinas no último momento mudaram de posição, faltando à promessa de votar
contra o texto77. A França, que garantira o seu máximo apoio, não conseguiu,
para surpresa de algumas delegações, votar contra devido ao desagrado dos
países africanos pelo seu comportamento na questão da Rodésia (em que se
absteve)78. Dadas as dificuldades que as relações comerciais com a África do Sul
suscitavam ao país, o Japão, estando numa situação delicada, também se limi-
tou à abstenção79. Nas explicações de voto, algumas delegações entenderam
acentuar o desacordo com as disposições mais polémicas da resolução, afirman-
do que teriam votado contra em caso de votação por divisão. Em justificação,
alegaram de novo o carácter radical do texto e a recusa em aceitar a associação
entre a questão colonial portuguesa e o Capítulo VII da Carta80. Como as
declarações podem ser consideradas uma evidência das atitudes dos países,
em grande parte os estados membros demonstraram não se sentir vinculados
pela decisão e nem ter a intenção de implementar as medidas adotadas81.
74
Nations Unies – A/PV. 1490. Assemblée Générale. Vingt et Unième Session. 1490e Séance
Plénière. Lundi 12 Décembre 1966, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 6.
75
Nations Unies – A/PV. 1407. Assemblée Générale. Vingtième Session. 1407e Séance Plénière.
Mardi 21 Décembre 1965, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1965. p. 5.
76
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1966, Vol. III, Carta do MNE para o
Diretor do GNP do MU, de 15 de Janeiro de 1966, p. 1.
77
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Santiago do Chile para o MNE, de 27 de Dezembro de 1965, p. 1-2; AHD, Fundo
POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1966, Vol. III, Carta do MNE para António Patrício, de
31 de Janeiro de 1966, p. 1.
78
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Paris para o MNE, de 21 de Dezembro de 1965, p. 1.
79
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1965, Vol. II, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Tóquio para o MNE, de 20 de Dezembro de 1965, p. 1.
80
Nations Unies – A/PV. 1490. Assemblée Générale. Vingt et Unième Session. 1490e Séance
Plénière... p. 6.
81
United Nations. Resolution 2108 (XX), 21 December 1965. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 175
82
Com a adotação da Uniting for Peace Resolution em meados da década de 1950, os EUA
conseguiram que a AG passasse a convocar sessões extraordinárias – em que se podia recomen-
dar o uso da força – para analisar as crises internacionais nos momentos de paralisação do CS
pelo veto. Ao modificar o equilíbrio dos poderes entre o CS e a AG, a Uniting for Peace Resolu-
tion resultou numa rejeição do princípio da unanimidade entre as grandes potências. Cf. Bosco,
2009: 60.
83
O SG U Thant, num relatório transmitido ao CS a 30 de junho, indicou as medidas adota-
das em aplicação da resolução 218 (1965). Numa adenda ao relatório, a 1 de julho, comunicou
informações adicionais sobre a troca de correspondência em curso com o governo português,
que, uma vez mais, afirmou a disponibilidade para, por ocasião da XXI AG, realizar conversa-
ções com o SG. Cf. Nations Unies – A/6302. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité…
p. 55.
176 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
84
Arquivo da Fundação Mário Soares, Espólio Amílcar Cabral, 03 Movimentos Anticoloniais-
-CONCP, Pasta 04602.038, A Unidade Política e Moral: Força Principal da Nossa Luta Comum:
Discurso Publicado em Nome da Delegação do PAIGC por Amílcar Cabral, SG do Partido à
II Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas-CONCP, Realizada em
Dar es Salam de 3 a 8 de Novembro de 1965, p. 6-7.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 177
85
Os empréstimos tinham sido concedidos à Hidroelétrica do Douro, SARL, e à Empresa
Termoelétrica Portuguesa, SARL. Cf. Nations Unies – A/5800/Rev. 1. Rapport du Comité Spé-
cial Chargé d’Étudier la Situation en ce qui Concerne l’Application de la Déclaration sur l’Octroi de
l’Indépendance aux Pays et aux Peuples Coloniaux. 1964. Canadá: s.n., 1965. p. 179.
86
United Nations. Resolution 226 (1966), 14 October 1966. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
87
AHD, Fundo POI, Mç. 162, Processo ZC-2, Ano de 1966, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Outubro de 1966, p. 1-2.
178 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
88
AHD, Fundo POI, Mç. 189, Processo ZB-2, Ano de 1967, Vol. XXVII, Relatório Elaborado
por Duarte Vaz Pinto, Delegado de Portugal na ONU, de 17 de Outubro de 1967, p. 1; AHD,
Fundo POI, Mç. 184, Processo ZB-2, Anos de 1964-1965, Vol. X, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 15 de Dezembro de 1964, p. 1.
89
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1966, Vol. III, Carta do MNE para o
Diretor do GNP do MU, de 14 de Dezembro de 1966, p. 3.
90
United Nations. Resolution 221 (1966), 9 April 1966. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
91
United Nations. Resolution 2145 (XX), 27 October 1966. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
92
Para provocar o adiamento da discussão, as Filipinas, relembrando que Portugal manifestara
a intenção de participar em conversações, perguntou se a Comissão podia reunir-se somente
após a realização dos encontros entre o SG e o governo português. Tendo sido decidido dar
continuidade aos trabalhos, as conversações acabaram por não se concretizar. Cf. UNARMS,
Archives of Secretary-General U Thant, S-0884-0016-02, Country Files of the Secretary-Gene-
ral U Thant, Portuguese Territories, Portugal, Carta de António Patrício para U Thant, de 11 de
Julho de 1966, p. 1-2.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 179
93
Nations Unies – A/C.4/SR 1640. Quatrième Commission, 1640e Séance. Mardi 22 Novembre
1966, à 15h10. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 303.
94
United Nations – A/C.4/SR 1645. Fourth Committee, 1645th Meeting. Monday 28 November
1966, at 3.15 p.m. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 317-318.
95
Ouvido a pedido do Gana, o Conselheiro Legal das NU concordou em parte com as afirma-
ções do BIRD, indicando que a adoção da resolução visando o Banco deveria ter sido precedida
de consultas com a instituição. Por o BIRD não ter também convidado um representante das
NU a participar na reunião em que fora discutida a concessão de empréstimos a Portugal, C. A.
Stavropoulos concluiu que ambas as partes violaram o acordo associação que as unia. Cf. Na-
tions Unies – A/C.4/SR 1653. Quatrième Commission, 1653e Séance. Samedi 3 Décembre 1966,
à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 412.
96
Nations Unies – A/C.4/SR 1641. Quatrième Commission, 1641e Séance. Mercredi 23 Novem-
bre 1966, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 307.
97
Ibidem.
98
Ibidem.
180 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
99
Nations Unies – A/C.4/SR 1646. Quatrième Commission, 1646e Séance. Mardi 29 Novembre
1966, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 354-355.
100
United Nations. Resolution 2158 (XXI), 25 November 1966. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
101
Nations Unies – A/C.4/SR 1641. Quatrième Commission, 1641e Séance... p. 309.
102
Tendo enviado um pedido de audição, Alberto Nank não chegou no entanto a apresentar-se
na IV Comissão. Nank entrou em contacto com a Embaixada de Portugal em Londres, tendo
informado que após a audição pretendia fixar residência na Guiné (Bissau), pelo que solicitou
um passaporte português. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 185, Processo ZB-2, Ano de 1966, Vol.
XV, Carta da Embaixada de Portugal em Londres para o MNE, de 12 de Setembro de 1966, p. 1-3.
103
Os representantes dos movimentos anticolonialistas aproveitaram as audições para desen-
volver contactos com os estados membros, sobretudo com os africanos e os socialistas. Cf.
AHD, Fundo POI, Mç. 186, Processo ZB-2, Anos de 1966-1967, Vol. XVIII, Informação de
Serviço Elaborada por João Afonso Ascensão, a 7 de Dezembro de 1966, p. 3.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 181
104
Nations Unies – A/C.4/SR 1642. Quatrième Commission, 1642e Séance. Vendredi 25
Novembre 1966, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 316.
105
Nations Unies – A/C.4/SR 1643. Quatrième Commission, 1643e Séance. Vendredi 25
Novembre 1966, à 20h50. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 323.
106
Nations Unies – A/C.4/SR 1649. Quatrième Commission, 1649e Séance. Jeudi 1 Décembre
1966, à 11h10. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 381-382.
107
Nations Unies – A/C.4/SR 1647. Quatrième Commission, 1647e Séance. Mardi 29 Novembre
1966, à 16h15. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 371.
108
Idem. p. 372-373.
182 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
109
Nations Unies – A/C.4/SR 1648. Quatrième Commission, 1648e Séance. Mercredi 30
Novembre 1966, à 16h05. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 378.
110
United Nations – A/655. 6 December 1966. Question of Territories under Portuguese Adminis-
tration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 7.
111
Ibidem.
112
Idem. p. 8.
113
Ibidem.
114
Ibidem.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 183
115
Idem. p. 8-9.
116
Idem. p. 9.
117
Ibidem.
118
Nations Unies – A/C.4/SR 1653. Quatrième Commission, 1653e Séance... p. 416.
119
Ibidem.
120
Nations Unies – A/C.4/SR 1654. Quatrième Commission, 1654e Séance. Lundi 5 Décembre
1966, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 424.
184 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
121
Idem. p. 424-425.
122
Idem. p. 425.
123
As reservas do Malawi mereceram uma resposta da Etiópia, que, afirmando compreender a
posição do país, indicou que a independência das colónias portuguesas exigiria sacrifícios. Cf.
Nations Unies – A/C.4/SR 1654. Quatrième Commission, 1654e Séance… p. 428.
124
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1967, Vol. IV, Memorando da Embai-
xada de Portugal em Quito ao Ministro Gonzalo Ponce, Subsecretário dos Assuntos Políticos, de 4 de
Dezembro de 1966, p. 1.
125
AHD, Fundo POI, Mç. 185, Processo ZB-2, Ano de 1966, Vol. XV, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 19 de Setembro de 1966, p. 1.
126
Nations Unies – A/C.4/SR 1654. Quatrième Commission, 1654e Séance… p. 430-431.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 185
127
Nations Unies – A/C.4/SR 1655. Quatrième Commission, 1655e Séance. Lundi 5 Décembre
1966, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 433-434.
128
Idem. p. 435.
129
Nations Unies – A/PV. 1490. Assemblée Générale. Vingt et Unième Session. 1490e Séance
Plénière. Lundi 12 Décembre 1966, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1966. p. 6.
186 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
estados membros terem atendido aos apelos da sessão anterior130. Para dar
continuidade ao programa, a AG adotou, por 112 votos a favor, 2 contra e
2 abstenções, a resolução 2237 (XXI), de 20 de dezembro, que solicitou ao SG
para prosseguir com as medidas para permitir que o maior número possível de
estudantes pudesse beneficiar da iniciativa, convidando-se os estados mem-
bros a oferecer oportunidades sobretudo para o ensino secundário e a forma-
ção profissional131.
Podendo em parte ser explicadas pelo descontentamento dos países africanos
com o incumprimento por Portugal do embargo petrolífero à Rodésia, as deci-
sões sobre as colónias portuguesas foram menos duras do que as adotadas pou-
co depois para as demais questões da África Austral. Em particular, o CS invo-
cou o Capítulo VII da Carta contra a Rodésia, colocando o embargo sob o
patrocínio das NU, e a AG condenou novamente o apartheid na África do Sul.
Mesmo tendo ficado aquém das propostas mais enérgicas, a resolução 2184
(XXI) teve importância para o processo de fixação de regras definidoras da ideia
de autodeterminação por considerar a recusa na sua implementação como um
crime contra a humanidade. A resolução foi mais um exemplo da tendência da
maioria para considerar que a ideia de autodeterminação estava num nível hie-
rárquico superior e que constituía o fundamento e o elemento central dos
direitos humanos (Normand e Zaidi, 2008: 212). A resolução continuou a
validar o recurso à luta armada, a apresentar referências à liberdade e, por con-
denar os investimentos estrangeiros enquanto obstáculo à independência,
explicitamente voltou a reconhecer que os aspetos económicos e políticos da
ideia de autodeterminação eram indissociáveis. Subjacente ao reconhecimento
estava uma definição da ideia de autodeterminação como incluindo a indepen-
dência política, económica, social e cultural, o que era semelhante ao entendi-
mento adotado nos convénios sobre os direitos humanos aprovados na resolu-
ção 2200 (XXI), de 16 de dezembro (Normand e Zaidi, 2008: 241).
130
Nations Unies – A/6701. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Acti-
vité de l’Organisation… p. 85.
131
United Nations. Resolution 2237 (XXI), 20 December 1966. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
132
AHD, Fundo Missão Permanente de Portugal junto das Nações Unidas: 1980, Mç. 66,
Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 29 de Setembro de 1967, p. 1-2.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 187
133
Nations Unies – A/6700/Rev.1. Rapport du Comité Spécial Chargé d’Étudier… p. 69.
134
O consenso consiste numa forma de decisão que implica a aceitação positiva das propostas
por parte de todas as delegações. Cf. Peterson, 2007: 102.
135
Tanto Duarte Silva como Barbier afirmam que o projeto de resolução não tinha disposições
novas.
136
A iniciativa teve início ainda em dezembro de 1966, quando o SG transmitiu ao BIRD a
cópia das resoluções 2184 (XXI) e 2202 (XXI), que o encarregaram de realizar consultas sobre
os empréstimos à África do Sul.
137
United Nations – A/6825. 15 September 1967. Consultation with the International Bank for
Reconstruction and Development. Report of the Secretary-General. s.l.: s.n., s.d. p. 12-20.
188 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
138
ANTT, AOS/CO/NE-30-32, EUA, Relato da Conversa entre Dean Rusk e Franco Nogueira,
Realizada no Departamento de Estado, a 17 de Novembro de 1967, p. 539-540.
139
United Nations. Resolution 241 (1967), 15 November 1967. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
140
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1967, Vol. IV, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 1 de Novembro de 1967, p. 1.
141
Ainda no debate de abertura da AG, delegações como a da URSS, que sempre foram bas-
tante hostis a Portugal, revelaram menor agressividade quanto à política colonial portuguesa.
Cf. AHD, Fundo Missão de Portugal nas Nações Unidas: 1980, Mç. 66, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 29 de Setembro de 1967, p. 1-2.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 189
142
United Nations. Resolution 2372 (XXII), 12 June 1967. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
143
United Nations. Resolution 2262 (XXII), 4 November 1967. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
144
AHD, Fundo POI, Mç. 39, Processo UA-4, Ano de 1967, Vol. IV, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 1 de Novembro de 1967, p. 1.
145
Ibidem.
146
AHD, Fundo POI, Mç. 211, Processo WE-Geral-Ult., Ano de 1967, Vol. I, Telegrama do
MNE para Todas as Missões Portugueses na América Latina, Exceto Rio de Janeiro e Cuba, de 26 de
Outubro de 1967, p. 1.
147
No debate de abertura da AG, o representante da Venezuela não fez referências à política co-
lonial portuguesa, o que foi considerado pela Embaixada em Caracas como um gesto de simpatia
para Portugal. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 187, Processo ZB-2, Ano de 1967, Vol. XXIII, Tele-
grama da Embaixada de Portugal em Caracas para o MNE, de 2 de Outubro de 1967, p. 1.
190 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
148
Nations Unies – A/C.4/SR 1715. Quatrième Commission, 1715e Séance. Mercredi 8 Novembre
1967, à 15h35. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 232.
149
Os EUA, que segundo Portugal estavam provavelmente preocupados com uma futura expo-
sição de armamento utilizado no Vietname, sugeriram que as fotografias fossem distribuídas
individualmente às delegações. Como alguns países insistiram na exibição e os EUA
apresentaram reservas quanto a esse método de partilha de informação, por sugestão do Quénia
a Comissão entendeu, além da exposição, proceder à distribuição das fotografias pelas delega-
ções. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1708. Quatrième Commission, 1708e Séance. Jeudi 2
Novembre 1967, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 165.
150
Nations Unies – A/C.4/SR 1708. Quatrième Commission, 1708e Séance... p. 162.
151
Nations Unies – A/C.4/SR 1715. Quatrième Commission, 1715e Séance… p. 230.
152
Nations Unies – A/C.4/SR 1711. Quatrième Commission, 1711e Séance. Lundi 6 Novembre
1967, à 11h. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 189.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 191
153
Nations Unies – A/C.4/SR 1708. Quatrième Commission, 1708e Séance... p. 162.
154
Idem. p. 163.
155
Nations Unies – A/C.4/SR 1712. Quatrième Commission, 1712e Séance. Lundi 6 Novembre
1967, à 16h10. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 196 e 203.
156
Idem. p. 199.
157
Nations Unies – A/C.4/SR 1716. Quatrième Commission, 1716e Séance. Jeudi 9 Novembre
1967, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 237.
158
Nations Unies – A/C.4/SR 1715. Quatrième Commission, 1715e Séance... p. 226.
192 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
159
United Nations – A/6908. 15 November 1967. Question of Territories under Portuguese
Administration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 4-5.
160
Idem. p. 5.
161
Ibidem.
162
Idem. p. 6.
163
Ibidem.
164
United Nations – A/6908. 15 November 1967. Question of Territories under Portuguese… p. 6.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 193
165
Idem. p. 7.
166
United Nations – A/C.4/L.872. 8 Novembre 1967. Application de la Déclaration sur l’Octroi
de l’Independence aux Pays et aux Peuples Coloniaux: Question des Territories sous Administration
Portugaise. s.l.: s.n., s.d. p. 4.
167
Ibidem.
168
United Nations – A/6908. 15 November 1967. Question of Territories under Portuguese… p. 7.
169
Idem. p. 8.
170
Ibidem.
194 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
171
Ibidem.
172
Nations Unies – A/C.4/SR 1716. Quatrième Commission, 1716e Séance... p. 235-236.
173
Ibidem.
174
Ibidem.
175
AHD, Fundo POI, Mç. 211, Processo WE-Geral-Ult., Ano de 1967, Vol. I, Carta do
Ministério das Relações Exteriores do Uruguai para a Embaixada de Portugal, de 27 de Outubro de
1967, p. 1.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 195
176
A título de exemplo vide Nations Unies – A/C.4/SR 1717. Quatrième Commission, 1717e
Séance. Vendredi 10 Novembre 1967, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1967. p. 239-244.
177
Idem. p. 243-244.
178
Idem. p. 240-241.
179
Nations Unies – A/C.4/SR 1717. Quatrième Commission, 1717e Séance... p. 242-243.
180
United Nations – A/6908. 15 November 1967. Question of Territories under Portuguese… p. 7.
181
Nations Unies – A/C.4/SR 1717. Quatrième Commission, 1717e Séance... p. 244-245.
196 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
182
AHD, Fundo POI, Mç. 211, Processo WE-Geral-Ult., Ano de 1967, Vol. I, Carta da Em-
baixada de Portugal na Guatemala para o MNE, de 19 de Outubro de 1967, p. 1-3.
183
Nations Unies – A/C.4/SR 1717. Quatrième Commission, 1717 e Séance... p. 245.
184
Idem. p. 246.
185
Idem. p. 245-246.
186
Nations Unies – A/7201. Supplément n.º 1. Rapport Annuel du Secrétaire General sur l’Acti-
vité de l’Organisation. 16 Juin 1967-15 Juin 1968. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 101.
187
United Nations. Resolution 2349 (XXII), 19 November 1967. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
188
Idem.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 197
194
Ibidem.
195
United Nations. Resolution 2311 (XXII), 14 December 1967. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
196
Ibidem.
197
Ibidem.
Uma Fonte de Inquietações Particulares: 1965-1967 | 199
Mesmo que haja opiniões que favoreçam um entendimento das ideias de forma
isolada, sem qualquer referência ao contexto, o ideational role das NU tem
vindo a ser considerada em conjunto com o âmbito histórico e social em que
Organização desempenhou o seu mandato (Emmerij, Jolly e Weiss, 2001: 8-9).
Se bem que num primeiro momento continuassem as dificuldades em conse-
guir que o CS correspondesse aos apelos da maioria, as sessões de 1965-1967
distinguiram-se pelas decisões radicais sobre a política colonial portuguesa. As
resoluções da AG apresentaram disposições duras, em que a linguagem empre-
gue nos textos traduziu a violência das afirmações da maioria. O reconheci-
mento da legitimidade da luta das populações das colónias portuguesas, os
pedidos de embargos militares e de sanções político-económicas, que somente
podiam ser invocados pelo CS em aplicação do Capítulo VII da Carta, ou a
solicitação do aumento da assistência às populações passaram a ser recorrentes
nas decisões adotadas. Questões anteriormente referidas, como os obstáculos
resultantes das atividades e dos interesses económicos estrangeiros na aplicação
da Declaração, ganharam um grande destaque com a realização de estudos e a
adoção de resoluções específicas. Novos temas foram associados à análise da
questão colonial portuguesa, demonstrando-se a tendência para envolver todo
o sistema das NU na aplicação da Declaração. Aprovadas com as reservas de
países ocidentais, de latino-americanos e de alguns africanos, as resoluções de-
monstraram porém as dificuldades em se alcançar a unanimidade, uma vez que
o maior radicalismo das decisões alienou parte dos votantes.
O endurecimento das NU terá em parte sido justificado pelo agravamento da
situação nas colónias com a criação de uma nova frente em Moçambique,
pelas ações militares realizadas por Portugal em países africanos que resulta-
ram num descontentamento generalizado ou pela influência que o Comité de
Descolonização, onde surgiram muitas das iniciativas contra o governo portu-
guês, vinha adquirindo. Ao se questionar se o radicalismo poderá ser atribuído
a fatores externos, como a associação da questão colonial portuguesa a outras
preocupações, pensamos poder afirmar que as decisões das NU somente en-
200 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Para que possam produzir mudanças, as ideias devem ser defendidas por gru-
pos com acesso institucional e ser enquadradas de forma a gerar consenso
(Stiller, 2010: 28-29). Tendo a ideia de autodeterminação estado sujeita a um
processo de constante adaptação e evolução, as decisões das NU sobre os ter-
ritórios colonizados, por se reportarem à resolução 1514 (XV), resultaram
numa afirmação constante do desejo de eliminar o colonialismo. Com a apro-
ximação do final da década de 1960, os progressos na implementação da reso-
lução 1514 (XV) continuaram no entanto a ser lentos e em alguns casos não
se registaram avanços significativos1. Não somente a recusa de determinados
países em sujeitar-se às decisões das NU, mas o facto de outros não concede-
rem à Organização a plena cooperação para a aplicação das soluções necessá-
rias foram apresentados como causas do atraso2. Em particular, a situação na
África Austral foi considerada um desafio à vontade coletiva das NU para co-
locar fim à dominação colonial, sendo a presença portuguesa na região enten-
dida como o mais sério obstáculo à paz3.
Com os projetos de resolução a serem novamente adotados por maiorias es-
magadoras, no período de 1968-1970 as NU ensaiaram novas abordagens na
análise da questão colonial portuguesa. Mesmo se algumas condenações tives-
sem sido retomadas, as resoluções apresentaram críticas menos enérgicas, evi-
tando dirigir apelos insistentes ou detalhados a Portugal, aos estados mem-
bros, às agências especializadas e às organizações internacionais (Silva, 1995:
33). Interpretada por alguns estudos como um sinal de impotência perante a
inflexibilidade do governo português, a moderação das NU é entendida por
outros como um compromisso com A Via do Realismo (Barbier, 1974: 377). A
explicação apresentada para a diminuição do radicalismo pretende que a situa-
ção terá sido o resultado das expectativas que se seguiram às mudanças ocorri-
das em Portugal com a substituição de António de Oliveira Salazar por Mar-
cello Caetano (Silva, 1995: 33). Mesmo não sendo totalmente destituída de
fundamento, essa afirmação não tem todavia em consideração que a modera-
ção visava igualmente conseguir que as resoluções fossem adotadas por unani-
1
Nations Unies – A/7201/Add. 1. Supplément n.º 1A. Introduction au Rapport Annuel du Secré-
taire General sur l’Activité de l’Organisation. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 18-19.
2
Ibidem.
3
Ibidem.
202 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
4
Como acontecera na sessão anterior, em que o órgão fora convidado a participar em eventos
relacionados com as suas atividades, o Comité de Descolonização esteve representado na Con-
ferência dos Direitos Humanos, realizada no Irão, de 22 de abril a 13 de maio.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 203
355-357). Seguida com atenção pela imprensa internacional, o novo ciclo que
se pensava que fora iniciado em Portugal com a mudança de governo condi-
cionou os debates na IV Comissão.
A discussão geral (realizada entre 25 de outubro e 20 de novembro) foi ante-
cedida pela audição de peticionários, num momento em que a OUA, que
conferia legitimidade aos movimentos de libertação, reconhecera o MPLA
como representante de Angola (Sousa, 2011: 277). Pretendendo somente le-
gitimar os movimentos que lutassem por meios militares, a OUA decidiu tam-
bém rever o estatuto de governo no exílio atribuído ao GRAE, mantendo
contudo o reconhecimento à FNLA (Pélissier e Wheeler, 2009: 297). A falta
de entusiasmo que as organizações anticoloniais demonstraram relativamente
ao Comité de Descolonização voltou a ser sentida na IV Comissão, confir-
mando o distanciamento quanto às NU5. Pouco solicitada, a Comissão acei-
tou unicamente o pedido de audição da FRELIMO, que apresentou dois fil-
mes destinados a documentar a luta pela independência e as condições de vida
nas áreas que afirmava controlar. As declarações do movimento indicaram que
os seus efetivos tinham sido aumentados, que as operações militares estavam
a ser alargadas e que um quinto do território moçambicano fora liberto6.
Apelando à adoção de medidas concretas, a FRELIMO denunciou a presença
de mercenários sul-africanos em Moçambique, a criação de aldeamentos estra-
tégicos, as violações por Portugal da soberania de países africanos e o projeto
de construção da barragem de Cabora Bassa, cuja adjudicação a consórcios
internacionais estava em estudo7.
Uma vez mais, os intervenientes na discussão geral continuaram a ser, na sua
esmagadora maioria, afro-asiáticos e socialistas, com as afirmações contra a
política colonial portuguesa a não registarem alterações significativas, manten-
do-se tão radicais quanto outrora. O Chile e a Venezuela foram os únicos lati-
no-americanos a participarem no debate, demonstrando novamente o descon-
forto quanto à tomada de posição em relação ao colonialismo português.
Tendo em atenção o verificado na XXII AG, não se pode deixar de equacionar
a hipótese segundo a qual a não participação dos restantes latino-americanos
tivesse resultado de diligências empreendidas por Portugal. Mesmo eviden-
ciando a preocupação pela recusa portuguesa em implementar a resolução
1514 (XV), o Chile e a Venezuela exprimiram um certo descontentamento
quanto ao radicalismo dos afro-asiáticos e dos socialistas. Ambos os países
5
Foi concedida uma audição a Alberto Nank, que novamente não esteve presente nas sessões.
6
Nations Unies – A/C.4/SR 1773. Quatrième Commission, 1773e Séance. Lundi 28 Octobre
1968, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 2.
7
Idem. p. 3-4.
204 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
8
Nations Unies – A/C.4/SR 1784. Quatrième Commission, 1784e Séance. Mardi 5 Novembre
1968, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 4.
9
Nations Unies – A/C.4/SR 1785. Quatrième Commission, 1785e Séance. Mercredi 6 Novembre
1968, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 2.
10
Idem. p. 1.
11
Algumas delegações afro-asiáticas e a Jugoslávia, aplicando a técnica conhecida por heckling,
interromperam, com a apresentação de moções da ordem do dia, as intervenções portuguesas.
Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 381, Processo POI 6.0, Ano de 1969, Vol. IV, Informação de Ser-
viço Elaborada por Bonifácio de Miranda, a 3 de Fevereiro de 1969, p. 8-9.
12
Nations Unies – A/C.4/SR 1787. Quatrième Commission, 1787e Séance. Vendredi 8 Novembre
1968, à 11h10. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 4-5.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 205
13
Idem. p. 5.
14
AHD, Fundo POI, Mç. 380, Draft Report of the Australian Delegation to the Twenty-Third
Session of the United Nations General Assembly 24 September-21 December, p. 56.
15
AHD, Fundo POI, Mç. 381, Processo POI 6.0, Ano de 1969, Vol. IV, Informação de Servi-
ço Elaborada por Bonifácio de Miranda, a 3 de Fevereiro de 1969, p. 13-14.
16
Para a Austrália, uma outra explicação era o facto da maioria se ter apercebido que, não
obstante a natureza extremista das resoluções adotadas em sessões anteriores, a situação nas
colónias portuguesas sofrera poucas alterações. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 380, Draft Report of
the Australian Delegation… p. 55-56.
17
A Colômbia, para que fossem suprimidas quaisquer afirmações dirigidas aos portugueses,
pediu que o texto tivesse como destinatário unicamente o governo português. Cf. Nations
Unies – A/C.4/SR 1793. Quatrième Commission, 1793e Séance. Mercredi 20 Novembre 1968, à
15h30. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 1.
206 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
18
United Nations – A/7352. 25 November 1968. Question of Territories under Portuguese Admi-
nistration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 4.
19
Ibidem.
20
Ibidem.
21
Idem. p. 5.
22
Ibidem.
23
Ibidem.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 207
24
Ibidem.
25
Ibidem.
26
Idem. p. 6.
27
Ibidem.
28
Ibidem.
29
Idem. p. 3.
208 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
gações, como às dos países ocidentais, que tinham objeções quanto às conclu-
sões e recomendações do Comité de Descolonização, o parágrafo que na
primeira versão do texto destinava-se a aprovar o relatório do órgão foi supri-
mido. Como desejado pelos autores, o texto acabou por ser pouco debatido,
não suscitando a mesma polémica que os anteriores projetos de resolução.
Países como a União Indiana e o Gana argumentaram a favor do documento,
considerando-o como passível de receber um apoio unânime30. Outras delega-
ções, como a URSS e a Jugoslávia, demonstraram no entanto a preferência por
um texto mais radical, que condenasse energicamente o governo português e
os membros da NATO31.
Mesmo que os autores do projeto tivessem efetuado importantes concessões,
não deixaram de ser apresentadas reservas. Havendo novas perspectivas no
relacionamento entre Portugal e o Reino Unido, uma vez que a nomeação de
Caetano desanuviara as relações entre os dois países, os britânicos indicaram
que certas disposições relevavam da competência do CS e que não podiam
aceitar as alusões à NATO, aos interesses económicos estrangeiros, à instalação
de emigrantes, à aplicação da Convenção de Genebra e ao aumento da assis-
tência às populações (Oliveira, 2007: 360). Os EUA, que também tinham
visto as suas relações com Portugal melhorar com a mudança de governo, re-
petiram as mesmas considerações, acrescentando que deveriam ser definidas
com maior precisão as iniciativas a adotar pelo SG para a implementação da
resolução (Schneidman, 2005: 150). A Holanda e a Grécia, que como os res-
tantes ocidentais não participaram na discussão geral, manifestaram sérias
objeções, indicando não concordar com os parágrafos referentes à NATO e às
condenações ao governo português32. A África do Sul, sem qualquer originali-
dade, disse que o projeto continha afirmações sem fundamentação ou que
tinham sido desmentidas pelos factos33. Mais detalhadas, as objeções da Dina-
marca e da Noruega, ainda que direcionadas para os mesmos tópicos suscita-
dos suscitadas pelas demais delegações, destinaram-se mais a salvaguardar
questões consideradas de princípio do que a manifestar apoio a Portugal34.
Com as conversas de bastidores a demonstrarem que os latino-americanos
tinham uma interpretação muito própria do texto, o Uruguai acabou por ser
30
Nations Unies – A/C.4/SR 1790. Quatrième Commission, 1790e Séance. Vendredi 15 Novembre
1968, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 1; Nations Unies – A/C.4/SR 1793. Quatrième
Commission, 1793e Séance… p. 1.
31
Um dos países que indicou preferir um texto mais duro foi a Checoslováquia. Cf. Nations
Unies – A/C.4/SR 1793. Quatrième Commission, 1793e Séance… p. 4.
32
Idem. p. 2-4.
33
Idem. p. 4.
34
Idem. p. 3.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 209
35
Idem. p. 4.
36
AHD, Fundo POI, Mç. 228, Processo POI 05, Ano de 1968, Telegrama do MNE para a
Embaixada de Portugal no Rio de Janeiro, de 10 de Outubro de 1968, p. 1.
37
Nations Unies – A/C.4/SR 1793. Quatrième Commission, 1793e Séance… p. 5.
38
Devido à abstenção espanhola, em retaliação Portugal ausentou-se da sala no momento das
votações sobre Gibraltar, Ifni e Sahara Espanhol, tanto na IV Comissão como no Plenário. Cf.
AHD, Fundo POI, Mç. 381, Processo POI 6.0, Ano de 1969, Vol. IV, Informação de Serviço
Elaborada por Bonifácio de Miranda, a 3 de Fevereiro de 1969, p. 11.
39
United Nations. Resolution 2428 (XXIII), 18 December 1968. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012; United Nations. Resolution 2429 (XXIII), 18
December 1968. Disponível em <URL:http://www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
40
Nations Unies – A/C.4/SR 1793. Quatrième Commission, 1793e Séance… p. 6.
210 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
41
Idem. p. 5-6.
42
Idem. p. 5.
43
Idem. p. 6.
44
Nations Unies – A/PV. 1730. Assemblée Générale. Vingt-Troisième Session. 1730e Séance
Plénière. Vendredi 29 Novembre 1968, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1968. p. 2-3.
45
Idem. p. 3.
46
Ibidem.
47
United Nations. Resolution 2425 (XXIII), 18 December 1968. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 211
48
United Nations. Resolution 2426 (XXIII), 18 December 1968. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
49
United Nations. Resolution 2431 (XXIII), 16 December 1968. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
50
AHD, Fundo POI, Mç. 381, Processo POI 6.0, Ano de 1969, Vol. IV, Informação de Serviço
Elaborada por Bonifácio de Miranda, a 3 de Fevereiro de 1969, p. 1.
51
United Nations. Resolution 253 (1968), 29 May 1968. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
212 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
52
Nations Unies – A/C.4/SR 1787. Quatrième Commission, 1787e Séance... p. 2.
53
Gabinete de Documentação e Direito Comparado. Direito Internacional Humanitário: O
que é o Direito Internacional Humanitário. Disponível em <URL: http://www.gddc.pt/direitos-
-humanos/direito-internacional-humanitario/sobre-dih.html>, data de acesso 17/08/2013.
54
Ibidem.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 213
55
Informações veiculadas pela França indicaram que a queixa ao CS teve relação com proble-
mas internos que estariam a colocar em risco o governo de Kenneth Kaunda. Cf. AHD, Fundo
POI, Mç. 368, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1969, Vol. I, Telegrama da Embaixada de Portugal
em Paris para o MNE, de 21 de Julho de 1969, p. 1.
56
United Nations. Resolution 268 (1969), 28 July 1969. Disponível em <URL:http://www.
un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
214 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
57
Nations Unies – A/C.4/SR 1817. Quatrième Commission, 1817e Séance. Mardi 30 Septembre
1969, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 7-8.
58
Nations Unies – A/C.4/SR 1825. Quatrième Commission, 1825e Séance. Lundi 13 Octobre
1969, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 54.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 215
Num tom menos radical, alguns temas que se tinham tornado recorrentes,
como os ataques portugueses a países africanos, foram abordados de forma
ligeira.
Na sua esmagadora maioria, os intervenientes manifestaram o desacordo em
relação ao governo português, embora tivessem existido algumas variações
na intensidade das acusações, com os países nórdicos e quase todos os latino-
-americanos a serem mais comedidos nas suas afirmações. Os oradores de-
monstraram concordar quanto à existência de uma interdependência e de uma
comunidade de interesses entre o apartheid, a discriminação racial e o colonia-
lismo59. As políticas da África do Sul, da Rodésia e de Portugal foram conside-
radas como destinando-se à manutenção de um estado de opressão perpétua
na África Austral. Atribuindo-se aos sul-africanos a principal responsabilidade
pela gravidade da situação, entendeu-se que estava em curso um reforço da
união político-militar entre os regimes minoritários e uma extensão das suas
atividades económicas e comerciais60. No caso específico de Portugal, as dele-
gações afirmaram que a discriminação racial fora convertida num sistema po-
lítico que permitia à minoria europeia apoderar-se das riquezas das colónias.
Portugal foi visado por estar a cometer atentados à dignidade e à igualdade
humanas, apresentando-se como exemplos o aumento das despesas militares,
a existência de projetos de povoamento para Angola e Moçambique ou a cons-
trução de Cabora Bassa. Havendo algumas referências ao Manifesto de Lusa-
ca, as delegações pretenderam que as NU e as agências especializadas se envol-
vessem na ajuda aos movimentos de libertação61. Os pedidos de sanções, ainda
que apresentados por países como a República Árabe Unida e os socialistas,
foram substituídos por afirmações sobre a necessidade de definir medidas para
a aplicação das resoluções das NU62.
Não sendo propriamente uma novidade, nas intervenções dos países afro-asiá-
ticos foram visíveis sinais de divisões63. Segundo a leitura portuguesa, as diver-
gências resultaram das vantagens obtidas por Portugal no apoio à secessão do
59
A título de exemplo temos a declaração da República Democrática do Congo. Cf. Ibidem.
60
Nations Unies – A/C.4/SR 1827. Quatrième Commission, 1827e Séance. Mardi 14 Octobre
1969, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 70.
61
Nations Unies – A/C.4/SR 1826. Quatrième Commission, 1826e Séance. Lundi 13 Octobre
1969, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 64.
62
Nations Unies – A/C.4/SR 1829. Quatrième Commission, 1829e Séance. Mercredi 15 Octobre
1969, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 119.
63
A Albânia voltou a repetir as críticas que fizera na sessão anterior, colocando em dúvida a
atitude da URSS em relação aos movimentos de libertação. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR
1833. Quatrième Commission, 1833e Séance. Vendredi 17 Octobre 1969, à 10h55. Nova Iorque:
s.n., 1969. p. 71.
216 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
64
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Informação de Serviço
Elaborada por Leonardo Mathias a 31 de Janeiro de 1970, p. 6-7.
65
Nations Unies – A/C.4/SR 1821. Quatrième Commission, 1821e Séance. Mercredi 8 Octobre
1969, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 30; Nations Unies – A/C.4/SR 1827. Quatrième
Commission, 1827e Séance… p. 72; Nations Unies – A/C.4/SR 1834. Quatrième Commission,
1834e Séance. Vendredi 17 Octobre 1969, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 132.
66
Nations Unies – A/C.4/SR 1827. Quatrième Commission, 1827e Séance… p. 69.
67
Nations Unies – A/C.4/SR 1828. Quatrième Commission, 1828e Séance. Mardi 14 Octobre
1969, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 78.
68
Idem. p. 78-69.
69
Tendo a FRELIMO entregue um mapa, onde se assinalavam as áreas libertadas, por propos-
ta do presidente da Comissão o documento foi exposto na sala das sessões. Cf. Nations Unies
– A/C.4/SR 1829. Quatrième Commission, 1829e Séance… p. 93.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 217
70
Nations Unies – A/C.4/SR 1832. Quatrième Commission, 1832e Séance. Jeudi 16 Octobre
1969, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 109.
71
Nations Unies – A/C.4/SR 1830. Quatrième Commission, 1830e Séance. Mercredi 15 Octobre
1969, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 99-100.
72
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Informação de Serviço
Elaborada por Leonardo Mathias a 31 de Janeiro de 1970, p. 1-7.
218 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
ção muito semelhante à dos anos anteriores, respondeu, como se tornara roti-
neiro, somente a algumas acusações, questionando as alegações sobre a
existência de uma aliança com os regimes minoritários, a exploração dos re-
cursos das colónias por parte dos investimentos estrangeiros, a utilização de
armas da NATO ou as ações de repressão do exército português. Retomando
o tema de uma subversão fomentada do exterior, Portugal acusou a URSS de
fornecer armas aos movimentos de libertação por razões ideológicas, económi-
cas, políticas e estratégicas73.
Os países afro-asiáticos apresentaram um projeto de resolução descrito como
“realista, de âmbito prático e moderado”, que tentou sistematizar e harmoni-
zar as opiniões das delegações74. O projeto foi novamente elaborado com re-
curso a consultas informais, realizadas com todos os grupos regionais75. Mes-
mo que nem todas as opiniões tivessem sido aceites, os autores entenderam
sacrificar o conteúdo do texto, provavelmente por se entender que Não Tanto
a Firmeza do Tom, mas o número de votos alcançados, seria determinante para
garantir a sua força76. O projeto foi bastante semelhante ao da anterior sessão,
embora existissem diferenças assinaláveis entre os dois documentos. O projeto
de resolução foi relevante sobretudo pelas suas omissões, caracterizando-se por
pedidos pouco numerosos e menos detalhados ao governo português, aos es-
tados membros, às agências especializadas e às instituições internacionais. Os
elementos mais controversos estavam ausentes, não se referindo a deterioração
da situação nas colónias portuguesas, a perturbação da paz e da segurança
internacionais ou os progressos alcançados pelos movimentos de libertação.
Por quase não terem sido mencionados na discussão, do texto não constavam
apelos aos estados para a adoção de medidas para evitar o recrutamento e o
treino de mercenários ou a solicitação a Portugal para aplicar a Convenção de
Genebra aos combatentes dos movimentos de libertação.
Contendo poucas novidades, designadamente as referências ao Manifesto
de Lusaca e às decisões do Comité de Descolonização (que na XXIII AG
tinham sido ignoradas), o projeto de resolução retomou as anteriores conde-
73
A República Democrática do Congo propôs que a declaração portuguesa fosse retirada da ata
da reunião por terem sido utilizadas expressões ofensivas aos movimentos de libertação, mas a
ideia acabou por não ser analisada. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1848. Quatrième Commission,
1848e Séance. Vendredi 14 Novembre 1969, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 205.
74
Nations Unies – A/C.4/SR 1845. Quatrième Commission, 1845e Séance. Mercredi 12 Novembre
1969, à 16h50. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 186.
75
Nations Unies – A/C.4/SR 1847. Quatrième Commission, 1847e Séance. Vendredi 14 Novembre
1969, à 11h10. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 198.
76
Nations Unies – A/C.4/SR 1823. Quatrième Commission, 1823e Séance. Jeudi 9 Octobre 1969,
à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 44.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 219
77
United Nations – A/7768. 17 November 1969. Question of Territories under Portuguese Admi-
nistration. Report of the Fourth Committee... p. 4.
78
Idem. p. 5.
79
Ibidem.
80
Ibidem.
81
Ibidem.
82
Nations Unies – A/C.4/SR 1847. Quatrième Commission, 1847e Séance... p. 192.
83
Idem. p. 192-193.
220 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
84
A título de exemplo temos as declarações da Dinamarca. Cf. Idem. p. 196.
85
Idem. p. 197.
86
Idem. p. 198.
87
A respeito das afirmações do representante saudita, Leonardo Mathias referiu o seguinte:
«Personalidade tida em grande consideração nas Nações Unidas, com um longo conhecimento
dos organismos internacionais e uma vasta experiência política e diplomática, possuidor de
reconhecidos dotes oratórios, sabendo utilizar, com excecional habilidade, os recursos
parlamentares que aquele tipo de debate permite e para os quais emprega, com as necessárias
inflexões de voz, graduações inteligentes e coloridas de ironia, de cinismo, de subtileza ou de
veemência, o Embaixador Baroody procurou dar um tom dramático e espetacular à sua decla-
ração sobre o ultramar português». Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult),
Ano de 1970, Informação de Serviço Elaborada por Leonardo Mathias a 31 de Janeiro de 1970,
p. 2-3.
88
Nations Unies – A/C.4/SR 1847. Quatrième Commission, 1847e Séance… p. 200.
89
Ibidem.
90
Nations Unies – A/C.4/SR 1848. Quatrième Commission, 1848e Séance… p. 203.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 221
91
Nations Unies – A/PV. 1816. Assemblée Générale. Vingt-Quatrième Session. 1816e Séance
Plénière. Vendredi 21 Novembre 1969, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1969. p. 5-6.
92
Idem. p. 6.
93
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Carta do MNE para o
Embaixador de Portugal em Mbabane, João Morais da Cunha Matos, de 18 de Fevereiro de 1970,
p. 1.
94
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Cape Town para o MNE, de 27 de Janeiro de 1970, p. 1.
95
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Atenas para o MNE, de 21 de Janeiro de 1970, p. 1-2.
96
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Lima para o MNE, de 16 de Janeiro de 1970, p. 1.
222 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
97
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Carta da Embaixada de
Portugal na Guatemala para o MNE, de 8 de Janeiro de 1970, p. 1.
98
AHD, Fundo POI, Mç. 484, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1970, Telegrama da Embaixada
de Portugal em São José da Costa Rica para o MNE, de 15 de Janeiro de 1970, p. 4.
99
Ibidem.
100
United Nations. Resolution 2554 (XXIV), 12 December 1969. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
101
United Nations. Resolution 2555 (XXIV), 12 December 1969. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
102
United Nations. Resolution 2557 (XXIV), 12 December 1969. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 223
103
Segundo informações recolhidas por Portugal, a decisão de apresentar a queixa ao CS teria
sido tomada pessoalmente por Leopold Senghor. A França e outras delegações afirmaram a
Portugal estarem convencidas de que o recurso ao Conselho fora motivado essencialmente por
dificuldades internas do Senegal e pelas acusações que lhe tinham sido dirigidas na última
reunião OUA de ser demasiado moderado em relação ao governo português e de não apoiar o
PAIGC. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano de 1969, Vol. I, Telegrama da
Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 2 de Dezembro de 1969, p. 1; AHD, Fundo POI,
Mç. 367, Processo POI 4, Ano de 1969, Vol. I, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para
o MNE, de 6 de Dezembro de 1969, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano
de 1969, Vol. I, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 3 de Dezembro de
1969, p. 1.
104
O MNE interpretou o facto da Espanha ter aceitado servir de intermediária como uma forma
do país encontrar uma justificação para não apoiar uma resolução desfavorável a Portugal, invo-
cando a circunstância do Senegal ter afastado deliberadamente a possibilidade de uma solução
bilateral do diferendo. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano de 1969, Vol. I,
Telegrama do MNE para a Embaixada de Portugal em Madrid, de 3 de Dezembro de 1969, p. 1-2.
105
Na reunião participaram Portugal, Guiné, Marrocos, Libéria, Madagáscar, Serra Leoa, Tu-
nísia, Mali, Arábia Saudita, Iémen, Síria, Mauritânia e República Árabe Unida. Um membro da
delegação marroquina informou Portugal que a participação do país no debate não deveria ser
considerada como hostil, mas sim como resultante da necessidade de assegurar a boa vontade
do Senegal em relação a problemas regionais que interessavam Marrocos, como a questão do
Sahara Espanhol, e como contrapartida da posição pró-árabe que a delegação senegalesa vinha
assumindo quanto à Palestina. Acrescentou que a intervenção seria curta e com a correção e
elegância habituais. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano de 1969, Vol. I,
Telegrama do MNE para a Embaixada de Portugal em Rabat, de 3 de Dezembro de 1969, p. 1.
106
United Nations. Resolution 273 (1969), 9 December 1969. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
224 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
107
AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano de 1969, Vol. I, Memorando do Subsecre-
tário de Política Exterior do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha para a Embaixada de
Portugal em Madrid, de [post. 4 de Dezembro de 1969], p. 1.
108
Nations Unies – A/8002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité. 16 Juillet 1969-
-15 Juillet 1970. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 90.
109
As instruções enviadas à delegação portuguesa indicaram que no debate deveria exprimir
surpresa por o CS se ter reunido para discutir uma queixa apresentada em termos vagos e im-
precisos; afirmar que Portugal somente poderia entregar os cidadãos guineenses quando lhe
fossem restituídos os 24 portugueses que se encontravam presos na Guiné; e referir que o país
constituía um centro de penetração comunista em África através da ajuda a movimentos sub-
versivos e a políticos exilados que colocavam em risco a segurança no continente africano.
Cf. AHD, Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0717/12556-003, Processo
GG-3-5, ONU, Telegrama do MNE para a Missão de Portugal na ONU, de 13 de Dezembro de
1969, p. 1-2.
110
A França indicou a Portugal que, mesmo apoiando o Senegal, teria um comportamento
diferente a respeito da queixa da Guiné. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano
de 1969, Vol. I, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 4 de Dezembro de
1969, p. 1.
111
United Nations. Resolution 275 (1969), 22 December 1969. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 225
112
Nations Unies – A/8001/Add. 1. Supplément n.º 1A. Introduction au Rapport Annuel du
Secrétaire General sur l’Activité de l’Organisation. Septembre 1970. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 1.
113
Idem. p. 16.
226 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
114
Na declaração final da Conferência, o colonialismo português foi considerado um crime
contra a humanidade, fazendo-se a denúncia da ocorrência de massacres, do apoio concedido
pela NATO ao governo português e da aliança que este teria estabelecido com a África do Sul.
Quanto aos movimentos de libertação presentes afirmou-se que eram os verdadeiros represen-
tantes das populações, exercendo soberania sobre vastas áreas e realizando um esforço de liber-
tação e de reconstrução nacional que deveria ser internacionalmente reconhecimento. Sobre a
participação do Comité de Descolonização na Conferência vide Nations Unies – A/8023/Rev.1.
Rapport du Comité Spécial Chargé d’Étudier la Situation en ce qui Concerne l’Application de la
Déclaration sur l’Octroi de l’Indépendance aux Pays et aux Peuples Coloniaux. Vol. II. Nova
Iorque: s.n., 1973. p. 332-366.
115
United Nations. Resolution 2621 (XXV), 12 October 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
116
Nations Unies – A/8723/Rev.1. Rapport du Comité Spécial Chargé d’Étudier la Situation en ce
qui Concerne l’Application de la Déclaration sur l’Octroi de l’Indépendance aux Pays et aux Peuples
Coloniaux. Vol. I. Nova Iorque: s.n., 1975. p. 165.
117
United Nations. Resolution 2621 (XXV), 12 October 1970…
A Via do Realismo: 1968-1970 | 227
118
Ibidem.
119
Ibidem.
120
Ibidem.
228 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
integração numa outra entidade ou, o que era uma novidade, pela adoção de
um outro estatuto político livremente escolhido pelas populações121. Confir-
mando a tendência para uma leitura dinâmica das disposições da Carta, indi-
cou-se que as colónias ou os outros territórios não autónomos tinham um
estatuto próprio e distinto das entidades que os administravam. Atribuindo-se
aos estados a responsabilidade pelo fim do colonialismo, insistiu-se que, na
luta pelo direito à autodeterminação, os povos estariam intitulados a procurar
e a receber apoios de acordo com os princípios da Carta122.
Mesmo que em grande medida tivesse havido uma reprodução da interpreta-
ção adotada na XV AG, em alguns aspetos a Declaração de Princípios suple-
mentou as resoluções 1514 (XV) e 1541 (XV), reconhecendo o direito à auto-
determinação interna (Cassese, 1995: 111). Significando o direito a possuir
um governo representativo de toda a população, sem distinção de raça ou
credo, as disposições da Declaração de Princípios confirmaram o crescente
consenso, devido à situação na África Austral, sobre a necessidade da extensão
do autogoverno a grupos raciais e religiosos (Cassese, 1995: 114). Tendo pre-
valecido uma conceção restrita do conceito de autodeterminação interna, os
direitos dos grupos sujeitos à discriminação racial e religiosa ficaram subordi-
nados ao princípio da integridade territorial, minimizando-se a possibilidade
de secessão (Cassese, 1995: 118-120). A Declaração de Princípios simples-
mente solicitou o acesso desses grupos às instituições governativas, abstendo-
-se de recomendar que lhes fossem concedidos outros direitos, o que atribuiu
um carácter limitado à ideia de autodeterminação interna (Cassese, 1995:
112-115).
Não tendo participado na aprovação do programa de ação para a descoloniza-
ção e na reunião comemorativa do 10.º aniversário da Declaração, o governo
português, numa iniciativa destinada a derrubar o governo de Sekou Touré e
a reduzir a capacidade de ação do PAIGC, empreendeu entretanto uma inva-
são da República da Guiné (Sousa, 2011: 404). Conhecida como Operação
Mar Verde, a invasão falhou os seus objetivos, provocando um apelo da Guiné
à intervenção das NU e à convocação do CS123. Atribuindo os acontecimentos
121
United Nations. Resolution 2625 (XXV), 24 October 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
122
Ibidem.
123
Desde muito cedo surgiu a hipótese de novas queixas do Senegal e da Guiné e rumores se-
gundo os quais os países africanos pretendiam convocar o CS, antes das atividades previstas para
assinalar o 25.º aniversário das NU, para analisar a situação nas colónias portuguesas, Namíbia,
Rodésia e a política do apartheid. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 475, Processo POI 6.0, Ano de
1970, Vol. I, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE, de 31 de Março de 1970,
p. 1.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 229
124
Nations Unies – A/8402. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité. 16 Juin 1970-15
Juin 1971. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 51.
125
Entre 23 e 25 de novembro, foram recebidas comunicações do Iémen do Sul, de 37 estados
africanos, da Argélia, da Jugoslávia, do Quénia e do Haiti, assumindo uma posição sobre a si-
tuação na Guiné. Numa carta de 23 de novembro, a Gâmbia informou que 38 cidadãos da
República da Guiné tinham sido presos no país pelo envolvimento na expedição militar. Cf.
Idem. p. 53.
126
Nations Unies – A/C.4/SR 1874. Quatrième Commission, 1874e Séance. Jeudi 1er Octobre
1970, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 11.
127
Nations Unies – A/C.4/SR 1880. Quatrième Commission, 1880e Séance. Jeudi 15 Octobre
1970, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 43-46; Nations Unies – A/C.4/SR 1885. Quatrième
Commission, 1885e Séance. Mardi 20 Octobre 1970, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 86-88.
230 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
decisões das NU128. Relativamente à África Austral foi dito que a situação
se deteriorara, com a intensificação da colaboração entre a África do Sul, a
Rodésia e Portugal. Ao governo português atribuiu-se o reforço das operações
contra os movimentos de libertação, com o encorajamento da cooperação eco-
nómica e militar dos países ocidentais e dos regimes minoritários129. O tema
da exploração económica das colónias portuguesas, de que foram apresentados
como exemplos a construção da barragem de Cabora Bassa e o empreendi-
mento projetado para o rio Cunene em Angola, foi retomado, entendendo-se
que se as empresas estrangeiras cessassem as suas atividades a descolonização
ganharia celeridade130. A luta armada foi considerada como o único meio para
a libertação, reconhecendo-se às populações o direito a receber assistência
moral e material131. Das medidas propostas para a solução do problema desta-
caram-se as que pretendiam a criação de um fundo para ajudar os povos colo-
nizados ou a implementação do Manifesto de Lusaca132.
No início do debate, alguns rumores indicaram que países como a Costa do
Marfim, Gabão, Gana, Madagáscar e outros estariam disponíveis para dialo-
gar com Portugal133. Efetivamente, alguns afro-asiáticos demonstraram o dese-
jo de aproximação, tendo a delegação portuguesa atribuído ao Gana a lideran-
ça do grupo considerado como moderado, que pretenderia substituir as
condenações pelo diálogo134. Os sinais de moderação foram evidentes no com-
portamento da Costa do Marfim, Filipinas, Japão, Paquistão ou Tailândia,
que não estabeleceram a associação entre a situação nas colónias portuguesas e
as questões da Rodésia e da Namíbia. Sem subscrever as críticas da maioria,
afirmaram que Portugal não defendia a superioridade racial e que tinha havido
um esforço para o desenvolvimento económico das colónias135. Lançando
apelos a uma abordagem mais realista, que permitisse ultrapassar o impasse,
reconheceram contudo o falhanço do novo governo português em alterar a
mudança na política colonial136.
128
Nations Unies – A/C.4/SR 1879. Quatrième Commission, 1879e Séance. Mardi 13 Octobre
1970, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 41.
129
Ibidem.
130
Nations Unies – A/C.4/SR 1877. Quatrième Commission, 1877e Séance. Jeudi 8 Octobre
1970, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 19.
131
Nations Unies – A/C.4/SR 1880. Quatrième Commission, 1880e Séance... p. 46.
132
Nations Unies – A/C.4/SR 1879. Quatrième Commission, 1879e Séance… p. 41-42.
133
AHD, Fundo POI, Mç. 548, Processo POI 4, Ano de 1971, Apontamento do GNP do MU
Elaborado por João Afonso da Ascenção, de 22 de Novembro de 1970, p. 5.
134
Idem. p. 2-3.
135
Nations Unies – A/C.4/SR 1879. Quatrième Commission, 1879e Séance... p. 39.
136
Nations Unies – A/C.4/SR 1880. Quatrième Commission, 1880e Séance… p. 48.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 231
137
Nations Unies – A/C.4/SR 1882. Quatrième Commission, 1882e Séance. Vendredi 16 Octobre
1970, à 15h35. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 60.
138
Nations Unies – A/C.4/SR 1883. Quatrième Commission, 1883e Séance. Lundi 19 Octobre
1970, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 68.
139
Uma das poucas exceções foi a Jamaica, cuja intervenção fez referência ao apoio da NATO
a Portugal. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1882. Quatrième Commission, 1882e Séance… p. 61.
140
Nations Unies – A/C.4/SR 1883. Quatrième Commission, 1883e Séance… p. 69.
141
Nations Unies – A/C.4/SR 1882. Quatrième Commission, 1882e Séance... p. 59.
142
Nations Unies – A/C.4/SR 1884. Quatrième Commission, 1884e Séance. Mardi 20 Octobre
1970, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 80.
232 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
143
Nations Unies – A/C.4/SR 1879. Quatrième Commission, 1879e Séance… p. 36.
144
Nations Unies – A/C.4/SR 1884. Quatrième Commission, 1884e Séance… p. 79.
145
AHD, Fundo POI, Mç. 367, Processo POI 4, Ano de 1969, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Dezembro de 1969, p. 1.
146
AHD, Fundo POI, Mç 548, Processo POI 4, Ano de 1971, Apontamento do GNP do MU,
Elaborado por João Afonso da Ascenção, de 22 de Novembro de 1970, p. 3-4.
147
Nations Unies – A/C.4/SR 1886. Quatrième Commission, 1886e Séance. Mercredi 21 Octobre
1970, à 15h40. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 97.
148
Idem. p. 97-98.
149
Albert Nank voltou a solicitar uma audição, mas uma vez mais não esteve presente na
IV Comissão.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 233
150
AHD, Fundo POI, Mç. 548, Processo POI 4, Ano de 1971, Apontamento do GNP do MU,
Elaborado por João Afonso da Ascenção, de 22 de Novembro de 1970, p. 4.
151
Os representantes da FRELIMO foram confrontados com afirmações e questões suscitadas
pelo Mali, Sudão e Costa do Marfim, consideradas por Portugal como «um tanto originais em
relação às restantes e às que em casos idênticos, são habitualmente apresentadas». Cf. AHD,
Fundo GNP do MU, PT/AHD/MU/GM/GNP/RRI/0700/12563, Processo GG-7-10 (23.ª
Pasta), ONU, Informação do GNP do MU, Elaborada por Maria Isabel Ferreira, de 13 de Janeiro
de 1971, p. 4.
152
Nations Unies – A/C.4/SR 1897. Quatrième Commission, 1897e Séance. Lundi 16 Novembre
1970, à 11h10. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 143-144.
153
Idem. p. 147.
154
Nations Unies – A/C.4/SR 1889. Quatrième Commission, 1889e Séance. Mercredi 28 Octobre
1970, à 11h05. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 113-114.
155
ANTT, PIDE/DGS, Delegação de Angola, Processo 11.25.C/20, União Nacional dos
Estudantes Angolanos (UNEA), NT 1848, Artigo «Angola – Tempo de Perturbação» In The
Student, Vol. VIII, Nº 8 (1964), p. 21.
234 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
156
Nations Unies – A/C.4/SR 1889. Quatrième Commission, 1889e Séance... p. 116-117.
157
Nations Unies – A/C.4/SR 1892. Quatrième Commission, 1892e Séance. Lundi 9 Novembre
1970, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 126.
158
Nations Unies – A/C.4/SR 1891. Quatrième Commission, 1891e Séance. Vendredi 6 Novem-
bre 1970, à 11h15. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 121.
159
Ibidem.
160
United Nations – A/8187. 27 November 1970. Question of Territories under Portuguese
Administration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 4.
161
Nations Unies – A/C.4/SR 1891. Quatrième Commission, 1891e Séance... p. 121.
162
United Nations – A/8187. 27 November 1970. Question of Territories under Portuguese
Administration… p. 5.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 235
163
Ibidem.
164
Os latino-americanos tinham tentado, aquando das consultas, suprimir o parágrafo que
condenava Portugal pela utilização de tais armas, mas a sugestão foi rejeitada pelos autores do
projeto de resolução.
165
United Nations – A/8187. 27 November 1970. Question of Territories under Portuguese Admi-
nistration… p. 5-6.
166
Idem. p. 6.
167
Ibidem.
236 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
168
Idem. p. 7.
169
Ibidem.
170
Ibidem.
171
AHD, Fundo POI, Mç. 548, Processo POI 4, Ano de 1971, Apontamento do GNP do MU,
Elaborado por João Afonso da Ascenção, de 22 de Novembro de 1970, p. 7.
172
Nations Unies – A/C.4/SR 1900. Quatrième Commission, 1900e Séance. Vendredi 20
Novembre 1970, à 15h40. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 169.
173
United Nations – A/8187. 27 November 1970. Question of Territories under Portuguese
Administration… p. 10.
174
Ibidem.
175
Ibidem.
176
Idem. p. 11.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 237
177
Ibidem.
178
Ibidem.
179
Idem. p. 12.
180
Ibidem.
181
Ibidem.
182
Idem. p. 13.
238 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
183
Nations Unies – A/C.4/SR 1899. Quatrième Commission, 1899e Séance… p. 164.
184
Ibidem.
185
Ibidem.
186
Idem. p. 162-163.
187
AHD, Fundo POI, Mç. 548, Processo POI 4, Ano de 1971, Apontamento do GNP do MU,
Elaborado por João Afonso da Ascenção, de 22 de Novembro de 1970, p. 7.
188
Nations Unies – A/C.4/SR 1899. Quatrième Commission, 1899e Séance… p. 165-166.
189
United Nations. Resolution 2711 (XXV), 14 December 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/012.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 239
190
Nations Unies – A/C.4/SR 1899. Quatrième Commission, 1899e Séance… p. 165-166.
191
Nations Unies – A/C.4/SR 1900. Quatrième Commission, 1900e Séance... p. 170-171.
192
AHD, Fundo POI, Mç. 548, Processo POI 4, Ano de 1971, Apontamento do GNP do MU,
Elaborado por João Afonso da Ascenção, de 22 de Novembro de 1970, p. 8.
193
Nations Unies – A/C.4/SR 1900. Quatrième Commission, 1900e Séance… p. 170-171.
194
A título de exemplo vide Idem. p. 169-170.
195
United Nations. Resolution 2703 (XXV), 14 December 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
196
Ibidem.
240 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
197
United Nations. Resolution 2704 (XXV), 14 December 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
198
Ibidem.
199
United Nations. Resolution 2706 (XXV), 14 December 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
200
Nations Unies – A/PV. 1928. Assemblée Générale. Vingt-Cinquième Session. 1928e Séance
Plénière. Lundi 14 Décembre 1970, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1970. p. 8.
201
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Telegrama da Embaixada de
Portugal em Bogotá para o MNE, de 11 de Outubro de 1972, p. 1-2.
202
Nations Unies – A/PV. 1928. Assemblée Générale… p. 8-9.
203
Idem. p. 9.
204
Ibidem.
A Via do Realismo: 1968-1970 | 241
205
Nations Unies – A/8402. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité. 16 Juin 1970-15
Juin 1971. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 53-54.
206
Idem. p. 54.
207
Idem. p. 61.
208
United Nations. Resolution 290 (1970), 8 December 1970. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/07/2012.
209
Ibidem.
242 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Muitas das ideias promovidas pelas NU são consideradas como estando à fren-
te do seu tempo, servindo para estimular a imaginação e produzir resultados
inesperados (Emmerij, Jolly e Weiss, 2009). Ainda que não se limitasse à
proteção das aspirações dos povos colonizados, a ideia de autodeterminação,
podendo ser identificada com uma variedade de situações, ficou, em grande
parte pela ação de entidades como as NU, associada à descolonização1. Usan-
do a sua capacidade para analisar e fazer recomendações sobre qualquer assun-
to, a Organização foi responsável, nas tentativas para implementar a ideia de
autodeterminação, por discussões que produziram efeitos de grande significa-
do político e valor moral (Conforti e Focarelli, 2010: 3). Não tendo sido
concebida enquanto entidade legislativa e não sendo de início evidente que
os seus órgãos pudessem adotar tratados e declarações legais, as decisões das
NU sobre a autodeterminação encontraram contudo expressão entre as regras
internacionais (Schachter, 1994: 1). Nem sempre aceite de forma pacífica, o
contributo das NU para o desenvolvimento do estatuto legal da autodetermi-
nação tornou-se num dos exemplos mais flagrantes do envolvimento da Orga-
nização na formação e codificação do direito internacional público (Escara-
meia, 2005: 347).
Na ausência de indicações de que uma eventual reformulação da política colo-
nial portuguesa estivesse eminente, os esforços das NU para que Portugal im-
plementasse a ideia de autodeterminação retomaram entre 1971-1974 a agres-
sividade de outrora. A intenção de reforçar os mecanismos de pressão foi
evidente não somente nas decisões da AG, mas igualmente nas do CS, que
passou em parte a acompanhar a inclinação da maioria. A Organização multi-
plicou as suas iniciativas, contrariando as afirmações segundo as quais teriam
sido esgotados os meios de persuasão sobre Portugal (Barbier, 1974: 387).
Registou-se Um Elevado Grau de Deterioração no relacionamento entre as NU
e o governo português, mesmo que continuassem a existir dificuldades em
conseguir que determinados países votassem a favor das resoluções (apud Sil-
va, 1995: 44). Adotando um novo tipo de medidas, mais concretas, as NU
demonstraram a intenção de proceder à consolidação do estatuto dos movi-
mentos de libertação. Devendo ser entendidas no quadro dos desenvolvimen-
1
Apesar da afirmação merecer um amplo consenso, alguns estudos tentam demonstrar que a
autodeterminação não pode ser limitada à descolonização. Cf. Escarameia, 1993: 83.
246 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
2
A escolha de Lisboa como local de reunião não fora consensual entre os membros da NATO,
uma vez que países como a Noruega, Dinamarca e Canadá temiam complicações devido à
questão colonial portuguesa. Cf. Xavier, 2010: 180-182.
3
Nations Unies – A/8702. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité a l’Assemblée Géné-
rale. 16 Juillet 1971-15 Juin 1972. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 2.
4
Idem. p. 4.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 247
5
Idem. p. 10.
6
Idem. p. 10-11.
7
Idem. p. 9.
8
Ibidem.
9
Idem. p. 12-13.
10
United Nations – A/8549. 3 December 1971. Question of Territories under Portuguese Admin-
istration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 1-2.
11
Idem. p. 2.
248 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
12
Antes do início do debate, Portugal obteve informações segundo as quais a República Unida
da Tanzânia pretendia sugerir que a Comissão convidasse os representantes dos movimentos de
libertação a estarem presentes na sessão e a participarem na redação dos projetos de resolução.
Com o Secretariado a considerar a ideia inaceitável, o subsecretário geral para o Departamento
de Tutela e Territórios não Autónomos, Issoufou Saidou-Djermakoye, terá demonstrado a
intenção de solicitar um parecer jurídico caso a questão fosse suscitada. Cf. AHD, Fundo POI,
Mç. 550, Processo POI 6.0, Ano de 1971, Vol. I, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para
o MNE, de 7 de Outubro de 1971, p. 1.
13
A título de exemplo vide Nations Unies – A/C.4/SR 1934. Quatrième Commission, 1934e
Séance. Jeudi 28 Octobre 1971, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 94-95; Nations Unies
– A/C.4/SR 1938. Quatrième Commission, 1938e Séance. Lundi 1er Novembre 1971, à 15h45.
Nova Iorque: s.n., 1971. p. 123; Nations Unies – A/C.4/SR 1940. Quatrième Commission,
1940e Séance. Mardi 2 Novembre 1971, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 136-138.
14
Nations Unies – A/C.4/SR 1942. Quatrième Commission, 1942e Séance. Mercredi 3 Novembre
1971, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 152.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 249
15
AHD, Fundo POI, Mç. 536, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 21 de Abril de 1971, p. 1.
16
Nations Unies – A/C.4/SR 1945. Quatrième Commission, 1945e Séance. Vendredi 5 Novembre
1971, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 167-168.
17
Nations Unies – A/C.4/SR 1925. Quatrième Commission, 1925e Séance. Mercredi 20 Octobre
1971, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 35.
18
Idem. p. 37-38; Nations Unies – A/C.4/SR 1933. Quatrième Commission, 1933e Séance.
Mercredi 27 Octobre 1971, à 11h30. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 88; Nations Unies – A/C.4/SR
1934. Quatrième Commission, 1934e Séance… p. 101.
250 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
19
Os delegados provenientes de Moçambique eram Luís Alberto Crucho de Almeida e o padre
Joaquim Luís Santos, respetivamente professor na Universidade de Lourenço Marques e diretor
do jornal Diário de Lourenço Marques. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 511, Processo POI 03, Ano
de 1971, Delegação Portuguesa à XXVI Sessão da AG das NU, p. 1.
20
O Unity Movement of South Africa encontrava-se entre os peticionários ouvidos, mas deu
escassa atenção à questão das colónias portuguesas. Cf. Nations Unies – A/C.4/SR 1954. Qua-
trième Commission, 1954e Séance. Mardi 23 Novembre 1971, à 15h20. Nova Iorque: s.n.,
1971.
21
Nations Unies – A/C.4/SR 1930. Quatrième Commission, 1930e Séance. Lundi 25 Octobre
1971, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 71.
22
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 251
23
Nations Unies – A/C.4/SR 1937. Quatrième Commission, 1937e Séance. Lundi 1er Novembre
1971, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 115-116.
24
Nations Unies – A/C.4/SR 1946. Quatrième Commission, 1946e Séance. Lundi 8 Novembre
1971, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 177-178.
25
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 6.0, Ano de 1971, Vol. II, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 11 de Novembro de 1971, p. 1.
26
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 1 de Dezembro de 1971, p. 1.
27
Nations Unies – A/C.4/SR 1958. Quatrième Commission, 1958e Séance. Mardi 30 Novembre
1971, à 11h05. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 242.
28
AHD, Fundo POI, Mç. 536, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Outubro de 1971, p. 1.
29
Ibidem.
30
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 6.0, Ano de 1971, Vol. IV, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 20 de Dezembro de 1971, p. 1.
252 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
31
AHD, Fundo POI, Mç. 600, Processo POI 6, Ano de 1972, Apontamento Elaborado pelo
Intendente João Afonso da Ascensão, de 26 de Fevereiro de 1972, p. 8.
32
Ibidem.
33
Ibidem.
34
Ibidem.
35
Ibidem.
36
United Nations – A/8549. 3 December 1971. Question of Territories under Portuguese… p. 5.
37
Ibidem.
38
Idem. p. 6.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 253
39
Ibidem.
40
Ibidem.
41
Ibidem.
42
Idem. p. 7.
43
Idem. p. 7-8.
254 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
44
Idem. p. 8.
45
Ibidem.
46
Ibidem.
47
Idem. p. 8-9.
48
Idem. p. 9.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 255
49
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 6.0, Ano de 1971, Vol. II, Telegrama do MNE
para a Embaixada de Portugal em São José da Costa Rica, de 29 de Dezembro de 1971, p. 1-3.
50
Ibidem.
51
Ibidem.
52
Nations Unies – A/C.4/SR 1960. Quatrième Commission, 1960e Séance. Jeudi 2 Décembre
1971, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 249; Nations Unies – A/C.4/SR 1961. Quatrième
Commission, 1961e Séance. Vendredi 3 Décembre 1971, à 11h10. Nova Iorque: s.n., 1971.
p. 255-259.
53
Nations Unies – A/C.4/SR 1961. Quatrième Commission, 1961e Séance… p. 259.
256 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
54
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 4 de Dezembro de 1971, p. 1.
55
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Bruxelas para o MNE, de 3 de Dezembro de 1971, p. 1; AHD, Fundo POI,
Mç. 550, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para
o MNE, de 4 de Dezembro de 1971, p. 1.
56
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Santiago do Chile para o MNE, de 6 de Dezembro de 1971, p. 1.
57
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 4, Ano de 1971, Vol. III, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Bruxelas para o MNE, de 6 de Dezembro de 1971, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 257
58
Nations Unies – A/C.4/SR 1961. Quatrième Commission, 1961e Séance… p. 259-261.
59
Vide os telegramas em AHD, Fundo POI, Mç. 550.
60
Nations Unies – A/PV. 2012. Assemblée Générale. Vingt-Sixième Session. 2012e Séance Plénière.
Vendredi 10 Décembre 1971, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1971. p. 2-3.
61
Idem. p. 3.
62
Idem. p. 3-4.
63
Idem. p. 4.
64
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 6.0, Ano de 1971, Vol. IV, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 16 de Dezembro de 1971, p. 1.
258 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
65
AHD, Fundo POI, Mç. 550, Processo POI 6.0, Ano de 1971, Vol. IV, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 10 de Dezembro de 1971, p. 1.
66
Ibidem.
67
Nations Unies – A/PV. 2012. Assemblée Générale. Vingt-Sixième Session. 2012e Séance…
p. 4-5.
68
United Nations. Resolution 2875 (XXVI), 20 December 1971. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
69
United Nations. Resolution 2873 (XXVI), 20 December 1971. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
70
United Nations. Resolution 2874 (XXVI), 20 December 1971. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 259
A Título Individual
Tendo assumido uma importância singular no debate sobre a política colonial
portuguesa, a XXVI AG adotou ainda outras decisões com implicações signi-
ficativas para Portugal. Numa das suas sessões (em junho de 1971), a OUA
solicitara a realização de uma reunião especial do CS em África para discutir
medidas para a implementação das resoluções da ONU sobre questões relati-
vas ao continente africano, em particular à descolonização73. Com a formali-
zação do convite, a AG entendeu analisar a questão no plenário, o que susci-
tou a inquietação da missão portuguesa74. Embora Portugal tivesse solicitado
72
United Nations. Resolution 2878 (XXVI), 20 December 1971. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
73
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. I, Circular POI-4 do
MNE, de 24 de Janeiro de 1972, p. 1.
74
A este respeito vide os telegramas em AHD, Fundo POI, Mç. 609.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 261
75
Nations Unies – A/8702. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 100.
76
Idem. p. 101.
77
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. I, Circular POI-4 do
MNE, de 24 de Janeiro de 1972, p. 3.
78
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 20 de Janeiro de 1972, p. 1.
79
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. II, Apontamento Elabo-
rado pelo MNE, de 3 de Fevereiro de 1972, p. 1-6.
80
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Fevereiro de 1972, p. 1.
81
Portugal atribuiu a moderação à circunstância dos países africanos considerarem que, contra-
riamente à África do Sul, ainda era possível haver um entendimento com o governo português.
Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 11 de Fevereiro de 1972, p. 1-2.
262 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
82
Nations Unies – A/8702. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 104-105.
83
Ibidem.
84
Idem. p. 111-112.
85
Idem. p. 113.
86
Idem. p. 109.
87
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Paris para o MNE, de 2 de Fevereiro de 1972, p. 1-2.
88
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama do MNE
para as Embaixadas de Portugal em Washington, Londres, Paris, Bruxelas, Roma e Tóquio, de 28 de
Janeiro de 1972, p. 1.
89
Os únicos que parecem ter pretendido opor-se às audições foram a Bélgica e a Argentina,
enquanto os restantes membros do Conselho sentiram-se constrangidos pelas relações que ti-
nham com os países africanos. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de
1972, Vol. III, Telegrama da Embaixada de Portugal em Bruxelas para o MNE, de 14 de Fevereiro
de 1972, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 263
90
Nations Unies – A/8702. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 110.
91
Ibidem.
92
Ibidem.
93
Ibidem.
94
Idem. p. 111.
95
Ibidem.
264 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
96
United Nations – Document S/10607. Guinée, Somalie et Soudan: Project de Resolution. s.l.:
s.n., 1972. p. 1.
97
Ibidem.
98
Ibidem.
99
Ibidem.
100
Ibidem.
101
Ibidem.
102
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 265
mo foi introduzido pela proposta para que se reafirmasse que a política portu-
guesa, tanto nas colónias como em relação aos países africanos, perturbava
gravemente a paz e a segurança internacionais103. Foi igualmente apresentada
uma disposição para reiterar o pedido urgente ao governo português para
implementar o programa de descolonização elaborado pelas NU104. Embora o
programa fosse reproduzido na íntegra, uma das alíneas apresentou uma reda-
ção diferente, demonstrativa da mutação que a análise da questão colonial
portuguesa sofrera. Com efeito, inicialmente na disposição tendente a que
Portugal iniciasse negociações foi indicado que os interlocutores deveriam ser
os representantes dos partidos políticos existentes no interior e no exterior das
colónias. Na redação constante do projeto de resolução referiu-se que as nego-
ciações deveriam ser conduzidas com os representantes das populações, o que
remetia claramente para os movimentos de libertação105.
Nas suas demais disposições, o projeto integrou um conjunto de solicitações e
convites dirigidos a Portugal, aos estados membros e às agências especializadas
e outras organizações internacionais. Ao governo português pretendeu-se soli-
citar que renunciasse à violação da soberania e da integridade dos países afri-
canos. Relativamente aos estados membros a intenção foi a de apelar para que
cessassem de fornecer a Portugal toda a assistência que lhe permitisse prosse-
guir a repressão contra os povos das suas colónias e que adotassem medidas
para impedir a venda ou o fornecimento de armas e equipamentos militares
usados para esse efeito106. De assinalar ainda a presença de um parágrafo que
convidava aos estados, às agências especializadas e a outras organizações para
que concedessem, em conjunto com a OUA, assistência às populações das
colónias portuguesas, em particular às das áreas libertadas107. Apesar de se ter
tornado recorrente nas resoluções da AG, foi a primeira vez que a disposição
foi integrada numa proposta do CS, significando a intenção de reconhecer
implicitamente a existência das áreas libertadas108. Nos arranjos finais do pro-
jeto de resolução constavam o convite aos estados para empreenderem ações
para que o governo português respeitasse a decisão do CS e a solicitação ao SG
para elaborar um relatório sobre a situação nas colónias portuguesas109.
Conforme se tornara comum em relação às decisões da AG, o projeto de reso-
lução foi objeto de consultas antes da votação. Como os ocidentais e a Argen-
103
Ibidem.
104
Ibidem.
105
Ibidem.
106
Ibidem.
107
Ibidem.
108
Ibidem.
109
Ibidem.
266 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
tina manifestaram a intenção de votar contra, foi aceite uma emenda do Ja-
pão, cujo comportamento fora determinado pelos interesses do país em relação
aos recursos naturais do continente africano e pelos receios de retaliações afro-
-asiáticas110. Além da proposta japonesa, os autores, que passaram a ser unica-
mente a Guiné e o Sudão devido à desistência da Somália, entenderam tam-
bém introduzir modificações, que contribuíram de certa forma para a
descaracterização do projeto. Optando por uma fórmula mais vaga deixaram
de mencionar os nomes de Amílcar Cabral, Pascal Luvualu, Marcelino dos
Santos e Johnny Eduardo, referindo unicamente que foram ouvidas as decla-
rações dos indivíduos convidados a depor no Conselho111. Foram igualmente
excluídas as afirmações segundo as quais as decisões do CS constituíam o úni-
co meio para uma solução pacífica da questão e que alguns estados membros
desrespeitaram os apelos para a cessação da assistência militar a Portugal.
O reconhecimento dos movimentos de libertação enquanto vozes autênticas
dos povos africanos de Angola, Moçambique e Guiné (Bissau), bem como a
demonstração de satisfação pelos progressos que tinham alcançado, também
não encontraram espaço na versão revista. Outras alterações foram registadas
ao nível das medidas propostas através do programa de descolonização, onde
foi introduzida a emenda japonesa, com a qual pretendeu-se solicitar a retira-
da somente das forças militares que naquele momento estivessem a ser utiliza-
das em atos de repressão112. Entre as demais modificações assinala-se o facto
do projeto de resolução ter deixado de solicitar a realização de negociações
com os representantes das populações e de não mais referir que devia-se
proceder à concessão imediata da independência. Do mesmo modo, foram
excluídos os convites para a atribuição de assistência às populações e para que
os estados membros adotassem medidas para que o governo português se con-
formasse com a decisão do Conselho.
Em consequência das alterações, o projeto tornou-se na resolução 312 (1972),
de 4 de fevereiro, que foi aprovada com 9 votos favoráveis e 6 abstenções
(Argentina, Bélgica, EUA, França, Itália e Reino Unido)113. Apesar de terem
corrido o risco de desagradar os países africanos, algumas das abstenções tra-
duziram a intensificação das relações, como nos casos dos EUA, do Reino
Unido ou da Itália, com o governo português (Oliveira, 2007: 384-386;
Matos, 2010: 182). Portugal atribuiu ao Japão, por ter apresentado as emen-
110
AHD, Fundo POI, Mç. 610, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. VI, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Tóquio para o MNE, de 24 de Março de 1972, p. 1-3.
111
Nations Unies – A/8702. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Sécurité… p. 119.
112
Ibidem.
113
Idem. p. 120.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 267
114
AHD, Fundo POI, Mç. 609, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 8 de Fevereiro de 1972, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç. 609,
Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. III, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para o MNE,
de 11 de Fevereiro de 1972, p. 1-2.
115
Como Portugal não tinha representação no país e a próxima reunião do CS fora da sede
seria no Panamá, o MNE encarregou o embaixador na Costa Rica de apresentar credenciais e
criar um círculo de amizades, de forma a que pudesse realizar diligências quando necessário. Cf.
AHD, Fundo POI, Mç. 610, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. VI, Telegrama do MNE para
a Embaixada de Portugal na Costa Rica, de 14 de Março de 1972, p. 1.
116
Um motivo de preocupação particular foi a possibilidade dos movimentos de libertação
estarem presentes como observadores nos órgãos das NU. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 604,
Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. II, Circular POI-11 do MNE, de 5 de Setembro de 1972,
p. 1-2.
268 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
117
Para mais detalhes sobre a missão, designadamente sobre os seus membros, vide Santos,
2009a.
118
UNARMS, S-0904-0064-06, Archives of Secretary-General Kurt Waldheim, Portugal, 15
March 1972-29 November 1973, Pres Release BIO/911, M/1933, de 15 de Março de 1972, p. 1.
119
AHD, Fundo POI, Mç. 593, Processo POI 4.2 (Ult), Ano de 1972, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 18 de Abril de 1972, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 269
uma vez que durante muitos anos Portugal evitara participar na discussão
(Xavier, 2010: 159)120. Rui Patrício reafirmou os elementos principais da
argumentação portuguesa, respondeu a acusações, ressaltou os acontecimen-
tos verificados nas colónias a nível político, defendeu as ações de Portugal em
diversas áreas, negou que os movimentos de libertação representassem as
populações, qualificou a existência de áreas libertadas como um mito e infor-
mou sobre o interesse em dialogar com os países africanos121. Além da inter-
venção no plenário, Rui Patrício realizou uma visita ao SG, que propôs que a
Missão Portuguesa entrasse em contacto com o Secretariado para a discussão
de questões e propostas que Portugal gostaria que fossem analisadas122. Decor-
rente da sugestão, verificou-se um maior recurso por Portugal a encontros
com funcionários do Secretariado para complementar a sua atuação nas NU.
Como se tornara recorrente, no período entre as sessões do Comité de Desco-
lonização e as da IV Comissão teve lugar no CS a análise de uma queixa contra
Portugal por violação da integridade territorial de um Estado africano. Apre-
sentada pelo Senegal, a queixa fora motivada pela incursão de uma unidade do
exército português em território senegalês, resultando na adoção da resolução
321 (1971), de 23 de outubro123. O documento apresentou semelhanças com
a decisão anterior do Conselho sobre incidentes fronteiriços, voltando-se a
condenar a conduta do governo português e a solicitar a cessação imediata dos
atos de agressão. Mas, diferentemente da resolução 302 (1971), o texto teve
um âmbito mais alargado, referindo-se à integridade territorial de todos os
países com fronteiras com as colónias portuguesas124. Do mesmo modo, o
documento recaiu no âmbito da resolução 1514 (XV), cuja aplicação foi soli-
citada como forma de eliminar as causas de tensão na região.
Aquando do início da discussão na IV Comissão foi decidido analisar de for-
ma separada os itens relativos à África Austral, o que talvez se poderá atribuir
ao desejo de maximizar os resultados da missão de visita à Guiné (Bissau)125.
120
Outras interpretações afirmam que a deslocação de Rui Patrício a Nova Iorque terá sido um
teste ao impacto internacional da revisão constitucional que atribuira a Angola e a Moçambique
a designação de estados. Cf. Reis, 2014: 202.
121
United Nations – A/PV. 2048. General Assembly. Twenty-Seventh Session. 2048th Plenary
Meeting. Monday, 2 October 1972, at 10.30 a.m. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 1-7.
122
UNARMS, S-0904-0064-06, Archives of Secretary-General Kurt Waldheim, Portugal, 15
March 1972-29 November 1973, Nota de 6 de Outubro de 1972, p. 1.
123
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée
Générale. 16 Juin 1972-15 Juin 1973. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 81.
124
United Nations. Resolution 321 (1972), 23 October 1972. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
125
United Nations – A/8889. 13 November 1972. Question of Territories under Portuguese Admi-
nistration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 1.
270 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
126
Idem. p. 1-2.
127
A respeito das diligências vide AHD, Fundo POI, Mç. 607.
128
Nations Unies – A/C.4/SR 1975. Quatrième Commission, 1975e Séance. Mercredi 27
Septembre 1972, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 10.
129
Idem. p. 64.
130
De acordo com informações recolhidas por Portugal, alguns países chegaram a equacionar a
hipótese de proporem a atribuição de um outro estatuto, que não o de observadores, aos
movimentos de libertação. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Te-
legrama da Embaixada de Portugal em Copenhaga para o MNE, de 27 de Setembro de 1972, p. 1.
131
Nations Unies – A/C.4/SR 1975. Quatrième Commission, 1975e Séance… p. 15.
132
Nations Unies – A/C.4/SR 1976. Quatrième Commission, 1976e Séance. Lundi 2 Octobre
1972, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 17-20.
133
Idem. p. 22.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 271
134
Portugal tentou influenciar o comportamento de alguns desses países, como a Colômbia e
a Argentina, solicitando que não assumissem uma posição desfavorável. Cf. AHD, Fundo POI,
Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Memorando da Embaixada de Portugal em Bogotá para
o Ministério das Relações Exteriores da Colômbia, de 2 de Outubro de 1972, p. 1-2; AHD, Fundo
POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Telegrama do MNE para a Embaixada de Portugal
em Buenos Aires, de 16 de Outubro de 1972, p. 1.
135
A título de exemplo veja-se: Nations Unies – A/C.4/SR 1978. Quatrième Commission, 1978e
Séance. Lundi 9 Octobre 1972, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 27-28; Nations Unies –
A/C.4/SR 1979. Quatrième Commission, 1979e Séance. Mardi 10 Octobre 1972, à 15h15. Nova
Iorque: s.n., 1972. p. 32-33.
136
Nations Unies – A/C.4/SR 1985. Quatrième Commission, 1985e Séance. Lundi 16 Octobre
1972, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 82.
137
Nations Unies – A/C.4/SR 1977. Quatrième Commission, 1977e Séance. Mardi 3 Octobre
1972, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 23.
138
Idem. p. 23-24.
139
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Carta do MNE para o GNP do
MU, de 18 de Outubro de 1972, p. 1-3.
140
Nations Unies – A/C.4/SR 1977. Quatrième Commission, 1977e Séance… p. 23.
272 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
141
Nations Unies – A/C.4/SR 1984. Quatrième Commission, 1984e Séance. Vendredi 13 Octobre
1972, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 73.
142
Nations Unies – A/C.4/SR 1979. Quatrième Commission, 1979e Séance… p. 32.
143
Nations Unies – A/C.4/SR 1983. Quatrième Commission, 1983e Séance. Vendredi 13 Octobre
1972, à 11h50. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 64.
144
Nations Unies – A/C.4/SR 1980. Quatrième Commission, 1980e Séance. Mercredi 11 Octobre
1972, à 10h45. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 42-45.
145
Nations Unies – A/C.4/SR 1992. Quatrième Commission, 1992e Séance. Mercredi 1er Novem-
bre 1972, à 15h30. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 134.
146
Idem. p. 135.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 273
147
Nations Unies – A/C.4/SR 1986. Quatrième Commission, 1986e Séance. Lundi 16 Octobre
1972, à 15h20. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 84.
148
Idem. p. 85.
149
Nations Unies – A/C.4/SR 1987. Quatrième Commission, 1987e Séance. Mardi 17 Octobre
1972, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 100.
150
Nations Unies – A/C.4/SR 2000. Quatrième Commission, 2000e Séance. Vendredi 10
Novembre 1972, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 191.
151
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. III, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Caracas para o MNE, de 11 de Novembro de 1972, p. 1.
274 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
152
United Nations – A/8889. 13 November 1972. Question of Territories under Portuguese… p. 6.
153
Ibidem.
154
Ibidem.
155
Ibidem.
156
Idem. p. 7.
157
Ibidem.
158
Ibidem.
159
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 275
160
Ibidem.
161
Idem. p. 7-8.
162
Idem. p. 8.
163
Ibidem.
164
Ibidem.
276 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
165
Ibidem.
166
Ibidem.
167
Vide a título de exemplo AHD, Fundo POI, Mç. 600, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol.
II, Telegrama do MNE para as Embaixadas de Portugal em Ankara, Atenas, Bangkok, Beirute,
Bogotá, Brasília, Bruxelas, Buenos Aires, Camberra, Caracas, Copenhaga, Dublin, Estocolmo,
Haia, Helsínquia, Islamabad, Lima, Londres, Madrid, Manila, México, Montevideu, Oslo, Otta-
wa, Paris, Pretória, Quito, Roma, Santiago do Chile, São José da Costa Rica, Teerão, Tóquio, Viena,
Washington e Zomba, de 28 de Outubro de 1972, p. 1-3.
168
Nations Unies – A/C.4/SR 2001. Quatrième Commission, 2001e Séance. Lundi 13 Novembre
1972, à 11 heures. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 199-201.
169
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 277
170
Ibidem.
171
Idem. p. 203.
172
AHD, Fundo POI, Mç. 600, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Zomba para o MNE, de 31 de Outubro de 1972, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç.
600, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixada de Portugal em Bruxelas
para o MNE, de 3 de Novembro de 1972, p. 1.
173
Entre os que se abstiveram encontrava-se a Colômbia, que desta forma tentou compensar
Portugal pelo comportamento que assumira na votação quanto à participação de observadores
na sessão. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 600, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da
Embaixada de Portugal em Bogotá para o MNE, de 30 de Outubro de 1972, p. 1.
174
Nations Unies – A/C.4/SR 2001. Quatrième Commission, 2001e Séance… p. 203-205.
175
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. III, Carta do MNE para o
GNP do MU, de 11 de Novembro de 1972, p. 1-2.
176
AHD, Fundo POI, Mç. 604, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. III, Apontamento Elabo-
rado por Meira Ferreira, de 27 de Outubro de 1972, p. 1-10.
278 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
177
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Telegrama da Missão de Portu-
gal na ONU para o MNE, de 13 de Outubro de 1972, p. 1.
178
United Nations – A/8889. 13 November 1972. Question of Territories under Portuguese… p. 3.
179
Ao abrigo do estatuto de observador, os movimentos de libertação passaram na década de
1970 a se dirigir ao plenário quando as questões que lhes interessavam eram discutidas unica-
mente em sessões plenárias. Cf. Peterson, 1990: 117-119.
180
Vide AHD, Fundo POI, Mç. 607.
181
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Circular POI-14 do MNE, de
28 de Outubro de 1972, p. 1-7.
182
Ibidem.
183
Nations Unies – A/PV. 2084. Assemblée Générale. Vingt-Septième Session. 2084e Séance
Plénière. Mardi 14 Novembre 1972, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1972. p. 21-24.
184
Idem. p. 22-23.
185
Idem. p. 24.
186
AHD, Fundo POI, Mç. 607, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 14 de Novembro de 1972, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 279
187
Nations Unies – A/PV. 2084. Assemblée Générale. Vingt-Septième Session. 2084e Séance…
p. 24-25.
188
United Nations. Resolution 2979 (XXVII), 14 December 1972. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
189
United Nations. Resolution 2980 (XXVII), 14 December 1972. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
190
United Nations. Resolution 2981 (XXVII), 14 December 1972. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
280 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
191
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée…
p. 85-86.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 281
192
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Carta do MNE para
Vasco Luís Caldeira Coelho Futsher Pereira, Embaixador de Portugal em Zomba, de 14 de Novem-
bro de 1972, p. 1.
193
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée…
p. 86.
194
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama do MNE para
as Embaixadas de Portugal em Paris, Washington, Londres, Bruxelas, Roma, Buenos Aires, Tóquio
e São José da Costa Rica, de 11 de Novembro de 1972, p. 1-2.
195
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 16 de Novembro de 1972, p. 1-2.
196
De acordo com Rui Patrício, a rejeição de conversações com os movimentos de libertação
devia-se a uma conceção doutrinária, uma vez que se considerava que um eventual diálogo re-
sultaria num reconhecimento internacional de tais organizações, que não tinham legitimidade,
não representavam as populações e eram comandadas por potências comunistas. Cf. Xavier,
2010: 208-209.
197
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 15 de Novembro de 1972, p. 1.
198
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama do MNE para
as Embaixadas de Portugal em Washington, Paris, Londres, Roma, Bruxelas, Buenos Aires, Tóquio
e São José da Costa Rica, de 16 de Novembro de 1972, p. 1.
282 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
199
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama do MNE para
as Embaixadas de Portugal em Paris, Washington, Londres, Bruxelas, Roma, Buenos Aires, Tóquio
e São José da Costa Rica, de 11 de Novembro de 1972, p. 1-2.
200
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Paris para o MNE, de 17 de Novembro de 1972, p. 1-2; AHD, Fundo POI,
Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de Portugal na ONU para
o MNE, de 15 de Novembro de 1972, p. 1.
201
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Londres para o MNE, de 13 de Novembro de 1972, p. 1.
202
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée…
p. 86-94.
203
Idem. p. 87, 90-91.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 283
204
Idem. p. 90, 92, 94-95.
205
Idem. p. 87.
206
Idem. p. 86.
207
Idem. p. 88.
208
Idem. p. 86.
209
Idem. p. 87-90.
210
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 17 de Novembro de 1972, p. 1.
284 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
211
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée…
p. 87.
212
Ibidem.
213
Idem. p. 89.
214
Idem. p. 90-91.
215
Idem. p. 88.
216
Ibidem.
217
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 285
218
Ibidem.
219
Ibidem.
220
Ibidem.
221
Ibidem.
222
Ibidem.
223
Idem. p. 88-89.
286 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
224
Ibidem.
225
Ibidem.
226
Ibidem.
227
Ibidem.
228
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 20 de Novembro de 1972, p. 1.
229
Ibidem.
230
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 19 de Novembro de 1972, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 287
distinção entre a questão das negociações para a solução do conflito nas coló-
nias portuguesas, que consideraram como unanimemente aceite pelos mem-
bros do Conselho, e o propósito de adotar medidas contra Portugal, em parti-
cular para impedir o seu aprovisionamento com material militar231.
O primeiro dos dois projetos recuperou algumas disposições do texto inicial,
operando porém uma profunda reformulação do sentido que lhes fora atri-
buído. Na nova proposta foram excluídos os parágrafos referentes à conti-
nuação e intensificação por Portugal da repressão, aos ataques a países africa-
nos, aos pedidos aos estados para que cessassem a assistência ao governo
português, à política daqueles que continuavam a fornecer-lhe material mili-
tar e à questão do emprego de napalm e substâncias químicas. O texto limi-
tou-se a tomar nota dos relatórios do Comité de Descolonização, sem men-
cionar o documento produzido pela missão de visita à Guiné (Bissau)232.
Mais importante ainda foi a circunstância de se deixar de pretender que o
Conselho reconhecesse os movimentos de libertação enquanto representan-
tes das populações. A este respeito, o novo projeto foi bastante contido, pro-
pondo unicamente que se tivesse em consideração o facto da OUA reconhe-
cer os movimentos de libertação de Angola, da Guiné (Bissau) e Cabo Verde
e de Moçambique como representantes legítimos dos povos233. De igual
modo, quanto às declarações dos representantes dos movimentos passou-se a
indicar que foram proferidas a título individual, pelo que deixaram de estar
ao nível das dos estados membros234.
Foi recuperado do texto anterior, com a mesma redação, o parágrafo sobre a
necessidade do fim da guerra colonial e de uma solução negociada para o
conflito. Outro dos elementos retomados foi a reafirmação do direito dos
povos de Angola, da Guiné (Bissau) e Cabo Verde e de Moçambique à auto-
determinação e à independência, bem como a legitimidade da sua luta, sem
no entanto se referir a liderança do processo pelos movimentos de libertação
e a questão do recurso a todos os meios disponíveis235. Excluindo-se qualquer
condenação ao governo português voltou-se a sugerir que o Conselho reque-
resse o fim imediato da guerra colonial e dos atos de repressão. Com uma
nova redação, pretendeu-se solicitar ao governo português que iniciasse nego-
ciações com os representantes dos povos de Angola, da Guiné (Bissau) e Cabo
231
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Londres para o MNE, de 16 de Novembro de 1972, p. 1.
232
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée…
p. 92.
233
Ibidem.
234
Idem. p. 93.
235
Ibidem.
288 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
236
Ibidem.
237
Ibidem.
238
Ibidem.
239
Ibidem.
240
Idem. p. 93-94.
241
Informações relativas às diligências podem ser encontradas em AHD, Fundo POI, Mç. 611.
242
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Lima para o MNE, de 27 de Novembro de 1972, p. 1-3.
243
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 23 de Novembro de 1972, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 289
da”, passou a ser entendido que se devia “contribuir para uma solução nego-
ciada”244. A expressão “guerras coloniais” foi substituída por “operações milita-
res”, ao passo que em lugar de “os representantes dos povos” foi utilizado As
Partes Interessadas245. No mesmo sentido, os termos “conflito armado que di-
lacerava esses territórios” foram transformados em “conflito armado que existe
nos territórios”, ao passo que o desejo que os povos “alcancem a autodetermi-
nação e a independência” se tornou na expectativa de “exercerem o direito à
autodeterminação e à independência”246.
Além das emendas, outro meio para satisfazer as solicitações portuguesas
foram as reservas expressas antes da votação. Estando a retomar a normaliza-
ção do fornecimento de material militar a Portugal após um curto período
de hesitação, a França apresentou objeções quanto às referências a resoluções
em relação às quais votara contra e aos órgãos cuja criação não merecera a sua
concordância (Lala, 2007: 309)247. O Reino Unido, num momento em que
as suas relações com Portugal atravessavam uma fase bastante favorável,
indicou a preferência para que tivesse ficado explicito que a luta pela auto-
determinação deveria ser realizada por meios pacíficos e que o apelo ao
abandono da força teria de ser dirigido a todas as partes, incluindo aos
movimentos de libertação (Oliveira, 2007: 389)248. Demonstrando ter dis-
cordâncias com o pedido ao governo português para que cessasse imediata-
mente as operações militares e os atos de repressão, os EUA solicitaram a
votação separada do parágrafo249. Com a rejeição da pretensão, o projeto
foi aprovado por unanimidade, tornando-se na resolução 322 (1972), de 22
de novembro250. No seguimento da votação, os EUA indicaram que teriam
abstido caso tivesse havido votação individual do parágrafo relativamente ao
qual suscitaram dúvidas251.
O segundo projeto de resolução, não recolheu muitos apoios, tendo inclusiva-
mente os EUA e o Reino Unido indicado a possibilidade de utilizarem o veto252.
A Argentina acabou por propor que o texto não fosse submetido a votação,
244
United Nations. Resolution 322 (1972), 22 November 1972. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
245
Ibidem.
246
Ibidem.
247
Nations Unies – A/9002. Supplément n.º 2. Rapport du Conseil de Securité a l’Assemblée…
p. 95.
248
Ibidem.
249
Idem. p. 96.
250
Ibidem.
251
Ibidem.
252
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Paris para o MNE, de 22 de Novembro de 1972, p. 1-2.
290 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
253
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Buenos Aires para o MNE, de 25 de Novembro de 1972, p. 1-2.
254
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Paris para o MNE, de 22 de Novembro de 1972, p. 1-2.
255
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Roma para o MNE, de 24 de Novembro de 1972, p. 1.
256
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Washington para o MNE, de 16 de Novembro de 1972, p. 1-6.
257
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Londres para o MNE, de 24 de Novembro de 1972, p. 1-2.
258
Ibidem.
259
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Washington para o MNE, de 16 de Novembro de 1972, p. 1-6.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 291
260
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6, Ano de 1972, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Lima para o MNE, de 27 de Novembro de 1972, p. 1-3.
261
AHD, Fundo POI, Mç. 611, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 1 de Dezembro de 1972, p. 1.
262
AHD, Fundo POI, Mç. 604, Processo POI 6.0, Ano de 1972, Vol. III, Telegrama da Missão
de Portugal na ONU para o MNE, de 22 de Dezembro de 1972, p. 1-2.
292 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
263
AHD, Fundo POI, Mç. 651, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Copenhaga para o MNE, de 4 de Outubro de 1973, p. 1-2.
264
Nations Unies – A/PV. 2156. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2156e Séance
Plénière. Lundi 22 Octobre 1973, à 13h30. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 1-6.
265
Dados sobre as diligências portuguesas podem ser encontrados em: AHD, Fundo POI, Mç.
652.
266
AHD, Fundo POI, Mç. 652, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. I, Memorando da Embai-
xada de Portugal em Madrid para o Diretor Geral de Política Exterior do Ministério dos Negócios
Estrangeiros de Espanha, de 24 de Outubro de 1973, p. 1.
267
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 293
268
No âmbito das conversações para a cedência da base, Portugal impusera como condição que
os EUA adotassem no CS uma posição favorável ao país relativamente à proclamação da inde-
pendência da Guiné-Bissau. Cf. Antunes, 1992a: 277.
269
Nations Unies – A/PV. 2157. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2157e Séance
Plénière. Vendredi 26 Octobre 1973, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 8.
270
Idem. p. 5.
271
Idem. p. 5-9, 12-15.
272
Idem. p. 37.
273
Idem. p. 10.
274
Nations Unies – A/PV. 2158. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2158e Séance
Plénière. Lundi 29 Octobre 1973, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 19.
294 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
275
Ibidem.
276
Nations Unies – A/PV. 2162. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2162e Séance
Plénière. Jeudi 1er Novembre 1973, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 1-2.
277
Nations Unies – A/PV. 2156. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2156e Séance…
p. 7; Nations Unies – A/PV. 2158. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2158e Séance…
p. 11.
278
Rui Patrício abordou questões como a política de desanuviamento, a natureza dos movi-
mentos de libertação, o direito à autodeterminação, a situação em África, a proclamação da
independência da Guiné-Bissau e a proposta para conversações com países africanos. Cf. Silva,
1997: 152.
279
Nations Unies – A/PV. 2156. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2156e Séance…
p. 1-6.
280
Idem. p. 1-2.
281
Idem. p. 2.
282
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 295
283
Idem. p. 12.
284
United Nations. Resolution 3061 (XXVIII), 2 November 1973. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
285
Ibidem.
286
Ibidem.
287
Ibidem.
288
Ibidem.
289
Ibidem.
296 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
290
Ibidem.
291
Ibidem.
292
Ibidem.
293
Ibidem.
294
Esta informação encontra-se em AHD, Fundo POI, Mç. 652.
295
Não foi possível consultar toda a documentação do MNE referente ao ano de 1973, uma
vez que alguns maços não foram desclassificados pelo AHD.
296
Nations Unies – A/PV. 2163. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2163e Séance
Plénière. Vendredi 2 Novembre 1973, à 10h30. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 6-11.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 297
restantes países foi referido que o texto comportava o risco de criar um prece-
dente perigoso, desrespeitando as regras que regiam a existência dos estados.
Considerando-se que Portugal continuava a deter a soberania na Guiné-
-Bissau, o projeto foi qualificado como contendo afirmações demasiado cate-
góricas, baseando-se em hipóteses irreais e em propostas infundadas e inacei-
táveis297.
Tendo sido solicitada a votação por apelo nominal, com 93 votos favoráveis, 7
contra e 30 abstenções, o projeto foi adotado, transformando-se na resolução
3061 (XXVIII), de 2 de novembro298. Entre os países que votaram contra, que
foram Portugal, África do Sul, Espanha, Reino Unido, EUA, Brasil e Grécia,
não houve propriamente novidades. Mais significativas foram as abstenções,
que abrangeram países alinhados com o ocidente, entre as quais a França, os
nórdicos e Israel, os latino-americanos e o Japão299. Dos que não participaram
na votação voltaram a destacar-se o Malawi e a Suazilândia300. Diferentes
motivações terão condicionado o voto, não sendo de excluir que os EUA, que
realizaram diligências para impedir o reconhecimento do Estado da Guiné-
-Bissau, tivessem influenciado alguns países301. Provavelmente terá sido a
intervenção norte-americana a determinar que Israel, que tradicionalmente
votava com a maioria afro-asiática, se tivesse abstido302. Relativamente à Fran-
ça, Portugal ficou a saber que a presença de Leopold Senghor em Paris no
momento da votação terá condicionado o comportamento do país303. Entre os
latino-americanos, a Costa Rica terá sido motivada pelo desejo de aproxima-
ção aos africanos, uma vez que iria assumir o lugar de membro não permanen-
te do CS, ao passo que no caso do Equador as pressões da delegação em Nova
Iorque foram decisivas304.
297
Ibidem.
298
Idem. p. 11.
299
Holanda, Nova Zelândia, Nicarágua, Noruega, Paraguai, Suécia, Turquia, Uruguai, Vene-
zuela, Austrália, Áustria, Bélgica, Bolívia, Canadá, Chile, Colômbia, Dinamarca, República
Dominicana, El Salvador, Finlândia, França, RFA, Guatemala, Honduras, Islândia, Irlanda,
Israel, Itália, Japão e Luxemburgo. Cf. Ibidem.
300
AHD, Fundo POI, Mç. 652, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. II, Carta do Diretor Geral
do MNE para o Diretor do GNP do MU, de 7 de Novembro de 1973, p. 1.
301
AHD, Fundo POI, Mç. 652, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Washington para o MNE, de 29 de Outubro de 1973, p. 1-2.
302
AHD, Fundo POI, Mç. 651, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 25 de Outubro de 1973, p. 1.
303
AHD, Fundo POI, Mç. 652, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Paris para o MNE, de 3 de Novembro de 1973, p. 1.
304
AHD, Fundo POI, Mç. 651, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 7 de Novembro de 1973, p. 1.
298 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
305
Nations Unies – A/PV. 2163. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2163e Séance…
p. 11-12.
306
Idem. p. 12-16.
307
Ibidem.
308
Idem. p. 15.
309
Idem. p. 16-17.
310
AHD, Fundo POI, Mç. 651, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. II, Relato da Conversa
entre João Afonso Ascensão e Rego Monteiro, Chefe da Secção II, da Divisão Africana, do Depar-
tamento de Tutela e Territórios não Autónomos das NU, Realizada a 11 de Novembro de 1973,
p. 1-2.
311
AHD, Fundo POI, Mç. 652, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Washington para o MNE, de 29 de Outubro de 1973, p. 1-2.
312
Portugal passou a enfrentar a questão da participação da Guiné-Bissau em agências especia-
lizadas e conferências internacionais, tendo sido decidido, para evitar o isolamento do país,
estar presente nas sessões onde estivessem representantes do PAIGC. Cf. AHD, Fundo POI,
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 299
Mç. 707, Processo POI 6, Ano de 1974, Vol. I, Circular POI-2 do MNE, de 11 de Fevereiro de
1973, p. 17-18.
313
United Nations – A/9338. 30 November 1973. Question of Territories under Portuguese
Administration. Report of the Fourth Committee. s.l.: s.n., s.d. p. 1.
314
Idem. p. 2.
300 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
tivesse havido reservas de Portugal, África do Sul, EUA, Reino Unido e Brasil,
a FNLA e a FRELIMO foram admitidas como observadores315. Foi de assina-
lar a ausência do PAIGC, o que terá sido motivada pelo facto da proclama-
ção da República da Guiné-Bissau estar a ser analisada em simultâneo, e do
MPLA, que talvez tivesse sido condicionado pelos conflitos internos que
enfrentava.
No debate (entre 27 de setembro e 15 de novembro) participaram cerca de 50
delegações pertencentes a todos os grupos regionais, registando-se que a quase
totalidade dos intervenientes argumentou contra Portugal. Particularmente
duras foram as intervenções da Colômbia e da Costa Rica, que inicialmente
prometeram aos representantes portugueses que não participariam na discus-
são316. Os países alinhados com o ocidente, como a Austrália e a Nova Zelân-
dia, demonstraram uma maior inclinação para se associar à maioria, ressaltan-
do compreender a posição dos movimentos de libertação317. Poucos foram
aqueles que não se envolveram na condenação da política colonial portuguesa,
destacando-se as afirmações da RFA, admitida nas NU em conjunto com a
República Democrática Alemã (RDA), que referiu a necessidade do recurso a
meios pacíficos318. A hostilidade em relação a Portugal foi uma consequência
da deterioração do ambiente para o país resultante da proclamação da inde-
pendência da Guiné-Bissau e da campanha internacional em torno do massa-
cre de Wiriyamu.
No início da discussão, procedeu-se à leitura do comunicado do PAIGC sobre
a proclamação da República da Guiné-Bissau, o que tornou a situação no
território numa das questões centrais da sessão319. A declaração unilateral de
independência foi considerada com grande satisfação, havendo praticamente
um novo debate em paralelo ao que estava a decorrer no plenário320. Outro
dos temas principais foi o massacre em Moçambique, sendo quase unanime-
315
Nations Unies – A/C.4/SR 2027. Quatrième Commission, 2027e Séance. Jeudi 27 Septembre
1973, à 15h45. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 5-6.
316
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Bogotá para o MNE, de 11 de Outubro de 1973, p. 1; AHD, Fundo POI, Mç.
669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixada de Portugal em São José da
Costa Rica para o MNE, de 11 de Outubro de 1973, p. 1.
317
Nations Unies – A/C.4/SR 2031. Quatrième Commission, 2031e Séance. Vendredi 5 Octobre
1973, à 12 heures. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 21-22; Nations Unies – A/C.4/SR 2032. Quatriè-
me Commission, 2032e Séance. Lundi 8 Octobre 1973, à 10h50. Nova Iorque: s.n., 1973.
p. 27-28.
318
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance. Vendredi 9 Novembre
1973, à 15h35. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 198-199.
319
Nations Unies – A/C.4/SR 2027. Quatrième Commission, 2027e Séance… p. 7.
320
AHD, Fundo POI, Mç. 225, Circular POI-23 do MNE, de 5 de Dezembro de 1973, p. 5.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 301
321
Ibidem.
322
Nations Unies – A/C.4/SR 2030. Quatrième Commission, 2030e Séance. Jeudi 4 Octobre
1973, à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 30.
323
Idem. p. 18.
324
Nations Unies – A/C.4/SR 2029. Quatrième Commission, 2029e Séance. Mercredi 3 Octobre
1973, à 15h35. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 13.
325
Nations Unies – A/C.4/SR 2028. Quatrième Commission, 2028e Séance. Lundi 1er Octobre
1973, à 15h25. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 9-10.
326
Nations Unies – A/C.4/SR 2055. Quatrième Commission, 2055e Séance. Mercredi 7 Novembre
1973, à 11h05. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 184-185.
302 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
327
Idem. p. 185.
328
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Estocolmo para o MNE, de 8 de Novembro de 1973, p. 1.
329
Ibidem.
330
Nations Unies – A/C.4/SR 2055. Quatrième Commission, 2055e Séance... p. 180-181.
331
United Nations – A/9338. 30 November 1973. Question of Territories under Portuguese… p. 3.
332
Idem. p. 7.
333
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 303
334
Ibidem.
335
Ibidem.
336
Ibidem.
337
Ibidem.
338
Idem. p. 8.
339
Ibidem.
304 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
340
Ibidem.
341
Ibidem.
342
Ibidem.
343
Idem. p. 9.
344
Ibidem.
345
Ibidem.
346
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 305
restantes entidades das NU, uma das cláusulas propôs que o SG acompanhas-
se a forma como a decisão da AG seria aplicada e reportasse na sessão seguinte.
Uma vez que foi entendido que existia a necessidade urgente de mobilizar a
opinião pública internacional contra a guerra empreendida pelo governo por-
tuguês, foi também proposto que se convidasse o SG a continuar a adotar
medidas, através dos media, para conceder uma ampla e continua publicidade
à situação347. Antecipando-se eventuais desenvolvimentos, foi sugerido que se
mantivesse a questão das colónias portuguesas sob continua revisão, inscre-
vendo-a na agenda da XXIX AG.
O segundo projeto de resolução incidiu sobre a questão dos massacres em
Moçambique, visando a realização de um inquérito para averiguar os aconte-
cimentos. Inicialmente existiram dúvidas sobre se o texto seria apresentado
individualmente ou se os autores aceitariam que fosse integrado no projeto
afro-asiático348. Ao que tudo indica, os países africanos manifestaram algumas
reservas ao inquérito, ressaltando as dificuldades para a sua concretização
devido à oposição de Portugal349. Várias versões terão sido elaboradas, sendo
que o projeto foi patrocinado pelos nórdicos, Argentina, Austrália, Bélgica,
Fiji, Irlanda, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Serra Leoa e Sudão350.
Todos os grupos regionais, com a exceção dos socialistas, participaram na ini-
ciativa. Diferentes entendimentos parecem no entanto ter motivado os países,
com a Bélgica a indicar que o seu contributo para a elaboração do documento
tivera por objetivo evitar que Portugal fosse condenado e que os factos fossem
considerados como provados351.
O texto, considerado como tendo fins humanitários, foi redigido em termos
moderados, não apresentando referências à resolução 1514 (XV). Os autores
evitaram considerações que pudessem indicar que estavam a julgar antecipa-
damente a questão, propondo que a AG demonstrasse uma profunda pertur-
bação com os alegados massacres em Moçambique e relembrasse a decisão do
Comité de Descolonização segundo a qual o governo português deveria per-
mitir uma investigação cuidadosa e imparcial352. Ao se indicar que a Assem-
bleia deveria mostrar-se convicta da necessidade urgente de realizar a investi-
gação, entendeu-se que fosse estabelecida uma comissão de inquérito com-
347
Ibidem.
348
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 26 de Outubro de 1973, p. 1.
349
Ibidem.
350
United Nations – A/9338. 30 November 1973. Question of Territories under Portuguese… p. 3.
351
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Bruxelas para o MNE, de 7 de Novembro de 1973, p. 1.
352
United Nations – A/9338. 30 November 1973. Question of Territories under Portuguese… p. 10.
306 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
posta por cinco elementos, que seriam nomeados após consultas com os
estados membros353. Foi pretendido ainda que a comissão fosse mandatada a
reunir informações de todas as fontes relevantes, a solicitar a cooperação e a
assistência dos movimentos de libertação e a reportar o mais rapidamente pos-
sível à AG354. No parágrafo final previu-se que se solicitasse ao governo portu-
guês para cooperar com o órgão e lhe concedesse todas as facilidades necessá-
rias à concretização do seu objetivo355.
Com base em sugestões apresentadas pelas delegações, o primeiro projeto de
resolução foi emendado, integrando-se algumas precisões, que não modifica-
ram todavia o sentido do documento. Uma das emendas introduziu a referên-
cia às declarações do representante da FRELIMO a par das da FNLA356. A
outra proposta de alteração, apresentada pela Líbia, consistiu em adicionar
“por todos os meios à sua disposição” no parágrafo em que se efetuava a reafir-
mação da legitimidade da luta das populações das colónias portuguesas357. A
última modificação substituiu, na disposição quanto à intervenção da Cruz
Vermelha Internacional, a expressão “prisão e campos de tratamento de prisio-
neiros” por “prisioneiros e campos de guerra e tratamento de prisioneiros de
guerra”358. Relativamente ao segundo projeto de resolução, a FRELIMO apre-
sentou algumas sugestões para tornar o documento mais penalizador para Por-
tugal, mas que não foram aceites pelos autores. O movimento pediu que ficas-
se estabelecido que os massacres tinham sido cometidos pelas forças armadas
portuguesas e que fosse acrescentado um novo parágrafo a solicitar ao SG que
fornecesse à comissão de inquérito todas as facilidades e o pessoal necessário à
execução do seu mandato359.
Contrariamente ao verificado na questão da Guiné-Bissau, Portugal não este-
ve representado na discussão, tentando compensar a sua ausência com o envio
de cartas ao presidente da Comissão360. Nos bastidores foram realizadas
démarches contra os projetos de resolução, sendo que os maiores esforços
parecem ter sido reservados para o texto sobre a comissão de inquérito361. As
353
Ibidem.
354
Ibidem.
355
Ibidem.
356
Idem. p. 3.
357
Ibidem.
358
Ibidem.
359
Nations Unies – A/C.4/SR 2055. Quatrième Commission, 2055e Séance… p. 186.
360
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama do MNE
para a Embaixada de Portugal em Bruxelas, de 14 de Novembro de 1973, p. 1-3.
361
Apesar de nada ter sido dito a este respeito pelos autores do primeiro projeto de resolução,
Portugal interpretou a proposta de condenação dos atos de agressão contra países africanos
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 307
independentes como incluindo as ações na Guiné-Bissau. Cf. AHD, Fundo POI, Mç. 669,
Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. II, Memorando da Embaixada de Portugal em Madrid para o
Diretor Geral de Política Exterior do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Espanha, de 7 de No-
vembro de 1973, p. 1-2.
362
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Madrid para o MNE, de 8 de Novembro de 1973, p. 1-2.
363
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Bonn para o MNE, de 8 de Novembro de 1973, p. 1-2.
364
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Missão de
Portugal na ONU para o MNE, de 27 de Outubro de 1973, p. 1.
365
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama do MNE
para a Embaixada de Portugal em Brasília, de 15 de Novembro de 1973, p. 1.
366
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance… p. 190-192.
367
Ibidem.
368
Ibidem.
369
Idem. p. 192-193.
308 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
370
Ibidem.
371
Idem. p. 193.
372
Ibidem.
373
Idem. p. 195.
374
Ibidem.
375
Ibidem.
376
Idem. p. 196.
377
Ibidem.
378
Ibidem.
379
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Bogotá para o MNE, de 12 de Novembro de 1973, p. 1.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 309
380
AHD, Fundo POI, Mç. 649, Processo POI 4 (Ult), Ano de 1973, Telegrama da Embaixada
de Portugal em Tóquio para o MNE, de 28 de Novembro de 1973, p. 1-3.
381
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance… p. 196.
382
AHD, Fundo POI, Mç. 652, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. I, Telegrama da Embaixa-
da de Portugal em Londres para o MNE, de 23 de Outubro de 1973, p. 1-3.
383
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama do MNE
para a Embaixada de Portugal em Brasília, de 13 de Novembro de 1973, p. 1.
384
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance… p. 197-199; Na-
tions Unies – A/C.4/SR 2058. Quatrième Commission, 2058e Séance. Mardi 13 Novembre 1973,
à 10h55. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 200.
385
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance… p. 197-198.
310 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
386
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance… p. 199; Nations
Unies – A/C.4/SR 2058. Quatrième Commission, 2058e Séance… p. 201.
387
Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commission, 2057e Séance… p. 197-198.
388
Nations Unies – A/C.4/SR 2060. Quatrième Commission, 2060e Séance. Jeudi 15 Novembre
1973, à 11h15. Nova Iorque: s.n., 1973; Nations Unies – A/C.4/SR 2057. Quatrième Commis-
sion, 2057e Séance… p. 211.
389
Idem. p. 213.
390
Informações sobre as diligências praticadas encontram-se em AHD, Fundo POI, Mç. 669.
391
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. III, Telegrama do MNE
para a Embaixada de Portugal em Brasília, de 21 de Novembro de 1973, p. 1; AHD, Fundo POI,
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 311
vez que a Espanha solicitou que Portugal estivesse presente no plenário e que
o Brasil também votasse contra392. Como a maioria dos países contactados não
demonstrou inclinação para alterar o voto, registaram-se unicamente as reser-
vas do Chile, que vincou novamente as afirmações contraditórias existentes
entre os dois projetos de resolução393. Ainda assim, e mesmo que em privado
lamentasse não poder corresponder aos pedidos de Portugal, o Chile anunciou
que apoiaria o primeiro projeto de resolução394.
Os resultados das votações (que ocorreram em 12 de dezembro) foram idênti-
cos aos da Comissão, permitindo a aprovação do primeiro projeto pela resolu-
ção 3113 (XXVIII), com 105 votos a favor, 8 contra e 16 abstenções395. As
diferenças a assinalar foram os votos contra da África do Sul e da Bolívia, além
da anunciada mudança de orientação do Chile396. A resolução representou um
certo recuo em relação à tendência da anterior AG, registando-se um aumento
das abstenções397. O segundo projeto, que passou a constituir a resolução
3114 (XXVIII), contou com 109 votos favoráveis, 4 contra e 12 abstenções398.
Havendo um maior número de apoiantes, a África do Sul votou contra e as
abstenções diminuíram, em resultado do Mali, da Polónia e dos Camarões
terem votado favoravelmente e da Bolívia ter estado ausente399. O Brasil, não
obstante as garantias dadas a Portugal, novamente evitou comprometer-se
com o escrutínio400. Como alguns consideravam que a resolução não trouxera
novidades em relação ao relatório do Comité de Descolonização, foram senti-
das dificuldades em escolher os membros para a comissão de inquérito401.
Portugal conseguiu assegurar que o México recusasse fazer parte do órgão e os
países ocidentais não mostraram grande entusiasmo em contribuir para a ini-
Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. II, Telegrama do MNE para a Embaixada de Por-
tugal em Bruxelas, de 14 de Novembro de 1973, p. 1-3.
392
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. III, Telegrama da Embai-
xada de Portugal em Madrid para o MNE, de 17 de Novembro de 1973, p. 1.
393
Nations Unies – A/PV. 2198. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2198e Séance
Plénière. Mercredi 12 Décembre 1973, à 15 heures. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 10.
394
Ibidem.
395
Idem. p. 10-11.
396
Ibidem.
397
Ibidem.
398
Idem. p. 11.
399
Ibidem.
400
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. III, Telegrama do MNE
para a Embaixada de Portugal em Madrid, de 16 de Novembro de 1973, p. 1.
401
AHD, Fundo POI, Mç. 651, Processo POI 4, Ano de 1973, Vol. II, Relato da Conversa
entre João Afonso Ascensão e Rego Monteiro, Chefe da Secção II, da Divisão Africana, do Departa-
mento de Tutela e Territórios não Autónomos das NU, Realizada a 11 de Novembro de 1973, p. 4.
312 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
402
AHD, Fundo POI, Mç. 669, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. III, Telegrama do MNE
para a Missão de Portugal na ONU, de 22 de Novembro de 1973, p. 1.
403
Nations Unies – A/PV. 2198. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2198e Séance…
p. 11.
404
United Nations. Resolution 3117 (XXVIII), 12 December 1973. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
405
United Nations. Resolution 3118 (XXVIII), 12 December 1973. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
406
United Nations. Resolution 3119 (XXVIII), 12 December 1973. Disponível em <URL:http://
www.un.org.com>, data de acesso 28/04/2012.
407
AHD, Fundo POI, Mç. 665, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol. I, Circular POI-25 do
MNE, de 19 de Dezembro de 1973, p. 1-7.
408
Ibidem.
Um Elevado Grau de Deterioração: 1971-1974 | 313
409
Nations Unies – A/PV. 2204. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2204e Séance
Plénière. Lundi 17 Décembre 1973, à 15h15. Nova Iorque: s.n., 1973. p. 4-5.
410
A título de exemplo vide AHD, Fundo POI, Mç. 665, Processo POI 6, Ano de 1973, Vol.
I, Apontamento Elaborado por Sacadura Cabral, de 20 de Dezembro de 1973, p. 1-8.
411
Nations Unies – A/PV. 2204. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2204e Séance…
p. 7-8.
412
Idem. p. 10-12.
413
Idem. p. 12.
314 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Nations Unies – A/PV. 2206. Assemblée Générale. Vingt-Huitième Session. 2206e Séance
414
nos argumentos empregues, a moderação foi mais aparente do que real, con-
duzindo à adoção de medidas penalizadoras. Com as negociações informais
para a redação dos projetos de resolução a perderem gradualmente importân-
cia, o registo das votações demonstrou uma certa contradição por em alguns
casos se ter verificado o aumento dos votos contra e das abstenções, enquanto
que pela primeira vez se assistiu à unanimidade na adoção de uma decisão
contra Portugal.
Notou-se a atribuição de um grande destaque a Angola, Moçambique e Gui-
né-Bissau, com este último território, fruto do investimento do PAIGC nas
NU, a alcançar uma notoriedade singular. Em simultâneo registou-se, no
seguimento do período anterior, o abandono da participação nas NU por
parte de um grande número de organizações anticoloniais. Essa situação, po-
dendo ser explicada por um conjunto de circunstâncias, foi favorecida pela
própria Organização, pois, como indicado, as suas decisões introduziram uma
diferenciação de estatuto entre as organizações anticoloniais. As NU entende-
ram singularizar os chamados movimentos de libertação, cuja categoria tinha
subjacente o envolvimento na luta armada, com uma efetividade e uma eficá-
cia validadas pela OUA. Ao se reconhecer a esses movimentos a capacidade
para representar os territórios e as populações, as NU promoveram na prática
uma seleção, excluindo um grande número de agrupamentos. Em resultado, a
atribuição da qualidade de peticionário perdeu parte da sua importância, pois
não significava um reconhecimento das organizações ou dos projetos que
defendiam. Ainda que algumas entidades continuassem a recorrer às audições,
as NU demonstraram corresponder somente às reivindicações dos movimen-
tos de libertação.
Quanto ao seu significado para a ideia de autodeterminação, o período de
1971-1974 apresentou novidades significativas. As resoluções sobre as coló-
nias portuguesas reforçaram em definitivo a tendência anteriormente verifica-
da para que a ideia de autodeterminação permitisse o reconhecimento de uma
nova categoria de sujeito de direito internacional: o movimento de libertação
nacional. Por se considerar que os povos colonizados tinham direito a se repre-
sentarem por intermédio dos movimentos, a ideia de autodeterminação impli-
cou que essa capacidade pudesse ser exercida ainda antes de ser alcançada a
independência. Além do direito a representar os povos colonizados, ao se
reconhecer a preferência por soluções negociadas, elegeram-se os movimentos
de libertação enquanto interlocutores para o dialogo com as potências colo-
niais. Foram igualmente reforçados os vínculos entre a autodeterminação, a
aplicação do direito humanitário às situações envolvendo guerras coloniais e a
assistência às populações subjugadas, que passou a ser concebida como deven-
do ser atribuída de forma direta. Nas condições em que se entendia que esta-
316 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Mais do que uma narrativa linear, este livro apresenta o envolvimento das NU
na contestação da política colonial portuguesa como um processo sujeito a
inúmeras contradições. Por se ter privilegiado a análise empírica julgamos ter
conseguido uma abordagem mais complexa do que a que tem vindo a ser pro-
duzida, que se baseia em larga medida na descrição das resoluções adotadas,
sem as considerar como resultantes de um contexto em que os condicionalismos
que afetavam o funcionamento da Organização fizeram sentir a sua influência.
Tendo sido adotado como marco cronológico o período de 1961-1974, enten-
demos enquadrar o estudo da questão colonial portuguesa pelas NU no âmbito
da evolução informal da Organização, que produziu novas funções e responsa-
bilidades para os seus órgãos. Com uma natureza mutável, os propósitos das
NU foram concebidos de forma vaga e indeterminada, permitindo que, para
que a Organização se adaptasse às circunstâncias internacionais, pudesse abran-
ger questões não antecipadas na Carta. A intervenção na contestação da políti-
ca colonial portuguesa foi decorrente de uma complexificação do mandato da
Organização, que, numa evolução nem sempre coerente, produziu a aquisição,
pela prática, de novas competências sobre os territórios dependentes. Afastan-
do-se da Carta, que de certa forma representava os interesses das potências co-
loniais, as NU envolveram-se num processo de deslegitimação do colonialismo
e de institucionalização da ideia de autodeterminação, que passou a estar no
centro da controvérsia sobre a questão colonial portuguesa.
Com a ideia de autodeterminação a transformar-se na base normativa da des-
colonização, os esforços das NU para a sua implementação nas colónias por-
tuguesas desenvolveram-se em diferentes etapas. Num primeiro momento,
entre o início da guerra em Angola e finais de 1962, a mudança normativa de
deslegitimação do colonialismo resultou numa assinalável hostilidade a Portu-
gal. Dominado pelos afro-asiáticos e socialistas, os debates destinaram-se
sobretudo a abordar os aspetos jurídicos e político-sociais da situação nas coló-
nias portuguesas, destacando-se a falta de direitos, as desigualdades e as injus-
tiças do sistema colonial. A exigência fundamental foi que Portugal cumprisse
as disposições da Carta quanto à transmissão de informações de natureza téc-
nica e estatística sobre os territórios não autónomos. Numa afirmação da legi-
timidade das NU para analisar a política colonial portuguesa foram estabele-
cidos órgãos destinados à recolha de informações, privilegiando-se as que
incidiam sobre a situação política. Novos procedimentos, como a audição de
representantes das organizações anticoloniais, resultaram do processo de reco-
318 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Correspondência Particular
Instruções aos Diplomatas
Negócios Estrangeiros – Diversos
Arquivo PIDE/DGS
Alberto Bakoko Nank
Angelino Alberto
Benedito Jaime Mapange
Comité de Unidade Nacional Angolana
Conselho do Povo Angolano
Marcos Kassanga – Partido Nacional Angolano
Ntobako Angola
União Nacional dos Estudantes Angolanos
Fundação Mário Soares
Espólio Amílcar Cabral
United Nations Archives Record Management Section
Archives of Secretary-General U Thant
Archives of Secretary-General Kurt Waldheim
Department of Trusteeship and Information From Non-Self-Governing Territories
Department of Political and Security Council Affairs
Office for Special Political Questions
Security Council and Political Committee Division
Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra
Atas de Reuniões da Assembleia-Geral
Atas de Reuniões da IV Comissão
Atas de Reuniões do Comité de Descolonização
Documentos Oficiais do Conselho de Segurança
Petições do Comité de Descolonização
Relatórios Anuais do Comité de Descolonização
Relatórios Anuais do Comité de Informações sobre os Territórios não Autónomos
Relatórios Anuais do Conselho de Segurança
Relatórios Anuais do Secretário-Geral
Relatório da Missão de Visita à Guiné-Bissau
Relatórios do Subcomité de Angola
British Columbia University Library
Relatórios da IV Comissão
United Nations Dag Hammarskjöld Library
Atas de Reuniões do Comité Especial para os Territórios sob Administração Portuguesa
Documentos Oficiais do Conselho de Segurança
Relatório do Comité Especial para os Territórios sob Administração Portuguesa
Yearbook of the United Nations
Centro Regional de Informação das Nações Unidas para a Europa Ocidental
Atas de Reuniões da IV Comissão
Relatórios da IV Comissão
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Portugal em Leopoldville.
Sem legendas. Cf. AHD,
Fundo POI, Mç 144.
342 | A Organização das Nações Unidas e a Questão Colonial Portuguesa: 1960-1974
Missão Especial de Visita do Comité de Descolonização à
Guiné (Bissau): 1972*
Horácio Sevilla-Borja a brincar com uma criança numa aldeia do setor de Balana-Kitafine.