Você está na página 1de 54

lOMoARcPSD|8487305

12 ANO historia A modulo 2

Historia A (Escola Secundária D. Inês de Castro)

Studocu is not sponsored or endorsed by any college or university


Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)
lOMoARcPSD|8487305

M8 – PORTUGAL E O MUNDO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL


AO INÍCIO DA DÉCADA DE 80 – OPÇÕES INTERNAS E CONTEXTO
INTERNACIONAL
UNIDADE 1 – NASCIMENTO E ARFIMAÇÃO DE UM NOVO QUADRO
GEOPOLÍTICO .......................................................................................................................... 1
1.1.RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA ............................................................................ 1
1.1.1.A DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIA ......................................................... 1
1.1.2. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS .............................................................. 2
1.1.3. NOVAS REGRAS DA ECONOMIA INTERNACIONAL ........................................ 4
1.1.4. PRIMEIRA VAGA DE DESCOLONIZAÇÕES ........................................................ 4
1.2. GUERRA FRIA – CONSOLIDAÇÃO DO MUNDO BIPOLAR ..................................... 5
1.2.1. MUNDO DIVIDIDO .................................................................................................. 5
1.2.2. O MUNDO CAPITALISTA ....................................................................................... 8
1.2.3. MUNDO COMUNISTA ........................................................................................... 11
1.2.4. ESCALADA ARMAMENTISTA E INICIO DA ERA ESPACIAL ........................ 15
1.3. AFIRMAÇÃO DE NOVAS POTÊNCIAS ...................................................................... 16
1.3.1. RÁPIDO CRESCIMENTO DO JAPÃO ................................................................... 16
1.3.2. O AFASTAMENTO DA CHINA DO BLOCO SOVIÉTICO .................................. 17
1.3.3. ASCENSÃO DA EUROPA ...................................................................................... 18
1.3.4 SEGUNDA VAGA DE DESCOLONIZAÇÕES. POLÍTICA DE NÃO
ALINHAMENTO ............................................................................................................... 19
1.4. TERMO DA PROSPERIDADE ECONÓMICA: ORIGENS E EFEITOS ................. 21
UNIDADE 2 – PORTUGAL: DO AUTORITARISMO À DEMOCRACIA ....................... 23
2.1. IMOBILISMO POLÍTICO E CRESCIMENTO ECONÓMICO DO PÓS-GUERRA A
1974 ......................................................................................................................................... 23
2.1.1. COORDENADAS ECONÓMICAS E DEMOGRÁFICAS ..................................... 23
2.1.2. RADICALIZAÇÃO DAS OPOSIÇÕES E O SOBRESSALTO POLÍTICO DE 1958
............................................................................................................................................. 26
2.1.3. QUESTÃO COLONIAL ........................................................................................... 28
2.1.4. PRIMAVERA MARCELISTA ................................................................................. 31
2.2. DA REVOLUÇÃO À ESTABILIZAÇÃO DA DEMOCRACIA.................................... 34
2.2.1. O MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS E A ECLOSÃO DA REVOLUÇÃO
............................................................................................................................................. 34
2.2.2. A CAMINHO DA DEMOCRACIA ......................................................................... 36
2.2.3. RECONHECIMENTO DOS MOVIMENTOS NACIONALISTAS E PROCESSO
DE DESCOLONIZAÇÃO .................................................................................................. 41
2.2.4. REVISÃO CONSTITUCIONAL DE 1982 E FUNCIONAMENTO DAS
INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS ................................................................................. 42

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

2.3. SIGNIFICADO INTERNACIONAL DA REVOLUÇÃO PORTUGUESA ................... 43


UNIDADE 3 – TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E CULTURAIS DO TERCEIRO
QUARTEL DO SÉCULO XX .................................................................................................. 44
3.1. ARTES, LETRAS, CIÊNCIA E TÉCNICA .................................................................... 44
3.1.1. IMPORTÂNCIA DOS POLOS CULTURAIS ANGLO-AMERICANOS............... 44
3.1.2. REFLEXÃO SOBRE A CONDUÇÃO HUMANA NAS ARTES E NAS LETRAS45
3.1.3. PROGRESSO CIENTÍFICO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA .............................. 47
3.2. MEDIA E HÁBITOS SOCIOCULTURAIS .................................................................... 48
3.2.1. NOVOS CENTROS DE PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA ............................. 48
3.2.2. IMPACTO DA TELEVISÃO E MÚSICA NO QUOTIDIANO .............................. 49
3.2.3. HEGEMONIA DOS HÁBITOS SOCIOCULTURAIS NORTE-AMERICANOS .. 49
3.3. ALTERAÇÕES NA ESTUTURA SOCIAL E NOS COMPORTAMENTOS ................ 50
3.3.1. TERCIARIZAÇÃO DA SOCIEDADE .................................................................... 50
3.3.2. ANOS 60 E A GESTAÇÃO DE UMA NOVA MENTALIDADE .......................... 50

UNIDADE 1 – NASCIMENTO E ARFIMAÇÃO DE UM NOVO QUADRO


GEOPOLÍTICO
1.1.RECONSTRUÇÃO DO PÓS-GUERRA
1.1.1.A DEFINIÇÃO DE ÁREAS DE INFLUÊNCIA
As antigas potências como a Alemanha e o Japão saem da guerra vencidas e humilhadas
Reino Unido e França, embora vitoriosas, estão empobrecidas e dependentes da ajuda externa
Quadro de ruína e desolação.
Europa dividida em duas áreas de influência:
URSS E USA (com poder nuclear)

 Crescimento económico
 Guerra fria

CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA ORDEM INTERNACIONAL: CONFERÊNCIAS DE PAZ


Delinear de estratégias para o período de paz:
Conferência de Ialta:

 Roosevelt, Estaline e Churchill reúnem-se entre 4-11 de fevereiro de 1945


 Fronteiras das áreas de influência (Polónia e União Soviética)
 Destino da Alemanha – divisão provisória em 4 áreas pelas três potências conferencistas
e pela França
 Conferência preparatória da Organização das Nações Unidas

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Supervisionamento dos 3 grandes na futura constituição dos governos dos países de Leste
(ocupados pelo Eixo)
 20 000 Milhões de dólares como base das reparações de guerra a pagar pela Alemanha
(proposta de Estaline)
Conferência de Potsdam (1945)

 Clima mais tenso


 Renascer da desconfiança do regime de Estaline
 Não alcança uma solução definitiva para os países vencidos
 Ratifica e pormenoriza os aspetos de Ialta:
o Perda de soberania da Alemanha e divisão em 4 áreas
o Administração conjunta da cidade de Berlim dividida em 4 setores
o Montante e tipo de indemnizações a pagar pela Alemanha
o Julgamento dos criminosos de guerra pelo tribunal internacional (Nuremberga)
o Divisão, ocupação e desnazificação da Áustria
O clima de tensão de Potsdam prevalece nos anos seguintes
NOVO QUADRO GEOPOLÍTICO:
União Soviética:

 Ganhos territoriais
 Protagonismo internacional – marcha vitoriosa em Berlim no último ano de guerra –
libertação dos países da Europa Oriental por parte do Exército Vermelho.
 Estaline participa na definição das novas coordenadas geopolíticas
 A URSS não está em isolamento face aos ocidentais
 Papel determinante dentro da Europa
 Substituição dos ocupantes nazis por soldados russos na Polónia, Checoslováquia,
Hungria, Roménia e Bulgária
 Vantagem estratégica no Leste Europeu – hegemonia soviética impõe-se entre 1946-48
(contestado pelos ocidentais)
 Churchill denuncia em 1946 a criação de uma área de influência impenetrável isolada por
uma “cortina de ferro” por parte da URSS

1.1.2. ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS


Continua a ideia de uma organização internacional que selasse pela paz e pela segurança
Proposta por Roosevelt nas cimeiras da Grande Aliança – batiza a Organização das Nações
Unidas (ONU)
Nasce oficialmente na Conferência de São Francisco – abril 1945
Sob impacto do holocausto – intenção de prevenir que as atrocidades cometidas na Segunda
Guerra se repitam no futuro
Propósitos principais:

 Manter a paz
 Reprimir atos de agressão
 Utilização sempre que possível de meios pacíficos
 Princípio de justiça e direito internacional
 Desenvolvimento de relações de amizade entre países do mundo – baseada na igualdade
entre povos e no seu direito à autodeterminação

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Desenvolvimento da cooperação internacional – âmbito económico, social e cultural


 Promover a defesa dos Direitos Humanos
 Funcionar como centro harmonizador das ações tomadas para alcançar estes propósitos
Feição humanista – reforçada pela aprovação da Declaração Universal dos Direitos do Homem
(1948) – documento fundamental das Nações Unidas
ORGÃOS DE FUNCIONAMENTO:
Assembleia geral:

 Formada pela generalidade dos estados-membros – cada um com direito a um voto


 Parlamento mundial
 Reúne ordinariamente entre setembro e dezembro
 Na agenda podem estar todo o tempo de questões abrangidas pelo âmbito da organização
Conselho de Segurança:

 15 Membros (5 permanentes: EUA, URSS (federação Russa) UK, França e República


Popular da China; 10 flutuantes, eleitos pela Assembleia geral por 2 anos)
 Órgão diretamente responsável pela manutenção de paz e segurança
 Emite recomendações, atua como mediador, decreta sanções económicas ou decide
intervenção de forças militares da ONU
 Decisões obrigam 9 votos a favor entre os quais devem estar os 5 membros permanentes
(membros permanentes tem direito de veto)
 (Direito das 5 potências de policiar o mundo)
Secretariado-Geral

 Secretário-geral eleito pela Assembleia proposta do Conselho de Segurança


 Secretário-geral toma parte nas reuniões do Conselho de Segurança (sem direito de veto)
 Coordena o funcionamento burocrático da Organização
 Disponibiliza os bons serviços diplomáticos como mediador nas questões delicadas
 O secretário-geral representa a ONU e todos os povos do Mundo
Conselho Económico e Social

 Promover a cooperação a nível económico, social e cultural


 Através de comissões especializadas e outros órgãos específicos sob a sua tutela
 Um dos órgãos mais importantes (importância e abrangência das estruturas)
Tribunal Internacional de Justiça

 Sede em Haia
 Órgão máximo de justiça internacional
 À luz do direito internacional
 Resolve litígios entre Estados
Conselho de Tutela /Conselho de Administração Fiduciária

 Administrar os territórios que antes estavam sob alçada da SDN encaminhando-os para a
independência
 Cessa o funcionamento em 1994 quando o último território à guarda do Conselho
consegue independência (Palau)
Sede permanente em Nova Iorque – agrega todos os povos do mundo com exceção do Vaticano

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Fica aquém das expectativas no que concerne à concertação da paz mundial


A atuação do Conselho de Segurança fica bloqueada pelo direito de veto dos 5 membros
permanentes

1.1.3. NOVAS REGRAS DA ECONOMIA INTERNACIONAL


IDEAL DE COOPERAÇÃO ECONÓMICA
1944 – Reunião de economistas de 44 países para prever e estruturar a situação económica e
financeira do período de paz.
Estados Unidos lideram uma nova ordem económica – baseada na cooperação internacional
Necessidade de regularizar o comércio mundial, os pagamentos e a circulação de capitais – evitar
o ciclo vicioso da desvalorização monetária e instabilidade das taxas de câmbio dos anos 20 e 30.
Novo sistema monetário intencional assente no dólar como moeda-chave – as restantes moedas
têm uma paridade fixa em relação ao ouro e ao dólar – o Tesouro dos Estados Unidos garantia a
convertibilidade dos dólares em ouro
Criação de organismos:

 Fundo Monetário Internacional (FMI) – bancos centrais dos países em dificuldade


recorrem-lhe
 Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento (BIRD) / Banco Mundial
– financiar projetos de fomento económico a longo prazo
Proposta americana para o estabelecimento de uma organização mundial de comércio só é
assinada em 1947 na Conferência Internacional de Genebra:

 Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) – hoje é a OMC (Organização Mundial do


Comércio) – negociar a redução dos direitos alfandegários e outras restrições comerciais
FMI, BIRD E GATT/OMC integram a ONU como organismos especializados
Ideia de espaço económico alargado – dá origem ao BENELUX (criado pelo Protocolo de Haia –
prevê a abolição de tarifas alfandegárias entre os 3 países) – entre Bélgica, Países Baixos e
Luxemburgo – mais tarde constitui-se a Comunidade Económica Europeia (CEE).

1.1.4. PRIMEIRA VAGA DE DESCOLONIZAÇÕES


CONJUNTURA FAVORÁVEL À DESCOLONIZAÇÃO

 Desmoronamento do domínio europeu sobre o mundo


 Impacto da Segunda Guerra
 Acorda os povos para a injustiça da dominação estrangeira
 A luta contra o Eixo é uma luta pela liberdade que se estende pelo mundo todo
 A guerra põe em evidência as fragilidades da Europa – até aí era vistos como invencíveis
 Países europeus desprestigiados e com a economia arruinada – impotentes para com a
vaga independentista na Ásia e na África
 Pressões pelos USA e a URSS para a libertação dos povos industrializados – os USA em
defesa dos seus interesses económicos e a URSS em nome da ideologia marxista que
prevê a revolta dos oprimidos e estende aos países recém-formados o modelo soviético
 A ONU atua a favor da descolonização
Descolonização asiática:

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Médio Oriente: Síria, Líbano, Jordânia, Palestina (em 1948 inicia-se o clima de guerra
com o Estado de Israel=)
 Na Índia: fica dividia em dois Estados – União Indiana hindu e o Paquistão, de maioria
muçulmana
 Ceilão, Birmânia e Malásia (Império inglês)
 República da Indonésia (1945) – os Holandeses recorrem à força armada mas são
pressionados pela ONU até 1949, quando reconhecem a independência do país.
 Indochina – processo de descolonização violento e longo
o 1945 – França retoma o território mas encontra oposição do líder comunista Ho
Chi Minh
o 9 Anos de combates sangrentos
o Os franceses retiram-se e reconhecem as 3 nações: Vietname (Norte e Sul), Laos
e Camboja
Descolonização estende-se à África do Norte e nos anos 60 estende-se à África Negra

1.2. GUERRA FRIA – CONSOLIDAÇÃO DO MUNDO BIPOLAR


1.2.1. MUNDO DIVIDIDO
RUTURA:
1946 – Churchill afirma a existência da “cortina de ferro”
Cortina de ferro – fronteiras que definem os dois blocos (vêm desde a 2ªG)
A sovietização dos países de Leste a este ponto já é irreversível
Kominform:

 Secretariado de Informação Comunista


 1947
 Para coordenar a atuação os sovietes
 Organismo de controlo da URSS
O dinamismo da expansão soviética é uma ameaça ao modelo capitalista liberal que “era
necessário conter”
Em 1947 os USA assumem a liderança da oposição aos avanços do socialismo (presidente
Truman)
Para Truman:

 O mundo está dividido em dois sistemas antagónicos – um baseado na liberdade e outro


baseado na opressão
 Compete aos americanos liderar o mundo livre a auxilia-lo na contenção do comunismo
 Doutrina Truman
 Necessidade de ajudar a Europa a reerguer-se

Tensão política entre dois blocos:


Bloco Ocidental

 USA

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 NATO
 Demoliberalismo
 Capitalismo
Bloco Oriental

 URSS
 Pacto de Varsóvia
 Totalitarismo
 Comunismo – sovietização dos países de Leste

Plano Marshall (1948)

 Secretário de estado americano George Marshall


 Plano de ajuda económica à Europa
 Reforça as alianças entre europa e USA
 European Recovery Plan, mas conhecido como Plano Marshall
 Oferecido a toda a Europa incluindo países sob influência soviética sem êxito
 Moscovo classifica a ajuda americana de “Manobra imperialista” e impede os países sob
sua influência de aceitarem
 Para distribuição dos fundos cria-se em Paris a OECE (Organização Europeia de
Cooperação Económica (em 1960 torna-se OCDE – Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico)
Formalização da rutura entre as duas potências pelo dirigente soviético Andrei Jdanov:

 O mundo está dividido entre dois sistemas – um imperialista e antidemocrático e outro


democrático e fraterno
Resposta ao Plano Marshall
Plano Molotov (1949)

 Estruturas de cooperação económica da Europa Oriental


 COMECON – Conselho de Assistência Económica Mútua – entre países integrados na
URSS
 Promove o desenvolvimento integrado dos países comunistas
As organizações OECE e COMECON funcionam como áreas transnacionais, coesas e distintas –
consolidação do mundo em dois blocos e a liderança das duas superpotências
PRIMEIRO CONFLITO: QUESTÃO ALEMÃ
Clima de desentendimento e confrontação na gestão conjunta do território alemão
Por causa da expansão comunista, os ingleses e franceses não vêm a Alemanha como um inimigo
vencido mas como um aliado contra o avanço soviético
Divisão da Alemanha e Berlim:
Criação da república federal constituída pelos territórios sob ocupação das 3 potências ocidentais
– República Federal Alemã (RFA)
A URSS protesta mas acaba por desenvolver uma atuação semelhante – República Democrática
Alemã (RDA)

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Berlim situa-se dentro da zona soviética – tentativa de forçar a retirada das 3 potências – bloqueia
os acessos terrestres à cidade
Bloqueio de Berlim – junho de 1948 – maio de 1949

 Primeiro medir forças entre as duas superpotências

TEMPO DA GUERRA FRIA:


Cronologia:
1948-1954 – Guerra Fria

 URSS: Estaline até 1953 / USA: Truman até 1953


 1948 – Bloqueio de Berlim
 1947 – Criação da OEA
 1949 – Bomba atómica soviética
 1949 – Início da Guerra da Coreia; Criação da OTAN
 1951 – Criação da ANZUS
 1951 + 1953 – Pactos bilaterais
1954-1962 – Coexistência Pacífica

 URSS: Kruchtchev (1953-1964) / USA: Eisenhower (1953-1962) e Kennedy (1961-


1962)
 1954 – Criação da OTASE
 1954 – Fim da Guerra da Indochina
 1955 – Fundação do Pacto de Varsóvia
 1955 – Fundação da Bagdade
 1958 – Segunda Crise de Berlim
 1960 – Visita de Kruchtchev a Berlim
 1961 – Construção do muro de Berlim
 1962 – Crise dos mísseis de Cuba
1962-1975 – Desanuviamento

 URSS: Kruchtchev e Brejnev (1964-1982) / USA Johnson (1963-1969) e Nixon (1969-


1974)
 1968 – Tirada progressiva do Vietname
 1968 – Tratado de não proliferação nuclear
 1972 - Acordos SALT I (contenção de armas nucleares)
 1975 – Intervenção soviético-cubana em Angola e Moçambique
 1975 – Conferência de Helsínquia
1975-1985 – Recrudescimento – Guerra fresca

 URSS: Brejnev; Andropov (1982-84) e Tchernenko (1984-85); Gorbatchev / USA: Ford


(1974-77); Carter (1977-1981) e Reagan (1981)
 1977 – URSS coloca mísseis SS20 apontados à Europa ocidental
 1979 – Invasão do Afeganistão pela URSS
 1979 – Acordos SALT II (não ratificados)

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 1983 – OTAN posiciona mísseis Pershing II na Europa


 1985 – Reagan anuncia a guerra das estrelas
(mais cenas)
CONCEITO:

 A expressão Guerra Fria é o clima de tensão e antagonismo entre o bloco soviético e o


bloco americano (1947-1985)
 Numa aceção mais restrita corresponde à primeira fase do afrontamento (1947-1954)
 Características da guerra fria: corrida aos armamentos, especialmente nuclear,
proliferação de conflitos localizados, crise militares em várias zonas do mundo, visão
simplista e extremada do bloco oposto

Período de intimidação mutua entre os USA e a URSS – clima de hostilidade e insegurança, tensão
internacional – através de armamento e da ampliação das áreas de influência

 Máquina de propaganda para mostrar a superioridade de um sistema e temor ao sistema


contrário
 Protagonismo de serviços de informação e segurança (CIA e KGB) – espiões e agentes
secretos - clima de suspeita e fanatismo

1.2.2. O MUNDO CAPITALISTA


POLÍTICA DE ALIANÇAS DOS USA
Um dos objetivos dos USA e de Truman é a contenção do comunismo
O primeiro passo neste sentido tinha sido o Plano Marshall – permitiu a reconstrução da economia
europeia em moldes capitalistas assim como fortificou os laços entre a europa ocidental e os
americanos.
1949 – Tratado do Atlântico Norte – dá origem à Organização do Tratado do Atlântico Norte
(OTAN/NATO) – opõe-se ao Pacto de Varsóvia
Os membros da NATO consideram-se ligados por uma herança civilizacional comum – a sua
preservação exige o desenvolvimento da capacidade individual /coletiva de resistir a um ataque
armado
Organização defensiva – resistir ao inimigo soviético
Os USA criam uma série de pactos multilaterais que cercam a URSS:

 1948 – Organização dos Estados Americanos (OEA)


 1951 – Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos (ANZUS)
 1954 – Organização do Tratado da Ásia de Sudeste (OTASE)
 1955 – Pacto de Bagdade (médio oriente), mais tarde Organização do Tratado Central
(CENTO)
Alianças complementadas com acordos de caráter político e económico – em 1959 três quartas
partes do mundo alinhavam-se pelo bloco americano e cercavam a URSS.

POLÍTICA ECONÓMICA E SOCIAL DAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

O conceito de democracia adquire um novo significado – não deve só respeitar as liberdades


individuais, mas também assegurar o bem-estar dos cidadãos e a justiça social
Socialismo reformista e democracia cristã – alternativas credíveis aos velhos partidos liberais –
partilham as mesmas preocupações sociais e advogam um estado interventivo, apesar de
pertencerem a quadrantes políticos diferentes
Países como a Itália e a RFA elegem a democracia-cristã:

 Corrente política inspirada pela doutrina social da Igreja


 Condena os excessos do liberalismo capitalista
 Atribui ao poder político a missão de zelar pelo bem comum
 Pretende aplicar à vida política os princípios de justiça, entreajuda e valorização da pessoa
humana – na base do cristianismo
 Índole conservadora
 Defende que a democracia não se limita à aplicação das regras do sufrágio universal e da
alternância política – tem como função assegurar o bem-estar dos cidadãos
 Consideram que o plano temporal e espiritual são distintos mas não se podem separar
 Orientação humanista – liberdade, justiça, solidariedade, condições justas de trabalho,
reforço económico do Estado

Em países como Inglaterra, Holanda, Dinamarca – ascendem ao poder partidos sociais-


democratas:
Social-Democracia:

 Tem origem nas conceções defendidas por Eduard Bernstein na II Internacional (1899)
 Rejeita a via revolucionária de Marx
 Opõe-se a participação no jogo democrático para atingir o poder e a implementação de
reformas socializantes
 Para melhorar as condições de vida das classes trabalhadoras
 Conjuga a defesa do pluralismo democrático e os princípios da livre-concorrência
económica com o intervencionismo do Estado (regular a economia e promover o bem-
estar dos cidadãos)
 Controlo estatal dos setores-chave da economia e tributação dos rendimentos mais
elevados
 Renuncia a toda a referência marxista
 Contenta-se com a redistribuição da riqueza obtida pelos cidadãos através do reforço da
proteção social
As duas correntes convergem no mesmo propósito de promover reformas económicas e sociais
profundas.
Um programa de nacionalizações atinge bancos, companhias de seguros, produção de energia,
transportes, mineração e outros setores
O Estado torna-se o principal agente económico do país – exerce a função reguladora da
economia, garante o emprego e define a política salarial
Revisão do sistema de impostos – reforça-se o caráter progressivo das taxas
Modificação da conceção liberal do Estado – origem do Estado-Providência

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

AFIRMAÇÃO DO ESTADO-PROVIDÊNCIA
O Reino-Unido é o país pioneiro do Welfare State – Estado do bem-estar – onde cada cidadão
tem asseguradas todas as suas necessidades básicas toda a vida
Em 1942 o relatório de Lorde Beveridge influencia a política trabalhista – um sistema social
alargado teria como efeito a eliminação dos cinco grandes males sociais – carência, doença,
miséria, ignorância e ociosidade
Estabelecimento do serviço nacional de saúde assente na gratuitidade total dos serviços médicos
e extensivo a todos os cidadãos – modelo para a maioria dos países europeus
Estruturação do Estado-Providência ocorre rapidamente na europa

 Sistema de proteção social acautela as situações de desemprego, acidente, velhice e


doença
 Prestações de ajuda familiar (abono de família) e outros subsídios aos mais necessitados
 Ampliação das responsabilidades do Estado em relação à habitação, ao ensino e à
assistência médica
Duplo objetivo – reduzir a miséria e o mal-estar social e assegurar a estabilidade à economia
(evita descidas drásticas da procura)
O Estado-Providência é um grande fator para a prosperidade económica no Ocidente nas 3
décadas depois da Segunda Guerra

PROSPERIDADE ECONÓMICA
Crescimento económico do pós-guerra em bases sólidas

 Governos assumem grandes responsabilidades económicas


 Delinear planos de desenvolvimento coerentes – estabelecimento de prioridades,
rentabilização da ajuda Marshall, definição de diretrizes futuras
 Acordos com Bretoon Woods, criação do GATT e de espaços económicos alargados
(como a CEE) – consolidação das relações económicas entre países
O capitalismo atinge o seu auge – entre 1945-73 a produção mundial triplica e em certos setores
como a produção energética e do automóvel multiplica em 10
Crescimento contínuo das economias sem períodos de crise – apenas alguns abrandamentos de
tempos a tempos
Taxas de crescimento altas em países como a RFA, França e Japão
Prosperidade material sem precedentes durante 30 anos – Trinta Gloriosos
Características dos Trinta Gloriosos

 Tecnologias vindas da guerra


 Aceleração do progresso tecnológico – setores de fibras sintéticas, plásticos, medicina,
aeronáutica, eletrónica, etc.
 Produção em série das novas inovações tecnológicas – revolução da vida quotidiana e
dos processos de produção

10

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Petróleo como matéria energética “ouro negro” – cabe primeiro aos Estados Unidos e
depois no Médio Oriente – abundância e preço baixo
 Revolução nos transportes
 Novos produtos industriais
 Energia e tecnologia baratas
 Aumento da concentração industrial e de multinacionais – fabrico e comercio em todo o
mundo, investimento em investigação científica, aceleração do progresso tecnológico,
acentuação da globalização
 Aumento da população ativa – reforço da mão-de-obra feminina no trabalho, baby-boom
nos anos 40-60, imigração de trabalhadores oriundos dos países menos desenvolvidos
(gregos, portugueses, turcos, argelinos)
 Mão-de-obra mais qualificada – prolongamento da escolaridade
 Modernização da agricultura – êxodo rural altera a relação dos setores de atividades
 Crescimento do setor terciário
 Alargamento da classe média – subida do nível de vida e equilíbrio social
 Segurança social (estado-providência)
SOCIEDADE DE CONSUMO

 Característica da segunda metade do séc. XX


 Consumo em massa de bens supérfluos
 Também identificada como sociedade do desperdício
 A vida útil dos bens é artificialmente reduzida pela vontade de renovação
Os Trinta Gloriosos trazem a generalização do conforto material
Pleno emprego, salários mais altos, produção maciça de bens a preços acessíveis conduzem à
sociedade de consumo – transforma os lares e o estilo de vida da maioria da população dos países
capitalistas
Os gastos na alimentação e outros bens essenciais deixam de absorver quase a totalidade dos
orçamentos familiares – as casas tornam-se cómodas e bem equipadas – aumento do nível de vida.

 Aparelhos de aquecimento, telefone, televisão, eletrodomésticos, automóvel


A vida deveria ser desfrutada – o dinheiro existe para se gastar

 A ideia de poupar torna-se obsoleta


 Estimulação para gastar mais que o necessário
 Espaços e centros comerciais
 Publicidade
 Vendas a crédito
 Compra a prestações
 Os bens “Passam” rapidamente de moda – são substituídos por outros mais atualizados

1.2.3. MUNDO COMUNISTA


Em 1945 (fim da segunda guerra) só existiam 2 países comunistas: URSS e Mongólia
Entre 1945-49 o comunismo expande-se pela europa oriental, na Coreia do Norte e na China
Nos anos 50-60 continua pela Ásia (Vietname do Norte, Camboja, Birmânia) e em Cuba.
Nos anos 70 difunde-se noutros países asiáticos e na África Negra

11

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

URSS torna-se um bloco enorme

EXPANSIONISMO SOVIÉTICO:
Reforço da posição militar da URSS e a onda de processos de descolonização – condições
favoráveis à extensão do comunismo e ao estreitamento dos laços entre Moscovo e os países
recém-emancipados.
NA EUROPA:

 Primeira vaga da extensão do comunismo na Europa Oriental sob pressão direta da URSS
(com exceção da Jugoslávia)
 Em 1948 os partidos comunistas dos países de Leste já se assumiam como partidos únicos
 A vida polícia, social e económica das regiões foi reorganizada em moldes da URSS
 Novos países socialistas: democracias populares
o Designação dada pelo PC, defendem que a gestão do Estado pertence
exclusivamente à classe trabalhadora em oposição às democracias liberais que
julgam ser incapazes de garantir plena igualdade devido aos privilégios de classe.
o As democracias populares exercem o seu poder através do Partido Comunista
o Existem eleições por sufrágio universal mas o sistema funciona com candidaturas
e listas únicas de caráter oficial
o Os dirigentes do Partido ocupam os altos cargos do Estado
 A Europa de Leste é reconstruída de acordo com a ideologia marxista e a interpretação
que o regime soviético faz dela
 1955: Reforço dos laços entre as democracias populares com a constituição do Pacto de
Varsóvia
Pacto de Varsóvia:

 Aliança militar
 Prevê a resposta conjunta a qualquer eventual agressão do outro bloco
 Constitui uma organização diametralmente oposta à OTAN (reforça os acordos bilaterais
que já existiam – é uma resposta direta de Moscovo à entrada da RFA na OTAN)
A URSS considera-se a pátria do socialismo

 Impõe um modelo único e rígido


 Usa a força para manter a coesão do bloco quando estalam protestos e rebeliões
 1956 Na Hungria e 1968 na Checoslováquia – Primavera de Praga: o líder Brejnev
assume que a soberania dos países do Pacto estava limitada pelos superiores interesses
do socialismo
Questão de Berlim:

 A cidade é uma ponte de passagem para o Ocidente


 Muitos cidadãos da Alemanha comunista utilizavam Berlim oriental para alcançar a RFA
– principalmente jovens diplomados
 1961 – Muro de Berlim – solução pela RDA (torna-se símbolo da Guerra Fria)

12

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

NA ÁSIA:

 Intervenção direta da URSS na Coreia


 Coreia tinha sido ocupada pelos japoneses e foi libertada pela ação conjunta dos exércitos
soviético e americano no fim da Segunda Guerra
 A coreia é dividida em dois estados: no norte, República Popular da Coreia; no sul, a
República Democrática da Coreia
 Invasão da Coreia do Sul pela República Popular com vista à reunificação do território
resulta na guerra violenta das coreias (1950-53)
 China, 1949, Mao Tsé-Tung proclama a instauração de uma República Popular – China
e URSS assinam um Tratado de Amizade, Aliança e Assistência Mútua – a China afasta-
se da URSS posteriormente mas nos primeiros anos segue um modelo político e
económico do socialismo russo
 A China Popular intervém na guerra da coreia e na guerra de libertação da Indochina
NA AMÉRICA LATINA E ÁFRICA:

 1959, Cuba, Che Guevara derruba o ditador pró-americano Fulgêncio Batista


 Cuba não tem ligações iniciais a Moscovo mas tem preocupações socializantes e recebe
a hostilidade americana que tenta derrubar o regime
 Fidel Castro aceita o apoio da URSS e Cuba torna-se um bastião avançado do comunismo
na América Central
 1962 – Aviões americanos têm provas fotográficas da instalação em Cuba de mísseis
russos de médio alcance virados para o território americano
 Presidente Kennedy exige firmemente a retirada dos mísseis – o mundo apresenta-se em
iminência de uma guerra nuclear entre as superpotências
 Kruchtchev aceita retirar os mísseis e os USA aceitam não voltar a tentar derrubar o
regime cubano
 Anos 70 – URSS ajuda por intermédio de Cuba as guerrilhas marxistas de Guatemala, El
Salvador e Nicarágua – papel na proliferação do comunismo na América
 Impulso dado à instauração de rimes comunistas em Angola e Moçambique – enviados
contingentes militares cubanos
 Africa recém-descolonizada:
 Início da década de 80 – bases e conselheiros militares em 17 países

OPÇÕES E REALIZAÇÕES DA ECONOMIA DE DIREÇÃO CENTRAL


O balanço económico da Segunda Guerra é mais pesado para a URSS e alguns países da Europa
Oriental (Polónia e RDA) – hectares de cultivo destruídos, cidades arrasadas, equipamento
industrial destruído também
Recuperação dos países socialistas é feita de modo rápido – taxas de crescimento económico
ultrapassam a dos países capitalistas nas duas décadas que se seguiram
URSS retoma o modelo de planificação económica implantado nos anos 20

 Prioridade à indústria pesada e às infraestruturas


 Complexos siderúrgicos e centrais hidroelétricas
 URSS – segunda potência industrial do mundo
 Garante do seu poder militar no tempo da Guerra Fria
Países de Leste:

13

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Proclamação de repúblicas populares com modelo económico soviético


 Meios de produção coletivizados e reorganizados nos moldes da URSS
 Prioridade absoluta à industrialização (indústria pesada)
Os novos países socialistas europeus eram essencialmente agrícolas (exceção da Checoslováquia
e RDA) industrializam-se rapidamente.
A industrialização é um êxito das economias planeadas
O nível de vida das populações não acompanha a evolução económica:
 Jornadas de trabalho excessivas (10 horas)
 Subida lenta dos salários
 Carências de bens de toda a espécie
 Agricultura, construção habitacional, indústrias de consumo e setor terciário foram
negligenciados pelo primeiro plano e continuam a avançar lentamente
 O setor terciário é considerado improdutivo
 Cidades (industrialização rápida) – aumento de população em bairros periféricos,
superpovoados e insalubres
 Longas filas de espera rotineiras para bens essenciais
BLOQUEIOS ECONÓMICOS:
Depois do primeiro impulso as economias planificadas começam a mostrar as suas debilidades

 Planificação excessiva entorpece as empresas – não têm autonomia na seleção de


produções, do equipamento e dos trabalhadores, na fixação de salários e preços e na
escolha de fornecedores e clientes
 Gestão burocrática limita-se a cumprir as quantidades previstas no plano – não atende à
qualidade dos produtos ou ao potencial de rentabilidade dos equipamentos e mão-de-obra
 Unidades agrícolas: falta de investimento, má organização, desalento dos camponeses –
pouca produtividade
 O Leste que tinha sido exportador de cereais vê-se obrigado a importar
Anos 60 – reformas em quase todos os países da Europa socialista:

 Parte do líder Nikita Kruchtchev


 Via de renovação política e económica
 Plano que reforça o investimento nas indústrias de consumo, na habitação e na agricultura
 Plano de arroteamento das terras do Cazaquistão e da Sibéria Ocidental
 Redução do trabalho semanal (de 48 para 42 horas), extensão da idade de reforma para
os trabalhadores agrícolas
 Incentivo à produtividade nas empresas através do aumento da autonomia dos gestores
face aos altos funcionários do Estado – sistema de prémios aos trabalhadores mais ativos.
Os efeitos destas medidas ficam aquém das expectativas
Anos 70:

 Reforço da burocracia com Leonidas Brejnev


 Onda de corrupção
 Planos IX e X – prioridade ao complexo militar-industrial e à exploração dos recursos
naturais
 Custos de exploração excessivos
 Resultados aquém das expectativas

14

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Dificuldades soviéticas refletem-se nos países-satélite

1.2.4. ESCALADA ARMAMENTISTA E INICIO DA ERA ESPACIAL


Os dois blocos procuram preparar-se para uma eventual guerra – investem imenso na conceção e
fabrico de armamento sofisticado
No pós-guerra os USA sentem-se protegidos por uma superioridade técnica

 Bomba atómica
Os russos fazem explodir a sua primeira bomba atómica em setembro de 1946 – a confiança do
Ocidente desmorona-se: torna-se evidente que os dois blocos estão à altura de se destruir numa
eventual guerra.
Os cientistas americanos começam pesquisas para uma arma mais destrutiva:
 1952 – Testes no Pacífico para a bomba de hidrogénio (bomba H) – com potência superior
à bomba de Hiroshima
Começa a corrida ao armamento

 Em 1953 os russos já têm a bomba de hidrogénio


 Produção maciça de armamento nuclear por parte dos dois blocos
 Bombas atómicas e mísseis de longo alcance
 Multiplicação de armas “convencionais”
 Os americanos estão convencidos que o potencial atómico não era suficiente para deter a
expansão do comunismo
 Memorando do Conselho de Segurança: considera imperativo aumentar rapidamente a
força aérea, terrestre e naval dos USA e seus aliados para que não estejam dependentes
das armas nucleares
 Invasão da Coreia do Sul pelo exército comunista confirma as afirmações do Memorando
 O orçamento dos USA para a defesa mais do que triplica, assim como as forças terrestres
 Isto desencadeia um igual investimento nas armas convencionais por parte da URSS para
quebrar a superioridade americana – afeta em 1952 80% do orçamento de Estado a
despesas militares
Nova característica na política mundial por causa do poder de destruição: dissuasão:

 Cada bloco tenta persuadir o outro de que usaria sem hesitar todo o seu potencial atómico
em caso de violação das áreas de influência
 Advertências, ameaças, movimentações de tropas e material de guerra – estratégia
dissuasora
 Destruição mútua assegurada/garantida
 Equilíbrio instável do terror
 Ameaça de destruição nuclear
INÍCIO DA ERA ESPACIAL:
Noção de que a superioridade tecnológica era decisiva para garantir a vitória ideológica
Grande atenção aos ramos da Ciência relativamente ao equipamento militar (por parte dos dois
blocos)

15

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Durante a Segunda Guerra a Alemanha desenvolve secretamente a tecnologia dos foguetes e os


primeiros misseis
Em 1945 os cientistas envolvidos neste projeto emigram para a URSS e para os Estados Unidos
– papel importantíssimo nos programas espaciais dos respetivos blocos
A URSS coloca-se à cabeça da conquista do Espaço

 Outubro de 1957 – coloca em órbitra o primeiro satélite artificial Sputnik I


 Em novembro de 1957 – lança o Sputnik II com a cadela Laika (primeiro animal e ser
vivo a viajar no espaço)
Os USA anseiam igualar-se à URSS neste aspeto (até aqui consideravam-na inferior
tecnologicamente)
Só em 1958 é que efetuam com sucesso a entrada na corrida ao Espaço, com o Explorer I
A corrida espacial alimenta o orgulho nacional das duas potências
Inicialmente a URSS mantém a liderança: em 1961 lançam o primeiro ser humano a viajar na
órbitra terreste, Yuri Gagarin
No fim da década de 60, são os americanos que levam os primeiros seres humanos a pisar a Lua:
Neil Armstrong e Edwin Aldrin
Assim que a humanidade pisa a lua torna-se evidente que o desenvolvimento tecnológico chegou
a uma etapa superior, mas a acompanhá-la vem também a construção de armas capazes de
aniquilarem a Humanidade

1.3. AFIRMAÇÃO DE NOVAS POTÊNCIAS


1.3.1. RÁPIDO CRESCIMENTO DO JAPÃO
No fim dos anos 60 o Japão torna-se segunda potência económica mundial
Primeiro boom da economia japonesa – 1955-1961:

 Produção industrial triplica


 Investimentos do setor privado aumentam quase 600%
 Empresários entram num frenesim de inovação
 Setores com maior dinamismo: indústria pesada (construção naval, máquinas-
ferramentas, química) e bens de consumo duradouros (televisores, rádios, frigoríficos,
etc.)
Período de estagnação nos anos 60
Segundo surto de crescimento – 1966-1971:

 Produção industrial duplica


 2,3 Milhões de novos postos de trabalho
 Desenvolvimento dos setores clássicos (siderurgia, por exemplo) e em novos setores
como a produção de automóveis, televisores a cores, aparelhos de circuito integrado
 Automóveis nipónicos nas estradas americanas
 Transforma-se a segunda maior economia do mundo a seguir aos USA
 Exemplo de capacidade tecnológica e sucesso empresarial
 Foco dinamizador das economias asiáticas

16

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

FATORES DO “MILAGRE JAPONÊS”


Ajuda americana:

 O japão foi ocupado pelos aliados sob liderança americana entre 1945-52
 Modernizou-se e beneficiou de um plano de ajuda económica semelhante ao Plano
Marshall
 O país passa a ser visto como um poderoso aliado do bloco ocidental na Ásia quando a
China implanta o comunismo em 1949
Atuação do Estado:

 Papel importante no investimento, na proteção das empresas e do mercado interno


 Fomento do ensino e da investigação científica
 Contribui para colocar o país na vanguarda tecnológica
Mentalidade japonesa:

 Importância da mentalidade tradicional na reconstrução do país


 Torna-se uma causa comum ao povo
 Os empresários reinvestem sistematicamente os lucros e os trabalhadores abstêm-se de
reivindicações sindicais
Ligação entre trabalhadores e empresas:

 Tradição de trabalho vitalício


 Os trabalhadores japoneses vêm o patrão como um protetor e a empresa como uma
segunda família
 Esse sentimento é reforçado através de renumerações com base na antiguidade, na
organização de tempos de lazer coletivos e de rituais diários - o hino e o símbolo da
empresa têm lugar de destaque
O Japão aproveita a conjuntura favorável dos Trinta Gloriosos e torna-se a primeira sociedade de
consumo da Ásia

1.3.2. O AFASTAMENTO DA CHINA DO BLOCO SOVIÉTICO


O comunismo chinês é marcado pelo carisma do líder Mao Tsé-Tung – eleva-se à condição de
teórico marxista, ombreando com Lenine e Estaline
O marxismo tradicional vê o operariado como motor da revolução, Mao enfatiza o papel dos
camponeses – é a eles que atribui o papel revolucionário – nova variante da teoria marxista –
maoísmo
CONCEITO:

 Forma de marxismo aplicada na China por Mao Tsé-Tung


 Defende a viabilidade de uma revolução comunista liderada pelos camponeses sem o
concurso do operariado
 A revolução profunda e autêntica implica um processo longo – as mudanças
revolucionárias devem emanar das massas e nunca impostas pelas estruturas
governativas.
Mao recorre a grandes campanhas de natureza ideológica para consciencializar e mobilizar as
populações para as transformações revolucionárias

17

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Durante Estaline, as diferenças ideológicas não chegam para inviabilizar a aliança entre a China
e a URSS

 Tratado de cooperação e amizade


 China intervém na Guerra da Coreia
 Adota o modelo de economia planificada – beneficia da ajuda financeira e técnica nos
soviéticos
Após a morte de Estaline as relações entre os dois países deterioram-se progressivamente
Kruchtchev condena os crimes do seu antecessor e tem uma política de diálogo com o Ocidente
– o governo Chinês repudia-o
O modelo soviético da economia planificada falha e por isso dá-se o seu fim.
Campanha das Cem Flores para apelar às massas para retificar os erros do partido – deu muitas
críticas, a iniciativa foi suspensa e levou ao castigo dos intelectuais que se exprimiram em
“campos de reeducação”
1958 – Mao implementa ao “grande salto em frente”

 Programa para encurtar o caminho para o socialismo e para apanhar a Inglaterra em 15


anos
 Reorganização da vida camponesa em comunas populares
 Prioridade à grande indústria abandonada – para a substituir implementam-se pequenas
indústrias locais de tecnologia tradicional
 Acaba num fracasso e é abandonado
 Atiça a malquerença entre a URSS e a China
A partir daqui a China considera-se o único país realmente comunista – propõe um novo modelo
revolucionário aos países agrários do Terceiro Mundo.
1971 – República da Formosa (Taiwan) é substituído pela China no Conselho de Segurança (até
aí a República da Formosa era a única representante da China na ONU e não queriam a China
Popular na organização. Quando a China e a URSS cortam relações, os USA revêm a sua posição
e encetam relações diplomáticas com a China Popular)

 As intervenções dos delegados chineses na ONU dirigem-se contra o social-imperialismo


soviético que consideravam uma ameaça à paz mundial
 O confronto entre a China e a URSS agravou-se e abre uma grande fissura no bloco
socialista – esbate o bipolarismo dos primeiros anos da Guerra Fria

1.3.3. ASCENSÃO DA EUROPA


Na primeira metade do século a Europa quase se autodestróis duas vezes – finalmente reconhece
a sua herança cultural comum e a necessidade de união para reencontrar a prosperidade económica
e a influência política.
1946 – Churchill lança o apelo ao renascimento europeu – ideia de uma espécie de “estados
unidos” da europa

 Criaram-se várias organizações europeístas, promoveram-se encontros, debates e


congressos
 Incrementação de iniciativas diplomáticas entre os futuros estados-membros

18

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Dificuldade em concertar interesses e definir o futuro modelo político da europa unida – uns
advogam uma europa supranacional (federalistas), outros querem apenas uma confederação de
estados independentes – os velhos nacionalismos europeus são difíceis de ultrapassar.

DA CECA À CEE:
Declaração Schuman (1950) – cooperação entre França e Alemanha no domínio da produção de
carvão e aço – acelerada por Jean Monnet
1951 – Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA)

 Estados-membros: Alemanha, França, Bélgica, Itália, Holanda e Luxemburgo


 Estabelece uma zona conjunta minerossiderúrgica
 Sob orientação de uma Alta Autoridade supranacional
 Índole económica e limitada pelos setores
 Embrião de uma união económica mais ampla
1957 – Comunidade Económica Europeia (CEE)

 Tratado de Roma – firmado pelos 6 países da CECA


 Ponto de partida à atual União Europeia
 Os países comprometem-se a implementar progressivamente a livre circulação de
mercadorias, capitais e trabalhadores + livre prestação de serviços
 Estabelecimento de uma política comum na agricultura, transportes e produção energética
Para a produção energética: EURATOM – Comissão Europeia da Energia Atómica, independente
da CEE
União aduaneira (livre circulação de mercadorias):

 Concretiza-se em 1968
 Traduz-se nua aumento das trocas intercomunitárias
1970: CEE é a primeira potência comercial do Mundo
Europa dos Seis (países membros) – alarga-se, inclui a 1 de janeiro de 1973 o Reino Unido, a
Irlanda e a Dinamarca
A partir de então, a Europa caminha para a plena união político-económica: desempenha um papel
relevante na geoestratégia mundial e é capaz de competir com as superpotências

1.3.4 SEGUNDA VAGA DE DESCOLONIZAÇÕES. POLÍTICA DE NÃO ALINHAMENTO


DESCOLONIZAÇÃO AFRICANA:

 Inicia-se nas zonas arabizadas do Norte – a partir de 1945


 Líbia colocada sob tutela da ONU tem independência em 1951
 1956 – França é obrigada a retirar-se de Marrocos e da Tunísia
 Argélia entra numa guerra com os franceses e só têm o seu direito à independência
reconhecido em 1962
 As reivindicações de independência estendem-se à África Negra – movimentos
nacionalistas contra o Estado colonizador
Dificuldade em promover a coesão e participação das populações. As populações estão dividias
por múltiplas etnias que os interesses colonialistas não respeitam.

19

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Surge um sentimento de identidade nacional – revalorização das raízes ancestrais do povo, da


cultura comum – difusão da ideia de que a cultura dos povos é tão válida como as civilizações
europeias.

CONCEITO: Movimentos nacionalistas:

 Visam a recuperação da identidade cultural e nacional dos povos colonizados


 Adquirem uma dimensão política
 Exigem autodeterminação dos territórios coloniais
 Constituem-se em partidos que lideram o processo de autodeterminação dos novos países
– por via na negociação ou pela força das armas

Muitos líderes são educados nas metrópoles onde assimilam valores de liberdade e justiça social
que pretendem aplicar nos seus países.
Luta pela independência com duas vertentes: luta política e luta contra a pobreza e o atraso
económico (consequência direta da exploração colonial)
Muitos movimentos de libertação acabam por seguir a mensagem do socialismo por esta razão.
1960 – Assembleia-Geral aprova a Resolução 1514: consagra o direito à autodeterminação dos
territórios sob administração estrangeira + condena qualquer ação armada das metrópoles para a
impedir – “ano da descolonização” – 18 novos países alcançam a independência, desses 18,
apenas 1 não era africano (Chipre).
TERCEIRO MUNDO:
Entre 1946-1976 constituíram-se 70 novos países em África e na Ásia – a maioria partilha o
mesmo passado colonial e o mesmo atraso económico – constituem o Terceiro Mundo

 Analogia com o Terceiro Estado, que na véspera da Revolução Francesa constituía a


maioria desfavorecida relativamente às ordens privilegiadas
 O Terceiro Mundo inclui as regiões mais pobres e populosas do Mundo
 Permanece sob dependência económica dos países ricos – continuam a ser explorados
pelas antigas metrópoles, através de grandes companhias, continuam a tirar-lhes as
matérias-primas mineiras e agrícolas em troca de produtos manufaturados
As situações continuam atrasadas: os lucros das companhias não são reinvestidos nos locais e os
enquanto os preços dos produtos industriais sobem, o valor das matérias-primas cai.
Os países economicamente mais débeis, que acabaram de se soltar do colonialismo, continuam a
ser explorados em benefício das potências industrializadas.
CONCEITO: Neocolonialismo:

 Forma de dominação que sucede o colonialismo


 Exerce-se de forma indireta, através da supremacia técnica, financeira e económica das
nações mais desenvolvidas
 Tem caráter essencialmente económico mas manifesta-se também no campo político e
cultural
POLÍTICA DE NÃO ALINHAMENTO

20

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Conotação política:

 Novos países representam a possibilidade de uma terceira via uma alternativa


relativamente aos blocos capitalistas e comunistas
 Os países descolonizados esforçam-se para estreitar os laços entre si e para marcar uma
posição na política internacional
1955 – Índia, Indonésia, Birmânia (atual Myanmar), Ceilão (atual Sri Lanka) e Paquistão

 Bandung, na Indonésia
 Conferência para definir as linhas gerais de atuação dos países recém-formados
 Reúne 29 delegações afro-asiáticas, representa mais de metade da população do globo
 Adoção de um conjunto de princípios em 10 pontos do Comunicado Final para definir as
posições políticas do Terceiro Mundo
 Condenação do colonialismo, rejeição política de blocos, apelo à resolução pacífica dos
diferendos internacionais
 Conferência sem medidas práticas, mediatizada – efeito no processo descolonizador
 Ponto de partida para a afirmação política dos povos – estreitamento das relações
diplomáticas
Sucessivos encontros internacionais que convergem no Movimento dos Não Alinhados criado
oficialmente na Conferência de Belgrado (1961)

 Via política alternativa à bipolarização mundial


 Atrai um grande número de países da Ásia, África e América Latina
 Torna-se um símbolo do sonho de independência e liberdade das nações
O não alinhamento é muitas vezes designado por neutralismo, mas o movimento não tem por
objetivo ser neutro face às grandes questões mundiais – pelo contrário – propõem-se a defender
uma política ativa, positiva e construtiva para o estabelecimento da paz mundial.
Este grupo transforma nos anos 60 e 70 a Assembleia-Geral da ONU numa tribuna para se debater
e condenar as atuações dos franceses na Argélia, dos portugueses em Angola e Moçambique e
dos americanos no Vietname
Quanto à independência face aos dois blocos, é complicado estabelecer-se. Para isso os países
teriam de ter alguma força económica, que não possuíam por serem recém-formados, para além
da exploração do neocolonialismo impedir a saída do subdesenvolvimento.
No fim dos anos 60 e nos anos 70 as conferências dos não alinhados revelam uma tendência para
Moscovo por influência dos membros comunistas de Cuba e Vietname – o movimento pronuncia-
se, no entanto, contra a intervenção soviética no Afeganistão em 1979

1.4. TERMO DA PROSPERIDADE ECONÓMICA: ORIGENS E EFEITOS


Os Trinta Gloriosos chegam ao fim abrupto em 1973
A crise agrava-se nos anos de 1975 e 1982

 Afeta essencialmente os setores siderúrgico, da construção naval, do automóvel e do têxtil


 Fecham empresas
 O desemprego sobe
 A inflação torna-se galopante
Estagflação é o nome deste fenómeno – junta a inflação com a estagnação da produção industrial.
FATORES DA CRISE:

21

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Crise energética:

 O petróleo era a fonte de energia básica dos países industrializados na década de 60


 Em 1973 – os países do Médio Oriente quem até então mantinham baixos os preços dos
barris de crude – utilizam este recurso natural como arma política – como retaliação
contra a ajuda dos ocidentais a Israel
 Quadruplicam o preço do barril e reduzem a produção petrolífera até que fosse
abandonada a política de auxílio ao Estado judaico
 Consideram inimigos da causa árabe os USA, Holanda e Dinamarca – é-lhes imposto um
boicote total
 1979 – Agravamento com novas subidas de preço devido à crise política do Irão e à guerra
Irão-Iraque
 Choques petrolíferos multiplicam o preço do ouro negro
 Provocam um aumento dos custos de produção dos artigos industriais e o encarecimento
dos artigos junto do consumidor – escalada da inflação
Instabilidade monetária:

 Excessiva quantidade de moeda em circulação pelos USA (gastos sociais, militares,


investimentos no estrangeiro, etc.)
 Presidente Nixon suspende a convertibilidade do dólar em ouro (1971) – desregula o
sistema monetário internacional7
Foi a instabilidade monetária mais do que a crise petrolífera a responsável pela crise económica
dos anos 70, segundo alguns analistas
Outras razões para explicar a recessão económica:

 Falência do sistema fordista (extrema divisão do trabalho) – o sistema leva à


desmotivação dos operários e ao elevado absentismo + aumento dos encargos sociais e
salariais = diminui os ganhos dos empréstimos
CRISE RELATIVA:
A crise dos 70 introduz um novo ciclo económico marcado pela alternância entre períodos de
crescimento e de estagnação por um desemprego elevado
O crescimento económico mantém-se, ainda que a um ritmo lento, ao contrário da crise dos anos
30
Alguns setores industriais reconvertem-se e outros, ligados às novas tecnologias conhecem um
impulso.
Aumento do setor terciário e o comércio internacional não decaiu
A crise também não iguala a grande depressão no aspeto social – as estruturas do Estado-
Providência foram reforçadas após a Segunda Guerra e cumpriram o seu papel ao amparar o
desemprego e ao evitar as situações de miséria extrema e generalizada.

22

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

UNIDADE 2 – PORTUGAL: DO AUTORITARISMO À DEMOCRACIA


2.1. IMOBILISMO POLÍTICO E CRESCIMENTO ECONÓMICO DO PÓS-GUERRA A
1974
O Estado Novo consegue sobreviver graças à posição de neutralidade de Portugal face à Segunda
Guerra
O país tenta alguns esforços de modernização, mas não consegue chegar ao mesmo patamar dos
países industrializados da Europa
No início dos anos 70, o regime está à beira do fim

2.1.1. COORDENADAS ECONÓMICAS E DEMOGRÁFICAS


ESTAGNAÇÃO DO MUNDO RURAL

 O país continua sobrepovoado e pobre apesar das campanhas de produção dos anos 30 e
40
 Índices de produtividade muito inferiores à média europeia
 É necessário o redimensionamento da propriedade – assimetria Norte-Sul (Norte com
minifúndio que não possibilita a mecanização, Sul com propriedades imensas, muitas
subaproveitadas)
 Necessidade de reversão da situação dos rendeiros – mais de um terço da área agrícola
era cultivada em regime de arrendamento precário – pouco propício ao investimento
Planos de reforma consistentes – exploração agrícola média e mecanizada como referência: é
capaz de assegurar rendimento confortável aos proprietários e elevar o consumo de produtos
industriais.

 Contra estes: oposição dos latifundiários do Sul – utilizam a sua influência política para
inviabilizarem os planos em nome dos direitos de propriedade
Acabam por nunca se concretizar as alterações na estrutura fundiária.
A política agrária esgota-se em subsídios e incentivos sem efeito – beneficiam os proprietários do
Sul e os grandes vinhateiros

Na década de 60:

 O país vai pela via industrializadora


 Agricultura vem para segundo plano e é vista como um caso sem solução
 Decréscimo da taxa de crescimento do Produto Agrícola Nacional (5,5% nos anos 50 para
1% nos anos 60)
 Êxodo rural maciço – esvazia aldeias do interior
 Crescimento da disparidade entre produção e consumo alimentar
 Elevação do défice agrícola

EMIGRAÇÃO:

 Reduz nas décadas de 30-40 devido à Grande Depressão e à Segunda Guerra Mundial –
crescimento demográfico intenso sem escoamento
 País fica sobrepovoado – excesso de mão-de-obra sem ser absorvido pela economia

23

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Êxodo para as cidades do litoral e para o estrangeiro


 Entre 1946-73 terão emigrado cerca de 2 milhões de portugueses – metade dos quais na
década de 60
 Contingente migratório de todo o país, mas especialmente do norte e das ilhas – vai em
direção à Europa, especialmente França, à América do Norte e do Sul
 Potenciam o fluxo migratório: salários apelativos do mundo industrializado, clima de
repressão política, rejeição face ao recrutamento para a guerra colonial
 Emigração clandestina – sair a salto
 O estado procura fazer acordos com os principais países de acolhimento – permitem a
obtenção de regalias sociais e a livre transferência das renumerações amealhadas de volta
para Portugal
 As remessas dos emigrantes representam mais de 6% do PIB no inicio da década de 70
 Equilíbrio da balança de pagamentos e aumento do consumo interno
 O governo despenaliza a emigração clandestina com exceção dos que não cumpriam os
deveres militares
A emigração contribui para o envelhecimento da população, priva o normal convívio com as
famílias
Para o estado novo a emigração é um fator de pacificação social e equilíbrio económico para
ajustar o mercado de trabalho
O contacto com outras pessoas e outros países muda as mentalidades e abala as velhas estruturas
rurais sobre as quais pousava o imobilismo do regime.
SURTO INDUSTRIAL
A política de autarcia não atinge os objetivos – Portugal continua dependente do fornecimento
estrangeiro: matérias-primas, energia, bens de equipamento, produtos industriais, adubos e
alimentos
Os países fornecedores envolveram-se na guerra e o abastecimento torna-se precário – situação
favorável para quem defendia a via da industrialização do país como imprescindível ao
desenvolvimento.
1945 – Lei do Fomento e Reorganização Industrial:

 Linhas da política industrializadora dos anos seguintes


 O seu objetivo final é a substituição das importações
 Portugal continua, no pós-guerra, a seguir o ideal de autarcia – está à margem da
economia mundial
1948 – Portugal assina o pacto da OECE – integra-se nas estruturas de cooperação do plano
Marshall
Beneficiámos pouco da ajuda financeira americana, mas a participação na OECE reforça a
necessidade de planeamento económico
Elaboração dos Planos de Fomento a partir de 1953 – caracterizantes da política de
desenvolvimento do Estado Novo.
I Plano de Fomento (1953-1958)

 Reconhece a importância da industrialização para o progresso do país


 Dá prioridade à criação de infraestruturas – eletricidade, transportes e comunicações

24

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

II Plano (1959-1964)

 Alargamento do montante investido


 Prioridade à indústria transformadora de base – siderurgia, refinação de petróleos,
adubos, químicos, celulose
 A política industrializadora é assumida sem ambiguidades
Anos 60:

 Alterações à política económica portuguesa


 País integra-se na economia europeia e mundial (1960)
 É um país fundador da EFTA – Associação Europeia de Comércio Livre (7 países que
não queriam aderir à CEE)
 Ainda em 1960 aprova-se o acordo do BIRD e do FMI
 1962 – Protocolo do GATT em Genebra
A adesão a estas organizações marca a inversão da política de autarcia
1968 – nomeação de Marcello Caetano como presidente do conselho inaugura o
III Plano (1968-1973)

 Com orientação completamente nova


 Tónica do normal funcionamento da concorrência e do mercado, na concentração
empresarial, política agressiva de exportações, captação de investimentos estrangeiros
especialmente se portadores de novas tecnologias
 Apelo ao dinamismo dos empresários
 Consolidação dos grandes grupos económico-financeiros
 Aceleração do crescimento nacional – atinge o seu pico
O país continua a sentir as exigências da guerra colonial e o seu atraso face à Europa

URBANIZAÇÃO
Anos 50-60 – processo de urbanização acelera e absorve o êxodo rural
Crescem as cidades do litoral oeste (entre Braga e Setúbal) onde estão as grandes indústrias e
serviços
Lisboa e Porto: subúrbios, cidades “dormitório” ou “satélite” – expressões do Grande Porto e da
Grande Lisboa
A expansão urbana não é acompanhada pela construção de infraestruturas necessárias para o
acolhimento da população. Faltam:

 Habitações sociais
 Estruturas sanitárias
 Rede de transportes eficiente

25

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Aumentam as construções clandestinas, bairros de lata, as condições de vida degradam-se


(criminalidade, prostituição)
Aspetos positivos da expansão urbana: crescimento do setor dos serviços e maior acesso ao ensino
e meios de comunicação – conjunto populacional numeroso e escolaridade
A população portuguesa torna-se mais consciente do que há lá fora. Abrem-se à mudança dos
anos 60 – o conservadorismo do regime cede lugar à mentalidade cosmopolita e arrojada
FOMENTO ECONÓMICO DAS COLÓNIAS
Até aos anos 40:

 Colonialismo típico
 Baseado na produção de produtos primários e desencorajamento do desenvolvimento
industrial
Décadas seguintes marcadas pelo reforço da colonização branca, escalada dos investimentos
públicos e privados, maior abertura ao capital estrangeiro
Angola e Moçambique recebem atenção prioritária
A partir de 1953 – investimentos nas colónias com os Planos de Fomento

 Criação de infraestruturas (caminhos de ferro, estradas, pontes, aeroportos, portos,


centrais hidroelétricas)
 Desenvolvimento do setor agrícola (sisal, açúcar e café em Angola; oleaginosas, algodão
e açúcar em Moçambique)
 Desenvolvimento do setor extrativo – diamantes, petróleo e minério de ferro em Angola)
 Virados para o mercado externo
Anos 50-60

 Crescimento do setor industrial


 Progressiva liberalização da iniciativa privada
 Expansão do mercado interno – afluxo de colonos brancos
 Reforço dos investimentos nacionais e estrangeiros
O fomento económico das colónias recebe um impulso após o início da guerra colonial (1961 em
Angola e 1964 em Moçambique) – coincide com a época de maior dinamismo da economia
portuguesa, reforça a necessidade de presença nacional forte para legitimar a posso dos territórios
do ultramar

2.1.2. RADICALIZAÇÃO DAS OPOSIÇÕES E O SOBRESSALTO POLÍTICO DE 1958


1945 – Processo de eleições + MUD surge e desiste
1949 – Eleições – Norton de Matos + Portugal adere à NATO
1957 – RTP
1958 – Eleições - Humberto Delgado – eleito Américo Tomás
1959 – Metro
1962 – Crise académica
1968 – Nomeação de Marcello Caetano

26

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

ANO DE 1945: Manifestações em Lisboa celebram a derrota da Alemanha dias 7 e 8 de maio de


1945

 As democracias + a URSS vencem a guerra e mostram a sua superioridade face aos


regimes repressivos de direita
Salazar compreende que o seu regime deveria, pelo menos, ter a aparência de se democratizar,
para não correr o risco de cair
Antecipa-se a revisão constitucional, dissolve-se a Assembleia Nacional, convocam-se eleições
antecipadas, anunciadas como “tão livres como em Inglaterra”
Clima de otimismo entre os opositores do regime – acredita-se na força da vaga democrática para
forçar a abertura do regime
8 De outubro de 1945 – reunião no Centro Republicado Almirante Reis

 Nasce o MUD – Movimento de Unidade Democrática – congrega forças clandestinas da


oposição
 Reúnem-se 50 000 assinaturas e adesões por todo o país
 Início da oposição democrática
CONCEITO: Oposição democrática

 Termo para designar a oposição legal ou semilegal ao Estado Novo a partir de 1945
 Aproveita-se a relativa abertura que veio com a revisão constitucional desse ano
 As forças oposicionistas têm maior visibilidade nas épocas eleitorais e não só
 Podem atuar legalmente, embora com inúmeras restrições, nas épocas eleitorais
O MUD formula exigências que considera fundamentais para garantir a legitimidade do ato
eleitoral:

 Adiamento das eleições por 6 meses para se poderem instituir partidos políticos
 Reformulação dos cadernos eleitorais que abrangiam apenas 15% da população
 Liberdade de opinião, reunião e de informação
Nenhuma das reivindicações do Movimento é satisfeita e este desiste das eleições à boca das
urnas por considerar que o ato eleitoral se tratava de uma farsa-
As listas de adesão ao MUD fornecem à PIDE as informações necessárias para reprimir
eficazmente os aderentes: muitos foram interrogados, presos ou despedidos dos trabalhos.
ANO DE 1949:
Clima de Guerra Fria orientam as preocupações ocidentais para a contenção do comunismo: país
adere à NATO em 1949 – equivale a uma aceitação do nosso regime pelos países parceiros da
organização.
Em 1949 as forças de oposição voltam a ter oportunidade de mobilização
Candidatura de Norton de Matos às presidenciais – desiste pouco antes das eleições face à
repressão mais severa
ANO DE 1958

27

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Candidatura de Humberto Delgado às presidenciais – agitação política. “General Sem Medo” –


não pretendia desistir das eleições, anuncia a sua intenção de demitir Salazar caso viesse a ser
eleito.
A sua campanha foi um acontecimento de mobilização popular.
O resultado das eleições deu vitória ao contra-almirante Américo Tomás – a credibilidade dos
resultados e do próprio regime ficaram abalados (registos de relatórios da PIDE sobre a alteração
dos números de votos para vitória do almirante pg.97)
Para anular o risco de um “golpe de Estado constitucional”, Salazar acaba com o sistema de
sufrágio universal. O chefe de Estado passa a ser eleito por colégio eleitoral restrito.
ANOS DE 1959-62
Oposição passa a contar com novos elementos
O bispo do Porto D. António Ferreira Gomes escreve uma carta a Salazar a denunciar a miséria
do povo e a falta de liberdades cívicas (pg.98) – custam-lhe 10 anos de exílio
Inspira um grupo crescente de católicos que passaram a criticar a política do Estado Novo com
vigílias e manifestos públicos.
Instabilidade crescente
Tentam-se dois golpes de força para derrubar o regime – Conspiração da Sé em 1959 e a Revolta
de Beja em 1961
Caráter repressivo do regime: entre 1958-60 faz 1200 presos políticos. Mortos e feridos na
repressão das manifestações do 31 de janeiro, do 5 de Outubro e do 1º de Maio.
Exílio de Humberto Delgado:

 Refugia-se no Brasil – lidera de longe a luta contra o Salazarismo


 1961 – Responsabilidade política do apresamento do navio português “Santa Maria” por
um comando revolucionário encabeçado por Henrique Galvão no mar das Caraíbas
 Em 1963 instala-se na Argélia e assume a chefia da Frente Popular Patriótica de
Libertação Nacional
 Assassinado a 13 de fevereiro de 1965 pela PIDE num “cerco e aniquilamento” por eles
montado.
O assalto do “Santa Maria” é visto como um protesto político pelas potências estrangeiras – os
americanos intercetaram o Santa Maria e entregam os rebeldes ao exílio no Brasil

2.1.3. QUESTÃO COLONIAL


Com a Carta das Nações Unidas, os países começaram a aceitar a ideia de abrir mão dos seus
impérios – o Estado Novo é obrigado a rever a sua política colonial.
SOLUÇÕES PRECONIZADAS:
Numa primeira fase: vertente ideológica e vertente jurídica
Vertente ideológica:

 “Mística do império” da década de 30 é substituída pela ideia da “singularidade da


colonização portuguesa” – teorias de Gilberto Freire (sociólogo brasileiro)

28

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Segundo Gilberto Freire os portugueses mostraram uma grande capacidade de adaptação


à vida nas regiões tropicais e entregaram-se à miscigenação e fusão de culturas – ausência
de convicções racistas
 Esta teoria chama-se lusotropicalismo
 Individualiza a colonização portuguesa – tira-lhe o caráter opressivo
 Portugal “tinha” um papel evangelizador que sempre desempenhara
Vertente jurídica:

 Eliminação das expressões “colónia” e “império colonial” dos diplomas legais


 Revogação do Ato Colonial em 1951
 Inserção do estatuto dos territórios antes abrangidos pelo Ato Colonial na Constituição
Portuguesa
 As colónias passam a ser designadas de Províncias Ultramarinas
 Têm equivalência jurídica a qualquer província do continente – o país estende-se com
unidade do “minho a timor”
 O império português passa a ser designado de Ultramar Português
A nível interno, a presença portuguesa em África só foi contestada no início da guerra colonial
1961 – Início da luta armada em Angola
Teses divergentes: integracionista e federalista
Integracionista (ultras):

 Defende a política até aqui seguida


 Ultramar integrado no Estado Português
Federalista (reformadores):

 Considera que não é possível seguir na mesma via (dada a pressão internacional e os
custos da guerra)
 Advoga acordos com as guerrilhas
 Progressivas autonomias das colónias
 Constituição de uma federação de estados para salvaguardar os interesses portugueses
Bastante adesão ao federalismo, mas Salazar mantém-se integracionista

LUTA ARMADA:
Overview:

 Larga escala, baixa intensidade


 Durante a industrialização de Portugal
 Poucos recursos
 Na Guiné, Angola e Moçambique
 Companhias (unidades militares) – ajudam a população (para a cativar) e combatem,
guerrilhas
 O regime perde o apoio da população portuguesa

29

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Movimentos de libertação:
Em Angola:

 1955 – UPA (União das Populações de Angola) liderada por Holden Roberto – 1962
transforma-se na FNLA (Frente Nacional de Libertação de Angola)
 1956 – MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) dirigido por Agostinho
Neto
 1966 – UNITA (União para a Independência Total de Angola) por Jonas Savimbi
Moçambique:

 1962 – FRELIMO (frente de Libertação de Moçambique) por Eduardo Mondlane


Guiné:

 1956 – PAIGC (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde) por Amílcar Cabral

Confronto armado:

 Começa no Norte de Angola em março de 1961 – ataques da UPA várias fazendas e


postos administrativos portugueses
 O governo envia imediatamente um forte contingente militar, mas minimiza o caso
 A guerra alastra-se pelo território – mobilização de milhares de portugueses
 1963 – Estende-se à Guiné
 1964 – Moçambique
 Três frentes de combate – 7% da população ativa de Portugal foi mobilizada; despende
na Defesa de 40% do Orçamento geral do estado
 13 Anos de combate – 8000 portugueses morreram e mais de 100 000 ficaram feridos ou
incapacitados

ISOLAMENTO INTERNACIONAL:
A questão colonial ganha dimensão aquando da entrada na ONU (1955):

 Portugal recusa a admitir as disposições da Carta lhe fossem aplicadas – as províncias


ultramarinas eram “parte integrante do território português”
 A Assembleia-Geral conclui que os territórios sob administração portuguesa eram
colónias e não extensões do mesmo país – pressão dos países do Terceiro Mundo
 Derrotas que vão isolando os portugueses – intensificam-se na década de 60 com a
aprovação da Resolução 1514 e a guerra colonial
 1961 – Início da guerra em Angola – Portugal em foco nas Nações Unidas
 ONU condena o país por constantemente não cumprir os princípios da Carta e as
resoluções aprovadas
 Salazar responde com “Angola é uma criação portuguesa e não existe sem Portugal…
Moçambique só é Moçambique porque é Portugal”
 Desprestígio do país – é excluído de vários organismos da ONU, como o Conselho
Económico e Social
Anos 60 – hostilidade da administração americana:

 Especialmente durante a era Kennedy

30

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Os americanos convencem-se que a guerra joga a favor dos interesses soviéticos porque
afastava os estados africanos e Portugal e dos aliados da NATO
 Financiam grupos nacionalistas como a UPA e propõem planos de descolonização
 Tenta vencer as insistências de Salazar com propostas de auxilio económico que este não
apoia
 “orgulhosamente sós”
 Salazar procura mesmo assim quebrar esse isolamento – campanhas diplomáticas junto
dos aliados europeus e operações de propaganda internacional
 Utilização da base das Lajes nos Açores (importante para os americanos) – Portugal
consegue sustentar a posição colonial
Questão colonial dentro do país:

 Duvidas sobre a legitimidade do conflito e sobre o seu desfecho


 Descontentamento dentro da sociedade
 O futuro da guerra determinaria o futuro do regime

2.1.4. PRIMAVERA MARCELISTA


REFORMISMO POLÍTICO NÃO SUSTENTADO
1968 – Salazar doente. O presidente da república tem de encetar os procedimentos institucionais
para a sua substituição.
Américo Tomás elege Marcello Caetano para substituir Salazar.
Marcello Caetano:

 É um notável do Estado Novo, mas permite-se discordar da política salazarista


 Define as linhas orientadoras do Governo para continuar a obra de Salazar mas com
renovação política
 Pretende-se evoluir na continuidade, concedendo aos portugueses a “Liberdade possível”
Nos primeiros meses de mandato do novo Governo:

 Abertura – opositores políticos esperançosos


 Faz regressar do exílio algumas pessoas como o bispo do Porto e Mário Soares
 Modera a atuação da polícia política – a PIDE passa a chamar-se DGS – Direção-Geral
de Segurança
 Abrandamento da censura (Exame Prévio)
 Abre a União Nacional a sensibilidades políticas mais liberais
Período de mudança – “primavera marcelista”
Preparam-se eleições legislativas de 1969. Para as legitimar as eleições aos olhos da população:

 Abertura do sufrágio feminino (todas as mulheres escolarizadas)


 Maior liberdade de campanha da oposição
 Consulta dos cadernos eleitorais e fiscalização das mesas de voto
 Considerado o menos manipulado dentro do EN
 Tem uma série de atropelos aos princípios democráticos e o mesmo resultado de sempre:
100% os lugares para a União Nacional e 0% para a oposição
 Francisco Sá Carneiro e Francisco Pinto Balsemão concorrem como oposição mas
desistem

31

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Marcello Caetano deixa de ter o apoio dos liberais – condenavam-lhe a falta de força para
implementar as reformas necessárias. Deixa de ter apoio dos mais conservadores que diziam que
a sua política liberalizadora causava a instabilidade que se sentia no país.
Mudança de opinião de Marcello – inverno marcelista
Marcello vira-se cada vez mais à direita

 Vira-se mais para os ultras em vez dos reformadores


 Crise académica
 72-73 – Movimentos bombistas
 Reprime surto de agitação estudantil, greves operárias e ações bombistas
 Inflete a sua política inicial
 As associações de estudantes ativas são encerradas
 A legislação sindical aperta-se
 Polícia política – vaga de prisões, regresso à censura e à opressão
o Alguns opositores como Mário Soares voltam ao exílio
 Mais mortos no Ultramar – problema da guerra colonial continua
Processo de regressão termina em 1972 quando Américo Tomás é reeleito presidente por colégio
eleitoral restrito
Todos estes problemas são antecedentes da revolução.
O IMPACTO DA GUERRA COLONIAL

 Na eleição de Marcello Caetano as altas patentes das Forças Armadas têm como única
condição a manutenção da guerra em África
 Marcello concede – continua a defender os territórios coloniais em nome dos interesses
da população branca que lá residia
 Nesta altura Marcello ainda seguia teses federalistas – redige um projeto de revisão do
estatuto das colónias para as encaminhar para uma autonomia progressiva
 Opõe-se ao projeto a maioria conservadora da Assembleia
 Angola e Moçambique passam à categoria de “estados honoríficos” – novas instituições
governativas que continuam dependentes de Lisboa. Nada mudou
 A luta armada endurece. Controlada em Angola e Moçambique e deteriorada na Guiné
(o PAIGC adquire controlo de uma parte significativa do território)
Cresce o isolamento português: Papa Paulo VI, em 1970, recebe no Vaticano os líderes do MPLA,
FERLIMO e PAIGC.
1973 – ONU “humilha” Portugal quando reconhece a independência da Guiné-Bissau
1973 – Visita oficial de Marcello ao Reino Unido – no meio de protestos populares, forte
segurança polícia. É denunciado um massacre de civis em Moçambique
Internamente:

 Maior pressão
 Os deputados liberais começam a abandonar a Assembleia como protesto
 Grupos de opositores de extrema-esquerda
 Contestação dos católicos progressistas
 Inquietação nas Forças Armadas
António de Spínola:

32

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 General na guerra da Guiné


 Publica a obra “Portugal e o Futuro” (1974) – proclama a inexistência de uma solução
militar para a guerra, que a guerra estava perdida
 Ao ler este livro, Marcello compreende que é inevitável um golpe militar.

33

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

2.2. DA REVOLUÇÃO À ESTABILIZAÇÃO DA DEMOCRACIA

Antecedentes gerais da revolução:

 Movimento dos Capitães/MFA


o Promove oficiais milicianos, revolta dos militares de carreira
 Guerra colonial (combate intenso na Guiné e em Moçambique) – incapacidade de
resolver a guerra
 Inflação – crise petrolífera dos Trinta Gloriosos
 Agitação laboral – greves de transportes, correios, escolas
 Agitação estudantil
 Visita de Marcello ao RU - manifestações
 Declaração da independência da Guiné
o Má propaganda para o regime
o General Spínola
 Ações bombistas

2.2.1. O MOVIMENTO DAS FORÇAS ARMADAS E A ECLOSÃO DA REVOLUÇÃO


A guerra colonial começa a pesar sobre o exército na década de 70

 Progressos do PAIGC na Guiné e encarniçamento da guerra em Moçambique


 Persistente condenação internacional – oficias de carreira sentem que estão a ir contra a
corrente
 “Portugal e o Futuro” de Spínola
 Transforma um movimento de oficiais no movimento revolucionário
 O movimento dos oficiais era inicial por questões de promoção de carreira

34

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

MOVIMENTO DOS CAPITÃES:

 Julho 1973
 Forma de protesto contra dois diplomas legais: facilitavam o acesso dos oficiais
milicianos (civis recrutados para as Forças Armadas) ao quadro permanente do exército
– dificultavam a ascensão dos oficiais de carreira (da Academia Militar)
 Reivindicações adquirem cariz político rapidamente
 Orientam-se para a democratização do regime e para o fim da guerra
 O fim da guerra depende da intervenção de altas patentes das FA
 O Movimento dos Capitães deposita a confiança nos generais Costa Gomes e Spínola,
chefe e vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas
Marcello Caetano ratifica a orientação da política colonial (5 de março 1974)
14 Março - Convoca generais das FA para reiterar a lealdade das FA ao Governo – Costa Gomes
e Spínola não comparecem e são exonerados dos seus cargos
Movimento dos Capitães passa a ser chamado Movimento das Forças Armadas (MFA)

 Urgência de um golpe militar


 Para restaurar as liberdades cívicas
 Principalmente a solução do problema colonial
Tentativa precipitada de golpe em 16 março – controlado pela DGS e presos em Calcos – a DGS
fica com a ideia de que este é o verdadeiro golpe de estado e que é incrivelmente fácil de conter.
O MFA prepara minuciosamente a operação que pôs fim ao Estado Novo.

OPERAÇÃO “FIM-REGIME”
A operação decorre sob a coordenação de Otelo Saraiva de Carvalho – assume o planeamento
militar, desenha o plano operacional para o derrube do regime. Vítor Alves assume a coordenação
política.
Plano definido:

 Primeira canção-senha: E Depois do Adeus de Paulo de Carvalho às 23 horas de dia 24


 Segunda canção-senha: Grândola, Vila Morena de Zeca Afonso à 00:30 de dia 25
 Depois das senhas, as unidades militares saem dos quarteis, cada uma com uma missão
 Ocupação das estações de rádio e da RTP
 Controlo do aeroporto e dos quartéis-generais das regiões militares de Lisboa e do Norte
 Cerco dos ministérios militares do Terreiro do Paço
 Entre outras.
 Única falha do plano: neutralização dos comandos do Regimento de Cavalaria 7 (não
adere ao golpe): a Escola Prática de Cavalaria de Santarém (chefiada por Salgueiro Maia)
depara-se com uma coluna de tanques do Regimento de Cavalaria 7 que sai em defesa do
regime
 Salgueiro Maia não autoriza os seus homens a abrir fogo – decide parlamentar com o
inimigo
 Salgueiro Maia dirige o cerco ao Quartel do Carmo (onde estavam refugiados o presidente
do Conselho e outros membros do Governo)
 A resistência do quartel termina por volta das 18 horas
 Marcello rende-se ao general Spínola, com medo que o poder “caísse à rua”

35

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Insistentes pedidos para que a população civil se recolhesse em casa mas a multidão corra
às ruas em apoio aos militares
 Praticamente só a polícia política é que resistia (rende-se na manhã de dia 26)
 4 Mortos
O regime autoritário cai muito facilmente às mãos do próprio exército – prova do anacronismo e
completo isolamento em que se encontrava a vida política de Portugal.

2.2.2. A CAMINHO DA DEMOCRACIA


Entre a revolução e a institucionalização do regime pluralista democrático (1976) o país vive um
período de instabilidade – entusiasmo popular, aquisição das liberdades cívicas, tensões sociais e
afrontamentos políticos.
DESMANTELAMENTO DAS ESTRUTURAS DO ESTADO NOVO:
Junta de Salvação Nacional:

 Constituída por acordo entre o MFA e a hierarquia das Forças Armadas


 Toma, de acordo com o programa do MFA, medidas para a liberalização da política
partidária e desmembramento das estruturas do EN
Medidas da JSN:

 Américo Tomás e Marcello Caetano são destituídos, assim como todos os governadores
civis e quadros administrativos (Américo e Marcello vão para o exílio no Brasil pouco
depois)
 Extinção da PIDE-DGS, Legião Portuguesa, Organizações de Juventude, Censura
(Exame Prévio) e a Ação Nacional Popular
 Libertação e amnistia dos presos políticos e regresso a Portugal daqueles em exílio
 Autorização da formação de partidos políticos e sindicatos livres
 Legalização das organizações que operavam clandestinamente como por exemplo: a
central sindical unitária do PCP (fundado em 1921) e do Partido Socialista (fundado em
1973 a partir da Ação Socialista Portuguesa)
O MFA compromete-se a passar o poder para os civis no período de um ano com a realização de
eleições constituintes.
A JSN nomeia António de Spínola como presidente para assegurar o funcionamento das
instituições governativas até à normalização democrática
I Governo Provisório – Adelino da Palma Carlos
(II, III IV V– Vasco Gonçalves | VI – Pinheiro Azevedo)
PERÍODO SPÍNOLA:
Sentimento de compensação das liberdades oprimidas durante todos os anos de ditadura

 Anseios de justiça social


 Reivindicações laborais
 Greves, manifestações
A efervescência social era espontânea – dificilmente controlável
I Governo Provisório demite-se a menos de 2 meses da tomada de posse

36

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Poder político fracionado em polos opostos – o grupo do general Spínola e a comissão


coordenadora do MFA
Spínola: mais moderado, projeto federalista para África, perde terreno
MFA: afasta-se de Spínola, radicaliza-se. Adepto da independência pura e simples de África,
revolução social
II Governo Provisório com Vasco Gonçalves
António Spínola acaba por reconhecer a independência às antigas colónias e demite-se em
setembro depois de uma manifestação em seu apoio fracassada, boicotada pelas forças de
esquerda “maioria silenciosa”
Costa Gomes na presidência da república.
RADICALIZAÇÃO DO PROCESSO REVOLUCIONÁRIO
A revolução tende para a radicalização
Otelo Saraiva afeto à extrema-esquerda

 COPCON – Comando Operacional do Continente – ordem de prisão a elementos


moderados
Vasco Gonçalves – ligação ao PCP (protagonismo no aparelho de Estado)
Golpe militar 11 de março 1975:

 Spínola
 Para contrariar a inflexão à esquerda
 Fracasso
 Fim do prestígio de Spínola
 O general e alguns oficiais procuram refúgio em Espanha
 É tomado como uma ameaça contrarrevolucionária
 Acentua o radicalismo
Conselho da Revolução – criado pela Assembleia das Forças Armadas e funciona como órgão
executivo do MFA

 Torna-se o centro do poder


 Ligação ao ideário comunista
 Orienta o PREC (Processo Revolucionário em Curso) – conduz o país para o socialismo
Agitação Social:

 Poder popular
 Saneamentos de quadros técnicos e outros funcionários considerados de direita
 Comissões de trabalhadores assumem o comando nas empresas privadas
 Comissões de moradores e comités de ocupantes nas cidades e vilas levam à ocupação de
casas devolutas (do estado ou particulares)
o Para instalação de equipamentos sociais de iniciativa popular como creches,
centros clínicos, parques infantis
o Para fins habitacionais
 No sul do país: reforma agrária com feição extremista – ocupação de grandes herdades
pelos trabalhadores rurais – transformam-nas em unidades coletivas de produção e
cooperativas

37

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Ambiente anárquico

 Clima de opressão e medo nas classes média e alta

ELEIÇÕES DE 1975 – INVERSÃO DO PROCESSO REVOLUCIONÁRIO


O partido socialista impulsiona a realização das eleições constituintes prometidas no programa
do MFA dentro do prazo marcado

 Sufrágio verdadeiramente universal


 Dia 25 de abril de 1975
 Marca a vida cívica e política dos portugueses
 Recenseamento
 Muito concorrida – baixa taxa de abstenção – acorrem às urnas 91,5% dos eleitores
 PS vencedor das eleições
Socialistas são reforçados pelo apoio eleitoral e encabeçam a luta moderada contra o radicalismo
revolucionário
Julho 1975 – PS e PSD abandonam o IV Governo que se desfaz – o seu esforço é mobilizado para
regressar ao espírito inicial do MFA
VERÃO QUENTE DE 1975:

 Clima de guerra civil


 Grandes manifestações na rua, assaltos a sedes partidárias (PCP o mais atingido)
 Proliferação de organizações armadas revolucionárias de esquerda e de direita
 Documento dos 9:
o Nove oficiais do Conselho da Revolução criticam abertamente os setores radicais
do MFA
o Querem o regresso ao projeto inicial do MFA e acusam-no de incitar à violência
e ao ódio
o Destituição do Vasco Gonçalves
o Formação do VI Governo (Pinheiro de Azevedo)
o Nomeação de Vasco Lourenço (um dos 9) para comando da região militar de
Lisboa em substituição de Otelo Carvalho
Golpe militar a 25 de novembro:

 Militares VS militares
 Paraquedistas de Tancos
 Em defesa de Otelo e do processo revolucionário
 Clima de guerra civil
 Falha
Implantação de uma democracia liberal possível.

38

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

POLÍTICA ECONÓMICA ANTIMONOPOLISTA E INTERVENÇÃO DO ESTADO NO


DOMÍNIO ECONÓMICO-FINANCEIRO
Nacionalizações:

 No rescaldo do golpe aprova-se a nacionalização de todas as instituições financeiras


 Em maio um decreto-lei determina a nacionalização das grandes empresas ligadas aos
setores económicos de base (considerando a necessidade de reconstruir a economia por
uma via de transição para o socialismo)
 Medidas que alargam a intervenção do Estado na esfera económica e financeira
 Pressão das forças político-sociais de esquerda
 Com o objetivo do desmantelamento dos grandes grupos económicos (monopolistas), a
apropriação pelo Estado dos setores-chave da economia + reforço dos direitos dos
trabalhadores
 Começa logo com o I Governo:
o Nacionalização dos bancos emissores (Banco de Portugal, Banco Nacional
Ultramarino, Banco de Angola)
o Concretizado em setembro – acionistas dos 3 bancos receberam as
indemnizações previstas
o Legislação que permitia ao Estado superintender e fiscalizar todas as instituições
de crédito
o Direito do Estado de intervir nas empresas cujo funcionamento não contribuísse
para o desenvolvimento económico do país
 Durante os IV e V Governos – corpos gerentes de várias empresas são substituídos por
comissões administrativas nomeadas pelo Governo
 A radicalização do PREC depois de 11 de março alarga o intervencionismo estatal
CONCEITO: Nacionalização:

 Apropriação pelo Estado de uma unidade de produção privada ou de um setor produtivo


 Não determina a perda da personalidade jurídica e da autonomia financeira
 Portugal não acompanha a vaga de nacionalizações que se regista depois da Segunda
Guerra
 Depois do 25 de abril são nacionalizadas instituições financeiras, empresas ligadas aos
setores económicos mais importantes e grandes extensões de terra agrícola (num curto
espaço de tempo)
Situação do mundo rural:

 Tensões acumuladas entre proprietários das terras e trabalhadores agrícolas (em situação
de miséria crescente)
 Confronto aberto – encaminha as explorações agrícolas para a via coletivista
 Janeiro de 1975 – primeiras ocupações de terras pelos trabalhadores que rapidamente se
estendem a várias áreas do Sul (distritos de Beja, Évora, Portalegre, Setúbal, Castelo
Branco e Guimarães)
Reforma agrária:

 Processo de coletivização dos latifúndios do Sul entre 1975 e 1977


 Características: ocupação de terras pelos trabalhadores, expropriação, nacionalização
pelo Estado e constituição de Unidades Coletivas de Produção (UCP)
 Recebe cobertura legal sob pressão das forças políticas de esquerda: Governo avança com
a expropriação das grandes herdades

39

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 A propriedade do solo expropriado passa para o Estado mas cada UCP tem posse plena
das alfaias agrícolas e total liberdade de autogestão – comissões eleitas pelos
trabalhadores
 Ter-se-ão constituído cerca de 500 UCP envolvendo um total de 60 mil camponeses
O processo de nacionalização termina com o 25 de novembro, a reforma agrária não.
A expropriação de terras continua ao longo de 1976, em parte devido à militância do PCP.
Direitos dos trabalhadores:

 Legislação com vista à proteção dos trabalhadores e grupos economicamente


desfavorecidos
 Novas leis laborais que dificultam os despedimentos
 Instituição do salário mínimo nacional
 Aumento das pensões sociais e da reforma
 Artigos de primeira necessidade tabelados para controlar o surto inflacionista
 Elevação do nível de vida das classes trabalhadoras

CONSTITUIÇÃO DE 1976
2 Junho 1975 – primeira sessão solene da Assembleia Constituinte desde a elaboração da
Constituição de 1911
Deputados não possuem total liberdade de decisão apesar de eleitos democraticamente: o MFA
impôs aos partidos a assinatura de um compromisso que preservava as conquistas revolucionárias:
Primeiro Pacto MFA-Partidos (perto da conclusão do trabalho da Assembleia é substituído pelo
segundo pacto mais moderado mas condicionador da capacidade legislativa da Constituinte). O
MFA está presente na constituição, acalmando os radicais
Ambiente de pressão política (entre o verão quente e o 25 de novembro)

 Mantém como órgão de soberania o Conselho da Revolução: garante do processo


revolucionário, continua a funcionar em estreita ligação com o PR, poder no tribunal
constitucional
 Pendor socialista e revolucionário sobretudo no que à economia diz respeito
 Define Portugal como um estado democrático
 Reconhece o pluralismo democrático
 Confere a todos os cidadãos a mesma dignidade social
 Adoção dos princípios da Declaração Universal dos Direitos Humanos
 Eleição direta por sufrágio universal da Assembleia Legislativa e do Presidente da
República
 Independência dos tribunais
 Respeito pela vontade popular na concessão de autonomia política às regiões insulares
dos Açores e Madeira
 Instituição de um modelo de poder local descentralizado e eleito por via direta
 Entra em vigor dia 25 de 1976
 Compromisso das diferentes conceções ideológicas defendidas pelos partidos da
Assembleia
 Em termos políticos pende para o demoliberalismo e em termos económicos pende para
o socialismo

40

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

2.2.3. RECONHECIMENTO DOS MOVIMENTOS NACIONALISTAS E PROCESSO DE


DESCOLONIZAÇÃO
A resolução da guerra colonial foi um dos motores mais fortes do golpe militar – assim como foi
um aspeto que mais dividiu o MFA
PROCESSO DESCOLONIZADOR:

 Pressões internacionais depois do golpe


 Apelo à JSN pela ONU e a OUA (10 de maio) para consagrar o princípio da
independência das coloniais
 OUA interfere no processo negocial – exige independência de todos os territórios
 União dos movimentos de libertação
 “Independência pura e simples” – apoio da maioria dos partidos
 Manifestações
 Conselho de Estado aprova a leia que reconhece o direito das colónias à independência
 Intensificação das negociações com o PAIGC, FERLIMO, MPLA e UNITA – únicos
movimentos cuja legitimidade para representarem os povos é reconhecida por Portugal
 Angola teve uma situação mais complexa (existiam 3 movimentos de libertação mais só
a UNITA é que foi reconhecida)
 15 Janeiro é assinado o acordo que marca a independência de Angola para 11 de
novembro 1975 – Acordo de Alvor
 Só a Guiné é que conseguiu a sua independência efetivada logo em setembro de 1974
 Acordos institucionalizavam um período de transição curto para a transferência de
poderes – as estruturas conjuntas de Portugal e dos movimentos de libertação asseguram
o respeito pela legalidade e pela ordem
Posição frágil para Portugal:

 Para impor condições e para fazer respeitar acordos


 Desmotivação geral do exército
 Deterioração das relações entre os militares africanos e comandos europeus
 Instabilidade política na metrópole
Portugal não consegue assegurar os interesses dos portugueses residentes no Ultramar.
Em Moçambique:

 Confrontos de cariz racial iniciam de imediato


 Fuga da população branca
Em Angola:

 Caso mais grave


 Os 3 movimentos de libertação não conseguem superar os seus antagonismos
 O governo de transição não funciona e é abandonado pela FNLA e UNITA
 Obriga Portugal a decretar a suspensão do acordo de Alvor
 A constituição de forças armadas mistas não acontece
 MPLA, FNLA e UNITA reforçam as fileiras com armamento estrangeiro e mobilizam
todos os seus efetivos
 Guerra civil (março 1975)
 As forças portuguesas apenas controlam os principais centros urbanos – os nacionais
esperavam o regresso a Portugal
 Setembro e outubro: ponte aérea evacua os cidadãos portugueses de Angola

41

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Impossibilidade de cumprir o acordo de Alvor


 PR decide transferir o poder para o povo Angolano sem reconhecer estrutura governativa
afeta aos movimentos de libertação
Guiné, Angola e Moçambique tornam-se repúblicas populares

 Guiné alvo de violência política e golpes militares de Estado


 Moçambique é alvo de uma guerra civil patrocinada pelos estados de minoria branca
 Angola: governo do MPLA é reconhecido mas isso não garante a paz. Forças da UNITA
e do MPLA confrontam-se até 2002 quando o líder do UNITA é assassinado – durante 4
décadas o povo de Angola vive em clima de guerra permanente.

2.2.4. REVISÃO CONSTITUCIONAL DE 1982 E FUNCIONAMENTO DAS INSTITUIÇÕES


DEMOCRÁTICAS
Das críticas à constituição de 76 sobressai o excessivo comprometimento com o socialismo e um
défice democrático.
Passados 4 anos de “período de transição”; a Assembleia da República procede à primeira revisão
constitucional.

 Atenua a polémica em torno da Lei Fundamental


 Em termos económicos não se afasta significativamente da linha ideológica inicial
 Os artigos que proibiam retrocessos nas nacionalizações e na reforma agrária mantêm-se
inalterados
 Mantém os princípios socializantes mas mais suavizados
 Alterações a nível das instituições políticas:
o Abolição do Conselho de Revolução como órgão coadjuvante da Presidência
(liberta o poder central de condicionamentos militares)
o As Forças Armadas estão subordinadas ao poder político
o Limitação dos poderes do presidente
o Aumento dos poderes da instituição parlamentar
Reforço do cariz democrático-liberal: sufrágio popular e equilíbrio entre os órgãos de soberania
ÓRGÃOS DE SOBERANIA:
Presidente da República:

 Eleito por sufrágio direto e maioria absoluta


 Legitimidade democrática
 Assistido pelo Conselho de Estado – consulta obrigatória em todas as decisões relevantes
 Mandado de 5 anos: é interdito ao mesmo presidente mais do que 2 mandatos
consecutivos
 Funções de salvaguarda constitucional (poder de veto)
 Moderação do poder político
 Mais alto magistrado da Nação
 Zelar pelo funcionamento das instituições
 Poder de demitir o Governo e de dissolver a Assembleia a República (convocação de
eleições legislativas antecipadas)
 Caráter semipresidencialista da constituição

42

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Assembleia da República:

 Deputados eleitos por círculos eleitorais correspondentes aos distritos e às regiões


autónomas
 4 Anos de legislatura (salvo dissolução antecipada)
 Deputados organizam-se por grupos parlamentares de acordo com os partidos
 Órgão legislativo por excelência
 A constituição e a manutenção do Governo resultam do jogo de forças dos partidos
representados
Governo:

 Órgão executivo
 Compete-lhe a condução da política geral
 O primeiro-ministro é designado pelo PR de acordo com o resultado das eleições
legislativas (a escolha recai sobre o chefe do partido mais votado)
 Competências legislativas exercidas através de decretos-leis e de propostas de lei que
apresenta à Assembleia
Tribunais:

 Os juízes são nomeados pelos conselhos superiores da magistratura (e não pelo ministro
da justiça como anteriormente)
 Poder judicial autónomo com a Constituição de 76 – imparcialidade
 Revisão de 82 cria o Tribunal Constitucional:
o Compete-lhe zelar pelo cumprimento das disposições constitucionais
o Receber e aceitar candidaturas à Presidência da República
o Proceder ao registo dos partidos, etc.
Governo das regiões autónomas:

 Assembleia Legislativa Regional (eleita como a Assembleia da República)


 Governo regional (de acordo com os resultados eleitorais)
 Ministro da República designado pelo Chefe de Estado – cabe-lhe nomear o Governo
regional e promulgar os diplomas legais
Poder local:

 Municípios e freguesias – ambos dispõem de um órgão legislativo (Assembleia


Municipal e Assembleia da Freguesia) e órgão executivo (Camara Municipal e Junta de
Freguesia)
 Autarquias eleitas diretamente pelas populações: papel relevante no desenvolvimento
local e na resolução dos problemas específicos das áreas

2.3. SIGNIFICADO INTERNACIONAL DA REVOLUÇÃO PORTUGUESA


Elogios por parte da comunidade internacional pelo derrube da ditadura mais velha da Europa –
elogios à forma não violenta do golpe de estado e ao programa liberalizador. Vitória da
democracia. Projeto descolonizador.
1974 – Discurso do presidente português na Assembleia Geral da ONU
A Revolução contribui para quebrar o isolamento e hostilidade de que tínhamos sido alvo –
recupera a dignidade e aceitação internacional.

43

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

O fim do governo marcelista representa o princípio do fim dos regimes autoritários na Europa
Ocidental:

 Queda em julho do “regime dos coronéis” na Grécia (desde 1967)


 Restauração da democracia em Espanha após a morte de Francisco Franco (influência na
democratização de Espanha)
A independência das colónias contribui para o enfraquecimento dos bastiões brancos da região
como a Rodésia e a África do Sul
Na Rodésia:

 Regime segregacionista de Ian Smith é confrontado com a força da oposição negra


 Os guerrilheiros encontram uma base de apoio em Moçambique
 Realização de eleições livres em 1980 – vitória ao dirigente negro Robert Mugabe
 Mudança de nome para Zimbabué – em memória da civilização negra que aí floresceu
Todas estas mudanças põem em evidência a desumanidade do regime de apartheid sul-africano,
que resiste até 1994

 Apartheid consiste no desenvolvimento separado das raças (sentido literal) sob a


supremacia da raça branca (no país representava 17% da população
 O sistema incluía a separação territorial e a discriminação jurídica que afasta os não
brancos dos lugares públicos e das zonas residenciais destinados à minoria branca.
Em 1994 realizam-se as primeiras eleições – Nelson Mandela é o primeiro presidente negro da
África do Sul

UNIDADE 3 – TRANSFORMAÇÕES SOCIAIS E CULTURAIS DO


TERCEIRO QUARTEL DO SÉCULO XX
3.1. ARTES, LETRAS, CIÊNCIA E TÉCNICA
3.1.1. IMPORTÂNCIA DOS POLOS CULTURAIS ANGLO-AMERICANOS
Consciência do indivíduo ocidental chocada com as crueldades do Holocausto e
bombardeamentos atómicos
A Europa não se encontra em condições de liderar a política internacional ou o processo
civilizacional.
Importância dos Estados Unidos:

 Uma das cabeças do mundo bipolar


 Assume a condução do Ocidente – campo político, económico e no campo das
transformações sociais e culturais
 As inovações deixam de surgir de Paris, Berlim, Milão, Viena, Moscovo, enfim, cidades
Europeias, e passam a surgir em Nova Iorque
 É nos USA que se produzem as alterações mais significativas, as grandes polémicas no
mundo da arte, e as vanguardas.

44

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

Causas do protagonismo cultural:

 Burguesia próspera, ciosa de promoção cultural


 Mecenato privado generoso – patrocínio à fundação de galerias e grandes museus como
o MoMA (1929) e a Fundação Solomon R. Guggenheim (1939)
 Estes espaços abrem-se a vanguardistas – garante de projeção e visibilidade
 Abraçam a liberdade de expressão
 Antigas cidades que repeliam as vanguardas “degeneradas” de Hitler e “burgueso-
fascistas” de Estaline. Europa devastada pela guerra afugentava criadores.
 A América anglo-saxónica acolhe e incentiva inúmeros intelectuais e artistas.
Escola de Nova Iorque:

 Responsável pela dinamização das artes do pós-guerra


 Europeus emigrados juntamente com talentos americanos
 Experiências vanguardistas do expressionismo abstrato.

3.1.2. REFLEXÃO SOBRE A CONDUÇÃO HUMANA NAS ARTES E NAS LETRAS


EXPRESSIONISMO ABSTRATO (1945-1960)

 Conjunto de tendências pictóricas dos anos 40 e 50 do séc. XX


 Têm em comum: substituição do figurativismo pelo abstracionismo – integram processos
técnicos de execução das formas e aplicação da cor influenciados pelo surrealismo e pelo
expressionismo
 Emerge nos USA, imediatamente depois da guerra
 Qualquer figurativismo lembrava os cânones estéticos nazis ou o realismo socialista
 Jackson Pollock e Willem De Kooning – expoentes do expressionismo abstrato
 Pintura intuitiva, formas simbólicas e desconstruídas, cores vivas e dissonantes
 Procuram que a pintura expresse o ato criativo e o gesto do pintor, mais do que um tema,
assunto ou objeto
 Aproximação ao automatismo psíquico dos surrealistas:
o A pintura é um testemunho de sensibilidade individual e de ocorrências psíquicas
do autor
o Escapam ao controlo racional, tal como os sonhos, pesadelos e traumas
 Harold Rosenberg (1952) caracteriza o gestualismo do expressionismo abstrato: action
painting (pintura de ação) – alusão ao ato de pintar que a corrente pretendia documentar.
 O efeito do action painting não pode ser previsto pelo pintor: resulta do acaso
 Muitos quadros não têm nome, apenas número, data de criação ou designação de “sem
título”
 O quadro só existia no momento em que o observador o contemplava
 Pollock e De Kooning: abstração lírica e expressiva
 Barnett Newman, Mark Rothko e Ad Reinhardt: abstração geométrica
 Preenchem telas com superfícies cromáticas claras e planas – devem produzir o efeito da
pintura pura

POP ART (1958-1965)

 Arte popular
 Pretende exprimir a aproximação à cultura e aos meios de comunicação de massas

45

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Integra objetos e temas da sociedade de consumo


 Em simultâneo na Inglaterra e nos USA
 Critica ao abstracionismo elitista e subjetivo
 Pop art reconcilia o grande público com a arte
 Retoma a figuração, fácil apreensão
 Retira os temas e objetos do mundo de produtos e imagens que a sociedade de massas
consome
 Concorrência com os media visuais
 Objetos de uso corrente (pacotes de detergente, garrafas de Coca-Cola, latas de sopa)
 Exibição de rostos de artistas e personalidades famosas que as massas consomem no
cinema e na TV
 Banalização da arte
 Identificação com os media
 Andy Warhol:
o A própria obra é um objeto de consumo corrente e estandardizado
o Técnica da serigrafia
o Impressão de fotografias nas telas – reprodução rápida e de forma variada – séries
e versões diferentes dos quadros
 Roy Lichtenstein:
o Imagens de banda desenhada descontextualizadas
o Execução técnica através do contorno e pontilhismo da ampliação das gravuras
 Critica irónica e jocosa dos padrões de cultura americana, visão sarcástica dos símbolos
e ritos do quotidiano
 Pop art inglesa: Richard Hamilton, Peter Blake, David Hockney, Allen Jones
 Sentido de humor provocatório
 Processos de impressão iguais aos Americanos + uso de colagens e integração de objetos
comuns

ARTE CONCEPTUAL (ANOS 60 E 70)

 Internacional
 Secundariza a obra de arte enquanto objeto físico
 Privilegia o conceito ou a ideia
 Desmaterialização da arte inspirada no dadaísmo
 Superioridade do pensamento do artista em relação à execução
 Despreza a existência material da arte
 Yves Klein, Joseph Kosuth, Piero Manzoni
 Recorre à escrita e à fotografia – documentam o pensamento do artista e elevam-se à
categoria de obras de arte
 Apelo à reflexão filosófica – à busca de sentido
 Arte que deve ser pensada, não vista
 EUA e Europa
 Tendências: minimalismo, movimento internacional Fluxus, pintura sistémica, pintura
analítica.
EXISTENCIALISMO:

 Corrente filosófica na Europa entre as duas guerras mundiais


 Reflexão sobre a liberdade individual

46

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Privilegia a existência como uma experiência pessoal e não como um atributo


 Existencialismo ateu (Sartre): nega a existência de deus; e existencialismo cristão
(Gabriel Marcel e K. Jaspers): substitui a transcendência moral pelo amor interpessoal
LITERATURA EXISTENCIALISTA:

 Sensação de destruição e vazio depois da segunda guerra


 Reflexão sobre o sentido da existência humana: se o homem é um ser responsável, se
pode escolher livremente, onde está a realidade da liberdade humana
 Karl Jaspers, Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre
 Inversão do racionalismo cartesiano
 O desejo de saber, a vontade de comunicar e a procura da verdade surgem a torno da
existência do indivíduo
 Antes de pensar, nós existimos
 O indivíduo é a obra de si mesmo – fruto das suas ações
 A existência precede a essência
 O homem está condenado à liberdade de encontrar o seu próprio sentido
 Angustia existencial – manifestação da liberdade da condição humana
 Contingência da existência, o nada, a culpa, a morte, o absurdo
 Obras literárias: Sartre, Simone de Beauvoir, Albert Camus
Influência do existencialismo nas áreas da: psicologia, psiquiatria, cinema, jazz, artes plásticas
Do ponto de vista social: afeta os hábitos de vida dos jovens do pós-guerra: critica aos valores
tradicionais e busca da liberdade pessoal

3.1.3. PROGRESSO CIENTÍFICO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA


Interagem
Estimulados pela concorrência económica entre empresas e pela competição política entre estados
(corrida espacial da guerra fria)
Maiores investigações teóricas nas áreas da Física, da Química e da Biologia
Efeitos: produção da energia nuclear, eletrónica, informática, cibernética, progressos médicos e
alimentares
ENERGIA NUCLEAR:

 Físicos: Max Plack, Einstein, Niels Bohr, E. Fermi


 Bombas atómicas em agosto 1945
 Década de 50: fins pacíficos da energia nuclear
 Produção de eletricidade, acionamento de submarinos e navios, sistemas de diagnóstico
na Medicina sem o perigo da absorção de raios X (tomografia axial computadorizada
TAC)
ELETRÓNICA, INFORMÁTICA E CIBERNÉTICA

 Invenção do transístor (substitui válvulas eletrónicas)


 Invenção do chip ou circuito integrado: possibilitam a miniaturização e aperfeiçoamento
de equipamentos
 Rádio, televisão, computadores, telefones, eletrodomésticos, automóveis
 Laser: aplicações na medicina, no lar, na guerra, suportes de imagem e de som

47

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Computador: avanços que permitem acelerar os cálculos, o armazenamento, a


recuperação e a distribuição de informação. Revolução informática
 Usos do computador: administração estatal, gestão contabilística, controlo de processos
industriais, triagem e correspondência, vida académica, pesquisa científica
 Inteligência artificial e expansão da cibernética
 Produção de robôs: automatização da indústria e exploração do espaço
PROGRESSOS DA MEDICINA E ALIMENTAÇÃO
Medicina:

 Pesquisas bioquímicas
 Progressos preservam e prolongam a vida humana
 Descoberta da penicilina (1948, Fleming), produzida industrialmente para salvar vidas de
infeções bacterianas
 Vacinas: regressão da poliomielite, sarampo e pneumonia
 Transplantes cardíacos (iniciados em 1967) – confiança na medicina cirúrgica
 Nascimento da primeira criança por fertilização in vitro – técnicas de reprodução assistida
 Biotecnologia:
 Descoberta da estrutura do ADN e do código genético (1953): permitem as pesquisas
patológicas (doenças hereditárias, cancro) e imunitárias
Campo alimentar:

 Criação de famílias de plantas mais fortes e produtivas


 Avanços na agronomia, técnicas de reprodução e de genética
 Revolução Verde (México, 1962) – cultivo de variedades de trigo, milho e arroz,
resistência às pragas, auxiliar para os agricultores empobrecidos
Malefícios associados:

 Ameaça nuclear
 Poluição
 Esgotamento dos recursos naturais
 Manipulação genética
Aumento da esperança média de vida. Rede de comunicações a interligar a Humanidade. Mundo
como aldeia global.

3.2. MEDIA E HÁBITOS SOCIOCULTURAIS


3.2.1. NOVOS CENTROS DE PRODUÇÃO CINEMATOGRÁFICA
 Filme a cor
 Ecrãs panorâmicos
 Superproduções musicais
 Temáticas socioculturais: próximas do grande público, direcionadas aos jovens (rebeldia,
irreverência, vida nos subúrbios)
Novos centros:

 Índia – Bollywood: cinema-espetáculo, construção musical própria, discórdias familiares,


amores contrariados, peripécias históricas e políticas (nação recém-independente)
 Cinema japonês
 Cinema novo brasileiro

48

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Suécia
 Itália: cinema neorrealista – cenários naturais, atores não profissionais, exploração dos
pequenos-grandes problemas das pessoas comuns
 França: nouvelle vague – defende o cinema como arte, os realizadores são autores de
filmes, narrativa ágil e moderna, dirigida ao público jovem, intelectual e cosmopolita
Diversidade de países, realizadores e movimentos. Dinamiza massas.
Cinema com o estatuto de Sétima Arte

3.2.2. IMPACTO DA TELEVISÃO E MÚSICA NO QUOTIDIANO


Televisão:

 As primeiras experiências têm lugar nos anos 30 na Grã-Bretanha, USA, França e


Alemanha
 Só após o conflito mundial é que a televisão se torna um grande meio de comunicação
(juntando-se à rádio e ao cinema)
 USA encabeçam o progresso tecnológico – nos USA há mais TV por habitante e mais
horas passadas em frente ao televisor
 Veículo de entretenimento
 Comédias, séries dramáticas ou de ação, telenovelas, concursos de dinheiro – garante um
número elevado de audiências e receitas com a publicidade
 “american way of life” disseminado através da televisão
 Fonte de informação e conhecimento dos eventos internacionais (chegada à lua em 1969)
 Uso político da TV: comportamentos eleitorais. Político telegénico.
 Desfecho da guerra do Vietname televisionado – a opinião pública passa a fazer parte da
guerra, obrigando a resolução do conflito
 Críticas: declínio da leitura e da frequência das salas de cinema, manipulação
Música:

 Protagonismo dos jovens no pós-guerra


 Música ligeira a partir dos anos 50
 Rock and roll: gestual erótico, ritmo enérgico e vibrante, afastamento da linha melódica
dos anos 40. Combina ritmos afro-americanos com a música country branca
 Música que exprimia a rebeldia e anticonformismo da nova juventude
 Rock and rol:Bill Haley, Elvis Presley. Beatles.
 Rolling stones, Bob Dylan, Joan Baez, Donovan
 Canção como instrumento de crítica social – denuncia a pobreza, o racismo, a destruição
da natureza, armas nucleares, a guerra: contestação juvenil

3.2.3. HEGEMONIA DOS HÁBITOS SOCIOCULTURAIS NORTE-AMERICANOS


EUA: prosperidade económica, sociedade de abundância, avanços tecnológicos, dinamismo
artístico e cultural. Filmes de Hollywood propagam os valores e estereótipos do american way of
life

 Casa individual, eletrodomésticos, TV, carro. Café solúvel, sopas instantâneas: comida
previamente feita
 Fast-food

49

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

3.3. ALTERAÇÕES NA ESTUTURA SOCIAL E NOS COMPORTAMENTOS


3.3.1. TERCIARIZAÇÃO DA SOCIEDADE
Expansão dos trinta gloriosos repercute-se na estrutura da população ativa.
Nos países capitalistas liberais: mecanização, pesquisa agronómica e zoológica, utilização de
adubos e práticas de irrigação – produtividade dos solos – permite exportações. Os progressos
técnicos são desnecessários a muitos agricultores
O setor primário recua – morte do campesinato
Aceleração do êxodo rural – aumento da população urbana (emprego na indústria)
Os trabalhadores no setor secundário não registam aumento significativo – automação do fabrico
industrial
Terciarização: assinala a evolução social do mundo desenvolvido

 Subida de qualificação das massas trabalhadoras (aumento da escolaridade)


 Conta com trabalhadoras mulheres
 Funcionários do estado, quadros técnicos, empregados de escritório das empresas
industriais, trabalhadores do comércio, da publicidade, dos transportes, media, bancos,
forças de segurança, educação, saúde, lazer.

3.3.2. ANOS 60 E A GESTAÇÃO DE UMA NOVA MENTALIDADE


PROCURA DE NOVOS REFERENTES IDEOLÓGICOS
Crítica ao individualismo, à desumanização e ao materialismo do capitalismo. Medo do conflito
nuclear (crise dos mísseis de Cuba)
Ecumenismo:

 Movimento que preconiza a união de todas as igrejas cristãs


 Contactos frequentes depois da primeira guerra e convergem na criação do Conselho
Ecuménico das Igrejas (COE) 1948 em Genebra
 Colaboração de ortodoxos e protestantes – Igreja Católica não é membro do Conselho
mas envia observadores às assembleias
 Resposta para os descontentamentos e inquietações
 Para esbater os dissídios e procurar a concórdia dos cristãos (considerada importante para
o entendimento entre os indivíduos)
 A Igreja Católica mantém-se conservadora, não detém a vaga de descristianização
Outros referentes ideológicos nos anos 60: proteção da Natureza, igualdade de direitos entre
brancos e povos de cor, entre homens e mulheres, pacifismo, reforma do sistema educativo,
liberdade sexual.
Ecologia:

 Noção dos preços a pagar pelo progresso tecnológico


 Acidentes em centrais atómicas, contaminações químicas mortais, superpovoamento
 Necessidade de redução das experiências nucleares
 Problema da poluição e do esgotamento dos recursos naturais
 Controlo do crescimento económico para garantir a proteção ambiental

50

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

 Ecologia: ciência que estuda as relações dos seres vivos entre si e com o ambiente.
Criação de associações para a proteção da natureza. Partidos ecologistas nos anos 80
Contestação juvenil:

 População muito jovem


 Procura de um estilo de vida diferente dos progenitores
 Movimento de contestação por parte dos estudantes para mudanças no funcionamento
dos cursos. Luta dos negros pelos direitos civis, emancipação da mulher, movimento
pacifista (contra a participação na guerra)
 Revolta estudantil (maio 1968): denunciam a falta de condições das universidades,
escassez de instalações e professores, contra a guerra do Vietname, contra o imperialismo
americano e totalitarismo soviético
 Greves e ocupações de fábricas
 Símbolo de combate
Movimento pacifista:

 Ações como manifestações, marchas boicotes contra o envolvimento dos EUA no


Vietname e ao clima de insegurança mundial
Movimento hippie:

 Vida alternativa em comunas


 Liberdade sexual, amor livre, pacifismo
 Despojamento e despreocupação
 Vestuário e estilos de cabelo específicos – leves, cabelos longos, tecidos floridos
 Consumo de alucinogénios
 Festivais de música ao ar livre
Contracultura:

 Estilo de vida juvenil


 Contra valores materialistas da sociedade capitalista
 Ausência de regras sociais e morais
 Espiritualismo, pacifismo, regresso à natureza
 Automarginalização nos anos 60
 Costumes libertários e gostos artísticos da geração beat (boémios, intelectuais)
Direitos da mulher:

 Entrada das mulheres no mercado de trabalho


 Expensão da educação superior
 Sexo feminino com mais visibilidade social e cultural
 Movimentos feministas – ações sufragistas
 Manifestações, marchas, protestos, campanhas de pressão junto os órgãos do governo
 Igualdade de direitos da mulher a nível civil, no trabalho e na vida afetiva
 Igualdade civil: mulher considerada inferior e submetida à tutela do marido
 No trabalho: discriminação salarial, ausência da proteção à maternidade
 Na vida afetiva: mulher enquanto mulher e não como esposa submissa e mão abnegada
 Campanhas pela contraceção, pelo direito ao divórcio e ao aborto
 Revolução sexual feminina
Outros movimentos de igualdade racial e LGBT

51

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)


lOMoARcPSD|8487305

52

Downloaded by fernanda reis (fernandasjreis@gmail.com)

Você também pode gostar