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Geografia C

Trabalho realizado por:


● Ana Teixeira Nº:1
● Eduarda Leite Nº:13
● Mariana Fernandes Nº:15

0
Introdução 2

Tema 1 O Sistema Mundial Contemporâneo 3


1.1. Introdução ao mundo globalizado 3
1.1.2. A relação local/global 6

Tema 2 Um Mundo Policêntrico 8


2.1 Antecedentes geopolíticos e geoestratégicos 8
2.1.1 O pós segunda guerra mundial e a definição da nova ordem económica mundial
(NOEM) 8
2.1.2 Características político-económicas nas últimas décadas do século XX 10
2.1.3 O esboçar de uma nova ordem mundial (NOM) 18
2.2. A emergência de novos centros de poder 20
2.2.2. A rápida transformação dos mapas económicos 22
2.2.3- O Terceiro Mundo e a nova ordem global 23
2.3 O papel das organizações internacionais 25
2.3.1. O pós guerra e a emergência das organizações internacionais 25
2.3.2. O papel das organizações formais 26
2.3.3. O papel das organizações informais 33
2.4. A (re)emergência de conflitos regionais 35
2.4.1. Os nacionalismos 35
2.4.2. Os fundamentalismos 39
2.4.3. As guerras de água 40

Conclusão 45

Vídeos sobre a matéria 49

Bibliografia 50

1
Introdução

Neste trabalho pretendemos abordar todos os conceitos e temas solicitados pela


professora. Com isto, queremos falar um pouco sobre cada temática presente no manual
de 12ºano e assim resumir os temas principais retirando só e apenas o essencial de cada
tópico. Ainda neste trabalho tentamos colocar recursos (como por exemplo: vídeos,
imagens, mapas, gráficos, documentos, notícias, etc…) que ajudem no estudo e na
compreensão da matéria solicitada para o trabalho. Estes recursos também irão ajudar no
esclarecimento de dúvidas caso estas decidam aparecer, ou tenham aparecido ao longo da
realização do trabalho.
Para concluir, esperamos fazer um trabalho completo e com tudo o que é importante.

2
Tema 1 O Sistema Mundial Contemporâneo

1.1. Introdução ao mundo globalizado


Mundialização e globalização: manifestações e processos

A terra é um sistema que está em constante movimento e alteração.


Atualmente o mundo encontra-se marcado pela facilidade da circulação de bens,
informação, serviços, capitais e pessoas.
Nos dias de hoje ouvimos falar com mais frequência sobre o que é a globalização e a
mundialização.

https://www.youtube.com/watch?v=CpkjTkCFOjQ - Vídeo sobre a globalização.


Conceitos:
Mundialização: A mundialização está sobretudo ligada à política, economia, tecnologias
e culturas.
Globalização: Surgiu como uma forma mais avançada de mundialização porque não liga
tanto à política, economia e tecnologias mas sim dá importância a cultura e aos fluxos
migratórios e a circulação de pessoas...

Principais autores da globalização:

● Ulrich Beck;
● Zygmunt Bauman;
● Milton Santos;
● Anthony Giddens;
● Michel Chossudovsky;
● Roland Robertson;
● Boaventura de Sousa Santos;
● Joseph Stiglitz;
● Jürgen Habermas;
● James H. Mittelman;
● Karl Marx;
● George Soros; Fig.1 Globalização

3
Aspetos positivos e negativos da globalização:
Aspetos positivos:

● Oferece benefícios a empresas na competição internacional;

● Enriquece o investimento;

● Ajuda os empresários que queiram exportar;

● Devido a grande quantidade de concorrência, o preço de alguns produtos


diminui;

● Aumenta a quantidade de mercadorias à disposição do consumidor;

● Oferece acesso a produtos que não são produzidos localmente;

● Facilita a cooperação entre países;

● Favorece o acordo em causas sociais;

● Beneficia o intercâmbio cultural entre os países.

Aspetos negativo:
● Não assegura vantagens a países em desenvolvimento;
● Permanece ou aprofunda a desigualdade internacional;
● Causa desemprego na área da manufatura em países desenvolvidos;
● Aumenta a procura dos trabalhadores em países em desenvolvimento;
● A globalização permite o livre movimentação de capitais, mas não de pessoas;
● Intensifica a poluição;
● Promove a semelhança cultural.

A globalização e a mundialização têm vários auxílios


como por exemplo:
● as redes de transporte e as telecomunicações;
● as empresas.
Fig.2 Globalização

Tanto a mundialização como a globalização têm tido grande prestígio nas últimas
décadas, mas com raízes no passado.

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Foi a finais do século XX e nos inícios do século XXI onde a globalização ganhou mais
visibilidade.

Tanto a globalização como a mundialização têm origens a nível económico, social,


cultural, demográfico e jurídico.

Diferentes dimensões da globalização:

● Dimensão económica;
● Dimensão política;
● Dimensão social;
● Dimensão ambiental;
● Dimensão cultural;

Fig.3 Dimensões da globalização

Notícia sobre a multinacional que fechou em Portugal:


https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/mais_de_65_mil_empresas_fechara
m_em_portugal_nos_ultimos_cinco_anos

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1.1.2. A relação local/global

Conceito:
Aldeia Global:
- O conceito de aldeia global foi criado em 1960 por um filósofo
canadiano Marshall McLuhan.
- Refere-se a diminuição de distâncias, e a evolução tecnológica que
levou a uma série de dependências mútuas, facilitando a
intercomunicação direta entre pessoas independentemente da
distância, como numa aldeia.
Glocalização:
- Conceito surgido, ao que aparenta, no Japão, é uma variante dos
conceitos de globalização e mundialização. Designa a combinação crescente do local e
do mundial, das situações económicas locais com a economia mundial.

União Europeia (UE)


União Magrebina Árabe (UMA)
Associação das Nações do Sudoeste Asiático (ASEAN)
OPEP
Estas associações são fruto da hegemonia exercida por algumas das economias
planetárias como por exemplo os EUA, a China e a União Europeia.
Algumas destas associações acabaram e foram criadas mais algumas, como por exemplo:
PAFTA (Pacific-Asia Free Trade Area - Área de Comércio Livre da Ásia-Pacifico)

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NAFTA (Acordo Norte-Americano do Comércio Livre)

ASEAN (Associação das Nações do Sudoeste Asiático)

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Tema 2 Um Mundo Policêntrico
2.1 Antecedentes geopolíticos e geoestratégicos
2.1.1 O pós segunda guerra mundial e a definição da nova ordem
económica mundial (NOEM)
Perante estes acontecimentos que deram origem à atualidade. Alguns destes
acontecimentos que levaram à atualidade foi como
por exemplo a segunda guerra mundial, de 1939 a
1945, envolvendo o mundo de uma forma direta e
indireta.
Nesta guerra perderam-se vidas nas cidades, nos
campos de extermínio e também nos de batalha.

Fig.7/8 Pós segunda guerra mundial

Na Europa em meados de 1945 eram visíveis marcas da guerra. Os prejuízos tanto


humanos como materiais eram bastante visíveis.(Fig 7/8)
Assim sendo só existia uma solução, reconstruir uma «Nova Europa», realçando todos os
setores principalmente o económico.
Então no pós guerra assistimos assim a um empenho de cooperação e de política
económica que deu origem a uma nova ordem económica mundial (NOEM).
Foram assim definidos objetivos políticos e económicos, estas coisas dependiam de 3
fatores fundamentais como por exemplo:
● reconstruir a economia;
● relançar o crescimento;
● assegurar a política do emprego;
Com o propósito de manter a paz, assim se criaram organizações como a ONU
(Organização das Nações Unidas). Alguns programas de apoio foram:
● BIRD- Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento
● FMI- Fundo Monetário Internacional

8
● GATT- Acordo Geral de tarifas aduaneiras e comércio

As tensões na Europa
Após a guerra, a América do Norte nunca abandonou a Europa e os seus aliados,
manifestou vontade em ajudar estes países com a criação de uma “unidade ocidental”
devido à advertência da URSS. Então com isto surgiu o chamado “cordão sanitário”
constituído por um grupo de países neutros que eram dependentes do Ocidente (Polónia,
Checoslováquia, Hungria, Bulgária e Roménia).
Após estas uniões a URSS tentou dominar esses países e as relações começaram a
deteriorar-se, surgindo assim a Cortina de Ferro.

O Plano Marshall e a OCDE


Plano Marshall - plano elaborado pelos Estados Unidos destinado à
recuperação dos países da Europa Ocidental após a Segunda Guerra
Mundial, cujo nome oficial era Programa de Recuperação Europeia. Em
5 de junho de 1947, o secretário de Estado dos EUA, George Marshall
(Fig.9), anunciou a ajuda à Europa do pós-guerra.

Fig.9

Organização Económica de Cooperação Europeia (OCDE) - organização criada em 16 de


abril de 1948, com o objetivo principal de promover a cooperação entre os países-
membros e coordenar a distribuição dos fundos do Plano Marshall.

Em 1946, a Europa começou a reviver e a confiança ressurgiu. Assim sendo a economia


mundial começou a recuperar lentamente e a voltar à normalidade, por diversas razões:
● aumento da produtividade;
● aumento da população;
● investimentos;
● o rearmamento;
● apoio financeiro americano através do Plano de Marshall.
Através da Conferência de Bretton Woods surgiram dois organismos:

9
● BIRD - Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (Fig.11);
● FMI - Fundo Monetário Internacional (Fig.10);

Fig.11

Fig.10

2.1.2 Características político-económicas nas últimas décadas do


século XX
A bipolaridade do sistema político-económico mundial
Após a segunda guerra mundial houve uma divisão em 2 partes - economias de mercado
e as de direção central.

Fig.12 economias de mercado/de direção central

Como resultado da segunda guerra mundial encontrava-se num mundo bipolar entre
dois países: EUA, URSS. Esta bipolaridade conduziu à Guerra Fria.

10
A Guerra Fria
https://www.youtube.com/watch?v=cAwsLaO4HGQ&t=101s
A Guerra Fria teve início em 1945-47 e acabou a partir de 1989,
correspondeu a um período de tensão, durante a época de
bipolaridade em que se opuseram as duas superpotências
Fig.13 EUA vs URSS

mundiais (EUA,URSS). Estas duas superpotências melhoraram os sistemas militares.


Esta guerra localizou-se na Europa, nunca chegou a ser um confronto direto.
O que caracterizou a Guerra Fria:

O antagonismo ideológico - durante o confronto cada superpotência tentava


juntar parceiros para a sua esfera de influência (URSS e os países do
Socialismo Real contra os EUA e Democracias Europeias).

A questão alemã - temos como símbolo da Guerra Fria, a Alemanha, dividida em duas
partes que pertenciam a blocos diferentes.

A partilha da Europa - o mundo bipolar traduziu-se na divisão da Europa em blocos


antagónicos: o Ocidental e o de Leste.

A escalada do armamento nuclear - a Guerra Fria ficou marcada


pela possibilidade de um confronto nuclear, funcionou como um
dissuasor entre as superpotências.

Fig.14

A descolonização - a descolonização foi um dos fatores de competição entre as duas


superpotências. Por um lado as colónias afirmavam-se contra potências colonizadoras e
pelo lado as superpotências alimentavam as lutas pela independência. Tendo como
objetivo juntar estados à esfera de infuência daquela potência.

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A Guerra Fria retratou-se em planos:
● ideológico;
● político;
● militar.

A NATO (Fig.15) (Organização do Tratado Atlântico Norte), surgiu em Washington, a 4


de abril de 1949. Os países fundadores foram:
● EUA
● Canadá
● Bélgica
● Dinamarca
● França
● Islândia
● Itália
● Luxemburgo
● Noruega
● Países Baixos Fig.15 NATO
● Portugal
● Reino Unido
A OTAN/NATO formou a Aliança Atlântica que tinha como objetivos:
● controlar a expansão da URSS;
● manutenção da Alemanha Ocidental;
● aceitação da liderança norte-americano no Bloco Ocidental;
O Pacto do Atlântico tinha dois princípios fundamentais:
● equilíbrio do poder - manter o seu papel a nível global
● segurança coletiva - os países comprometeram-se a agir de acordo com os
parceiros da Aliança

O Pacto de Varsóvia (Fig.16) foi a aliança militar entre a URSS e os países do Leste
europeu, foi um tratado de cooperação e assistência, criado a 14 de maio de 1955. Este
tratado determinava ajuda mútua em caso de agressão por parte dos outros países. Foi o
principal objeto da hegemonia militar da URSS, que se opôs à NATO.

12
Fig.16 Países fundadores do Pacto
de Varsóvia

Os países tinham dependência


económica, enquanto isso a
URSS aplicou o poder militar
e contraiu revoltas internas à
presença soviética, em
particular na Polónia, Hungria
e na Checoslováquia. O
desenvolvimento desta
colonização foi bem
disfarçada
com luxuosos títulos. Assim o Pacto de Varsóvia dissolveu-se devido ao colapso militar
e político da URSS. A Guerra Fria teve diversas fases, cada uma marcada por um
acontecimento importante.

Fig.17 Fases da
Guerra Fria

13
Nenhuma das duas superpotências queria ser ultrapassada pela outra, cada um tentava
manter a sua influência.
De acordo com a geopolítica e geoestratégia determinam duas modalidades:
● estratégias de dissuasão nuclear;
● estratégias indiretas: guerras por delegação, manobras diplomáticas, manobras
económicas e manobras de agitação;
A dissuasão nuclear foi bilateral dando lugar ao princípio da destruição mútua.
Com o lançamento do Sputnik que a URSS provou a superioridade do comunismo em
relação ao capitalismo.
Khrushchev declarou a Roosevelt que poderia destruir a França e a Grã-Bretanha. Em
1961 a URSS confirmou o domínio da tecnologia através do voo de Yuri Gagarine.
Os americanos, através da administração de Nixon, reconsideraram a sua estratégia
nuclear. Assim, após a forte tensão do início da Guerra Fria, devido à corrida nuclear, as
duas superpotências temiam-se mutuamente, o que se tornou numa falsa trégua, alguns
dos autores designaram por Coexistência Pacífica. Os EUA e a URSS conformam-se a
viver um com o outro, tendo sido criadas várias cimeiras.
A Coexistência Pacífica teve importantes limites considerados importantes no seu
desenvolvimento como por exemplo: as negociações SALT 1, SALT 2 e a conferência de
Helsínquia.

Fig.18 Recomendações da Conferência de Helsínquia

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O Japão
Com a segunda guerra mundial o Japão (Fig.18) ficou
bastante destruído, com isto necessita de bastante apoio, para
assim colocar um plano de recuperação. Com a ajuda
americana este país começou a produzir bastantes reformas
tanto políticas como económicas,como por exemplo:
● democratização do sistema político;
● forte redução das forças armadas; Fig.18 Japão
● implementação de uma reforma agrária;
● estímulo ao desenvolvimento da atividade sindical.

A ajuda americana ficou conhecida como Plano Dodge. A finais do século XX foi
conhecido o “milagre japonês”, sendo assim considerado umas das maiores potências do
mundo. Para a fase de arranque foi importante o Plano Dodge, e também a Guerra da
Coreia, que fez proporcionar o disparo das encomendas às indústrias. Este domínio do
Japão deve-se aos seus recursos humanos, produção e intervenção estatal.

Intervenção estatal- administração e execução de projetos nacionais.


Produção - desenvolvimento das indústrias, investimento nas tecnologias.
Recursos humanos - salários dependentes dos resultados das empresas, direito à greve e
capacidade de poupança da população.

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O Terceiro Mundo

https://www.youtube.com/watch?v=urNqU8TSHWU- Vídeo
Os países que não se industrializaram desenvolveram um mundo à parte dos dois grandes
(EUA/URSS) assim chamado Terceiro Mundo.
Nos anos 50 houve uma ligação do Terceiro Mundo com o Movimento dos Países Não
Alinhados, era constituído por países que antes faziam parte das potências ocidentais.

Fig.19

Alguns dos princípios definidos:


● não agressão;
● respeito pela integridade territorial e soberania;
● igualdade;
● convivência pacífica;
● respeito pelos direitos humanos;
● igualdade de raças;
● com a carta da ONU direito de defesa;
● respeito pela justiça;

Com esta conferência reforçou-se o peso do Terceiro Mundo face aos dois blocos.

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Com a descolonização ocorreu a nova cimeira dos Não Alinhados, cimeira de Tito, Nasser
e Nehru que se definiram novos objetivos:
● apoiar o movimento de libertação nacional;
● não faz parte de nenhum tratado militar;
● não fazer parte de nenhuma aliança multilateral;
● recusar o estabelecimento de bases militares;
Em 1964 iniciou-se um endurecimento dos Não alinhados. É assim que se verifica a
Coexistência Pacífica e a diminuição das tensões internacionais e por outro lado o
aumento dos conflitos no Terceiro Mundo.
Algum desconforto por parte dos EUA devido a serem líderes da OTAN (Organização do
Tratado do Atlântico Norte), porque alguns dos seus parceiros não queriam perder a
totalidade. Já a URSS via países favoráveis à sua área de influência, assim apoiava os
movimentos de libertação. No Terceiro Mundo estão presentes, a bipolaridade e os jogos
de geopolítica e geoestratégia.
A industrialização de alguns países e as expansões multinacionais permitiram incentivar
as suas tecnologias, tornando-os assim nos NPI (Novos Países Industrializados). Foi
aplicada uma estratégia industrial com a participação decidida do Estado, as trajetórias da
NIP não foram as mesmas. Alguns seguiram a ISI (estratégia de Industrialização
Substitutiva da Importação). Outra nova estratégia foi a IOE (Industrialização Orientada
para a Exportação). As multinacionais instaladas nesses países tinham como objetivo o
comércio externo.

Anos 70 - anos de crise


Em meados da década de 1970, o mundo entrou
em um período de crise entre 1971 e 1973,
quando o sistema monetário internacional
entrou em colapso devido ao choque do
petróleo.

Fig.20

O primeiro “choque do petróleo” ocorreu entre 1973 e 1974 como resultado da decisão
da OPEP de aumentar os preços do petróleo e dos produtores árabes liderarem um boicote
às vendas de petróleo bruto para países que apoiavam Israel.
O segundo choque do petróleo ocorreu em 1979-1980, quando o preço de referência do
petróleo bruto dobrou. O novo e sucessivo crescimento se deu por causa da guerra entre

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Irã e Iraque, os maiores produtores de petróleo. Desde então, os preços do petróleo
flutuaram devido à situação económica internacional.

Fig.21 Evolução do preço do petróleo e dos dois grandes choques petrolíferos

2.1.3 O esboçar de uma nova ordem mundial (NOM)

Até finais da década de 80 do século XX, a situação internacional estava alterada:


● As duas superpotências continuaram a praticar a sua esfera de
influência e mantiveram as suas organizações político-militares;
● Os conflitos regionais ( África austral, Irão/Iraque e Afeganistão)
continuam a ser reflexo do jogo de influências.

Fatores e características da NOM


Nos finais da década de 80 do século XX, foram vários os fatores que provocaram uma
total alteração do panorama político-económico mundial.

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Fig.22 A sucessão de acontecimentos decisivos da NOM

A queda do Muro de Berlim, foi considerado um fator importante para o final da Guerra
Fria.
Os dois grandes objetivos que nortearam as duas potências no período da Guerra Fria
podemos concluir que:
● URSS saiu derrotada e deu lugar a uma potência em declínio:
● Os EUA reforçaram o seu poder no cenário internacional, tornando -se
numa hiperpotência com a pretensão de dominar todo o planeta.
Desaparece, assim, a clara divisão do mundo em economias de mercado e
economias de direção central, e deixou de existir a bipolaridade.
Após a visualização desta imagem podemos ver que os EUA têm um papel
“neoimperialistas”.

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Fig.23 Características da NOM

Sobre o impacte do 11 de setembro de 2001

A NOM não é nenhuma aldeia global, apenas se afirma-se com muitas desigualdades
entre si.
A 11 de setembro de 2001 podemos dizer que se reforçou a liderança dos EUA. Esta
visibilidade dos EUA tem trazido bastantes conflitos principalmente para a Europa.
Mesmo com tudo isto o mundo árabe ganhou algum protagonismo, assim como a China
através das economias “emergentes”.

2.2. A emergência de novos centros de poder


2.2.1. Um novo mapa político

No final do século XX, mostra-se como um tempo de reconfiguração dos mapas mundiais
- político, militar, económico e social.
Esta mudança que existe na Europa , já tinha acontecido antes com a Primeiro e Segunda
Guerras Mundiais. Algumas destas alterações foram pacíficas expondo a União
Soviética e a Jugoslávia, reagrupamento da Alemanha, desagregação da Checoslováquia,
extensão da União Europeia e elaboração de uma Constituição para a Europa.(Fig.24)
A Europa ficou marcada por vários conflitos, até foi palco do braço de ferro entre os EUA
e a ex-URSS.

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Fig.24 Alteração recente do mapa político da Europa central e de Leste

A grandeza militar torna-se algo importante para os países. Os EUA têm um forte poder
militar perante o resto do mundo.(Fig.25)

Fig.25 Dispersão
militar do EUA

No decorrer da Guerra do Iraque, decorreram também as manifestações do poder militar


dos EUA. Com o objetivo de eliminar a ameaça do Iraque apresentava segurança dos

21
próprios EUA, assim mesmo sem a aprovação das Nações Unidas o regime foi
derrubado.

2.2.2. A rápida transformação dos mapas económicos

Ao longo do tempo o mundo tem vindo a ter várias mudanças principalmente na atividade
económica, devido às evoluções tecnológicas que deram origem à redução dos custos do
transporte e de comunicação, com o aumento da oferta de trabalho e a redução das
barreiras comerciais.(Fig.25)

Fig.25 A configuração do
sistema económico
mundial

O panorama económico tem como destaque a União Europeia e os EUA e os que


emergem procurando um papel central em destaque a China e o Japão.
Os EUA encontram-se no poderio, o Japão é a nova potência económica após a 2ª Guerra
Mundial. Esta visibilidade do Japão no mundo económico deve-se a reformas substanciais
que possibilitam a alteração da política, da economia e dos mercados financeiros. Assim
a China começa a acumular poder para tentar ultrapassar o Japão.
A bipolarização (EUA contra a URSS) foi ultrapassada, assim surgiu uma nova
bipolarização (EUA contra a Europa) reunida com outros dois centros (China e Japão).
Assim podemos dizer que existe um poder económico quadripolar.(Fig.26)

22
Fig.26 Os fluxos comerciais entre os principais atores económicos

2.2.3- O Terceiro Mundo e a nova ordem global

A crise financeira de 2008-2009 estagnou as economias desenvolvidas, mas as economias


em desenvolvimento continuaram a crescer. A ascensão do Sul é o resultado de
investimentos e conquistas contínuas no desenvolvimento humano e uma oportunidade
para um maior progresso humano em todo o mundo. Demorou 150 anos para a produção
per capita dobrar na Grã-Bretanha, mas 50 anos nos Estados Unidos industrializados. No
início do processo de industrialização, ambos os países tinham menos de 10 milhões de
habitantes. Por outro lado, a China e a Índia entraram em sua atual fase de crescimento
econômico, tanto com populações de cerca de 1 bilhão quanto com a produção per capita
dobrando em menos de 20 anos. A ascensão desses países deve ser vista como uma
história de notável empoderamento pessoal e progresso contínuo no desenvolvimento
humano nos países onde vive a grande maioria da população mundial. Prevê-se que até
2050, Brasil, China e Índia produzirão juntos 40% dos produtos mundiais, contra 10%
em 1950.(Fig.27)

23
Fig.27 Evolução da quota parte do produto global

A transformação dessas economias no século XXI foi acompanhada por grandes


avanços em saúde pública, educação, transporte, telecomunicações e participação cidadã
na governança nacional. As consequências do desenvolvimento humano são profundas:
de 1990 a 2008, a proporção de indivíduos vivendo em extrema pobreza caiu de 43.1%
em 1990 para 22,4% em 2008; só na China, mais de 500 milhões de pessoas foram
retiradas da pobreza.
A redefinição das políticas comerciais levou ao fortalecimento do eixo Sul-Sul e ao
desenvolvimento desta região do mundo. O Acordo de Bali é uma das contribuições
mais importantes para promover a facilitação e o desenvolvimento do comércio. No
entanto, a consolidação do sul não assume uma homogeneidade. Apesar da riqueza
existente, por exemplo, a África subsariana mantém um subdesenvolvimento, agravado
por conflitos permanentes.(Fig.28)

24
Fig.28 A riqueza e os conflitos de África

2.3 O papel das organizações internacionais


2.3.1. O pós guerra e a emergência das organizações internacionais

O pós guerra levou à criação de organizações internacionais relativas:


● promoção da paz;
● preeminência do direito;
● progresso social;
Para reconstruírem os países após a 2ª Guerra Mundial foram criadas organizações, cada
uma com a sua função.
Algumas das organizações criadas foram:
● Fundo Monetário Internacional (FMI);
● Banco Mundial;
O desenvolvimento do mundo capitalista deveu-se ao fomento do comércio internacional
através do Acordo de Bretton. Também foi criada a Organização das Nações Unidas
(ONU) que engloba várias Organizações Internacionais.

25
A ONU foi estabelecida através da Carta das Nações
Unidas assinada a 26 de junho de 1945.
Um dos objetivos da substituição da Sociedade das
Nações foi preservar a paz no mundo.
A Organização Internacional tem
objetivos e finalidades de interesse
comum para todos os seus membros.
Algumas das organizações criadas
após a 2ª Guerra Mundial como temos
o exemplo da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e
Agricultura, para assim constituírem o
sistema das Nações Unidas.

Fig.29/30 Carta das


Nações Unidas

2.3.2. O papel das organizações formais

O objetivo destas organizações é manter a cooperação entre os Estados.(Fig.31)


Estas organizações assumem-se sendo indispensáveis e incontornáveis no funcionamento
do sistema mundial de relações entre Estados, as organizações manifestaram-se a vários
níveis como por exemplo:
● manutenção da paz;
● regulação mundial do comércio;
● melhoria das condições de trabalho;
● cooperação monetária;
● compreensão mútua do povo;
● etc…

26
Fig.31 As missões da ONU

As Nações Unidas revelaram-se um instrumento essencial para a


harmonia entre os estados.Com o Alto Comissariado das Nações
Unidas para os Refugiados têm como objetivo proteger as pessoas
deslocadas de todo o mundo, neste momento a ACNUR está a
contar com a participação de 110 países. (Fig.32)
Fig.32 ACNUR

27
Fig.33 Principais países de origem de refugiados

A ONU ganhou visibilidade através da criação de instituições judiciárias internacionais.


Assenta em dois pilares a ajuda financeira:
● Banco Mundial
● Fundo Monetário Internacional (FMI)
Têm como objetivo o aumento da economia. O Fundo Monetário Internacional (FMI)
destaca-se a nível financeiro.
A Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) tem como
objetivo:
● ajuda na eliminação da fome;
● tornar a agricultura, silvicultura e a pesca mais produtivas;
● redução da pobreza;
● ativação de sistemas agrícolas e alimentares;
● aumento da capacidade de resistência e dos meios de subsistência;
A nível do comércio destaca-se a Organização Mundial do Comércio (OMC). Foi
necessária a criação de um Sistema Comercial Internacional para a livre circulação de
mercadorias, surge com o Acordo sobre Pautas Aduaneiras e Comércio (GATT).
Existem várias diferenças entre o GATT e a OMC principalmente a nível das áreas.
Através da cláusula GATT previa medidas antidumping. A OMC é a propriedade
intelectual, este objetivo manifesta-se na garantia dos direitos de propriedade intelectual,
a nível de proteção de ideias e de atividades criadoras.

28
A cooperação entre estas organizações permitiu estabelecer oito princípios:

Fig.34 Os oito objetivos para o Desenvolvimento do Milénio

Organizações formais de vocação regional

Num cenário cada vez mais global, o regionalismo emerge como resposta à globalização
crescente, essencialmente desde finais dos anos 80. Antigas organizações foram
recuperadas, novas organizações foram recuperadas, novas organizações foram criadas e
o tema tornou-se elemento de dissuasão nos principais debates sobre a natureza da origem
internacional.
Algumas das principais características da emergência de Organizações Internacionais de
carácter regional prendem-se com a diversidade de tipos, formados e objetivos.

Organizações Internacionais Regionais


Cooperação económica:(Fig.35)
● AECL (EFTA);
● UE;
● NAFTA;
● MERCOSUL;
● ASEAN;
● APEC;

Militares:
● OTAN;
● OSCE;
● UA;

29
Fig.35 As principais organizações internacionais regionais de carácter económico

A cooperação económica assume-se como um processo dinâmico, ajustado em função da


emergência de necessidades locais, pelo que os seus objetivos refletem as especialidades
da sua constituição. Algumas organizações de carácter económico visam objetivos
orientados para a liberalização do comércio, por exemplo, o Tratado do Comércio Livre
para a América do Norte (NAFTA) e a AECL (Associação Europeia do Comércio Livre
- EFTA).(Fig.36)

30
Fig.36 Os
sucessivos
alargamentos da
UE

A integração
entre os
Estados da
UE permite
estabelecer
políticas que
promovam
não só a
integração
entre Estados aderentes, como também a cooperação com povos de outros países, num
espírito de curiosidade, tolerância e solidariedade.
A Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e o Mercado Comum da
América do Sul (MERCOSUL) para além dos objetivos económicos, impulsionam o
progresso social, desenvolvimento económico, a paz e a estabilidade regional.
Um exemplo da integração económica é a Cooperação Económica da Ásia-Pacífico
(APEC).(Fig.37)
Fig.37
APEC

31
A APEC promove assim o crescimento económico, a cooperação, o comércio e o
investimento, promove a redução de tarifas e das barreiras comerciais, aumentando as
exportações, que levou à promoção do desenvolvimento de algumas economias.
Conjuntamente com a cooperação económica, algumas das Organizações Internacionais
estão relacionadas a fins militares, para preservação da paz e da segurança. Destaca-se
assim a OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a OSCE (Organização para
a segurança e Cooperação na Europa) e a UA (União Africana).
A NATO é constituída por 28 membros com resultado dos alargamentos. Foi estabelecida
através do Tratado de Washington tem como objetivo garantir a liberdade e segurança de
todos os seus membros. (Fig.38)
UA - União Africana também é fundamental para a manutenção da paz e segurança,
estende-se a questões políticas, sociais, económicas e de direitos humanos.(Fig.39)

Fig.38 Países
membros

da OTAN

Fig.39 Países da União


Africana e membros
suspensos

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2.3.3. O papel das organizações informais

Associado ao desempenho pelas Organizações Internacionais temos as Organizações Não


Governamentais (ONG) representa uma importância amplificada na regulação da ordem
global. As ONG têm na sua constituição uma federação de organizações nacionais
congéneres, são assim cada uma delas resposta perante a jurisdição do Estado. Podem
agrupar-se em diversas categorias.(Fig.40)

Fig.40 Categorias das principais organizações informais

A ONG é importante para o diálogo e o estabelecimento de diversas formas de cooperação


com as Organizações Intergovernamentais. As Organizações Não Governamentais têm
importante desenvolvimento a nível nacional, em campos de atividades diversos,
principalmente a nível da economia, saúde e ambiente.

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Foi criada nos Estados Unidos a CARE (Cooperative for American Remittances to
Europe) constituída por 22 organizações. Atualmente a CARE passou a ter o significado
de Cooperative for Assistance and Relief Everywhere com 87 países. Esta organização
trabalha para combater a pobreza.

O Comité Internacional Cruz Vermelha - Crescente Vermelho (CICV) procura promover


o desenvolvimento do direito humanitário tendo como base atividades de proteção e
assistência às populações necessitadas.(Fig.41)

Fig.41 A cruz vermelha

Outra organização da ONG é o Greenpeace fundado em 1971 que incentiva e coordena


atividades de campanha e programas em todo o mundo.

34
2.4. A (re)emergência de conflitos regionais

Uma das preocupações a nível mundial é a segurança. Povos de diferentes culturas, raças,
línguas e religiões nem sempre se aceitam e vivem em paz, o que leva a conflitos que se
mantêm durante décadas, como por exemplo o conflito israelo-palestiniano. Isto faz
surgir algumas situações de conflitualidade, assim subdivididos em nacionalismos,
fundamentalismos e guerras de água.

Os fatores que preocupam a segurança são:


● reaparecimento de nacionalismos;
● risco de aumento de armas de destruição;
● incerteza quanto à estabilidade na Região da Ásia-Pacífico;
● tensões e conflitos;
● problemas na gestão dos recursos;
● mundialização no terrorismo;

2.4.1. Os nacionalismos
https://www.youtube.com/watch?v=5b19VuS0muQ - vídeo sobre o nacionalismo

Nacionalismo é um movimento político que se baseia na consciência da nação. Surgiu


associado a outros conceitos como por exemplo o patriotismo, o separatismo, a
autoconfiança e a determinação. Apareceu na Europa após a Revolução Francesa de 1789,
surgiu para dar conexão a Estados independentes e assim promover o capitalismo. O
Estado-nação identifica-se por ter uma herança cultural própria.
O patriotismo está associado a valores nacionais e símbolos (o hino e a bandeira).
Assistimos assim a dois períodos marcantes no século XX:
● o primeiro período foi no pós Segunda Guerra Mundial, foi a independência da
maior parte dos Estados africanos devido à descolonização;
● no final do século, no seguimento do final da Guerra Fria, a Europa foi alvo de
alterações políticas.
O nacionalismo e o separatismo são conceitos que estão ligados. O separatismo consiste
na imposição da independência política e económica de um certo povo ou nação.

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Hoje em dia, o assunto nacionalista ainda continua ligado a situações de conflito como
por exemplo no Cáucaso, no País Basco, na Irlanda do Norte e Córsega.

Cáucaso e Crimeia - conflitos latentes

No Cáucaso, os conflitos étnicos estão cada vez mais violentos principalmente no


território da ex-União Soviética. Após o colapso da União Soviética em 1991 e a
subsequente criação de três novos estados no Cáucaso - Geórgia, Azerbeijão e Arménia,
o aumento da migração e a mistura étnica e religiosa tornaram a coexistência
tradicionalmente difícil.
A importância económica do conflito na região também pode ser explicada pela
geografia, já que a região é um ponto estratégico de conexão entre o Azerbeijão e as
reservas de petróleo e gás da Arménia, Moscovo e portos europeus.
Mais recentemente, em fevereiro de 2014, a crise da Crimeia trouxe à tona a instabilidade
na Europa Oriental. Após a Revolução Ucraniana (2014), a derrubada do governo do
presidente Viktor Yanukovych, a oposição interétnica russa a Kiev e a demanda pela
inclusão da Crimeia na Rússia.(Fig.42)

Fig.42 A região da disputa.

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A Rússia invadiu a região da Crimeia por causa dos seus interesses a nível da localização
geográfica da base militar que a Crimeia possui e que se localiza entre o mar Mediterrâneo
e o mar Morto e também devido aos seus gasodutos.
Em 16 de março os habitantes da Crimeia votaram para fazer parte da Rússia, assim no
dia 17 o pedido foi aceite e nessa mesma semana Vladimir Putin assinou um decreto como
forma de aceitar a integração da Crimeia na Rússia.
A queda de um avião comercial malaio na região pró-russa de Donetsk (julho de 2014)
que provocou muitas mortes, veio desestabilizar as relações entre a Rússia e a Ucrânia,
os responsáveis por este incidente foram os separatistas pró-russos.

Atualidade
Atualmente a tensão entre a Rússia e a Ucrânia decorre, entre outros fatores, do envio de
tropas russas na fronteira leste da Ucrânia, situação que, segundo as potências ocidentais,
anuncia uma iminente invasão do território ucraniano. Portanto, o medo de uma invasão
russa da Ucrânia é um grande foco de tensão entre os dois países. A invasão russa da
península da Crimeia em 2014 ainda está a alimentar a situação, uma situação política
que a Ucrânia e seus aliados ainda precisam superar.

Outros nacionalismos…

Ao longo do tempo, alguns nacionalismos tiveram expressão política, cultural e social,


onde se destaca o caso do nacionalismo Baco e Irlandês. O nacionalismo basco fundou o
Partido Nacionalista Branco (PNV) que defendia a superioridade racial e a noção de
ruralismo,de uma sociedade antiga, conservadora, com a vida voltada para o campo e para
Deus, tinham a Igreja como ponto fulcral da sociedade.
O PNV veio dar origem a movimentos de afirmação nacionalista moderados e outros de
reivindicação separatista radicais, sendo assim a ETA e o Henri Batasuna os expoentes
máximos do nacionalismo radical.
No dia 20 de outubro de 2011, o grupo separatista revelou que ia abandonar a luta armada,
através do comunicado divulgado pelo jornal Gara.

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A partir do século XVII, a estratégia era atrair os colonos da Inglaterra, Escócia e País de
Gales para a Irlanda, através da oferta de terras, passando a região Norte da Irlanda a
concentrar os imigrantes britânicos.
A região industrializou-se e urbanizou-se, aumentando assim as diferenças económicas
em relação ao sul do país, que ainda era dependente da agricultura. Com o aumento das
tensões, o parlamento inglês em 1920 criou duas regiões com autogoverno. Sendo uma a
região Ulster, ou Irlanda do Norte, onde predominavam os protestantes, sendo a outra a
Irlanda com predomínio da religião católica. Assim, passados 2 anos, a soberania da
Irlanda aumentou fazendo assim com que a parte sul da ilha se tornasse um país
independente da Inglaterra. Devido à insatisfação dos católicos da Irlanda do Norte foram
criados dois lados de grupos armados:
● Exército Republicano Irlandês (IRA);
● Movimentos unionistas.

Fig.43 Cidade de Londonderry, onde ocorreu


o Domingo Sangrento

A 30 de janeiro de 1972, iniciou-se o chamado o Domingo Sangrento, que ficou assim


conhecido devido à morte de 14 católicos que faziam parte de uma manifestação que
foram mortos por soldados britânicos. Com a assinatura do Acordo de Belfast (10 de abril
de 1998), a violência tem vindo a diminuir. Nos dias de hoje não existe quase diferença
nenhuma entre católicos e protestantes o que justifica o clima de paz.

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2.4.2. Os fundamentalismos

O fundamentalismo busca seguir determinados fundamentos tradicionais através da


interpretação de algum livro (Bíblia).
Acompanha assim a História da Humanidade desde a Grécia, Roma até à atualidade. O
uso do “Eu” é por vezes assumido como contornos violentos, levando assim à destruição.
Um fundamentalista vive em plena convicção de que a sua doutrina é a única verdadeira.
O fundamentalismo religioso principalmente o de origem islâmica ganhou notoriedade
através do impacto das manifestações.
Associado ao fundamentalismo surge o terrorismo (Fig.44) que é uma forma de violência,
que tem o objetivo de alargar e ligitimar o poder e a força, provocando assim o choque e
o medo, colocando assim em risco a segurança das nações e Estados.

Fig.44
Ataques terroristas

Um dos terrorismos mais preocupantes é o tipo “lobo solitário”, que é uma ação individual
que se torna mais difícil de acompanhar pelas autoridades.
A proliferação de armas de destruição é um fator de preocupação mundial, como temos o
exemplo da Guerra do Irão-Iraque, onde foram utilizadas armas químicas. Apesar da
intervenção da ONU e da Agência Internacional de Energia Atómica nesta guerra, assim
os EUA declararam guerra ao Iraque (20 de março de 2003).

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Em 11 de setembro de 2001 foi para os EUA expandirem o seu poder, justificou o seu
alargamento no médio oriente com o objetivo de dominar o mercado mundial do petróleo
e do gás natural. Os EUA justificam as suas intervenções como resposta ao terrorismo.
O fundamentalismo verde é um movimento de deslegitimação do processo de
crescimento económico, assim algumas manifestações como o Greenpeace fizeram
protestos.
Na sociedade existem várias manifestações fundamentalistas, como na economia, na
religião e no ambiente.

2.4.3. As guerras de água

Até os recursos naturais estão na origem dos conflitos, devido ao seu valor (ex: petróleo,
ouro, diamantes…). A água é importante para a nossa sobrevivência, sendo escassa em
algumas regiões. Existem conflitos tanto na gestão da água salgada como na água doce.
A escassez de água tem vindo a aumentar devido ao crescimento da população e ao
aquecimento global. Os países onde se regista maior falta deste recurso são as regiões do
médio oriente e norte de África. O que leva a estes conflitos é a falta de gestão dos
recursos, principalmente a falta de gestão das bacias hidrográficas.
Na Mesopotâmia os rios Tigre e Eufrates eram os grandes responsáveis pela
produtividade agrícola, com a falta de chuva e a diminuição do gelo nas montanhas, que
se deve ao aquecimento global. Contudo houve uma redução do caudal do rio, gerando
assim conflitos entre a Turquia e o Iraque que se estendem até à atualidade.
Assim o rio Nilo foi considerado uma fonte de riqueza sendo agora alvo de conflito.
Grande parte da água é consumida pelos egípcios e os restantes países reclamam a sua
parte, tudo devido a razões históricas.
Após o domínio britânico, com a criação do Paquistão e a separação da Índia, houve uma
disputa territorial entre estes dois países sobretudo por causas ligadas aos aquíferos. Esta
disputa deve-se ao aproveitamento da água para centrais hidroelétricas.

40
A região da Ásia também influencia a estabilidade política devido à escassez de água.
Com toda esta escassez de água vêm os conflitos que envolvem vários países.(Fig.45)

Fig.45 Países que registam escassez de água

Guerras de água: Portugal vs Espanha


Os cinco rios internacionais que atravessam Portugal (Tejo, Douro, Guadiana, Minho e
Lima) tiveram origem em Espanha. A presença de barragens no lado espanhol dessas
hidrovias obriga a gerir o quanto país vizinho acumulou ao longo do ano hidrológico e
quando descarrega para o lado português.

https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2022/09/28/reducao-de-agua-de-espanha-para-portugal-
tem-consequencias-muito-graves-nao-podemos-continuar-a-assobiar-para-o-
lado/301481/ -noticía

41
2.4.4. O médio oriente - a convergência de todas as conflitualidades

Esta região do médio oriente é a região onde se registam mais conflitos, como por
exemplo o conflito israelo-palestiniano onde se ligam situações como o nacionalismo e o
fundamentalismo.(Fig.46)
Isto deve-se à disputa de Jerusalém que tem
três religiões monoteístas:
● judaísmo;
● cristianismo;
● islamismo;
Este conflito teve as suas origens no século
XIX, quando surgiu o movimento sionista
(movimento politico e filisófico que
defendia a autodeterminação do povo
judeu e a criação de um Estado israelista
independente.) e no final da 1ª Guerra
Mundial quando o Império Otomano criou
um vazio de poder que levaria ao
redesenhar das fronteiras do médio oriente.
Quando este processo emergiu
passou a viver-se num clima de guerra.

Fig.46 A água no centro do conflito israel-árabe

O Estado de Israel tem tido o apoio dos EUA e de outros países ocidentais. Os
palestinianos de forma diplomática afirmaram a sua soberania na área. Os principais
protagonistas têm sido:

42
● Organização de Libertação da Palestina;
● Hamas
● Hezbollah
● Jihad islâmica
Todas estas circunstâncias alimentam uma guerra pois ambas as partes associadas tentam
a afirmação nacionalista.
Vários dos conflitos travados ao longo dos tempos como por exemplo:
● Guerra Árabe-israelita (1948-1949)
● Guerra dos Seis Dias (1967)
● Primeira Intifada (revolta) (1987)
● Segunda Intifada (2000)
Tiveram origem em disputas territoriais que levou a um número significativo de perdas
humanas. Assim sendo foram bastantes os acordos assinados que não estão a ser
cumpridos.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas mandou cessar-fogo na Faixa de
GAZA.(Fig.47) Assim a instabilidade mantém-se e alguns ativistas incentivam o povo à
Terceira Intifada.

Fig.47 Guerra na Faixa de GAZA

43
Em síntese…

44
Conclusão

Mundialização e globalização: manifestações e processos


A terra é um sistema que está em constante movimento e alteração.
Mundialização: A mundialização está sobretudo ligada à política, economia, tecnologias
e culturas.
Globalização: Surgiu como uma forma mais avançada de mundialização porque não liga
tanto à política, economia e tecnologias mas sim dá importância a cultura e aos fluxos
migratórios e a circulação de pessoas…
A relação local/global
Aldeia Global: refere-se a diminuição de distâncias, e a evolução tecnológica que levou
a uma série de dependências mútuas, facilitando a intercomunicação direta entre pessoas
independentemente da distância, como numa aldeia.
Glocalização: combinação crescente do local e do mundial, das situações económicas
locais com a economia mundial.
O pós Segunda Guerra Mundial e a definição da NOEM
Perante estes acontecimentos que deram origem à atualidade. Alguns destes
acontecimentos que levaram à atualidade foi como por exemplo a segunda guerra
mundial.
Assim sendo só existia uma solução, reconstruir uma «Nova Europa», realçando todos os
setores principalmente o económico. Criação da NOEM e da ONU.
As tensões na Europa
A América nunca abandonou a Europa e os seus aliados, manifestou vontade em ajudar
estes países com a criação de uma “unidade ocidental” devido à advertência da URSS.
Surgiu o chamado “cordão sanitário” constituído por um grupo de países neutros que
eram dependentes do Ocidente. Após estas uniões a URSS tentou dominar esses países,
surgindo assim a Cortina de Ferro.
O Plano Marshall e a OCDE
Plano Marshall - foi um plano dos EUA para a reconstrução dos países aliados da Europa.
OCDE - é uma organização constituída por 38 países, Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Económico.
A bipolaridade do sistema político-económico mundial

45
Divisão em duas partes:
● economias de mercado
● economias de direção central
Mundo bipolar: URSS e EUA - levou à Guerra Fria
A Guerra Fria
O que caracterizou a Guerra Fria foi:
● antagonismo ideológico
● questão alemã
● partilha da Europa
● escalada de armamento nuclear
● descolonização
Pacto de Varsóvia- aliança militar
O Japão
Sofreu um elevado número de destruição após a Segunda Guerra Mundial. Com ajuda da
América começou a criar reformas políticas e económicas. Esta ajuda ficou conhecida
como Plano Dodge, a finais do séc.XX foi conhecido o milagre japonês.
O Terceiro Mundo
Teve origem na Guerra Fria, para demonstrar os países neutros que não eram aliados nem
dos EUA, e os países que defendiam o capitalismo e o socialismo.
Anos 70 - anos de crise
Foi nos anos 70 onde aconteceu a crise de petróleo,o que levou o EUA, Brasil, Suécia,
Reino Unido à exceção de países como o Japão e Alemanha.
O esboçar de uma Nova Ordem Mundial (NOM)
Os EUA e a URSS continuam a ter influência e a manter organizações político-militares.
Os conflitos continuam a existir.
Fatores de características da NOM
Alguns fatores provocaram alterações politico-económicas, como por exemplo:
● chegada de Gorbachev ao Kremlin
● queda do muro de Berlim
● etc…
Assim podemos concluir que a URSS saiu derrotada e passou a ser uma potência em
declínio, podendo assim os EUA reforçar o seu poder.

46
Sobre o impacto do 1 de setembro de 2001
A 11 de setembro de 2001 foi onde os EUA reforçaram a sua liderança, tendo trazido
vários conflitos para a Europa. Mesmo com tudo isto o mundo árabe ganhou algum
protagonismo, assim como a China através das economias “emergentes”.
Um novo mapa político
Com o tempo houve uma reconfiguração dos mapas mundiais - político, militar,
económico e social. Esta mudança que existe na Europa , já tinha acontecido antes com a
Primeiro e Segunda Guerras Mundiais. A Europa ficou marcada por vários conflitos, até
foi palco do braço de ferro entre os EUA e a ex-URSS. Os EUA têm um forte poder
militar perante o resto do mundo. No decorrer da Guerra do Iraque, decorreram também
as manifestações do poder militar dos EUA.
A rápida transformação dos mapas económicos
O mundo teve várias mudanças na atividade económica. A nível económico tem como
destaque a União Europeia e os EUA e os que emergem procurando um papel central em
destaque a China e o Japão. Os EUA encontram-se no poder, o Japão é a nova potência
económica. Assim a China começa a acumular poder para tentar ultrapassar o Japão. A
bipolarização (EUA contra a URSS) foi ultrapassada, assim surgiu uma nova
bipolarização (EUA contra a Europa) reunida com outros dois centros (China e Japão).
Assim podemos dizer que existe um poder económico quadripolar.
O Terceiro Mundo e a nova ordem global
A crise financeira estagnou as economias desenvolvidas, mas as economias em
desenvolvimento continuaram a crescer. A ascensão do Sul é o resultado de investimentos
e conquistas contínuas no desenvolvimento humano e uma oportunidade para um maior
progresso humano em todo o mundo. A transformação dessas economias foi
acompanhada por grandes avanços em saúde pública, educação, transporte,
telecomunicações e participação cidadã na governança nacional. As consequências do
desenvolvimento humano são profundas.
O pós guerra e a emergência das organizações internacionais
Foram criadas organizações após a segunda guerra mundial que tinham como objetivo
promover a paz, a preeminência do direito e o progresso social.
Criação da ONU através da carta das Nações Unidas.
O papel das organizações formais
● Manutenção da paz;
● Regulação mundial do comércio;
● Melhoria das condições do trabalho;
● Cooperação monetária;

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● Compreensão mútua dos povos;
Organizações formais de vocação regional
Cooperação económica - AECL, UE, NAFTA, MERCOSUL, ASEAN, APEC.
Militares - OTAN, OSCE, UA
O papel das organizações informais
● Finalidade humanitária;
● Fins profissionais;
● Natureza social;
● Natureza desportiva;
● Natureza social, cultural e recreativa;
● Finalidade religiosa;
● Proteção a categorias de pessoas;
● Carácter político;
● Carácter ambiental;
Os nacionalismos
Os nacionalismos são ideologias ou movimentos políticos, baseados na consciência da
nação.
Os fundamentalismos
Os fundamentalismos baseiam-se na interpretação de um certo livro, como por exemplo
a bíblia.
O terrorismo surgiu associado aos fundamentalismos.

48
Vídeos sobre a matéria

https://www.youtube.com/watch?v=CpkjTkCFOjQ - vídeo sobre a globalização


https://www.youtube.com/watch?v=cAwsLaO4HGQ&t=101s - vídeo sobre a guerra fria
https://www.youtube.com/watch?v=urNqU8TSHWU - vídeo sobre o terceiro mundo
https://www.youtube.com/watch?v=5b19VuS0muQ - vídeo sobre os nacionalismos

49
Bibliografia

Lopes, A., Carvalho e M. Fernandes, M. (2018). Visão do Mundo. Geografia C 12ºano.


1ª edição, Porto Editora. Unidade Industrial da Maia.

Mais de 65 mil empresas fecharam em Portugal nos últimos cinco anos, Acedido a 29
de setembro de 2022, em
https://www.jornaldenegocios.pt/economia/detalhe/mais_de_65_mil_empresas_fechara
m_em_portugal_nos_ultimos_cinco_anos

Beatriz Lopes. (2022). Redução de água de Espanha para Portugal tem consequências
“muito graves”. “Não podemos continuar a assobiar para o lado”. Acedido a 27 de
outubro de 2022, em https://rr.sapo.pt/noticia/pais/2022/09/28/reducao-de-agua-de-
espanha-para-portugal-tem-consequencias-muito-graves-nao-podemos-continuar-a-
assobiar-para-o-lado/301481/

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