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FORMAÇÃO DA SOCIEDADE E CULTURA GLOBALIZADA

A sociedade moderna é, sobretudo, uma sociedade global. Com a expansão


das consequências da modernidade passamos a experimentar uma
verdadeira enxurrada de fatos, produtos, ideias de vários lugares do
mundo... o avanço tecnológico e a consequente globalização abrem novas
possibilidades e desafios que todos nós temos enfrentado. Observe a
descrição disponibilizada na internet da empresa Lenovo :

A Lenovo surgiu como resultado da fusão de duas das


companhias com mais história em tecnologia e negócios: a
Legend Holdings da China e a Divisão de Computação
Pessoal da IBM, dos Estados Unidos. A fusão foi anunciada
como um marco no setor dos negócios globais pelo potencial
de integrar duas culturas, linguagens, processos e mercados
tão diferentes. Como resultado disso, a Lenovo representa a
única possibilidade do mercado que combina o melhor do
Oriente e do Ocidente, juntando os líderes tecnológicos da
América do Norte e da China na criação de um líder global de
PC unificado com crescente participação nos mercados
desenvolvidos e emergentes. [...] A Lenovo não possui uma
sede central, ao invés disso, foi implementada uma estrutura
de gerenciamento distribuída com núcleos operacionais em
centros de excelência ao redor do mundo. A nossa equipe
gerencial multicultural é livre para reunir-se quando e onde
for mais conveniente. A Lenovo possui núcleos operacionais
em Pequim; Raleigh, Carolina do Norte; Cingapura e Paris,
um núcleo de marketing em Bangalore, Índia e importantes
centros de pesquisa em Yamato, Japão, Pequim, Shanghai e
Shenzhen, na China e em Raleigh. A companhia tem agora
mais de 23.000 funcionários no mundo inteiro, incluindo
1.700 designers, cientistas e engenheiros, representando
uma ampla variedade de nacionalidades e idiomas (A
NOSSA..., 2012).

Com o avanço do processo de globalização assistimos a 1) um processo de


destruição da sociedade que dominava a sociedade de dois séculos atrás e
2) A criação de uma nova sociedade construída a partir dos destroços do
ocidente e que passou a integrar mais e mais o mundo.

Vamos analisar cada um destes aspectos:

Em primeiro lugar, temos observado à nossa volta, o ruir da sociedade


tradicional. Mas o que tem causado este processo? Segundo Giddens:

A resposta, numa palavra, é a industrialização [...]. A


industrialização refere-se ao surgimento da produção
mecânica, baseada no uso de fontes de energia
inanimadas (como o vapor e a eletricidade). As
sociedades industriais (às vezes também chamadas
sociedades "modernas" ou "desenvolvidas") são
completamente diferentes de qualquer tipo de ordem
social anterior, e seu desenvolvimento gerou
consequências que ultrapassaram de longe suas origens
europeias.

A industrialização provocou o ruir da economia rural e o surgimento da


cidade como figura dominante global. Hoje a esmagadora maioria da
população mundial vive em cidades ou regiões metropolitanas que
provocaram uma reviravolta nos sistemas políticos, econômicos e na
cultura. O avanço dos países industrializados se deu não apenas no plano
político. No campo econômico ocorreu um processo
chamado colonialismo que, em uma ultima análise, contribuiu para marcar
a diferença entre os países diferenciando-os em países desenvolvidos (como
a França, Inglaterra, EUA) e países em desenvolvimento (como Brasil,
Índia, China).

Porém, em segundo lugar, o desmonte do mundo medieval proporcionou o


surgimento de um novo mundo que emergiu das cinzas do ocidente. A
tecnologia proporcionou não apenas o aumento da produção e comércio,
mas também o "encurtamento" das distâncias, colocando pessoas em
contato com lugares, notícias e culturas diferentes.

Observe o vídeo a seguir que mostra um pouco desta nossa nova realidade.
http://www.youtube.com/watch?v=8vX3JF8Xldg

A globalização permitiu o surgimento de novos empregos em áreas, às


vezes, consideradas pouco usuais. Você já pensou em trabalhar matando
dragões.

Contudo nem tudo são flores quando falamos em globalização. As críticas


ao processo não são recentes e se manifestaram em diferentes áreas:

 Ativistas como José Bové ficaram famosos na década de 90 em


diante por protestarem contra o processo de globalização. Em 1999
Bové, então um criador de ovelhas da região francesa de Roquefort,
ganhou publicidade mundial ao participar de uma invasão ao
Mcdonald's no sul da França.

 Organizações não governamentais ambientalistas como o Greenpeace


atuam em diversas frentes contra o crescimento desenfreado e
práticas não sustentáveis de grandes grupos empresariais ou
mesmos países.

 "Occupy Wall Street" ("Ocupem Wall Street") promoveu um


verdadeiro levante popular através de um movimento iniciado em 17
de Setembro de 2011 no distrito financeiro de Wall Street nos EUA.
Rapidamente o movimento se espalhou para outras partes do mundo
lutando contra o crescimento da desigualdade e distribuição da renda
nos EUA entre os 1% mais ricos e o resto da população.

Para entendermos melhor o desenvolvimento do processo de globalização,


precisamos analisar um pouco dos seus pressupostos. É o que faremos a
seguir.

Antecedentes históricos e pressupostos da globalização

Antes de tratarmos dos antecedentes históricos da globalização é


importante definirmos o que é globalização. Você consegue criar uma
definição sua? Pense nas duas linhas a seguir como uma folha que esta na
sua frente. Coloque aí as palavras mais importantes que na sua opinião
descrevem o processo de globalização.

Quais palavras você usou? Definiu globalização usando termos como


fronteiras, comércio ou cultura? Ou será que teve algo como gastronomia,
valores e capitalismo? Existem algumas visões a respeito de globalização.

A seguir um ponto de vista mais pessimista que pode ser muito útil por nos
fazer refletir:

Em suma, a Nova Ordem Mundial é um sistema utópico em


que a economia dos Estados Unidos (assim como a economia
de qualquer outra nação) será "globalizada"; os níveis
salariais de todos os trabalhadores norte-americanos e
europeus serão nivelados por baixo com base nos salários
pagos aos trabalhadores do Terceiro Mundo; para todos os
fins práticos, as fronteiras nacionais deixarão de existir, um
fluxo cada vez maior de imigrantes do Terceiro Mundo para
os Estados Unidos e Europa acabará resultando em uma
maioria não-branca espalhada por todas as áreas do planeta
anteriormente habitadas pelos brancos; uma elite formada
por financistas internacionais, especialistas da mídia e
dirigentes de corporações multinacionais vai dar as cartas; e
as forças de paz das Nações Unidas serão empregadas para
impedir a iniciativa de qualquer um que decida optar por ficar
de fora desse sistema (PIERCE, 2001, p. 109).

Definir 'globalização' é mais difícil do que falar sobre ela. Em uma conversa
com amigos, na internet ou na TV ouvimos falar sobre globalização. Mas
quais os elementos que marcam este processo? Como ele se dá? Qual o seu
alcance? Ao invés de criar uma definição vamos tentar entender o processo
de globalização usando algumas metáforas.

Mas por que metáforas? Seguindo o pensamento de Ianni (1999, p. 16):

Mas é possível reconhecer que vários desses aspectos são


contemplados por metáforas como "aldeia global", "fábrica
global", "cidade global", "nave espacial", "nova babel", entre
outras. São emblemáticas, formuladas precisamente no clima
mental aberto pela globalização. Dizem respeito às distintas
possibilidades de prosseguimento de conquistas e dilemas da
modernidade. Contemplam as controvérsias sobre
modernidade e pós-modernidade, revelando como é
principalmente a partir dos horizontes da modernidade que
se pode imaginar as possibilidades e os impasses da pós-
modernidade no novo mapa do mundo.

As metáforas "aldeia global", "fábrica global", "cidade global", "nave


espacial" e "nova babel" nos fornecem visões importantes sobre o processo
de globalização. Vamos analisar cada uma delas rapidamente:

 Aldeia global: a tecnologia é a grande responsável pela reviravolta


no mundo de hoje. Com o avanço da eletrônica cada vez mais
observamos uma harmonização e homogeneização constantes. Esta
teoria, nas palavras de Ianni (1999, p.16):

Baseia-se na convicção de que a organização, o


funcionamento e a mudança da vida social, em sentido
amplo, compreendendo evidentemente a globalização, são
ocasionados pela técnica, e, neste caso, pela eletrônica. Em
pouco tempo, as províncias, nações e regiões, bem como a
cultura e civilizações, são atravessadas e articuladas pelos
sistemas de informação, comunicação e fabulação agilizados
pela eletrônica.

Neste caso a informação torna-se um produto. Se antes enviávamos


produtos para todos os cantos do mundo, hoje há uma enxurrada de ideias
permeando as culturas. Há uma superação da palavra pela imagem que
passa a se tornar hegemônica, provocando a substituição do jornal pela TV
e a passagem de uma cultura do livro para a era digital e do
entretenimento. Como conclui Ianni (1999, p. 17): "Nesse sentido é que a
aldeia global envolve a ideia de comunidade mundial, mundo sem
fronteiras, shopping center global, Disneylândia universal".

 Fábrica global: esta expressão faz menção à escalada global do


capitalismo revelando tanto o seu crescimento em importância
quanto transformações ao longo do tempo. A fábrica global envolve
força de trabalho, capital, matérias primas e a tecnologia para buscar
um lucro global. Esta fábrica é apoiada por toda a parafernália de
mídia que possuímos como rádio, TV, jornais, etc...

A fábrica global acaba por dissolver as fronteiras dos países criando fluxos
que promovem a centralização das empresas e mercados. Com as
tecnologias da informação e transportes disponíveis, a produção pode ser
gerenciada em qualquer parte do globo com um custo muito baixo.

Há padronização, ênfase no consumo como forma de buscar a felicidade. É


claro que este pensamento traz alguns efeitos colaterais, como expresso na
imagem a seguir:
Los Angeles/EUA. Congestionamento em autoestrada com 19 faixas

 Nave espacial: esta metáfora envolve uma visão pessimista ou


sombria do processo de globalização, mas nem por isso menos útil.
Estar na nave espacial é perder as referências claras de tempo e
espaço e participar de um processo que nem se sabe ao certo onde
vai chegar: é a anti-utopia do futuro glorioso. Nesse processo o ser
humano é engolido pelo todo, tornado subalterno do mundo que pôs
em movimento.

Junto com a "nave espacial" funde-se a "Torre de Babel". Como resume


Ianni (1999, p.21):

Na metáfora da nave espacial esconde-se a da 'torre de


Babel'. A nove pode ser babélica. Um espaço caótico, tão
babélico que o indivíduo singular e coletivamente têm
dificuldade para compreender que se acham extraviados, em
declínio, ameaçados ou sujeitos à dissolução.

Como é possível perceber, a definição de globalização não é simples,


mas as metáforas nos permitem ver a realidade em partes. Antes de
avançarmos mais, vamos ver como estão seus conhecimentos.
Observe as duas listas a seguir, você saberia dizer de que país vem
cada uma das marcas de fabricantes de carro:

JAC Japão

Ford França

FIAT Inglaterra
BMW China

Honda Coréia do Sul

Citroën EUA

Hyundai Itália

Rolls-Royce Alemanha

Dá para perceber rapidamente que vivemos cercados por coisas do


exterior que vão muito além de objetos, como ideias e estilos de vida.
Mas quando começou este processo? Em outras palavras: como
chegamos a isto que temos hoje?

Com o declínio do feudalismo começam a aparecer os estados


nacionais e a abertura através das grandes navegações e rotas
comerciais. Esta primeira etapa que estamos descrevendo ficou
conhecida como mercantilismo. Antes de 1500 a maioria dos bens era
produzida para consumo apenas sem serem postas a venda no
mercado. O dinheiro não circulava como hoje nem havia crédito
fácil.

Mercantilismo

A doutrina econômica conhecida como


mercantilismo surgiu entre a Idade Média e o
período do triunfo do laissez-faire. O mercantilismo
pode ser datado, aproximadamente, entre 1500 e
1776. Essas datas variam, no entanto, em
diferentes países e regiões (BRUE, 2006, p. 12).

Alguns dos principais dogmas da escola mercantilista foram:

 Ouro e prata como a forma mais desejável de riqueza.



 Nacionalismo.

 Importação isenta de taxas de matérias-primas que não podiam
ser produzidas internamente, proteção para bens
manufaturados e matérias-primas que podiam ser produzidos
internamente e restrição sobre importações de matérias-
primas.

 Colonização e monopolização do comércio colonial.

 Oposição a pedágios, impostos e outras restrições internas
sobre o transporte de bens.

 Forte controle central.

 Importância de uma população numerosa e trabalhadora
(BRUE, 2006, p.14-16).

O mercantilismo foi muito importante por lançar as bases onde foi


construído o modelo econômico que ficou globalmente hegemônico: o
capitalismo. Houve uma revolução científica bem como industrial. Em
primeiro lugar, Isaac Newton (1642-1727) foi um dos responsáveis
pelo avanço significativo das leis científicas apoiado no
desenvolvimento da matemática, física, etc. Estas áreas foram
largamente utilizadas para sustentar uma segunda revolução: a
industrial.

Assim, em segundo lugar, em 1776, a Revolução industrial estava


apenas começando na Inglaterra, mas encontrou um terreno fértil na
economia, política e cultura da época. É digno de nota que o
capitalismo beneficiou-se enormemente do livre-comércio
internacional promovido pela Inglaterra no cenário da época. Esta
concepção que foi se fortalecendo com o avanço do industrialismo
ficou conhecido como liberalismo.

Liberalismo

A doutrina clássica é geralmente chamada de


liberalismo econômico. Suas bases são liberdade
pessoal, propriedade privada, inciativa individual,
empesa privada e interferência mínima do
governo. O termo liberalismo deve ser considerado
em seu contexto histórico: as ideias clássicas eram
liberais, em contraste com as restrições feudais e
mercantilistas sobre a escolha de profissões,
transferências de terra, comércio e assim por
diante (BRUE, 2006, p.48).

É evidente que o capitalismo passou por muitas crises, contudo,


precisamos enxergar as crises por um ângulo diferente quando
tratamos deste assunto. Ao invés de levar à ruina do sistema (como
ocorreu com outros modelos econômicos do passado) a crise levou a
uma adaptação do sistema aos novos tempos. Vamos ver isso melhor
na segunda metade desta web.

Já que estamos falando em capitalismo, um dos aspectos mais


importantes para a permanência do sistema é que as novas gerações
possam se engajar nos valores do sistema desde muito jovens.
Existem muitos jogos que promovem o aprendizado da busca pelo
lucro, luta pelo crescimento, monopolização do mercado... Um desses
jogos é o famoso monopoly -que, traduzido ao pé da letra significa
"monopólio" em português, mas que ficou conhecido aqui com outro
nome: Banco Imobiliário.

Banco Imobiliário

Você é uma pessoa ousada? Prefere uma postura mais conservadora


ou gosta de correr riscos? Leia o interessante artigo "A economia do
futebol americano".1

Tentar marcar no Quarto Down, treinador? Melhor


consultar um especialista. reproduzido a seguir,
acessando o Link: A economia do futebol
americano.
Se formos analisar o capitalismo, diríamos que, na sua essência,
existe tanto o egoísmo quanto o desejo de arriscar. Este egoísmo não
é de todo ruim, como disse o economista Adam Smith (apud
MANKIW, 2009, p.11):

Não é da benevolência do açougueiro, do


cervejeiro ou do padeiro que esperamos nosso
jantar, mas da consideração que eles têm pelos
seus próprios interesses. Ninguém, exceto o
mendigo, escolhe depender principalmente da
benevolência dos cidadãos [...]. Cada individuo
[...] não tem a intenção de promover o interesse
público, nem sabe o quanto o está promovendo
[...] Não pensa senão no próprio ganho, e neste
caso, como em muitos outros casos, é conduzido
por uma mão invisível a promover um fim que não
fazia parte de sua intensão. E nem sempre é pior
para a sociedade que não fizesse parte. Ao
perseguir seu próprio interesse, ele
frequentemente promove o interesse da sociedade
de modo mais eficaz do que faria se realmente se
prestasse a promovê-lo.

Por outro lado, se este desejo não fosse aliado ao desejo de arriscar
fatalmente não haveria tantas gerações de celulares, mais modernos
e voltados à fatias específicas do mercado. O mesmo se aplica aos
carros, aviões, automóveis, televisões, etc. Ao se lançarem na busca
pelo lucro, colocam em funcionamento uma gigantesca máquina. E
quais as características e efeitos deste processo? Vamos analisar
melhor.

Efeitos da globalização

A busca capitalista que se traduz em lucro leva este sistema a uma


constante renovação - uma destruição criativa. Mas como elevar a
produtividade, reduzir os custos e ampliar as operações (tudo ao
mesmo tempo)? Uma das saídas foi a concentração no
desenvolvimento da ciência e da tecnologia como o braço
instrumental que permitiu a vantagem competitiva das empresas.
Mas houve mudanças políticas e econômicas profundas que
produziram efeitos no longo prazo. Vamos analisar cada um destes
aspectos como efeitos do processo de globalização desencadeado.


Segundo Giddens (2005, p. 61):

A explosão nas comunicações globais foi facilitada por


alguns importantes avanços na tecnologia e na
infraestrutura das telecomunicações no mundo. Na era
do pós-guerra, houve uma profunda transformação na
abrangência e na intensidade dos fluxos de
telecomunicações. [...] Enquanto os primeiros cabos
transatlânticos instalados nos anos de 1950 eram
incapazes de transmitir mais de uma centena de linhas,
em 1997, um único cabo transoceânico pôde transmitir
aproximadamente 600 mil linhas. A expansão da
comunicação por satélites, iniciada nos anos de 1960,
também foi importante para a disseminação das
comunicações internacionais. Hoje, uma rede de mais
de 200 satélites está instalada para facilitar a
transferência de informação em todo o mundo.

As consequências dessa estrutura de telecomunicações são


surpreendentes. Há uma explosão nas comunicações. Observe os
gráficos reproduzidos a seguir:

Multiplicação de aparelhos de televisão e telefones nas regiões


do mundo, 1985-1995 e a explosão da comunicação online

1
Extraído de MANKIW, Gregory N. Princípios de macroeconomia...p.32,33
2
Extraído de MANKIW, Gregory N. Princípios de macroeconomia...p.32,33

Em segundo lugar, um dos efeitos da aceleração da globalização toca


também na política internacional do século XX - o colapso do
comunismo de estilo soviético que começou em 1989 e acabou
esfarelando a antiga União Republicana Socialista Soviética - URSS. A
ruína do bloco comunista na Europa gerou a integração das ex-
repúblicas comunistas ao ocidente e o fim da guerra fria, que opunha
EUA e URSS com seus respectivos aliados.

Outra força política que emergiu no horizonte recente do passado da


humanidade foi a intensificação dos blocos regionais e internacionais
de governo. Alguns resultados deste processo são a União Europeia,
o NAFTA e o Mercosul. O repensar das fronteiras nacionais é causa e
efeito do processo de globalização.

Mas a terceira característica do aprofundamento do processo de


globalização envolve um dos mais importantes elementos do mundo
de hoje: o capitalismo. A aceleração das mudanças, os novos
desafios, a competitividade acirrada no mundo, a busca pela
sobrevivência na selva econômica e os riscos a serem enfrentado
fizeram emergir um novo capitalismo.

Observe como Castells (2007, p. 119) a define:

Uma nova economia surgiu em escala global no


ultimo quartel do século XX. Chamo-a de
informacional, global e em rede para identificar
suas características fundamentais e diferenciadas e
enfatizar sua interligação. É informacional porque a
produtividade e a competitividade de unidades ou
agentes nessa economia (sejam empresas, regiões
ou nações) dependem basicamente de sua
capacidade de gerar, processar e aplicar de forma
eficiente a informação baseada em conhecimento.
É global porque as principais atividades produtivas,
o consumo e a circulação, assim como seus
componentes (capital, trabalho, matéria-prima,
administração, informação, tecnologia e mercados)
estão organizados em escala global, diretamente
ou mediante uma rede de conexões entre agentes
econômicos. É rede porque, nas novas condições
históricas, a produtividade é gerada, e a
concorrência é feita em uma rede global de
interação entre redes empresariais. Essa nova
economia surgiu no ultimo quartel do século XX
porque a revolução da tecnologia da informação
forneceu a base material indispensável para sua
criação.
Esta definição é muito importante e precisamos analisá-la melhor:

Uma nova economia surgiu em escala global no ultimo quartel do


século XX... O final do século XX promoveu a integração e a base
tecnológica para o surgimento de uma nova economia global. Esta
nova economia tem alguma características bem específicas.

Chamo-a de informacional... Dizer que a economia mundial é


informacional, significa que a fonte da competitividade e da
lucratividade está cada vez mais associado a capacidade de gerar,
processar e aplicar de forma eficientemente o conhecimento baseado
em informações. A principal matéria prima de uma empresa passa a
ser o conhecimento. É graças ao conhecimento que é possível obter
lucros.

A ultima cortada

Com base ainda na reportagem que você acabou de acessa, ainda


que pareça um valor alto, o gasto em pesquisa é o que pode dar a
vantagem competitiva que é decisiva no mundo de hoje. Para ficar
mais claro, observe a imagem a seguir. O lucro é consequência de
uma maior competitividade. A base da competitividade, por sua vez,
está no conhecimento.

A relação entre conhecimento, competitividade e


lucratividade

Não é coincidência que as empresas se lancem cada vez mais na


busca de conhecimentos. Aqueles que não detêm os conhecimentos
específicos da sua área simplesmente não conseguem competir de
igual para igual. Quer um exemplo?

Deixe-me imaginar a marca da sua televisão: hum... sua TV deve


ser:
Samsung ou LG coreana,

Sony ou Toshiba Japonesa,

Phillips holandesa.

Acertei? E quanto a seu carro? (o que você tem ou gostaria de


ter...)

Volkswagen, Audi, BMW, Mercedes - Alemão.

Citroën, Peugeot, Renault - Francês.

Ford, Chevrolet ou Chrysler - Americano

Hyundai, Kia - Coreano

Toyota, Honda, Suzuki, Mitsubishi - Japonês.

Seu carro (atual ou dos sonhos) é um desses? Por que não temos
marcas de carros ou televisores brasileiros que sejam populares? Um
dos motivos é que estas são áreas que precisam cada vez mais de
investimentos em pesquisa e, quem quiser entrar hoje precisa
investir muito (sem garantia de sucesso, diga-se de passagem). O
conhecimento se torna a ferramenta mais importante que garante a
competitividade da empresa.

...Global... Dizer que a economia hoje opera em tempo real


amarrando as economias. O desenvolvimento tecnológico criou uma
interdependência entre as economias nacionais que passam a
compartilhar o crescimento econômico e, por que não dizer?

As crises econômicas. Os dois maiores exemplos dessa nova ordem


econômica mundial estão nas bolsas de valores e no comércio global.
Certamente que esta economia global não abarca todos os países de
igual modo. Como dependem da base tecnológica para que haja os
fluxos financeiros internacionais, os países periféricos ou menos
desenvolvidos, não participam de igual para igual desta economia.

Como dito, o avanço tecnológico permitiu a base para que houvesse


uma economia global. Todo o dinheiro do mundo está sendo
convertido em um signo de computador, um código binário que
trafega pelos terminais tecnológicos - computadores, fios de fibra
ótica, smartphones, etc... O dinheiro aplicado nos EUA pode no final
do dia ser investido na França e, antes do fechamento da bolsa,
transferido para Tóquio, em seguida para a bolsa de valores
brasileira... o dinheiro não vai trabalhar 6, 8 ou 10 horas por dia.

Ele vai trabalhar 24h por dia, de preferencia 365 dias por ano (em
algum lugar do mundo não se comemora natal, é dia de bolsa de
valores... em algum lugar do mundo não se comemora o ano novo
em 1o de janeiro, é dia de bolsa de valores...).

...Em rede. Faz menção a organização empresarial dominante na


nova economia. Dizer que a economia é em rede não quer dizer que
está na rede da internet. Esta expressão indica a estrutura
organizacional que ficou conhecida como toyotismo envolvendo
terceirizações, subcontratações e alianças estratégicas.

Observe a representação a seguir:

A empresa em rede

Algumas empresas chegam a ter centenas ou mesmo milhares de


empresas/pessoas/ONG's/escritórios gravitando em torno de si. Com
a política de subcontratação, terceirização e alianças estratégicas a
empresa em rede pode reduzir os estoques, aumentar a lucratividade
e obter ganhos em qualidade ao mesmo tempo.
O avanço da nova economia permitiu um crescimento inimaginável da
riqueza no mundo. Observe o gráfico a seguir que mostra a
proporção do crescimento da economia americana.

PIB real nos Estados Unidos

Fonte: (MANKIW, 2009, p. 206)

É claro que esta prosperidade toda não está distribuída de maneira


homogênea no mundo que vivemos. Vamos tratar desta questão
agora.

Globalização como processo disforme, heterogêneo e


inacabado

Como dito anteriormente o século XX observou o crescimento


exponencial da riqueza no mundo.

O avanço fez com que o abismo que separava os 'países


desenvolvidos' dos 'em desenvolvimento' se tornasse ainda maior.
Observe a tabela a seguir que dá uma proporção deste tamanho.

O PIB e qualidade de vida


Fonte: (MANKIW, 2009, p 210)

Como é possível perceber, os EUA, Japão e Alemanha têm um PIB per


capta maior. PIB significa Produto Interno Bruno e é a somatória de
todas as riquezas produzida em uma sociedade. O PIB per capta é a
renda média de cada cidadão nestes países. Isto quer dizer que a
renda média de um trabalhador nos EUA, em 2005, foi de 41.890
dólares. Enquanto na Nigéria foi de apenas 1.128 dólares (os
números do gráfico estão expressos sempre em dólares).

O interessante destes números é que existe um indicador de


qualidade de vida ligado a eles. Nos países mais ricos as pessoas não
apenas ganham mais, mas vivem por mais tempo, estudam mais e
navegam mais na internet. A expectativa de vida, índice de
alfabetização e uso da internet podem estar revelando aspectos
interessantes sobre as sociedades. Olha o caso da internet que não
deve ser pensada apenas em termos de lazer.

Uma vez que a nova economia flui através dos terminais eletrônicos o
domínio destas ferramentas é fundamental para todos aqueles que
quiserem continuar jogando o jogo do capitalismo.
Ao chegar ao final desta web precisamos pensar: criamos um mundo
justo? Este é o melhor mundo que poderíamos ter feito? E, quanto ao
capitalismo? Quem deve dominar este jogo e por quê? Será que
teríamos algo a contribuir (positivamente)? Você percebeu que para
responder a estas e outras perguntas precisamos refletir sobre as
nossas noções de moral, valores e ética?

Bem, da para perceber agora que voltamos ao ponto de partida


destas webs aulas. Por que você não volta e procura recordar um
pouco de cada uma delas?

Lembre-se: mais do que nota, precisamos de um conhecimento que


faça a diferença neste mundo que vivemos...

RESUMINDO

 A sociedade moderna é, sobretudo, uma sociedade global. Com


a expansão das consequências da modernidade passamos a
experimentar uma verdadeira enxurrada de fatos, produtos,
ideias de vários lugares do mundo... O avanço tecnológico e a
consequente globalização abrem novas possibilidades e desafios
que todos nós temos enfrentado.

 A industrialização provocou o ruir da economia rural e o
surgimento da cidade como figura dominante global. Hoje a
esmagadora maioria da população mundial vive em cidades ou
regiões metropolitanas que provocaram uma reviravolta nos
sistemas políticos, econômicos e na cultura.

 Porém, em segundo lugar, o desmonte do mundo medieval
proporcionou o surgimento de um novo mundo que emergiu
das cinzas do ocidente. A tecnologia proporcionou não apenas o
aumento da produção e comércio, mas também o
"encurtamento" das distâncias, colocando pessoas em contato
com lugares, notícias e culturas diferentes.

 Baseado em: BRUE, Stanley L. História do pensamento
econômico, São Paulo, Thomson Learning, 2006, p.13-16 - A
doutrina econômica conhecida como mercantilismo surgiu entre
a Idade Média e o período do triunfo do laissez-faire. Alguns
dos principais dogmas da escola mercantilista foram: Ouro e
prata como a forma mais desejável de riqueza. Nacionalismo.
Importação isenta de taxas de matérias-primas que não podiam
ser produzidas internamente, proteção para bens
manufaturados e matérias-primas que podiam ser produzidos
internamente e restrição sobre importações de matérias-
primas. Colonização e monopolização do comércio colonial.
Oposição a pedágios, impostos e outras restrições internas
sobre o transporte de bens. Forte controle central. Importância
de uma população numerosa e trabalhadora.

 A doutrina clássica é geralmente chamada de liberalismo
econômico. Suas bases são liberdade pessoal, propriedade
privada, inciativa individual, empesa privada e interferência
mínima do governo. O termo liberalismo deve ser considerado
em seu contexto histórico: as ideias clássicas eram liberais, em
contraste com as restrições feudais e mercantilistas sobre a
escolha de profissões, transferências de terra, comércio e assim
por diante.

 A busca capitalista que se traduz em lucro leva este sistema a


uma constante renovação - uma destruição criativa. Mas como
elevar a produtividade, reduzir os custos e ampliar as
operações (tudo ao mesmo tempo)? Uma das saídas foi a
concentração no desenvolvimento da ciência e da tecnologia
como o braço instrumental que permitiu a vantagem
competitiva das empresas. Mas houve mudanças políticas e
econômicas profundas que produziram efeitos no longo prazo.

 Em primeiro lugar, a tecnologia promoveu mais do que o
aumento da produção, ela gerou os fundamentos da sociedade
global que vivemos.

 Em segundo lugar, um dos efeitos da aceleração da
globalização toca também na política internacional do século XX
- o colapso do comunismo de estilo soviético que começou em
1989 e acabou esfarelando a antiga União Republicana
Socialista Soviética - URSS.

 Mas a terceira característica do aprofundamento do processo de
globalização envolve um dos mais importantes elementos do
mundo de hoje: o capitalismo.

REFERÊNCIAS:

A NOSSA herança. Lenovo Brasil. Disponível em:


<http://www.lenovo.com/lenovo/br/pt/our_company.html>. Acesso
em: 28 ago. 2012.

BANCO Imobiliário vai se tornar filme. Gazeta do Povo: GAZ+, 06


set. 2011. Disponível em:
<http://www.gazetadopovo.com.br/gaz/cinema-e-tv/cinema/banco-
imobiliario-vai-se-tornar-filme/>. Acesso em: 27 ago. 2012.

BRUE, Stanley. História do pensamento econômico. São Paulo,


Thomson Lerning, 2006.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Paz e Terra,


2001.

CELULAR; Câncer, será verdade? 02 jun. 2011. Disponível em:


<http://emiliobarbosa.wordpress.com/2011/06/02/02-jun-celular-
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