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APOSTILA DE

HISTÓRIA

Sumário
1º – ETAPA ............................................................................................. 7
I- UNIDADE: ...................................................................................... 7
1- A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS NA PENÍNSULA IBÉRICA,
SUA PROPOSTA DE COLONIZAÇÃO E CHEGADA DO NOVO MUNDO. .......... 7
1.1- O surgimento do Reino de Portugal ........................................................... 7
1.2- A revolução de avis e a proposta expansionista .................................. 8
1.2.1- Antecedentes .......................................................................... 9
1.2.2- Contexto histórico .................................................................. 9
1.3- A chegada dos portugueses ao Brasil ........................................................ 9
1.3.1- Primeiros contatos com os indígenas ...................................... 9
1.4- A ocupação portuguesa das terras do “Brasil” ................................... 10
II- UNIDADE ..................................................................................... 10
2- O IMAGINÁRIO CRISTÃO DO NOVO MUNDO........................................ 10
III- UNIDADE ................................................................................... 11
3- ESCRAVIDÃO E TRABALHO NO BRASIL ................................................... 11
3.1- O trabalho na lavoura canavieira .................................................................... 12
3.2- O trabalho rural e urbano em Minas gerais, no século XVIII ........... 12
3.3- O trabalho na lavoura cafeeira ......................................................................... 13
3.4- O trabalho nas cidades do Brasil imperial: Rio de Janeiro,
Salvador e Belém .............................................................................................................. 14
IV- UNIDADE ..................................................................................... 15
4- RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO E O MEDO BRANCO ............................ 15
4.1- FUGAS, IRMANDADE, PRÁTICAS RELIGIOSAS E QUILOMBIOS ........ 16
4.1.1- Fugas ................................................................................... 16
4.1.2- Irmandade............................................................................ 16
4.1.3- Práticas religiosas ................................................................ 17
4.1.4- Quilombolas ......................................................................... 18
5- Revolta dos Males .............................................................................................. 19
6- FIM DO TRÁFICO E O DEBATE SOBRE ESCRAVIDÃO ........................ 19
V- UNIDADE ..................................................................................... 20
7- O IMPÉRIO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL...................... 20
7.1- Confederação do Equador .............................................................................. 20

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7.2- Cabanagem ........................................................................................................... 20


8. Revolução Farroupilha .................................................................................... 20
9. Sabinada ................................................................................................................. 20
10. Balaiada .................................................................................................................. 21
11. Revolução Praieira ............................................................................................ 21
7.1- A FORMAÇÃO DO ESTADO IMPERIAL E O PRIMEIRO REINADO ....... 21
7.1.1- Ocorreu a construção do Estado Brasileiro? (1808-1831) ..... 21
7.2- Agitações político-sociais da Regência ........................................................ 21
7.3- Cabanagem ................................................................................................................. 22
7.3.1- Principais causas dessa revolta: ........................................ 22
7.4- Estabelecimento do II Reinado ........................................................................ 23
7.5- A política externa no prata: a guerra do Paraguai ................................. 24
7.5.1- A guerra do Paraguai ........................................................ 24
VI- UNIDADE ..................................................................................... 25
8- A SOCIEDADE DA BORRACHA NO PARÁ (1870 – 1815) ................. 25
8.1- Sistema de aviamento .......................................................................................... 25
2º ETAPA .............................................................................................. 26
I- UNIDADE: O MUNDO DO TRABALHO ............................................. 26
1- NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A NOVA SOCIEDADE DO
TRABALHO ............................................................................................................................ 26
1.1- A revolução industrial e a questão social: modernidade e trabalho
26
1.2- A constituição de novos mundos do trabalho no Brasil .................. 28
1.3- A imigração e a ética do trabalho assalariado no Brasil ................ 28
1.4- A vida e o cotidiano dos operários dentro e fora das fabricas .... 29
1.5- Os anos 30 no Brasil e a questão do trabalho: o trabalho e a
legislação social na chamada Era Vargas ............................................................. 30
1.5.1- Políticas trabalhistas na Era Vargas ...................................... 30
1.6- A estruturação do Parque industrial brasileiro: O novo perfil da
classe operária na república contemporânea ..................................................... 31
1.7- A formação da nova ordem mundial e seus reflexos no mundo do
trabalho ................................................................................................................................. 31
1.8- Neoliberalismo e o reordenamento do capital .................................... 32
II- UNIDADE ..................................................................................... 32
2- FORMAS DO ESTADO E RELAÇÕES DE PODER ...................................... 32
2.1- As bases da modalidade; do nascimento das democracias burguesas
ao colapso das guerras contemporâneas.............................................................. 33

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2.1.1- Colapso das guerras ............................................................. 33


2.2- As ideias liberais e suas vinculações com os conceitos de estado
liberal e democrático na Europa ................................................................................ 34
2.3- Processo de construção da nação e do nacionalismo
contemporâneo: as unificações alemã e italiana do século XIX ............. 34
2.3.1- A unificação da Itália ............................................................ 35
2.3.2- A unificação da Alemanha ..................................................... 35
2.4- A expansão imperialista europeia no século XIX: o neocolonialismo
e a primeira guerra mundial ........................................................................................ 36
2.4.1- O neocolonialismo e a primeira guerra mundial .................... 37
2.4.2- A segunda guerra mundial .................................................... 38
2.4.3- A guerra fria ......................................................................... 39
2.4.4- Fim da Guerra Fria ................................................................ 39
2.5- A república no Brasil ............................................................................................. 40
2.6- A proclamação da república do Brasil........................................................... 40
2.7- A Proclamação .......................................................................................................... 41
2.8- Oligarquias e Coronelismo.................................................................................. 41
2.9- A burguesia brasileira e suas relações com o Estado e as oligarquias
do café .................................................................................................................................... 41
2.10- Os anos 30 no Brasil e o estado .................................................................... 42
2.10.1- O Golpe de 1930 ................................................................. 43
2.11- O baratismo no Pará: Da 1º interventoria ao esforço de guerra dos
anos 40................................................................................................................................... 43
2.12- Populismo, “terror” e autoritarismo ........................................................... 44
2.13- Estado, o trabalho e o sindicalismo nos anos 50 e 60 no Brasil e na
Argentina .............................................................................................................................. 45
2.14- Entre guerras e o estado de terror: nazismo, fascismo, stalinismo
e o estado getulista nos processos de massificação e racismo ................. 46
2.14.1- Stalinismo Soviético ........................................................... 46
2.14.2- Fascismo ............................................................................ 46
2.14.3- Nazismo ............................................................................. 47
2.15- O estado getulista nos processos de massificação e racismo........ 47
2.16- A experiência do estado autoritário no brasil: movimento de 64,
estado de segurança nacional e a política dos governos militares para a
Amazônia .............................................................................................................................. 48
2.16.1- O que foi a “Revolução de 64” ............................................ 48
2.17- O estado e o neoliberalismo ........................................................................... 49

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2.18- Crise no leste europeu: reordenamento do estado na nova ordem


mundial .................................................................................................................................. 50
2.18.1- Crise no leste europeu ........................................................ 50
2.18.2- Neoliberalismo no brasil de Fernando Henrique e color....... 50
III- UNIDADE ................................................................................... 51
3- MENTALIDADE E RELIGIOSIDADE ............................................................. 51
3.1- Religiosidade e cultura entre pré-colombianos ....................................... 51
3.1.1- Maias .................................................................................... 51
3.1.2- Os Astecas ............................................................................ 52
3.1.2- Os incas ................................................................................ 53
3.2- Artes, ciências e visões de um mundo nas sociedades maias,
Astecas e Incas .................................................................................................................. 55
3.2.1- Astecas ................................................................................. 55
3.2.2- Incas .................................................................................... 55
3.2.3- Maias .................................................................................... 55
3.3- A produção de uma nova mentalidade na Europa ocidental ............. 56
3.4- Humanismo e renascimento na Europa moderna ................................... 56
13.1- Imaginário cristão no novo cristão ........................................................... 57
13.2- Os elementos do imaginário Europeu no processo de expansão
ultramarina .......................................................................................................................... 57
13.3- Práticas religiosas e de colonização na américa ibérica e inglesa
58
13.4- As formas de religião e religiosidade no Brasil colonial ................ 58
13.5- Tensões e lutas entre culturas diferentes ............................................. 59
13.6- Modernidade e o imaginário da revolução: afirmação e
contestação à ordem ....................................................................................................... 60
3.11- A modernidade e as ideias em movimento: da revolução cientifico
técnica às bases do iluminismo ................................................................................. 60
3.11.1- Qual o contexto do Iluminismo? ......................................... 60
3.11.2- Influências do iluminismo ................................................... 61
3.12- As ideias contestatórias à modernidade: socialismo e anarquismo
61
3.13- Cultura, “civilização” e modernidade ...................................................... 62
3.14- As ideias de civilização no cenário do neocolonialismo ................. 63
3.15- Nacionalismo e o colapso da modernidade ........................................... 63
3.16- Higienização social e os processos civilizatórios no Brasil ........... 63

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3.17- Modernização autoritária: Higienização, revolta da vacina,


urbanização do Rio de Janeiro, a Belle Époque no cenário amazônico da
borracha ................................................................................................................................ 64
3.17.1- Higienização ....................................................................... 64
3.17.2- Revolta da vacina ............................................................... 65
3.17.3- Urbanização do Rio de Janeiro ............................................ 65
3.17.4- A Belle Époque no cenário amazônico da borracha .............. 66
3.18- As ideias e as vivências culturais no Brasil contemporâneo ........ 67
3.19- Os movimentos modernistas no Brasil entre 1920 1945 ............... 67
3.20- A cultura como instrumento disciplinar da era Vargas e releitura
do nacionalismo nos anos 50 ...................................................................................... 68
3.21- A cultura como campo de luta e interpretação social entre os
anos 50 e 90 ........................................................................................................................ 68
3.21.1- Bossa nova ......................................................................... 68
3.21.2- Tropicália ou tropicalismo ................................................... 69
3.21.3- Jovem guarda ..................................................................... 70
3.21.4- Cinema novo ....................................................................... 70
3.21.5- Música de protesto ............................................................. 71
3.21.6- O rock nacional ................................................................... 72
3.21.7- O hip hop ............................................................................ 72
IV- UNIDADE ..................................................................................... 72
4- CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS .................................................... 72
4.1- A era de revoluções: a modernidade e suas contradições ................. 73
4.2- Revoluções do sáculo XVI na Inglaterra – a revolução americana 73
4.2.1- Revolução americana ............................................................ 73
4.3- A revolução francesa ............................................................................................. 74
4.4- Os movimentos sociais contestatórios no mundo contemporâneo:
os trabalhadores e suas formas de luta e organização na França e na
Inglaterra.............................................................................................................................. 76
4.5- A comuna de paris e a internacional socialista ........................................ 77
4.6- Os movimentos sociais no Brasil: da primeira república aos anos 30
79
4.7- Contestado e canudo ............................................................................................. 79
4.8- Cangaço ....................................................................................................................... 80
4.9- Anarcossindicalismo e socialismo no movimento operário da
primeira república ............................................................................................................ 81
4.10- As propostas de ’’Revolução’’ em 1930..................................................... 81
4.10.1- Eleições Presidenciais de 1930 ........................................... 82

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4.10.2- Assassinato de João Pessoa ................................................ 82


4.10.3- Governo Provisório de Vargas ............................................. 83
4.10.4- Revolução ou Golpe?........................................................... 83
4.11- Aliancismo e oposição ao projeto de Vargas .......................................... 83
4.12- A ANL e a intentona............................................................................................. 84
4.13- Cenário das intransigências e os movimentos sociais no século XX
85
4.14- O impacto do marxismo na Rússia e a revolução de 1917, o
surgimento da URSS ........................................................................................................ 85
4.14.1- O surgimento da união soviética ......................................... 86
4.15- Fascismo e nazismo e a crise das democracias liberais ................... 87
4.16- Os desdobramentos da 2º guerra na américa latina :
fortalecimento e crise dos governos populistas e a fragilidade da
democracia no Brasil ....................................................................................................... 87
4.16.1- Fortalecimento e crise dos governos populistas .................. 88
4.16.2- A fragilidade da democracia no Brasil ................................. 88
4.17- A guerra fria e as lutas pela democracia: China, Coreia e Vietnã 89
4.17.1- Guerra da Coreia................................................................. 89
4.17.2- Guerra do Vietnã ................................................................ 90
4.18- As diversidades nas emancipações Afro-asiáticas: Índia , Angola e
Argélia90
4.19- Movimentos revolucionários na américa latina: Cuba e Nicarágua
90
4.19.1- Revolução cubana ............................................................... 90
4.19.2- Nicarágua ........................................................................... 91
4.20- Os movimentos de enfrentamento aos governos militares no Brasil
pós 64 92
4.21- O movimento estudantil .................................................................................... 92
4.22- Guerrilha do Araguaia ........................................................................................ 93
4.23- Movimentos sociais e a luta sindical .......................................................... 94
4.24- Da “distensão” à abertura política: Anistia, terrorismo da direita,
a campanha pelas “diretas”, o fim do regime militar e o “governo
Sarney’’ .................................................................................................................................. 95
4.24.1- Lei da anistia ...................................................................... 96
4.24.2- Terrorismo de direita .......................................................... 96
4.24.3- A campanha pelas “diretas” o fim do regime militar ........... 97
4.24.4- Governo Sarney .................................................................. 97
4.25- As eleições de 1989: Lula x Collor ............................................................... 98

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HISTÓRIA

1º – ETAPA
I- UNIDADE:
1- A FORMAÇÃO DO ESTADO PORTUGUÊS NA PENÍNSULA IBÉRICA,
SUA PROPOSTA DE COLONIZAÇÃO E CHEGADA DO NOVO MUNDO.
1.1- O surgimento do Reino de Portugal
Em 1139, durante a reconquista cristã,
foi fundado o Reino de Portugal a partir
do condado Portucalense, nascido entre
os rios Minho e Douro. A estabilização
das suas fronteiras em 1297 tornou
Portugal o país europeu com as
fronteiras mais antigas. Como pioneiro
da exploração marítima na Era dos
Descobrimentos, o reino de Portugal
expandiu os seus territórios entre os
séculos XV e XVI, estabelecendo o primeiro império global da história, com
possessões em África, na América do Sul, na Ásia e na Oceania. Em 1580 uma
crise de sucessão resultou na União Ibérica com Espanha. Sem autonomia para
defender as suas posses ultramarinas face à ofensiva holandesa, o reino perdeu
muita da sua riqueza e status. Em 1640 foi restaurada a independência sob a nova
dinastia de Bragança. O terramoto de 1755 em Lisboa, as invasões espanhola e
francesas, resultaram na instabilidade política e económica. Em 1820 uma revolta
fez aprovar a primeira constituição portuguesa, iniciando a monarquia
constitucional que enfrentou a perda da maior colónia, o Brasil. No fim do século,
a perda de estatuto de Portugal na chamada partilha de África.
Uma revolução em 1910 depôs a monarquia, mas a primeira república portuguesa
não conseguiu liquidar os problemas de um país imerso em conflito social,
corrupção e confrontos com a Igreja. Um golpe de estado em 1926 deu lugar a
uma ditadura.
A partir de 1961 esta travou uma guerra colonial que se prolongou até 1974,
quando uma revolta militar derrubou o governo. No ano seguinte, Portugal
declarou a independência de todas as suas posses na África.

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Após um conturbado período revolucionário, entrou no caminho da democracia


pluralista. A constituição de 1976 define Portugal como uma república
semipresidencialista. A partir de 1986 reforçou a modernização e a inserção no
espaço europeu com a adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE).
1.2- A revolução de avis e a proposta expansionista
A Revolução de Avis foi um conflito político e bélico que ocorreu entre 1383 e 1385
entre o Reino de Portugal e o Reino de Castela.
A formação do estado nacional português está relacionada à expulsão dos mouros
nas Guerras de Reconquista. Estas tinham como objetivo expulsar os mouros
(muçulmanos) da Península Ibérica. A Guerra da Reconquista gerou quatro novos
reinos: Leão, Castela, Navarra e Aragão (territórios que hoje pertencem à
Espanha).
O rei de León, Afonso VI, vai contar com a ajuda de nobres franceses na guerra

contra os muçulmanos e um deles será Henrique de Borgonha. Ao final da guerra,


Henrique de Borgonha é recompensado com o território do Condado Portucale (ou
Condado Portucalense) e também se casa com a filha de Afonso VI, Teresa de
Leão.
Funda-se, deste modo, a dinastia Borgonha ou Afonsina que governará esta
região.
O herdeiro deste matrimônio, Afonso Henriques, proclama a independência do
condado em relação ao reino de Leão, através de guerras e da assinatura do
Tratado de Zamora.
Desta maneira, em 1139, é considerado o ano de nascimento de Portugal, ainda
que faltasse o sul para ser reconquistado.
Portanto, em 1147, com a ajuda dos cruzados anglo-saxões que estavam a
caminho da Terra Santa, Afonso Henriques conquista Lisboa, expulsando em

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definitiva, os muçulmanos do seu território. Mais tarde, em 1179, será confirmado


rei pelo Papa Alexandre III.
A dinastia Borgonha vai governar Portugal até o século 14 quando se dá a
Revolução de Avis.

1.2.1- Antecedentes

Com a morte de Dom Fernando I, em 1383, a herdeira do trono, Beatriz, estava


casada Dom Juan I de Castela. Este reivindicou para si mesmo e para a esposa, a
coroa de Portugal.
Isso gerou um problema, pois alguns setores da sociedade não queriam perder a
independência adquirida. Assim, surgem duas facções:
Nobreza – apoiava a união com o reino de Castela.
Burguesia, pequena nobreza e “arraia-miúda” – não desejava a união com o reino
de Castela.
Sendo assim, estes últimos vão apoiar o irmão bastardo de Dom Fernando I, João,
conhecido como o "Mestre de Avis".
Como era frequente na Idade Média, este impasse foi resolvido com um confronto,
a Batalha de Aljubarrota.

1.2.2- Contexto histórico

O Descobrimento do Brasil deve ser entendido dentro do contexto das Grandes


Navegações e Descobrimentos Marítimos (séculos XV e XVI). Portugal e Espanha
eram as nações mais poderosas do mundo e se lançaram ao mar em busca de
novas terras para explorar. Usavam também o mar como rota para chegar as
Índias, grande centro comercial da época, onde compravam especiarias
(temperos, tecidos, joias, etc.) para revender na Europa com alta lucratividade.
1.3- A chegada dos portugueses ao Brasil
O Descobrimento do Brasil ocorreu no dia 22 de
abril de 1500. Nesta data, as caravelas da
esquadra portuguesa, comandada por Pedro
Álvares Cabral, chegaram ao litoral sul do atual
estado da Bahia. Neste local havia um monte, e
ele foi batizado, pelos portugueses, de Monte
Pascoal (pois, era época da Páscoa Cristã).
No dia 24 de abril, dois dias após a chegada,
ocorreu o primeiro contato entre os indígenas
brasileiros que habitavam a região e os
portugueses. De acordo com os relatos da Carta
de Pero Vaz de Caminha, este foi um encontro pacífico e de estranhamento, em
função da grande diferença cultural existente entre os dois povos.

1.3.1- Primeiros contatos com os indígenas

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Cabral recebeu alguns índios em sua caravela. Logo de cara, os índios apontaram
para objetos de prata e ouro. Este fato, fez com que os portugueses pensassem
que houvesse estes metais preciosos no Brasil. Neste contato, os portugueses
ofereceram água aos índios, que tomaram e cuspiram, pois era água velha com
gosto muito diferente da água pura e fresca que os índios tomavam. Os índios
também não quiseram vinho e comida, oferecidos pelos portugueses.
Neste contato, que foi um verdadeiro “choque de culturas”, houve estranhamento
de ambos os lados. Os portugueses estranharam muito o fato dos índios andarem
nus, enquanto os indígenas também estranharam as vestimentas, barbas e as
caravelas dos portugueses.
No dia 26 de abril, foi celebrada a primeira missa no Brasil, rezada pelo Frei
Henrique de Coimbra. Após a missa, a esquadra rumou em direção às Índias, em
busca das especiarias. Como acreditavam que a terra descoberta se tratava de
uma ilha, a nomearam de Terra de Vera Cruz (primeiro nome do Brasil).
1.4- A ocupação portuguesa das terras do “Brasil”
No primeiro século de colonização as terras exploradas na América portuguesa se
reduziam ao litoral brasileiro, sendo o pau-brasil o produto que mais interessava
aos colonizadores. No entanto, a partir do século XVI ocorreu uma significativa
mudança na configuração do território, já que ocorreu uma maior interiorização da
ocupação tendo em vista a conquista dos chamados sertões, regiões estas
distantes do litoral. As mudanças ocorridas neste perfil de ocupação estiveram
ligadas a fatores como a necessidade de proteger o território, a busca pela mão
de obra indígena, pela expansão da pecuária para o abastecimento interno e
também pela não necessidade do respeito ao Tratado de Tordesilhas no momento
da união entre Portugal e Espanha.
II- UNIDADE
2- O IMAGINÁRIO CRISTÃO DO NOVO MUNDO.

AS PRÁTICAS RELIGIOSAS E DE COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA IBÉRICA INGLESA

Ao falarmos sobre a expansão marítimo-comercial,


costumamos salientar um amplo número de razões
políticas e econômicas que possibilitaram a
ocorrência de tal fato histórico. Sem dúvida, tais
fatores são de fundamental compreensão para esse
novo momento em que os homens saem de sua
terra natal para descobrirem outras localidades e
povos ao redor do mundo. Contudo, essa ambição
material não encerra as possibilidades de explicação
vinculadas às grandes navegações.
Partindo para um outro referencial interpretativo, devemos nos ater ao fato de que
várias histórias sobre terras longínquas cercadas de maravilhas e criaturas
terríveis circulavam entre os europeus mesmo antes da real descoberta de outros
continentes. Entre outros documentos podemos salientar o “Livro das Maravilhas”,
obra escrita pelo navegador italiano Marco Pólo, em que relata a exuberância e
riqueza de distantes civilizações do Oriente.

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Tendo forte traço medieval, esses relatos tinham base no pensamento religioso
cristão ao alternarem relatos que faziam lembrar a busca do paraíso perdido ou a
temível descoberta do inferno. Além disso, várias concepções científicas anteriores
a esse período defendiam a compreensão da terra como um grande plano limitado
por um grande abismo, onde se encontravam feras terríveis. Dessa forma, o desejo
pelo novo e o temor do desconhecido traziam uma contradição à aventura pelo
mar.
Essa visão maniqueísta de origem medieval não foi simplesmente abandonada a
partir do momento em que os navegantes europeus criaram técnicas de navegação
seguras e desmentiram vários dos mitos sobre as terras distantes. Ao chegarem à
América, por exemplo, alguns viajantes costumavam falar sobre os costumes
“demoníacos” das populações nativas e da “riqueza infindável” encontrada naquele
novo ambiente que os cercava.
Utilizando dos próprios registros cartográficos do século XVI temos uma série de
imagens e gravuras que demonstravam essa concepção de maneira ainda mais
clara. Em alguns mapas, cada continente era descrito por meio da representação
de quatro diferentes mulheres, sendo a Europa o símbolo de altivez e soberania;
a África, uma negra cercada por animais selvagens e com poucos ornamentos; a
Ásia, uma princesa cercada de especiarias; e a América, uma jovem nua selvagem.
A partir disso, podemos compreender que as grandes navegações de fato
assinalam um novo momento da História onde os homens europeus ampliavam
sua visão de mundo. Contudo, esse momento ainda se mostrava impregnado de
várias permanências em que os valores religiosos cristãos e a mitologia medieval
se mostravam claramente vivos na mente daqueles homens que partiam para o
mar.
III- UNIDADE
3- ESCRAVIDÃO E TRABALHO NO BRASIL
Os portugueses que colonizaram o
Brasil foram buscar na África a mão
de obra necessária para a cultura da
cana-de-açúcar. Os escravos
trabalhavam em todas as etapas da
produção do açúcar, desde o plantio
até a fabricação do açúcar nos
engenhos. Trabalhavam de sol a sol
e eram castigados com violência
quando não cumpriam ordens,
erravam no trabalho ou tentavam
fugir. Tinham que executar todos os trabalhos solicitados por seu “dono”.
As mulheres escravas também trabalhavam muito, porém alguns tinham a “sorte”
de realizarem serviços domésticos, como limpeza, culinária, cuidar das crianças.
Essas tinham uma atividade menos penosa. Os filhos dos escravos trabalhavam
desde muito cedo. Por volta dos oito anos já eram obrigados a executar trabalhos
de adultos e praticamente perdiam sua infância.

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A partir da metade do século XVIII, com a descoberta das minas de ouro, os


escravos de origem africana passaram a trabalhar também na mineração. Faziam
o trabalho mais pesado, ou seja, quebravam pedras, carregavam cascalho e
atuavam na busca de pepitas de ouro nos rios.
Nos séculos XVIII e XIX eram comuns, principalmente nas cidades maiores, os
escravos de ganho. Estes tinham a liberdade de executar serviços ou vender
mercadorias (doces, por exemplo) nas ruas. Porém, a maior parte dos lucros
destas atividades deveriam ser entregues aos seus proprietários. Embora ficassem
com pouco, muitos escravos de ganho guardavam dinheiro durante anos para
poder comprar a carta de alforria, conquistando assim sua liberdade.
O trabalho imposto aos escravos no Brasil até a abolição (1888) foi duro,
massacrante e injusto pois era obrigatório, sem direitos e sem remuneração.
Recebiam apenas alimentação de baixa qualidade, roupas velhas e
alojamento,(senzala), subumano. Muitos escravos não resistiam e morriam de
doenças ou em acidentes de trabalho, que eram comuns na época. Não possuíam
direito e eram vendidos e comprados como mercadorias. Contra estas condições
de trabalho, muitos escravos fizeram revoltas ou fugiram, formando os quilombos,
onde podiam trabalhar de acordo com os costumes africanos.
3.1- O trabalho na lavoura canavieira
O plantio da cana-de-açúcar foi realizado em grandes propriedades rurais
denominadas de latifúndio monocultor. Essas propriedades também ficaram
conhecidas como engenhos, porque, além das plantações, abrigavam as
instalações apropriadas e os equipamentos necessários para o refino do açúcar: a
moenda, a caldeira e a casa de purgar. Para o processo de produção e
comercialização do açúcar ser lucrativo ao empreendimento colonial, os engenhos
introduziram a forma mais aviltante de exploração do trabalho humano: a
escravidão. A introdução do trabalho escravo nas grandes lavouras baixava os
custos da produção. Toda a riqueza da colônia foi produzida pelo trabalho escravo,
baseado na importação de negros capturados à força na África.
O contexto social da colonização e da
super exploração da mão-de-obra pela
lavoura canavieira tornava inviável contar
com o trabalho dos homens livres. Com
terras abundantes, os homens livres
poderiam facilmente se apropriar de uma
gleba e desenvolver atividades de
subsistência. Ou seja, não havia nem
incentivo nem necessidade de que a
população livre trabalhasse no engenho.
Completando o quadro, os portugueses
também exploravam o lucrativo tráfico de
escravos negros africanos. E a simples existência do tráfico já constituía um
estímulo à utilização desta mão-de-obra nas colônias pertencentes à Portugal.
3.2- O trabalho rural e urbano em Minas gerais, no século XVIII
Ao final de 1770 e início de 1780, Minas Gerais possuía uma sociedade com grande
potencial de riqueza. Entretanto, encontrava-se empobrecida. O surto do ouro

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criou um mercado interno para produtos até então apenas exportados. Foi também
instalado um tipo especial de propriedade territorial que combinava o engenho de
açúcar com a mina de ouro, ou esta, com a pecuária. Mesmo assim os colonos não
conseguiam superar os problemas advindos do esgotamento do ouro aluvial.
Nessa época, a população da Capitania das Minas Gerais, excluídos os índios, era
superior a 300 mil habitantes. Ela representava 20% de total de habitantes da
América portuguesa, e constituía a maior concentração populacional da Colônia.
Os escravos eram a maioria, e o restante dividia-se, com equilíbrio, entre brancos
e pardos. A sociedade mineradora, eminentemente urbana, segundo o historiador
Kenneth Maxwell, compunha "um complicado mosaico de grupos e raças, de novos
imigrantes brancos e de segunda e terceira gerações de americanos natos, de
novos escravos e de escravos nascidos em cativeiros"(...). Os grandes
proprietários negociavam e moravam nas cidades, não se isolando no interior de
suas terras. Essa situação provocava uma maior elasticidade social e política.
Minas foi a primeira região do Brasil onde os mulatos puderam ocupar cargos
burocráticos. Entretanto, o preconceito racial existia.
Insatisfeitas com a aparente mobilidade social, as autoridades do Governo
adotaram medidas restritivas, como a de proibir o acesso de negros e mulatos às
igrejas e irmandades e ordens dos brancos, fazendo com que aqueles fundassem
suas próprias irmandades. Estabeleceu-se, então, uma nítida divisão social em
Minas Gerais: mulatos e negros escravos de um lado, brancos e ricos de outro.
A riqueza da região mineradora produziu uma nova classe social. Em nenhum outro
lugar do Brasil havia uma proporção tão grande de negros livres. Muitos escravos
negociavam com seus proprietários uma forma parcelada de pagar a alforria.
"Parcelas ou semestrais ou anuais, muitas vezes pagas em ouro em pó. Outras
vezes pagas com uma porta, uma galinha ou com prestação de serviço. Ao final
do século XVIII, nós temos essa composição da população dessa área de
mineração que, era a maior população de escravos, de libertos e de nascidos livres
não brancos.
Pode-se dizer, então, que em Minas Gerais, os primeiros processos reduzem muito
mais a capacidade do setor agrícola de reter a mão-de-obra rural do que o
processo de modernização agrícola, o que confere especificidades próprias a
transformação capitalista da agricultura mineira.
3.3- O trabalho na lavoura cafeeira
O café foi o principal produto de
exportação da economia brasileira durante
o século XIX e o início do século XX,
garantindo as divisas necessárias à
sustentação do Império do Brasil e
também da República Velha.
A produção do café no Brasil expandiu-se
a partir da Baixada Fluminense e do vale
do rio Paraíba, que atravessava as
províncias do Rio de Janeiro e de São
Paulo. A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista do país, sendo
incorporada ao sistema plantation, caracterizado basicamente pela monocultura

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voltada para a exportação, a mão de obra escrava e o cultivo em grandes


latifúndios.
A colheita era feita manualmente pelos escravos, que, após essa tarefa, colocavam
os grãos do café para secar em terreiros. Uma vez seco, o café era beneficiado,
retirando-se os materiais que revestiam o grão através de monjolos, máquinas
primitivas de madeira formadas por pilões socadores movidos a força d’água. Em
1836 e 1837, a produção cafeeira superou a produção açucareira, tornando o café
o principal produto de exportação do Império. O café foi, dessa forma, um dos
principais esteios da sociedade brasileira do século XIX e início do XX.
3.4- O trabalho nas cidades do Brasil imperial: Rio de Janeiro, Salvador
e Belém
Rio de Janeiro: Entre 1850 e 1860,
foram inauguradas no Brasil 70
fábricas que produziam chapéus,
sabão, tecidos de algodão e cerveja,
artigos que até então vinham do
exterior.
Essas primeiras fábricas já
apresentavam um aspecto diferente
das antigas oficinas artesanais:
utilizavam motor hidráulico ou a
vapor e o trabalho era organizado por
mestres e contramestres vindos da
Europa. Além disso, foram fundados
14 bancos, três caixas econômicas,
20 companhias de navegação a vapor, 23 companhias de seguro, oito estradas de
ferro. Criaram-se, ainda, empresas de mineração, transporte urbano, gás, etc.
Os núcleos urbanos, que já vinham se desenvolvendo, ganharam nesse período
maior importância. Neles concentravam-se os novos empreendimentos. O Rio de
Janeiro era o espelho de toda essa modernização.
Belém: Durante o ciclo da borracha (1879
- 1912), houve o aumento da importância
comercial de Belém sendo considerada uma
das cidades brasileiras mais desenvolvidas,
não só por sua posição estratégica -
litorânea - mas também porque sediava um
maior número de casas bancárias,
residências de seringalistas Barões da
Borracha e outras importantes instituições.
O apogeu do ciclo foi entre 1890 e 1920,
quando a cidade contava com tecnologias que as cidades da regiões sul e sudeste
brasileiros ainda não possuíam, como por exemplo: Cinema Olympia, Teatro da
Paz, Mercado Ver-o-Peso, Palácio Antônio Lemos; Praça Batista Campos; Estrada
de Ferro de Bragança. Assim, foram atraídas nesse período, levas de imigrantes

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estrangeiros, como portugueses, franceses, japoneses, espanhóis e outros grupos


menores, a fim de desenvolverem a agricultura nas terras da Zona Bragantina.
A comarca da capital, com sede em Belém, envolvia além do seu município, os de
Acará, Ourém e Guamá. Possuía quinze freguesias: Nossa Senhora da Graça da
Sé, Sant'Ana da Campina, Santíssima Trindade e, Nossa Senhora de Nazaré do
Desterro, no interior as de: São José do Acará, São Francisco Xavier de Barcarena,
Nossa Senhora da Conceição de Benfica, Sant'Ana de Bujaru, Nossa Senhora do Ó
do Mosqueiro, Sant'Ana do Capim, São Domingos da Boa Vista, São João Batista
do Conde, São Miguel do Guamá, Nossa Senhora da Piedade de Irituia e Divino
Espírito Santo de Ourém.
Salvador: Durante a primeira metade do
século XIX a exportação de produtos
agrícolas e derivados, como algodão,
fumo, cacau, açúcar e aguardente, eram
a base da economia baiana, que já
perdera o vigor do Ciclo da Cana-de-
Açúcar, quando a Bahia era uma região
rica baseada em um modelo econômico
dedicado à monocultura e voltado em um
modelo econômico dedicado à
monocultura e voltado para a
exportação. Com a descoberta do ouro
pelos paulistas nos sertões de Minas Gerais o eixo econômico do país se deslocou
para o sudeste. Além disso, as plantações de cana-de-açúcar expandiram-se nas
colônias francesas, espanholas, holandesas e inglesas do Caribe, de clima
semelhante ao da Bahia, e tornaram-se importantes concorrentes do açúcar
baiano no mercado europeu. Depois da Guerra da Independência, a capital baiana,
Salvador, expandiu-se com o aumento populacional e enfrentou diversas
insurreições. Uma incipiente industrialização ocorreu por volta da segunda metade
do século, quando ingleses se estabeleceram em Salvador e em Valença e
trouxeram técnicas de tecelagem mecanizada. Porém, foram limitados os efeitos
da introdução da manufatura na estrutura sócio econômica da província.
IV- UNIDADE
4- RESISTÊNCIA À ESCRAVIDÃO E O MEDO BRANCO
A historiografia conservadora, que
valoriza os heróis como únicos
responsáveis pelos grandes feitos da
humanidade, enaltece a Princesa Isabel
como a redentora dos negros, a
libertadora e ignora todo o processo
conjuntural e estrutural que a levou a
assinar, em 13 de maio de 1888, a Lei
Áurea. A partir da segunda metade do
século XIX cresceram os movimentos
abolicionistas, que passaram a
pressionar cada vez mais o governo em busca de uma extinção definitiva da

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escravatura. As pressões internacionais, principalmente dos ingleses, também


eram grandes, e os próprios negros passaram a se rebelar contra a situação com
maior frequência.
O Quilombo de Palmares, no século XVII, em Alagoas, tornou-se uma referência
na história da resistência dos negros à escravidão. O acervo documental sobre os
quilombos não é muito rico.
Na Biblioteca Nacional, poucos documentos fazem referência aos acampamentos
de negros fugidos, já que a maior parte da documentação sobre escravidão no
Brasil era produzida por escravagistas que exigiam o completo extermínio desses
focos de resistência.
Os documentos mostram que a fuga e os quilombos não eram as únicas formas
de resistência dos negros perante a escravidão: rebeliões, assassinatos, suicídios,
revoltas organizadas também fizeram parte da história da escravidão no Brasil.
Na luta pela liberdade, nem sempre os negros eram vítimas, algumas vezes, eles
eram os algozes. Num dos documentos é relatado o assassinato de um capitão-
do-mato pelos negros de uma fazenda.
4.1- FUGAS, IRMANDADE, PRÁTICAS RELIGIOSAS E QUILOMBIOS

4.1.1- Fugas

As fugas eram uma outra estratégia utilizada pelos escravos e poderiam


ser individuais e coletivas. As fugas individuais eram mais complicadas, porque
aquele que a realizasse só conseguiria ter sucesso caso se embrenhasse no mato
e lá sobrevivesse.
Muitos procuravam alcançar grandes quilombos estabelecidos. As fugas individuais
tornaram-se uma estratégia comum no século XIX, como as fugas dos escravos
eram constantes, eles se instalavam em grandes cidades – como Salvador – e
passavam-se por libertos.
As fugas foram uma estratégia de resistência muito comum nas décadas de 1870
e 1880, por conta do fortalecimento do movimento abolicionista. Os escravos
sentiam-se motivados a fugir e muitas vezes eram de fatos incentivados por outros
escravos que haviam fugido ou por integrantes de associações abolicionistas, que
davam suporte para escravos que fugiam.
O historiador Walter Fraga afirma que, na década de 1870, intensificaram as fugas
com o objetivo de acionar as autoridades para mediar conflitos com seus senhores.
Walter Fraga cita que nessas fugas os escravos “recorriam às autoridades policiais
para pedir proteção nas disputas judiciais, interditar a venda […] de parentes,
mediar conflitos com os senhores e denunciar maus-tratos”.
Os escravos que fugiam e mudavam-se para as cidades tinham como objetivo
camuflar-se em meio à população negra presente e buscavam encontrar todo tipo
de emprego que fosse possível de ser executado.

4.1.2- Irmandade

Até parte do século 19, os negros eram impossibilitados de frequentar a


"igreja dos brancos". Havia, entretanto, a vontade de integrá-los à fé

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católica, assim, várias igrejas dedicadas especialmente aos negros foram


construídas em todo o País e a prática religiosa, incentivada.
Essas comunidades religiosas abrigam muitas respostas para o
entendimento da cultura africana no Brasil. Muitas dessas irmandades,
ligadas às ordens católicas, eram devotas, por exemplo, a Nossa Senhora
do Rosário, a São Benedito (o santo filho de escravos), a Santa Efigênia, a
Santo Elesbão, a Santo Rei Baltazar, a N. S. de Guadalupe e ao Santo
Antônio de Categeró.
Portugal incentivou a formação de irmandades negras em todas as suas
colônias, onde haviam populações de origem africana. A primeira irmandade
negra de Lisboa nasceu no Convento de São Domingos, no século 16, onde
havia uma irmandade de N. S. do Rosário formada por pessoas brancas,
mas os negros foram progressivamente assumindo espaços na instituição.
Em Salvador, entre as mais importantes estão a Ordem Terceira do Rosário
de Nossa Senhora às Portas do Carmo e a Irmandade dos Santos Passos de
Cristo e Vera Cruz, com sede atual na Igreja da Ajuda. A Bahia chegou a ter
cerca de doze irmandades de homens pretos.
Em Curitiba, a antiga Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São
Benedito, construída pelos negros, em 1731, e fundada por uma irmandade
negra da Cidade. Outros exemplos são a irmandade de N. S. do Rosário, de
Mariana - MG, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, no Rio
de Janeiro, a Igreja da Nossa Senhora da Conceição dos Negros, em Rio
Grande - RS, entre outras.
As irmandades iam além das práticas religiosas. Eram comunidades que
reforçavam a integração social e contribuíram fundamentalmente para o
sincretismo religioso no Brasil.
Antigamente as missas católicas eram sisudas e ministradas em latim. As
festas religiosas costumavam ser muito comportadas. Desde o século 18,
as irmandades negras buscavam licença para celebrar os seus padroeiros
com danças e atabaques, sempre com resistência do Clero. Na segunda
metade do século 19, as restrições foram relaxadas. Os negros da Bahia
mostraram que sambar um pouquinho não fazia mal a ninguém e animavam
às festas pagãs, ligadas às igrejas, sempre realizadas fora dos templos.
Essas festas deram origem as atuais festas de largo e lavagem das
escadarias das igrejas de Salvador.

4.1.3- Práticas religiosas


As religiões Afro-brasileiras surgiram após a junção da cultura de diversos povos
africanos trazidos entre os séculos XVI e XIX. Elas possuem influências de religiões
vindas da Europa, como a Catolicismo e o Kardecismo. Além disso, elas possuem
características especificas de cada região do país.

Durante os quatro séculos, cerca de 3,5 milhões de africanos chegaram ao Brasil


como escravos. Entre eles, povos de
etnias: iorubás, fons, maís, hauçás, éwés, axântis, congos, quimbundos, umbund
os, macuas, lundas e diversos outros povos, cada qual com sua própria religião e
cosmogonia. Como as religiões foram se formando em diversas regiões e estados
do país, elas foram aderindo formas diferentes umas das outras, inclusive os
nomes.

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As que mais se destacaram na época, assim como nos dias de hoje, são
o Candomblé e a Umbanda. Além dessas, outras religiões também possuem
características africanas, como Xangô e a Jurema, também conhecida como
Catimbó.

4.1.4- Quilombolas
O que eram os quilombos: Os quilombos eram espécies de comunidades
compostas por ex-escravos que fugiam das fazendas na época do Brasil Colonial.
O período de maior formação dos quilombos foi entre os séculos XVI e XIX.

Organização, economia e vida: Os quilombos tinham uma organização parecida


com as aldeias africanas, de onde os quilombolas eram originários. Havia uma
divisão de tarefas e todos trabalhavam. Um líder geralmente comandava o
quilombo. Viviam, principalmente, da agricultura de subsistência e da pesca.
Podiam viver de acordo com seus hábitos culturais africanos e praticar livremente
seus cultos religiosos.

Quilombolas: Os quilombolas eram aqueles que habitavam os quilombos, ou seja,


ex-escravos de origem africana que conseguiam fugir das fazendas e engenhos e
buscavam moradia nestes quilombos.

Combate aos quilombos: Era muito comum os fazendeiros e senhores de


engenhos contratarem homens armados para desfazerem os quilombos e capturar
os escravos fugitivos. Ocorreram vários combates entres estes homens e os
quilombolas durante o período colonial. Os quilombolas resistiam e, muitas vezes,
protegiam o quilombo mantendo sua existência.

Quilombo dos Palmares: O quilombo que ficou mais conhecido foi o de Palmares.
Teve como um dos principais líderes o ex-escravo conhecido como Zumbi dos
Palmares.

Quilombos remanescentes: Até hoje, principalmente em regiões do interior do


Brasil, existem quilombos. Chamados de quilombos remanescentes, eles são
habitados por descendentes de ex-escravos. Uma das principais lutas dos
quilombolas atuais é pela posse da terra.
Quando se fala em sincretismo no Brasil logo se associa as religiões Afro-
brasileiras, pois foram construídas após a colonização.

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5- Revolta dos Males


A revolta dos males foi uma revolta do
período regencial. Aconteceu na noite
de 24 para 25 de fevereiro de 1835,
em Salvador, na Bahia. Foi uma
revolta que se destacou no período
por ter motivação religiosa, tendo sido
levada a cabo por escravos de religião
islâmica, os chamados malês, que
diferiam dos escravos
tradicionalmente trazidos ao Brasil,
que possuíam muitas vezes, diferentes religiões próprias.
Esses escravos tinham como objetivo a libertação de todos os escravos de religião
islâmica, a garantia da liberdade de culto e eram, em sua maioria, das etnias
hauçá, igbomina e picapó. Suas ações foram baseadas em experiências de
combate que trouxeram da África e visavam aplicar num momento propício.
Os revoltosos propunham o fim do catolicismo, o assassinato e o confisco de bens
de todos os brancos e mestiços, a implantação de uma monarquia islâmica no
Brasil, bem como defendiam também a escravização ou assassinato dos não
islâmicos.
6- FIM DO TRÁFICO E O DEBATE SOBRE ESCRAVIDÃO
Durante a primeira metade do século XIX, se discutia a necessidade de substituição
do trabalho escravo pela mão-de-obra livre nem sempre se vinculavam com os
projetos que propunham ações mais efetivas para o término da escravidão. Da
mesma maneira como os projetos de colonização e introdução do trabalho livre
não significavam a defesa radical do fim do trabalho escravo, encontravam-se as
mais variadas propostas para a consecução da colonização no Brasil. Elas poderiam
incluir desde a chamada de europeus, passando pelo uso do trabalho indígena à
colonização por asiáticos, e em raras ocasiões, por africanos
No final da década de 1840, a imprensa passa a tratar
com mais intensidade da questão do fim do tráfico,
aliando ao problema da escravidão a necessidade de
se promover a colonização. Já no decorrer da década,
jornais como Minerva brasiliense e O Guanabara,
cujos redatores entre como Torres Homem-
defendiam o modo gradual de substituição de mão-
de-obra escrava pela livre, e debatiam, em diversos
escritos, a colonização, concedendo ao assunto um
espaço razoável. A presença do tema da colonização na imprensa, ligando-o em
muitos casos ao fim da escravidão, acompanha o movimento dentro do governo
para a promoção da colonização, com o início dos debates que levaria tanto à lei
de Terras de 1850 como ao Regulamento das Missões, em 1845, e que previa a
"civilização e catequese" dos índios como meio de colonização "interna", como
então se falava.

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Desde a vinda da corte portuguesa, em 1808, à sua colônia na América, os ingleses


pressionavam pelo fim do tráfico negreiro.
Além da Lei Eusébio de Queirós, duas leis contribuíram para a libertação gradual
do comércio e do trabalho escravo no Brasil: A Lei do Ventre Livre (1871), a
primeira assinada pela Princesa Isabel, conferiu liberdade às crianças nascidas de
mães escravas a partir daquela data e a Lei dos Sexagenários, promulgada em
1885, garantiu a liberdade para os escravos com mais de 60 anos.
Os escravizados seriam libertados, definitivamente, pela Lei Áurea, assinada pela
Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888.
V- UNIDADE
7- O IMPÉRIO E OS MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
Continuando o assunto de movimentos sociais brasileiros, vamos falar agora sobre
os movimentos sociais do Brasil Império, quais foram os eventos marcantes desses
período, o que a população reivindicou e o que gerou as revoltas.
As características dos movimentos sociais brasileiros variam muito. Por isso, eles
devem ser estudados sob uma perspectiva ampla. Algumas rebeliões não
chegaram a acontecer, limitando-se à fase conspiratória. Em certos casos, houve
pouca participação das classes populares; em outros, o movimento foi
impulsionado não por razões de ordem política ou econômica, mas, sim, religiosa.
Durante o Império (Primeiro Reinado, Regência e Segundo Reinado), os principais
movimentos foram os que seguem:
7.1- Confederação do Equador
– Em 2 de julho de 1824, no Recife: – Estabelecimento de um governo republicano.
Em 19 de setembro os revolucionários já estavam derrotados. Líderes receberam
penas diversas: fuzilamento, forca ou prisão perpétua.
7.2- Cabanagem
– De 1833 a 1839, no Grão-Pará (Amazonas e Pará atuais). – Reuniu mestiços e
índios.
O Movimento começou com a resistência oferecida pelo presidente do conselho da
província, que impediu o desembarque das autoridades nomeadas pela Regência.
Os Cabanos chegaram a tomar Belém. Depois de prolongada resistência, foram
derrotados.
8. Revolução Farroupilha
– Rio Grande do Sul: movimento republicano e federalista de amplas proporções
(de 1835 a 1845). Dois grupos se defrontaram: o conservador monárquico (os
caramurus) e o liberal (chimangos), composto sobretudo por estancieiros, mas
que veio a contar com o apoio – Das camadas populares. Chimangos protestavam
contra a pesada taxação do charque e do couro.
Depois de várias batalhas, o armistício foi negociado e a anistia concedida a todos.
9. Sabinada

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Foi uma revolta auto mista à época do Brasil Império. Ocorreu entre 6 de
novembro de 1837 e 16 de março de 1838 na então província da Bahia. Os
revoltosos queriam mais autonomia política e defendia a instituição do federalismo
republicano, sistema que daria mais autonomia política e administrativa ás
províncias.
10. Balaiada
Movimento insurrecional extenso e profundo, sacudiu o Maranhão e parte do Piauí
e do Ceará (de 1838 a 1841). Rebeldes chegaram a ter 11 mil homens armados.
Movimento começou a partir de uma reivindicação política, o restabelecimento dos
juízes de paz, mas ganhou proporções maiores.
Anistia oferecida pelas tropas do governo esvaziou a insurreição. Apenas um dos
líderes foi condenado à forca.
11. Revolução Praieira
Projeção, no Brasil, das revoluções populares de 1848, na Europa. Nascida da
rivalidade entre os partidos Liberal e Conservador, acabou se transformando em
choque de classes. Praieiros lutaram de 1848 a 1849, exigindo voto livre e
democrático, liberdade de imprensa e trabalho para todos. Mais de 500
revolucionários foram mortos.
7.1- A FORMAÇÃO DO ESTADO IMPERIAL E O PRIMEIRO REINADO

7.1.1- Ocorreu a construção do Estado Brasileiro? (1808-1831)

Podemos dizer que a construção do Estado


Brasileiro se iniciou com a vinda da Família
Real para a América Portuguesa em 1808
e o estabelecimento do governo de D. João
VI (o período Joanino) e se desenvolveu ao
longo dos anos seguintes, até a abdicação
de D.Pedro I, em 1831. Nesse resumo
falaremos sobre os principais fatores
desse período.
Primeiro Reinado
Consolidação da Independência: Após
a proclamação da Independência do Brasil, ainda foi necessária a sua consolidação.
Alguns historiadores consideram que o processo de independência foi um “arranjo
político” elaborado entre as elites, havendo pouquíssima participação popular.
Além disso, houve ponto de resistência ao processo de emancipação nas regiões
do Norte e Nordeste, mas que foram logo reprimidos pelo governo.
Internacionalmente, os primeiros a reconhecerem a Independência foram os EUA,
devido à Doutrina Monroe (“América para os americanos”).
7.2- Agitações político-sociais da Regência
O reinado de D. Pedro I foi marcado por intensos conflitos, como a Confederação
do Equador, marcada por contestações ao autoritarismo de D. Pedro atrelado a
insatisfações em relação a queda das exportações de açúcar e a situação de

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miséria da população que fizeram com que surgisse um movimento de caráter


republicano e federalista em Pernambuco. Liderada por Cipriano Barata e Frei
Caneca, a revolta atingiu outros estados do nordeste como Ceará e Rio Grande do
Norte. No entanto, a adesão de populares enfraqueceu o movimento, que foi
repreendido pelo governo imperial.
7.3- Cabanagem
A Cabanagem foi uma revolta popular extremamente violenta, ocorrida de 1835 a
1840, na província do Grão-Pará. A rebelião tinha como objetivo a independência
da região. Nos anos de 1835-1840, o Império do Brasil vivia o período regencial.
Dom Pedro I havia abdicado em favor do seu filho que tinha apenas cinco anos.
Por isso, foi instituída a regência para governar o país. Contudo, várias províncias
não estavam satisfeitas com o poder centralizado e desejavam ter mais
autonomia. Algumas, inclusive, queriam separar-se do Império do Brasil e
insurreições explodiam em todo território brasileiro.
A província do Grão-Pará compreende os atuais
estados de Amazonas, Pará, Amapá, Roraima e
Rondôniaeo Grão-Pará tinha mais contato com
Lisboa do que com o Rio de Janeiro. Por isso, foi
uma das últimas a aceitar a independência, só
fazendo parte do Império brasileiro em 1823.
A Revolta da Cabanagem teve um alcance
considerável e se espalhou pelos rios Amazonas,
Madeira, Tocantins e seus afluentes.
Curiosamente, o nome deste movimento é um
termo pejorativo e se refere às habitações típicas
da província, construídas como "cabanas" ou
"palafitas".
7.3.1- Principais causas dessa revolta:
As disputas políticas e territoriais, motivadas pelas elites do Grão-Pará; as elites
provinciais queriam tomar as decisões político-administrativas da província;
descaso do governo regencial para com os habitantes do Grão-Pará; os cabanos,
por sua parte, queriam melhores condições de vida e trabalho. Vale citar que,
sobre isso, as referidas elites tomaram proveito da insatisfação popular para
sublevar as populações contra o governo regencial.
Desde a independência do Brasil, em 1822, as elites do Grão-Pará se ressentiam
com a presença dos comerciantes portugueses na província.
No governo de D. Pedro I, os proprietários e comerciantes estavam insatisfeito
com o tratamento recebido por parte do governo central.
Além disso, sofriam com a repressão do Governador Bernardo Lobo de Sousa
desde 1833, que ordenou deportações e prisões arbitrárias para quem se opusesse
a ele. E assim, em agosto de 1835, os cabanos se amotinam, sob a liderança dos
fazendeiros Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre, culminando na execução
do Governador Bernardo Lobo de Sousa.

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Em seguida, indicam Malcher para presidente da província. Na ocasião, os


revoltosos se apoderaram dos armamentos legalistas e se fortaleceram ainda
mais.
Contudo, Clemente Malcher se revela um farsante e tenta reprimir os revoltosos,
mandando prender Eduardo Angelim, um dos líderes do movimento. Após um
sangrento conflito, Malcher é morto pelos “cabanos” e substituído por Francisco
Pedro Vinagre.
Em julho 1835, o então presidente da província recém-conquistada, aceita sua
rendição mediante a anistia geral dos revolucionários e por melhores condições de
vida para a população carente. Contudo, é traído e preso.
Inconformado, seu irmão, Antônio Vinagre, reorganiza as forças militares da
cabanagem e ataca o Palácio de Belém, conquistando-o novamente em 14 de
agosto 1835.
Na ocasião, Eduardo Angelim é feito presidente de um governo republicano
independente. No entanto, o desacordo entre os líderes do movimento enfraquece
a revolta e facilitaram o contra-ataque legalista.
Assim, em 1836, enviado pelo regente Feijó, o Brigadeiro Francisco José de Sousa
Soares de Andréa, comandante mor das forças regenciais do Grão-Pará, autoriza
a guerra total aos cabanos. Ele ordena o bombardeio à Belém e aos assentamentos
da cabanagem.
Desse modo, com a ajuda de mercenários estrangeiros e soldados imperiais, a
revolta é sufocada. Eduardo Angelim é capturado e enviado ao Rio de Janeiro.
Por fim, em 1840, a maior parte dos revoltosos já havia se dispersado ou tinham
sido presos e mortos, devido às perseguições, que seguiram mesmo após 1836.
Com a ascensão de Dom Pedro II ao trono, em 1840, os prisioneiros foram
anistiados.
7.4- Estabelecimento do II Reinado
O Segundo Reinado corresponde ao período de 23 de julho de 1840 a 15 de
novembro de 1889, em que o Brasil esteve sob reinado de D. Pedro II (1825-
1891).
Foi caracterizado como um período de relativa paz entre as províncias brasileiras,
a abolição gradual da escravidão e a Guerra do Paraguai. Este período histórico se
encerrou com o golpe republicano em 15 de novembro de 1889.
D. Pedro II se torna imperador com 15 anos de idade, um ano após ter sido
declarado maior de idade, com 14 anos. Esta foi a forma encontrada pelo Partido
Liberal para acabar com o governo regencial, que era provavelmente o causador
das rebeliões que se passavam no Brasil.
A antecipação da sua maioridade é conhecida como o golpe da maioridade.

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7.5- A política externa no prata: a guerra do Paraguai


A década de 1840 representa um momento de bastante importância para a política
externa brasileira, uma vez que uma reorientação pragmática e mais atuante para
seus negócios com os países da região do Rio da Prata foi posta em prática.
A reorganização de forças que ocorria
em praticamente todos os países desse
espaço geográfico possibilitou uma
série de iniciativas, assim como
também demandou esforços reativos
do Império para salvaguardar seus
interesses.
A aproximação que vinha sendo
ensejada com o Paraguai, desde o
início dessa década, teve grande importância nesse contexto, uma vez que compôs
peça importante no tabuleiro estratégico da região, no qual a rivalidade entre o
Império e Buenos Aires esteve no epicentro político.
7.5.1- A guerra do Paraguai
A Guerra do Paraguai foi um conflito militar que ocorreu na América do Sul, entre
os anos de 1864 e 1870. Nesta guerra o Paraguai lutou conta a Tríplice Aliança
formada por Brasil, Argentina e Uruguai.
a) Causa principal:
Pretensões do ditador paraguaio Francisco Solano Lopes de
conquistar terras na região da Bacia do Prata. O objetivo do
Paraguai era obter uma saída para o Oceano Atlântico.
b) Início e desenvolvimento do conflito:
A guerra teve início em novembro de 1864, quando um navio
brasileiro foi aprisionado pelos paraguaios no rio Paraguai.
Em dezembro de 1864, o Paraguai invadiu o Mato Grosso. No
começo de 1865, as tropas paraguaias invadiram Corrientes (Argentina) e logo em
seguida o Rio Grande do Sul. Em 1 de maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai
selam um acordo para enfrentar o Paraguai. Contam com a ajuda da Inglaterra.
Em 11 de junho de 1865 ocorreu um dos principais enfrentamentos da guerra, a
Batalha de Riachuelo. A vitória brasileira neste enfrentamento naval foi
determinante para a derrota do Paraguai. Em abril de 1866 ocorreu a invasão do
Paraguai.
Em 1869, sob a liderança de Duque de Caxias, os militares brasileiros chegam a
Assunção. A guerra terminou em 1870 com a morte de Francisco Solano Lopes em
Cerro Cora.
c) Saldo e consequências da Guerra:
Nesta guerra morreram cerca de 300 mil pessoas (civis e militares); Cerca de 20%
da população paraguaia morreu na guerra; A indústria paraguaia foi destruída e a
economia ficou totalmente comprometida; O prejuízo financeiro para o Brasil, com

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os gastos de guerra, foi extremamente elevado e acabou por prejudicar a


economia brasileira. A Inglaterra, que apoiou a Tríplice Aliança, aumentou sua
influência na região.
VI- UNIDADE
8- A SOCIEDADE DA BORRACHA NO PARÁ (1870 – 1815)
Primeiro ciclo: O Pará apresenta uma
economia sem relevância até cerca de 1880,
quando começa o Ciclo da Borracha: muitos
migrantes são recebidos, principalmente da
Região Nordeste do Brasil, para realizarem a
extração do látex em latifúndios pertencentes
à elite da capital, Belém. Durante quase
quarenta anos, Belém do Pará foi a residência
de 'barões da borracha', onde foi construída
até uma réplica de Paris pelo então prefeito
Antônio Lemos: uma reforma urbana invejável
até por Rio de Janeiro e São Paulo. A província tornou-se estado com a
proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Na década de 1910,
termina o ciclo da borracha, voltando o Pará à pobreza: passando a ser apenas
um mero fornecedor de matérias-primas para o sudeste brasileiro.
Segundo ciclo: Na Segunda Guerra
Mundial, pelas mãos de Getúlio Vargas, foi
criado o Banco de Crédito da Borracha
para incentivar a retomada da extração de
látex para a exportação, com a demanda
dos Estados Unidos, o que ficou conhecido
como o Segundo Ciclo da Borracha. Na
mesma época, o governo estadunidense,
interessado na localização estratégica de
Belém, implanta importantes obras na
capital, como o aeroporto, a vila militar e
o Grande Hotel. Porém o segundo ciclo não
tarda a findar: com a rendição do Japão, cessam os interesses militares dos
Estados Unidos, são liberadas as colónias produtoras de borracha na Ásia,
perdendo novamente a preferência pela borracha amazônica, sendo o Pará
renegado outra vez à pobreza: intensifica-se o papel de fornecedor de matérias-
primas para a crescente indústria da Região Sudeste do Brasil.
8.1- Sistema de aviamento
O sistema de aviamento foi um termo oriundo de estudos na Amazônia e refere-
se a um sistema de mercadorias antecipadas por meio de crédito. Este método foi
empregado sobretudo no período colonial e se consolidou no período do Ciclo da
Borracha, como forma de comércio empregando o sistema de crédito.
Portanto, trata-se de uma cadeia econômica de fornecimento a crédito. A palavra
aviamento vem de AVIAR, cujo significado é fornecer mercadoria em troca de
outro produto. Eram bastante comuns esta troca entre seringueiros e patrões,

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onde o serviço era realizado em troca de sobrevivência dos trabalhadores dos


seringais.

HISTÓRIA

2º ETAPA
I- UNIDADE: O MUNDO DO TRABALHO
1- NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A NOVA SOCIEDADE DO TRABALHO
A Revolução Industrial foi o período de grande desenvolvimento tecnológico que
teve início na Inglaterra a partir da segunda metade do século XVIII e que se
espalhou pelo mundo causando grandes transformações.
1.1- A revolução industrial e a questão social: modernidade e trabalho
A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra a partir da segunda metade do
século XVIII. Porém, a indústria moderna não surgiu de repente e os trabalhadores
experimentaram várias transformações no processo do trabalho, ou seja, das
oficinas às indústrias domésticas, das indústrias domésticas às manufaturas, das
manufaturas às maquino faturas. A cada mudança, o modo de vida dos
trabalhadores modificava-se também e eles viam-se forçados a adaptar-se às
transformações que aconteciam, não apenas em seu trabalho, como também em
sua vida particular.

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Mas os trabalhadores não permaneceram passivos diante de tantas mudanças em


suas vidas. Eles organizaram várias formas de resistência. Uma das primeiras
formas de resistência dos trabalhadores de fábrica contra a crescente exploração
foi o ludismo. O nome vem do suposto líder do movimento, John Ludd, responsável
pela organização de grupos de operários no início do século XIX, na região de
Nottingham. O movimento ludita se espalhou por outras regiões. Os luditas
invadiam fábricas e quebravam máquinas, motivados, principalmente por duas
razões:
A primeira consistia em destruir as
propriedades dos patrões e forçá-los
negociar melhores condições de
trabalho, impedindo a contratação de
trabalhadores extras (que levava ao
pagamento de salários mais baixos). A
segunda razão estava na visão que
esses trabalhadores tinham sobre as
máquinas consideradas auxiliares de
sua exploração e substitutas da mão-
de-obra num momento em que havia
milhares de desempregados. Em
ambos os casos, os luditas
pressionavam por direitos sociais.
O Parlamento, controlado pela burguesia, não tardou a estabelecer a pena de
morte: em 1813, quatorze quebradores de máquina foram enforcados. A partir de
então o movimento declinou até desaparecer. A experiência ludita mostrou aos
trabalhadores a necessidade de uma organização de tipo política, isto é, voltada
para a conquista de direitos de representação parlamentar a partir dos quais
fossem criadas leis trabalhistas. Mas isso implicava reformar o sistema eleitoral
inglês, baseado no voto censitário.
A nova expressão do movimento operário foi
o cartismo, que acabou recebendo apoio da
pequena burguesia também excluída do
processo político. Inúmeros, abaixo-
assinados foram encaminhados pelos
cartistas ao Parlamento britânico, exigindo
reformas. O mais conhecido deles - foi a
Carta do Povo, de 1838.
A carta do Povo - da qual derivou o nome
cartismo - reivindicava sufrágio universal e
secreto para os homens, renovação anual do
parlamento, igualdade entre os distritos eleitorais, o fim da exigência de
propriedade aos candidatos e remuneração aos membros da Câmara dos Comuns.
Esta, foi recusada pelos parlamentares e transformou-se no programa de luta do
cartismo. Esse movimento organizou a primeira greve geral na Inglaterra, em
1842. A greve e uma petição com cerca de três milhões de assinaturas obrigaram
o Parlamento a editar leis em benefício dos trabalhadores. Perseguido, o cartismo
declinou a partir de 1848.

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1.2- A constituição de novos mundos do trabalho no Brasil


Algo para se interrogar, em meio às tantas modificações no mundo do trabalho,
se apresenta no aspecto de em que medida as transformações produtivas e
tecnológicas interferiram nas condições de trabalho, e, se mesmo que tais
transformações sejam fundamentalmente consideradas intelectuais, elas não
pertencem a uma lógica antiga de reprodução do capital. Nesse sentido, todas as
mudanças ocorrentes no mundo do trabalho consideradas “inovações”, “avanços
tecnológicos”, “trabalho criativo e autônomo”, continuariam reproduzindo, a cada
instante, o campo de batalha entre os detentores dos meios de produção e os
vendedores da força de trabalho, ou seja, um constante processo de expansão e
acumulação do capital.
Embora as diversas mudanças ocorrentes
no mundo do trabalho tenham gerado
questionamentos sobre a teoria do valor
de Karl Marx, indicando um possível fim
da exploração da classe trabalhadora, o
que se parece reproduzir diariamente na
vida de cada trabalhador é uma mesma
dinâmica de exploração e contradições
pelo autor apontado. Se as
transformações ocorridas sinalizam para
novas formas de valorização do capital, que trariam embutidos em si vários
mecanismos de acumulação, vemos aflorar, a todo momento, a informalização
crescente do trabalho, as terceirizações e outros mecanismos de
desregulamentação e a precarização da força de trabalho, tornando visível uma
série de fatores: alta rotatividade nas empresas, desemprego crescente, baixos
salários, acúmulos de tarefas para poucos trabalhadores, aumento de
competitividade no mercado de trabalho. A terceirização, por exemplo, se soma a
esse processo de reestruturações e tem ocupado cada vez mais um lugar central
nas formas de gestão e organização. Ela funcionaria como uma maneira de
renovação das formas de exploração no capitalismo, tendo em vista que permitiria
a redução de remuneração e descumprimento dos direitos trabalhistas. Em outras
palavras, terceirizar poderia significar a redução dos custos e ampliação do
controle sobre a produção e sobre o trabalho.
As formas de trabalho atuais em nada beneficiam os trabalhadores. A imagem do
melhor dos mundos e de um cenário sem contradições, ou seja, do trabalhador
criativo e independente, reconhecido pela empresa e que não se submete à chefia,
poderia estar ofuscando o antagonismo social caracterizado pelo desemprego
crescente, eliminação de direitos e precarização do trabalho. Ofuscam, sobretudo,
a intensidade ainda maior do ritmo, tempo e o processo de trabalho,
essencialmente nas formas do trabalhador polivalente e multifuncional.
Diferentemente da imagem de libertação e autonomia dos trabalhadores há mais
de trinta anos estamos vivendo um processo de desenvolvimento particular de
crise estrutural do capital e sua decadência. O capitalismo global apresenta
condições específicas para o desenvolvimento do capital, permitindo a ampliação
da precarização de maneira muito exacerbada.
1.3- A imigração e a ética do trabalho assalariado no Brasil

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A marca da imigração no Brasil pode ser percebida especialmente na cultura e na


economia das duas mais ricas regiões brasileiras: Sudeste e Sul.
A colonização foi o objetivo inicial da
imigração no Brasil, visando ao
povoamento e à exploração da terra
por meio de atividades agrárias. A
criação das colônias estimulou o
trabalho rural. Deve-se aos imigrantes
a implantação de novas e melhores
técnicas agrícolas, como a rotação de
culturas, assim como o hábito de
consumir mais legumes e verduras. A
influência cultural do imigrante
também é notável.
A imigração teve início no Brasil a partir de 1530, quando começou a estabelecer-
se um sistema relativamente organizado de ocupação e exploração da nova terra.
A tendência acentuou-se a partir de 1534, quando o território foi dividido em
capitanias hereditárias e se formaram núcleos sociais importantes em São Vicente
e Pernambuco. Foi um movimento ao mesmo tempo colonizador e povoador, pois
contribuiu para formar a população que se tornaria brasileira, sobretudo num
processo de miscigenação que incorporou portugueses, negros e indígenas.
1.4- A vida e o cotidiano dos operários dentro e fora das fabricas
Os trabalhadores moravam geralmente próximo às fábricas, mas precisavam
acordar de madrugada, porque o trabalho começava entre cinco e seis horas da
manhã. As mulheres acordavam sempre antes, porque precisavam preparar o
alimento que seria levado para o almoço. Tinham ainda que limpar a casa, lavar a
roupa e cuidar de crianças etc.
Alimentavam-se basicamente de batatas cozidas com um pouco de bacon e chá.
Suas moradias eram pequenas, nas ruas havia lama e lixo, o esgoto ficava sempre
exposto. O mau cheiro era então, fortíssimo, insuportável.
Se os operários viviam em bairros e moradias miseráveis, a burguesia inglesa e
europeia vivia de forma bastante confortável. Todo esse luxo ficavam longe e
distante dos olhos dos trabalhadores.
O trabalho na fábrica era realizado em pé e durava entre catorze e dezesseis horas.
Havia capatazes também que vigiavam o trabalho dos operários. Os donos das
fábricas, geralmente nem eram conhecidos pelos trabalhadores. Havia um
intervalo para o almoço no final da manhã. Os operários sentavam no chão da
fábrica para comer e quase não conversavam pois em quinze minutos deveriam
retornar ao trabalho, o qual estendia-se até nove horas da noite,
aproximadamente. O desgaste era muito grande e vários deles não tinha
disposição para divertimentos. Alguns, porém, dirigiam-se aos bares, onde bebiam
gim - uma bebida muito mais forte do que a cerveja caseira -, até uma certa hora,
quando retornavam para casa. O jantar era, quase sempre à base de batatas e
sopa de aveia.

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Enquanto seus pais trabalhavam, as crianças


ficavam sozinhas em casa. Geralmente os
mais velhos cuidavam dos mais novos. Vários
pais acabavam permitindo que seus filhos
também trabalhassem nas fábricas para
aumentar a pequena renda da família.
Devido a isso, as crianças passaram a ser
cada vez mais empregadas, o que causou o
desemprego de muitos adultos. Antes da
existência das fábricas, já havia trabalho
infantil - nas oficinas, por exemplo, mas era intercalado com jogos e brincadeiras,
o que não acontecia nas fábricas.
1.5- Os anos 30 no Brasil e a questão do trabalho: o trabalho e a
legislação social na chamada Era Vargas
Getúlio Vargas foi o governante que fez da
política trabalhista uma forma de controle
social e política. Inspirado no modelo fascista
italiano, Vargas procurou controlar a massa de
trabalhadores urbanos, sobretudo aqueles
ligados à então crescente industrialização do
país, por meio da legislação trabalhista, como
a CLT (Consolidação das Leis de Trabalho – ou
das Leis Trabalhistas), decretada em 1º de
maio de 1943.

1.5.1- Políticas trabalhistas na Era Vargas

Uma das principais características da Era Vargas (1930-1945) foi a promoção de


transformações estruturais no setor econômico, com o investimento em indústrias
de base, como a siderúrgica, a metalúrgica e o setor de energias. Como medida
político-social para acompanhar essa característica no âmbito econômico, Vargas
priorizou a questão da legislação relativa ao trabalho.
Numa Vargas criou as leis de proteção ao trabalhador. Jornada de 8 horas,
regulação do trabalho da mulher e do menor; lei de férias, instituição da carteira
de trabalho e do direito a pensões e à aposentadoria. Na outra, reprimiu qualquer
esforço de organização dos trabalhadores fora do controle do Estado. Para
completar, liquidou com o sindicalismo autônomo, enquadrou os sindicatos como
órgãos de colaboração com o Estado e excluiu o acesso dos trabalhadores rurais
aos benefícios da legislação protetora do trabalho.
O documento-chave que pôs em vigência todas as regras trabalhistas foi o
decreto-lei nº 5. 452, de 1º de maio de 1943, que aprovou a Consolidação das
Leis de Trabalho, que possuía 922 artigos, assinado por Getúlio Vargas e por seu
ministro do Trabalho, Indústria e Comércio, Alexandre Marcondes Machado Filho.
Outras medidas o Estado Novo passou a implementar a fim de reforçar o controle
sobre a massa de trabalhadores. Entre essas medidas, estavam as grandes

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comemorações do Dia do Trabalho, em 1º de maio – mesmo dia do decreto-lei da


CLT – e a exaltação do regime varguista por meio do rádio e do cinema.
1.6- A estruturação do Parque industrial brasileiro: O novo perfil da
classe operária na república contemporânea
Diversos países, como Argentina, México e Brasil, iniciaram o processo de
industrialização efetiva a partir da segunda metade do século XX. No Brasil isso
ocorreu ainda nas primeiras décadas de 30 e primeira região a se desenvolver
industrialmente foi a Região Sudeste.
A industrialização brasileira nesse período estava vinculada à produção cafeeira e
aos capitais derivados dela. Após a crise que atingiu diretamente os cafeicultores,
esses buscaram novas alternativas produtivas. Diante desse processo, a indústria
brasileira começou a se diversificar, no entanto, limitava-se ainda à produção de
produtos que empregavam pouca tecnologia.
Vários foram os fatores que
contribuíram para a intensificação
da indústria brasileira, entre os
principais estão: crescimento
acelerado dos grandes centros
urbanos graças ao fenômeno do
êxodo rural, promovido pela queda
do café. A partir dessa migração
houve um grande aumento de
consumidores, apresentando a
necessidade de produzir bens de
consumo para a população.
Outro fator importante para a
industrialização brasileira foi a
utilização das ferrovias e dos portos, anteriormente usados para o transporte do
café, passaram a fazer parte do setor industrial. Além desse fator, outro motivo
que favoreceu o crescimento industrial foi a abundante quantidade de mão de obra
estrangeira, sobretudo de italianos, que antes trabalhavam na produção do café.
1.7- A formação da nova ordem mundial e seus reflexos no mundo do
trabalho
A Nova Ordem Mundial é um conceito político e econômico
que se refere ao contexto histórico do mundo pós-Guerra
Fria. Estabeleceu-se no fim da década de 80, com a queda
do muro de Berlim (1989), no quadro das transformações
ocorridas no Leste Europeu com a desintegração do bloco
soviético.
O termo Nova Ordem Mundial é aplicado de forma
abrangente. Em um contexto atual, pode se referir
também à importância das novas tecnologias em um mundo progressivamente
globalizado e às novas formas de controle tecnológico sobre as pessoas

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A Nova Ordem Mundial busca garantir o desenvolvimento do capitalismo e


estrutura-se a partir de uma hierarquização de países, de acordo com seu nível de
desenvolvimento e de especialização econômica
1.8- Neoliberalismo e o reordenamento do capital
O Neoliberalismo é uma doutrina socioeconômica que retoma os antigos ideais do
liberalismo clássico ao preconizar a mínima intervenção do Estado na economia,
através de sua retirada do mercado, que, em tese, autorregular-se-ia e regularia
também a ordem econômica. Sua implantação pelos governos de vários países
iniciou-se na década de 1970, como principal resposta à Crise do Petróleo.
Os neoliberais combatem,
principalmente, a política do Estado de
Bem-Estar social, um dos preceitos
básicos da social democracia e um dos
instrumentos utilizados pelo
Keynesianismo para combater a crise
econômica iniciada em 1929. Nessa
política, apregoava-se a máxima
intervenção do Estado na economia,
fortalecendo as leis trabalhistas a fim de aumentar a potencialidade do mercado
consumidor, o que contribuía para o escoamento das produções fabris.
A crítica direcionada pelo neoliberalismo a esse sistema é a de que o “Estado forte”
é oneroso e limita as ações comerciais, prejudicando aquilo que chamam de
“liberdade econômica”. Além disso, a elevação dos salários e o consequente
fortalecimento das organizações sindicais são vistos como ameaças à economia,
pois podem aumentar os custos com mão de obra e elevar os índices de inflação.
Dessa forma, os neoliberais defendem a máxima desregulamentação da força de
trabalho, com a diminuição da renda e a flexibilização do processo produtivo.
Os Estados Unidos e a Inglaterra foram não tão somente as primeiras nações a
implementarem essa doutrina, como também se responsabilizaram em disseminá-
la pelo mundo. Em alguns casos, como no Chile, ela foi imposta à força, por meio
do fortalecimento de um regime ditatorial local. Em outros casos, o neoliberalismo
foi colocado como alternativa a países extremamente dependentes e com
economias em crise ou fragilizadas, como o Brasil.
II- UNIDADE
2- FORMAS DO ESTADO E RELAÇÕES DE PODER
Há diversas formas de Estado que podem ou não serem usadas por uma nação.
Elencaremos a seguir as classificações das formas de Estado.
Forma de Estado Federal: O Estado Federal é formado pela união de Estados-
membros, que possuem autonomia relativa, mas não são soberanos. Isso porque,
apesar de possuírem leis e sua própria forma de administração, encontram-se
ainda subordinados ao Estado Federal.

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De acordo com o Professor Miguel Reale, soberania é: o poder de organizar-se


juridicamente e de fazer valer dentro de seu território a universalidade de suas
decisões nos limites dos fins éticos de convivência.
Assim, o Brasil é representado pela República Federativa do Brasil, ao qual estão
são subordinados os Estados-membros ou unidades federativas.
Relações de poder: O Poder se expressa nas diversas relações sociais, assim,
pode-se falar, que onde existem Relações de Poder, existe a política. Por sua vez,
a política se expressa nas diversas formas de poder e pode ser entendida como a
política relacionada ao Estado, como também, em um sentido mais amplo, e não
menos importante, em outras dimensões da vida social.
Uma relação de poder se forma no momento em que alguém deseja algo que
depende da vontade de outro. Esse desejo estabelece uma relação de dependência
de indivíduos ou grupos em relação a outros. Quanto maior a dependência de A
em relação a B, maior o poder de B em relação a A. Essa dependência aumenta à
medida que o controle de B sobre o que é desejado por A aumenta. A separação
de poderes deve ser em grau tal, que qualquer dos ramos pode operar sem
restrições excessivas dos outros, mas a interdependência entre eles também
devem estar em grau tal, que um único ramo não possa excluir os outros em suas
decisões.
2.1- As bases da modalidade; do nascimento das democracias burguesas
ao colapso das guerras contemporâneas
A democracia burguesa, sendo um
grande progresso histórico em
comparação com a Idade Média,
continua a ser sempre — e não pode
deixar de continuar a ser sob o
capitalismo — estreita, amputada, falsa,
hipócrita, paraíso para os ricos, uma
armadilha e um engano para os
explorados, para os pobres. É esta
verdade, que constitui uma parte
integrante essencial da doutrina
marxista. Nesta questão- fundamental a teoria de Kautsky oferece amabilidades à
burguesia, em vez de uma crítica científica das condições que fazem de qualquer
democracia burguesa uma democracia para os ricos.

2.1.1- Colapso das guerras

Hoje observamos o mundo novamente em turbulência. O cenário coloca em rota


de colisão os interesses econômicos dos grandes conglomerados norte-
americanos, conduzidos pelo midiático e arrogante Donald Trump; os interesses
do também arrogante ex-chefe da KGB, Vladimir Putin, ansioso por recuperar o
espaço geopolítico ocupado pela antiga União Soviética; e os interesses da
ditadura sem rosto chinesa, que, com seu capitalismo de estado, baseado em
salários irrisórios, desrespeito aos direitos humanos e ambientais, inunda o mundo
com seus artigos baratos, causando impacto tanto na economia norte-americana
quanto na geopolítica russa.

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Observamos ainda o crescimento preocupante do discurso xenofóbico e


ultranacionalista da extrema-direita em todas as partes do mundo, a instabilidade
da representação democrática na América Latina, sufocada pela incompetência,
corrupção e populismo; a derrocada dos países africanos, sucumbidos à corrupção,
ao autoritarismo e aos conflitos étnicos
e religiosos; a crise humanitária nos
países do Oriente Médio e Ásia Central;
o perigo atômico encarnado no
mimado ditador norte-coreano Kim
Jong-un; e o fenômeno típico do nosso
século, o recrudescimento dos
atentados terroristas fomentados pelo
fundamentalismo islâmico.
Por tudo isso, já não tememos pelo
futuro dos nossos netos, mas pelo
presente dos nossos filhos.
2.2- As ideias liberais e suas vinculações com os conceitos de estado
liberal e democrático na Europa
É uma doutrina político-econômica que surge, em sua essência, da vontade de
limitação do Estado para a consequente ascensão da liberdade individual, dos
direitos individuais, da igualdade perante a lei, da proteção à propriedade privada
e do livre comércio. Essa vontade era intimamente ligada às lutas da burguesia na
Inglaterra do século XIII e é por isso que por muitas vezes o liberalismo foi e ainda
é facilmente associado a essa classe social. Para o liberalismo, portanto, o Estado
Mínimo é necessário para que se possa garantir as pautas defendidas, que são
variadas, conforme indicadas acima, e serão explicadas adiante. O mercado é
considerado o grande provedor e regulador da sociedade na percepção dos liberais.
O liberalismo pode ser visto por três enfoques diferentes: o binômio liberalismo
político e liberalismo econômico (dois em um, que se correlacionam facilmente) e
o liberalismo como corrente de pensamento, que pode abranger os dois primeiros
ou não. Então, para que comecemos com clareza, algumas ponderações:
O liberalismo como corrente de pensamento: se contrapõe ao conservadorismo
como corrente de pensamento. Adjetiva a pessoa que possui ideias flexíveis e
abertas, tendente a ser mais tolerante com a diversidade e com o novo.
2.3- Processo de construção da nação e do nacionalismo
contemporâneo: as unificações alemã e italiana do século XIX
Um dos fenômenos sociais recentes mais problematizados pelas disciplinas das
Ciências Sociais é o nacionalismo, bem como os movimentos oriundos deste. Isso
não acontece por acaso, pois, afinal de contas, a nação à qual pertencemos é
geralmente a primeira forma que utilizamos para nos identificar quando estamos
em outro país, não é verdade? O nacionalismo, portanto, de forma resumida, seria
o sentimento de pertencimento de um sujeito a um grupo tanto por proximidade
quanto por vínculo racial, linguístico ou histórico. Assim sendo, trata-se de uma
ideologia que exalta o Estado nacional ao qual pertence o indivíduo em detrimento
da imagem do que é estrangeiro. Não é por acaso que alguns dos movimentos
sociais mais importantes do mundo atual sejam nacionalistas. Sua força de

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mobilização em torno de interesses do grupo representado pela ideia da


nacionalidade é sempre grande justamente porque é grande o poder generalizador
que a identidade nacional possui.

2.3.1- A unificação da Itália

Após a derrota de Napoleão Bonaparte, a Europa


passou por uma reconfiguração de poder. Durante o
Congresso de Viena (1814-1815) foi definido que as
antigas monarquias que haviam sido destituídas do
poder pelos franceses retornariam aos seus tronos.
Também foi definido em Viena que a Itália seria
dividida em sete Estados, cada qual com uma família
real responsável. Eram eles: Reino Sardo-Peimontês
- governado pela família dos Sabóia. Reino da
Lombardia - governada pela Áustria. Estados
Pontifícios - autoridade da Igreja Católica. Ducado
da Toscana, Parma e Modena - governada pela
Áustria. Reino de Nápoles ou das Duas Sicílias -
governado pela família dos Bourbons. Até o século
XIX a Itália era basicamente agrária. Somente no
norte ocorriam os primeiros investimentos na
industrialização. Surgindo uma burguesia industrial.
Em meados do século XIX, Giuseppe Mazzini tenta unificar a península itálica em
uma república, mas fracassa. Na segunda metade do século XIX, Vítor Emanuel
II, rei piemontês, recebendo apoio de Napoleão III, aproxima-se da burguesia e
inicia o processo de unificação italiana. A Áustria coloca-se contrária a tal processo
de unificação, dando início a uma guerra entre estes países.
Com a ajuda da França, os austríacos são vencidos. Fortalecendo o processo de
unificação da Itália.
Giuseppe Garibaldi vence as batalhas de Montebello (20/05/1859) e Magenta
(04/07/1859). A guerra une vários reinos italianos e a partir de 1860, os reinos
são unificados e Vítor Emanuel é aclamado rei. Em 1870 o processo de unificação
é completado e Roma torna-se a capital. Em 1929, através do Tratado de Latrão,
é criado o Estado do Vaticano.

2.3.2- A unificação da Alemanha

Até meados do século XIX, a Alemanha era formada por uma confederação de
principados e Estados com sede em Frankfurt. A Prússia e a Áustria destacavam-
se dentro desta confederação.
A agricultura era a principal atividade econômica, mas mantinham-se relações
feudais de produção. A mão-de-obra concentrava-se nos meios urbanos,
procedentes da exclusão rural. A indústria estava em processo de afirmação e não
ocorria em todas as regiões da Alemanha e para diminuir os impostos
alfandegários, é criada a Zollverein, abolição da cobrança de impostos em
transações de estados alemães com exceção da Áustria.

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Essa medida impulsionou a circulação de


mercadorias e também o desenvolvimento
industrial na região. Surgem diversas e
antagônicas manifestações de interesses
na Alemanha: Os grandes industriários
que desejavam reformas garantidas por
uma constituição, a pequena burguesia
que pretendia a democratização dos
estados alemães e as lideranças urbanas
e os operários que partilhavam de ideias
socialistas.
Guilherme I, rei da Prússia, concede à Otto von Bismarck a presidência do
parlamento. O aristocrata Bismarck, aproxima-se das camadas populares e,
ganhando apoio destes, passa a defender a hegemonia prussiana em detrimento
da Áustria.
Em 1866, a Prússia vence os austríacos na Batalha de Sandowa. Após este
confronto a Áustria desliga-se dos Estados germânicos e juntamente com a
Hungria forma o Império Áustro-Húngaro. Mesmo com a saída da Áustria a
Alemanha continua dividida.
A Prússia lidera a Confederação Germânica do Norte, os Estados do Sul foram
impedidos de participar da confederação devido as ameaças de invasão da França.
A França declara guerra à Prússia e é derrotada em 18/01/1871.Devido a vitória
germânica é criado o Império Alemão, sob o comando de Guilherme I, que recebe
o título de Kaiser (imperador).
Com a criação do Império Alemão, a Alemanha surge como uma grande potência
europeia: Poderoso exército - venceu a Áustria e a França. População numerosa e
urbana, crescimento industrial invejável.
Bismarck cria uma legislação trabalhista e programas de assistência social. Porém
devido a divergências com o Kaiser Guilherme I, Bismarck, o “Chanceler de Ferro”,
é deposto. No início do século XX a Alemanha já é uma das maiores potências
mundiais.
2.4- A expansão imperialista europeia no século XIX: o neocolonialismo
e a primeira guerra mundial
A Europa, de acordo com os aspectos físicos e sua formação geológica, é
considerada por muitos cientistas como um continente que corresponde a uma
península da Eurásia, essa significa a união da Ásia e a própria Europa, localizada
no hemisfério norte.
A Europa se constitui como continente em razão dos acontecimentos históricos,
pois nesse território houve as principais dispersões culturais, políticas e
econômicas, que expandiu sua influência em âmbito internacional.
Para uma caracterização dos principais eventos ocorridos na Europa pode-se
destacar, principalmente, o colonialismo, a expansão imperialista, as civilizações
romana e grega, o Renascimento, a Revolução Francesa, a Revolução Industrial e
surgimento do primeiro bloco econômico do mundo, a partir dos exemplos citados

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fica claro perceber que a Europa foi e ainda continua sendo o palco das grandes
realizações humanas.
Atualmente, com o estágio
avançado que se encontra a
Globalização, o Ocidente tem
promovido grande influência no
Oriente, algo que ocorria
raramente no século XIX.
Apesar da imensa distribuição de
cultura e conhecimento da Europa para o mundo, realmente quem emergiu cultura
para os dois continentes saíram todos do Oriente como, por exemplo, o
cristianismo, o alfabeto entre outros.
O domínio europeu no mundo teve início durante os séculos XV e XVI, por meio
da busca da expansão de seu território, isso foi possível através das grandes
navegações, no qual se fazia necessário extrair riquezas em outros continentes
para suprir as necessidades do mercado em constante expansão, uma vez que
crescia o número da população.
Por terem desenvolvido os aspectos político e cultural em âmbito interno,
conseguiu implantar sobre os outros povos domínio, pois detinham conhecimento
em ciências, estratégia militar e tecnologias.
Justamente nesse momento da história que se criaram as expressões “civilizado”
e “selvagem”, essas denominações tinham como finalidade principal diferenciar a
cultura greco-romana chamadas também de civilizações clássicas e europeizadas.
No entanto, essa distinção entre dois grupos atualmente pode ser identificada,
basta observar o grupo de países mais ricos do mundo, salvo Estados Unidos e
Japão, todos são europeus.
Na concepção europeia, o restante do mundo se limita a um “canteiro” de
exploração econômica, ambiental e social, mão de obra e mercado consumidor. As
grandes metrópoles ocidentais europeias apresentam obras com grande
quantidade de ouro e prata, adquiridas a custa do trabalho de escravos e nativos
provenientes da exploração das colônias, hoje existe uma grande fortuna em
pedras preciosas guardadas em instituições financeiras.
Atualmente a União Europeia representa uma ofensiva contra a hegemonia norte-
americana que dura desde o declínio do socialismo liderado pela União das
Repúblicas Socialistas Soviéticas no qual era a única a fazer frente aos EUA.

2.4.1- O neocolonialismo e a primeira guerra mundial

O neocolonialismo, ou imperialismo, foi o processo de colonização e ocupação da


África e da Ásia por grandes potências europeias, que se iniciou na segunda
metade do século XIX e continuou até meados do século XX provocando uma série
de conflitos internacionais. Eles eram motivados tanto por disputas entre os
colonizadores, quanto pela independência dos territórios colonizados.

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Durante o século XIX, a Europa passou por um intenso processo de


industrialização, que se espalhou por países como Inglaterra, França, Bélgica,
Holanda, Itália e Alemanha, conhecido como Segunda Revolução Industrial.
Surgiram as primeiras grandes corporações
industriais, que necessitavam de matéria-prima
para produzir e de mercados para comercializar
seus produtos, dentro da nova lógica de
desenvolvimento do capitalismo.
Também foi um período marcado pela ascensão
do nacionalismo no continente europeu, que
influenciou processos como a independência da
Bélgica, em 1830, e as unificações alemã e
italiana, na década de 1870.E é nesse contexto
que nasce o neocolonialismo, como resultado da
disputa entre as potências europeias para explorar territórios do continente
africano e asiático.
Os países europeus já tinham interesses no continente africano desde o início do
século XIX.
Ideologicamente, a colonização de territórios na África e Ásia não foi justificada
como a busca por mercados e matérias-primas, mas como uma tentativa de levar
a civilização a esses locais dominados pela barbárie.
A justificativa se pautou na existência de um imaginário construído na Europa de
que o continente africano era um lugar exótico a ser explorado e conquistado.
Estas ideias estavam baseadas no que foi chamado de darwinismo social, ou seja,
a utilização de noções elaboradas por Charles Darwin no estudo da evolução das
espécies no âmbito biológico, mas aplicadas a um contexto social e cultural, para
explicar a existência de civilizações evoluídas e atrasadas.
Um importante documento histórico desse período é o poema “O fardo do homem
branco”, escrito em 1898 por Rudyard Kipling, clamando ao “homem branco” que
cumpra seu papel civilizador nos territórios selvagens.
O Neocolonialismo ocupou basicamente África e Ásia, durante os séculos XIX e XX
e provocou uma série de conflitos nas sociedades que foram ocupadas,
promovendo a exploração das populações locais e agressões a seus direitos
básicos. Como consequência, surgiram vários movimentos pela independência dos
territórios colonizados, alimentando lutas que se prolongaram por boa parte do
século XX.
Ao mesmo tempo, as disputas entre as potências imperialistas europeias
atravessou o século XIX e contribuiu, em última instância, para a Primeira Guerra
Mundial em 1914.

2.4.2- A segunda guerra mundial

A Segunda Guerra Mundial foi um conflito bélico que ocorreu na primeira metade
do século XX, envolveu mais de setenta nações, opondo os Aliados às Potências

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do Eixo. A guerra teve início em 1 de setembro de 1939 com a invasão da Polônia


pela Alemanha e as subsequentes declarações de guerra da França e da Grã-
Bretanha, estendendo-se até 2 de setembro de 1945.
Esta guerra mobilizou mais de 100 milhões de militares, e acarretou a morte de,
aproximadamente, setenta milhões de pessoas, aproximadamente 2% da
população mundial da época, a maior parte foram civis. É considerado o maior e
mais sangrento conflito de toda a história da humanidade. As principais nações
que lutaram pelo Eixo foram: Itália, Japão e Alemanha. As que lutaram pelos
Aliados foram especialmente: França, Grã-Bretanha, Estados Unidos e União
Soviética.
A guerra terminou com a rendição das nações do Eixo, seguindo-se a criação da
ONU- Organização das Nações Unidas, o início da Guerra Fria entre Estados Unidos
e União Soviética que saíram do conflito como superpotências mundiais e a
aceleração do processo de descolonização da Ásia e da África.

2.4.3- A guerra fria

A Guerra Fria, que teve seu início logo após a Segunda Guerra Mundial (1945) e a
extinção da União Soviética (1991), é a designação atribuída ao período histórico
de disputas estratégicas e conflitos indiretos entre os Estados Unidos e a União
Soviética, disputando a hegemonia política, econômica e militar no mundo.
A União Soviética buscava implantar o
socialismo em outros países para que
pudessem expandir a igualdade social,
baseado na economia planificada, partido
único (Partido Comunista), igualdade social e
falta de democracia. Enquanto os Estados
Unidos, a outra potência mundial, defendia a
expansão do sistema capitalista, baseado na
economia de mercado, sistema democrático e
propriedade privada.
Os Estados Unidos não conflitou a União Soviética (e vice-versa) com armamentos,
pois os dois países tinham em posse grande quantidade de armamento nuclear, e
um conflito armado direto significaria o fim dos dois países e, possivelmente, da
vida em nosso planeta.
É chamada "fria" porque não houve uma guerra direta entre as superpotências,
dada a inviabilidade da vitória em uma batalha nuclear.

2.4.4- Fim da Guerra Fria

A falta de democracia, o atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas


acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980. Em 1989
cai o Muro de Berlim e as duas Alemanhas são reunificadas.
No começo da década de 1990, o então presidente da União Soviética Gorbachev
começou a acelerar o fim do socialismo naquele país e nos aliados. Com reformas

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econômicas, acordos com os EUA e mudanças políticas, o sistema foi se


enfraquecendo. Era o fim de um período de embates políticos, ideológicos e
militares. O capitalismo vitorioso, aos poucos, iria sendo implantado nos países
socialistas.
2.5- A república no Brasil
A História da República Brasileira iniciou-se em 1889 com a Proclamação da
República e acompanhou todo o período posterior, até o século XXI. A difusão dos
ideais republicanos remonta ao período colonial, como durante a Inconfidência
Mineira e a Conjuração Baiana, no final do século XVIII. Apesar dos ideais e das
revoltas buscarem a superação da monarquia, apenas no final do século XIX, com
o fim do escravismo, as elites agrárias do país aceitaram organizar o Estado
brasileiro nos moldes republicanos.
O fato de a República nascer como uma aceitação das elites e ter sido realizada
através da espada do exército brasileiro conformou um caráter autoritário e
excludente do Estado brasileiro, garantindo os privilégios das classes dominantes
e a negação de direitos às classes exploradas durante muito tempo. A participação
do exército na vida política nacional foi também uma constante da história
republicana do país, que pode ser dividida em algumas fases.
2.6- A proclamação da república do Brasil
A regime monárquico existiu no Brasil entre os anos de 1822 a 1889. Neste período
o país teve dois imperadores: D. Pedro I e D. Pedro II. O sistema monárquico não
correspondia mais aos anseios da população e às necessidades sociais que estava
em processo.
Um sistema em que houvesse mais liberdades econômicas, mais democracia e
menos autoritarismo era desejado por grande parte da população urbana do país.
- Era reclamada a forte interferência de D. Pedro II nas questões religiosas, que
provocou atritos com a Igreja Católica.
- Censura imposta pelo regime monárquico aos militares. O descontentamento dos
militares brasileiros também ocorria em função dos rumores de corrupção
existentes na corte.
- Classe média e profissionais liberais desejavam mais liberdade política, por isso
muitos aderiram ao movimento republicano, que defendia o fim da Monarquia e
implantação da República.
- Falta de apoio da elite agrária ao regime monárquico, pois seus integrantes
queriam mais poder político.
- Fortalecimento do movimento republicano, principalmente nas grandes cidades
do Sudeste.

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2.7- A Proclamação
Na então capital brasileira, a cidade
do Rio de Janeiro, em 15 de
novembro de 1889, o Marechal
Deodoro da Fonseca liderou um golpe
militar que derrubou a Monarquia e
instaurou a República Federativa e
Presidencialista no Brasil. No mesmo
dia foi instaurado o governo
provisório em que o Marechal
Deodoro da Fonseca assumiu a
presidência da República.
2.8- Oligarquias e Coronelismo
A consolidação do modelo republicano federalista e a ascendência das oligarquias
agrárias ao poder fez surgir um dos mais característicos fenômenos sociais e
políticos do período: o coronelismo, que expressou as particularidades do
desenvolvimento social e político do Brasil. Ele foi resultado da coexistência das
formas modernas de representação política (o sufrágio universal) e de uma
estrutura fundiária arcaica baseada na grande propriedade rural.
O direito de voto estava assegurado pela Constituição, mas o fato da grande
maioria dos eleitores habitarem o interior (a população sertaneja e camponesa) e
serem muito pouco politizados levou os proprietários agrários a controlar o voto e
o processo eleitoral em função de seus interesses.
O "coronel", geralmente um proprietário de terra, foi a figura chave no processo
de controle do voto da população rural. Por meio do emprego da violência e
também da barganha, troca de favores, os coronéis forçavam os eleitores a
votarem nos candidatos que convinha aos seus interesses.
O controle do voto da população rural pelos coronéis ficou conhecido popularmente
como "voto de cabresto". No âmbito municipal os coronéis locais dependiam do
governador para obtenção de auxílio financeiro para obras públicas e benfeitorias
gerais, daí a necessidade de apoiar e obter votos para os candidatos de
determinada facção das oligarquias estaduais. Sob a presidência de Campos Salles
(1898-1902), foi firmado um pacto de poder chamado de Política dos
Governadores que estabelecia que os grupos políticos que governavam os estados
dariam irrestrito apoio ao presidente da República, em contrapartida o governo
federal só reconheceria a vitória nas eleições dos candidatos ao cargo de deputado
federal pertencentes aos grupos que o apoiavam.
O governo federal tinha a prerrogativa de conceder o diploma de deputado federal.
Mesmo que o candidato fosse vitorioso nas eleições, sem este documento ele não
poderia tomar posse e exercer a atividade política. O controle sobre o processo de
escolha dos representantes políticos a partir da fraude eleitoral impedia que os
grupos de oposição chegassem ao poder.
2.9- A burguesia brasileira e suas relações com o Estado e as oligarquias
do café
Diferentemente de seu processo de formação na Europa, o capitalismo, no Brasil,
não partiu do feudalismo, mas do escravismo colonial. Por isso mesmo, uma vez

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realizada a Abolição, a burguesia brasileira pôde crescer e chegar a ser a classe


dominante, sem precisar realizar uma revolução.
Qual o relacionamento dessa classe com o latifúndio e com o capital estrangeiro,
seu posicionamento diante da classe operária?
As origens de uma burguesia industrial
no Brasil tiveram relação com a
acumulação originária da agricultura de
exportação, principalmente em São
Paulo, onde a indústria nasceu sob a
órbita do complexo cafeeiro. No entanto,
os primeiros burgueses industriais
raramente surgiram entre os
fazendeiros, pois a circulação de capitais
acumulados pela cafeicultura para
outros setores da economia se fez sob a intermediação do sistema bancário e do
grande comércio. Mais direta foi a passagem de grandes comerciantes,
particularmente importadores, à condição de industriais, tanto em São Paulo como
no Rio de Janeiro, em que a praça comercial foi capaz de gerar capitais disponíveis
para inversões industriais desde a segunda metade do século XIX.
Por qualquer de suas origens na acumulação originária de base local, as primeiras
indústrias “nacionais” já nasceram sob a marca do mercado mundial dominado
pelas potências imperialistas e, portanto, da dependência em relação aos centros
mais dinâmicos da economia capitalista.
2.10- Os anos 30 no Brasil e o estado
Foi um movimento de revolta armado, ocorrido no Brasil em 1930, que tirou do
poder, através de um Golpe de Estado, o presidente Washington Luiz. Com o apoio
de chefes militares, Getúlio Vargas chegou à presidência da República.
Antes da Revolução de 1930, o Brasil era governado pelas oligarquias de Minas
Gerais e São Paulo. Através de eleições fraudulentas, que se mantinham no poder
e conseguiam alternar, na presidência da República. A chamada política “café com
leite”.
Nas eleições de 1930, era a vez de Minas Gerais indicar o candidato à presidência,
porém os paulistas apresentaram Júlio Prestes, fluminense que fez carreira política
em São Paulo. Descontentes, os mineiros apoiaram o candidato de oposição da
Aliança Liberal, o gaúcho Getúlio Vargas.

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Júlio Prestes venceu apoiado pela


elite de São Paulo. Com vários
indícios de fraude eleitoral.
Em julho do mesmo ano, o candidato
a vice na chapa de Vargas, o
paraibano João Pessoa, foi
assassinado. O que gerou revolta
popular em várias regiões do Brasil.
O clima de conflitos e forte
insatisfação popular em várias
regiões do Brasil gerou preocupação
em setores militares de alto comando, que enxergavam a possibilidade de uma
guerra civil no Brasil.

2.10.1- O Golpe de 1930

A situação do presidente Washington Luiz era crítica, porém o mesmo não


pretendia renunciar ao poder. Então, chefes militares do Exército e Marinha
depuseram o presidente, instalaram uma junta militar que, em seguida, transferiu
o poder para Getúlio Vargas.
Com o Golpe de 1930 terminou o domínio das oligarquias no poder. Getúlio
governou o Brasil de forma provisória entre 1930 e 1934. Em 1934, foi eleito pela
Assembleia Constituinte como presidente constitucional do Brasil, com mandato
até 1937. Porém, através de um golpe com apoio de setores militares, permaneceu
no poder até 1945, período conhecido como Estado Novo.
2.11- O baratismo no Pará: Da 1º interventoria ao esforço de guerra dos
anos 40
O Baratismo foi o período em que Magalhães
Barata governou o Estado do Pará, um governo
extremamente populista devido a várias medidas
a favor do povo, como as constantes audiências
públicas, que desenvolveu desde sua primeira
interventoria, de novembro de 1930 a abril de
1934.
O político militar foi um dos grandes nomes da
história da política paraense e com apoio da
presidência da República da época, Magalhães
Barata foi governador em 1930 e em 1943, ambos por indicação do então
presidente, Getúlio Vargas.
Com grande apelo popular e várias oportunidades de crescimento no estado,
Magalhães Barata voltou ao governo pela terceira vez, em 1956, mas não cumpriu
o mandato até o fim. No dia 29 de maio de 1959, o então governador não resistiu
a uma grave doença e veio a óbito. A morte do governador causou grande comoção
entre os paraenses, com o seu funeral sendo feito no Palácio Lauro Sodré,
curiosamente seu primeiro adversário na disputa pelo governo do Pará, em 1930.

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O sepultamento ocorreu no cemitério de Santa Isabel, no bairro do Guamá, em


um dos funerais mais concorridos da história do Pará.
Magalhães Barata deixou duas correntes: o baratismo e o antibaratismo, além de
várias histórias do “Baratão”, como era chamado. Uma das formas de homenagem,
uma das principais ruas da capital paraense ganhou o nome de Magalhães Barata,
rua próximo ao Parque da Residência, que por muitos anos ficou conhecida como
a residência oficial do governador do estado.
Em política e planejamento militar, esforço de guerra refere-se a uma mobilização
social coordenada de recursos industriais e humanos visando o suporte de uma
força militar. Dependendo da militarização da cultura, o tamanho relativo das
forças armadas, o estilo de governo e o suporte popular aos objetivos militares,
tal esforço de guerra pode abranger de uma pequena indústria ao comando
completo da sociedade.
No Pará a primeira interventoria se deu de 1930 a 1935. Após perder a eleição
para José Carneiro da Gama Malcher, foi retirado do governo por determinação de
Getúlio Vargas.
Entre 1935 a 1943 serviu em Recife. Foi promovido a tenente-coronel neste
período. Com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial e a “Batalha da Borracha”,
volta a Belém para ocupar a 2ª Interventoria, que se encerra em 1945, com a
redemocratização, é eleito senador, em 1945. Na década de 1950 concorreu ao
governo do Estado do Pará: em 1950 foi derrotado por Zacarias de Assunção e em
1955 é eleito governador. Seu governo é interrompido com sua morte, em 29 de
maio de 1959. Em 2 de junho (data de seu aniversário) enterra-se o popular, ainda
hoje lembrado por muitos em diversas regiões do Estado do Pará.
2.12- Populismo, “terror” e autoritarismo
É basicamente um modo de exercer o poder. Ou seja, dá-se uma importância ao
povo, às classes menos favorecidas, cuida-se delas e, assim, conquista-se sua
confiança o que permite que se exerça um autoritarismo consentido, uma
dominação que não é percebida por quem é dominado. Dentre as características
do populismo está o fato de que o contato do líder com as massas acontece
diretamente. Isto é, o líder não precisa de ninguém que seja seu contato com o
povo, mas vai, pessoalmente, de encontro a ele, torna-se “amigo pessoal” dos
pobres, preocupando-se com sua situação individual. Através dessa proximidade,
cria laços que permitirão a ele ser eleito sob os aplausos da grande massa popular
que a ele confia, posto que se trata, não de um político qualquer, mas de um
amigo. Portanto, o populismo tem como foco as classes média e baixa.

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O populismo não é um governo de


esquerda apesar de se voltar para as
classes média e baixa. Tampouco é um
governo de direita. A direita o considera
uma forma demagógica de comportamento
político. O populismo não dá espaço para a
atuação política da classe burguesa uma
vez que suas determinações políticas são
atribuídas ao líder. O líder populista está
acima de todas as classes, é representante
único e total dos anseios do povo que o
elegeu. No Brasil, Getúlio Vargas é o
exemplo maior do populismo.
O Autoritarismo é um regime que infelizmente, ainda é bastante comuns ao redor
do mundo.
Dizemos que um regime político é autoritário quando as principais decisões são
tomadas apenas por uma pessoa ou grupo de pessoas, sem a participação maior
da sociedade. Em outras palavras, um regime autoritário concentra o poder em
um ou poucos governantes.
Isso significa que a população em geral desfruta de poucos direitos e garantias,
que são “atropelados” pelas vontades dos governantes. E existem, basicamente,
dois tipos de regime autoritário, que se diferenciam pelo nível de controle do
regime sobre a população.
2.13- Estado, o trabalho e o sindicalismo nos anos 50 e 60 no Brasil e na
Argentina
A história de formação dos sindicatos
no Brasil é influenciada pela migração
de trabalhadores vindos da Europa para
trabalhar no país. No final do século
XIX, a economia brasileira sofre uma
grande transformação, marcada pela
abolição da escravatura e a
Proclamação da República. Neste
momento, a economia brasileira deixa
de se concentrar na produção de café e
cede espaço para as atividades
manufatureiras, surgidas nos centros urbanos e no litoral brasileiro. A abolição da
escravidão, substituída pelo trabalho assalariado, atrai um grande número de
imigrantes vindos da Europa, que ao chegar se depararam com uma sociedade
que oferecia pouquíssimos direitos aos trabalhadores, ainda marcada pelo sistema
escravocrata.
Estes novos trabalhadores possuíam experiência de trabalho assalariado e
relativos direitos trabalhistas já conquistados em seu antigo país. Assim,
rapidamente essas pessoas começaram a formar organizações.
As primeiras formas de organização foram as sociedades de auxílio-mútuo e de
socorro, que objetivavam auxiliar materialmente os operários em períodos mais

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difíceis. Em seguida, são criadas as Uniões Operárias, que com o advento da


indústria passam a se organizar de acordo com seus diferentes ramos de atividade.
Surgia assim o movimento sindical no Brasil.
Seria um absurdo dizer que não houve
lutas no Brasil antes dos anos 1930.
Comparativamente, a Argentina já
tinha uma força muito grande no seu
movimento dos trabalhadores, quando
a estrutura sindical foi erguida. Então,
isso marca diferenças muito
importantes. Há duas, pelo menos, que
se consolidaram e que até hoje é difícil
superar. A primeira delas é a
organização no local de trabalho. Na
Argentina, até hoje, por exemplo, a
legislação prevê que empresas de até 50 trabalhadores tem direito a um delegado
sindical eleito pelos seus pares e com estabilidade no emprego; e a partir de cem,
dois delegados; e depois disso, um para cada cem. Analizando os dados do número
de delegados sindicais nos dois países e a diferença é brutal. Outro aspecto é a
possibilidade de criação de uma entidade representativa que seja nacional. No caso
da Argentina, a Confederacion General del Trabajo (CGT) tem mais de 80 anos de
existência. No caso brasileiro, a Central mais antiga em atividade é a Central Única
dos Trabalhadores (CUT), que acabou de completar 30 anos. Isso marca uma
diferença muito grande. Mesmo assim, no Brasil o sindicalismo nas centrais
sempre foi muito fragmentado e intermitente. Na Argentina existe uma história
muito presente de um sindicalismo organizado nacionalmente. Um exemplo: no
Brasil, os sindicatos dos metalúrgicos são municipais, e na Argentina a União
Operária dos Metalúrgicos é nacional.
2.14- Entre guerras e o estado de terror: nazismo, fascismo, stalinismo e
o estado getulista nos processos de massificação e racismo

2.14.1- Stalinismo Soviético

Com a revolução russa de 1917 e após a morte de Lenin, iniciou-se o stalinismo


na URSS com o poder concentrado nas mãos de Josef Stalin.
Stalin eliminou seus adversários e foi galgando posições até chegar a ser a figura
mais importante da União Soviética. Foi um dos regimes totalitários de esquerda
que perdurou de 1927 a 1953 acabando com a liberdade civil no país.
Stalin transformou a União Soviética de um país agrário para uma potência
industrial em uma década. No entanto, isto foi feito a base de coletivizações
forçadas e do trabalho forçado dos dissidentes no Gulag, uma prisão especial para
os que cometessem crimes políticos.

2.14.2- Fascismo

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O fascismo italiano iniciou com Benito


Mussolini em 1919, com a fundação do
Partido Nacional Fascista (PNF).
De inspiração anticomunista e
antidemocrática, os fascistas entraram
no governo italiano após a Marcha sobre
Roma, em 1922. Diante da numerosa
multidão que o apoiava, Mussolini foi
convidado a ser chefe do governo pelo
rei Vítor Emanuel III.
Mussolini foi incorporando gradualmente o partido fascista ao governo, nomeando
ministros dos membros fascistas, reformando a educação e captando adeptos
entre os marginalizados. O governo fascista de Mussolini foi o primeiro regime
totalitário de direita que surgiu na Europa e só terminou com a Segunda Guerra
Mundial.

2.14.3- Nazismo

Hitler foi a figura máxima do regime nazista que se instaurou na Alemanha a partir
de 1933. Inspirado no fascismo italiano, o nazismo ainda acrescentou no seu
programa a superioridade da raça ariana sobre às demais.
O governo nazista promoveu ideias antissemitas, perseguindo e exterminando
principalmente judeus. No entanto, também eliminou fisicamente deficientes
físicos e intelectuais, comunistas, religiosos.
Para contar com o apoio do Exército alemão, o nazismo propagou a ideia de
"espaço vital". Inicialmente, este compreendia os povos germânicos como
austríacos e alemães que viviam na Tchecoslováquia. Depois, seria ampliado para
o leste europeu e acabaria por iniciar a Segunda Guerra Mundial. O nazismo
terminou em 1945 com o suicídio de Adolf Hitler e o fim da Segunda Guerra
Mundial.
A fase explicitamente ditatorial de Getúlio Vargas – foi instituído no dia 10 de
novembro de 1937. A Constituição de 1934 foi revogada, e o país viu-se privado
de eleições e de liberdade de expressão, além de submetido ao controle de caráter
fascista fortemente inspirado nos líderes autoritários europeus da mesma época,
Mussolini e Hitler. Contudo, um dos destaques do período do “Estado Novo” foi a
criação das leis trabalhistas através da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho),
aprovada em 1º de maio de 1943.
2.15- O estado getulista nos processos de massificação e racismo
Há de se pensar também que nos anos 30, o Brasil passou pelo período do
Getulismo e que Getúlio Vargas era um ditador, simpatizante inicialmente das
ideias nazistas e, por conseguinte, seu governo tinha como ideologia o racismo,
não somente contra judeus, mas a todas as etnias, no caso brasileiro o principal
alvo eram os negros.
Os terreiros de Candomblé e Umbanda eram fechados, as rodas de capoeira e de
samba eram proibidas e inúmeras manifestações de matriz africana que remetia

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ao negro eram reprimidas. Assim, os grupos organizados de negros, formados


nesse período, tinham a preocupação de estabelecerem meios de buscar um canal
de discussão e ação da condição de racismo e alienação das beneficies sociais e
econômicas do país.
Com a derrota do Nazismo e do Getulismo e a conquista dos Direitos Civis dos
negros nos EUA, volta-se a discutir sobre a questão do negro no Brasil. A década
de 50 marca o período conhecido como “populista”, onde se revezam governos
eleitos “democraticamente”, porém nenhum deles tem plataformas de apoio para
questão do racismo e a condição da população negra no país.
2.16- A experiência do estado autoritário no brasil: movimento de 64,
estado de segurança nacional e a política dos governos militares para a
Amazônia
Após a deposição do presidente João Goulart, ficou claro que os militares tinham
pretensões de controlar a vida política da nação de forma direta. Diferentemente
dos golpes de 1930 e 1945, as Forças Armadas se infiltraram no poder e criaram
ações que perpetuariam sua presença nas duas décadas seguintes da história
política nacional. Em abril de 1964, o general Castelo Branco foi empossado
presidente pelo Congresso, com um mandato que duraria somente dois anos.
A perseguição política foi instaurada inicialmente com a criação dos Inquéritos
Policial-Militares, que seriam responsáveis por controlar todas as pessoas
consideradas ameaçadoras à ordem.
Paralelamente, o uso e abuso dos Atos Institucionais, AI’s foi outro importante
elemento utilizado para que os militares tomassem decisões sem antes consultar
o Congresso Nacional. Em 1965, o governo militar deu fim a todos os partidos
políticos existentes e liberou a cassação de qualquer mandato político com a
criação do AI-2. Além de prolongar o mandato de Castelo Branco.
No ano seguinte, o AI-3 modificou o sistema eleitoral para o modelo indireto nas
eleições para governador e deu a estes o poder de indicar o prefeito das capitais
e dos maiores centros urbanos do país.
O próximo presidente foi Costa e Silva, eleito através de uma confirmação do
Congresso. Antes de assumir, o AI-4 realizou uma convocação extraordinária do
Congresso para a criação de uma nova Constituição.
A nova carta garantiu a presença dos militares com o fortalecimento do Poder
Executivo. De acordo com a nova constituição, o presidente teria poder de
deliberar livremente sobre as finanças públicas e as questões de segurança
nacional. Além disso, foi criada a Lei de Imprensa que proibia expressamente a
publicação de qualquer conteúdo que incitasse a desordem social ou criticasse as
autoridades instituídas.
Foi a partir de então que a ditadura se consolidou como novo meio de organização
da vida política nacional e garantiu a presença das autoridades militares no poder.

2.16.1- O que foi a “Revolução de 64”

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Foi um golpe de Estado ocorrido no Brasil. Na madrugada de 31 de março para 1º


de abril de 1964, líderes civis e militares conservadores derrubaram o presidente
João Goulart. Diversos fatores levaram ao golpe, alguns circunstanciais e outros
que se arrastavam havia décadas.
O movimento surgiu para afastar
do poder um grupo político,
liderado por João Goulart, que, na
visão dos conspiradores, levava o
Brasil para o “caminho do
comunismo”. Para entender
melhor o golpe, é preciso lembrar
o clima de radicalismo político que
o país vivia. Até as Forças
Armadas estavam rachadas, dividas em duas chapas que se enfrentavam nas
eleições do Clube Militar desde os anos 50. “De um lado, estavam oficiais
nacionalistas; do outro, um grupo que pregava maior aliança com os Estados
Unidos, na verdade um recurso para enfrentar a ameaça comunista”. Em 1964, a
temperatura política no país havia subido tanto que, meses antes de ser deposto,
João Goulart tentou declarar “estado de sítio”, medida que ampliaria seus poderes.
Muitos militares e líderes conservadores passaram a acreditar que o presidente
daria um golpe para instalar uma ditadura de esquerda. Nesse ambiente de
conspirações, teve início a rebelião de 31 de março. “Considerando que o Brasil
estava numa encruzilhada, o golpe definiu uma solução ditatorial para a crise e
colocou o país numa trajetória autoritária de mais de 20 anos”.
2.17- O estado e o neoliberalismo
Na política, neoliberalismo é um conjunto de ideias políticas e econômicas
capitalistas que defende a não participação do estado na economia, onde deve
haver total liberdade de comércio, para garantir o crescimento econômico e o
desenvolvimento social de um país. Os autores neoliberalistas afirmam que o
estado é o principal responsável por anomalias no funcionamento do mercado livre,
porque o seu grande tamanho e atividade constrangem os agentes econômicos
privados.
O neoliberalismo defende a pouca intervenção do governo no mercado de trabalho,
a política de privatização de empresas estatais, a livre circulação de capitais
internacionais e ênfase na globalização, a abertura da economia para a entrada de
multinacionais, a adoção de medidas contra o protecionismo econômico, a
diminuição dos impostos e tributos excessivos etc.
Esta teoria econômica
propunha a utilização da
implementação de políticas
de oferta para aumentar a
produtividade. Também
indicavam uma forma
essencial para melhorar a
economia local e global era
reduzir os preços e os
salários.

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2.18- Crise no leste europeu: reordenamento do estado na nova ordem


mundial
Ao final da Segunda Guerra Mundial (1945), o cenário político mundial
testemunhava o período de maior tensão de sua história. De um lado, os Estados
Unidos, uma potência capitalista; de outro, a União Soviética, uma potência
socialista; em ambos os lados, armamentos com tecnologia nuclear que poderiam
causar sérios danos a toda humanidade.
Nenhum tiro foi diretamente disparado entre os dois lados do “conflito”, o que
justifica o nome Guerra Fria. O que se pode dizer é que esse conflito foi marcado
pelas disputas indiretas entre as duas potências rivais em busca de maior poderio
político e, principalmente, militar sobre as diferentes partes do mundo.
Esse período termina com a queda do Muro de Berlim (1989) e o fim da União
Soviética (1991), inaugurando uma fase de hegemonia do capitalismo como modo
de produção, conhecida como Nova Ordem Mundial.

2.18.1- Crise no leste europeu

O ano de 1989 foi marcado por mudanças políticas e econômicas nos países do
Leste Europeu. Era o socialismo em crise. Em
março de 1985, Mikhail Gorbachev assumiu
o poder na União Soviética e imediatamente
colocou em prática um amplo plano de
reformas no comando das Forças Armadas,
na legislação eleitoral, na administração
pública e na política externa do país. Em
fevereiro de 1986, propôs a glasnost, uma
política de transparência e abertura, que
significava na prática uma campanha contra
a corrupção e a ineficiência na
administração, com propostas de maior liberdade na política e na cultura. Logo
depois, lançou a perestroika, um ousado plano de reestruturação econômica, que
incluía o abandono do rígido planejamento central, a abolição do controle dos
preços, a autogestão das empresas e liberdade para competirem entre si, a
permissão para pequenos negócios privados e o fim da política de subsídios.
As reformas de Gorbachev em pouco tempo desencadearam transformações em
todo o mundo socialista, que sofreu uma impressionante reviravolta histórica.
Muitos países romperam com a hegemonia soviética e iniciaram um profundo
processo de mudanças em busca de um novo modelo político e econômico.

2.18.2- Neoliberalismo no brasil de Fernando Henrique e color

No Brasil, o Neoliberalismo começou a ser seguido de uma forma aberta nos


governos Collor nos dois consecutivos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Neste caso, seguir o neoliberalismo foi sinônimo de privatização de várias
empresas do Estado. O dinheiro conseguido com essas privatizações foi na sua
maioria utilizado para manter a cotação do Real, uma nova moeda na altura, ao
nível do dólar.

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A estratégia de privatização encorajada por ideais neoliberais não foi seguida por
todos os países. Ao contrário do Brasil, a China e Índia, países que têm mostrado
um crescimento enorme nas últimas décadas, adotaram tais medidas de forma
restrita e gradativa. Nesses países, o investimento de grupos econômicos foram
feitos em parceria com empresas nacionais.
III- UNIDADE
3- MENTALIDADE E RELIGIOSIDADE
Na região da Mesoamérica (que compreende o México e parte da América Central)
e na região andina (atual Peru) desenvolveram-se três das maiores culturas pré-
colombianas: Os Maias, Incas e Astecas. A cultura maia, a mais antiga delas,
entrou em declínio até desaparecer, enquanto os incas e astecas formaram
grandes impérios.
3.1- Religiosidade e cultura entre pré-colombianos

3.1.1- Maias

a) Origem- A civilização maia é a mais antiga das grandes culturas pré-


colombianas, com origens que remontam possivelmente ao século XVI a.C.
Estendeu-se pelo sul da península de Yucatán, no atual México e em parte da
Guatemala e de Honduras. Seu apogeu deu-se entre os séculos III e IX d.C.
b) Organização- Herdeiros dos olmecas, um dos primeiros povos organizados da
América, os Maias viviam em cidades -Estado independentes, que controlavam
territórios próprios e falavam línguas diferentes. No entanto, estavam
confederadas na chamada Liga de Mayapán, que conseguiu manter o equilíbrio
entre as diferentes cidades por aproximadamente duzentos anos.
c) Sociedade- A sociedade era encabeçada por
sacerdotes e nobres guerreiros. Os camponeses
constituíam a maior parte da sociedade e viviam
nas terras que cultivavam. Também existiam
artesãos especializados e escravos, geralmente
prisioneiros de guerra.
d) Economia- A família era a unidade social
fundamental, e a economia baseava-se na
agricultura, sendo os principais itens cultivados
o milho, o algodão e o cacau, que chegou a ser
utilizado como moeda. Nas atividades
artesanais destacaram-se os trabalhos em jade,
os tecidos e os cestos. O florescimento do
artesanato possibilitou um próspero comércio
com os povos vizinhos.
12. Religião- Politeístas, entre seus principais deuses estavam Chac, o deus da
chuva; Centeotl, o deus do milho; e Kuculcan, o deus do vento. Em sua honra
faziam-se sacrifícios humanos, danças e jogos, entre os quais se destacou o
jogo de bola.

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Com origem que remonta a 5 mil anos,


o jogo de bola dos maias era ao mesmo
tempo uma cerimônia religiosa e um
espetáculo. Era jogado por duas equipes
opostas, com uma bola de borracha dura
que deveria ser passada por um anel de
pedra preso a uma parede em cada lado
do campo.
13. Declínio- Quando os
espanhóis chegaram à península de
Yucatán, no século XVI, os maias
estavam imersos em um período de
decadência que os levou à sua
dissolução e cujas causas ainda
permanecem bastante obscuras.
Várias hipóteses já foram levantadas: guerras entre as cidades, disputas internas
pelo poder político, revoltas sociais, invasões de outros povos, esgotamento do
solo, seca prolongada etc.

3.1.2- Os Astecas

a) Origem e organização - Os astecas formaram um poderoso império no


local que hoje é o México. Eles se organizavam em uma confederação de
cidades – Texcoco, Tlacopán e Tenochtitlán (onde morava o imperador).
Como o povo asteca era guerreiro, sua dominação estendeu-se por 150 anos, até
sua conquista por Fernão Cortez entre 1519 e 1523.
Graças à essa organização militar, os astecas construíram um império que
abrangia 500 cidades e 15 milhões de habitantes.
b) Sociedade - O imperador asteca tinha um poder ilimitado, e os sacerdotes
e guerreiros, principal apoio imperial, eram as camadas sociais mais
influentes. Artesãos, agricultores e servidores públicos formavam a maior
parte da população, Havia também escravos, em sua maioria prisioneiros
de guerra, que constituíam mão-de-obra para a agricultura e o transporte.
A sociedade asteca valorizava a guerra e era por meio dela que os pobres podiam
ascender socialmente: a bravura em combates era recompensada com títulos,
terras e escravos.
c) Economia - As cidades astecas funcionavam como grandes centros de
troca. Nos mercados, eram comercializados produtos agrícolas, carne,
vestimentas e utensílios em geral. A moeda era a semente de cacau, cujo
produto, o chocolate, era muito valorizado e considerado a bebida dos
deuses.

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d) Religião -Os astecas incorporaram à


sua religião vários deuses de povos
conquistados. Os deuses que mais
cultuavam eram Quetzalcóatl, “serpente de
plumas”, criador da Terra e das pessoas, e
Huitzilopochtli, deus do Sol e da guerra, aos
quais ofereciam sacrifícios humanos.

e) Queda do Império Asteca


Apesar de sua prosperidade, os povos dominados pelos astecas ficaram
descontentes. O suporte da economia do Império era o recolhimento de impostos
dos povos vencidos, prática que, aliada aos sacrifícios humanos, fez com que os
astecas fossem odiados e temidos pelos povos a eles submetidos.
Por esse motivo, Fernão Cortez, que contou com o apoio das populações que se
aliaram aos conquistadores, conseguiu dominar o Império Asteca em apenas três
anos.

3.1.2- Os incas

Os incas fundaram o império mais extenso da América pré-colombiana. Com uma


impressionante organização, um poderoso exército e um grande sistema de
comunicações, controlaram amplos territórios.
a) Origem- Na área andina, mais precisamente na região de Cuzco (atual
Peru) e tendo como precedentes as culturas nazca e mochica, nasceu o
Império Inca. Seu fundador foi Manco Capac, o primeiro Inca, considerado
Filho do Sol.
Em tomo do ano 1200, Capac dominou as tribos de Cuzco, e seus sucessores
estenderam a conquista inca rumo ao norte e ao sul, ao longo da Cordilheira dos
Andes.
Na época em que era mais amplo, o Império Inca englobava os atuais Peru, Bolívia,
parte do Equador, o noroeste da Argentina e o norte do Chile.
O território compreendido pelo Império abrangia uma área de 3500 quilômetros
no sentido norte-sul e 800 quilômetros no sentido leste-oeste. Sua população
variava entre 3 e 16 milhões de pessoas.
Quando os europeus chegaram à América, os incas viviam uma época de grande
esplendor. Entretanto, a conquista do aventureiro espanhol Francisco Pizarro
resultou no fim do império e na submissão dos incas aos espanhóis.

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b) A organização do Império -
Os incas criaram um império
vastíssimo, devido à eficiência de
seu exército e à sua magnífica
organização imperial, embora
provavelmente não conhecessem a
escrita.
O Império, chamado de
Tahuantinsuyu (“o mundo dos
quatro cantos”), era dividido em
províncias governadas por grandes
senhores, um dos quais residia na
corte do Inca, em Cuzco, para
garantir a lealdade da província.
As cidades dessas províncias comunicavam-se por meio de uma eficiente rede de
estradas com mais de 40 mil quilômetros (dos quais só foram descobertos 25 mil,
até o momento) e de um serviço de correios.
Para registrar a produção agrícola, os incas desenvolveram um complexo sistema
para números, os quipus, uma espécie de registro feito por meio de cordões longos
com nós de cores diferentes.
A unidade do Império era garantida por um sistema de caminhos percorridos por
mensageiros, que circulavam por etapas, levando as mensagens imperiais e as
informações nos quipus. Para defender as cidades, construíram-se grandes
fortalezas de pedra, de onde se vigiavam os arredores.
c) Sociedade - A sociedade organizava-se em clãs formados por centenas de
pessoas unidas por laços de parentesco. Encabeçando a sociedade estava o
Inca, o chefe supremo. Havia diferentes grupos sociais: os nobres
(sacerdotes, militares e políticos), o povo (os não-nobres), os servos e os
escravos.
d) Economia - Os incas, que plantavam
milho e batata, criaram sistemas de
irrigação e construíram terraços para
cultivar as encostas das montanhas
andinas. Além disso, cuidavam de
rebanhos de lhamas e de alpacas, dos
quais obtinham alimento e matéria-prima
para confeccionar tecidos. Também
usavam o gado como meio de transporte.
As roupas do Inca e dos membros da alta nobreza eram feitas com lã de
vicunha, que era mais fina.
A metalurgia do cobre e do ouro teve grande desenvolvimento, assim como a
cerâmica, que era decorada com figuras humanas, animais e motivos florais ou
geométricos.

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e) Religião- Politeístas, os incas adoravam vários deuses, entre eles


Viracocha, o criador de todas as coisas; Mama Quilla, a Lua; e, sobretudo,
Inti, o deus Sol.
3.2- Artes, ciências e visões de um mundo nas sociedades maias,
Astecas e Incas

3.2.1- Astecas

A educação era muito importante para os estratos sociais superiores, que


aprendiam religião, história e música, bem como a ler e a escrever, a sociedade
asteca desenvolveu uma espécie de escrita pictográfica.
Os astecas dedicavam-se à astronomia, tendo determinado com grande precisão
as trajetórias do Sol e da Lua e previsto eclipses. A observação do céu lhes permitiu
também prever as geadas e estabelecer as características dos ventos dominantes,
o que era bastante útil para a agricultura e o bem-estar do Império.

3.2.2- Incas

Os incas se destacaram pelo trabalho em pedra, especialmente a arquitetura,


tendo moldado e talhado em grande escala. Um bom exemplo desse tipo de
trabalho é o monumental Templo do Sol, em Cuzco, embora também tenham
realizado várias obras menores.
Por ocasião da conquista espanhola, os cronistas descreveram as extraordinárias
estátuas e esculturas feitas de ouro e prata, muitas delas destruídas pelos
europeus para aproveitar os metais preciosos.
A maior parte das peças de arte que não se perderam foi enterrada com os mortos,
para servir de oferenda, ou usada nas cerimônias religiosas. Eram imagens de ouro
e de prata cobertas com vestimentas tecidas para essa finalidade,
O tecido constituía outra arte de grande significado para os incas, caracterizando-
se por seus desenhos geométricos e seus enfeites de cores brilhantes. Em alguns
tecidos aparecem símbolos que podem ser interpretados como uma forma de
escrita. Além disso, havia um forte comércio baseado no intercâmbio de tecidos.

3.2.3- Maias

Os maias tinham conhecimentos bastante avançados de astronomia, de


matemática e de arquitetura, e desenvolveram uma escrita que só começou a ser
decifrada no final do século XIX. Os ricos sacerdotes idealizaram um sistema de
numeração vigesimal que empregava o zero, e suas noções de astronomia
permitiram-lhes conceber um calendário de 365 dias e observar o céu a partir de
pirâmides escalonadas elevadas.
Os maias construíram grandes templos e palácios que eram adornados com ricos
afrescos. Uma das principais cidades maias era Tikal, cujos palácios e templos em
forma de pirâmide se destacavam.

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No sítio arqueológico de Bonampak (Chiapas, no México) fica uma das amostras


mais bem-conservadas da pintura mural maia. Nas pinturas ali preservadas, estão
representados distintos rituais maias, como a apresentação do herdeiro do trono
à Corte e o sacrifício dos inimigos vencidos em batalha.
3.3- A produção de uma nova mentalidade na Europa ocidental
O Renascimento é considerado um dos mais importantes momentos da história do
Ocidente entendido por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo
medieval, com suas características de sociedade agrária, estamental, nobreza e
alto clero; comerciantes; artesãos, camponeses livres e baixo clero; servos),
teocrática e fundiária, e o mundo moderno urbano, burguês e comercial.
Mudanças significativas ocorrem na
Europa a partir de meados do século
XV: a Europa medieval,
relativamente estável e fechada,
inicia um processo de abertura e
expansão comercial e marítima. A
identidade das pessoas, até então
baseada no clã, no ofício e na
propriedade fundiária, encontra
outras fontes de referência no
nacionalismo e no cultivo da própria
individualidade. Clã – Aglomeração de famílias que são ou se presumem
descendentes de ancestrais comuns.
Uma mentalidade mais laica foi se desligando do sagrado e das questões
transcendentais para se ocupar de preocupações mais imediatistas e materiais,
centradas principalmente no homem. Embora as dúvidas metafísicas que ocupam
o pensamento humano desde a Antiguidade continuassem como objeto de
reflexão, há crescente interesse por um conhecimento mais pragmático do que
meramente especulativo. Segundo alguns historiadores, essas transformações
deram origem a uma mentalidade renovadora, repudiando o misticismo e o
conservadorismo próprios do feudalismo.
Esses pensadores avaliaram de forma positiva as mudanças que abalaram
primeiramente a Itália depois os demais países da Europa. Essas mudanças foram
responsáveis: pelo desenvolvimento do comércio, da navegação e do contato com
outros povos; pelo crescimento urbano e pelo recrudescimento da produção
artística e literária. Por tudo isso e pela retomada de princípios norteadores da
cultura greco-romana, rejeitados, em parte, pelo pensamento medieval, esse
movimento recebeu o nome de Renascimento sinônimo da importância que passou
a ser dada ao saber, à arte e à erudição.
3.4- Humanismo e renascimento na Europa moderna
No final da Idade Média a estrutura feudal, desgastada, começou a dar lugar a
uma nova ordem social, econômica, política e cultural. Todas essas transformações
trouxeram mudanças no modo de pensar de muitas pessoas, principalmente as
mais ricas que residiam nas grandes cidades.
O humanismo foi um movimento artístico e intelectual surgido na Itália no século
XIV e que valorizou a Antiguidade Clássica. Para os humanistas o homem era a

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medida de todas as coisas e estava no centro do universo (antropocentrismo).


Assim, consideravam o homem não só uma criatura espectadora da obra de Deus,
mas, dotado de razão, era autor de grandes realizações. Essa visão contrariava a
Igreja que via o homem marcado pelo pecado e dependente da fé para a salvação
da alma. Entretanto, os humanistas buscavam o equilíbrio entre os autores pagãos
da Antiguidade e os ensinamentos cristãos da Bíblia.
Inspirados pelos humanistas, artistas italianos iniciaram um movimento cultural
conhecido como Renascimento. O grande interesse dos renascentistas era
recuperar elementos da cultura greco-romana para os seus dias.
13.1- Imaginário cristão no novo cristão

Até o século XIV, o conhecimento que se


tinha na Europa a respeito de outros
lugares do mundo era bastante restrito.
Além dos relatos do veneziano Marco
Polo, as informações disponíveis sobre o
Oriente eram encontradas, quase
sempre, em obras escritas por pessoas
que jamais haviam estado na Ásia.
Os europeus do século XV costumavam
misturar conhecimentos geográficos com
lendas, realidade com imaginação.
Acreditavam, por exemplo, na existência de um país imaginário, Offir, de onde
teriam se originado todos os tesouros do Rei Salomão. Os navegantes Cristóvão
Colombo e Sebastião Caboto tentaram encontrar Offir na América e vários
navegantes portugueses o procuraram na África.
Outro reino imaginário, governado por um rei cristão bondoso e rico chamado
Preste João, reunia as cavaleiras amazonas, as relíquias de Santo Tomé, a fonte
da juventude e enormes rios de ouro, prata e pedras preciosas, localizado
inicialmente na Ásia e, a partir do século XIV, na África, esse reino, apesar de
nunca ter existido quem sabe, recebeu descrições detalhadas.
13.2- Os elementos do imaginário Europeu no processo de expansão
ultramarina
Da ignorância nascia o medo. Os europeus acreditavam que nos oceanos
desconhecidos moravam terríveis monstros, prontos para atacar os marinheiros:

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Existiam também no imaginário europeu as


sereias , avistadas por Colombo na América e
pelo padre jesuíta Henry Enriquez na Ilha
Manor, juntamente com tritões, como eram
chamados os homens-sereias. Outro jesuíta,
Eusébio de Nuremberg, assegurava que os
marinheiros da Galícia.
Conta-se que, em 1548, o arquiduque Filipe
da Áustria exibiu uma sereia que "viveu
longos anos num convento. Ela não falava,
mas trabalhava e tecia. Só que não podia
corrigir seu amor pela água e fazia todos os
esforços para a ela voltar".
Muitos europeus acreditavam que em direção ao Sul o mar seria habitado por
monstros e estaria sempre em chamas. Segundo essa crença, aqueles que
arriscassem cruzar o Atlântico - conhecido como Mar Tenebroso - iriam se deparar
com o fim do mundo: em algum ponto o oceano acabaria e daria lugar a um
enorme abismo.
13.3- Práticas religiosas e de colonização na américa ibérica e inglesa
A partir da colonização da América pelos espanhóis, podemos ressaltar a
importância da Igreja Católica na cristianização e na conquista espiritual dos
indígenas a partir do século 15. Ela desenvolveu um papel marcante na colônia
espanhola, introduzindo forçosamente a religião predominante da Península
Ibérica no período colonial.
Com o processo de Reconquista ocorrida na Península Ibérica, foi sendo construída
uma proximidade entre a Igreja e o Estado espanhol, até mesmo por interesses
políticos e econômicos de ambas as partes. O Estado começa a participar mais das
decisões eclesiásticas, tendo certa autoridade para efetuar vetos e nomeações.
O Padroado Régio centralizava seus interesses evangelizadores e ao mesmo tempo
conferia legitimidade ao Estado diante das conquistas territoriais, como se fosse
uma “troca de favores”, cada um legitimando as ações do outro.
13.4- As formas de religião e religiosidade no Brasil colonial
Durante o Brasil Colônia, a religião predominante era o catolicismo europeu e as
seitas ameríndias (indígenas). Ao longo dos anos deste período, várias religiões
tomariam parte na agitada vida da colônia, tais elas como o judaísmo (burgueses
holandeses e portugueses), o protestantismo europeu (a maioria, portugueses e
franceses), o islamismo (Norte da África) e o candomblé (Sul da África). Estes dois
últimos, vieram junto com os escravos trazidos da África. Ao longo do período em
questão, estas religiões se misturariam. O Catolicismo, que era (e atualmente
ainda é) a maior religião, se organizava nas igrejas e paróquias instaladas nas
cidades e vilas da colônia. Padres catequizavam os indígenas locais. Por sua vez,
os nativos se organizavam em torno de um pajé, líder e consultor da religiosidade

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da tribo. As crenças destes grupos eram bem diferentes, porém a estrutura era
semelhante, tendo o pajé como figura de destaque e prestígio.
O judaísmo chegou ao Brasil no século XVI e XVII, quando alguns burgueses
chegaram à colônia, tanto na ocupação holandesa, no Nordeste, quanto
portugueses. Poucas mesquitas (edifício religioso, semelhante à igreja para os
cristãos) haviam sido instaladas, devido à religião oficial ter sido o cristianismo,
mas as pessoas continuaram rezando e lendo livros de sua religião. Os
protestantes, chegaram à partir do
século XVII, na ocupação francesa e
holandesa, alguns fugindo de suas
nações, que os perseguia por suas
crenças. Mantinham seus laços
religiosos em segredo, para que não
fossem descobertos, por isso, eram
vistas poucas igrejas evangélicas
(nome que ganharam os
protestantes no Brasil). Já o
islamismo e o candomblé, tiveram
suas crenças adaptadas ao
cristianismo, misturando-se, pois os
escravos eram proibidos de cultuarem as religiões africanas. Eles, no entanto, não
se encontravam, mas progrediram sua cultura. Podemos ver até hoje, reflexos da
cultura africana no Brasil.
13.5- Tensões e lutas entre culturas diferentes
Os Conflitos Étnicos são antigos na história da humanidade. Ainda na pré-história,
segundo alguns antropólogos, os Neandertais foram extintos em função de um
conflito causado por diferenças étnicas contra os Homo sapiens. Assim, vários
outros povos também sofreram com aniquilações no decorrer do tempo. Na Idade
Média, foram vários os conflitos ocorridos por interesses de um reino dominar o
outro que possuía origens culturais diferentes. Houve também as Cruzadas, um
dos casos mais emblemáticos do período. Em linhas gerais, tratavam-se do embate
entre cristãos e muçulmanos.
Na Idade Moderna, houve um dos maiores genocídios da história humana. Com o
intuito de colonizar as novas terras e enriquecer os cofres espanhóis com metais
preciosos, cerca de 70 milhões de nativos foram mortos.
O termo Conflito Étnico identifica qualquer conflito que tenha em sua essência o
choque de pessoas com origens religiosas, raciais, culturais ou geográficas. Para
o continente europeu podemos citar: o Conflito nos Bálcãs, que colocou em choque
as várias nacionalidades que compunham a Iugoslávia, levando ao seu
esfacelamento; o processo de independência da Bósnia. No continente Asiático há,
por exemplo, o Conflito Étnico na Caxemira, onde há resquícios do fim do
imperialismo inglês que colocam em confronto as etnias da região.
Atualmente, o caso mais latente na América é o do Quebec, província canadense
com uma cultura francesa.

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E, por fim, o continente africano que é marcado por uma série de Conflitos Étnicos.
A maioria dos problemas africanos estão ligados a fatores desse tipo, o que é uma
consequência da exploração que as potências capitalistas desenvolveram no
continente. No caso africano, podemos citar o Genocídio de Ruanda, no qual
milhares de tutsis foram mortos por hutus; os conflitos no Chifre da África,
ocasionando em devastação da região; e os Conflitos na Nigéria, onde há
confrontos entre grupos religiosos e o governo do país.
13.6- Modernidade e o imaginário da revolução: afirmação e contestação
à ordem
Em conjunto com as grandes transformações econômicas, políticas e sociais do
final do século XVIII e início do século XIX, surgiram doutrinas e teorias que
buscavam, de um lado, justificar e regular a ordem capitalista burguesa que se
estabelecia e, de outro, condená-la ou reforma-la. Estruturaram-se, então,
respectivamente, as doutrinas liberais e as teorias socialistas, todas pertencentes
a um novo ramo da ciência e da economia política.
As ideias liberais: - base do liberalismo, que tinham surgido com o Iluminismo,
contestavam o mercantilismo e defendiam os princípios burgueses (propriedade
privada), individualismo econômico, liberdade de comércio e de produção, respeito
às leis naturais da economia, oferta e procura, liberdade de contrato de trabalho,
salários e jornada sem controle do Estado ou pressão de sindicatos. Seus teóricos
eram os ferrenhos defensores da economia de mercado.
3.11- A modernidade e as ideias em movimento: da revolução cientifico
técnica às bases do iluminismo
O Iluminismo foi um movimento intelectual, filosófico e cultural que surgiu durante
os séculos XVII e XVIII na Europa e defendia o uso da razão contra o antigo regime
e pregava maior liberdade econômica e política. Este movimento promoveu
mudanças políticas, econômicas e sociais, baseadas nos ideais de liberdade,
igualdade e fraternidade.

Os filósofos e economistas que difundiam essas ideias julgavam-se propagadores


da luz e do conhecimento, sendo, por isso, chamados de iluministas.

3.11.1- Qual o contexto do Iluminismo?

Chamado de “século das luzes”, o Iluminismo pode ser entendido como uma
ruptura com o passado e o início de uma fase de progresso da humanidade. Essa
fase é marcada por uma revolução na ciência, nas artes, na política e na doutrina
jurídica, por exemplo.

Nessa época, o mundo começava a passar por transformações.


O Renascimento permitiu o desenvolvimento cultural e intelectual baseado nos
ideais de liberdade política e econômica defendidos pela crescente burguesia. O
poder das monarquias passou a ser criticado, os valores da igreja foram
questionados e o Antropocentrismo colocou o homem como centro das questões.

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O Iluminismo trouxe consigo grandes avanços econômicos, a Revolução Industrial


abriu caminhos para a produção e expansão dos mercados e mudanças políticas
que acabaram na Revolução Francesa. O Mercantilismo característico da época
anterior deu lugar para a liberdade econômica sem a intervenção do Estado.

3.11.2- Influências do iluminismo

Uma das influências do Iluminismo foi a ciência, pois foi um período marcado por
novas descobertas e invenções em todo o continente europeu. O avanço científico
dessa época colocou à disposição do homem informações como a descrição da
órbita dos planetas e do relevo da lua, a descoberta da existência da pressão
atmosférica e da circulação sanguínea e o conhecimento do comportamento dos
espermatozoides.

A Astronomia foi um dos campos que deu margem às maiores revelações. Foi
quando Newton elaborou um novo modelo para explicar o universo. Além disso,
anunciou ao mundo a lei da gravitação universal, que explicava desde o
movimento dos planetas até a simples queda de uma fruta. Newton foi ainda
responsável por avanços na área do cálculo e pela decomposição da luz, mostrando
que a luz branca, na verdade, é composta por sete cores, as mesmas do arco-íris.

Os campos da Biologia e da Química também tiveram influência durante o


movimento. A Biologia progrediu também no estudo do homem, com a
identificação dos vasos capilares e do trajeto da circulação sanguínea. Nesse
período, descobriu-se também o princípio das vacinas.

Na Química, a figura mais destacada foi Antoine Lavoisier, famoso pela precisão
com que realizava suas experiências. Essa característica auxiliou-o a provar que,
“embora a matéria possa mudar de estado numa série de reações químicas, sua
quantidade não se altera, conservando-se a mesma tanto no fim como no começo
de cada operação”. Atribuiu-se a ele igualmente a frase: “Na natureza nada se
perde, nada se cria, tudo se transforma”.

3.12- As ideias contestatórias à modernidade: socialismo e anarquismo


Os movimentos de esquerda, mesmo tendo como principal foco a transformação
social, não foram sinônimo de plena harmonia. Durante a ascensão dos
movimentos contrários ao governo liberal e a economia capitalista, podemos
observar bem essa diferença na cisão ideológica acontecida entre socialistas e
anarquistas. Para ambas as facções a condução da experiência revolucionária
deveria passar por diferentes etapas.
Os socialistas acreditavam que a instalação do comunismo deveria acontecer por
meio da formulação de um novo Estado controlado por trabalhadores. Seria por
meio da chamada Ditadura do Proletariado que as etapas do desenvolvimento
social e econômico culminariam na eliminação desse governo e a adoção de um
regime comunista. Contrário a esse “novo Estado necessário” os anarquistas
promoviam uma diferente compreensão.
Na visão anarquista todo e qualquer governo tinha como fim último legitimar uma
nova classe no poder e cercear as liberdades individuais. Por isso, a Ditadura do

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Proletariado era vista pelo ideal anarquista enquanto uma mera reprodução dos
Estados Liberal-Burguês ou Absolutista. Dessa maneira, conforme salientou Rosa
Luxemburgo a Vladimir Lênin, uma ditadura do proletariado poderia muito bem se
transformar em uma ditadura sobre o proletariado. Em resposta, muitos socialistas
passariam a considerar o anarquismo como uma corrente contra-revolucionária.
No entanto, os anarquistas levantavam a
clara hipótese de que toda revolução em
nome de “algo” ou “alguém” abre portas
para um processo de exclusão. Na ótica
anarquista, não se poderia colocar em
condição suprema um determinado grupo
mais capacitado à direção revolucionária. O
estado de revolução deveria ser
permanente, constante. Ao contrário de uma
constituição oferecendo os direitos e os deveres, a população deveria se lançar à
construção de associações libertárias onde o contrato social fosse
permanentemente rediscutido.
Dessa maneira, o pensamento anarquista possuía uma clara diferença à tônica
socialista. Para os últimos, a revolução se dava com a tomada do Estado. Já os
anarquistas queriam o fim do mesmo e, por isso, alertavam que um Estado
socialista seria o início de um governo que não conseguiria abolir o autoritarismo
de uma ditadura renomeada. A maior constatação empírica dessa crítica viria a
acontecer com a experiência da Revolução Russa.
Muitos anarquistas desconhecidos deram apoio à transformação consolidada ao
longo do ano de 1917. No entanto, a sua fidelidade ideológica aos textos de
Bakunin, Kropotkin e Proudhon os transformou em inimigos da revolução
bolchevique. Por fim, muitos foram mortos, exilados ou condenados aos campos
de concentração. Essa seria uma prova da crítica anarquista ou uma contingência
histórica? A possível resposta dessa pergunta seria um chamamento a novas
discussões.
3.13- Cultura, “civilização” e modernidade
Até meados do século XVIII, entretanto, as palavras civilização e cultura são
inteiramente desconhecidas. Para marcar a oposição frente ao selvagem ou ao
bárbaro, empregava-se, frequentemente, o termo civilidade. Deve-se a Erasmo a
recepção deste termo, no final do Renascimento, por ocasião da publicação do
Tratado de civilidade pueril (Erasme, 2001), em 1530. Ainda que este pequeno
texto fosse dedicado à educação moral das crianças, seu conteúdo ultrapassava
de longe a mera educação infantil e não demorou a alcançar um grande êxito junto
às cortes europeias como um ideal de conduta a ser buscado. A civilidade
representava, antes de tudo, uma ação sobre o corpo e um domínio das
aparências: o comedimento dos gestos, a maneira de falar, o modo de se
apresentar, de se portar à mesa, tudo isso passou a integrar, ao lado das regras
de polidez, um novo modelo de formação que pouco a pouco se impôs entre as
cortes da Europa. A palavra cultura (Cultur) não pode traduzir o que é da ordem
da exterioridade; ela acena para algo pertencente a uma determinação interior do
sujeito.

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A modernidade é um período de tempo que se caracteriza pela realidade social,


cultural e econômica vigente no mundo. Ao tratarmos da era moderna, pré-
moderna ou ainda a pós-moderna, fazemos referência à ordem política, à
organização de nações, à forma econômica que essas adotaram e inúmeras outras
características.
3.14- As ideias de civilização no cenário do neocolonialismo
A ocupação do continente africano pelas potências europeias foi justificada como
uma missão civilizatória. As nações europeias argumentavam que levariam as
benfeitorias da civilização ocidental: a modernidade tecnológica, o cristianismo e
os conceitos de civilização que dariam fim à escravidão ainda existente em
algumas partes da África.
Esse discurso, no entanto, era apenas um pretexto utilizado pelos países europeus
para mascarar o real objetivo de impor um processo exploratório intenso sobre a
África. A ocupação desse continente era também justificada a partir de teorias
racistas comuns no século XIX.
Entre essas teorias racistas em voga, destacou-se o
darwinismo social que, a partir de uma leitura incorreta da
teoria da evolução das espécies de Charles Darwin,
defendia a ideia da existência de “raças humanas
superiores”. Assim, por meio dessa leitura deturpada das
ideias de Darwin, muitos argumentavam que a missão de
levar a “civilização” aos “selvagens” africanos era um
fardo do homem branco.
A chegada dos europeus ao continente africano, no
entanto, foi alvo de forte resistência em diferentes partes
da África. Esses movimentos de resistência procuraram
afastar a influência e ou presença dos europeus. Porém, o
poderio militar dos europeus levou esses movimentos de resistência à derrota. A
presença europeia na África estendeu-se até meados do século XX.
3.15- Nacionalismo e o colapso da modernidade
O nacionalismo é uma ideologia particularista em vez de universal, e quando ele
assume um caráter radical suas consequências são terríveis, mais violentas do que
as resultantes da radicalização das outras grandes ideologias do capitalismo. Por
isso e também porque não interessa aos países ricos sua existência nos países em
desenvolvimento, o nacionalismo é uma ideologia sempre sob suspeita.
Entretanto, como o nacionalismo é a ideologia que legitima as nações, e dado o
fato que a sociedade moderna está organizada territorialmente em estados nação,
o nacionalismo é uma ideologia forte e onipresente.
O nacionalismo é fruto da revolução capitalista que, além dele, deu origem a uma
outra ideologia de origem burguesa, o liberalismo, e a três ideologias – o
socialismo, o eficientismo e o ambientalismo – cujas origens são, respectivamente,
a classe trabalhadora, a classe média profissional e as classes médias em geral.
3.16- Higienização social e os processos civilizatórios no Brasil

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Higienização ou Limpeza Social é basicamente excluir um determinado grupo de


pessoas da sociedade, marginalizando-os. Os argumentos mais utilizados para
justificar esta ação costumam ser: são criminosos, são sem-teto, são de uma raça
inferior, são degenerados, são drogados, dentre muitos outros, conforme o lugar
e tempo onde ela acontece.
Os mais comuns são o econômico, o étnico e o ideológico. Rico não gosta de pobre,
branco não gosta de preto e conservador não gosta de progressista; simples assim.
Pessoas religiosas tendem a ser mais
conservadoras. Pessoas brancas e
pessoas ricas também e uma
maneira de fazer isso é categorizar
todo mundo que é diferente,
utilizando algum adjetivo pejorativo.
E é aí que começa uma longa e
perigosa linha de pensamento que
culmina na desumanização do outro
e, posteriormente, em uma tentativa de sua extinção.
Quando o Brasil estava em processo de libertação dos escravos, surgiu a política
higienista: o de embranquecimento da população. Os estrangeiros eram
incentivados a vir para o Brasil, desde que fossem europeus, brancos, “bem
nascidos”, religiosos, enfim. Pessoas de bons costumes.
Em paralelo, os escravos estavam sendo libertados e escorraçados da sociedade
que até então ajudaram a erguer. Acreditava-se ingenuamente que eles iriam
naturalmente se extinguir e, com o tempo, deixar de existir. Hitler, com os judeus,
foi bem mais prático: “melhor matar”.
Nesta época, existiu oficialmente um processo de higienização social. O verdadeiro
problema não foi resolvido e desse jeito nunca será.
O final do século XIX foi marcado pela expansão das relações sociais capitalistas,
o que significou as transformações de velhos hábitos, gostos e práticas do passado,
incompatíveis com o movimento de mudança. As estratégias da nova ordem
estavam relacionadas à limpeza, redefinindo novo enquadramento social a partir
de novos padrões arquitetônicos, de beleza, limpeza e civilidade.
3.17- Modernização autoritária: Higienização, revolta da vacina,
urbanização do Rio de Janeiro, a Belle Époque no cenário amazônico
da borracha

3.17.1- Higienização

Incentivado pelo presidente Rodrigues Alves, Pereira Passos começou as reformas em


1903. O presidente levantou os recursos e o prefeito pôde realizar as obras, a
higienização ficou nas mãos do médico Oswaldo Cruz, diretor do Serviço de Saúde
Pública. A reforma urbana carioca foi inspirada na reforma feita em Paris no século
XIX, entre 1853 e 1870. Em sua gestão, Passos modernizou a Zona Portuária, criou a
Avenida Central, hoje Rio Branco, a Avenida Beira-Mar e a Avenida Maracanã.

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A reforma Pereira Passos buscou adaptar a cidade também para os automóveis. É


nesse período que o Rio de Janeiro vê a chegada da energia elétrica e a reorganização
do espaço urbano carioca. O prefeito proibiu ainda a atuação de ambulantes.

3.17.2- Revolta da vacina

A Revolta da Vacina foi uma revolta


popular ocorrida na cidade do Rio de
Janeiro entre os dias 10 e 16 de novembro
de 1904. Ocorreram vários conflitos
urbanos violentos entre populares e
forças do governo.
A principal causa foi a campanha de
vacinação obrigatória contra a varíola,
realizada pelo governo brasileiro e
comandada pelo médico sanitarista Dr.
Oswaldo Cruz. A grande maioria da população, formada por pessoas pobres e
desinformadas, não conheciam o funcionamento de uma vacina e seus efeitos
positivos. Logo, não queriam tomar a vacina.
Muitas pessoas se negavam a receber a visita dos agentes públicos que deviam
aplicar a vacina, reagindo, muitas vezes, com violência.
O governo federal suspendeu temporariamente a vacinação obrigatória, decretou
estado de sítio na cidade.
Com força policial, a revolta foi controlada com várias pessoas presas e deportadas
para o estado do Acre. Houve também cerca de 30 mortes e 100 feridos durante
os conflitos entre populares e forças do governo.

3.17.3- Urbanização do Rio de Janeiro

A cidade do Rio de Janeiro tinha cerca de 700 mil habitantes em 1904. Desde o
início do século 19, manteve-se como a maior cidade do país. Com exceção de
seus palacetes de Botafogo e Laranjeiras, era cortada por ruas estreitas e vielas,
onde se erguiam prédios e imensos cortiços. Nos morros, amontoados de barracos
formavam as primeiras favelas. Nas áreas pantanosas, ocorriam epidemias de
febre tifóide, varíola e febre amarela. O mau cheiro era insuportável,
principalmente com o calor. Uma reformulação do Rio de Janeiro foi concebida
para tornar a cidade semelhante às metrópoles européias e agradável para sua
elite. Abrir largas avenidas, erradicar as doenças, derrubar os cortiços e sobretudo
empurrar para longe a massa pobre, negra e mestiça eram os desejos da
população elegante do município.

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Durante o governo de Rodrigues Alves


(1902-1906), cortiços foram derrubados,
dando lugar a belas praças, charmosos
jardins, largas avenidas e vistosos
palacetes. O Rio iria tornar-se a "cidade
maravilhosa". O resultado foi a
deterioração das condições de vida dos
trabalhadores. O preço dos aluguéis subiu,
e a população mais pobre foi removida do
centro para áreas mais distantes. Nos
morros, as favelas proliferavam.
Para a maior parte da população, vítima de seu alheamento das decisões políticas,
de uma modernização autoritária que desalojava os moradores e expulsava-os das
regiões centrais, de um poder público que agravava cada vez mais suas condições
de vida e não lhes oferecia nenhum tipo de assistência. Muitos achavam se tratar
de uma política de extermínio da população pobre.

3.17.4- A Belle Époque no cenário amazônico da borracha

A Amazônia viveu um sonho transitório


de riqueza graças à borracha. O avanço
da produção que vinha ocorrendo em
décadas anteriores, tomou grande
impulso a partir de 1880.
A verdadeira mania pela bicicleta nos
anos 1890 e a gradativa popularização
do automóvel, a partir da virada do
século, incentivaram ainda mais a
produção.
Em toda a época de seu apogeu, a
borracha ocupou folgadamente o segundo lugar entre os produtos brasileiros de
exportação, alcançando o ponto máximo entre 1898 e 1910. Nesse período,
correspondeu a cerca de 26% do valor das exportações, sendo superada apenas
pelo café (53%).
A economia da borracha trouxe como consequência o crescimento da população
urbana e melhora nas condições de vida de pelo menos uma parte dela, em Belém
e Manaus. As duas maiores cidades da Amazônia contaram com linhas elétricas de
bonde, serviços de telefone, água encanada, iluminação elétrica, quando tudo isso,
em muitas cidades brasileiras, ainda era um luxo. Entretanto, essas mudanças não
conduziram à modificação das miseráveis condições de vida dos seringueiros que
extraíam borracha no interior. Não levaram também a uma diversificação das
atividades econômicas, capaz de sustentar o crescimento em uma situação de
crise.
A crise veio a partir de 1910, tendo como sintoma a forte queda de preços, fruto
da forte concorrência internacional. A borracha nativa do Brasil sempre sofrera a
concorrência da exportada pela América Central e a África, que era porém, de

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qualidade inferior. No entanto, as plantações de ingleses e holandeses em suas


colônias na Ásia mudaram esse quadro, já que sua borracha era de alta qualidade
e de baixo custo. Enquanto isso, tornava-se cada vez mais custoso extrair borracha
nativa nas regiões distantes da Amazônia.
As tentativas de plantio da borracha na Amazônia não deram resultado, sendo as
plantas atingidas pelas pragas. Um exemplo disso foi a experiência realizada pela
Ford, na Fordlândia em fins da década de 1920, que resultou em um imenso
fracasso.
3.18- As ideias e as vivências culturais no Brasil contemporâneo
O modernismo no Brasil teve como marco inicial a Semana de Arte Moderna, em
1922, momento marcado pela efervescência de novas ideias e modelos. Foi um
movimento cultural, artístico e literário da primeira metade do século XX. Ele situa-
se entre o Simbolismo e o Pós-Modernismo - a partir dos anos 50 - havendo, ainda,
estudiosos que considerem o Pré-Modernismo uma escola literária.
O Modernismo surge num momento de insatisfação política no Brasil. Isso, em
decorrência do aumento da inflação que fazia aumentar a crise e propulsionava
greves e protestos. A Primeira Guerra Mundial (1914-1918) também trouxe
reflexos para a sociedade brasileira.
Assim, numa tentativa de reestruturar o país politicamente, também o campo das
artes estimulado pelas Vanguardas Europeias - encontra-se a motivação para
romper com o tradicionalismo. Foi a “Semana de arte moderna” que marcou a essa
tentativa de mudança artística.
3.19- Os movimentos modernistas no Brasil entre 1920 1945
Libertação estética; Ruptura com o tradicionalismo; Experimentações artísticas;
Liberdade formal-versos livres-, abandono das formas fixas, ausência de
pontuação; Linguagem com humor; Valorização do cotidiano.
Principais Autores: Oswald de Andrade (1890-1954); Mário de Andrade (1893-
1945); Manuel Bandeira (1886-1968); Carlos Drummond de Andrade (1902-
1987); Rachel de Queiroz (1902-2003); Jorge Amado (1912-2001); Érico
Veríssimo (1905-1975); Graciliano Ramos (1892-1953); Vinícius de Moraes
(1913-1980); Cecília Meireles (1901-1964); João Cabral de Melo Neto (1920-
1999); Clarice Lispector (1920-1977); Guimarães Rosa (1908-1967)
a) Primeira Fase do Modernismo (1922-1930)
Nesta fase, conhecida como a "Fase Heroica", os artistas buscam a renovação
estética inspirada nas vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo).
Portanto, este período caracterizou-se por ser o mais radical e também, pela
publicação de revistas e de manifestos, bem como pela formação de grupos
modernistas.
b) Segunda Fase do Modernismo (1930-1945)
Chamada de "Fase de Consolidação", este momento é caracterizado por temáticas
nacionalistas e regionalistas com predomínio da prosa de ficção. É um momento

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de amadurecimento. Na década de 30 a poesia brasileira se consolida, o que


significa o maior êxito para os modernistas.
3.20- A cultura como instrumento disciplinar da era Vargas e releitura do
nacionalismo nos anos 50
O cenário cultural brasileiro durante A Era Vargas foi marcado por uma rica
variedade de manifestações e a consolidação de outras novidades nunca antes
experimentadas em nossa história. O rádio era o mais importante meio de
comunicação existente. Além de diferentes ritmos musicais, o rádio era muito
utilizado na divulgação de notícias e também produzia novelas que eram
acompanhadas por milhares de pessoas.
O samba era o gênero musical mais popular, e tinha nas marchinhas o que faria
sucesso durante o carnaval que por sua vez deixava de ser uma manifestação
cultural espontânea e informal para, aos poucos, se transformar em um evento
competitivo entre escolas de samba. Francisco Alves, Mário Reis, Carmem Miranda,
Sílvio Caldas e Orlando Silva foram os mais famosos intérpretes de samba dessa
época.
Na literatura, observamos que vários dos nossos
autores se concentravam em pensar a
identidade do povo brasileiro. Os escritores de
destaque dessa época enxergavam o Brasil
como uma nação composta por diferentes
indivíduos e costumes, surgindo a chamada
literatura regionalista, que tentava criar
personagens e histórias ocorridas em regiões
específicas do território brasileiro. Entre eles se
destatacaram nomes como: Graciliano Ramos,
José Lins do Rego e Érico Veríssimo.
O governo Vargas também limitou a liberdade dos artistas dessa época. E entre
os anos de 1937 e 1945, proibiu a divulgação e a publicação de qualquer tipo de
notícia ou manifestação artística que criticasse o governo. Vargas criou o
Departamento de Imprensa e Propaganda, o DIP, que tinha a tarefa de evitar as
manifestações artísticas que falassem mal do governo e investir em propagandas
que falassem bem dele.
Os quinze anos iniciais de Getúlio Vargas foram marcados por manifestações
culturais e o crescimento dos mais variados tipos de veículo de comunicação. A
censura imposta impediu que as manifestações artísticas fossem realmente livres,
já que não podiam criticar Vargas ou abordar temas que fossem contrários ao
governo.
3.21- A cultura como campo de luta e interpretação social entre os anos
50 e 90

3.21.1- Bossa nova

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Movimento da música popular brasileira


que surge no final dos anos 50, lançado por
João Gilberto (1931-), Tom Jobim (1927-
1994), Vinícius de Moraes (1913-1980) e
jovens cantores e compositores de classe
média da Zona Sul carioca. Caracteriza-se
por uma maior integração entre melodia,
harmonia e ritmo, letras mais elaboradas e
ligadas ao cotidiano, valorização da pausa
e do silêncio e uma maneira de cantar mais
despojada e intimista do que o estilo que vigorava. De acordo com uma definição
de Tom Jobim, a bossa nova é “o encontro do samba brasileiro com o jazz
moderno”. O marco inicial é o lançamento, em 1958, dos LPs Canção do Amor
Demais, gravado por Elizabeth Cardoso (1920-1990), com música de Tom Jobim
e letra de Vinícius de Moraes e Chega de Saudade (Tom Jobim e Vinicius de
Moraes) O acompanhamento de duas faixas – Chega de Saudade e Outra Vez – é
feito pelo violão de João Gilberto, que introduz uma nova batida, identificada mais
tarde com a bossa nova.

3.21.2- Tropicália ou tropicalismo

A Tropicália, Tropicalismo ou
Movimento tropicalista foi um
movimento cultural brasileiro que
surgiu sob a influência das correntes
artísticas de vanguarda e da cultura
pop nacional e estrangeira (como o
pop-rock e o concretismo); misturou
manifestações tradicionais da
cultura brasileira a inovações
estéticas radicais. Tinha objetivos
comportamentais, que encontraram eco em boa parte da sociedade, sob o regime
militar, no final da década de 1960. O movimento manifestou-se principalmente
na música, cujos maiores representantes foram Caetano Veloso, Gilberto Gil,
Torquato Neto, Os Mutantes e Tom Zé; manifestações artísticas diversas, como as
artes plásticas (destaque para a figura de Hélio Oiticica), o cinema (o movimento
sofreu influências e influenciou o Cinema novo de Gláuber Rocha) e o teatro
brasileiro (sobretudo nas peças anárquicas de José Celso Martinez Corrêa). Um
dos maiores exemplos do movimento tropicalista foi uma das canções de Caetano
Veloso, denominada exatamente de Tropicália.
Após protestarem publicamente contra a ditadura, os cantores Caetano Veloso e
Gilberto Gil foram presos no Rio de Janeiro no dia 22 de Dezembro de 1968.
Segundo os censores e os órgãos de informação oficial, o motivo da prisão é a
tentativa da quebra do direito e da ordem institucional; com mensagens objetivas
e subjetivas à população; para subverter o Estado Democrático Brasileiro
estabelecido pela revolução; em função da notoriedade dos artistas, são
aconselhados a se exilarem do país.

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3.21.3- Jovem guarda

O mundo já não era o mesmo. Uma onda


estourou, trazendo uma nova visão do
mundo. Cor, musicalidade e energia. A
juventude dava o seu grito de
independência. Esses eram os loucos anos
60 e o Brasil não perdeu essa onda.
Influenciados pelos Beatles, jovens ingleses
que uniam canções românticas e
descontraídas com guitarras elétricas,
surgiu o movimento da Jovem Guarda.
O movimento não foi estritamente musical, uniu música, comportamento jovem e
moda. Esses jovens queriam saber de amor, de alegria, de alto-astral. Eram
chamados de alienados pela juventude politicamente ativa. Não eram alienados,
apenas felizes.
Surgiu inicialmente em 1965, como um programa homônimo das tardes de
Domingo na Tv Record de São Paulo. Apresentado por Roberto Carlos, Erasmo
Carlos e Wanderléa, as grandes estrelas do movimento, o programa teve um
enorme sucesso de audiência, tanto entre jovens e adultos, impulsionando a venda
de diversos produtos relacionados à marca e estética da Jovem Guarda.
Pelo programa passaram os artistas mais importantes do gênero como Martinha,
Eduardo Araújo, Wanderley Cardoso, Jerry Adriani e as bandas Os Incríveis,
Renato e seus Blue Caps , Golden Boys e The Fever.
Com o desligamento de Roberto Carlos para estrear um programa solo, as jovens
tardes de Domingo já não eram as mesmas. O programa durou até 1969 e junto
terminou o movimento da Jovem Guarda. A contracultura havia conquistado o
mundo e o Tropicalismo dominava o país. Segundo Erasmo Carlos: “A Tropicália
era uma Jovem Guarda com consciência das coisas e nos deixou num branco total”.
Criticado por uns e amado por outros, hoje podemos ver a grande contribuição da
Jovem Guarda para a MPB, tanto pelo uso das guitarras quanto pela incorporação
da música pop em seus ritmos. Músicas da época voltam a fazer sucesso nas vozes
de artistas consagrados atualmente, como Marisa Monte, Adriana Calcanhoto e
Skank.

3.21.4- Cinema novo

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O Cinema Novo é um gênero


cinematográfico exclusivamente
brasileiro que se estabeleceu no
cenário áudio visual nacional na
segunda metade do século XX,
destacando-se por dar ênfase à
igualdade social e ao intelectualismo.
Os filmes produzidos com base no
Cinema Novo tinham, também o
objetivo de se oporem ao cinema até
então produzido no Brasil que consistiam, principalmente em musicais, comédias
e épicos ao estilo Hollywoodiano.
Ainda na década de 1950 a indústria cultural e cinematográfica brasileira sofria
com a falta de recursos e entraves que dificultavam a criação de produções
cinematográficas de qualidade. Foi nesse período que artistas e intelectuais,
possuídos por um sentimento de mudança, passaram a discutir sobre a tomada de
novos rumos para o cinema nacional.
Assim, organizou-se em 1952 o I Congresso Paulista de Cinema Brasileiro que teve
como objetivo discutir acerca das demandas cinematográficas no país, bem como,
apresentar alternativas viáveis dentro desse cenário.
Os participantes de Congresso Mostraram-se, especialmente, interessados em
desvincular a produção áudio visual, produzida no Brasil, de padrões geralmente
importados dos Estados Unidos. O lema, a partir dali, era “Uma câmera na mão e
uma ideia na cabeça”.

3.21.5- Música de protesto

Música de intervenção ou música de


protesto é uma categoria que engloba
canções de música popular compostas com
o intuito de chamar a atenção do ouvinte
a um determinado problema da
atualidade, seja ele de origem social,
política ou econômica. Era um tipo de
música muito comum nos anos 60 e 70 do século XX, durante a ditadura militar
brasileira ou nos últimos anos do Estado Novo português. O Que Será, de Chico
Buarque, “O que será, que será? Que andam suspirando pelas alcovas, Que andam
sussurrando em versos e trovas, Que andam combinando no breu das tocas, Que
anda nas cabeças anda nas bocas, Que andam acendendo velas nos becos, Que
estão falando alto pelos botecos, E gritam nos mercados que com certeza, Está na
natureza Será, que será? O que não tem certeza nem nunca terá, O que não tem
conserto nem nunca terá, O que não tem tamanho. O que será, que será? Que
vive nas ideias desses amantes, Que cantam os poetas mais delirantes, Que juram
os profetas embriagados, Que está na romaria dos mutilados, Que está na fantasia
dos infelizes, Que está no dia a dia das meretrizes, No plano dos bandidos, dos
desvalidos, Em todos os sentidos. Será, que será? O que não tem decência nem
nunca terá, O que não tem censura nem nunca terá, O que não faz sentido.

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No ano de ainda de 1968, nas eliminatórias para o III Festival Internacional de


Cultura, em São Paulo, causou impacto com a música “Pra não dizer que não falei
de flores”, popularmente conhecida como: Caminhando.

3.21.6- O rock nacional

1965-Fundação da TV Globo (Roberto


Marinho);1972 - O ano da TV a cores no Brasil,
Novelas, Futebol, Entretenimento etc.; 1977 –
Sítio do Pica-Pau Amarelo; O Jornal Nacional e a
Ditadura Militar; Atribui-se a esta década a
popularização do rock brasileiro, movimento que
surgiu para aproveitar a onda do estilo musical
(rock) que já havia se consagrado mundialmente
nos anos 70. Muitas bandas deste estilo, como
os Titãs e Os Paralamas do Sucesso
permanecem ativas até hoje, fazendo
apresentações por todo o Brasil.
Outras bandas e artistas da época, como Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana e
Renato Russo, foram imortalizados e tocam nas rádios até hoje, devido ao grande
sucesso entre o público, principalmente adolescentes.

3.21.7- O hip hop

O hip hop é uma cultura artística que


iniciou-se durante a década de 1970 nas
áreas centrais de comunidades
jamaicanas, latinas e afro-americanas da
cidade de Nova Iorque. Afrika
Bambaataa, reconhecido como o criador
oficial do movimento, estabeleceu quatro
pilares essenciais na cultura hip hop: o
rap, o DJing, a breakdance e a escrita do
grafite. Outros elementos incluem a
moda hip hop e as gírias.

IV- UNIDADE
4- CIDADANIA E MOVIMENTOS SOCIAIS
Os movimentos sociais são ações coletivas mantidas por grupos organizados da
sociedade que visam lutar por alguma causa social. Em geral, o grito levantado
pelos movimentos sociais representa a voz de pessoas excluídas do processo
democrático, que buscam ocupar os espaços de direito na sociedade.

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4.1- A era de revoluções: a modernidade e suas contradições


Há um modo de experiência vital,- experiência do espaço e do tempo, de si mesmo
e dos outros, das possibilidades e perigos da vida-que é hoje em dia compartilhado
por homens e mulheres em toda parte do mundo. Chamarei a este corpo de
experiência modernidade. Ser moderno é encontrarmo-nos em um meio-ambiente
que nos promete aventura, poder, alegria, crescimento, transformação de nós
mesmos e do mundo e que, ao mesmo tempo, ameaça destruir tudo o que temos,
tudo o que conhecemos, tudo o que somos. Ambientes e experiências modernos
atravessam todas as fronteiras de geografia e de etnias, de classe e nacionalidade,
de religião e ideologia. Neste sentido, pode-se dizer que a modernidade une todo
o gênero humano. Mas é uma unidade paradoxal, uma unidade de desunidade e
envolve-nos a todos num redemoinho perpétuo de desintegração e renovação, de
luta e contradição, de ambiguidade e angústia. Ser moderno é ser parte de um
universo em que, como disse Marx, tudo o que é sólido se volatiliza.
4.2- Revoluções do sáculo XVI na Inglaterra – a revolução americana
A Revolução Inglesa, ocorrida no século XVII, foi
um dos principais acontecimentos da Idade
Moderna. Foi considerada a primeira das grandes
revoluções burguesas, isto é, as revoluções
encabeçadas por lideranças da burguesia
europeia, que havia se tornado expressivamente
forte, do ponto de vista econômico, ao longo dos
séculos XVI e XVII, e que precisava alcançar
legitimidade política. Com o processo da
revolução, a burguesia da Inglaterra, por meio
de uma guerra civil e da atuação do Parlamento,
conseguiu combater o Estado absolutista desse
país e reformular a estrutura política, que
culminaria na modelo da Monarquia Parlamentarista em 1688.
Podemos dividir o processo histórico da Revolução Inglesa em quatro fases
principais: 1) a Revolução Puritana e a Guerra Civil, que transcorreu de 1640 a
1649; 2) a República de Oliver Cromwell, que durou de 1649 a 1658; 3) a
Restauração da dinastia dos Stuart, com os reis Carlos II e Jaime II, período longo
que foi de 1660 a 1688; 4) por fim, a Revolução Gloriosa, que encerrou o reinado
de Jaime II e instituiu a Monarquia Parlamentarista.

4.2.1- Revolução americana

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A Revolução Americana, conhecida


como Guerra da Independência dos
Estados Unidos, começou no ano de
1775. E teve início a partir da
assinatura do Tratado de Paris, que
acabou com a Guerra dos Sete Anos,
incorporou o Canadá à Inglaterra e
desencadeou batalhas no território
norte-americano.
O principal motivo que levou à
revolução foi o fato de a Inglaterra ter
aumentado impostos aos colonos. A
metrópole também tentava restringir os direitos dos colonos, que se viram
obrigados a lutar pela independência dos Estados Unidos.
As treze colônias inglesas nos Estados Unidos, que correspondiam a
Massachusetts, Rhode Island, Connecticut, Nova Hampshire, Nova Jersey, Nova
Iorque, Pensilvânia, Delaware, Virgínia, Maryland, Carolina do Norte, Carolina do
Sul e Geórgia, passaram a vivenciar conflitos com os ingleses e a exigir a
emancipação.
Os norte-americanos já estavam muito insatisfeitos com o forte domínio inglês.
Esse sentimento deu origem a um movimento popular que foi fundamental para a
proclamação da independência dos Estados Unidos, no dia 4 de julho de 1776.
Durante a Revolução Americana as revoltas nas colônias inglesas aconteceram até
o ano de 1783. Essa articulação deu origem aos Estados Unidos da América.
A partir dessa revolução, a burguesia colonial agrária dos Estados Unidos assumiu
uma posição privilegiada. Uma curiosidade sobre a Revolução Americana é que,
durante os conflitos diversos ingleses tiveram que lutar ao lado dos colonos contra
a Inglaterra. A revolução também foi importante para a formação da identidade
cultural dos Estados Unidos.
4.3- A revolução francesa
Para muitos historiadores, a Revolução Francesa faz parte de um movimento
global, atlântico ou ocidental, que começou nos Estados Unidos em 1776.
Entre todas as revoluções que se seguiram na Europa e na América a partir daí,
não há dúvida de que existam traços
comuns. Mas a Revolução Francesa teve
identidade própria, que se manifestou na
participação popular. Na ruptura radical com
as instituições feudais do Antigo Regime e
nas formas democráticas que assumiu.
A França ainda era um país agrário no fim do
século XVIII. Embora o capitalismo já tivesse
começado a provocar mudanças em sua
estrutura, sua organização social ainda
estava baseada em estamentos.

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A sociedade francesa era dividida em classes sociais, ou Estados Nacionais:


1° estado – clero; cerca de 2% da população. 2° estado – nobreza; também 2%
da população. 3° estado – burguesia: alta burguesia, média burguesia, baixa
burguesia (artesãos, aprendizes, proletários, servos e camponeses semi ou livres).
O terceiro estado arcava com o peso dos impostos e contribuições para o rei, o
clero e a nobreza. Os outros dois estados não pagavam tributos e ainda viviam à
custa do dinheiro público.
A indústria francesa sofreu séria crise a partir de 1786 e em 1787, uma seca
diminuiu a produção de alimentos. A situação do tesouro na França estava em
crise. Na tentativa de vencer essa crise o ministro das Finanças, o banqueiro
Jacques Neckes, convocou a Assembleia dos Estados-Gerais com o objetivo de
fazer o terceiro estado pagar mais impostos. O terceiro estado rejeitou.
Em 17 de junho de 1789, o terceiro estado proclamou-se Assembleia Nacional. Em
represália, o rei Luís XVI mandou fechar a sala onde se reuniam no Palácio de
Versalhes, estes foram então para a sala de Jogo da Péla, onde receberam a
adesão de parte do clero e de nobres influenciados pelo Iluminismo. O rei não teve
alternativa senão aceitar a Assembleia Nacional.
Em 9 de julho, a Assembleia Nacional Em 9 de julho, a Assembleia Nacional
transformou-se em Assembleia Constituinte. Os deputados juraram só se dispersar
depois de dar uma Constituição à França. Três dias depois, a demissão de Necker
tornou ainda mais tensa a situação. No dia 14 de julho, o povo parisiense tomou
de assalto a fortaleza da Bastilha. A explosão revolucionária alastrou-se então por
todo país. É a época do grande medo.
Em 26 de agosto de 1789, a Assembleia aprovou a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão. Com 17 artigos e de inspiração iluminista, o documento
proclama o direito à liberdade, à igualdade perante a lei e à inviolabilidade da
propriedade, assim como o direito de resistir à opressão.
Em 1791 fica pronta a Constituição Francesa que estabelecia o estado com uma
Monarquia Constitucional, preservando um caráter burguês: o voto censitário. Em
novembro desse mesmo ano a Assembleia confisca os bens da Igreja e da nobreza,
causando pânico entre o clero e a nobreza.
Em julho de 1791, Luís XVI tenta, sem êxito, fugir para a Áustria, mas é detido e
afastado de suas funções públicas. O rei tornava-se assim, prisioneiro da
Revolução.

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4.4- Os movimentos sociais contestatórios no mundo contemporâneo: os


trabalhadores e suas formas de luta e organização na França e na
Inglaterra
Os movimentos sociais sempre foram
vistos como uma forma coletiva de
manifestação da sociedade acerca de
alguma norma ou lei, ou decisão
governamental que causasse prejuízos à
sociedade ou ferisse direitos já
conquistados ou para o avanço na
conquista de novos direitos frente às
mudanças sociais de determinado período.
Novos movimentos sociais foram surgindo como movimentos democráticos, mas,
melhor ainda, reunindo vários grupos de pessoas para debaterem sobre os temas
da atualidade.
Os movimentos sociais são as expressões da organização da sociedade civil. Agem
de forma coletiva como resistência à exclusão e luta pela inclusão social. É nas
ações destes que se apresentam as demandas sociais de determinadas classes
sociais, materializando-se em atividades de manifestações como ocupações e
passeatas em ruas, despertando uma sensibilização na consciência dos demais
indivíduos que ao realizar essas ações, projetam em seus participantes
sentimentos de pertencimento social. Aqueles que eram excluídos passam a se
sentir incluídos em algum tipo de ação de um grupo ativo. Os movimentos sociais
se baseiam num sentimento de moralidade e (in)justiça e num poder social
baseado na mobilização social contra as privações (exclusões) e pela sobrevivência
e identidade. É com uma vigorosa capacidade de mobilização que os sindicatos, as
ONGs, e os diversos movimentos de luta conquistaram importantes direitos de
cidadania ao longo da história brasileira. Um movimento social possui liderança,
base, demanda, opositores e antagonistas, conflitos sociais, um projeto
sociopolítico, entre outros.
Com a aceleração da industrialização,
a crescente concentração de capital e
a formação de grandes monopólios
no século XIX, diversos países
europeus (como a Inglaterra, a
França e a Alemanha) se destacaram
com o fortalecimento de suas
economias. A industrialização trouxe
consigo a urbanização, as cidades
não cheiravam mais a cavalo
(decorrente da grande quantidade de
charretes que circulavam nas cidades), mas, sim, à fumaça e óleo (com a
introdução dos automóveis no final do século XIX). Assim, uma rápida e
desorganizada urbanização se acentuou na Europa.
A partir da ascensão do sistema capitalista (industrialização, formação de
mercados, bancos, comércios), ocorreu a ascensão de uma nova classe social: os
operários, isto é, os trabalhadores das indústrias capitalistas. Consequentemente,

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surgiram as relações sociais entre donos das fábricas (exploradores) e


trabalhadores das fábricas (explorados) que permearam o dia a dia das indústrias.
Dessas relações nem um pouco amistosas entre capitalistas e trabalhadores
surgiram na Inglaterra dois movimentos, os ludistas e os cartistas, que tinham um
objetivo em comum: encontrar soluções para os problemas enfrentados pelos
operários, principalmente o desemprego. Tanto ludistas quanto cartistas
reivindicavam, através de ações (como a quebra de maquinarias das indústrias),
o retorno ao emprego dos trabalhadores desempregados.
Com o decorrer das décadas, o capitalismo foi agregando novas feições, a
sociedade passou por crescentes transformações e, assim, os operários
necessitavam articular novas formas de lutar por suas causas. Dessa maneira,
surgiram os movimentos socialistas, a partir da organização dos trabalhadores.
Os principais movimentos socialistas que surgiram no século XIX foram o
anarquismo e o comunismo. Segundo as ideias anarquistas, os operários somente
iriam melhorar as condições de vida se o Estado e todas as formas de poder fossem
extintas. Daí, temos as seguintes observações, tanto o anarquismo quanto o
comunismo pautavam suas metas em transformações sociais profundas, não
solicitavam somente mudanças nas relações entre patrões e trabalhadores.
Os anarquistas acreditavam que toda
forma de exploração dos seres
humanos teria um fim a partir do
momento em que a sociedade se
organizasse sem autoridade, sem
gestores, sem escola, sem polícia, ou
seja, sem quaisquer outras instituições
estatais.
Para os comunistas, a situação de
exploração capitalista acabaria
somente quando os operários
assumissem o poder estatal, ou seja, o
controle do Estado. A partir daí, então,
criariam novos valores sociais para
aumentar a qualidade de vida da sociedade, acabando, dessa maneira, com a
exploração capitalista.
O movimento operário se consolidou e se organizou fundamentalmente no século
XIX. A luta trabalhadora havia apenas começado.
4.5- A comuna de paris e a internacional socialista
A Comuna de Paris foi a primeira tentativa da história de criação e implantação de
um governo socialista. Teve início com a revolução proletária na capital francesa,
durando de 18 de março a 28 de maio de 1871.

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A situação de Paris ficou muito


complicada quando Adolphe
Thiers (presidente da França entre
1870 e 1873) assinou o tratado de
rendição na guerra da França
contra a Prússia. A capital
francesa ficou cercada pelo
exército prussiano, levando
grande desconforto, revolta e
preocupação para os parisienses.
Com o clima político tenso, uma insurreição popular estourou em março de 1871,
derrubando o governo republicano em Paris. Jacobinos e socialistas constituíram
um novo governo para a cidade, chamado de Comuna de Paris.
Suas causas principais foram: Dominação política e econômica da burguesia
parisiense sobre a classe operária; Péssimas condições de trabalho dos operários;
Derrota da França na Guerra Franco-Prussiana (1871); Os operários franceses não
concordaram com a rendição da França para a Prússia; Tentativa do governo em
jogar para cima dos trabalhadores as dívidas de guerra, que deveriam ser pagas
com aumento de impostos.
As medidas tomadas pelo Conselho da Comuna tinham como meta principal a
melhoria das condições de vida e trabalho dos operários e trabalhadores de baixa
renda. Entre as principais medidas, podemos citar: Controle de preços de gêneros
alimentícios; Ampliação dos prazos para o pagamento dos aluguéis; Fixação de
remuneração mínima dos salários dos trabalhadores; Medidas voltadas para a
melhoria nas condições de habitação popular; Adoção de medidas de proteção
contra o desemprego; Criação do Estado Laico, através da separação entre Estado
e Igreja; Administração das fábricas da cidade feita pelos operários (autogestão);
Administração do governo municipal de Paris feita pelos próprios funcionários
públicos; Estabelecimento de ensino gratuito para todos.
Os antigos governantes, representantes do governo republicano burguês que
haviam sido retirados do poder de Paris, conseguiram organizar uma reação ao
governo revolucionário socialista da Comuna de Paris. Com forte aparato militar e
policial, a alta burguesia da cidade reagiu com força e violência, prendendo ou
executando os líderes e demais integrantes da Comuna de Paris. Em 28 de maio
de 1871, os republicanos retomaram o poder na capital francesa, acabando com a
primeira experiência de um governo revolucionário e socialista de composição
operária.
Muitos integrantes do governo socialista da Comuna de Paris eram integrantes da
Primeira Internacional dos Trabalhadores.

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4.6- Os movimentos sociais no Brasil: da primeira república aos anos 30


Durante a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, o Brasil
vivenciou um dos eventos mais fundamentais de sua História. O movimento
liderado pelo Marechal Deodoro da Fonseca destituiu do poder o último imperador
do país, inaugurando um novo
sistema de governo, a República. No
entanto, a despeito de sua relevância
histórica, este acontecimento não
alterou as estruturas socioeconômicas
brasileiras: as desigualdades
continuavam profundas, a economia
frágil e arcaica e a cidadania não era
experimentada em sua amplitude pela
grande maioria da população.
Frente a este quadro de permanência
de misérias e insatisfações, diversos setores da sociedade brasileira vieram a se
mobilizar, trazendo à tona todo o inconformismo que então se fazia presente.
Neste período, campos e cidades foram, então, tomados por inúmeras revoltas
populares, demonstrando como os parâmetros jurídicos que limitavam a
participação política à época não impediram, na prática, a atuação dos mais
distintos grupos sociais.
4.7- Contestado e canudo
Problema que ainda hoje nos aflige, a concentração de terras se apresentava como
o principal ingrediente motivador das rebeliões que ocorreram nos campos
brasileiros na passagem do século XIX para o XX. A exploração da mão de obra
camponesa e as dificuldades de acesso à propriedade rural podem ser
encontrados, assim, nas origens da “Revolta de Canudos”, da “Guerra do
Contestado” e do movimento do “Cangaço”.
Ocorridos em locais distintos, a formação
do arraial de Canudos (Bahia) e a Revolta
do Contestado (região fronteiriça entre
Paraná e Santa Catarina) fizeram-se a
partir da luta dos mesmos atores sociais,
ou seja, camponeses explorados em
decorrência da expansão latifundiária. Do
mesmo modo, possuíam a liderança de
personagens entendidos por seus
seguidores como verdadeiros “messias”.
Antônio Conselheiro e José Maria
representavam, portanto, um comando
que era ao mesmo tempo político e religioso.
Os destinos dos dois movimentos foram igualmente semelhantes, com seus
integrantes sendo ferozmente combatidos pelas tropas federais. E este foi o
mesmo tratamento dado aos “cangaçeiros”. Interpretados pela historiografia ora
como “heróis” que roubavam dos ricos para dar aos pobres, ora como bandidos
que corrompiam a ordem estabelecida, estes indivíduos se utilizavam de práticas
não legais como forma de resistência à miséria que os afligia. O enfrentamento a

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tais movimentos correspondia, deste modo, tanto aos interesses das oligarquias
latifundiárias, quanto aos de um governo que ainda almejava se consolidar em
âmbito nacional e que, portanto, não poderia admitir tamanhas convulsões sociais.
4.8- Cangaço
O termo cangaço deriva da
palavra canga, objeto usado no
trato com os bois na roça. A
canga era uma madeira que
passava no pescoço do boi e lhe
prende ao arreio. Os
cangaceiros viviam de forma
errante e traziam consigo tudo
que possuíam.
O cangaço manifestou-se na
sociedade brasileira como uma
forma de protesto diante das
injustiças sociais observadas nas regiões mais retiradas do país. O nordeste perdeu
seu prestigio nacional ainda durante a colônia quando a capital deslocou-se para
o sudeste na cidade do Rio de Janeiro. Pouco ou nada mudou durante o Império o
que gestou na população local nordestina uma grande insatisfação, principalmente
diante do poderio dos grandes proprietários de terras que se apropriavam das
melhores terras legando a população serem seus empregados ou manterem terras
improdutivas.
Segundo o historiador Eric Hobsbawm, “o banditismo é uma forma bastante
primitiva de protesto social organizado”. O movimento do cangaço sertanejo deve
ser lido como manifestação de um banditismo nacional diante das injustiças sociais
vividas pela população pobre nordestina.
O primeiro cangaceiro reconhecido como tal foi José Gomes, vulgo Cabeleira, tendo
aterrorizado a região do Recife nos anos finais do século XVIII. O movimento só
toma corpo, porém a partir do fim do século XIX, quando em grande crise na região
do nordeste a população se torna arredia aos líderes, crescem as figuras chamadas
de “cangaceiros”.
O primeiro grupo de cangaceiros aparece com Jesuíno Alves de Melo Calado, vulgo
Jesuíno Brilhante, também do fim do século XVIII. A situação fundiária propiciava
disputas sociais intensas e isso se manifestava através dos cangaceiros que se
dividiam em ao menos três tipos:
O primeiro tipo eram os mercenários que trabalhavam para os latifundiários,
proprietários de terras, mais interessados em combater fortemente os cangaceiros
“bandidos”. Os primeiros formavam uma espécie de milícia e não eram tão
reprimidos quando os cangaceiros tradicionais, por estarem amparados por
homens poderosos.
O segundo tipo também de forma mercenária tinham nos políticos seus patrões, o
que também lhes garantia proteção mediante trabalho realizado. As disputas se
resolviam entre milícias e na ponta da peixeira.

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O terceiro tipo foi aquele que ficou mais conhecido com a literatura, principalmente
na figura de Virgulino Lampião. Eram os bandidos reprimidos e inimigos públicos.
No entanto esses viviam a sua própria sorte, visto que não tinham o apoio de
“padrinhos” poderosos que lhes aparassem nas dificuldades. Tudo que possuíam
carregavam consigo pelas estradas do sertão e retiravam da natureza tudo que
precisavam.
O cangaço dura até a década de 1930, só termina após uma ampla campanha
instituída por Getúlio Vargas. Até aquele momento o cangaço era mantido pelos
próprios latifundiários, pois esses se beneficiavam dos movimentos e grupos que
preferiam associação e proteção e para isso lhes faziam serviços como a cobrança
de impostos, ou ações violentas para garantia de voto. Com Vargas os cangaceiros
passam a ser considerados como desordem à paz nacional e por isso inimigos
públicos declarados.
4.9- Anarcossindicalismo e socialismo no movimento operário da
primeira república
Na República Velha temos a vivência de todo um processo de transformações
econômicas responsáveis pela industrialização do país. Não percebendo de forma
imediata tais mudanças, as autoridades da época pouco se importavam em trazer
definições claras com respeito aos direitos dos trabalhadores brasileiros. Por isso,
a organização dos operários no país esteve primeiramente ligada ao atendimento
de suas demandas mais imediatas.
No início da formação dessa classe de
trabalhadores percebemos a
predominância de imigrantes europeus
fortemente influenciados pelos princípios
anarquistas e comunistas. Contando
com um inflamado discurso,
convocavam os trabalhadores fabris a se
unirem em associações que,
futuramente, seriam determinantes no
surgimento dos primeiros sindicatos.
Passadas todas essas agitações, a ação
grevista serviu para a formação de um movimento mais organizado sob os ditames
de um partido político. No ano de 1922, inspirado pelo Partido Bolchevique Russo,
foi oficializada a fundação do PCB, Partido Comunista Brasileiro. Paralelamente, os
sindicatos passaram a se organizar melhor, mobilizando um grande número de
trabalhadores pertencentes a um mesmo ramo da economia industrial.
4.10- As propostas de ’’Revolução’’ em 1930
Até 1930 a política no Brasil era conduzida pelas oligarquias de Minas Gerais e São
Paulo, por meio de eleições fraudulentas e que mantinham o país sob um regime
econômico agroexportador. As elites paulista e mineira alternavam a presidência
da República elegendo candidatos que defendiam seus interesses. Este sistema
político ficou conhecido como "política do café com leite" ou política dos
governadores.
O modelo funcionou até os demais estados brasileiros crescerem em importância
e reivindicarem mais espaço no cenário político brasileiro. Por outro lado, a Crise

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de 1929, atingiu a economia brasileira, provocando desemprego e dificuldades


financeiras.
O fato do Brasil ser um país de monocultura cafeeira fez que a crise fosse profunda,
pois as exportações do produto caíram vertiginosamente. A crise econômica
contribuiu para o clima de insatisfação popular com o governo de Washington Luís.
Igualmente, havia o descontentamento de oficiais de baixa patente do exército, os
quais desejavam derrubar as oligarquias e instaurar uma nova ordem no Brasil.
Devemos lembrar que os tenentes já haviam mostrado seu desagrado com a
situação política brasileira através de episódios como a Revolta do Forte de
Copacabana ou na Revolta Paulista de 1924.

4.10.1- Eleições Presidenciais de 1930

No início de 1929, Washington Luís nomeou o presidente de São Paulo, Júlio


Prestes, como seu sucessor. Esta medida foi apoiada por presidentes de 17
províncias. A indicação de Júlio Prestes rompia com a alternância de poderes entre
Minas e São Paulo, por isso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba, não deram
suporte à Prestes.
Estas províncias se aliaram aos políticos de oposição e criaram a Aliança Liberal.
Desta maneira, os candidatos desta agrupação foram o presidente do Rio Grande
do Sul, Getúlio Vargas e, para vice, o presidente da Paraíba, João Pessoa.
Tudo parecia indicar a vitória de Júlio Prestes e assim aconteceu. Nas eleições
realizadas em março de 1930, Júlio Prestes foi eleito com grande maioria de votos
(1.091.709), contra 742.794 de Getúlio Vargas. Diante dos resultados, a Aliança
Liberal alegou fraude e rejeitou a validade das eleições.

4.10.2- Assassinato de João Pessoa

Pouco tempo depois, em julho de 1930, João Pessoa foi assassinado pelo
advogado João Dantas (1888-1930) em Recife. Acredita-se que o crime tenha
ocorrido por razões pessoais e ligadas à política paraibana, mas a morte do
candidato a vice-presidente transformou-se numa questão nacional.
A indignação toma conta do país.
Mesmo sem apoio, o presidente
Washington Luís não pretendia
renunciar ao poder. Assim, em 3 de
outubro os militares liderados por
Getúlio Vargas, no sul, e Juarez
Távora (1898-1975), no norte,
convergem para o Rio de Janeiro. Ao
chegarem na capital, forma-se a Junta
Governativa, pelos três ministros
militares Tasso Fragoso, Mena Barreto
e Isaías de Noronha.

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Diante dos militares, Washington Luís declara que só sairia do cargo preso ou
morto. Imediatamente, a Junta Governativa o prende e o leva ao Forte
Copacabana, onde permaneceria até novembro e dali partiria para o exílio na
Europa.
Com isso, Getúlio Vargas tornou-se chefe do Governo Provisório com amplos
poderes, revogando a constituição de 1891 e governando por decretos. Da mesma
forma, nomeou seus aliados para interventores (governadores) das províncias
brasileiras.

4.10.3- Governo Provisório de Vargas

Os aliados de Getúlio Vargas esperavam que o


novo presidente convocasse eleições gerais para
formar uma Assembleia Constituinte, mas o
assunto era sempre adiado. Cansados de esperar,
várias vozes começaram a criticar o governo
provisório como o partido comunista, a Aliança
Nacional Libertadora, os paulistas, etc.
Em São Paulo, cresce o movimento pedindo
eleições presidenciais e uma Constituição. Diante
da negativa do governo central e do aumento da
repressão policial, o estado de São Paulo, declara
guerra ao governo no episódio que será
conhecido como a Revolução de 1932.

4.10.4- Revolução ou Golpe?

A Revolução de 1930 foi chamada desta maneira pelos seus membros. No entanto,
trata-se de um golpe de estado e não uma revolução. Uma revolução possui amplo
apoio popular, propõe e causa drásticas mudanças quando instalada no poder.
Já o golpe de Estado, é a retirada do poder por meio da violência de um político
constitucionalmente eleito ou consagrado para aquele cargo. Os acontecimentos
de 30 foram uma luta pelo poder entre as elites, com margem de vitória a qualquer
uma delas e que pouco mudariam a estrutura social brasileira em profundidade.
4.11- Aliancismo e oposição ao projeto de Vargas
Nesse período de legalidade, houve um destaque para a atuação de 2 grupos
políticos com ideologias diferentes: o integralistas, baseados nas políticas nazi-
fascistas, e os aliancistas, comandados pelos comunistas e esse foi o principal
grupo rival do Governo Vargas.
Em 1932, Plínio Salgado lançou, com outros intelectuais, seu Manifesto à Nação,
que defendia o integralismo. Assim, fundava-se o movimento político nacional
inspirado nas ideias fascistas e nazistas, que deu origem à Ação Integralista
Brasileira (AIB), criada em 1934.Entre as ações e princípios que defendiam,
destacavam-se: o combate ao comunismo e ao liberalismo; nacionalismo extremo;
um Estado poderoso regido pelo chefe da nação; disciplina e divisão de categorias
dentro da sociedade. O símbolo do movimento era a letra grega sigma, e tinham

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como lema as palavras “Deus, pátria e família”. Obedeciam a uma rígida disciplina,
vestiam uniformes com camisas verdes ( sendo conhecidos como camisas-verdes
ou galinhas verdes) e desfilavam pelas ruas como uma tropas militares gritando
“Anauê!” ( “você é meu irmão”, em tupi). Mas caracterizavam-se por atitudes
agressivas em relação aos seus adversários. A AIB conquistou empresários,
profissionais da classe média e operários.
Uma das principais frentes políticas que
se opuseram ao integralismo foi a
Aliança Nacional Libertadora, cujos
membros eram chamados de
aliancistas. Foi fundada em março de
1935 e reunia grupos de várias
tendências, como socialistas,
anarquistas e comunistas. Um dos
principais grupos que a integravam era
o Partido Comunista, que funcionava na
clandestinidade. Luís Carlos Prestes foi
eleito o presidente de honra da ANL, da
qual o programa político incluía:
combate ao capitalismo e ao
liberalismo; estatização de empresas estrangeiras; não-pagamento da dívida
externa brasileira; realização de uma reforma agrária, com distribuição de terras
para os trabalhadores do campo e combate ao latifúndio. Um dos lemas da ANL
era “Pão, terra e liberdade”. Mas o governo Vargas declarou a ANL ilegal já em
junho de 1935, ordenando a prisão de seus líderes, alegando que eles tinham a
intenção de promover um golpe de Estado no país.
4.12- A ANL e a intentona
A Aliança Nacional Libertadora (ANL) foi uma organização política fundada pelo
Partido Comunista do Brasil em 1935. O manifesto público da Aliança, lido na
Câmara dos Deputados no dia 17 de janeiro de 1935 pelo deputado Gilberto
Gabeira, representante dos trabalhadores, expressava a indignação do povo com
relação à situação política e econômica do Brasil em decorrência do governo de
Getúlio Vargas.

A Intentona Comunista foi uma revolta, ocorrida em novembro de 1935, liderada


pela ANL (Aliança Nacional Libertadora) e que pretendia derrubar o governo de
Getúlio Vargas.

O Partido Comunista (PCB) foi colocado na ilegalidade pelo governo de Getúlio


Vargas. Os comunistas se uniram a outros opositores e formaram a ANL. Os
aliancistas passaram a ser a principal força de oposição ao governo Vargas,
defendendo mudanças políticas e sociais profundas para o Brasil. O líder da ANL
era Luís Carlos Prestes, que havia organizado e liderado, anos antes, a Coluna
Prestes.

Considerando uma ameaça para o Brasil, Vargas resolveu combater a ANL,


proibindo suas atividades em 1935. Porém, os integrantes da ANL continuaram
atuando, mesmo de forma clandestina e ilegal.

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4.13- Cenário das intransigências e os movimentos sociais no século XX


Até o começo do século XX, a categoria movimentos sociais designava o
movimento operário, dizendo respeito às organizações da classe operária em suas
mobilizações, sindicatos e partidos. Falar de movimentos sociais era sinônimo de
falar da classe operária, sendo que a organização em sindicatos e partidos seria
sua forma mais acabada de organização racional. Devido a esse foco, outras
formas de reivindicação de grupos de natureza e propostas diferentes eram
excluídas das narrativas sobre os movimentos sociais.
Entre as décadas de 1930 e 1960, a
sociologia não deu muita ênfase às
teorias da revolução. As teses
falavam mais sobre o individualismo
e sobre a desmobilização, sendo a
mobilização coletiva geralmente
tratada como expressão de
irracionalidade ou como explosão das
frustrações individuais. Contudo, a
década de 1960 trouxe mudanças no
cenário. Mobilizações se proliferaram e ganharam grande visibilidade. Essas
mobilizações também chamavam a atenção por serem diferentes do movimento
operário. Não se baseavam em classe e não tinham como objetivo tomar o Estado.
Eram os chamados novos movimentos sociais.
O que caracteriza esses movimentos como novos é o fato de terem rompido a
unidade entre as três características principais apontadas pelas conceituações
tradicionais de conflitos sociais: a identidade dos agentes antes baseada na
estrutura social – ex.: burgueses, camponeses e trabalhadores, o tipo de conflito
apoiado por uma ideologia evolucionária, na qual a classe possui um objetivo, que
deverá ser alcançado, devido ao movimento subjacente da História e o espaço
político unificado com representação de interesses. Eles trazem questões diversas
do mundo da vida, não tendo como foco o processo produtivo e a revolução. Assim,
os novos movimentos sociais caracterizam-se por não terem como objetivo
principal a tomada de poder e nem a participação direta na esfera política como
em partidos.
4.14- O impacto do marxismo na Rússia e a revolução de 1917, o
surgimento da URSS
No Século XIX, um filósofo alemão, chamado Karl Marx, desenvolveu e disseminou
a teoria de que o sistema capitalista, por sua desigualdade e exploração da classe
operária, da classe trabalhadora, fazia com que essa classe tomasse uma
consciência histórica, extremamente marcante e nova, uma consciência
revolucionária para a época. “Marx defendia a ideia de que a classe operária,
tomando consciência da exploração e da desigualdade do sistema capitalista de
produção, iria unir-se e, a partir disso, lutar por um mundo muito melhor do que
aquilo que estava posto para ela”.
A ideia de Marx, então, era caminhar na direção de uma sociedade sem classes e
sem a propriedade privada. O socialismo e depois dele o comunismo deveriam ser
o destino da marcha dos operários. Em outras palavras, Marx previu que, assim

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como os sistemas socioeconômicos anteriores, o capitalismo produziria tensões


internas que conduziriam a sua autodestruição e substituição por um novo
sistema: o socialismo.
Ativamente, Karl Marx argumentava que a classe trabalhadora deveria realizar
uma ação revolucionária organizada para derrubar o capitalismo e provocar
mudanças sócio econômicas.
Países como a França, a Itália e a Alemanha ainda no Séc. XIX viveram
experiências revolucionárias baseadas no pensamento de Karl Marx, mas foi na
Rússia, uma das monarquias mais tradicionais da Europa, no início do Século XX,
que a maior e mais marcante Revolução Marxista ocorreu: A Revolução Russa,
ocorrida em 1917, no século XX.

4.14.1- O surgimento da união soviética

No começo do século XX, a


Rússia passou por uma crise
social e econômica. A
desigualdade era enorme
entre os camponeses e a
nobreza (dona de terras). O
regime do czar Nicolau II foi
seriamente abalado por
protestos, em 1915. As
lideranças socialistas
organizaram os operários em
conselhos, os sovietes, nos
quais se debatiam decisões
políticas.
O czar prometeu reformas; estabeleceria um governo constitucional e convocaria
eleições para o parlamento (Duma), responsável de elaborar uma constituição. Os
mencheviques e outros partidos deram-se por satisfeitos. Já os bolcheviques –
socialistas revolucionários liderados por Lênin, exigiram o fim da monarquia.
O governo procedeu repressão aos focos de revolta interna, prendeu líderes
revolucionários e deixou as promessas que havia feito de lado. Em 1917, inicia-se
em Petrogrado (atual São Petersburgo) a revolução que resultaria na renúncia do
Czar. Neste momento é instalado o governo provisório com dois poderes o Soviete
de Petrogrado e a Duma, controlado pelos mencheviques e sem representantes
dos bolcheviques.
Lênin retornou do exílio e reorganizou os bolcheviques que em 25 de outubro,
cercaram Petrogrado onde ficava o governo provisório para tomar o poder. O czar
Nicolau II foi condenado à morte e juntamente com a família imperial foi fuzilado,
em 1918. Daí o então Partido Bolchevique passou a se chamar Partido Comunista.
Assim em 1922 surgi a URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), com a
união das seguintes repúblicas; Rússia, Ucrânia, Bielorússia, Transcaucásia e as
repúblicas da Ásia Central.

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4.15- Fascismo e nazismo e a crise das democracias liberais


Apesar das semelhanças, o nazismo e o fascismo são diferentes. O nazismo foi um
movimento ideológico que nasceu na Alemanha e esteve sob o comando de Adolf
Hitler de 1933 a 1945.
Já o fascismo foi um sistema político e surgiu primeiro, na Itália, tendo aumentado
a sua influência na Europa entre 1919 e 1939. O nazismo tem caráter nacionalista,
imperialista e belicista (que tende a se envolver ativamente em guerras). O
fascismo também tem caráter nacionalista e é antissocialista.
O nazismo surgiu na
Alemanha e é comumente
associado ao Partido
Nacional Socialista dos
Trabalhadores Alemães,
comandado por Adolf Hitler
de 1933 a 1945.
Apesar de muitos o
considerarem uma versão
“extrema” do fascismo, a
principal diferença entre
nazismo e fascismo é que o
movimento nazista acreditava no “racismo científico”, que é a crença em uma
pseudociência de que existem raças de seres humanos superiores e inferiores.
O conceito de “raça” entre seres humanos tem sido debatido. Atualmente, "etnia"
é o termo mais utilizado. No entanto, os alemães, sob influência do Partido Nazista,
passaram a acreditar que a “raça ariana” era superior a todos os outros grupos
humanos, sendo os judeus o alvo principal de seus preconceitos e dogmas. Por
isso, os nazistas são antissemitas.
A origem da palavra “nazismo” está ancorada na junção das palavras Nacional-
Socialismo. Neste caso, o socialismo foi redefinido pelos nazistas para distingui-lo
do socialismo marxista, fortemente rechaçado pelo movimento.
Extremamente rígidos no que tocava a sua superioridade em relação a outras
“raças”, os nazistas contrastavam no quesito “luta de classes”, sobre o qual eram
contra. Isto fazia frente ao capitalismo, que passava a dominar o ocidente.
4.16- Os desdobramentos da 2º guerra na américa latina :
fortalecimento e crise dos governos populistas e a fragilidade da
democracia no Brasil
De fato, desde sua independência, o continente sul-americano viveu sob a tutela
anglo-saxônica: primeiro, da Grã Bretanha, até o fim do século XIX, e depois, dos
Estados Unidos, até o início do século XXI. No século XX, e em particular depois
da 2ª. Guerra Mundial, quase todos estados sul-americanos alinharam sua política
externa, com os Estados Unidos, durante a Guerra Fria, e aderiram com graus
diferentes de sucesso, às políticas econômicas desenvolvimentistas, apoiada pelos
Estados Unidos, até a década de 1970. Depois do fim da Guerra Fria, durante a
década de 1990, de novo, a maioria dos governos da região voltaram a se alinhar

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ao lado da política externa e da política econômica preconizada pelos EUA e seu


projeto de “globalização liberal”.
No início do século XXI, entretanto, a
situação política do continente
mudou, com a vitória - em quase
todos os países da América do Sul –
de partidos e coalizões políticas
nacionalistas, desenvolvimentistas e
socialistas, que mudaram o rumo
político-ideológico do continente,
durante a primeira década do século.
O Brasil é - hoje - o segundo player
mais importante, dentro do tabuleiro
geopolítico da América do Sul ,e já
tem tido uma importância maior nos desdobramentos político-ideológicos da
América Central e do Caribe.

4.16.1- Fortalecimento e crise dos governos populistas

Segundo o dicionário, o populismo é uma prática que busca a simpatia das classes
sociais mais baixas, defendendo seus interesses através de políticas paternalistas
e assistencialistas. O populismo é uma ideologia rasa que considera que a
sociedade se divide em dois grupos antagônicos, o ‘povo’ e a ‘elite corrupta’. O
populismo de esquerda dirige seus ataques contra uma elite econômica, que seria
responsável por todos os problemas nacionais, enquanto o de direita vê ameaças
externas como o problema maior.
Na América Latina, o populismo teve um papel bastante marcante na história de
alguns países e sua marca foi a relação direta entre o povo e os líderes populistas,
que falava diretamente com as pessoas de modo carismático e popular
Os principais governos populistas da América Latina aconteceram no Brasil
(Getúlio Vargas, 1930-45/1951-54), no México (Lázaro Cárdenas 1934-40) e na
Argentina (Juan Domingo Perón 1946-55).
De um modo geral, o populismo tem aumentado seu poder de influência devido à
crise econômica internacional e à crise de refugiados, que leva populistas de direita
a defenderem a soberania nacional e a tomarem medidas independentes para lidar
com esses problemas mundiais.

4.16.2- A fragilidade da democracia no Brasil

A fragilidade democrática brasileira não é um caso isolado. Pode-se dizer, que a


democracia liberal, representativa e constitucional, tida como o modelo para o qual
convergiriam naturalmente todas as sociedades civilizadas, não passou “de uma
exceção, quase uma anormalidade” nos últimos dois séculos. Isso porque a
democracia é, dentre as soluções de governabilidade, a de construção mais penosa
– desde que, claro, estejamos a falar de uma democracia verdadeiramente estável,
e não de uma pseudodemocracia, cuja solidez é apenas aparente.

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Grande parte da classe política e dos cidadãos brasileiros tem “uma visão
simplificadora e idealizada democracia”. Essa dá margem a “soluções fáceis”,
quase sempre na direção do paternalismo e do autoritarismo. Basta ver a
quantidade de Constituições e de reformas constitucionais que o Brasil já teve para
perceber que, de fato, o padrão nacional é de instabilidade.
No Brasil alteram-se regras essenciais
ao sabor das conveniências. A atual
“reforma política”, cujo debate sempre
se encaminha para interesses
particulares de parte dos principais
protagonistas, prova essa fragilidade.
Não se busca uma reforma para
consolidar instituições democráticas,
mas para atender a objetivos
passageiros e paroquiais. É uma
reforma que, inevitavelmente,
resultará em algo que deverá ser reformado em futuro próximo, perpetuando o
improviso.
Ademais, aqui não se lida com o contraditório como próprio das democracias,
travado no âmbito das instituições. O debate tem sido pautado nas ruas e vem
sempre carregado de ódio, numa polarização inconciliável. A busca pelo poder
tornou-se o valor central, a despeito de qualquer outra consideração.
4.17- A guerra fria e as lutas pela democracia: China, Coreia e Vietnã
A guerra fria é a designação dada ao conflito político-ideológico entre os Estados
Unidos (EUA), defensores do capitalismo, e a União Soviética (URSS), defensora
de uma forma de socialismo. Não existe um consenso sobre a data exata do início
da Guerra Fria. Para alguns estudiosos, o marco simbólico foi a explosão nuclear
sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Outros
acreditam que seu início data de fevereiro de 1947, quando o presidente norte-
americano Harry Truman lançou no Congresso dos Estados Unidos a Doutrina
Truman, que previa uma luta sem tréguas contra a expansão comunista no mundo.
E há também estudiosos que indicam a divisão da Alemanha em dois Estados, em
outubro de 1949. O surgimento da Alemanha Oriental, socialista, estimulou a
criação de alianças militares dos dois lados, tornando oficial a divisão da Europa
em dois blocos antagônicos, o que poderia ser o marco inicial da Guerra Fria.

4.17.1- Guerra da Coreia

A Guerra da Coreia e a Guerra do Vietnã tiveram em comum o ambiente histórico


do período chamado de “Guerra Fria”.
A Coreia, durante a Segunda Guerra Mundial, conseguiu se livrar do Japão, mas
acabou dividida em dois países diferentes. Sob influência da União Soviética,
formou-se a Coreia do Norte, comunista. A Coreia do Sul, capitalista, tinha a
influência dos Estados Unidos.
Em 1950, buscando a reunificação, a Coreia do Norte invadiu a Coreia do Sul,
deflagrando um conflito que matou milhões de pessoas, envolveu tropas da ONU

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e da China, que lutou ao lado da Coreia do Norte. Um ano antes, o partido


comunista havia tomado o poder na China. A guerra terminou em 1953, com
Coreia do Norte e China assinando um tratado de paz proposto pela ONU.

4.17.2- Guerra do Vietnã

Desde o fim da Guerra da Indochina,


com a França, o Vietnã estava dividido
em dois. Ao norte, o país tinha um
governo comunista, liderado por Ho Chi
Minh. No Vietnã do Sul, formava-se
uma monarquia independente,
comandada por Bao Dai.
Desde então, uma série de episódios se
sucederam na região, até que em 1965
os Estados Unidos declararam guerra
ao governo do Vietnã do Norte. Foram
dois anos de conflito, que mataram
mais de 3 milhões de vietnamitas, com milhares de soldados estadunidenses
mortos ou desaparecidos. O Vietnã, que resistiu à tentativa de arbítrio dos Estados
Unidos, se unificou como República Socialista do Vietnã.
4.18- As diversidades nas emancipações Afro-asiáticas: Índia , Angola e
Argélia
O processo de descolonização da Ásia e da África ganhou um grande impulso após
a Segunda Guerra Mundial, em parte devido ao declínio internacional de potências
coloniais como a França e a Grã-Bretanha, em parte devido ao crescimento de
movimentos de libertação nacional dentro das próprias colônias.
O primeiro grande movimento de descolonização, ocorrido durante a década de
1940, atingiu principalmente os países asiáticos - Índia, Paquistão, Birmânia,
Ceilão, Indonésia. Já nos anos 50, tal movimento deslocou-se para a África, onde
se assistiu à independência de países como Gana, Quênia, Senegal e Congo Belga,
além do início do movimento de libertação nacional na Argélia. Cientes de que
possuíam um perfil histórico e econômico-social próprio, esses Estados nascentes
procuraram articular suas similaridades e demandas internacionais nas chamadas
Conferências de Solidariedade Afro-Asiáticas, realizadas em Bandung (1955) e no
Cairo (1957).
4.19- Movimentos revolucionários na américa latina: Cuba e Nicarágua

4.19.1- Revolução cubana

A Revolução Cubana foi um processo revolucionário que aconteceu em Cuba, uma


ilha localizada no Caribe, em 1959. Esse processo foi conduzido por um movimento
guerrilheiro que atuava de uma região remota da ilha chamada Sierra Maestra e
teve como lideranças Fidel Castro e Ernesto “Che” Guevara. Os guerrilheiros
cubanos que a princípio conduziam um movimento revolucionário nacionalista,
foram os responsáveis por derrubar a ditadura de Fulgêncio Batista.

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A luta contra Fulgêncio Batista


começou a partir de 1953, quando
foi organizado o ataque ao Quartel
de Moncada, na cidade de
Santiago, no dia 26 de julho. O
objetivo do ataque era realizar a
tomada das armas, porém o
ataque foi um fracasso e Fidel
Castro e seu irmão foram presos.
Fidel Castro foi condenado a 15
anos de prisão, contudo, dois anos
depois, em 1955, foi anistiado
(perdoado) por Fulgêncio Batista
em razão da pressão pública que
havia sobre Batista. Fidel e seu
irmão se exilaram no México e de
lá organizaram novamente o movimento a fim de retornar à Cuba para derrubar
Fulgêncio Batista.
No México, Fidel Castro organizou um grupo de 81 homens e entre eles estavam
Raúl Castro, Ernesto “Che” Guevara e Camilo Cienfuegos, que retornaram à ilha
de Cuba em 1956 e em dezembro do mesmo ano sofreram um ataque do exército
cubano e foram derrotados. Após a derrota, os sobreviventes fugiram e se
esconderam na região de Sierra Maestra e, a partir de lá, reorganizaram e
passaram a atuar em táticas de guerrilhas, realizando pequenos ataques às tropas
do exército cubano que, pouco a pouco, foram desmoralizando o governo de
Fulgêncio Batista e ganhando cada vez mais simpatizantes. Sobre a derrota de
Fulgêncio: Derrotado,Batista fugiu e se exilou na República Dominicana em 1º de
janeiro de 1959.

4.19.2- Nicarágua

A Revolução Sandinista é como se chama


uma revolução popular que foi encabeçada
pela Frente Sandinista de Libertação
Nacional (FSLN) contra a ditadura dos
Somoza na Nicarágua, a qual teve fim em
1979. Os sandinistas governaram o país até
1990, quando foram derrotados na eleição
presidencial realizada no país.
O termo sandinismo na Nicarágua, além da
guerrilha sandinista que lutou contra os
Somoza ao longo das décadas de 1960 e
1970, faz menção a Augusto César Sandino,
guerrilheiro que lutou contra a forte influência dos Estados Unidos em seu país
durante as décadas de 1920 e 1930. A Nicarágua era uma nação independente
desde 1821, quando conquistou sua independência dos colonizadores espanhóis.

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A história da Nicarágua, ao longo do século XIX, foi marcada pela fragilidade das
instituições políticas do país e pela interferência direta dos Estados Unidos nas
questões nicaraguenses.
4.20- Os movimentos de enfrentamento aos governos militares no Brasil
pós 64
Hoje em dia vemos a necessidade de relacionar os estudos geográficos com os
movimentos sociais pois eles acrescentariam nos estudos sociais, ajudando não só
a entender o território, espaço e lugar, mas entendendo também a geopolítica dos
movimentos sociais e do governo militar.
Na madrugada do dia 31 de março de 1964, o golpe militar é instaurado contra o
governo legalmente construído por João Goulart. Nesse período de golpe de
Estado, o Brasil se encontrava em extrema confusão que vinha dos estudantes e
trabalhadores contra o regime vigente. As estratégias geopolíticas da época
fizeram com que os governantes do Brasil focassem na área urbana e na rural
como forma de controlar a população brasileira.
E com essa forma de controle, alguns movimentos sociais organizados travaram a
luta, as manifestações e ocupações chegando até o confronto armado contra os
militares. Movimentos esses como: o Movimento estudantil e a União Nacional dos
Estudantes (UNE). Alguns outros movimentos sociais da época também fizeram
parte da luta como Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), Organização
Revolucionária Marxista Política Operária (POLOP), Vanguarda Popular
Revolucionaria (VPR), Comando de Libertação Nacional (COLINA), Movimento Sem
Terra (MST) e vários outros movimentos como o LGBT, feministas e de negros.
A luta e resistência só cresceu contra
o regime ditatorial da época. Esses
movimentos se materializavam e
criavam um território socioespacial
devido suas forças políticas.
O governo dos militares temia então
essa organização e esses territórios
formados, e foi aí que qualquer tipo
de manifestação poderia ser
fortemente reprimido. Por um lado, o governo demarcava o território como modo
de controlar a população e por outro os movimentos sociais que ocupam esse
território fazendo um movimento de contrarreforma ao governo. Essas disputas
pelo poder e pelo território são elementos chaves para o estudo dos movimentos
sociais. Entender os motivos e as razões de ambos os lados faz com que possamos
analisar o território, espaço e lugar por diversas formas. Uma delas é o controle,
outra é a ocupação que os movimentos sociais faziam como enfrentamento ao
governo militar.
4.21- O movimento estudantil
O Movimento Estudantil no Brasil data ainda do período imperial, quando os
estudantes, recém-chegados da Europa e com conhecimento trazido de lá,
intervinham em assuntos locais. Já no período republicano, em 1901 foi criada a
Federação dos Estudantes Brasileiros, considerada a primeira entidade estudantil
nacional, mas que não durou muito. Em 1910 foi realizado o I Congresso Nacional

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de Estudantes, em São Paulo. O movimento estudantil começa a se reforçar a


partir da década de 30, após o Golpe de 1930. Em 1932, estudantes paulistas
protestam contra o regime de Getúlio Vargas junto da população, e a repressão a
esses protestos acaba matando quatro deles, Martins, Miragaia, Dráusio e
Camargo, cujos nomes formariam a sigla M.M.D.C e cujas mortes desencadeiam
a Revolução Constitucionalista de 1932. Entidades como a Juventude Comunista,
a Juventude Integralista, a União Democrática Estudantil, a Federação Vermelha
dos Estudantes e a Frente Democrática da Mocidade surgem nessa década. Logo,
a demanda por uma entidade única que representasse os estudantes surge, e
1937, surge a União Nacional dos Estudantes.
A UNE participa tanto de campanhas a
favor das políticas governamentais,
como “O petróleo é nosso”, quanto
criticando, como na questão da
supressão do PCB. Em 1948, surge a
equivalente da UNE para os
secundaristas brasileiros, a UBES.
Porém, em 1949, a ala de direita da UNE
se organiza e no ano seguinte, vence as
eleições, com o apoio da Presidência da
República que preferia uma UNE que não
fosse de encontro às decisões de seu
governo. Assim que os militares tomam o poder em 1964, um dos primeiros alvos
foi a UNE, com sua sede sendo saqueada e incendiada e a entidade tornada ilegal.
Em 1968, a insatisfação dos estudantes com o novo regime atinge seu ápice.
Acontecem nesse ano grandes protestos, muitos dos quais violentamente
reprimidos.
Após o AI-5, no final daquele ano, ficou cada vez mais impossível a atuação
estudantil brasileira, com as prisões, tortura e mortes se tornando cada vez mais
comuns e muitos começaram a aderir à luta armada como forma de lutar pela
volta da democracia no país.
A partir de 1974 o movimento estudantil começa sua reconstrução com a liberação
da organização estudantil pela legislação e em 1985 a UNE retorna da
clandestinidade e participa das Diretas Já. Em 1992, os estudantes voltam a
demonstrar força com o movimento dos caras-pintadas, que resultou no
impeachment do presidente Fernando Collor de Mello
Atualmente, no Brasil, as principais organizações são a União Nacional dos
Estudantes, a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas e a Associação
Nacional de Pós-graduandos, além das entidades de área, como a Direção
Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina, a Federação dos Estudantes de
Agronomia, a Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura e Urbanismo e a
Federação Nacional de Estudantes de Direito.
4.22- Guerrilha do Araguaia
Nas décadas de 60 e 70, o Brasil enfrentou um período de denominado Ditadura
Militar quando os militares tomaram o poder, derrubando o presidente João

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Goulart. A década de 60 foi marcada pelo terror. Enfraquecidos, por volta de 68,
os militantes, influenciados por táticas de guerra rural de Mao Tse-tung e Che
Guevara, concentraram suas últimas forças no campo. Um grupo se alojou nas
margens do Rio Araguaia, que abrange parte dos Estados do Pará, Maranhão e
Goiás.
No início da década de 70,
estourava a guerrilha do
Araguaia um movimento de
luta armada entre os
comunistas e militares. Com
a instauração do Ato
Institucional nº 5 (AI-5), a
situação nos centros urbanos
se agravou. Era necessária
uma nova estratégia. Desde
1960 os militantes já
possuíam homens nas
margens do Araguaia. Estes,
com interesses em comum, se aliaram aos comunistas, dando-lhes, em troca,
comida, moradia e conhecimento sobre a área. Esse fator foi determinante na
guerrilha.
A guerrilha contra os militantes se desenvolveu em três frentes, sendo que nas
duas primeiras os comunistas saíram vencedores. Além de não conhecerem a área,
os militares não tinham o prestígio da população local. Pelo contrário, eram
odiados. Os comunistas se lançavam mata adentro sempre que alguma ameaça
era detectada. E sem o apoio da população, o êxito militar era quase impossível.
Quase, porque na terceira frente, os militares entraram no jogo. Meses antes do
embate, infiltraram tropas entre os ribeirinhos e foram aprendendo sobre a área e
colecionando informações sobre os militantes que ali se encontravam. Com doses
de crueldade, torturavam locais a fim de descobrirem mais sobre os militantes. E
1973, os comunistas foram cercados e derrotados. Os militares se armaram com
fuzis FAL (os comunistas possuíam espingardas), abusaram do uso de helicópteros
e aviões, atearam fogo em todas as cabanas que encontraram pelo caminho,
destruíram depósitos de alimentos que foram construídos nos povoados próximos,
e, baseados em informações de delatores e ribeirinhos ludibriados, enfraqueceram
os comunistas e os derrotaram. Venceram pelo cansaço.
A guerrilha do Araguaia não foi bem-sucedida, mas, no âmbito tático, pode-se
dizer que foi vitoriosa. A imprensa só divulgou a guerrilha após seu fim. Censurada
pela ditadura, não cobria os acontecimentos e muitos nem sabiam o que estava
acontecendo no interior do país. Comunistas capturados eram fuzilados ou
decapitados. Os militares transformaram as margens do Araguaia em um cemitério
aberto.
4.23- Movimentos sociais e a luta sindical
O sindicalismo é uma corrente que defende a importância de fortalecer os
sindicatos para defender a classe trabalhadora. Antes dos sindicatos, já haviam
outras formas de associação entre trabalhadores de um mesmo ramo ou ofício. As

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sociedades de socorro e auxílio mútuo tinham por objetivo prestar assistência aos
trabalhadores e suas famílias em momentos de dificuldades.
As fábricas do século XIX eram um
ambiente terrível para os
trabalhadores, que cumpriam uma
jornada, em média, de 14 a 16 horas
diárias a troco de um salário
miserável. As condições eram
insalubres, havia muitos acidentes
de trabalho e era comum o uso de
mão de obra infantil (a partir do 6
anos de idade) e a aplicação de
punições físicas aos trabalhadores
considerados menos produtivos ou
indisciplinados. Nesse contexto, os
sindicatos surgem pela necessidade
de conquistar melhores condições de trabalho e salários mais justos.
Historicamente, a principal ferramenta de luta do sindicalismo tem sido a greve. A
interrupção momentânea do trabalho mostra a importância dos trabalhadores para
a geração de riqueza – ou para o próprio funcionamento da comunidade – e é um
instrumento efetivo de pressão, responsável por uma série de conquistas no
campo trabalhista, das quais desfrutamos ainda hoje.
A primeira greve registrada no Brasil aconteceu no ano de 1858 e foi organizada
pelos tipógrafos, que reivindicavam um aumento salarial. Durante o governo
Vargas, na década de 30, algumas conquistas trabalhistas foram consolidadas
como a jornada de 8 horas.
Antes do golpe civil-militar de 1964, os sindicatos passavam por intensa atividade
política, mas foram interrompidos e perseguidos pelas forças conservadoras no
poder. Com o processo de redemocratização, na década de 80, surge o chamado
novo sindicalismo, resultado das grandes mobilizações na região do ABC paulista.
4.24- Da “distensão” à abertura política: Anistia, terrorismo da direita, a
campanha pelas “diretas”, o fim do regime militar e o “governo Sarney’’
Por injunções da política dos quartéis, sucederia a Médici um dos mais
incontestáveis sobreviventes do “castelismo”, o grupo que deteve o poder no
governo Castello Branco, derrotado pela linha dura com a ascensão de Costa e
Silva. O general Ernesto Geisel sairia de um posto importante, a presidência da
Petrobras, para o Planalto. No ostracismo do período Costa e Silva, passou pelo
Superior Tribunal Militar e, pelas mãos de Médici, assumiria a estatal. E escolhido
por Médici seria o próximo presidente da República.

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Ernesto contaria com outro forte


eleitor, o irmão, Orlando, ministro do
Exército. Os quartéis aquietaram-se
sob o punho de ferro de Orlando. No
dia 15 de março de 74, Geisel
assumiria com um discurso de praxe.
Gravações de inúmeras conversas
mantidas por Geisel com futuros
ministros e auxiliares, feitas com o
conhecimento dele na fase de
montagem do governo, e reveladas por
Elio Gaspari na série de livros sobre os
Anos de Chumbo (“Ilusões armadas” e
“O sacerdote e o feiticeiro”), adiantavam o perfil do que seria aquela presidência:
forte, centralizadora e autoritária, para permitir a distensão política. Parecia
contraditório, mas não era.

4.24.1- Lei da anistia

A Lei da Anistia faz parte de um conjunto de medidas tomadas no contexto da


abertura política do regime militar que vigorou por 21 anos no Brasil.
Antes de haver propriamente uma campanha pela anistia, o Movimento
Democrático Brasileiro (MDB) incluiu em seu programa, no ano de 1972, a luta
pela paz nacional, com o pedido de uma nova Assembleia Constituinte, pela
concessão da anistia e pelo retorno das eleições diretas.
O movimento pela anistia havia sido iniciado pela advogada Therezinha Zerbini,
que criou o Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), em 1975. Os comitês desse
movimento se espalharam em solo nacional e internacional, receberam apoio da
Igreja Católica e do recém-criado PMDB no início da década de 1980.
Aprovada em 28 de agosto de 1979, a lei nº 6.683 concedeu a anistia a todos que
cometeram crimes políticos ou eleitorais e àqueles que sofreram restrições em
seus direitos políticos em virtude dos Atos Institucionais (AI) e Complementares,
entre 02 de setembro de 1961 e 15 de agosto de 1979. Excluiu do benefício
aqueles que foram condenados por crime de terrorismo, atentado pessoal ou
sequestro.
Além disso, permitiu o retorno a vida político-partidária dos anistiados, desde que
em partidos legalmente constituídos. Após a aprovação da lei, houve o retorno ao
Brasil de muitos exilados, dentre eles líderes de esquerda tais como Brizola e Luís
Carlos Prestes.

4.24.2- Terrorismo de direita

Na tarde do dia 27 de agosto de 1980 uma explosão na sede da Ordem dos


Advogados do Brasil, no Rio de Janeiro, matou a secretária Lyda Monteiro da Silva,
que tinha 60 anos de idade. Era uma carta bomba detonada pela própria vítima ao
abrir o pacote enviado pelo Correio. No mesmo dia ocorreram outros atentados:
uma carta semelhante feriu gravemente, na Câmara dos Vereadores do Rio de

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Janeiro, José Ribamar de Freitas, que perdeu um braço e um olho em consequência


da explosão. Outras cinco pessoas foram feridas. Antes, na madrugada daquele
dia, outra bomba havia destruído a redação carioca do jornal Tribuna da Luta
Operária. Duas outras bombas não chegaram a explodir: uma enviada para a sede
da Associação Brasileira de Imprensa e outra, de alto poder explosivo (tinha
capacidade para destruir um prédio de quatro andares), em um edifício da Sunab,
no Rio de Janeiro.
A ditadura militar estava em crise terminal. A aprovação da anistia, exatamente
um ano antes (em agosto de 1979), permitiu uma atividade dos partidos e
lideranças democráticos e de esquerda que, embora limitada pela perseguição
policial da ditadura que ainda não chegara ao fim, intensificava a luta pela
democracia e pelo fim do arbítrio. Era uma situação ambígua onde, graças à anistia
"recíproca" adotada pelos dirigentes da ditadura, os agentes do aparato repressivo
continuavam ativos contra o avanço da luta democrática.

4.24.3- A campanha pelas “diretas” o fim do regime militar

"Diretas Já" foi um movimento político de cunho popular que teve como objetivo
a retomada das eleições diretas ao cargo de presidente da República no Brasil.
O movimento Diretas Já começou em maio de 1983 e foi até 1984, tendo
mobilizado milhões de pessoas em comícios e passeatas. Contou com a
participação de partidos políticos, representantes da sociedade civil, artistas e
intelectuais. Mesmo sendo marcado por significativo apelo popular, o processo de
eleições diretas só ocorreu 29 anos depois em 1989.
Nesse período da história, o Brasil contava com quatro partidos políticos na
oposição. Eram eles o PMDB (Partido do Movimento Democrático Brasileiro), PT
(Partido dos Trabalhadores), PDT (Partido Democrático Trabalhista) e PTB (Partido
Trabalhista Brasileiro).

4.24.4- Governo Sarney

O governo de José Sarney foi inicialmente marcado pela frustração político-


ideológica da volta à democracia com a morte de Tancredo Neves. Ocupando o
posto de vice-presidente, Sarney foi o primeiro civil a tomar posse do governo
presidencial após os anos da ditadura. Historicamente ligado às tradicionais
oligarquias nordestinas, o governo José Sarney tinha a difícil missão de recuperar
a economia brasileira sem abrir mão dos privilégios das elites que apoiavam.
Buscando contornar a crise da economia, Sarney montou uma equipe econômica
contrária a antiga política econômica do período militar. A nova equipe foi
responsável pela criação, em 1986, do Plano Cruzado.

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No primeiro instante, os
objetivos desse plano
foram alcançados: a
inflação atingiu valores
negativos, o consumo
aumentou e os fundos
aplicados foram lançados
na economia. Alguns
meses mais tarde, a
euforia de consumo levou
o plano à falência. Muitos
fornecedores passaram a
cobrar um ágio sob a
obtenção de
determinados produtos. A ineficiência do campo econômico, só não ganhou maior
destaque na época devido às movimentações políticas em torno da Constituição
de 1988. Esperada como uma nova lei que acabasse com os últimos entraves do
sistema repressivo militar e garantisse as liberdades civis e políticas, a nova
constituição ofereceu ganhos significativos nas questões das liberdades e dos
direitos individuais.
Mesmo com tais problemas, a nova carta reintroduziu a população ao jogo político
nacional e garantiu o estabelecimento de princípios democráticos. No ano de 1989,
uma nova eleição presidencial inaugurou o período da Nova República com a
eleição de Fernando Collor de Mello.
4.25- As eleições de 1989: Lula x Collor
Após 21 anos (1964-1985) de Ditadura
Militar no Brasil, sem eleições diretas
no país, em 1989, os brasileiros
puderam votar para presidente.
Durante a campanha eleitoral, Collor
propôs o combate à inflação e à
corrupção, especialmente contra os
"marajás", funcionários públicos que
recebiam altos salários. Por isso, ficou
conhecido como o “caçador de
marajás". Foi um grande crítico das
classes baixas e de frases de efeito
“Não fale em crise. Trabalhe”.
Numa disputa acirrada, Fernando
Collor, do PRN (Partido da Reconstrução Nacional) obteve 35 milhões de votos.
Assim, ele derrotava seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos
Trabalhadores (PT), que obteve 31 milhões de votos. Sua posse foi realizada em
15 de março de 1990.
Imediatamente após a posse, Collor pôs em prática o “Plano de Reconstrução
Nacional” (dividido em planos Collor I e II). O plano consistia em confiscar as
poupanças com o objetivo de conter a inflação no país e fortalecer a nova moeda,
o cruzeiro novo.

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Pouco tempo após ascender ao poder é revelado o esquema de corrupção


envolvendo o tesoureiro de sua campanha, Paulo César Farias, mais conhecido por
PC Farias.
Em 1992, seu irmão Pedro Collor de Mello (1952-1994) revelou como era feito o
desvio de dinheiro público, envolvendo Fernando Collor e PC Farias.
Diante do movimento nas ruas e o crescente isolamento político do presidente, a
Câmara aprova a abertura de processo de Impeachment de Collor com apuração
de 441 votos contra 38.
Porém, com medo de perder seus direitos políticos, Collor renunciou ao cargo da
presidência em 29 de dezembro de 1992. Mais tarde, em 1995, Collor foi
considerado inocente pelo Superior Tribunal Federal (STF).

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