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Departamento de História
Universidade Pedagógica
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Primeira Edição
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eletrónico- sem a permissão da Universidade Pedagógica.
Índice
Visão Geral do Módulo de História Moderna Europa -América 1
Ícones de Actividades 4
Lição n° 1 11
Contextualização da primeira expansão europeia ........................................................... 11
Primeira expansão marítima europeia ................................................................... 13
Causas da primeira expansão europeia .................................................................. 14
Lição n° 2 18
A Expansão marítima europeia no século XV ................................................................ 18
Expansão marítima Portuguesa ............................................................................. 20
A expansão marítima Espanhola ........................................................................... 21
Lição n° 3 25
A expansão marítima europeia no século XVI ............................................................... 25
A expansão marítima inglesa, francesa e holandesa ............................................. 26
O tratado de Tordesilhas e a expansão marítima no século XVI .......................... 27
Lição n° 4 37
Renascimento: contextualização ..................................................................................... 37
Renascimento: Conceito e características ............................................................. 39
As causas do Renascimento .................................................................................. 41
Lição n° 5 45
A Itália- O berço do Renascimento................................................................................. 45
Renascimento na Itália .......................................................................................... 46
A literatura renascentista italiana .......................................................................... 47
A Arte renascentista italiana.................................................................................. 49
A filosofia e a ciência na Itália Renascentista ....................................................... 52
O declínio do renascimento italiano ...................................................................... 55
Lição n° 6 59
A expansão do Renascimento na Europa ........................................................................ 59
6.1. Renascimento na Alemanha ........................................................................... 60
O Renascimento na península Ibérica ................................................................... 62
Renascimento nos Países Baixos ........................................................................... 63
Renascimento na França ........................................................................................ 65
Renascimento na Inglaterra ................................................................................... 66
Lição n° 7 73
Reforma religiosa na Europa- Contextualização ............................................................ 73
Contexto do surgimento da Reforma Religiosa .................................................... 74
Os ideais dos reformadores protestantes ............................................................... 76
Lição n° 8 80
Causas da Reforma Protestante....................................................................................... 80
Causas religiosas ................................................................................................... 81
Causas Políticas ..................................................................................................... 83
Causas económicas ................................................................................................ 84
Lição n° 9 89
O desencadeamento da Reforma na Alemanha .............................................................. 89
Ambiente socioeconómico e político na Alemanha do século XVI ...................... 90
O luteranismo na Alemanha .................................................................................. 91
Lição n° 10 95
O desencadeamento da Reforma na Suíça: o calvinismo ............................................... 95
O calvinismo na Suíça ........................................................................................... 95
Lição n° 11 99
A Revolução Protestante na Inglaterra ........................................................................... 99
Anglicanismo na Inglaterra ................................................................................. 100
Lição n° 12 104
A Reforma católica ou Contra-Reforma ....................................................................... 104
O concílio de Trento e a contra-reforma ............................................................. 105
A inquisição, o índex e a companhia de Jesus .................................................... 106
Lição n° 13 110
As consequências da Reforma religiosa ....................................................................... 110
Consequências da reforma religiosa do século XVI ........................................... 111
Unidade 4: Revolução Industrial 117
Lição n° 14 119
Revolução industrial – Contextualização ..................................................................... 119
Conceito e características da Revolução Industrial ............................................. 120
Causas da Revolução industrial ........................................................................... 122
Lição n° 15 127
Revolução Industrial na Inglaterra ................................................................................ 127
A Inglaterra: o berço da Revolução Industrial .................................................... 129
Lição n° 16 133
A Revolução Industrial como arranque económico triunfal da sociedade capitalista .. 133
A Revolução Industrial e a sociedade capitalista ................................................ 134
O triunfo da sociedade capitalista ....................................................................... 136
Lição n° 17 143
Revolução Inglesa/Gloriosa no século XVII ................................................................ 143
Causas e decurso da revolução ............................................................................ 144
Lição n° 18 148
Revolução Americana ................................................................................................... 148
A formação das colónias ..................................................................................... 150
O processo de independência nos EUA .............................................................. 151
Lição n° 19 156
A Revolução Francesa: como arranque da idade contemporânea ................................ 156
As causas da Revolução Francesa ....................................................................... 158
A convocação dos Estados Gerais e início da revolução .................................... 160
1
Objectivos do Módulo
O módulo visa ajudá-lo a ser capaz de:
Descrever o contexto do surgimento da primeira expansão
europeia;
2
Estrutura do Módulo
Os conteúdos deste módulo estão organizados em 4 (quatro)
unidades e 21 lições conforme ilustramos no quadro que se segue:
3
A quem se destina o Módulo
Este Módulo foi concebido para os estudantes da Universidade
Pedagógica inscritos no 2º ano do Curso de Licenciatura em Ensino
de História na modalidade de Educação à Distancia. Poderá ocorrer,
contudo, que haja leitores que queiram se actualizar e consolidar seus
conhecimentos nessa disciplina, esses serão bem-vindos.
Avaliação
Ao longo deste módulo encontram-se actividades e tarefas de auto-
avaliação. Parte das actividades e essas terefas serão objecto de
avaliação devendo ser entregues aos tutores/doceentes para efeitos
de correcção e subsequentemente atribuição da nota. Haverá outros
objectos de avaliação como: participação em chats na plataforma,
actividades disponibilizadas na plataforma, testes presenciais e
exame do fim do módulo. Pelo que, caro estudante fazer todos os
exrcícios de avaliação é uma grande vantagem.
Ícones de Actividades
4
que a figura representa e a descrição do que cada um deles indica no
módulo:
[peneira]
[colher de pau com
[enxada em actividade] alimento para provar]
4. Exemplo/estudo de 5. Debate 6. Trabalho em grupo
caso
[Jogo Ntxuva]
[fogueira] [mãos unidas]
7. Tome nota/Atenção 8. Objectivos 9. Leitura
[sol]
[embondeiro]
5
13. Terminologia 14. Video/Plataforma 15. Comentários
Glossário
[Dicionário] [computador]
[Balão de fala]
6
11. Tempo – O sol indica o tempo aproximado que deve dedicar á
realização de uma tarefa ou actividade, estudo de uma unidade ou
lição.
12. Resumo – Representado por pessoas sentadas à volta da fogueira
como é costume fazer-se para se contar histórias. É o momento de
sumarizar ou resumir aquilo que foi tratado na lição ou na unidade.
13. Terminologia/Glossário – Representado por um livro de consulta,
indica que se apresenta a terminologia importante nessa lição ou
então que se apresenta um Glossário com os termos mais
importantes.
14. Vídeo/Plataforma – O computador indica que existe um vídeo para
ser visto ou que existe uma actividade a ser realizada na plataforma
digital de ensino e aprendizagem.
15. Balão com texto – Indica que existem comentários para lhe ajudar a
verificar as suas respostas às actividades, exercícios e questões de
auto-avaliação.
7
Conteúdos
Expansão marítima e
comercial europeia
Lição n° 1 11
UNIDADE
Contextualização da primeira expansão
europeia............................................................................... 11
1
Primeira expansão marítima europeia .... 13
Causas da primeira expansão europeia ...14
Lição n° 2 18
A Expansão marítima europeia no século XV ...... 18
Expansão marítima Portuguesa ................. 20
A expansão marítima Espanhola ..................21
Lição n° 3 25
A expansão marítima europeia no século XVI ... 25
A expansão marítima inglesa, francesa e
holandesa ............................................................ 26
O tratado de Tordesilhas e a expansão
marítima no século XVI...................................27
Pág. 10 - 33
9
Introdução
No século XV, início da Idade Moderna, a Europa via sua economia
cada vez mais comprometida com a queda de consumo dos bens
produzidos na zona rural e agrícola. O mercado interno europeu
passava por sérias complicações. Para abastecer o consumo, muitas
vezes tinha que importar produtos do Oriente, como especiarias,
objectos raros e pedras preciosas.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
10
Lição n° 1
Contextualização da primeira expansão europeia
Introdução
A primeira expansão marítima europeia apresentou-se como um dos
mais incríveis eventos históricos de todos os tempos. Após a crise de
cereais no século XIV, a Europa necessitava de eliminar as barreiras
feudais para desenvolver o comércio através da conquista de novos
mercados. Entretanto, alguns obstáculos se interpuseram sobre tais
interesses, como por exemplo, o monopólio árabe-veneziano sobre o
comércio de produtos orientais, sobretudo, das especiarias. O
comércio com o Oriente era bastante lucrativo para os comerciantes
italianos, mas empobrecia a economia europeia, pois os produtos
orientais eram pagos, em boa parte, com ouro e prata.
11
Tempo de estudo da Unidade
5 horas
Tempo
Observe o mapa 1.
Actividade 1
Fonte: https://historiazine.com/
12
Primeira expansão marítima europeia
Na Europa ocidental, sobretudo nos séculos XIII e XIV, a produção
de alimentos não era suficiente para alimentar sua população. Para
agravar a situação, a população rural não tinha poder económico para
adquirir a produção artesanal dos burgos. Assim, o excedente
artesanal deveria ser colocado em outros mercados. A solução
natural para todos esses problemas foi a expansão marítima. Como
Veneza dominava as principais rotas do Mediterrâneo, era
necessário encontrar novas rotas. Os europeus, acostumados à
navegação no Mediterrâneo e próximo ao litoral Atlântico, teriam
que desenvolver técnicas mais ousadas, ampliar conhecimentos
geográficos e astronómicos para orientação em mar alto, e melhorar
a cartografia, essencial para a representação das novas regiões. As
modernas invenções criavam uma perspectiva favorável para as
navegações: a imprensa propiciava a divulgação dos avanços, a
pólvora era utilizada para armar os navios com canhões; e
instrumentos como a bússola e o astrolábio orientavam melhor os
navegantes. A introdução do leme e o uso da vela latina propiciaram
o aparecimento da caravela, um navio capaz de enfrentar os grandes
percursos, as grandes ondas do Atlântico e de carregar muita
mercadoria. Soma-se, a tudo isso, o interesse económico do Estado
moderno e a obra missionária da Igreja Católica e um amplo
estimulante das grandes navegações. Segundo Schneeberger (2006:
138), a queda de Constantinopla, em 1453, acelerou a expansão
marítima, pois com as rotas comerciais no Mediterrâneo oriental sob
controlo dos turcos, as mercadorias asiáticas alcançaram um alto
preço. Assim, era preciso descobrir novas rotas para evitar o domínio
comercial dos turcos e venezianos no Mediterrâneo e atingir as
Índias directamente, sem intermediação.
13
crise europeia e fortalecer a nova classe que despontava: a burguesia
comercial.
14
recursos a escala nacional para investir num negócio tão
fantasticamente grande;
A escassez de metais preciosos para a cunhagem de moedas
no continente europeu era um problema grave desde o início
da Baixa Idade Média, em virtude da canalização de moedas
para o Oriente, por intermédio do comércio de especiarias
feito principalmente pelas cidades italianas. A expansão
poderia proporcionar um afluxo de metais preciosos, obtidos
através do comércio ou da exploração de jazidas que fossem
eventualmente descobertas;
A ascensão da burguesia (aliada ao rei) e o processo de
renascimento urbano. Este último se reflectia directamente
no aumento do consumo de produtos orientais, devido à
mudança nos hábitos da população abastada das cidades
europeias;
Os interesses da Igreja Católica, preocupada em expandir a
fé para outros continentes, já que crescia a influência do
movimento protestante. Esse ideal cruzadístico deve ser visto
como um elemento de justificativa utilizado pela Igreja e pela
nobreza tradicional. Tal ideal, ao apregoar a expansão da fé
cristã, está relacionado ao interesse em se conquistarem
terras aos árabes, à derrota do mundo muçulmano e à prática
do saque.
15
Europa. Eram países voltados naturalmente para o Atlântico e
próximos, o que permitiu que cedo dominassem o mar e as técnicas
de navegação.
Resumo da lição
Nesta lição abordou-se sobre a primeira expansão marítima europeia
no que diz respeito ao contexto, causas e enquadramento espácio-
temporal. Movidos por interesses económicos, políticos e religiosos,
Portugal e Espanha empreenderam viagens marítimas para outros
continentes a partir do século XV, por isso, são considerados
pioneiros da expansão.
Auto-avaliação
1. Explique o contexto da emergência da expansão
europeia.
2. Durante a nossa lição ficou claro que Portugal e Espanha
foram os pioneiros da expansão.
a) Que factores contribuíram para esse pioneirismo?
3. Quais são as causas da expansão marítima europeia?
Comentários da auto-avalição
Ao responder à pergunta 1, se conseguiu enquadrar na sua
resposta a queda de Constantinopla em 1453, o bloqueio do
Mediterrâneo e a alta de preços dos produtos orientais; você está
parabens e está num bom caminho. Mas se não conseguiu
enquadrar, tente de novo e compara a sua resposta à dos seus
colegas. Para responder às perguntas 2 e 3, o subtópico 1.2
16
desta lição, as causas da expansão e o pioneirismo de Portugal
e Espanha estão destacados com “bulets”. Se tiver dúvidas na
sua resposta, compare-a à dos seus colegas.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
17
Lição n° 2
A Expansão marítima europeia no século XV
Introdução
Na lição anterior referiu-se a Portugal e Espanha como tendo sido os
primeiros países a lançarem-se para a expansão marítima. Embora
ambos tenham iniciado a expansão no século XV e com mesmos
objectivos, as rotas foram seguidas e os destinos foram diferentes.
Tempo
18
1. Nas classes anteriores, você teve a oportunidade de falar da
primeira expansão marítima europeia. A principal causa,
sobretudo, para Portugal e Espanha é a procura do caminho
Actividade 4 marítimo para Índia à procura de especiarias.
1._ 2._
3._ 4._
5._ 6._
19
Expansão marítima Portuguesa
A Guerra dos Cem Anos interrompera a ligação terrestre entre a
Itália e os Países Baixos. Com efeito, Lisboa tornara-se escala na rota
do Mar Mediterrâneo-Atlântico, que alcançava o Mar do Norte e
importantes centros comerciais daquela área. Dessa forma, Portugal
adquiria importância no comércio marítimo europeu, contando com
portos adequados a essa actividade.
20
Tomé e Príncipe) e asiático (Calicute, Goa, Timor e Malaca). Em
1520, os portugueses atingiam a China e o Japão.
21
sinceramente ter chegado nas Índias. Foram feitas várias
explorações, especialmente nas ilhas de Cuba e Haiti.
Nos anos seguintes, mais três viagens foram feitas por Colombo,
explorando a costa da Venezuela e a América Central, regiões insular
e continental. Porém, as fabulosas riquezas asiáticas não eram
localizadas, para sua frustração. Merece destaque a grande viagem
iniciada por Fernando de Magalhães, em Setembro de 1519.
Navegante português a serviço da Espanha, propôs-se a circunvagar
o mundo. Desceu o Atlântico próximo ao litoral da América do Sul,
atravessou o estreito que leva seu nome (estreito de Magalhães),
adentrou e percorreu o imenso oceano denominado por ele de
Pacífico, mas morreu nas Filipinas em 1521. Seu substituto,
Sebastião del Cano, concluiu a viagem em Setembro de 1522. Dos
265 tripulantes e cinco embarcações, apenas 18 homens e um navio
haviam regressado.
Resumo da lição
O conteúdo da lição que aqui termina foi sobre a expansão marítima
no século XV onde se constatou que foi dominada por Portugal e
Espanha. Portugal começou, em 1415, com a conquista de Ceuta
(norte de África) ao passo que a Espanha começou mais tarde com
a chegada às Américas em 1492.
22
Auto-avaliação
1. Portugal e Espanha iniciaram a expansão no século XV, com
o objectivo de chegar a Índia à procura de especiarias.
Comentários da auto-avaliação
Na pergunta 1.a) se você respondeu que é Portugal, parabéns, está
a entender a matéria. Para responder às perguntas 1.b) e 1.c) releia
os subtópicos 2.1 e 2.2 desta lição. Você poderá notar que é
dedicada especial atenção para Vasco da Gama e Cristóvão
Colombo.
23
Leituras complementares
BURNS, Edward Mcnall. História da Civilização Ocidental: do
Homem das cavernas até a bomba Atómica. Vol.I Rio de Janeiro,
Editora Globo, 1941
24
Lição n° 3
A expansão marítima europeia no século XVI
Introdução
A primeira expansão marítima europeia embora tenha iniciado com
Portugal e Espanha teve envolvimento de outros países. A natureza,
o destino e provavelmente os objectivos, foram diferentes de um país
para o outro. Por isso nesta lição descrevemos a expansão dos países
europeus que se envolveram no século XVI.
Tempo
25
A expansão marítima inglesa, francesa e holandesa
“[...] que se faça e assinale polo dito mar oceano uma raia ou linha direita
de pólo a pólo, a saber do pólo árctico ao pólo antárctico, que é de norte
a sul. A qual raia ou linha se haja de dar e dê direita, como dito é, a
Actividade 3 trezentas e setenta léguas das ilhas do Cabo Verde pera a parte do
ponente, por graus ou por outra maneira como melhor e mais prestes se
possa dar de maneira que não sejam mais nem menos[...]”.
26
Nas perguntas 1 a) e 1b), se você respondeu que os principais
participantes foram Portugal e Espanha e que o assunto tratado foi a
divisão do mundo entre eles, parabéns! Voc está num bom caminho.
Quanto à pergunta 1 c) olhando para o mapa, fica claro que Portugal
Comentário da actividade 3 seria o maior beneficiado.
27
de sua agricultura e de suas finanças, o que levou algum tempo. Por
seu turno, na Inglaterra, a disputa pelo trono levou à Guerra das Duas
Rosas (1455 a 1485), um conflito interno que envolveu as famílias
Lancaster (rosa vermelha no brasão) e York (rosa branca no brasão).
A paz só foi alcançada em 1485, com a coroação de um membro da
família Tudor, Henrique 7º, que tinha laços de parentesco com as
duas casas de nobres que vinham se digladiando até então.
28
La Salle, em 1682, navegou pela região do Mississipi, reivindicando
sua posse pela França, com o nome de Luisiana.
29
Resumo da lição
Nesta lição abordou-se a expansão marítima e comercial europeia
no século XVI, tendo-se destacado que a mesma foi marcada pela
participação da Inglaterra, França e Holanda. A Inglaterra e
França, na impossibilidade de disputarem o mercado com Portugal
e Espanha, financiaram a pirataria no mar contra os barcos desses
países e, apoderando-se das suas mercadorias foram enriquecendo
os seus estados. A pirataria foi a maior peculiaridade do século
XVI.
Auto-avaliação
1. A partir do século XVI outros países europeus lançaram-se à
expansão marítima, desafiando a hegemonia dos países da
Península Ibérica.
30
Comentários da auto – avaliação
Caro estudante, provavelmente terá sentido alguma dificuldade ao
responder às perguntas 1b) e 1c). Na pergunta 1b) se você
respondeu: guerra dos cem anos, guerra das duas rosas, disputa
entre os nobres e o rei; então você está de parabéns! Isso demonstra
que está num bom caminho. Para responder à pergunta 1c) deve
recorrer à ideia de pirataria praticada pelos ingleses contra os
barcos de Portugal ou Espanha carregados de metais vindos das
colonias.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
31
Figueiredo. História cronológica de Portugal. Portugal, Porto
Editora, 1991.
Licão nº 2
Licão nº 3
32
(1455 a 1485), um conflito interno que envolveu as famílias
Lancaster (rosa vermelha no brasão) e York (rosa branca no
brasão), o que desorganizou a sua economia.
Auto-avaliação da Unidade
1. Faça uma análise comparativa entre os países envolvidos na
primeira expansão marítima europeia. Para a sua orientação
preencha o quadro que se segue.
a)
Portugal
Espanha
Inglaterra
França
Holanda
33
Conteúdos
Renascimento
Lição n° 4 37 na Europa
Renascimento: contextualização ............................ 37
Renascimento: Conceito e
UNIDADE
características ................................................. 39
As causas do Renascimento ..........................41
2
Lição n° 5 45
A Itália- O berço do Renascimento ........................ 45
Renascimento na Itália .................................. 46
A literatura renascentista italiana ............47
A Arte renascentista italiana ...................... 49
A filosofia e a ciência na Itália
Renascentista.................................................... 52
O declínio do renascimento italiano ......... 55
Lição n° 6 59
A expansão do Renascimento na Europa ............. 59
6.1. Renascimento na Alemanha ................. 60
O Renascimento na península Ibérica ..... 62
Renascimento nos Países Baixos .............. 63
Renascimento na França .............................. 65
Renascimento na Inglaterra ........................ 66
Pág. 36 - 70
35
Introdução
Pouco depois de 1300 havia começado a decair a maioria das
instituições e dos ideais característicos da época feudal. A cavalaria,
o próprio feudalismo, o Santo Império Romano, a autoridade
universal do papado e o sistema corporativo do comércio e da
indústria iam aos poucos enfraquecendo e terminariam por
desaparecer completamente. Estava praticamente finda a grande
época das catedrais góticas, a filosofia escolástica começava a ser
ridicularizada e desprezada, e aos poucos, mas com eficácia, ia sendo
minada a supremacia das interpretações religiosas e éticas da vida.
Em lugar de tudo isso, surgiam gradualmente novas instituições e
modos de pensar cuja importância é suficiente para imprimir, aos
séculos que se seguiram, o cunho de uma civilização diferente. O
nome tradicionalmente aplicado a essa civilização, que se estendeu
de 1300 a cerca de 1650, é o de Renascimento.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Definir o conceito de Renascimento;
Identificar as principais causas do Renascimento;
Descrever as diversas manifestações do Renascimento nos
países da Europa;
Identificar os principais renascentistas.
36
Lição n° 4
Renascimento: contextualização
Introdução
O termo Renascimento tem sua origem na própria vontade de muitos
artistas e intelectuais dos séculos XV e XVI de recuperar ou retomar
a cultura antiga, greco-romana, que o período medieval passou a ser
rotulado como “Idade de Trevas”, época de “barbarismo” cultural.
37
O renascimento do meu novo ser
Uma diferente alma, um novo despertar
Nunca me esquecendo, ao mundo dizer!
Poemas de renscimento.
Extraido https:www.coladaweb.com › História
38
Renascimento: Conceito e características
O notável desenvolvimento literário, artístico e científico que
ocorreu no fim da Idade Média e começo da Idade Moderna foi
denominado renascimento pelos próprios homens daquela época. De
modo geral, esse movimento intelectual e cultural caracterizou a
transição da mentalidade medieval para a mentalidade moderna.
39
frequentemente, de uma veneração igual à que se consagrava a
qualquer dos santos.
40
Classicismo - Imitação dos autores clássicos gregos e romanos da
antiguidade. O classicismo aborda os homens ideais, libertos de suas
necessidades diárias, comuns. Os poetas renascentistas revivem a
idéia de Platão de que o amor deve ser sublime, elevado, espiritual,
puro, não-físico.
As causas do Renascimento
41
de Bath, Rogério Bacon e Frederico II. Pouco depois de se
ter iniciado o movimento renascentista, a sua marcha foi
acelerada pela influência dos protectores da cultura, tanto
leigos como eclesiásticos.
Resumo da lição
Esta lição centrou-se no renascimento, visto como um movimento
cultural e científico que surgiu na Europa no século XV. Baseado
na imitação da antiguidade greco-romana, o renascimento coloca
o homem e a razão no centro das suas atenções. As principais
correntes que deram mais visibilidade ao renascimento foram: o
classicismo, o humanismo e naturalismo.
Auto-avaliação
1. O termo Renascimento tem sua origem na própria vontade
de muitos artistas e intelectuais dos séculos XV e XVI de
recuperar ou retomar a cultura antiga, greco-romana.
a) Defina o conceito de renascimento.
b) Descreva o humanismo como característica do
renascimento.
c) O renascimento aquando da sua aparição foi
considerado um fenómeno urbano. Justifique.
42
Comentários da auto – avaliação
Para responder às questões colocadas volte a ler o texto desta lição
e compare as suas respostas às dos seus colegas. Lembre-se de que
o fenómeno refere-se a uma vontade de trazer os ideais de um
passado ignorado no tempo, por isso as suas causas devem ser
descriminadas em sociais, políticas e económicas. Pode ler
também as obras sugeridas nas leituras complementares ou
disponíveis na internet:
www.infoescola.com/movimentos-culturais/renascimento;
www.brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
43
CORVISIER, André. O Mundo Moderno. Lisboa, Ática, 1976.
44
Lição n° 5
A Itália- O berço do Renascimento
Introdução
Caro estudante!
Esta revolução antes de passar para toda a Europa, teve o seu início
na Itália. Por isso, nesta lição aborda-se a Itália como berço do
renascimento. Estudando esta lição você ficará a saber das
condições que permitiram o surto do renascimento na Itália, bem
como das grandes contribuições que o renascimento italiano deu ao
mundo moderno nos campos da ciência, literatura e da arte.
45
Tempo de estudo da lição: 5 Horas
Tempo
Renascimento na Itália
46
A literatura renascentista italiana
A literatura renascentista foi descrita por Burns (191 :490), ao referir
que, não existe nenhum vasto abismo a separar a literatura
renascentista italiana da literatura do fim da Idade Média. A grande
maioria dos feitos literários registados entre 1300 e 1550 já se
deixavam prefigurar por uma ou outra das diferentes tendências
surgidas nos séculos XII e XIII. O próprio Francisco Petrarca (1304-
1374), denominado o pai da literatura italiana renascentista, estava
muito próximo da mentalidade medieval. Usava o mesmo dialeto
toscano que Dante escolhera como base de uma língua literária
italiana. Além disso, acreditava firmemente no cristianismo como
caminho da salvação para o homem e cultivava, por vezes, um
ascetismo monacal. Suas obras mais conhecidas, os sonetos que
dedicou à sua amada Laura, participavam do mesmo tom que as
poesias cavaleirosas de amor dos trovadores do século XIII.
47
período da literatura italiana da Renascença, período que é
denominado Trecento.
48
prazeres não deturpados, livre dos cuidados e das frustrações de uma
sociedade urbana artificial.
49
psicológica. Para os seus retratos de santos e madonas escolheu,
como modelos, homens e mulheres comuns de Florença. Seu
principal quadro foi menino Jesus como uma robusta criança que
parecia muito capaz de, a qualquer instante, pôr-se a puxar os cabelos
da mãe ou explodir numa zanga pouco espiritual.
50
por isso algumas das suas pinturas trabalhadas em excesso e quase
morbidamente pessimistas. Toda a obra de Miguel Ângelo, foi o
humanismo na sua forma mais intensa e eloquente. A maior
realização de Miguel Ângelo como pintor foi a série de obras a
frescos que pintou no tecto da Capela Sixtina e nas paredes acima do
altar. A série compreende numerosas cenas da grande epopéia da
raça humana, de acordo com a lenda cristã. Entre elas estão Deus
separando a luz das trevas. Deus criando a terra, a criação de Adão,
a queda do homem, o dilúvio etc. A cena culminante é o juízo final,
que Miguel Ângelo terminou cerca de trinta anos depois, na parede
por trás do altar.
Esta lição é longa, por isso vamos parar um pouco para ver se você
está percebendo algo.
1. No ponto 5.1.2 abordou-se a arte renascentista italiana.
Actividade 5 a) Preenche o seguinte quadro:
Giotto
Introdução da técnica de
pintura a óleo
Cinquecento
51
A filosofia e a ciência na Itália Renascentista
A impressão comum de que o renascimento representa em todos os
campos um progresso em relação à Idade Média não corresponde
rigorosamente à verdade. Tal não se deu, em especial, no campo da
filosofia. Segundo Burns (1941:453), os primeiros filósofos dessa
época rejeitaram a escolástica, que dera um lugar de grande relevo
ao exercício da razão humana, e chafurdaram num pântano de
superstições infantis e puerilidades místicas. Como a escolástica
fizera de Aristóteles o seu deus intelectual, a maioria dos primeiros
humanistas resolveu voltar a Platão.
52
Por conseguinte, o chefe de estado nunca deverá fiar-se na lealdade
ou na afeição dos seus súditos.
53
do sol. Pôde, do mesmo modo, estabelecer que a Via-Láctea é uma
aglomeração de corpos celestes independentes do nosso sistema
solar e fazer uma idéia das enormes distâncias das estrelas fixas.
Embora muitos se voltassem contra eles, esses descobrimentos de
Galileu aos poucos convenceram a maioria dos cientistas de que era
verdadeira a principal conclusão de Copérnico. O triunfo final da
idéia costuma ser chamada Revolução Copernicana.
54
O declínio do renascimento italiano
Iniciado por volta de 1300, o renascimento italiano iria decair logo
depois de 1550 depois de dois séculos e meio de uma história
gloriosa. Para Delorme (1986:156), estão muito longe de ser bem
claras as causas desse desaparecimento um tanto repentino. Talvez
possamos colocar, em primeiro lugar na lista, a perda da supremacia
económica. Parece fora de dúvida que a brilhante cultura das cidades
italianas tenha repousado largamente num fundo de prosperidade
económica, resultante do monopólio comercial italiano com o
Oriente Próximo, depois da queda dos impérios muçulmano e
bizantino. O descobrimento do Novo Mundo, no fim do século XV,
levou os centros de comércio a se mudarem rapidamente da área
mediterrânea para a costa do Atlântico. Em consequência disso,
esgotou-se a seiva da cultura italiana. Houve outros elementos que
ditaram a decadência do renascimento entre eles a reforma católica
e a instabilidade política. A reforma religiosa será discutida na
próxima unidade.
55
a instâncias do Papa e, sob falsas acusações de heresia, foi
condenado à morte. Embora o caso Savonarola não constituisse em
si mesmo uma causa primordial do declínio da civilização
renascentista, é importante como indício da difusão desigual dos
conhecimentos e, consequentemente, dos frouxos alicerces sobre os
quais se construira tal civilização.
Resumo da lição
Esta lição foi dedicada à Itália como “berço” do renascimento e,
constatou-se que foram várias as condições que permitiram que o
renascimento eclodisse na Itália, entre elas destacaram-se: o facto
de a Itália ter sido detentora duma tradição clássica mais vigorosa
do que qualquer outro país da Europa ocidental, por outro lado,
tinha conseguido manter a crença de que os seus habitantes eram
descendentes dos antigos romanos e, finalmente, a existência de
cidades-estado autónomas que pareciam pequenas repúblicas. O
renascimento italiano manifestou-se em distintas áreas
nomeadamente literatura, arte, ciência e filosofia. A decadência
do renascimento italiano deu-se por volta de 1550 devido,
provavelmente, a perda da hegemonia económica das suas
cidades associada à persistência da ignorância e superstição nos
meios populares.
Auto-avaliação
1. Por volta de 1300, a Itália quebrando com a mentalidade
da época, inaugurou o renascimento que, pouco depois,
abrangeu várias áreas desde as artes até a ciência. Mas,
dois séculos depois este momento iria perder fervor.
56
a) Aponte as razões que ditaram o surto do
renascimento na Itália.
b) Nomeie as principais figuras que se destacaram na
literatura e as respectivas obras.
c) Qual foi o contributo do renascimento para o triunfo
da teoria heliocêntrica?
d) Leonardo da Vinci é considerado um génio no
cotexto do renascimento italiano. Explique porquê?
e) Descreva as causas da decadência do renascimento
italiano.
57
www.infoescola.com/movimentos-culturais/renascimento;
www.brasilescola.uol.com.br/historiag/renascimento.htm
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
58
Lição n° 6
A expansão do Renascimento na Europa
Introdução
No decorrer do século XVI a cultura renascentista expandiu-se para
outros países da Europa. Era inevitável que um movimento tão
vigoroso quanto o renascimento italiano se expandisse por outros
países. Durante anos houvera uma procissão contínua de estudantes
vindos da Europa setentrional para a Itália, a fim de coabitar com a
vida intelectual de Florença, Milão e Roma. Além disso, as
mudanças económicas e sociais no norte e no ocidente da Europa
haviam seguido, por algum tempo, um caminho mais ou menos
paralelo às da Itália. Por todas as partes, o feudalismo estava sendo
suplantado por uma economia capitalista e um novo individualismo
sobrepunha-se à estrutura corporativa da sociedade abençoada pela
igreja na Idade Média. Interesses comuns, económicos e sociais,
favoreceram o desenvolvimento duma cultura semelhante em quase
toda a Europa.
59
Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:
Tempo
60
Alemanha. Isso deveu-se não só à proximidade dos dois países, mas
também à migração em larga escala dos estudantes alemães para as
universidades italianas. A influência desse humanismo teve, porém,
pequena duração e seus frutos foram de certo modo escassos e
medíocres. Não se pode dizer quais teriam sido os resultados se a
Alemanha não fosse tão cedo lançada pela turbulência da luta
religiosa. A verdade, no entanto, é que a revolução protestante
excitou o ódio e a intolerância, inimigos inevitáveis do ideal
humanístico. Valorizou-se a fé e a intolerância, ao passo que tudo
que se assemelhasse ao culto do homem ou à reverência pela
antiguidade pagã era considerado obra do demónio. É quase
impossível fixar uma data para o início do renascimento alemão. Em
algumas cidades prósperas do sul, como Augsburgo, Nuremberg,
Munique e Viena, houve vigoroso movimento humanístico
importado da Itália desde 1450.
61
que acrescentar ao efeito sombrio da cena. Certas gravuras mais
conhecidas de Durer também possuem as mesmas características.
62
Flandres e, mais tarde, da Itália. A literatura do renascimento
espanhol apresenta certas tendências em comum com as da pintura.
Isso é particularmente verdadeiro do teatro, onde com frequência são
apresentadas peças alegóricas que descrevem o mistério da
transubstanciação ou apelam para o fervor religioso.
63
o título de santos do que muitos cristãos canonizados pelo Papa por
causa de milagres fortalecedores da fé dos crédulos.
64
Renascimento na França
A despeito dos fortes interesses artísticos do povo francês,
demonstrado pela perfeição da sua arquitectura gótica na Idade
Média, foram relativamente de pequena importância as realizações
dos artistas desse país na época do renascimento. Houve um pequeno
progresso na escultura e um modesto avanço na arquitectura. Foi
nesse tempo que se construiu o Louvre, no lugar de edifício mais
antigo que tinha o mesmo nome, enquanto numerosos castelos
erigidos no país representavam uma tentativa mais ou menos bem-
sucedida de combinar a graça e a elegância do estilo italiano com a
solidez do castelo medieval.
Para ele, todos os instintos do homem eram sãos, contanto que não
pretendessem tiranizar outros homens. Assim como Erasmo
acreditava na bondade inerente do homem, mas, diferindo do grande
príncipe dos humanistas, manteve-se pagão, rejeitando não somente
o dogma cristão, mas também a moralidade cristã. Sua famosa
descrição da abadia de Theleme, construída por Gargântua, pretendia
mostrar o contraste entre a sua concepção de liberdade e o ideal
ascético cristão.
65
Renascimento na Inglaterra
A Inglaterra gozou de uma idade áurea no século XVI e no começo
do XVII. Embora ainda não estivesse fundado seu grande império
colonial, começara não obstante, a colher enormes lucros da
produção de lã e do comércio com o continente. As classes
comerciais da Inglaterra desfrutavam excepcionais vantagens sobre
suas rivais dos outros países. Contribuíram também para o
florescimento de uma brilhante cultura na Inglaterra o
desenvolvimento da consciência nacional, o despertar do orgulho do
poder estatal e a expansão do humanismo vindo da Itália, da França
e dos Países-Baixos. Não obstante, o renascimento inglês limitou-se
principalmente à filosofia e à literatura.
66
e para a prática das virtudes naturais da sabedoria, moderação,
fortaleza e justiça.
Resumo da lição
Nesta lição abordou-se a expansão do renascimento pelos países da
Europa. Constatou-se que o mesmo não teve a mesma velocidade
em todos países, havendo alguns que abraçaram muito cedo (1450)
e outros que esse movimento só se manifestou na primeira metade
do seculo XVI. O mesmo aconteceu com os domínios de maior
influência do renascimento que também não foram uniformes,
havendo países que só se dedicaram à literatura e pintura, e outros
que abrangeram mais áreas.
Auto-avaliação
1. Depois da Itália, o renascimento expandiu-se por outros
países da Europa embora com uma velocidade
diferenciada.
67
Comentários da auto – avaliação
Para responder à pergunta 1.a) basta voltar a ler os subtítulos da
lição nº 6 pois eles reflectem o renascimento em cada país. Na
pergunta 1.b) é importante salientar que nem todos os países
durante o renascimento desenvolveram todas as áreas. Por
exemplo: a Alemanha desenvolveu a pintura, a Inglaterra a
Filosofia, Portugal e Espanha a literatura e, assim por diante.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
68
Resposta aos exercícios das lições da unidade
Para ajudar-lhe a avaliar a qualidade das suas respostas ao longo
das lições desta unidade, apresento a seguir alguns comentários das
perguntas. Seleccionei as questões que presumi que você poderia
ter dificuldade em respondê-las. Se existir uma pergunta onde você
sentiu dificuldade em responder e não consta desta lista, por favor
releia o texto e a bibliografia recomendada na lição a que
corresponde à pergunta e compara as suas respostas às dos seus
colegas.
Lição nº 4
Lição nº 5
69
iii) A persistência da ignorância e da superstição nos meios
populares - sem um sistema de educação universal, era inevitável
que permanecesse ignorante a grande massa do povo.
Lição nº 6
Auto-avaliação da Unidade
1. O renascimento foi um movimento que apesar de ter
emergido na Itália, muito rapidamente tornou-se num
movimento dominante na maior parte dos países europeus
nos séculos XV e XVI.
70
Conteúdos
Lição n° 7 73 Reforma religiosa
Reforma religiosa na Europa- Contextualização..............73
Contexto do surgimento da Reforma Religiosa .. 74 na Europa
Os ideais dos reformadores protestantes ..........76
Lição n° 8 80
UNIDADE
Causas da Reforma Protestante ........................................ 80
Causas religiosas .......................................................81
Causas Políticas ....................................................... 83
3
Causas económicas ................................................. 84
Lição n° 9 89
O desencadeamento da Reforma na Alemanha ............... 89
Ambiente socioeconómico e político na Alemanha
do século XVI ............................................................. 90
O luteranismo na Alemanha .....................................91
Lição n° 10 95
O desencadeamento da Reforma na Suíça: o
calvinismo ................................................................................ 95
O calvinismo na Suíça.............................................. 95
Lição n° 11 99
A Revolução Protestante na Inglaterra ............................. 99
Anglicanismo na Inglaterra ................................... 100
Lição n° 12 104
A Reforma católica ou Contra-Reforma .......................... 104
O concílio de Trento e a contra-reforma ........... 105
A inquisição, o índex e a companhia de Jesus .. 106
Lição n° 13 110
As consequências da Reforma religiosa ........................... 110
Consequências da reforma religiosa do século Pág. 72 - 116
XVI ..................................................................................111
Unidade 3: Reforma religiosa na Europa
71
Introdução
Prezado estudante. Seja bem-vindo a esta unidade.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Contextualizar a Reforma religiosa do século XVI;
Descrever os antecedentes da reforma religiosa;
Identificar os principais movimentos reformistas;
Descrever os instrumentos usados pela igreja católica para
combater a reforma protestante;
Explicar o legado/herança da Reforma religiosa na actualidade.
72
Lição n° 7
Reforma religiosa na Europa- Contextualização
Introdução
A Europa dos séculos XV e XVI viveu um momento de renovação
cultural, intelectual e artística que recebeu o nome de renascimento.
O renascimento é de longe uma revolução contra a mentalidade
religiosa da idade média. Por isso o seu maior alcance foi marcado
pela reforma religiosa.
Tempo
73
1. De certeza já ouviu falar do Cristianismo que é, em suma,
uma crença na figura e doutrina de Jesus Cristo.
De certeza que ficou surpreso com o número das igrejas cristãs existentes
no local em que fez o levantamento. Se você conseguiu identificar a
Bíblia como principal livro sagrado comum dessas igrejas, parabéns,
está num bom caminho.
Comentário da actividade 7
Quero acreditar, todavia, que essa actividade suscitou algumas
indagações em si. Se todas baseiam-se na crença em Jesus Cristo e usam
a Bíblia Sagrada como principal fonte doutrinária, qual é a necessidade
de serem diferentes? Esta lição vai responder a sua curiosidade.
74
ideais e objectivos da burguesia. Além disso, os reis e a nobreza
cobiçavam os bens da Igreja, especialmente suas terras. Agravava a
crise o fato de que leitura da Bíblia e dos textos básicos do
cristianismo contradiziam muitas atitudes e condições da Igreja.
Observa-se que havia um descompasso entre a doutrina e a realidade.
As riquezas oriundas das rendas das terras eclesiásticas, da venda de
indulgências, da cobrança do dízimo, embelezavam os palácios
episcopais e corrompiam o alto clero. Era uma Igreja que pregava a
simplicidade, para os outros.
75
A essência do renascimento era o gozo desta vida e a indiferença
pelo sobrenatural. O princípio da reforma foi a extraterenalidade e o
desprezo pelas coisas da carne como muitíssimo inferiores às do
espírito. No julgamento dos humanistas, a natureza do homem era
intrinsecamente boa; do ponto de vista dos reformadores, era
indizivelmente corrupta e depravada.
76
dificilmente teria ganho adeptos se não houvesse associado sua
causa à poderosa maré montante dos ressentimentos nacionais da
Europa setentrional contra um sistema de tirania eclesiástica cujo
carácter chegara a ser reconhecido como predominantemente
italiano.
77
Europa setentrional. Acreditando que a religião devia existir para o
bem do homem e não em benefício de uma igreja organizada ou
mesmo para a glória de um Deus inefável. Interpretavam o
cristianismo acima de tudo em termos éticos, considerando que é
benéfico para o bem harmonioso da humanidade. Portanto, não
lutavam contra com a igreja católica e sim contra alguns princípios
dessa igreja.
Resumo da lição
Terminada esta lição foi possível constatar que a reforma religiosa
eclodiu na Alemanha em 1517 e, muito rapidamente, expandiu-se
para Suécia e Inglaterra constituindo-se, assim, nos pioneiros da
expansão. Este movimento compreendeu duas fases principais: a
Reforma Protestante levantada pelos reformistas contra a igreja
católica e a Reforma Católica ou contra reforma, que alcançou o
auge em 1560 e representava a resposta da igreja católica às
críticas lançadas pelos reformistas.
Auto-avaliação
1. A reforma religiosa constitui uma manifestação do
renascimento no contexto religioso. Suas raízes devem
ser buscadas no renascimento.
78
Comentários da Auto – avaliação
De facto, a reforma religiosa ou protestante tem suas bases no
renascimento por isso, ao responder à pergunta 1.a) deve ter em
conta que os principais reformadores eram humanistas, portanto,
duma das correntes do renascimento que valorizava o homem e
suas obras. Para a pergunta 1.b) a resposta correcta é Alemanha,
Suécia e Inglaterra. Finalmente, a resposta da pergunta 1.c) você
encontra relendo o ponto 7.2 desta lição. Compare as suas às dos
seus colegas.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
79
Lição n° 8
Causas da Reforma Protestante
Introdução
A Reforma Protestante precedeu de múltiplas causas, grande número
das quais relacionadas com as condições políticas e económicas da
época. Nada menos exacto do que julgar a revolta
contra Roma, um movimento exclusivamente religioso. Se não
fossem as mudanças políticas essenciais ocorridas na Europa
setentrional e o desenvolvimento de novos interesses económicos,
possivelmente o catolicismo romano teria sofrido uma evolução
gradual, e não uma violenta revolução.
Tempo
80
Causas religiosas
As causas religiosas foram descritas em BURNS (1941: 558). O
autor começa por referir que para a maioria dos primeiros adeptos de
Lutero, o movimento por ele desencadeado valia principalmente
como uma rebelião contra os abusos da igreja católica. Historiador
algum pode negar, qualquer que seja seu credo religioso, a existência
de tais abusos. Por exemplo, muitos dos clérigos romanos eram
incrivelmente ignorantes. Alguns, tendo obtido a posição por meios
irregulares, não eram capazes de entender o latim da missa que
deviam celebrar. Havia até casos de padres que não sabiam recitar o
pai-nosso em língua alguma. Além disso, grande número de clérigos
levava vida escandalosa.
81
em benefício dos mortais comuns. Originalmente, as indulgências
não eram concedidas em troca de pagamento em dinheiro, mas
apenas como prémio a obras de caridade, jejuns, participação numa
cruzada ou coisa parecida. Com o tempo, o comércio de indulgências
passou a ter outra dimensão. Os agentes do clero iludiam os
ignorantes fazendo-lhes crer que as indulgências eram passaportes
para o céu. O único objectivo do negócio era, naturalmente, angariar
tanto dinheiro quanto fosse possível.
82
Causas Políticas
Como movimento político, a reforma protestante resultou
principalmente de duas causas: primeiro, a formação de uma
consciência nacional no norte da Europa; e, segundo, o aparecimento
de governos despóticos.
83
Causas económicas
As mais importantes causas económicas foram o desejo de se
apossar das riquezas da igreja e o ressentimento contra a tributação
papal.
84
escandalizavam-se com o facto de a maior parte do dinheiro
recolhido não ser despendida para fins religiosos, mas desperdiçada
pelos papas mundanos na manutenção de uma corte sumptuosa.
Resumo da lição
Nesta lição abordaram-se as causas da Reforma Protestante, onde se
constatou que as mesmas podem dividir-se em religiosas, políticas e
económicas. Por isso, apesar de existir uma tendência de dar maior
ênfase às causas religiosas, a compreensão deste fenómeno exige o
cruzamento destes três domínios de causas.
85
Auto-avaliação
1. A venda de indulgências e a veneração supersticiosa de
relíquias são os abusos que parecem ter feito sentir com
mais urgência a necessidade de uma reforma.
a) Justifique a afirmação.
86
regimes despóticos. Por isso, o desenvolvimento da consciência
nacionalista no Norte da Europa, procurando a separação dos
poderes espiritual e temporal acabou dando impulso à reforma
religiosa. Portanto, esta seria a resposta para a pergunta 2.a).
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
87
CORVISIER, André. O Mundo Moderno. Lisboa, Ática, 1976
88
Lição n° 9
O desencadeamento da Reforma na Alemanha
Introdução
A Alemanha foi o pioneiro da revolução protestante no século XVI.
Depois da Alemanha o movimento mostrou-se irreversível e
espalhou-se um pouco por toda Europa. Alguns historiadores como
BURNS (1941: 65), acreditam que as condições para uma revolta
religiosa já estavam presentes na Europa no princípio do seculo
século XVI.
Tempo
89
Ambiente socioeconómico e político na Alemanha do
século XVI
90
O luteranismo na Alemanha
Segundo BURNS (1941: 5690), no início do século XVI a Alemanha
estava madura para a revolução religiosa. Só faltava encontrar um
líder capaz de unir os elementos descontentes e emprestar às suas
reivindicações um verniz teológico aceitável. Esse homem não
demorou a aparecer. Chamava-se Martinho Lutero e nascera na
Turíngia, em 1483.
Os pais queriam que ele fosse advogado e, com esse fim em vista,
matricularam-no aos dezoito anos na Universidade de Erfurt. Mas
em 1505, ao voltar de uma visita à casa, foi surpreendido por violenta
tempestade. No terror de ser fulminado por um Deus furioso, fez a
Santa Ana a promessa de tornar-se monge. Pouco depois ingressou
no mosteiro agostiniano de Erfurt. Perseguido pela ideia de ter
inúmeros pecados, esforçava-se desesperadamente para alcançar a
paz espiritual por meio de jejuns e torturas. Mas, voltando-lhe as
antigas solicitações da carne, convenceu-se por fim de que nenhum
esforço de sua parte poderia salvá-lo.
91
A venda das indulgências foi o factor que precipitou a Reforma.
Eram títulos comprados para abonar os pecados cometidos ou a ser
cometidos. Um “passaporte para o Paraíso”, que beneficiava os
ricos. Para concluir as obras da basílica de São Pedro, a Igreja
escolheu a obediente Alemanha para a venda de indulgências. A casa
bancária dos Fuggers foi a encarregada da venda, adiantando o
dinheiro à Igreja. Contra essa comercialização da fé,
Colocou-se o monge agostiniano Lutero, que afixou suas 95 teses na
porta da catedral de Wittenberg, em 1517. Pretendia purificar a
religião, e não criar uma divisão dentro da Igreja. Porém, uma das
teses afirmava que só a fé assegurava a salvação, negando portanto
o livre arbítrio, um dos princípios oficiais da Igreja. Em 1520, o papa
Leão X, por meio de uma bula, exigiu sua retratação. Lutero
respondeu com a queima da bula papal, por isso, foi
excomungado.
92
do pão e do vinho em corpo e sangue de Cristo). Outras mudanças
estabelecidas pela Reforma luterana foram:
Resumo da lição
A reforma protestante na Alemanha foi um movimento religioso
impulsionado por Martinho Lutero, mas logo foi apoiado pelo
poder político. O poder político pretendia apoderar-se dos bens
patrimoniais da Igreja e submeter a Igreja ao poder político, por
isso viam na revolução uma oportunidade para tal.
Auto-avaliação
1. A reforma de Martinho Lutero foi resultado da situação
vivida na Alemanha no século XVI, mas foi sobretudo a
leitura de S. Paulo e S. Agostinho, que mais despertou
Lutero.
a) Descreva a situação vivida na Alemanha nas vésperas
da reforma.
b) Comente expressão sublinhada.
c) Qual foi a acção de Lutero que mais pesou para a sua
excomunhão?
d) Quais são princípios básicos da doutrina luterana?
93
Comentários da auto – avaliação
Na Alemanha do século XVI vivia-se uma situação semelhante a
qualquer país católico europeu. As acções de Lutero enquadram-se
nas aspirações políticas, socias e económicas da época. Para
responder a auto-avaliação deve voltar a ler o texto desta lição. Se
duvidar das suas respostas pode compará-las às dos seus colegas.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
94
Lição n° 10
O desencadeamento da Reforma na Suíça: o calvinismo
Introdução
Caro estudante, na lição anterior ficou destacado que a reforma
iniciada na Alemanha ter-se-ia expandido para outros países da
Europa. Um dos primeiros países a seguir a Alemanha foi a Suíça.
Nesta lição aborda-se o movimento reformista na Suíça. Esta
abordagem concentra-se nas causas, características e manifestações
da reforma. Portanto, ao terminar esta lição você estará em condições
de desenvolver uma análise comparativa entre a reforma na
Alemanha e na Suíça.
Tempo
O calvinismo na Suíça
Para além da Alemanha, o vigor da revolta luterana se fez sentir em
várias outras terras. Tal foi especialmente o caso da Suíça, onde o
nacionalismo se vinha fortalecendo havia séculos.
95
Segundo SCHNEEBERGER (2006: 153), o pai da Revolução
protestante na Suíça foi Ulrico Zwinglio. Na Suíça, a Reforma foi
bem mais radical. Ulrich Zwinglio foi o introdutor das ideias da
reforma na região. Apoiado no humanismo de Erasmo de Roterdão,
combateu todos os sacramentos e a própria hierarquia clerical. Suas
ideias se propagaram por vários cantões (províncias) suíços, mas os
católicos reagiram eclodindo a guerra civil, na qual morreu
Zwinglio, em 1531.
96
huguenotes da França, os puritanos da Inglaterra, os presbiterados da
Escócia e os protestantes da Holanda eram todos calvinistas. Foi ela,
eminentemente, a religião da burguesia, ainda que, como é natural,
atraísse convertidos de outras camadas sociais. Teve enorme
influência em moldar a ética dos tempos modernos e em acoroçoar
o ímpeto revolucionário da classe média. Foram adeptos dessa fé os
que tiveram parte saliente nas revoltas iniciais contra o despotismo
na Inglaterra e na França, para não falarmos do papel que
desempenharam ao contribuir para a derrubada da tirania espanhola
na Holanda.
Resumo da lição
Nesta lição abordou-se a reforma protestante na Suíça,
constituindo o segundo país a seguir o exemplo da Alemanha.
Nessa abordagem destacou-se o papel de Zwinglio e Calvino para
o sucesso deste movimento. Foi possível notar também a reforma
calvinista foi a mais radical e representava os interesses da
burguesia.
Auto-avaliação
1. Para além da Alemanha, o vigor da revolta luterana se fez
sentir em várias outras terras. Tal foi especialmente o caso
da Suíça onde a reforma religiosa foi mais radical.
a) Comente a expressão sublinhada.
b) Quem foi o pioneiro da Reforma na Suíça?
c) Quais são princípios doutrinários do calvinismo?
d) Por que razão o calvinismo foi considerado uma
religião burguesa?
97
Comentários da auto – avaliação
Ao responder o número 1.b) deve ter em conta que diferentemente
do luteranismo, o calvinismo teve um percursor chamado Ulrich
Zwinglio que depois da sua morte, a tarefa ficou com Jean Calvino,
um francês exilado na Suíça. O calvinismo pregava a predestinação
e a salvação pela fé, se respondeu assim o número 1.c) você está
de parabéns! Ao responder o número 1.d) deve ter em conta que
contrariamente às outras doutrinas, o calvinismo estimulava a
acumulação de capitais e a prática da usura.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
98
Lição n° 11
A Revolução Protestante na Inglaterra
Introdução
Tal como na Alemanha e na Suíça, a Inglaterra também conheceu
uma das primeiras igrejas protestantes. A única diferença reside no
facto de na Inglaterra, o golpe inicial contra a igreja romana não ter
sido dado por um entusiasta religioso como Lutero ou Calvino, mas
pelo chefe do governo, ou melhor, o rei.
Tempo
99
Anglicanismo na Inglaterra
Na Inglaterra, a reforma ocorreu de cima para baixo, por obra do rei
Henrique VIII, isso não quer dizer, no entanto, que a Reforma
inglesa representasse um movimento exclusivamente político.
Henrique VIII não teria conseguido fundar uma igreja inglesa
independente se essa decisão não fosse endossada por grande
número de seus súbitos. Pouco depois de desencadear-se a Revolta
Protestante na Alemanha, as ideias luteranas foram levadas à
Inglaterra por pregadores errantes e pela circulação de panfletos
impressos. Em resultado de tudo isso, a monarquia inglesa, ao cortar
os laços que a prendiam a Roma, desfrutou as simpatias dos seus
súbditos mais influentes. O conflito com o papa foi precipitado pelas
dificuldades domésticas de Henrique VIII. Durante dezoito anos
estivera casado com Catarina de Aragão1 e tinha apenas uma filha
valetudinária para suceder-lhe. A morte, em tenra idade, de quase
todos os filhos varões desse matrimónio era uma cruel decepção para
o rei, que desejava um herdeiro masculino para perpetuar a dinastia
dos Tudor. Isso, porém, não era tudo, pois Henrique se apaixonara
profundamente por Ana Bolena, uma dama de honor de olhos
negros, e resolvera fazê-la rainha.
1
O rei desejava um herdeiro masculino e Catarina já passara da idade fecundável.
100
pontifício e ao cardeal Wolsey para instalarem um tribunal de
inquirição a fim de determinar se o casamento de Catarina fora ou
não legal. Depois, ao cabo de longa demora, a causa foi transferida
para Roma. Henrique VIII perdeu a paciência e decidiu tomar as
rédeas nas suas próprias mãos. Rompeu com a Igreja, anulou seu
casamento, criou a Igreja Anglicana e casou-se com Ana Bolena, sua
amante, já grávida. Em 1531 convocou uma assembléia do clero e,
sob a ameaça de puní-los caso se submetessem ao legado pontifício,
induziu-os a reconhecê-lo como chefe da igreja inglesa “tanto quanto
o permite a lei de Cristo".
101
Resumo da Unidade
Anglicanismo foi o nome atribuído ao movimento de reforma
protestante na Inglaterra. Este movimento foi desencadeado pelo rei
Henrique VIII que desejando contrair o segundo matrimónio,
desligou-se do poder papal. Esta situação permitiu a Henrique VIII
alcançar os seus principais objectivos: eliminar a influência do Papa
na Inglaterra e acabar com os impostos cobrados pelo vaticano. Mas
a consolidação do anglicanismo só foi conseguida pela filha
Elisabeth I.
Auto-avaliação
1. Na Inglaterra, a reforma ocorreu de cima para baixo e foi
precipitado pelas dificuldades domésticas de Henrique
VIII.
a) Comente a expressão sublinhada.
b) Descreva as principais acções de Henrique VIII a partir
de 1531 com vista a instaurar o anglicanismo.
c) Apresente os princípios doutrinários do anglicanismo.
102
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a
realização das actividades propostas para esta lição. Portanto,
não deixe de estudá-los.
103
Lição n° 12
A Reforma católica ou Contra-Reforma
Introdução
O movimento da reforma religiosa protestante na primeira metade
do século XVI representou um perigo para a igreja católica. A
velocidade com que se propagou trazia ao alto algumas fragilidades
do poder clerical. Era necessária uma acção urgente por parte do
catolicismo para travar o movimento reformista e manter a
autoridade da igreja.
Tempo
104
O concílio de Trento e a contra-reforma
Segundo CORVISIER (1976: 610), os avanços do protestantismo
ameaçavam seriamente a supremacia da Igreja Católica. A contínua
expansão do protestantismo por toda a Europa colocou a Igreja
Católica numa situação crítica. Impunha-se uma reforma para
moralizar o clero e, ao mesmo tempo, desencadear o combate às
novas religiões, classificadas como heresias. Com excepção de
Portugal e Espanha, todo o resto da Europa ocidental conhecia
movimentos reformistas, o que forçou a Reforma Católica, também
conhecida como Contra-Reforma.
105
exigindo dos seus membros completa obediência. Os jesuítas
foram bem-sucedidos em regiões da Alemanha, Polónia e
Suíça. Colaboraram na restauração da disciplina clerical,
devolvendo-lhe a pureza. Lutaram pela supremacia da
autoridade papal. Participaram activamente das colonizações
portuguesas e espanhola. Desembarcaram na Ásia e na África
para difundir o catolicismo.
106
A mesma sorte não teve o cientista italiano Giordano Bruno que foi
julgado e condenado a morte pelo tribunal.
107
Resumo da lição
A reforma católica ou contra-reforma foi um movimento levado a
cabo pela igreja católica como forma de reagir aos ataques dos
protestantes. Em termos práticos, foram usados três principais
instrumentos para fazer a contra-reforma: os concílios, o index e a
inquisição.
Auto-avaliação
1. A contínua expansão do protestantismo por toda a Europa
colocou a Igreja Católica numa situação crítica. Impunha-se
uma reforma para moralizar o clero e, ao mesmo tempo,
desencadear o combate às novas religiões, classificadas como
heresias. A Igreja não só se armou contra o protestantismo,
como também reformou-se internamente.
a. Identifique os países da Europa Ocidental que até finais do
século XVI não tinham sido atingidos pelo protestantismo.
b. A Igreja não só se armou contra o protestantismo, como
também se reformou internamente. Indique os meios usados
pela igreja para tal feito.
c. Descreva a relação entre o índex e a inquisição.
d. Explique por que razão os jesuítas foram considerados braço
direito do colonialismo.
108
Comentários da auto – avaliação
No século XVI o protestantismo estava tão difundido na Europa
ocidental, exceptuando os países da Peninsula Ibérica. Por isso na
pergunta 1.a) se você respondeu Portugal e Espanha, parabéns,
essa é a resposta certa. Para responder à pergunta 1.b) deve ter em
conta que todas as reuniões (concílios) realizadas de 1544 a 1563
visavam rever algumas normas dentro da própria igreja católica
com o objectivo de criar um catolicismo renovado.
No que diz respeito às perguntas 1.c) e 1.d) você deve voltar a ler
o ponto 12.2 desta lição se duvidar da sua resposta pode compará-
la à dos seus colegas. Se a dúvida persistir consulte a bibliografia
indicada nas leituras complementares.
Leituras Complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
109
Lição n° 13
As consequências da Reforma religiosa
Introdução
A Reforma Religiosa foi sempre entendida como um movimento
religioso de contestação ao poder da Igreja Católica. Mas as suas
consequências não foram apenas no contexto religioso como
também atingiram outros sectores.
Bom proveito!
Tempo
110
Consequências da reforma religiosa do século XVI
111
calvinistas e os jesuítas mudaram tudo isso. Desejosos de propagar
as suas respectivas doutrinas, fundaram escolas para as massas, nas
quais até o filho do sapateiro ou do camponês podia aprender a ler a
Bíblia e os opúsculos teológicos. Estudos práticos foram muitas
vezes introduzidos em lugar do grego e do latim, e é significativo
que algumas dessas escolas tenham por fim aberto suas portas à nova
ciência.
112
Resumo da lição
Traduzidas de uma forma resumida as consequências foram:
Diminuição da influência e do poder da Igreja Católica na
Europa;
Surgimento de novas igrejas cristãs como, por exemplo, Igreja
Anglicana, Igreja Luterana e Igreja Calvinista;
Diminuição da interferência da Igreja Católica no poder político
dos monarcas;
Fortalecimento dos princípios sociais e econômicos da
burguesia, que passaram a ser sustentados pela aprovação do
lucro (doutrina calvinista);
Tradução da Bíblia para outros idiomas, desta forma, mais
pessoas passaram a ter acesso à leitura da Bíblia;
Surgimento de conflitos sociais de ordem religiosa, além de
perseguições pelo mesmo motivo.
Auto-avaliação
1. A reforma religiosa foi de longe uma revolta contra a igreja
católica, mas as suas consequências afectaram também o
ambiente político.
a) Comente a afirmação.
b) Descreva as consequências da reforma protestante do
século XVI.
113
Comentários da auto – avaliação
As consequências da reforma protestante foram resumidamente
descritas na lição 13. Para responder às perguntas 1.a) e 1.b) é só
voltar a ler o texto da lição e comparar as suas respostas às dos seus
colegas. Pode consultar também a bibliografia apresentada nas
leituras complementares.
Leituras Complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
114
perguntas. Seleccionei as questões onde achei que você poderia ter
dificuldade em responder. Se existir uma pergunta onde você
sentiu dificuldade em responder e não consta desta lista, por favor
releia o texto e a bibliografia recomendada na lição a que
corresponde a pergunta e compara as suas respostas às dos seus
colegas.
Licão 8
Licão 10
1.a) Era até mesmo favorável à pena de morte para quem não fosse
adepto de sua religião. Uma das mais famosas vítimas foi o médico
espanhol Miguel de Servet que, tendo escapado da Inquisição
católica, foi julgado, condenado e queimado vivo em Genebra.
Licão 11
115
Licão 12
Licão 13
116
Conteúdos
Revolução
Industrial
UNIDADE
Lição n° 14 119
4
Revolução industrial – Contextualização ............ 119
Conceito e características da Revolução
Industrial ............................................................ 120
Causas da Revolução industrial ................ 122
Lição n° 15 127
Revolução Industrial na Inglaterra ....................... 127
A Inglaterra: o berço da Revolução
Industrial ............................................................ 129
Lição n° 16 133
A Revolução Industrial como arranque
económico triunfal da sociedade capitalista ....133
A Revolução Industrial e a sociedade
capitalista .......................................................... 134
O triunfo da sociedade capitalista ...........136
117
Introdução
Bem-vindo, prezado estudante, a quarta unidade temática!
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Definir o conceito de Revolução industrial;
Identificar as causas da Revolução industrial;
Descrever os factores que permitiram a Inglaterra o
pioneirismo na Revolução Industrial;
Descrever as principais fases da Revolução Industrial;
Caracterizar a Revolução Industrial;
Descrever as rotas de expansão da revolução industrial.
118
Lição n° 14
Revolução industrial – Contextualização
Introdução
Vários elementos marcaram o contexto do surgimento da revolução
industrial, desde naturais até sócio tecnológicos. Esta lição procura
desenvolver alguns aspectos que marcaram a era da emergência da
revolução, bem como as principais causas.
Tempo
119
A revolução industrial foi um fenómeno europeu marcado por
invenções técnicas nuca vistas antes.
1. Assinale com X a opção correcta.
Actividade 4 Antes da revolução industrial houve invenções técnicas, isto é,
durante a revolução comercial constituídas por:
a) Motor a vapor, vacinas, adubos e linha férrea ___.
b) Relógio de pêndulo, termómetro, bomba aspirante, roda
de fiar, tear e fundição de minérios ___.
c) Debulhadora, semeadora, tear mecânico e motor a
vapor__.
120
mais tarde, e num esforço declarado de copiar aquilo que se fazia nos
países mais avançados tecnologicamente: os países protestantes.
121
Causas da Revolução industrial
A Revolução Industrial nasceu duma multiplicidade de causas,
algumas das quais são mais antigas do que habitualmente se pensa.
Talvez convenha considerar, em primeiro lugar, os
aperfeiçoamentos iniciais da técnica. As maravilhosas invenções dos
fins do século XVIII não nasceram já completas, como Minerva da
testa de Júpiter. Pelo contrário, já desde
algum tempo havia um interesse mais ou menos fecundo pelas
inovações mecânicas. O período da Revolução Comercial assistira à
invenção do relógio de pêndulo, do termómetro, da bomba
aspirante, da roda de fiar e do tear para tecer meias, sem falar dos
melhoramentos introduzidos na técnica de fundir minérios e na
obtenção do bronze. Mais ou menos em 1580 foi inventado um tear
mecânico que fazia fitas, sendo capaz de coordenar vários fios ao
mesmo tempo. Houve também importantes progressos técnicos em
outras indústrias, como a de vidraria, relojoaria, aparelhamento de
madeira e construção naval. Várias dessas primeiras invenções
tornavam necessária a adopção de métodos fabris.
122
impérios coloniais e ao acentuado crescimento da população
europeia. Na Inglaterra, o número de habitantes subiu de quatro
milhões em 1600 a seis milhões em 1700 e a nove milhões no fim do
século XVIII. A população da França elevou-se de 17.000.000 em
1700 a 26.000.000 cerca de cem anos mais tarde. Até que ponto esse
aumento foi um efeito dos progressos da medicina no século XVIII
e em que medida se deveu à maior abundância de alimentos
decorrente da expansão do comércio? É uma questão discutível, mas
a influência do segundo destes factores não pode ser desprezada.
Finalmente, a Revolução Comercial estimulou o crescimento das
manufacturas graças à sua doutrina básica do mercantilismo. A
política mercantilista visava, entre outras coisas, aumentar a
quantidade de artigos manufacturados disponíveis para a exportação
a fim de garantir uma balança de comércio favorável.
123
Por último, a Revolução Comercial caracterizou-se pela
tendência de adoptar os métodos fabris em certos ramos de
produção, a par de aperfeiçoamentos técnicos tais como a
invenção da roda de fiar, a do tear de fazer meia e o
descobrimento de um processo mais eficiente para reduzir
minérios. Não é difícil perceber a conexão entre tais fatos e os
progressos mecânicos da Revolução Industrial.
Resumo da lição
Na lição que agora termina abordou-se o conceito e causas da
revolução. Entre as causas da revolução industrial, maior destaque
foi para a revolução comercial porque: permitiu a aplicação dos
lucros excedentários, estimulou o desenvolvimento das
manufacturas e impulsionou as invenções técnicas.
Auto-avaliação
1. O momento de passagem que marca o ponto culminante de
uma evolução tecnológica, econômica e social, vinha se
processando na Europa desde a Baixa Idade Média, com
ênfase nos países onde a Reforma Protestante tinha
conseguido destronar a influência da Igreja Católica. Nos
países fiéis ao catolicismo, a Revolução Industrial eclodiu,
em geral, mais tarde.
124
Comentários da auto – avaliação
Para responder à pergunta 1.a) lembre-se, primeiro, da resposta da
pergunta 1.a) na lição 12. Para responder à pergunta 1.b) releia o
primeiro parágrafo do ponto 14.1.
Leituras Complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
125
DELORME, Jean. As Grandes Datas dos Tempos Modernos.
Portugal, Publicações Europa-América, 1986.
126
Lição n° 15
Revolução Industrial na Inglaterra
Introdução
A Revolução Industrial teve o seu arranque na Inglaterra. Isso é do
domínio comum. Mas poucos sabem por que razão esta revolução
aconteceu na Inglaterra e não noutro país europeu. Que
peculiaridades apresentava a Inglaterra dos séculos XVII e XVIII?
Tempo
127
1. Observe o mapa sobre a estrutura física da Grã-Bretanha
com maior destaque para a hidrografia.
128
A Inglaterra: o berço da Revolução Industrial
129
Acumulação de capital – Depois da Revolução Gloriosa, a
burguesia inglesa se fortalece e permite que o país tenha a mais
importante zona livre de comércio da Europa. O sistema
financeiro é dos mais avançados. Esses factores favorecem a
acumulação de capitais e a expansão do comércio em escala
mundial.
Controlo do campo – Cada vez mais fortalecida, a burguesia
passa a investir também no campo e cria os cercamentos (grandes
propriedades rurais). Novos métodos agrícolas permitem o
aumento da produtividade e racionalização do trabalho. Assim,
muitos camponeses deixam de ter trabalho no campo ou são
expulsos de suas terras. Vão buscar trabalho nas cidades e são
incorporados pela indústria nascente.
Crescimento populacional – Os avanços da medicina preventiva
e sanitária e o controlo das epidemias favorecem o crescimento
demográfico. Aumenta assim a oferta de trabalhadores para a
indústria.
Reservas de carvão – Além de possuir grandes reservas de
carvão, as jazidas inglesas estão situadas perto de portos
importantes, o que facilita o transporte e a instalação de
indústrias baseadas em carvão. Nessa época, a maioria dos países
europeus usa madeira e carvão vegetal como combustíveis. As
comunicações e comércio internos são facilitados pela instalação
de redes de estradas e de canais navegáveis. Em 1848 a Inglaterra
possui 8 mil km de ferrovias.
Situação geográfica – A localização da Inglaterra, na parte
ocidental da Europa, facilita o acesso às mais importantes rotas
de comércio internacional e permite conquistar mercados
ultramarinos. O país possui muitos portos e intenso comércio
costeiro.
130
britânico estivesse longe de ser democrático, era pelo menos mais
liberal do que a maioria dos governos continentais. Antes da
liberalização econômica, as atividades industriais e comerciais
estavam caractelizadas pelo rígido sistema de guildas, razão pela
qual a entrada de novos competidores e a inovação tecnológica eram
muito limitados. Com a liberalização da indústria e do comércio
ocorreu um enorme progresso tecnológico e um grande aumento da
produtividade em um curto espaço de tempo.
Resumo da lição
Nesta lição abordou-se em torno dos factores que permitiram a
Inglaterra ser a pioneira da Revolução Industrial. Neste sentido
foram apontados factores humanos e físico-naturais. Mas também
foi notável a influência dos factores políticos e sociais na origem da
Revolução Industrial inglesa porque, embora o governo britânico
estivesse longe de ser democrático, era pelo menos o mais liberal
do que a maioria dos governos continentais.
Auto-avaliação
1. A Inglaterra é considerada o berço da Revolução
Industrial.
a) Faça a localização geográfica da Inglaterra.
b) Descreva os factores que permitiram à Inglaterra o
pioneirismo da Revolução Industrial.
131
Comentários da auto – avaliação
Para responder à pergunta 1.a), você deve reler o primeiro parágrafo
do subtópico 15.1 desta lição. A resposta da pergunta 1.b), você
encontrará a partir do segundo parágrafo do subtópico 15.1. Se
duvidar da sua resposta, compare-a às dos seus colegas.
Leituras Complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
132
Lição n° 16
A Revolução Industrial como arranque económico
triunfal da sociedade capitalista
Introdução
A Revolução Industrial trouxe o afluxo para as cidades grandes e
pequenas, os crescentes atractivos da vida urbana e o constante
declínio da procura de braços para a agricultura, em consequência da
mecanização da lavoura. Isso teve tanto bons como maus efeitos. A
fuga ao solo libertou grande número de homens e mulheres do
isolamento da vida rural, da tirania do tempo atmosférico, dos
costumes primitivos e de uma cansativa existência de trabalho
solitário em terras pesadas. Mas, ao mesmo tempo, transformou
muitos deles em instrumentos dos seus empregadores capitalistas.
Tempo
133
Complete as frases que se seguem, marcando com “X” na opção
correcta.
134
A primeira, composta por proprietários de fábricas, minas e estradas
de ferro, formou-se ao lado da antiga classe média de comerciantes,
banqueiros e advogados. Com o seu número e a sua influência assim
fortalecidos, essa burguesia mista logo deixou de ser uma classe
média e tornou-se, para todos os fins, o elemento dirigente da
sociedade. A hegemonia da classe burguesa foi-se acentuando, pois
meios financeiros ganharam extraordinária importância. O comércio
e a indústria necessitavam de créditos para dinamizar suas
economias. Os bancos financiavam os empreendimentos, criando
uma dependência das indústrias, do comércio e até mesmo dos
governos. Os financistas se transformavam na aristocracia burguesa.
Iniciava-se a era do “capitalismo financeiro”, ainda hoje dominante.
135
O triunfo da sociedade capitalista
A Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida
do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso
deslocamento da população rural para as cidades. Vivendo em
condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a
salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a classe operária
nascente era facilmente explorada, devido também, à inexistência de
leis trabalhistas e enormes concentrações urbanas. As consequências
mais graves foram de ordem social, ou seja, a transição para a nova
economia criou miséria e descontentamento, isto é, os ingredientes
para a revolução social. E na verdade, a revolução social eclodiu sob
a forma de sublevações espontâneas dos explorados urbanos e da
indústria.
136
meios de produção de outro, o trabalho. Os próprios valores da
sociedade modificaram-se brutalmente: o tempo passou a ser controlado
pelo relógio (para que os industriais mantivessem o controlo sobre a
produção), tendência que teve como resultado o estabelecimento da
pontualidade como condição à sociabilidade; o fluxo de informações
passou a ser mais rápido – a imprensa estruturou-se nessa época; a razão e
a técnica impuseram o controlo da natureza; o trabalho tornou-se repetitivo
e forçado. Os novos costumes urbanos começaram a preponderar sobre as
formas tradicionais de relacionamento entre indivíduos, e o campo, apesar
de estar em processo de modernização económica, adquiriu a condição de
local retrógrado e conservador, do qual os jovens desejavam afastar-se
(tendência que acelerou o êxodo rural.
Resumo da lição
Esta lição centrou-se no papel da Revolução Industrial para o
triunfo da sociedade capitalista. Neste sentido constatou-se que a
Revolução Industrial alterou profundamente o modo de vida feudal
ao introduzir a tirania do relógio, ao transformar o trabalho em
emprego e, sobretudo, ao mecanizar economia reduzindo a
necessidade da força humana no processo de produção.
Auto-avaliação
1. Com a Revolução Industrial, a fuga ao solo libertou grande
número de homens e mulheres do isolamento da vida rural,
da tirania do tempo atmosférico, dos costumes primitivos e
de uma cansativa existência de trabalho solitário em terras
pesadas. Mas, também lhes submeteu a outras condições
adversas.
a) Comente a afirmação.
137
b) Descreva as principais classes que passaram a compor
a sociedade capitalista.
c) Por que razão podemos afirmar que a revolução
industrial foi além da evolução tecnológica?
d) Descreva os elementos que marcaram o triunfo da
sociedade capitalista.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
138
BURNS, Edward Mcnall. História da Civilização Ocidental: do
Homem das cavernas até a bomba Atómica. Vol.I Rio de Janeiro,
Editora Globo, 1941
139
Conteúdos
Revoluções
Burguesas na
Europa e América
UNIDADE
Lição n° 17 143
5
Revolução Inglesa/Gloriosa no século XVII ....... 143
Causas e decurso da revolução................ 144
Lição n° 18 148
Revolução Americana................................................. 148
A formação das colónias .............................150
O processo de independência nos EUA ... 151
Lição n° 19 156
A Revolução Francesa: como arranque da idade
contemporânea.............................................................156
As causas da Revolução Francesa...........158
A convocação dos Estados Gerais e início
da revolução .....................................................160
141
Introdução
Ao longo dos séculos XVII e XVIII a burguesia demonstrou-se como uma
classe social revolucionária, destruindo a ordem feudal, consolidando o
capitalismo e transformando o Estado para atender a seus interesses.
Objectivos da unidade
Ao fim desta unidade, você deverá ser capaz de:
Localizar no tempo e no espaço as principais revoluções
burguesas na Europa;
Descrever as principais causas das revoluções;
Identificar o significado histórico de cada revolução.
142
Lição n° 17
Revolução Inglesa/Gloriosa no século XVII
Introdução
A Inglaterra foi o primeiro país a promover uma revolução burguesa. No
início do século XVII, a burguesia opôs-se aos reis da dinastia Stuart devido
à tentativa de legitimação do absolutismo real, as perseguições religiosas e
ao controlo da economia. O reinado de Carlos I (1625-49) foi de forte
perseguição aos puritanos e concentração do poder real. Uma revolução que
tinha motivações de natureza política, económica e religiosa.
Nesta lição, você ficará a saber das principais causas, percurso e desfecho
da Revolução Gloriosa.
Tempo
143
Causas e decurso da revolução
144
se expandiu. Implantou uma ditadura pessoal com o apoio do exército e da
burguesia comercial. A república foi proclamada, e Cromwell recebeu o
título de Lorde Protetor da Inglaterra. A sua ditadura estimulou o
crescimento económico e dela se aproveitou. Sua morte, em 1658, reabriu
a luta pelo poder entre o Parlamento e o Exército.
145
Resumo da lição
A revolução gloriosa na Inglaterra deu-se de 1640 a 1689
provocada por motivações económicas, políticas e religiosas.
Entre os vários resultados da revolução, maior destaque vai para
a instauração da monarquia constitucional/parlamentar que
conseguiu acabar com as tendências absolutistas das monarquias
inglesas.
Auto-avaliação
1. Revolução Gloriosa é a designação pela qual é conseguida
uma insurreição que se deu na Inglaterra no século XVII.
146
mercenários, maioritariamente anglicanos; e, de outro, a burguesia,
os artesãos e os camponeses, conhecidos como os “cabeças-
redondas”. Para responder à pergunta 1.e) leia o último parágrafo
do subtópico 17.1.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
147
Lição n° 18
Revolução Americana
Introdução
A revolução americana foi levada a cabo pelos habitantes das treze
colónias. As colónias foram estabelecidas por colonos ingleses que
procuravam um lugar para viver. A maioria dos colonos fugiu para a
América do Norte para proteger-se da perseguição religiosa da rainha
Elizabeth, defensora do Anglicanismo. Portanto, a maioria desses ingleses
eram Puritanos (calvinistas) que acreditavam na teoria da predestinação que
pregava a poupança e o lucro.
Tempo
148
Observe atentamente as figuras que se seguem:
Actividade
149
Ao realizar esta actividade, você deve chegar a uma conclusão
interessante: o número de colónias deve ser igual ao de faixas na
bandeira. A explicação para esta coincidência encontrará ao longo da
150
que tinham sua passagem paga por um proprietário rural, sujeitos a um
contrato de trabalho, em geral com duração de sete anos. Cumprido o
contrato, obtinham a liberdade e procuravam um lote de terra, para se
tornarem proprietários. Com um clima semelhante ao da metrópole, não
tinham uma produção agrícola para exportar para a Inglaterra. Como não
tinham o que exportar, não podiam importar, genericamente. Por outro
lado, a produção de matérias-primas e a presença de artesãos propiciaram
um relativo desenvolvimento artesanal e manufactureiro no Norte,
atendendo às suas necessidades. Destacava-se também a sua construção
naval, em consequência da abundância de madeira.
151
sobre a elite colonial. O político Thomas Paine notabilizou-se pela difusão
dessas ideias por meio de panfletos. Endividado pelas despesas da guerra,
o governo inglês decidiu fazer das colónias a solução de seus problemas
financeiros.
152
reuniram na Filadélfia e liderados por Samuel Adams e Thomas Jefferson
repeliram as Leis Intoleráveis. Porém, a não renovação das Leis
Intoleráveis fez com que os representantes optassem pela separação.
153
Resumo da lição
Com base na experiência dos resumos das lições anteriores,
produza o resumo desta lição.
Auto-avaliação
1. Endividado pelas despesas da guerra, o governo inglês
decidiu fazer das colónias a solução de seus problemas
financeiros. Este factor associado às ideias iluministas teria
precipitado a revolução das treze colonias.
154
Comentários da auto – avaliação
Para responder à pergunta 1.a) releia o subtópico 18.1. Para
responder à pergunta 1.e) releia o último parágrafo do subtópico
18.1.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental
importância para a compreensão dos conteúdos e para a realização
das actividades propostas para esta lição. Portanto, não deixe de
estudá-los.
155
Lição n° 19
A Revolução Francesa: como arranque da idade contemporânea
Introdução
Com a Revolução Francesa, tem início uma segunda fase da história da
civilização ocidental moderna. Foi profunda a influência exercida sobre o
mundo moderno por esse acontecimento. Foi uma das fontes principais do
nacionalismo militante, do individualismo económico e do princípio da
soberania das massas. Vários destes resultados em especial o nacionalismo,
a democracia e a supremacia da classe média persistiram durante todo o
século XIX e o começo do século XXI, podendo ser contados entre as
características dominantes desse período.
Tempo
156
Observe atentamente as imagens seguintes.
A B
Actividade 4
Fonte: http://aprovadonovestibular.com/revolucao-francesa-
%E2%80%93-causas-resumo.html
a) Nomeie-as.
157
As causas da Revolução Francesa
Causas políticas
Segundo BURNS (1969: 12), uma das principais causas políticas foi o
governo despótico dos Bourbons. Nos séculos XIV, XV e XVI havia-se
reunido com intervalos irregulares uma espécie de parlamento conhecido
como os Estados Gerais e composto de representantes do clero, da nobreza
e do povo. Depois de 1614 não tornou a ser convocado. Daí por diante foi
o rei o único detentor do poder soberano. Num sentido muito real, era ele o
estado. Escusava de preocupar-se com questões de constitucionalidade ou
relativas aos direitos naturais dos seus súbitos. Podia atirar homens à prisão
sem processo, bastando para isso uma ordem real.
158
prepararam o terreno para a Revolução Francesa foi a Guerra dos Sete Anos
(1756-63), travada durante o reinado de Luís XV. Nessa luta, a França
bateu-se contra a Inglaterra e a Prússia e, a despeito do auxílio da Áustria
e, por algum tempo, da Rússia, sofreu uma derrota esmagadora. Em
resultado disso, a França viu-se compelida a entregar quase todas as suas
possessões coloniais. A culpa dessa catástrofe foi atribuída à incompetência
do governo. Os efeitos do golpe agravaram-se ainda quando Luís XVI
decidiu, 1778 intervir na Guerra da Independência Americana. As despesas
das frotas e dos exércitos durante mais de três anos, arruinou o governo.
Causas económicas
Outro factor que muito contribuiu para acender a chama da revolução, foi
o sistema de privilégios arraigado na sociedade do velho regime. Antes da
Revolução, a população da França se dividia em três grandes classes ou
"estados": a primeira compunha-se do clero, a segunda dos nobres e a
terceira do povo ou terceiro estado. O clero e a nobreza eram as classes
mais privilegiadas. Entre os mais valiosos privilégios do clero e da nobreza
contavam-se os relativos a isenção dos impostos. Num sentido muito real,
a maioria deles eram parasitas a consumir uma riqueza que outros
produziam com o suor do seu rosto.
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Causas intelectuais
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disposição pela qual os votos das duas classes superiores poderiam obstar
a tudo que o Terceiro Estado pretendesse fazer. Exigiram, pois, que as três
ordens formassem uma assembleia única e o voto fosse individual. Uma
vez que já se tinha concedido aos plebeus um número de representantes
igual ao das duas outras classes juntas, era evidente que o Terceiro Estado,
conseguindo o apoio ocasional de alguns elementos descontentes da
nobreza ou do clero, tornar-se-ia capaz de controlar toda a assembleia.
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Os resultados mais importantes da primeira fase da Revolução Francesa
foram: a destruição dos remanescentes do feudalismo; abolição dos dízimos
e as obrigações feudais dos camponeses, abolição dos privilégios dos
nobres, sobretudo a isenção de impostos e os vários monopólios;
promulgação da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em
setembro de 1789, confiscação das terras da igreja. Mas só em 1791 a
assembleia conseguiu completar a sua tarefa primordial de redigir uma
nova constituição para o país.
Resumo da lição
A revolução francesa teve início em 1789 com a formação da
Assembleia Nacional constituinte e a tomada de bastilha. Até ao fim da
primeira fase tinham sido alcançados alguns dos objectivos da
revolução. Mas a revolução continuou por mais 4 fases.
Leituras complementares
A leitura dos textos indicados, a seguir, é de fundamental importância
para a compreensão dos conteúdos e para a realização das actividades
propostas para esta lição. Portanto, não deixe de estudá-los.
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BURNS, Edward Mcnall. História da Civilização Ocidental: do
Homem das cavernas até a bomba Atómica. Vol.II Rio de Janeiro,
Editora Globo, 1969.
Licão 17
163
Licão 18
1.d) Aplicou, pela primeira vez, a teoria da separação dos poderes que
viria a ser a principal característica das constituições modernas.
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Referências bibliográficas
ASHTON, T.S. A Revolução Industrial: 1760-1830. Lisboa, Publicações
Europa-América, 1977.
165
RITA-FERREIRA, António. Fixação Portuguesa e História pré-
colonial de Moçambique. Lisboa, Instituto de Investigação Científica
Tropical, Junta de Investigações Científicas do Ultramar, 1982.
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