O livro “As Origens da Ordem Política”, de Francis Fukuyama, tem duas
origens. A primeira foi quando, a pedido de Samuel Huntington, Fukuyama escreveu
uma introdução para uma nova edição de clássico “Political Ordem in Changing Societies” (1968), do escritor. Enquanto escrevia a introdução, Francis percebeu que a obra precisava ser atualizada, pois ela retratava as instabilidades do período em que foi escrita e que mudaram muito depois de alguns anos. O autor também percebeu que havia um trabalho ainda mais fundamental a ser feito em relação as explicações das origens do desenvolvimento e da decadência política, que seria contar de onde os sistemas políticos de países em desenvolvimento retratados em “Political Order in Changing Societies” vieram nas sociedades onde estavam estabelecidos. Sua segunda inquietação, advinda da preocupação com a origem das instituições, foram os problemas reais de Estados falidos e instáveis. Como exemplo foi usado os problemas da implementação de instituições modernas em sociedades melanésias como Papua Nova Guiné e as Ilhas Salomão, que são organizadas de forma tribal – wantoks. Entre a década de 70 e os primeiros anos do século XXI, houve um aumento no número de democracias a nível mundial. Em 1973, 45 países eram considerados livres. A geração seguinte assistiu a mudanças políticas com democracias surgirem praticamente em todo o mundo. No final dos anos 90, ao redor de 120 países em todo o mundo tinham-se tornado países democráticos. Estas transformações dos sistemas políticos foram acompanhadas por uma gigantesca mudança social. A transição para a democracia resultou no acontecimento de milhões de indivíduos se terem organizado e começado a participar na vida política das suas sociedades. Por volta do começo de 2011, o enfado no mundo democrático assumiu várias formas. A primeira foi o recuo das conquistas democráticas que ocorreram em alguns países onde governantes escolhidos se desvelaram em abater instituições democráticas usando de poder político, da mídia e mesmo de poder armado. A segunda forma trata-se de países aos quais não eram nem puramente autoritários nem substancialmente democráticos pois ao fazerem essa transição de autoritários para democráticos sofreram a influência de elites autoritárias que não demonstravam vontade de criar instituições democráticas que solveriam o seu poder. Uma terceira característica de receios está relacionada, não ao insucesso dos sistemas políticos vigentes em tornarem-se ou permanecerem democráticos, mas a parte que preocupa antes disso, na sua incapacidade de proporcionar os serviços básicos que as pessoas requisitam aos seus governos vigentes. Uma quarta fonte de ansiedade política diz respeito à economia. O capitalismo global atual demonstrou ser eficiente e mais produtivo que nunca, porém trazendo assim mais volatilidade que nunca como efeito colateral. O declínio político sucede quando os governos não conseguem adaptar-se à transformação do ambiente. Os Estados Unidos, por exemplo, enfrentam uma série de desafios, a maior parte relacionada com a correção a longo prazo da sua situação fiscal. O futuro da política americana habita, não só na política, mas também na sociedade. A capacidade do sistema político estadunidense em lidar com o seu desafio fiscal é abalado não só pela polarização entre esquerda e direita no Congresso, mas também pelo crescimento e poder de grupos de interesses instalados. A queixa dos americanos de que sua nação está cada vez mais dominada pelas elites e por poderosos grupos de interesse se espelha na realidade da crescente desigualdade do lucro entre os anos 70 e os anos 2000. O facto é que as taxas de mobilidade social intergeracional nos Estados Unidos são muito mais baixas do que a maioria dos norte-americanos acredita. As elites revelam-se capazes de defender a sua posição jogando com o sistema político, enviando o seu dinheiro para of shores de maneira a evitar a taxação fiscal e transmitindo essas vantagens aos seus filhos através do acesso privilegiado a instituições de elite. Uma tendência do começo do milénio é a procura mais recorrente de um Estado ao qual busque soberania de fatores do mercado ou que nem mesmo haja um Estado e a soberania pertença ao mercado, essa característica adequasse pela ineficiência do Estado em providenciar os serviços solicitados pelos cidadãos de uma forma célere e económica, sendo as principais causas a fraqueza e corrupção do governo com a ocasional falta de um órgão responsável pelo processo solicitado. Porém o que alguns economistas veem é que países menos avantajados economicamente são de tal maneira porque falta lhes instituições políticas eficazes. Se analisarmos o pensamento das pessoas que defendem essa falta do Estado vemos que os próprios já possuem uma ideia de Estado tão natural ou garantido enraizado em suas mentes que se esquecem o quanto o próprio Estado se faz necessário. As instituições políticas passaram por uma complexa e extensa trajetória para chegar à atualidade, tornando-se o pilar da democracia liberal moderna. O senso político foi instalado na humanidade desde o início dos conjuntos sociais chamados assim de tribos. A necessidade de concentrar o poder em um só representante, transformando o que era antes uma coletividade que priorizava as relações familiares. A democracia atual nasceu com a subordinação do governo para a vontade da população. Sendo explorado nas instituições políticas: O estado, o direito do estado e a responsabilidade governamental. Os últimos dois limitando o poder do estado e o estado concentrando o poder. Um pode existir sem o outro, mas destaca se os países com uma estrutura forte nas três instituições, como, por exemplo, a Dinamarca. Muito antes das instituições modernas existirem nos países da Europa, a China tinha um Estado moderno no século III a.c., a cerca de 800 anos antes de terem surgido em outros países. A China foi a primeira a desenvolver instituições de Estado junto com em outros sociedades antigas, como a Mesopotâmia, Egito, Grécia, Roma, mas a mesma foi a única que conseguiu desenvolver um sistema centralizado e uniformizado de administração burocrática, capaz de governar grande população e território, diferente de outros países como Grécia e Egito que mantinham um governo de república clássica que só funcionava em cidades de pequeno território e população, pois a mesma quando crescia devido as conquistas territoriais ou comercio haviam a perda de controle do País. Ademais percebe-se como a religião influencia na limitação de poder e como a partir da combinação entre Estado, Direito e prestação de conta se tem um governo forte para si e para os demais países a sua volta, dependo da forma de como governo foi conduzido ao longo da história. O objetivo principal do livro não é somente divulgar as informações históricas a respeito do desenvolvimento político, sendo ele na verdade o de analisar e deduzir leis gerais de tais acontecimentos baseados em vários fatos históricos relacionados. Também vale salientar as diversas similaridades entre a evolução biológica darwiniana e a evolução das ideologias políticas, onde ambas se desenvolvem ao meio aleatoriamente e somente as mais adaptadas sobrevivem. Porém, vale salientar que criar uma teoria que consegue prever o desenvolvimento político de uma determinada sociedade, pois os fatores que regem o desenvolvimento de tais instituições são complexos, múltiplos, e dependem da sorte. Uma teoria política sugere que o estado surgiu para sustentar a estrutura militar na Europa, mas essa teoria falha em explicar regiões que guerrearam por longos períodos e ainda não conseguiram desenvolver uma estrutura estatal. Portanto, outros fatores como a densidade populacional, geografia, tecnologia e religião são fatores que explicam melhor tais acontecimentos. De acordo com o autor, a metodologia ideal para um texto analítico histórico é o de criar a teoria somente a partir dos fatos observados e não o contrário. E outras teorias históricas falham por tentar assumir apenas uma causa a determinado acontecimento quando muitas vezes são uma infinidade de fatores que levam ao resultado observado na sociedade humana.
Os engenheiros do caos: Como as fake news, as teorias da conspiração e os algoritmos estão sendo utilizados para disseminar ódio, medo e influenciar eleições