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CÓDIGO: 41044_2019_02
As Nações europeias surgem pela queda do feudalismo, a fragmentação dos Império Romano
e a aglutinação das Cidades-Estados. Os elementos basilares dos estados soberanos, originalmente
regidos pelos monarcas, mais tarde sufragados democraticamente, sob controlo parlamentar,
assumem-se no poder legislativo e tributário. Definem a ordem social, acautelam as leis e os meios
para a sua defesa. O Direito Internacional e a Carta da ONU reconhecem-lhes a independência e a
igualdade. A transição dos mercados locais para mercados globais (inicialmente através dos impérios
coloniais) impeliu a projeção internacional para relações de dependência. Pretendemos, assim,
demonstrar que os mercados globais, pela especulação financeira e o poder das multinacionais, são
condicionantes e cerceadores dos atos de governação, limitam as opções de desenvolvimento e
obliteram a cidadania democrática interna.
O fim dos impérios coloniais e a queda do muro de Berlim, retiram a dimensão global aos
Estados-Nação europeus ocidentais. A inevitável fragmentação da União Soviética suporia o
ressurgir do espírito-nação identitário de afirmação nacionalista, suportando o reforço do Estado e
das suas instituições internas. A integração num espaço democrático, beneficiando de um mercado
amplo de livre circulação de bens e pessoas, induziu a adesão da quase totalidade dos estados da
Europa de Leste à atual União Europeia (UE). Este alinhamento admite a subalternização do Estado
ao princípio subsidiário de ação e competências nos assuntos e interesses que não sejam regidos
pela UE. Consideramos não estarem, neste âmbito, afetadas ou sequer diminuídas quer a identidade
nacional quer a representatividade dos cidadãos. O fim da “velha ordem” (Moreira, 1993) é antes o
terminar de um mundo de fronteiras, em que o capital histórico das nações já não é valorizado.
(…) “A Nação, (…), apresenta-se (…) como um corpo político vivo, real,
atuante, que detém a soberania e a exerce através de seus representantes."
(BONAVIDES, 1999, p. 132)
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Com a Globalização, os poderes do Estado não desaparecem mas esbatem-se as fronteiras
que as entidades económico-políticas supranacionais galgam. Ao primado do controlo da política dos
Estados por outros mais fortes, impuseram-se as multinacionais e a banca internacional que impõem
localmente uma política induzida nos diversos setores das nações. O forte impacto presencial, que
se reflete nas economias locais, suportado pela representatividade global, induzem políticas de
emprego, orientam quotas de cursos universitários, impõem tetos fiscais e influenciam atitudes de
medo ou incerteza e de fraca participação coletiva que, tendencialmente, favorecem tomadas de
posição conservadoras. A autonomia das nações é assim cerceada e os planos prioritários de
desenvolvimento internos são manietados. Consubstancia-se, desta forma, a “governação sem
governo” (Rosenau, 2000). A necessidade de alguma regulação possível desta ingerência global é a
introdução do postulado dos Direitos Humanos nos valores de entidades como o Banco Mundial ou
o Fundo Monetário Internacional. Na EU ou UE? assiste-se à subalternização dos países pequenos
face aos “motores” de um espaço global europeu que se rege a “duas velocidades”, logo, a diferentes
níveis de intervenção e soberania.
Santa Clara Gomes aborda o tema ao perspetivar um conceito dinâmico, já que o domínio e
as influências sobre outros Estados fazem-se pelas novas tecnologias de informação e controlo
financeiro. O secretismo da política externa foi substituído pelas relações abertas e escrutinadas
publicamente. Defende como objetivos de defesa do interesse nacional, quando projetado
internacionalmente: a paz, o direito, o ambiente, o combate à fome e o subdesenvolvimento. Os
valores enunciados referem-se à sobrevivência da Nação, à independência e à integridade do
Estado. Como meios potenciadores assinalam-se: a língua e a cultura, a credibilidade e a conjugação
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de estratégias setoriais. Em coletivos de transferências de poderes como a EU ou UE?, opina a
necessidade de os estados aproveitarem as sinergias da sua influência em outras comunidades
(subentendemos a CPLP, no caso português).
Holsti infere que o interesse nacional está por detrás das aproximações realistas clássicas e
neorrealistas de conceber as relações internacionais. Quanto aos modelos das tomadas de decisões,
para que a nação assuma um posicionamento unitariamente racional, as condicionantes das
influências das elites, dos grupos de pressão e interesse, condicionam o interesse nacional. Este
conjuga a variação da conjuntura internacional com a vida política interna. No entanto, na relação da
política interna com as opções externas realça a premissa de que não há guerra entre as
democracias.
Outro grupo de influenciadores e de decisão que refere são os burocratas, supostamente por
especialistas que obtêm a otimização de decisões, provocam um desnível entre o interesse nacional
dos decisores e a execução nos terrenos executivo e operacional.
Aponta ainda aos líderes individuais que definem e constroem o modelo do seu interesse
acima ou como nacional, supra social, mas frequentemente sujeito à poluição dos lobbies influentes.
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Bibliografia:
BONAVIDES, Paulo. Ciência Política. 10. ed. São Paulo: Malheiros Editores, 1997.
FREIRE, Maria Raquel; Vinha, Luís da, Política externa: as relações internacionais em
mudança, consultado a 11/11/2019, em: http://dx.doi.org/10.14195/978-989-26-0995-9_1
GOMES, G Santa Clara, A Política Externa e a Diplomacia numa Estratégia Nacional, Revista
Nação e Defesa, 1990. Consultada a 12/12/19, em
https://www.idn.gov.pt/publicacoes/nacaodefesa/textointegral/NeD56.pdf
PINTO, Jaime Nogueira, The crisis of the Sovereign State, 1999. Consultado a 11/11/2019, em
https://www.heritage.org/political-process/report/the-crisis-the-sovereign-state
SANTOS, Victor Marques dos. Elementos de Análise de Política Externa, ISCSP, UTL, 2012
SILVA, Carlos Roberto da. A Hipótese de Declínio da Soberania dos Estados Modernos,
consultada a
www.revistas./unijui.edu.br%2Findex.php%2Fdireitoshumanosedemocracia%2Farticle%2Fview%2F
/589%2F2616&usg=AOvVaw1FlzK8vPll3_1DPp1p8JnK/