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ISSN: 1647-7251

Vol. 3, n.º 2 (outono 2013), pp. 109-001

A NOVA AGENDA PARA ÁFRICA

Flávio Tavares Rodrigues


flaviodiplomata0077@gmail.com

Mestrando em Relações Internacionais (opção: Diplomacia e Negociações


Internacionais) pelo Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais de
Angola/Luanda, em parceria com a Universidade Aberta de Lisboa. Gestor de Relações
Internacionais do Banco Angolano de Investimentos

Luanda, 2014
Índice

1. Democracia Africana? As implicações Eleitorais; as falhas do processo e


Prospectos para o futuro;

2. Formulação e implementação das políticas externas africanas;

3. As Organizações Africanas

4. Reordenamento do Estado-Nacão e a Consolidação da Soberania Positiva

5. Reforço do Contrato Social em África

6. Conclusão

7. Bibliografria
1. Democracia Africana? As implicações Eleitorais; as falhas do processo e
prospectos para o futuro

Introdução

P.F. Gonidec na sua obra, La crise Africaine : une crise de l’État in Afrique afirmou
que “O Estado enquanto fenómeno social é produto específico da sociedade no seu
estádio actual de evolução, o que implica a necessidade de ter em conta a realidade
concreta da sua evolução no tempo, portanto a sua história...”1. Esta afirmação coloca-
nos a grande discussão sobre democracias africanas. De facto, mercê da sua história o
tema democracia merece duas abordagens distintas: uma que reflecte “a democracia em
África” e outra que refere as “democracias africanas”; uma que encontra as suas bases
nos fundamentos antropológicos do homem africano e outra ainda que nos remetam a
uma narrativa global de contactos entre culturas ocidentais e africanas onde a africano
foi sempre encarada como inferior e, portanto tinha de importar o que de mais nobre e
civilizado existia nas sociedades europeias: a democracia. E desta ultima que incidirá a
nossa abordagem.

As independências chegam aos territórios africanos colonizados numa altura em que o


ocidente disputava influência internacional com o recém-criado “bloco do leste”,
confrontando-os com às suas próprias opções políticas, enveredando, na sua maioria,
por governos unitários e déspotas, de cariz totalitária. Numa primeira fase deixou de
haver “economia de mercado” e “liberdade de expressão”, doutrinas políticas ausentes
dos países marxistas, para que as novas políticas pudessem ser implantadas sem
contestações e turbulências sociais. Esta situação permitiu que se criasse um núcleo
duro ao redor do poder, essencialmente ligado por interesses pessoais. À sua volta
proliferaram nichos de empresas e grupos poderosos internos e externos que, em regime
de parcerias, chamaram a si o exclusivo da exploração intensiva dos recursos naturais -
particularmente o petróleo -, e o monopólio de todo o circuito da economia e das
finanças, contribuindo para o crescimento económico defeituoso dos países com
maiores recursos. Dessa circunstância, resultou aproveitarem para a sua esfera de acção
o controlo da maior parte do produto desse crescimento económico que deveria, lógica
e justamente, ser repartido pelas populações que, com o seu esforço, participaram,
activamente, na produção dessa riqueza, o que não se verificou nem se pratica.

1 P.F. Gonidec em La crise Africaine : une crise de l’État in Afrique 2000 –Fevrier 95-20
Resultou daí que muitos dos governantes africanos se transformaram em escudos destas
empresas ou grupos poderosos que por sua vez os financiavam para os manter o que
prejudicou e ainda prejudica o espírito de democracias multipartidárias, onde a
alternância se configura como estandarte. Nalguns casos, os regimes se tornaram
ditatoriais e noutros as eleições tiveram sempre o prazer amargo da fraude. Este
fenómeno está também na base dos vários golpes de estado que mancharam a
democracia em África.

Mas se estes fenómenos de natureza externa dão sinais contraditórios ao processo de


democratização, há que procurar também contradições nas dinâmicas internas. A
transição democrática pelo que se disse, tem procurado afirmar-se em cenários de crise,
ora, não preexistindo instituições democráticas sólidas, nem tão pouco cultura de
oposição que dirimam através do diálogo os conflitos em presença, as fracturas
degeneram facilmente em conflitos abertos, desenterrando-se então as identidades
étnico/tribais latentes. Estas explosões sociais são também terreno fértil para “os
ditadores acossados pelas reivindicações democráticas, que se apoiam com sucesso
neste tipo de conflitos. Ora a manipulação étnica pelos políticos impõe leis implacáveis
de limpeza étnica, contexto em que a democratização é impossível.”

A pressão exterior da dívida por um lado e, por outro, as pressões interiores do


empobrecimento, da violência, da corrupção (que alguns marxistas classificam como a
forma genuinamente africana de fazer a acumulação primitiva de capital...), do
clientelismo, da falta de enquadramento institucional dos conflitos ou do diálogo, são
fortes ameaças de dissolução internas que aprofundam a descrença nas formas
democráticas de governação.

As causas da crise político-africana foram imensas. Começando pela forma como os


partidos conduziram a luta pela independência nacional, passando pelo tipo de regime
que se queria seguir à independência e, recentemente, na forma como a democracia
representativa foi introduzida e, principalmente, no modo como o continente tem sido
governado.

Embora o continente seja basicamente de analfabetos, os esforços empreendidos nos


primeiros anos da independência eram para a melhoria cultural (no sentido lato do
termo) da sua população e tiveram alguns resultados positivos. O que significa que
existe uma parcela de intelectuais no continente, constituída essencialmente por jovens
recém-formados (tal como é o continente). Esses jovens, na sua maior parte de origem
camponesa, são confrontados com o debate sociológico, incluindo aspectos políticos e
culturais. Vale lembrar que não nos mereceram toda atenção as manifestações de
afirmação étnicas que entram em contradição com o nacionalismo nascente. O conjunto
desta realidade obriga o jovem ou o intelectual africano, em geral, a um posicionamento
difícil entre os seus interesses de afirmação pessoal ou defesa da construção nacional.

Se indagarmos onde está a incompatibilidade, podemos dizer que, na maior parte dos
casos, a afirmação pessoal passa pela utilização dos recursos que a classe política
facilita e que são, neste caso, quase sempre incompatíveis com o modelo de nação
preconizado pelos movimentos de libertação nacional. Estes obrigam à utilização dos
conhecimentos de uma forma diferente, mais modesta e mais utilitária, o que nem
sempre é sinónimo de criatividade.

O debate vigente sobre a governabilidade em África é uma manifestação da crise do


conceito da democracia. A constante pressão exercida pela comunidade internacional
em relação aos direitos humanos e o sistema de partido único coincidiram, a partir da
década de 80, com a evolução de insuportáveis contradições internas resultantes da
aplicação de programas económicos que se tornaram visivelmente desastrosos para a
grande maioria dos cidadãos desses países. Para fazer uma análise holística do
problema, levar-me-ia a concluir que a luta externa (contra as pressões da população),
da mesma forma que ocorreu durante a luta pela libertação, em que o objectivo de
conquistar a independência uniu vários grupos étnicos de interesse no país, nesta
segunda transição, também deveria ocorrer uma união de forças.

Cremos que os que estavam no meio tiveram o papel fundamental de interpretar


o que deveria ou poderia ser feito para salvar a situação, e nenhuma outra solução
estava aberta a eles, com a excepção de embarcar numa transformação política capaz de
reconhecer a realidade dos anos 90, como sempre ocorre na construção de modelos e
conceitos, desta vez, sobretudo jurídicos, porém com fortes implicações políticas e
económicas. Assim, temos a sorte de sermos capazes de observar que eleições foram
realizadas, que separações de poderes legislativo e executivo ocorreram, que autarquias
foram criadas e/ou estão em vias de serem criadas, que facções parlamentares e outros
grupos representativos foram formados, à imagem do que há nas democracias liberais,
comumente referidas como países ocidentais. Ainda parecemos ter sorte quando vemos
que a nova Constituição está servindo como uma tela de fundo para a solução de
conflitos institucionais nesses países.

Sem nos envolvermos em polémicas sobre os méritos e deméritos que esses processos
inegavelmente possuem, é mais importante chamar a atenção para a necessidade de
rever a experiência de transição democrática nesses países. Então, não seria difícil
reconhecer, sob o manto do modelo liberal-democrático, as pressões que diferem em
natureza, dependendo dos países e dos interesses envolvidos. A explicação para essa
diferença consiste na opinião de muitos, no modo em que ocorram as pressões
internacionais muito mais do que na identidade das forças políticas envolvidas.

As características principais das democracias ocidentais, alternâncias e legitimação de


representação estão sendo seriamente questionadas como resultados de experiência
histórica. Conquanto haja excepções, a tendência predominante inclina-se pela
diminuição das distinções entre os modelos económicos propostos pelas várias escolas
de pensamento nos países ocidentais e em direcção a um crescente declínio no número
de eleitores que votam em cada eleição, menos em países como Estados Unidos, Japão,
ou Suíça, e diminuindo em quase todos os outros países.

Essa usurpação de representatividade política tem consequências extremamente sérias.


Permite aos eleitores legislar à exclusão de outros, e eles demonstram uma crescente
falta de moderação em fazê-lo. Mas a importância da democracia, consequentemente,
parece repousar nas eleições e não no resto do modelo liberal, o qual é limitado, embora
não entendido, situação que para alguns pode parecer paradoxal.

2. Formulação e implementação das politicas externas africanas;

3. As Organizações Africanas

Em África adoptou-se igualmente a doutrina internacional da hierarquia das


organizações sendo que a União Africana configura-se como a legítima organização
política continental. Herdeira da OUA, a União Africana surge num contexto em que os
objetivos da OUA pareciam todos cumprindo com a independência da Namíbia e o fim
do regime do Apartheid na África do Sul.

A União Africana (UA) foi fundada em 2002 baseada no modelo da União Europeia
(mas actualmente com actuação mais próxima à da Comunidade das Nações). Ajuda na
promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento na África,
especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa Nova
Parceria para o Desenvolvimento da África. Seu primeiro presidente foi o presidente
sul-africano Thabo Mbeki.

A União Africana tem como objectivos a unidade e a solidariedade africana. Defende a


eliminação do colonialismo, a soberania dos Estados africanos e a integração
económica, além da cooperação política e cultural no continente. Fazem parte da sua
estrutura a Assembleia da União Africana – é formada pelos chefes de estado e de
governo dos países membros, ou seus representantes devidamente acreditados; é o
órgão supremo da União; em 2010 é presidida pelo malawiano Bingu wa Mutharika);
Conselho Executivo da União Africana – é composto por ministros ou outras
autoridades designadas pelos governos dos estados membros; Comissão da União
Africana – é o órgão responsável pela execução das decisões da Assembleia; é dirigido
por um Presidente (em 2010, o gabonês Jean Ping), um Vice-Presidente e composto por
oito Comissários, cada um responsável por uma área de actividade; Comité de
Representantes Permanentes da União Africana – responsável pela preparação das
sessões do Conselho Executivo, é composto por Representantes Permanentes dos
Estados-Membros, acreditados perante a União; Comité de Paz e Segurança da União
Africana – estabelecido durante a Cimeira de Lusaka (Julho de 2001), este comité
encontra-se ainda (2008) em processo de ratificação pelos Estados-membros;
Parlamento Pan-africano – é o órgão que assegura a participação dos povos africanos na
governação, desenvolvimento e integração económica do continente, através do
controlo e apoio aos parlamentos dos Estados-membros; é composto por 265
parlamentares, eleitos pelas legislaturas dos 53 estados-membros; Conselho
Económico, Social e Cultural da União Africana – é o órgão consultivo da organização;
os seus estatutos serão submetidos à Cimeira de Maputo; Comités Técnicos
Especializados – são grupos de nível ministerial que estudam problemas em áreas
específicas: Comité sobre Economia Rural e Agricultura; Comité sobre Assuntos
Monetários e Financeiros; Comité sobre Comércio, Alfândegas e Imigração; Comité
sobre Indústria, Ciência e Tecnologia, Energia, Recursos Naturais e Ambiente; Comité
sobre Transportes, Comunicações e Turismo; Comité sobre Saúde, Trabalho e Assuntos
Sociais; eo Comité sobre Educação, Cultura e Recursos Humanos; Instituições
Financeiras: Banco Central Africano; Fundo Monetário Africano; e Banco Africano de
Investimentos.

Tal como a sua antecessora, a Organização da Unidade Africana, a UA promove a


integração regional como forma de desenvolvimento económico. O objectivo final é a
completa integração das economias de todos os países da África, numa Comunidade
Económica Africana.

Neste momento, funcionam as seguintes organizações de integração regional:

 A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental,


 A Comunidade Económica dos Países da África Central,
 A Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral,
 O Mercado Comum da África Oriental e Austral e
 A União Árabe do Magrebe.

Como cada bloco é autónomo, uma crise inicial em um pilar não afectará directamente
os outros que sustentam o programa de integração continental.

4. Reordenamento do Estado-Nacão e a Consolidacão da soberania Positiva

Olhando para os modernos estados africanos e para as fronteiras a que se confinam, de


imediato nos vem à mente que resultaram do que foi perspectivado na Conferência de
Berlim. Podemos entender, tal como o historiador Elikia M’Bokolo o faz (2), que se
tem exagerado e mistificado a importância da referida Conferência na precisão das
fronteiras coloniais africanas, mas é inquestionável que tem sido com as fronteiras
então delineadas que a comunidade internacional (3) se tem contentado, uma vez que as
legitimou sem as questionar.

A fixação das fronteiras africanas subordinou-se aos interesses da exploração dos


recursos naturais e do comércio local pelas potências colonizadoras e, na voragem da
ocupação efectiva que urgia, as potências europeias não tiveram nem poderiam ter tido
em conta (não sejamos anacrónicos), a realidade pré existente: é que só então os
europeus se viram obrigados a penetrar numa África profunda que desconheciam e que
tinha estado entregue às suas próprias dinâmicas internas até à hora da partilha.

Há pois que ter presente que, apresar da não contestação das fronteiras traçadas em
Berlim, havia realidades e dinâmicas internas preexistentes à divisão que em muito
condicionariam os contextos do desenvolvimento dos países africanos que ascenderiam
à independência (na sua grande maioria) na segunda metade do século XX. Pouco
estudadas ou mesmo esquecidas, essas mesmas realidades e dinâmicas são hoje
recuperadas para a compreensão da África, tal como se apresenta.

Só aparentemente a “divisão colonial tinha simplificado as relações políticas no


continente. Onde anteriormente tinha havido centenas de clãs e de linhagens
independentes, supostas Cidades-Estado, reinos e impérios com fronteiras móveis e
indefinidas, havia agora”...”estados com fronteiras fixas e com uma capital.” (4), mas
através da definição das fronteiras e fazendo tábua-rasa das organizações sociais,
administrativas e políticas preexistentes a Europa atabafou, nem sempre de forma
pacífica, pólos e fontes de conflito que teriam seguido um percurso natural até à sua
resolução.

A partilha enxertou e acelerou em África o conceito de Estado-Nação ocidental que na


Europa foi resultado de uma sedimentação lenta e de muitos séculos. Enxertou em
África um conceito de Estado-Nação que pressupunha, para além de um território com
demarcação reconhecida, uma população minimamente integrada (em termos culturais,
linguísticos, etc.) e uma economia que permitisse condições de vida e graus de
autonomia aceitáveis. Factores cuja existência era no mínimo duvidosa.
Mas se a Europa moldou as configurações económicas, políticas e sociais aos seus
interesses e modos de ver o mundo, também não deixa de ser verdade que as elites
locais as aceitaram num processo de aculturação e mimetismo que desembocou num
nacionalismo que se impôs, por vezes violentamente, ás formas de organização
tradicionais e genuinamente africanas. As elites africanas, “modernistas”, apropriaram-
se, pois, do conceito de Estado-Nação europeu e saíram vencedoras na luta que
travaram com os “tradicionalistas”. Dito de outra forma: para as elites emergentes, a
construção dum Estado-Nação releva de uma ideologia nacional que não se compadece
com o mosaico socio-antropológico herdado das potências coloniais, quer tenha sido
construído por elas, ou lhes tenha resistido através de processos simbióticos mais ou
menos pacíficos ou conflituosos.

Averbam ainda os “modernistas” a seu favor o facto de muitos serem os exemplos em


que etnias do mosaico se deixaram instrumentalizar pelas potências colonizadoras, que
não só exploravam rivalidades ancestrais para melhor reinar, como também as usavam
como forma de legitimação e de aproximação às populações. Algumas chefias
tradicionais ocuparam mesmo lugares no aparelho colonial, num colaboracionismo que
lhes retirou legitimidade no quadro das independências pós-coloniais.

Colocado este assunto após a criação da OUA esta entendeu que as fronteiras definidas
pelos colonizadores deviam ser assumidas pelos povos independentes, julgando assim
dirimir os possíveis infindáveis conflitos étnicos.

5. Reforço do Contrato Social em África

A globalização colocou em causa os princípios da soberania dos Estados. E como não


podia deixar de ser em África, esta realidade é mais penosa. A julgar em como se
constituíram os primeiros Estados Africanos é natural que tal realidade emerge. O
contrato social perante as democracias em África é quase que uma realidade que
espelha a ideia do leviatã de Thomas Hobbes, o que nos impele para o reforço do
contrato social que nada é mais do que o reforço da democracia em África.

Felizmente, apercebendo-se da realidade as organizações africanas sejam elas


continentais ou regionais elegem sempre o reforço da democracia nos Estados membros
como um dos principais objetivos a ser atingido. Todavia, a incapacidade coerciva
destas organizações tem permitido muitos desrespeitos dos seus membros a este
princípio.

Precisamos em nosso entender de difundir muito mais os princípios democráticos,


mobilizando os governos para a realização de autarquias nos seus Estados e optar por
eleições livres e directas, de forma a aproximar mais os eleitores aos seus
representantes.
Conclusão

Precisamos no meu entender, de difundir muito mais os princípios democráticos,


mobilizando os governos para a realização de autarquias nos seus Estados e optar por
eleições livres, directas e justas de forma a aproximar mais os eleitores aos seus
representantes.

De acordo com a pesquisa feita, a região encontra-se num processo embrionário de


democratização, cujos esforços devem ser congregados para a consolidação da
democracia.

O estudo em si trouxe conhecimento pois permitiu verificar os esforços da SADC por


exemplo, para a implementação da democracia na África Austral, demonstrando a
importância que a comunidade dá ao assunto enquanto princípio a observar ou
objectivo a cumprir que, pode ser verificado a partir dos instrumentos de democracia
elaborados, pela comunidade que, podem ajudar nos processos de democratização e
consequente consolidação.

Como foi demonstrado ao longo da abordagem, a democracia não implica apenas a


realização de eleições, elas são um meio importante para a sua implementação; a
democracia encerra em si as questões de direitos humanos, respeito pelas minorias,
direito a liberdade de expressão, pluralismo político, participação activa da sociedade
civil na vida política boa governação, e outros que não atentem contra a liberdade dos
cidadãos. As relações entre o Estado e a sociedade civil devem ser regidas com base em
princípios democráticos, responsabilidade, prestação de contas. Esta parceria com os
governos podem auxiliar na implementação de processos de democratização pacíficos a
nível da SADC, aonde a integração regional ainda é feita à margem da sociedade civil,
sendo os líderes políticos os únicos actores desse processo.

No vasto cenário das Relações Internacionais fica cada vez mais difícil separar a
componente económica da política, pois se por um lado os Estados são movidos pelos
seus interesses económicos individuais, para a formação de uma organização regional,
por outro lado, é a busca pela afirmação política dos Estados membros desse grupo que
os motiva cada vez no alargamento das etapas a atingir. Em alguns casos, a estabilidade
do ambiente político dos Estados é promovido pela democracia, começando por um
processo de transição para democratização que, pode ou não evoluir para a uma
democracia consolidada. Essa dinâmica é imposta pela própria comunidade
internacional que não é compatível com realidades estáticas e os Estados hoje, apesar
de terem um papel preponderante nas Relações Internacionais já não os únicos actores
capazes de influenciá-la. E é nesse sentido que podemos verificar influência dos grupos
regionais na promoção da democracia, como se verificou na Europa com a UE.
Referências Bibliográficas

1. P.F. Gonidec. (2000). Une Crise de l’État in Afrique.


2. NYE, Joseph. Compreender os conflitos internacionais. Lisboa: Gradiva, 2002.
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