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Luanda, 2014
Índice
3. As Organizações Africanas
6. Conclusão
7. Bibliografria
1. Democracia Africana? As implicações Eleitorais; as falhas do processo e
prospectos para o futuro
Introdução
P.F. Gonidec na sua obra, La crise Africaine : une crise de l’État in Afrique afirmou
que “O Estado enquanto fenómeno social é produto específico da sociedade no seu
estádio actual de evolução, o que implica a necessidade de ter em conta a realidade
concreta da sua evolução no tempo, portanto a sua história...”1. Esta afirmação coloca-
nos a grande discussão sobre democracias africanas. De facto, mercê da sua história o
tema democracia merece duas abordagens distintas: uma que reflecte “a democracia em
África” e outra que refere as “democracias africanas”; uma que encontra as suas bases
nos fundamentos antropológicos do homem africano e outra ainda que nos remetam a
uma narrativa global de contactos entre culturas ocidentais e africanas onde a africano
foi sempre encarada como inferior e, portanto tinha de importar o que de mais nobre e
civilizado existia nas sociedades europeias: a democracia. E desta ultima que incidirá a
nossa abordagem.
1 P.F. Gonidec em La crise Africaine : une crise de l’État in Afrique 2000 –Fevrier 95-20
Resultou daí que muitos dos governantes africanos se transformaram em escudos destas
empresas ou grupos poderosos que por sua vez os financiavam para os manter o que
prejudicou e ainda prejudica o espírito de democracias multipartidárias, onde a
alternância se configura como estandarte. Nalguns casos, os regimes se tornaram
ditatoriais e noutros as eleições tiveram sempre o prazer amargo da fraude. Este
fenómeno está também na base dos vários golpes de estado que mancharam a
democracia em África.
Se indagarmos onde está a incompatibilidade, podemos dizer que, na maior parte dos
casos, a afirmação pessoal passa pela utilização dos recursos que a classe política
facilita e que são, neste caso, quase sempre incompatíveis com o modelo de nação
preconizado pelos movimentos de libertação nacional. Estes obrigam à utilização dos
conhecimentos de uma forma diferente, mais modesta e mais utilitária, o que nem
sempre é sinónimo de criatividade.
Sem nos envolvermos em polémicas sobre os méritos e deméritos que esses processos
inegavelmente possuem, é mais importante chamar a atenção para a necessidade de
rever a experiência de transição democrática nesses países. Então, não seria difícil
reconhecer, sob o manto do modelo liberal-democrático, as pressões que diferem em
natureza, dependendo dos países e dos interesses envolvidos. A explicação para essa
diferença consiste na opinião de muitos, no modo em que ocorram as pressões
internacionais muito mais do que na identidade das forças políticas envolvidas.
3. As Organizações Africanas
A União Africana (UA) foi fundada em 2002 baseada no modelo da União Europeia
(mas actualmente com actuação mais próxima à da Comunidade das Nações). Ajuda na
promoção da democracia, direitos humanos e desenvolvimento na África,
especialmente no aumento dos investimentos estrangeiros por meio do programa Nova
Parceria para o Desenvolvimento da África. Seu primeiro presidente foi o presidente
sul-africano Thabo Mbeki.
Como cada bloco é autónomo, uma crise inicial em um pilar não afectará directamente
os outros que sustentam o programa de integração continental.
Há pois que ter presente que, apresar da não contestação das fronteiras traçadas em
Berlim, havia realidades e dinâmicas internas preexistentes à divisão que em muito
condicionariam os contextos do desenvolvimento dos países africanos que ascenderiam
à independência (na sua grande maioria) na segunda metade do século XX. Pouco
estudadas ou mesmo esquecidas, essas mesmas realidades e dinâmicas são hoje
recuperadas para a compreensão da África, tal como se apresenta.
Colocado este assunto após a criação da OUA esta entendeu que as fronteiras definidas
pelos colonizadores deviam ser assumidas pelos povos independentes, julgando assim
dirimir os possíveis infindáveis conflitos étnicos.
No vasto cenário das Relações Internacionais fica cada vez mais difícil separar a
componente económica da política, pois se por um lado os Estados são movidos pelos
seus interesses económicos individuais, para a formação de uma organização regional,
por outro lado, é a busca pela afirmação política dos Estados membros desse grupo que
os motiva cada vez no alargamento das etapas a atingir. Em alguns casos, a estabilidade
do ambiente político dos Estados é promovido pela democracia, começando por um
processo de transição para democratização que, pode ou não evoluir para a uma
democracia consolidada. Essa dinâmica é imposta pela própria comunidade
internacional que não é compatível com realidades estáticas e os Estados hoje, apesar
de terem um papel preponderante nas Relações Internacionais já não os únicos actores
capazes de influenciá-la. E é nesse sentido que podemos verificar influência dos grupos
regionais na promoção da democracia, como se verificou na Europa com a UE.
Referências Bibliográficas