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Nas Relações Internacionais tem-se as três famílias teóricas críticas que são o

Realismo, Liberalismo e Marxismo, as quais nos ajudam a analisar os conflitos e


relações entre os países por diferentes lentes e, consequentemente, com explicações
divergentes.

O Realismo, que tem como grandes teóricos Tucídides, Hobbes, Morgenthau


entre outros, caracteriza-se como uma abordagem que explica que um Estado, que é o
ator central num sistema internacional anárquico, só será considerado seguro se tiver o
máximo de poder possível, e aqui destaca-se, principalmente, o poder bélico. Além
disso, como afirma Tucídides (1987, p.171) "O forte faz o que quer e o fraco sofre o que
deve", que ilustra a ideia de que para o realismo o poder, para manter a segurança, é
mais importante nas relações entres os países, e assim o Estado consegue ter maior
influência mantendo-se forte, independente da justiça, ética ou questões morais.

TUCÍDIDES. A Guerra do Peloponeso. Brasília: Editora Universidade de


Brasília, 1987. Livro V, p. 171).

As três principais famílias teóricas nas Relações Internacionais são o Realismo, o


Liberalismo e o Construtivismo. A seguir, apresento uma caracterização breve
de cada uma dessas famílias teóricas, juntamente com exemplos de autores que
as representam, bem como suas perspectivas do sistema internacional e
padrões explicativos nas Relações Internacionais:

1. Realismo:

O Realismo é uma abordagem que se concentra no poder e na segurança dos


Estados, considerando-os como atores centrais do sistema internacional. Essa
abordagem assume que os Estados são movidos por interesses próprios, e que
a competição e a luta pelo poder são características inerentes ao sistema
internacional. Para os realistas, a anarquia do sistema internacional implica que
os Estados devem se concentrar em aumentar seu poder relativo e em manter
um equilíbrio de poder para garantir sua segurança.

Autores representativos: Hans Morgenthau, Kenneth Waltz, John Mearsheimer.

Perspectiva do sistema internacional: O sistema internacional é anárquico e os


Estados são os principais atores.

Padrões explicativos: O poder e a s egurança dos Estados são as principais


variáveis explicativas das relações internacionais.

Referências bibliográficas:

 MORGENTHAU, H. J. Politics among Nations: The Struggle for Power and


Peace. 7th ed. New York: McGraw-Hill, 2005.
 WALTZ, K. N. Theory of International Politics. New York: McGraw-Hill,
1979.
 MEARSHEIMER, J. J. The Tragedy of Great Power Politics. New York: W. W.
Norton & Company, 2001.
2. Liberalismo:

O Liberalismo é uma abordagem que enfatiza a cooperação entre os Estados e


outras entidades internacionais, como organizações internacionais e empresas
multinacionais. Para os liberais, o desenvolvimento econômico e a promoção
dos direitos humanos são importantes objetivos das relações internacionais. Os
liberais também defendem a democracia e o livre comércio como formas de
promover a paz e a estabilidade.

Autores representativos: Immanuel Kant, Robert Keohane, Joseph Nye.

Perspectiva do sistema internacional: O sistema internacional é um ambiente em


que os Estados podem cooperar e buscar objetivos comuns.

Padrões explicativos: A cooperação, o desenvolvimento econômico e a


promoção dos direitos humanos são os principais padrões explicativos das
relações internacionais.

Referências bibliográficas:

 KANT, I. Perpetual Peace: A Philosophical Essay. Indianapolis: Hackett


Publishing Company, 1983.
 KEOHANE, R. O. After Hegemony: Cooperation and Discord in the World
Political Economy. Princeton: Princeton University Press, 1984.
 NYE, J. S. Soft Power: The Means to Success in World Politics. New York:
Public Affairs, 2004.
3. Construtivismo:

O Construtivismo é uma abordagem que se concentra na construção social das


normas e ideias que moldam as relações internacionais. Para os construtivistas,
a identidade e as crenças dos atores internacionais são importantes, pois
moldam sua percepção do mundo e influenciam seu comportamento. O
Construtivismo destaca a importância

Sob a perspectiva do Realismo das Relações Internacionais, a guerra na Ucrânia


pode ser entendida como um conflito entre Estados em busca de poder e
segurança. O Realismo enfatiza a competição entre Estados e a luta pelo poder
como características inerentes ao sistema internacional.

No caso da Ucrânia, a Rússia tem uma longa história de influência na região,


que remonta ao período soviético. A anexação da Crimeia pela Rússia em 2014
e o apoio aos separatistas pró-russos no leste da Ucrânia são vistos pelos
realistas como a busca da Rússia pelo aumento de seu poder relativo e pela
proteção de seus interesses estratégicos na região.

Além disso, a Ucrânia é vista como um ponto de disputa entre a Rússia e o


Ocidente, especialmente os Estados Unidos e a União Europeia. Para os
realistas, essa rivalidade entre potências é uma constante no sistema
internacional, com cada Estado buscando aumentar seu poder e influência em
detrimento dos outros.

Assim, sob a ótica do Realismo, a guerra na Ucrânia pode ser entendida como
um conflito entre Estados em busca de poder e segurança, onde a Rússia busca
ampliar sua influência na região e se proteger dos interesses do Ocidente,
enquanto a Ucrânia e seus aliados ocidentais buscam defender sua soberania e
limitar a influência russa na região.

Citações:
1. Hans Morgenthau: Morgenthau é considerado um dos fundadores do Realismo das
Relações Internacionais. Seu livro "Política entre as Nações" é um clássico da
disciplina e argumenta que o sistema internacional é caracterizado por uma busca
constante por poder e segurança.

Referência bibliográfica: MORGENTHAU, H. Política entre as Nações: A Luta pelo Poder e


pela Paz. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2003.

2. Kenneth Waltz: Waltz é outro autor importante do Realismo, que desenvolveu a


teoria do Realismo Estrutural, também conhecida como Neorrealismo. Ele
argumenta que a estrutura anárquica do sistema internacional é a principal causa
dos conflitos entre Estados, e que a busca pelo poder é uma consequência desse
ambiente.

Referência bibliográfica: WALTZ, K. Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva,


2002.

3. John Mearsheimer: Mearsheimer é um dos principais teóricos do Realismo


Ofensivo, que argumenta que os Estados têm uma tendência natural a buscar o
poder absoluto, e que a política internacional é caracterizada por uma competição
constante entre Estados em busca de hegemonia.

Referência bibliográfica: MEARSHEIMER, J. The Tragedy of Great Power Politics. New York:
W.W. Norton & Company, 2001.

Citações diretas com referência bibilografica de autores realistas classicos das relaçoes
internacionais
1. "A política é um campo independente e autônomo, regido por suas próprias leis e
princípios, que não podem ser reduzidos a outras esferas da atividade humana." -
Hans Morgenthau

Referência bibliográfica: MORGENTHAU, H. Política entre as Nações: A Luta pelo Poder e


pela Paz. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2003.

2. "A política internacional, como a conhecemos, é um sistema anárquico no qual a


luta pelo poder é a regra." - Kenneth Waltz

Referência bibliográfica: WALTZ, K. Teoria das Relações Internacionais. Lisboa: Gradiva,


2002.

3. "Os Estados não podem confiar uns nos outros, e devem buscar constantemente
aumentar sua capacidade de defesa e ataque para proteger seus interesses." -
Thucydides

Referência bibliográfica: THUCYDIDES. História da Guerra do Peloponeso. São Paulo:


Martins Fontes, 1997.
O Liberalismo é uma das principais abordagens teóricas das Relações
Internacionais e enfatiza a importância das instituições internacionais, da
cooperação e do comércio como meios de promover a paz e a prosperidade.
Para os liberais, a interdependência econômica e a difusão de valores
democráticos são fatores fundamentais para a estabilidade internacional.

O Liberalismo surgiu no século XVIII, em oposição ao absolutismo e ao


mercantilismo, e se consolidou no século XIX com o livre comércio e a criação
de organizações internacionais como a Liga das Nações e a Organização
Internacional do Trabalho.

Na perspectiva liberal, as instituições internacionais desempenham um papel


importante na gestão dos conflitos entre Estados, na promoção dos direitos
humanos e na cooperação em áreas como o meio ambiente, saúde e segurança.
A interdependência econômica é vista como um fator de estabilidade, pois
torna os países mais vulneráveis às consequências negativas dos conflitos e
incentiva a cooperação.

Além disso, os liberais defendem a ideia de que a difusão de valores


democráticos e o respeito aos direitos humanos são fundamentais para a
construção de um mundo mais pacífico e justo. A democracia e os direitos
humanos são vistos como valores universais, que devem ser promovidos e
respeitados em todos os países.

Autores liberais importantes incluem Immanuel Kant, John Stuart Mill, Woodrow
Wilson e Robert Keohane.

Em resumo, o Liberalismo enfatiza a importância das instituições internacionais,


da interdependência econômica e da difusão de valores democráticos como
meios de promover a estabilidade e a cooperação entre os Estados.

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