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Elsa Iris Schmidt

1 nota de leitura- Pensar a geografia política do século XXI

A autora objetiva justificar a importância da geografia política e os


diferentes ramos do conhecimento que irão reforçar a teoria. Na geografia
política é que problemas de política e território, ai surgem muitas questões de
conflitos e interesses que surgem das materialidades territoriais. Segundo a
autora, é na relação entre política e território que define o campo da geografia
política. A geografia política, pode ser compreendida por conjunto de ideias
políticas e acadêmicas, tentando visar a compreensão dos fatos políticos em
diferentes escalas.
Reforça um resgate da geografia política ao longo dos últimos séculos. A
fluidez da vida política tentava demonstrar por meio de fatores físicos como as
montanhas, oceanos, rios e clima influenciavam o modo de viver da
humanidade.
Origem do termo com o francês Turgot em 1750, foi apresentada como
um “tratado de governo”, que possivelmente teria sido inspirado por
Montesquieu. A preocupação de Turgot era demonstrar que o governo começa
quando se estuda fatores geográficos políticos, e que isso irá anteceder à sua
participação política sobretudo a ação.
Além do determinismo do meio natural, Ratzel procurou elaborar teorias
das relações entre política e o espaço, introduzindo o conceito de espaço,
ordenar paisagens, valorizar recursos naturais e se fortalecer a partir do seu
próprio enraizamento no território. Ratzel, foi inspirado por temas que atingiam
os problemas da sua época, como a disputa por territórios, fortalecimento do
Estado nacional como a garantia do poder dos povos sobre os territórios por
ele ocupados.
A agenda da geografia política teve inicio no século XX, quando
estratégias de controle e dominação do território controlado pelo Estado
Nacional eram questões sempre implícitas ou explicitas. Na Primeira Guerra,
os geógrafos foram mobilizados para ajudar a traçar as novas fronteiras na
Europa. Na Segunda Guerra, a geopolítica inspirada por Ratzel, forneceu a
justificativa de autoritarismo para a expansão alemã.
Alguns fatores como a Guerra Fria, a desagregação da União Soviética,
a Globalização, tornaram a década de 1970 e 1980 importantes para a
renovação da disciplina nos meios acadêmicos, inidicando que a disciplina tem
estado presente nos debates que se fundamentam no território como estratégia
de poder. A renovação levantou vários temas e métodos que serviram a
geografia política.
Cox(1979), desenvolveu suas pesquisas em escala subnacional, na
interface de geografia e ciência política do qual privilegiou a geografia eleitoral
e os impactos das políticas públicas na organização do espaço.
Agnew(2002), a escala que importa é do fenômeno geográfico. Esse
autor também irá defender que a superação da polêmica entre as perspectivas
da redução, que supõe e que o menor nível de análise é sempre melhor, nesse
modelo de redução procura-se isolar os indivíduos para explicar o
comportamento humano. E a holista supõe que o todo é sempre maior que a
soma das partes e que a escala geográfica abrangente são sempre as
melhores, procura explicar o capitalismo, a cultura ou o sistema que vão
produzir análises incompletas. Assim, na sua percepção a emergência da
escala é mais adequada por que confere visibilidade e permite a
problematização de muitos fenômenos da geografia política.
Gottmann(1950-1970), sua visão se trata de elaborar uma teoria do
espaço político para explicar a divisão do espaço mundial e a distribuição do
poder em termos de tendência mais do que em termos de Estados
permanentes. Suas observações permitiram conhecer o sistema de movimento
e o sistema de resistência ao movimento. O processo de cercamento do mundo
habitado, é explicado pela dialética existente entre as forças da circulação,
responsáveis pelas mudanças que se impõe de fora e a incografia que são
forças a resistência a essas mudanças, encontradas nos símbolos e crenças
de grupos definidos.
Taylor-1980, analisa os fenômenos político-geográficos em termos dos
padrões globais de acumulação do capital e do desenvolvimento desigual
resultante.
Desfeito o que a autora chama de “fantasma” da geografia política com o
projeto nazista de poder, o debate entre os plurarismos metodológicos
interdisciplinar pode ser mais adequada diante de problemas complexos que
não se resolvem em modelos explicativos únicos.
Para a autora na atualidade, evidencia a importância da política nos
processos de organização do território, pois tem sido pouco prestigiada. A
relação entre política compreendida como um modo de organização dos
conflitos de interesses e o território, define as dimensões das relações espaço-
sociedade que envolvem temas específicos.
A política nunca deixou de esta em evidência na geografia. Num primeiro
momento tentaram resgatar a geografia política do seu pecado original, que
serviu como ideologia expansionista do império alemão; no segundo, seria o
eixo de análise as relações de classe e de poder das sociedades capitalistas,
foram eliminadas possibilidades de aprofundamentos conceitual da ciência e
sua aplicação.
Por fim a autora realiza alguns apontamentos referentes ao atual cenário
da política contemporânea mundial, posteriores ao acontecimento do dia 11 de
setembro de 2001, constatando que a flexibilidade da organização da rede
utilizada pelos terroristas, tenderia a reforçar a certeza do papel secundário do
Estado nacional.
No segundo momento, irá falar sobre um paradoxo, que há uma
contradição entre as perspectivas de enfraquecimento do Estado, pois seu
papel seria proteger o cidadão da morte violenta, e quais foram as decisões do
governo americano após o acontecido, como maior controle das fronteiras e de
cercamento das liberdades individuais, paralelo ao reforço de xenófoba, que
resultaram da funcionalidade dos mecanismos de adesão à solidariedade
nacional.
Nesse sentido, há um desequilíbrio do poder entre os Estados nacionais
contemporâneos, a falta de disposição do mais forte para organizar aliados.
Negociar pactos internacionais que segundo a autora parece mais uma
questão de nova ordem mundial. Constatando a complexidade do momento
atual em função da visibilidade e da aceleração de tempos, ritmos e interesses
que interagem em diversas escalas de modo nem sempre regular.

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