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CEDERJ 2016

GEOGRAFIA POLÍTICA

Prof. Ivaldo Lima

Aula 2

A geografia política clássica e seus fundamentos

O momento histórico da formação da geografia política

Como já vimos, embora o projeto político da geografia remonte à Antiguidade, a sistematização


de um conhecimento científico político-geográfico somente veio a se delinear no final do século
XIX. Foi com a obra do prussiano Friedrich Ratzel (1844-1904) que a geografia experimenta
uma renovação em seu conteúdo e, sobretudo, em sua abordagem. Nessa obra, destacam-se os
livros “Antropogeografia”, publicado em 1882 e “Geografia Política”, publicado em 1997, cuja
reedição surgiu em 1902 acompanhada do subtítulo “Uma geografia dos Estados, do comércio e
da guerra”. No primeiro, Ratzel divide o objeto de estudo antropogeográfico em três partes
principais – a população, o território e os recursos – permitindo, assim, uma sistematização que
modernizasse a geografia científica, além de posicionar essa mesma disciplina como uma das
ciências sociais. No segundo livro, a leitura ratzeliana da geografia é bem mais específica,
enfatizando a relação formada entre espaço e poder que conduziria, por seu turno, à
sistematização moderna da geografia política, refundando seus conceitos e expandindo seus
temas.

Mas, afinal, quais eram as características fundamentais dessa geografia política refundada por
Ratzel? Esse questionamento nos servirá como fio condutor desta aula, nos possibilitando
entender como o pensamento desse autor estava plenamente contextualizado no ambiente
político, intelectual, econômico, cultural e filosófico daquele momento por ele vivido. E, assim,
chegaremos ao entendimento de como, em seu nascedouro, a geografia política constituiu-se
como uma das matrizes do pensamento de Ratzel, bem como de outros cientistas sociais
equitemporâneos. Aqui, utilizamos o termo matriz, por dois motivos. O primeiro motivo deriva
do fato deste pensamento político-geográfico ter servido de base para desdobramentos analíticos
na trajetória científica desse autor, ou seja, as análises empreendidas por Ratzel frequentemente
se referiam à espacialidade do poder. O segundo motivo deriva do fato desta geografia política
ter influenciado muitos cientistas, contemporâneos e sucedâneos de Ratzel, como foi o caso do
sueco Rudolf Kjéllen – jurista germanófilo que cunhou o termo geopolítica, em 1899.

O momento histórico vivido por Ratzel é decisivo para a caracterização de sua produção
científica. Isso porque, o autor vivencia o momento político de unificação que faz surgir um
novo Estado: a Alemanha. Portanto, trata-se de um momento de afirmação de uma
nacionalidade institucionalizada há pouco, embora o sentimento nacional alemão derive de uma
longa maturação cultural da germanidade, ou seja, como um produto legítimo da cultura
germânica. A própria ideia de nação como uma unidade de cultura, alentada na Alemanha
recém-unificada, expressa bem essa derivação. Nesse contexto, a afirmação da nação alemã se
dá, também, por meio da filosofia romântica a qual se contraporá à filosofia iluminista de cunho
francês. Esse romantismo (também conhecido como idealismo alemão) constitui uma corrente
filosófica em que o passado, as tradições, enfim, o caldo de cultura específico de um povo é
valorizado para definir a unidade, a coesão e a ideologia desse próprio povo. Deduz-se que a
construção do caráter nacional do povo alemão é o que estava em jogo. Daí recordarmos a
influência de filósofos representantes desse idealismo alemão sobre o pensamento de Ratzel –
mesmo que não apenas esses, pois ele sofre clara influência de Hegel, como veremos adiante –
tais como Herder (com seu livro “Outra filosofia da história”) e Fichte (com seu livro
“Discursos à nação alemã”). Assim, a valorização da cultura germânica assume uma dimensão
territorial nítida, seja pela definição do território alemão como seu epicentro, seu foco
irradiador, seja pela ampliação de seus horizontes para além da Alemanha (envolvendo porções
da Áustria, da Suíça e da Polônia). Um decisivo pangermanismo se insinua no mundo
geopolítico daquele momento.

Wanderley Messias da Costa (1990:30) afirma sobre Ratzel, o intelectual engajado daquele
momento:

Ao mesmo tempo, como intelectual preocupado com os destinos da Alemanha, [Ratzel]


participava de uma série de atividades acadêmicas voltadas para a questão nacional
(como a Liga Pangermanista). Após o retorno de sua viagem aos EUA, que muito o
impressionou e cuja influência será notória em seus estudos (em 1880 escreveria Os
Estados Unidos da América do Norte), Ratzel alterna estudos sistemáticos de geografia
geral (como a sua famosa Antropogeografia, de 1882) com vários pequenos estudos
sobre problemas geográfico-políticos, culminando com a sua obra maior (Geografia
Política, de 1897). Preocupava-o essencialmente o que avaliara como a “unificação
malconcluída” da Alemanha, desde o processo que se iniciara sob o comando de
Bismarck. De fato, malgrado a centralização via constituição de um Estado forte, mas
que não resultara de um processo revolucionário clássico, tal qual ocorrera com a
vizinha França, a Alemanha apresentava-se, até o início do século XX, extremamente
fragmentada, tanto socialmente como do ponto de vista de sua organização político-
territorial.

A esse ambiente político, cultural e filosófico vivido por Ratzel, articula-se o ambiente
econômico que exigia do Estado alemão uma corrida colonialista atrás de recursos existentes
para além do seu próprio território, ou seja, em terras estrangeiras. É essa exigência que faz com
que a Alemanha se lance na construção de territórios coloniais próprios, numa situação de
desvantagem notória em relação a outras potências europeias já maduras, como França, Holanda
e Inglaterra, por exemplo, que detinham, há tempos, amplos impérios coloniais mundo afora. A
afirmação econômica da Alemanha estava condicionada, desse modo, pela exploração produtiva
de áreas localizadas fora de seu território. O expansionismo territorial parecia inevitável.
Segundo o raciocínio geográfico de Ratzel, um Estado cresce e se desenvolve em consonância
com os recursos de que potencialmente necessita e que efetivamente dispõe para a
sobrevivência de sua população, sendo o território a fonte provedora de tais recursos. Logo, à
Alemanha se impunha o imperativo de um espaço suficientemente vasto para a provisão desses
recursos, isto é, um espaço vital que garantisse a sobrevivência da população. Surge, a partir
desse raciocínio ratzeliano, o conceito de lebensraum ou espaço vital, definido como uma
relação de proporção entre a manutenção de uma dada população e os recursos demandados
para tanto. Nota-se que esse conceito expressa uma conotação geopolítica, que, aliás, será
amplamente explorada por R. Kjéllen e por K. Haushofer, geógrafo alemão que estudaremos em
aula vindoura.

Geografia política é equivalente de geografia do Estado?

Resta-nos saber que concepção de Estado sustenta o raciocínio político-geográfico de Ratzel.


Para tanto, devemos, de antemão, conhecer o ambiente intelectual vivido por esse autor. Nesse
sentido, destaca-se na segunda metade do século XIX, a obra magistral de Charles Darwin, “A
origem das espécies”, publicada em 1859. Essa obra terá impacto incomensurável no
pensamento científico daquele momento histórico em diante. Assim, a geografia política de
Ratzel não escapará da influência impactante da obra darwiniana. A ideia de evolução, luta pela
sobrevivência, lei dos mais fortes e, sobretudo, de organismo vivo polarizam as produções
científicas na época mencionada, dentro e fora das ciências biológicas. A evidência mais
flagrante dessa polarização é a tendência de se compararem fatos e processos da realidade social
a um organismo vivo. Tal tendência, que recebe o nome de organicismo, é verificada nas
comparações da sociedade, do Estado, do próprio planeta Terra etc. com um organismo vivo,
por meio da caracterização e análise da anatomia e fisiologia desses elementos, ou seja, de suas
partes constitutivas e de seu funcionamento integrado. Naquele momento, o organismo vivo
assume um protagonismo ímpar como metáfora que pretende explicar a natureza dos fatos e dos
processos sociais.

Para Ratzel, o Estado é um organismo vivo sujeito, portanto, às circunstâncias objetivas que
regulam o nascimento, o desenvolvimento, o envelhecimento e a morte potencial desse
organismo. Trata-se da concepção de um Estado orgânico, no sentido de que ele é composto por
partes – órgãos – que integram de forma harmoniosa um todo – o organismo. O maior triunfo de
um Estado será garantido por seu crescimento e o seu maior fracasso pela perda de um proveito
territorial, ou seja, nessa perspectiva organicista, o Estado que cresce territorialmente é saudável
e prospera, já aquele que perde parte de eu território é doente pode vir a morrer. Esse Estado
deve, por conseguinte, ser cuidado para não sucumbir. No esteio dessa premissa do cuidado com
o organismo estatal é que se pode entender a ideia de Ratzel sobre o crescimento dos Estados e
seus condicionantes. Para tanto, Ratzel elaborou leis do crescimento espacial dos Estados as
quais funcionam, antes de tudo, como um conjunto de proposições observadas por quaisquer
Estados (e estadistas...) que almejassem triunfo em meio à competição com outros Estados.
Vejamo-las.

1- O espaço do Estado cresce com a expansão da população que compartilha a mesma


cultura.
2- O crescimento territorial acompanha outros aspectos do desenvolvimento.
3- Um Estado cresce absorvendo unidades menores.
4- A fronteira é a periferia orgânica do Estado que reflete sua força e seu crescimento, no
entanto, não é permanente.
5- Estados no curso do seu crescimento procuram absorver territórios políticos valiosos.
6- O ímpeto de crescimento vai desde o Estado primitivo até a civilização mais
desenvolvida.
7- A tendência com relação ao crescimento territorial é contagiosa e aumenta através do
processo de transmissão.

Uma ideia para a nossa reflexão:

No contexto do expansionismo europeu do século XIX, que ilações podemos extrair do


significado dessas leis espaciais e de suas consequências práticas?

Desse conjunto de leis espaciais, ressalta a concepção organicista que as define, como se nota na
quarta lei cuja definição de fronteira se aproxima àquela da pele que constitui o órgão periférico
de um organismo. Desse modo, ao crescer, o organismo necessita que a pele se expanda. Essa
linguagem organicista traduz, na prática, a ideia expansionista de que as fronteiras são móveis e
devem se deslocar para atender ao crescimento do organismo estatal. Devemos estar muito
atentos ao fato de que a concepção orgânica de Estado (e de suas fronteiras) é uma das marcas
distintivas da geografia política clássica. Mas, a concepção de Estado que informa a geografia
política de Ratzel vai mais além. Trata-se, igualmente, de uma concepção totalitária, no sentido
de que o Estado é visto como o todo poderoso do mundo da política. Em poucas palavras,
Ratzel desenvolvia a seguinte equação: Poder = Estado. Disso deriva a concepção
unidimensional do poder. O que isso significa precisamente? Significa que, como vimos na aula
anterior, o poder é uma relação e tem muitas fontes. Nessa linha de raciocínio, o Estado não
pode ser a única fonte de onde emanam as relações de poder, embora, seguramente, seja uma
das principais. Dito de outro modo, a geografia política clássica é estadocêntrica, para
empregarmos uma expressão cara ao geógrafo Claude Raffestin. O Estado como o grande –
quiçá o único... – protagonista do fenômeno do poder: eis a proposição de Ratzel.

Sobre a concepção de Estado assumida por Ratzel, Claude Raffestin (1993:14-15) argumenta o
seguinte:

Mas que Estado é esse privilegiado por Ratzel? É o Estado moderno ou o Estado-nação.
Melhor dizendo, Ratzel só faz geografia a partir de uma dessas “conformações
históricas possíveis pelas quais uma coletividade afirma sua unidade política e realiza
seu destino”, segundo Henri Lefebvre. De fato, não pode haver dúvida sobre isso:
“Quem diz poder ou autoridade não diz Estado”, segue afirmando Lefebvre. Para
Ratzel, tudo se desenvolve como se o Estado fosse o único núcleo de poder, como se
todo o poder estivesse concentrado nele: “É preciso dissipar a frequente confusão entre
Estado e poder. O poder nasce muito cedo, junto com a história que contribui para
fazer”, arremata Lefebvre. Dessa forma, Ratzel introduziu todos os seus “herdeiros” na
via de uma geografia política que só levou em consideração o Estado ou os grupos de
Estados.(...) Em todo caso, Ratzel na sua geografia política, faz eco ao pensamento do
século XIX que racionaliza o Estado. Dá ao Estado sua significação espacial, “teoriza-
o” geograficamente. Aliás, nisso ele foi influenciado por uma longa tradição filosófica
que encontrou em Hegel o seu mais brilhante representante.

Finalmente, Raffestin (1993:16) sentencia:

Com efeito, a geografia política de Ratzel é uma geografia do Estado, pois veicula e
subentende uma concepção totalitária, a de um Estado todo-poderoso.
Involuntariamente, talvez, Ratzel fez uma geografia do “Estado totalitário”, o adjetivo
sendo aqui tomado no sentido daquilo que abraça uma totalidade e não no sentido
político atual.

Até aqui, sistematizamos alguns pontos fundamentais da geografia política clássica que
equivalem, por assim dizer, à geografia fundamentada na obra de F. Ratzel. Também,
ressaltamos a crítica direcionada à essa geografia ( e a essa obra). Conceber uma geografia
política que lide com a multidimensionalidade do poder, como visto na Aula 1, em vez da
unidimensionalidade do poder, constitui um objetivo crucial que conduz ao entendimento i) do
que vem a ser o Estado e ii) dos novos horizontes que essa disciplina vem expandindo desde o
seu nascimento moderno no final do século XIX.

Há determinismo na obra de Ratzel?

Leia com atenção o fragmento a seguir.

Friedrich Ratzel foi um pensador alemão, considerado como um dos principais teóricos
clássicos da Geografia e o precursor da geopolítica e do determinismo geográfico. Vale
lembrar que a expressão “determinismo” não era empregada pelo próprio Ratzel,
tratando-se de uma atribuição conceitual que foi dada a partir das leituras sobre o seu
pensamento. Sua principal obra publicada foi a Antropogeografia. A Ratzel deve-se a
ênfase dos estudos geográficos sobre o homem. Entretanto, a teoria ratzeliana via o ser
humano a partir do ponto de vista biológico (não social) e que, portanto, não poderia ser
visto fora das relações de causa e efeito que determinam as condições de vida no meio
ambiente. A essa concepção deu-se o nome de determinismo geográfico, em que o
homem seria produto do meio, ou seja, as condições naturais é que determinam a vida
em sociedade. O homem seria escravo do seu próprio espaço. Esse pensador foi bastante
influenciado pela obra de Charles Darwin, que defendia o postulado de que a evolução
se basearia na luta entre as diferentes espécies, de forma que aquelas que possuíssem as
características de melhor adaptação ao meio sobreviveriam. Ratzel, de certa forma,
aplicou essas ideias à espécie e sua vida em sociedade. Os seres humanos, raças e etnias
mais aptos venceriam e dominariam os povos considerados inferiores.

Disponível em: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/friedrich-ratzel.htm. Acesso


em: 29 fev. 2016.

O texto acima apresenta problemas fáceis de detectar. Avancemos nessa detecção. Muito
embora o nome – mais do que a obra – de Friedrich Ratzel seja bastante divulgado no Brasil
como o “pai do determinismo geográfico”, alguns aspectos contidos nessa divulgação exigem
algum esclarecimento. O primeiro deles é de que a noção de determinismo ambiental, entendida
como a situação em que uma decorrência é absolutamente provocada por um fator natural, é
muito mais antiga do que a obra de Ratzel. Encontramos tais referências na obra de
Montesquieu, em seu livro “O espírito das leis”, do século XVIII, e em inúmeros outros
trabalhos produzidos bem antes da obra ratzeliana, como no livro “Muqaddimah”, do
historiador Ibn Kaldhun, do século XIV/XV. O segundo esclarecimento diz respeito ao uso
incorreto, neste caso, do adjetivo geográfico no lugar de ambiental. Isso porque, espaço não é
sinônimo de meio ambiente, muito menos geografia é sinônimo desse último termo. Então, i)
Ratzel não poderia ser pai de uma ideia que já existia há muito, tampouco ii) o tipo de
determinismo atribuído a sua obra poderia chamar-se geográfico. Então, o que ocorre?

De saída, devemos lembrar que Ratzel se refere às influências do meio físico sobre o
comportamento humano e que, na primeira metade do século XX, essa ideia foi levada às
últimas consequências por discípulos seus como Huntington, na Inglaterra ou Ellen Semple, nos
Estados Unidos. Por outro lado, é prudente destacar que Ratzel considerava incontornável a
relação formada entre o solo e o povo, isto é, entre as condições territoriais e o desenvolvimento
de uma coletividade humana, e, sobretudo, a relação entre solo e Estado. “Ratzel partiu da ideia
de que existia uma estreita ligação entre o solo e o Estado. Trata-se de uma ilustração política
daquilo que se chamou de determinismo, que teve seus defensores e seus detratores inflamados”
(RAFFESTIN, 1993:13).

Assim, de acordo com Costa (1990:34):

O que se pode concluir dessa concepção [de Estado] de Ratzel, portanto, é que sua
matriz conservadora e autoritária não estaria simplesmente no fato de que ela sobrepõe
condicionantes naturais aos processos sociais e políticos, mas justamente na ideia
subjacente de um Estado forte, centralizador e “posto por cima” da sociedade, como ele
próprio explicita, ao afirmar que a unidade do Estado depende da unidade territorial e
que esta, por sua vez, depende dos liames espirituais entre os habitantes, o solo e o
Estado. Trata-se, assim, de uma unidade nacional-territorial comandada pelo poder
central: “Uma política estatal correta é a de evitar que as dissensões que ocorrem no
interior da sociedade se transformem em conflitos geografizados”, afirma Ratzel, em
seu livro “Geografia Política”.

Para entendermos a complexidade da obra geográfica de Ratzel, é oportuno mencionar que:

A raiz do pensamento ratzeliano se move na ambivalência, ao servir de ponte entre o


determinismo e o evolucionismo, apreciado nas relações entre sociedade e ambiente em
seus primeiras etapas de sua obra e na apreciação possibilista que aparece nos seus
últimos trabalhos de Geografia Política nos quais leva em conta os fatores humanos cuja
influência, observa, é maior do que a procedente do entorno físico. Isso supõe um
câmbio radical no seu discurso (LÓPEZ TRIGAL; POZO, 1999:33-34).

Pelo exposto, parece lícito ponderar que a obra de Ratzel não deve ser reduzida a um de seus
aspectos, mas, ao contrário, deve ser apreciada tendo-se em conta a diversidade de seus
enfoques, de suas contradições e ambivalências, ou seja, a sua riqueza intelectual. Decerto,
Ratzel é um dos nomes mais importantes da história do pensamento geográfico e, seguramente,
o pai fundador da geografia política moderna. Sua geografia política, renomeada de clássica
devido à evolução interna da própria disciplina, inaugura uma momento de extrema fertilidade
da imaginação geográfica que tenta se ajustar à interpretação das condições socioespaciais da
virada do século XIX para o XX.

Uma reflexão fundamental que devemos sublinhar a partir dessa contribuição científica de
Ratzel deriva de sua célebre frase:

Espaço é poder.

Essa máxima ratzeliana nos parece bastante oportuna para entendermos o fundamento de um
raciocínio. Essa máxima também nos parece bastante atual. “Espaço é poder” sintetiza
claramente o fundamento da geografia política, a partir do qual se pode deduzir que a geografia
política clássica nos legou um lastro inspirador para a formulação de nossas ideias. Contudo,
antes de abordarmos os desdobramentos e superações dessa geografia política clássica para os
dias correntes, é-nos obrigatória uma revisitação nas contribuições da chamada geopolítica
clássica. E será precisamente sobre esse tema que nos debruçaremos na aula seguinte. Até lá!

Box de leitura

FRIEDRICH RATZEL

Luciana de Lima Martins *

Friedrich Ratzel (1844-1904) é considerado por muitos o fundador da moderna geografia


humana, sendo responsável também pelo estabelecimento da geografia política como disciplina.
A abrangente produção ratzeliana deixa transparecer a integração de fatos da modernidade e do
rápido desenvolvimento da sociedade no contexto da Alemanha que se unificava. Reflexões
sobre o Estado, a história, as raças humanas, o ensino da geografia e a descrição de paisagens
perpassam a obra do geógrafo, que se preocupava em auferir uma identidade comum à nação em
formação. No Brasil, é o Ratzel determinista que se destaca na produção historiográfica da
geografia, resultado da leitura da obra ratzeliana através da literatura francesa, sobretudo da
obra de Lucien Febvre - La Terre et L’Évolution Humaine (1922) - que estigmatizou a pecha de
determinista para Ratzel em contraposição ao possibilismo de Vidal de la Blache, termo
cunhado pelo próprio Febvre (cf. Moreira, 1989:32 e Moraes, 1990:13).
Ratzel inicia sua carreira acadêmica em 1866 como zoólogo, interesse despertado pelo
considerável impacto da obra de Charles Darwin na Europa, e de seu discípulo alemão Ernst
Haeckel. Correspondente do jornal Kölnische Zeitung desde 1868, Ratzel teve a oportunidade
de viajar pelo sul da França, pela Itália e pelo leste Europeu. Em suas impressões sobre natureza
e paisagem, ocupação humana e nacionalidade, pode-se perceber a mudança do cientista natural
para o geógrafo. De 1873 a 1875, Ratzel trabalha como correspondente na América do Norte,
percebendo o surgimento de uma nova sociedade através do ambiente antrópico e de seu uso, e
prevê um futuro essencialmente urbano para a sociedade moderna, no bem e no mal.

O interesse pelo estudo da migração chinesa (Die chinesische Auswanderung, 1876), com o qual
completa sua qualificação acadêmica, foi também suscitado na sua viagem à América.

De 1875 a 1886, Ratzel leciona geografia na Politécnica de Munique, combinando seu vasto
conhecimento da literatura da disciplina com a riqueza, de dados e informações obtidos em suas
viagens e pesquisas de campo. Geografia física, geografia regional dos continentes, geografia
humana e política foram todos temas dos cursos mais substanciais. Em 1886, Ratzel transfere-se
para a Universidade de Leipzig, onde permanecerá até sua morte, em 1904. Jean Brunhes, Ellen
Semple, Hans Helmolt e Alfred Hettner foram alguns dos mais ilustres estudantes e orientandos
de Ratzel nesse período. O geógrafo divide seu tempo trabalhando na formação de professores
para as escolas públicas e no fomento de aulas de geografia nessas escolas, publicando o livro
didático Deutschland (1898) para combater a aspereza das aulas de geografia e “despertar a
vontade de obtenção de um conhecimento e de uma concepção da terra natal (Heimat) não
envolvidos apenas com o intelecto” (citado por Buttman, 1977: p. 83). Em Leipzig, Ratzel vai
também aprofundar seu conhecimento filosófico através dos encontros com o chamado “Círculo
de Leipzig”, um grupo de intelectuais interessados, sobretudo, na obra de Leibniz, que terá
influência marcante na produção ratzeliana dos últimos anos de sua vida.

Em linhas gerais, a obra de Ratzel é uma tentativa de superar uma geografia puramente
descritiva e de avançar na formulação de grandes construções explicativas, onde o “sentido de
espaço” (Raumsinn) ocupa lugar primordial. Das fecundas ideias ratzelianas, destacam-se
principalmente:

1) O estudo dos efeitos recíprocos entre o homem e seu ambiente, onde o homem teria um
duplo posicionamento: ativo, na medida que transforma, através de seu trabalho, a superfície
terrestre, e passivo, na sua dependência das condições naturais, que seu espaço vital
(Lebensraum) lhe impõe (Anthropogeographie, vol. 1, 1882);

2) O papel importante desempenhado pela cultura e pela difusão cultural (Völkerkunde, 1885-
8);

3) As relações entre o homem e a natureza devem ser compreendidas não somente sob o ângulo
da mediação técnica ou econômica (trabalho, progresso), mas também, e sobretudo, levando se
em consideração a mediação política: Ratzel compara o Estado a um organismo (Politische
Geographie, 1897). No entanto, o “organismo” político a que Ratzel se refere difere da estrutura
rudimentar do organismo biológico, na medida em que expressa a unidade orgânica do homem e
da Terra, incluindo todos os objetos perceptíveis, materiais e imateriais, vinculando-se ao
conceito da unidade (Ganzheit) de matriz romântica;

4) A importância básica da geografia física para toda a pesquisa geográfica (Die Erde und das
Leben, 1901-2);
5) A descrição artística da natureza e da paisagem deve preencher tanto as necessidades
científicas como as estéticas (Über Naturschilderung, 1904).

O texto de Ratzel - “Freunde, im Raum wohnt das erhabene nicht!” (Amigos, o sublime não
mora no espaço!) - foi publicado em 1903 no periódico Glauben und Wissen (Fé e Saber) e
insere-se no primeiro volume da obra póstuma Kleine Schriften von Friedrich Ratzel (Pequenos
escritos de Friedrich Ratzel), organizada por Hans Helmolt, em 1906. Trata-se de uma coletânea
de cerca de 86 artigos publicados em diversos periódicos de 1867 a 1904, que conta ainda com
uma biografia escrita pelo organizador e de uma bibliografia levantada por Viktor Hantzsch.
Nesses artigos, encontra-se ora um Ratzel reflexivo, ora inflamado, ora crítico. Despojado da
rigidez acadêmica, da preocupação da sistematização do pensamento geográfico enquanto
disciplina, como em suas principais obras - Anthropogeographie e Politische Geographie -,
aflora, nos Kleine Schriften, um Ratzel multifacetado, engajado politicamente, envolvido com
questões filosóficas, artísticas e religiosas. Os artigos tratam desde a anatomia do Enchytraeus
vermiculares a considerações sobre a fisionomia da Lua, glaciologia, etnografia, história,
colonialismo na África, paisagens, panoramas, fotografia, escritos biográficos, geografia
política, cidades, nacionalidades e raças.

A menção a este texto [a autora em tela o traduziu para o português] deve-se à curiosidade
suscitada pelo momento em que foi produzido, a chamada fase “madura” da obra ratzeliana. A
humildade intelectual subjacente ao questionamento que Ratzel se permite fazer, em que busca
explorar “as contradições da visão do mundo entre conhecimento das ciências naturais e fé
cristã” (Buttmann, 1977:102), propiciou a sintonia com seu pensamento, o encontro, a mediação
entre seu mundo e o atual. Nesse texto, o geógrafo faz uma profissão de fé, reconhece o
intransponível, o insondável, mas não toma, perante este fato, uma atitude niilista. Apenas está
consciente da existência de limites que, longe de provocarem-lhe desânimo, incitam-no a
prosseguir seu caminho. No momento atual, em que se repensam os caminhos e descaminhos da
atividade científica e do projeto da modernidade, e o lugar da geografia nesse contexto, a
reflexão ratzeliana é digna de atenção.

O realismo político como paradigma da geografia política e da geopolítica

Como bem nos recorda Claval (2006:75), nos seus escritos entre 1882 e 1891, ao familiarizar-se
com os estudos da etnologia,

[Ratzel] estabelece uma diferença fundamental entre os Naturvölker os povos que


permanceram no estado de natureza e só sobrevivem se se adaptarem ao ambiente onde
vivem, e os Kulturvölker cujas técnicas materiais e formas de organização social e
política são suficientemente evoluídos para que se possam isolar do meio natural. (…)
Estes últimos possuem como característica específica, uma forma de organização
essencial para compreender o mundo contemporâneo: o Estado. A geografia política
surge então a Ratzel como a parte mais original da geografia humana das sociedades
evoluídas.

Do comentário de Paul Claval, uma evidência se confirma: a centralidade da figura do Estado


como fundamento da geografia clássica. Por sua vez, essa condição tão central é o núcleo duro
de um paradigma denominado realismo político. O vínculo entre a geografia política e esse
paradigma das relações internacionais é lapidarmente explicitado por Becker (1995:273),
quando a autora afirma:

Se necessário fosse definir um paradigma para a Geopolítica desde que se constituiu


como disciplina, certamente este seria o de realismo, no campo das relações
internacionais. Realismo que pressupõe o Estado como unidade básica do sistema
internacional, cujo atributo principal é o poder, em suas dimensões predominantes de
natureza militar, ideológica e econômica.

A autora ainda nos sinaliza que, em sua Geografia Política (1897), “Ratzel propõe o significado
da Geografia Política e dá ao Estado sua significação espacial, tornando-o visível
geograficamente” (BECKER, 1995: 283). Então, parece claro que a centralidade do Estado está
no cerne da geopolítica e da geografia política, desde a magistral fundamentação desses
conhecimentos feita por F. Ratzel. Essa centralidade estatal é o que nos leva a tecer algumas
mais algumas considerações sobre o realismo político.

Os estudos sistemáticos no campo das relações internacionais, concebidas como disciplina


científica, têm início nos anos 1930. A partir desse momento, identificam-se diversos
paradigmas que dariam suporte para o entendimento de tais relações. Sem dúvida, o paradigma
mais antigo, por isso mesmo denominado de clássico, é aquele que considera o Estado como o
protagonista indiscutível dessas relações, ainda que não seja, ele em si mesmo, o único ator
internacional. Nesse ponto, está evidenciado que se trata de relações interestatais que
comandariam o cenário internacional e seus jogos de interesses. A antiguidade desse paradigma
clássico não remonta aos anos 1930, pois seria fácil recorrer a fatos e suas interpretações que
demonstram o papel do Estado nos comportamentos políticos – e geopolíticos. Assim, alguns
autores evocam a História da guerra do Peloponeso, de Tucídides (460-400 a.C.), até as obras
de N. Maquiavel, T. Hobbes, C. Clausewitz e M. Weber, num voo plurissecular que vai da
antiguidade grega ao início do século XX. Contudo, para sermos mais precisos, é bom lembrar
que o realismo político surge a partir das intervenções teóricas de Edward Carr, em seu livro
The twenty years crisis – 1919-1939 e Hans Morgenthau, com o seu Politics among nations, o
primeiro publicado em 1939 e o segundo em 1948.
Considerado, por muitos, como o “Maquiavel moderno”, Hans Morgenthau em seu clássico
livro apresenta os seis princípios do realismo político, assim sistematizados por Gonçalves
(2002:56-57):

1. O realismo acredita na objetividade das leis da política, que são determinadas pela
natureza humana. A natureza humana não sofre variações de tempo e de lugar. Em
qualquer tempo e lugar o comportamento político é sempre orientado pela busca da
realização dos interesses.
2. O “interesse definido em termos de poder” constitui o conceito fundamental da política
internacional, que distingue a política da economia, da ética, da estética e da religião.
Esse conceito permite a análise racional do comportamento político dos governantes.
3. Os interesses variam segundo o tempo e o lugar. Eles exprimem o contexto político e
cultural a partir do qual são formulados. A transformação do mundo resulta da
manipulação dos interesses.
4. A política internacional possui suas próprias leis morais, que não se confundem com
aquelas que regem o comportamento do cidadão. A ética política do governante não
deve ser avaliada conforme as leis abstratas universais, porém, a partir das
responsabilidades que o governante tem para com o povo que representa.
5. O realismo recusa a ideia de que uma determinada nação possa revestir suas próprias
aspirações e ações com fins morais universais. A ideia messiânica de que “Deus está
conosco” é perigosa por conduzir a guerras. A paz só pode existir como resultado da
negociação dos diferentes interesses dos Estados.
6. A grande virtude do realismo está no reconhecimento de que a esfera política é
independente das demais esferas que compõem a vida do homem em sociedade. Ao
abordar a política nos seus próprios termos, o realismo cria condições para o correto
entendimento da política.

Na França, o realismo foi enriquecido pelo livro de Raymond Aron, Paz e guerra entre as
nações, publicado em 1962. Aron critica severamente as ideias de Morgenthau rejeitando o
universalismo com que este último trata as relações entre Estados, na escala mundial. Para
Aron, a especificidade das relações entre Estados depende do procedimento histórico e
sociológico de cada caso em particular e, ainda, a questão mais expressiva das relações
internacionais é a possibilidade de os Estados se envolverem em guerras.

Outro nome relevante nesse debate teórico do realismo político é o de Kenneth Waltz,
especialmente devido a seu livro Theory of international politics, que veio à luz em 1979. Para
Waltz, para o entendimento das relações internacionais, o comportamento dos atores no
mercado importa, e muito. A pergunta central para ele é a seguinte: por que sempre houve
guerra? Porém, sua maior contribuição à teoria em tela é a ideia que apresenta sobre a estrutura
do sistema internacional. Para este autor, seria um erro pensar que a realidade internacional é o
mero resultado das determinações nacionais de cada Estado, pois seria a estrutura internacional
que determinaria o comportamento dos Estados. Waltz inaugura um tipo de realismo estrutural
ou neorrealismo no campo das relações internacionais.

O século XX é pródigo na formulação de termos vinculados ao realismo político. Dois desses


termos são high politics e low politics ( alta política e baixa política, respectivamente). Segundo
Pecequilo (2004:121):
A high politics refere-se aos comportamentos essenciais da política de poder para os
realistas, envolvendo os elementos militares, diplomáticos e estratégicos que definem a
capacidade de projeção internacional do Estado e sua capacidade de ação diante de
unidades políticas semelhantes. Pode-se dizer que o termo indica os aspectos mais
“nobres” da política internacional, opondo-se às questões sociais, culturais e
econômicas, que representam a low politics.

Cristina Pecequilo, ainda nos lembra que, até mesmo por seus críticos, o realismo é
reconhecido como a corrente teórica ainda dominante das relações internacionais. Contudo,
segundo Nogueira e Messari, a partir dos anos 1980 e, sobretudo, dos 1990, críticas ao realismo
se multiplicaram. Para esse autores (2004:48):

A maioria dessas críticas destacava a incapacidade do realismo de prever e explicar a


queda da União Soviética e sua inadaptação para lidar com o mundo pós-Guerra Fria.
Novos assuntos (a globalização), novos atores (as civilizações segundo Huntington) e o
possível/eventual fim dos conflitos (o fim da história segundo Kukuyama) pareciam
relegar o realismo às margens da história.

Nesse contexto do fim do século XX, a reação dos realistas não tardou. Alguns autores
argumentaram que há uma verdade objetiva que precisa ser descoberta. São os chamados
realista neoclássicos por resgatarem as raízes do realismo original para adaptá-las ao mundo
contemporâneo. O realismo estrutural ou neorrealismo de Waltz veio à tona para ser reforçado,
quando a guerra é colocada como estudo central das relações internacionais, ou atacado, quando
os conceitos de sistema e de estrutura são apresentados como distintos (aspecto ignorado por
Waltz). Desse modo, “Waltz não percebeu que a estrutura é composta por sistema e suas
unidades e que, por isso, é possível produzir uma teoria tanto no nível do sistema quanto no
nível das unidades” (NOGUEIRA; MESSARI, 2005:50). Por fim, mas sem esgotar as
tendências atuais em relação ao realismo político, alguns autores como Fareed Zacaria
questionam a separação das políticas doméstica e internacional – como preconizado pelo
realismo – restabelecendo a importância de se levar em conta as políticas de cada Estado para o
entendimento do sistema internacional.

As características básicas do realismo político estão por aí a nos rodear. Segundo Rodrigues
(1994: 25-28), essas características são as seguintes:

1. Política interna e política internacional são consideradas duas áreas distintas e


independentes entre si. Na política internacional prevalecem as questões de poder e de
segurança, as quais constituem a alta política (high politics);
2. Somente os Estados são considerados atores internacionais. As relações internacionais
se traduziriam, assim, em relações interestatais. Os Estados, considerados como atores
racionais, ou seja, eles se comportam atendendo aos interesses nacionais definidos em
termos de poder;
3. O poder, traduzido na possibilidade de usar a força, é a obsessão do realismo político.
As relações internacionais, sendo conflitivas, marcadas pelo império da força, só podem
ser vistas, interpretadas e entendidas como uma luta constante pelo domínio do poder.

O que podemos concluir desse aporte do realismo em relação à geografia política? Decerto, é
notório o embasamento da geografia política nesse paradigma das relações internacionais, pelo
menos por dois motivos: a) o Estado pode ter sofrido perda de algumas de suas funções,
sobretudo no âmbito da economia – devido ao surgimento de novos atores, como as firmas
transnacionais, mas mantém sua força no âmbito político, propriamente dito, como nos casos
das guerras em curso no século XXI; e b) o mundo nunca possuiu tantos Estados como no
presente momento, o que sugere, no mínimo, uma reflexão mais atenta sobre a necessidade
desse aparato jurídico-institucional para o funcionamento do mundo contemporâneo. São
reflexões nessa direção que esperamos dos geógrafos políticos.

Referências bibliográficas:

BECKER, B. A geopolítica na virada do milênio. In: Castro, I. et al. (Org.). Geografia:


conceitos e temas. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1995

BUTTMANN, G. 1977. Friedrich Ratzel; Leben und Werken eines deutschen geographen.
Stuttgart, Wissenschaftliche Verlagsgesselschaft.

CLAVAL, P. A história da geografia. Lisboa: Edições 70, 2006

GONÇALVES, W. Relações internacionais. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002

MARTINS, L. 1993. Friedrich Ratzel através de um prisma. Rio de Janeiro: PPGG/UFRJ


(dissertação de mestrado).

MORAES, A. C. R. (Org.). Ratzel. São Paulo: Ática, 1990

MOREIRA, R. O que é Geografia. São Paulo: Brasiliense, 1989

NOGUEIRA, J.; MESSARI, N. Teoria das relações internacionais. Rio de Janeiro: Elsevier,
2005

PECEQUILO, C. Introdução às relações internacionais. Petrópolis: Vozes, 2004

RODRIGUES, G. O que são relações internacionais. São Paulo: Brasiliense, 1994

(*) Mestre (1993) e doutora (1998) em Geografia pela UFRJ, desde 1999 trabalha como
pesquisadora do Grupo de Geografia Social e Cultural de Royal Holloway, Universidade de
Londres. A Introdução baseia-se principalmente em Martins (1993). A autora agradece a
inestimável ajuda do prof. Ferdinand Reis, sem a qual a tradução do artigo de Ratzel não se
viabilizaria

Disponível em:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:euWhCojohU0J:www.uff.br/geographi
a/ojs/index.php/geographia/article/download/58/56+&cd=3&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br. Acesso
em: 29 fev. 2016. Adaptado.

A partir da leitura atenta do texto de Luciana Martins, seguem nossas sugestões para uma
reflexão crítica:
1. Qual é a influência exercida pela formação acadêmica original de Ratzel sobre as
formulações do autor acerca da relação entre o povo e o solo?

2. Como Ratzel concebeu a noção de unidade para pensar a relação homem / natureza?

3. Como interpretar a ideia de um “Ratzel multifacetado”?

Recomendamos as leituras seguintes para aprofundamentos futuros:

COSTA, W. Geografia política e geopolítica. São Paulo: EDUSP, 1990.

DEFRAY, A. La géopolitique. Paris: PUF, 2005

GRIFFITHS, M. Grandes estrategistas das relações internacionais. São Paulo: Contexto, 2004

LÓPEZ TRIGAL, L.; POZO, B. Geografía política. Madri: Cátedra, 1999

RAFFESTIN, C. Por uma geografia do poder, São Paulo: Ática, 1993

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