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KJELLEN
MOMENTO HISTÓRICO
Rudolf Kjellen foi um jurista sueco fortemente influenciado pelos pensamentos
de Ratzel, sendo, porém, aquele que cunhou o termo Geopolítica, ao
sistematizar as ideias de seu antecessor. Kjellen vivenciou a ascensão da
Prússia e Rússia, se recordando dos tempos em que a Suécia era uma forte
potência, sendo assim um simpatizante do nacionalismo sueco. Kjellen era
também um germanófilo, ou seja, apoiava o imperialismo alemão, defendendo
a conquista dos países da Europa Central por parte do Reich. Suas ideias
foram de forte influência para o grupo do Instituto Geopolítico de Munique que
desenvolveu a teoria do bloco transcontinental eurasiático (muito influenciado
pelas ideias de Mackinder), como ideologia de justificação de conquista do
espaço vital (ideia já presente em Ratzel e no próprio Kjellén).
TESE DEFENDIDA
Kjellen enxergava o Estado como um organismo vivo, e, assim como qualquer
outro organismo, o Estado passa por diversas fases e tem como necessidade o
crescimento (expansão), por meio de métodos como conquistas e colonização.
Diante dessa visão de Kjellen podemos fazer algumas observações:
primeiramente podemos dizer que diante dessa “necessidade biológica” de
expansão a paz está em função da guerra. O autor acredita que os Estados
mais fracos devem ser subjugados pelos mais fortes. Outro ponto importante
para a teoria de Kjellen é a política do espaço vital (já apresentada por Ratzel).
Essa política é a representação mais clara do que é um Estado como
organismo geográfico, assim como defende o autor.
OBS: Resumidamente – em sua luta por sobrevivência os Estados possuem
uma tendência natural de expansão em busca do espaço vital, que acabam
levando a conflitos, sendo assim, a paz é uma situação temporária e anômala,
sendo a guerra a condição de normalidade.
É importante ressaltarmos o fato de Kjellen enxergar os Estados a partir da
Escola Determinista (porém de forma diferente de Ratzel que era um
determinista complexo). O determinismo de Kjellen radicalizava a relação entre
o homem e a sociedade ao ambiente em que viviam. Ele colocava os
indivíduos como totalmente subjugados pelo território, processos históricos e
condições geográficas de onde viviam. Ou seja, via o Estado como escravo de
seu território.
DIFERENÇA ENTRE GEOPOLÍTICA E GEOGRAFIA POLÍTICA
Como já dito, Kjellen foi o primeiro a usar o termo Geopolítica, apontando
também as diferenças entre essa área e a Geografia Política. Devemos
compreender que além de possuírem objetos de estudo diferentes, são
também de áreas diferentes, sendo a Geografia Política do ramo da geografia,
e a Geopolítica do ramo das ciências políticas. A principal diferença entre
ambas se encontra na maior dinamicidade da Geopolítica.
Enquanto a Geografia Política se baseia em observações mais estáticas dos
fatores geográficos, se atentando meramente as descrições (de rios, planícies,
fronteiras etc), sem considerar as pressões exercidas de um Estado sobre
outro em meio a uma política de poder (ou seja, não considerando os fatores
geográficos do ponto de vista estratégico), a Geopolítica busca estender essas
descrições para compreender e utilizar a aplicação desses elementos em uma
política com fins estratégicos. A maior atenção da Geopolítica com os
“movimentos” desses elementos é o que confere o caráter mais dinâmico que a
diferencia da Geografia Política
MÉTODO DE ANÁLISE
Para estudar o Estado de forma eficiente, Kjellen dividiu sua forma de análise
em cinco ramos, formando o “Sistema de Política”, são eles:
A Geopolítica estudava o estado como organismo ou fenômeno no espaço,
como território politicamente organizado, isto é, como “reich” e não sob o
ângulo da Geografia Política e Humana.
A ecopolítica estudava os processos econômicos da produção do Estado, ou
seja, “a vida da nação em trabalho”.
A demopolítica estudava a população do Estado relacionada com suas formas
de organização política.
A sociopolítica estudava o “Estado como sociedade”, isto é, a organização da
sociedade no interior do estado.
A cratopolítica estudava a organização, o governo e a administração do
Estado, ou seja, a “política da forma de governo”
MACKINDER
Halford Mackinder foi um importante geógrafo inglês, e um dos principais
nomes da geopolítica clássica que se dedicava a pensar em relação ao
surgimento de uma potência terrestre capaz de superar a Inglaterra e para isso
formulou a Teoria do Poder Terrestre, que contradizia a Teoria do Poder
Marítimo de Mahan.
CONTEXTO HISTÓRICO
Com o fim da “era colombiana” e com as novas tecnologias sendo
desenvolvidas, como o motor a combustão e as ferrovias, o poder marítimo
deixava de ser superior em relação ao poder terrestre, que agora possuía um
transporte muito eficaz, dessa forma o controle dos mares não mais significava
que as nações marítimas permaneceriam poderosas, ou seja, a supremacia do
poder naval havia chegado ao fim. Isso era muito preocupante para os
britânicos, uma vez que sua condição de grande potência se devia
principalmente ao seu grande poderio naval, ao passo que a Alemanha, nação
que buscava se tornar uma grande potência, detinha um grande poderio
terrestre, colocando a Inglaterra em uma situação delicada. No começo do
século XX, a dimensão dos conflitos armados então, começa a se alterar.
TESE DEFENDIDA
O ponto central para entendermos a teoria de Mackinder é aquilo que o autor
denominou de Heartland. Mackinder, analisando o mapa-múndi, percebeu que
75% das terras do mundo eram constituídas pela Europa, Ásia e África, sendo
que nessa porção viviam 90% das pessoas do planeta. Esse conjunto ele
denominou de “ilha mundial” (com maior destaque para o eixo do hemisfério
Norte). Dentro da ilha mundial existe uma área central, a chamada “área
pivô”, localizada no centro da Eurásia. Por sua vez, no coração da área pivô
encontramos principal região geoestratégica do planeta, a HEARTLAND
(corresponde a Europa Oriental). O domínio da Heartland é, para Mackinder, a
condição básica para a hegemonia mundial.
O Heartland era de vital importância para o autor pois constituía uma área de
extensas planícies e inacessível ao poder marítimo, fornecendo os elementos
estratégicos para então dominar a Ilha Mundial (cercada por um único oceano,
o Grande Oceano). Resumidamente: quem controla a Heartland domina a área
pivô - quem domina a área-pivô controla a ilha mundial - quem controla a ilha
mundial domina o mundo.
A real disputa pelo domínio do mundo ocorreria, para Mackinder, na periferia
do Heartland, com as potencias terrestres que buscam saídas para os mares e
as potências marítimas que buscam que isso não ocorra, atuando
principalmente nas penínsulas do Heartland, naquilo que foi denominado
Crescente Interno, uma barreira física ao poder marítimo e área de expansão
natural do poder terrestre. Já o Crescente Externo seria composto pelas
Américas, Inglaterra, Austrália e Japão, protegidos pelo Grande Oceano e onde
a potência marítima domina.
PREOCUPAÇÃO DE MACKINDER
Diante disso, podemos entender a preocupação de Mackinder com uma
possível aliança entre Rússia e Alemanha, pois isso resultaria num grande
desequilíbrio de forças no mundo, uma vez que a Rússia possui um território
rico em minerais e energia, que se estende da Europa oriental até o extremo
oriente, enquanto a Alemanha possuía um território considerável na Europa
ocidental e um potencial industrial que se encaixaria muito bem com o potencial
mineral e energético russo. Assim, uma união entre esses dois Estados muito
provavelmente resultaria numa dominação do Heartland, dominando, portanto,
o mundo. O governo britânico então buscou manter o equilíbrio, por meio de
políticas de isolamento entre os dois países. Mackinder propôs a criação de um
cordão com “Estados tampões” a fim de impedir uma aliança entre as duas
potencias, ou até mesmo uma anexação de uma pela outra, mas o cordão se
mostrou ineficiente.
ALTERAÇÕES E AMPLIAÇÕES DA TESE AO LONGO DO TEMPO
Ao fim da Primeira Guerra Mundial, Mackinder ressaltou a importância da
Heartland ao dizer que os países vitoriosos só tinham sido vitoriosos por
possuírem do seu lado a Rússia, detentora da área pivô (que foi elaborada
sendo estendida). Para Mackinder, o erro alemão foi não ter atacado primeiro a
área oriental visando se apossar dos recursos da Heartland, para então lançar
sua ofensiva para a frente ocidental. O já citado ineficiente cordão não resistiu
(inicialmente) às ofensivas da Alemanha em busca do Heartland russo. Porém,
os alemães acabaram derrotados pela união do poder terrestre soviético e
poder marítimo anglo-americano.
Na reta final da Segunda Guerra Mundial, Mackinder promove sua última
alteração no Heartland, diminuindo sua extensão, mas mantendo suas
características, enquanto também introduziu um novo conceito, o Midland
Ocean, que compreendia o Atlântico Norte e seus mares subsidiários e regiões
da Groenlândia, Reino Unido e Islândia