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RESUMO AUTORES, P1 DE GEOPOLÍTICA

RATZEL – obra: Geografia Política


Quem cunhou o termo Geopolítica foi Kjellen, mas este autor por sua vez
baseou seus estudos nas obras de FRIEDRICH RATZEL, geógrafo alemão que
definiu a Geografia Política, como sendo o estudo geográfico da política, ou
das relações entre espaço e poder. É importante citarmos que Geografia
Política não é a mesma coisa que a Geopolítica, como veremos mais adiante.
Ratzel buscava entender a difusão dos povos na superfície terrestre e para
isso, partindo de uma metodologia positivista e de uma concepção naturalista
do Estado, desenvolveu um projeto teórico interdisciplinar, englobando áreas
como antropologia, etnografia e ciência política, fundando a chamada
Geografia Política
MOMENTO HISTÓRICO
Ratzel vivenciou o processo de unificação alemã, escrevendo a maior parte de
suas obras durante a era bismarckiana. Dessa forma, Ratzel se encontra num
contexto de forte militarismo, belicismo e expansionismo, característicos da
estratégia imperial bismarckiana. Ele, portanto, acaba por assumir essa
ideologia, fato que é claramente perceptível quando o autor defende a
inevitabilidade da guerra, e a relatividade das fronteiras. Podemos dizer que a
“intenção” de seus trabalhos é legitimar o expansionismo, seja naturalizando a
guerra e a competição entre diferentes países, ou pela apologia que o autor faz
ao Estado.
PROBLEMAS ENCONTRADOS
Ao fim do século XIX, o Estado alemão ia se consolidando como um forte
império com a unificação de diversos países em torno da Prússia, porém um
problema era muito visível: as outras potências já haviam divido entre si
praticamente tudo (mercados, territórios, fonte de matéria prima [colônias]) não
restando quase nada para a Alemanha
Os alemães, porém, tinham consciência da vantagem geográfica que possuíam
por se encontrarem no coração da Europa. Além disso, eram motivados pelos
sucessos recentes (políticos e de conquistas) e, portanto, viam o espaço como
algo politicamente maleável. Foi Ratzel quem traçou o cunho científico dessa
consciência alemã.
TESE DEFENDIA
A tese de Ratzel é baseada na noção que o autor tinha da importância do
domínio do espaço, sendo este o ponto central de sua argumentação. Para
entendermos seu pensamento primeiro devemos entender suas definições de
território, Estado, para então compreendermos o espaço vital. Constitui
território para Ratzel uma porção da superfície terrestre apropriada por um
grupo humano e quando a sociedade se organiza a fim de proteger esse
território temos então um Estado (o surgimento do Estado pressupõe uma
delimitação do território). Já o espaço vital diz respeito à extensão necessária
que um Estado deve possuir para que possa se desenvolver, ficando cada vez
mais poderoso e podendo então viver em paz. Basicamente, o espaço vital é a
porção do planeta necessária para que uma comunidade possa se reproduzir e
prosperar eficientemente. É um conceito fortemente vinculado a questão da
segurança, afinal, quanto mais espaço o Estado possui, mais espaço ele terá
de proteger contra invasores. A necessidade de determinado território pela
sociedade leva em consideração sua demografia, recursos naturais disponíveis
e aparato tecnológico.
É importante aqui ressaltarmos que Ratzel não é adepto do que conhecemos
como “determinismo simplista”. Ele concorda que as influências das ações
naturais são centrais e muito importantes sobre o homem e a sociedade,
porém, não acredita na total passividade do elemento humano, ou seja, Ratzel,
em meio ao debate determinismo x possibilismo, se encontra numa via
chamada “determinismo possibilista”, que enxerga nos homens a capacidade
de manipular os recursos disponíveis e de tomar as decisões corretas diante
das situações naturais em que se encontra. Para ele, as ações humanas sobre
o meio físico não podem ser descartadas e o homem não constitui apenas um
fator geográfico, ou seja, concebia muito mais um condicionamento do que
uma determinação rígida dos elementos ambientais sobre a evolução da
sociedade. (obs: Maquiavel)
OBS: positivismo

KJELLEN
MOMENTO HISTÓRICO
Rudolf Kjellen foi um jurista sueco fortemente influenciado pelos pensamentos
de Ratzel, sendo, porém, aquele que cunhou o termo Geopolítica, ao
sistematizar as ideias de seu antecessor. Kjellen vivenciou a ascensão da
Prússia e Rússia, se recordando dos tempos em que a Suécia era uma forte
potência, sendo assim um simpatizante do nacionalismo sueco. Kjellen era
também um germanófilo, ou seja, apoiava o imperialismo alemão, defendendo
a conquista dos países da Europa Central por parte do Reich. Suas ideias
foram de forte influência para o grupo do Instituto Geopolítico de Munique que
desenvolveu a teoria do bloco transcontinental eurasiático (muito influenciado
pelas ideias de Mackinder), como ideologia de justificação de conquista do
espaço vital (ideia já presente em Ratzel e no próprio Kjellén).
TESE DEFENDIDA
Kjellen enxergava o Estado como um organismo vivo, e, assim como qualquer
outro organismo, o Estado passa por diversas fases e tem como necessidade o
crescimento (expansão), por meio de métodos como conquistas e colonização.
Diante dessa visão de Kjellen podemos fazer algumas observações:
primeiramente podemos dizer que diante dessa “necessidade biológica” de
expansão a paz está em função da guerra. O autor acredita que os Estados
mais fracos devem ser subjugados pelos mais fortes. Outro ponto importante
para a teoria de Kjellen é a política do espaço vital (já apresentada por Ratzel).
Essa política é a representação mais clara do que é um Estado como
organismo geográfico, assim como defende o autor.
OBS: Resumidamente – em sua luta por sobrevivência os Estados possuem
uma tendência natural de expansão em busca do espaço vital, que acabam
levando a conflitos, sendo assim, a paz é uma situação temporária e anômala,
sendo a guerra a condição de normalidade.
É importante ressaltarmos o fato de Kjellen enxergar os Estados a partir da
Escola Determinista (porém de forma diferente de Ratzel que era um
determinista complexo). O determinismo de Kjellen radicalizava a relação entre
o homem e a sociedade ao ambiente em que viviam. Ele colocava os
indivíduos como totalmente subjugados pelo território, processos históricos e
condições geográficas de onde viviam. Ou seja, via o Estado como escravo de
seu território.
DIFERENÇA ENTRE GEOPOLÍTICA E GEOGRAFIA POLÍTICA
Como já dito, Kjellen foi o primeiro a usar o termo Geopolítica, apontando
também as diferenças entre essa área e a Geografia Política. Devemos
compreender que além de possuírem objetos de estudo diferentes, são
também de áreas diferentes, sendo a Geografia Política do ramo da geografia,
e a Geopolítica do ramo das ciências políticas. A principal diferença entre
ambas se encontra na maior dinamicidade da Geopolítica.
Enquanto a Geografia Política se baseia em observações mais estáticas dos
fatores geográficos, se atentando meramente as descrições (de rios, planícies,
fronteiras etc), sem considerar as pressões exercidas de um Estado sobre
outro em meio a uma política de poder (ou seja, não considerando os fatores
geográficos do ponto de vista estratégico), a Geopolítica busca estender essas
descrições para compreender e utilizar a aplicação desses elementos em uma
política com fins estratégicos. A maior atenção da Geopolítica com os
“movimentos” desses elementos é o que confere o caráter mais dinâmico que a
diferencia da Geografia Política
MÉTODO DE ANÁLISE
Para estudar o Estado de forma eficiente, Kjellen dividiu sua forma de análise
em cinco ramos, formando o “Sistema de Política”, são eles:
A Geopolítica estudava o estado como organismo ou fenômeno no espaço,
como território politicamente organizado, isto é, como “reich” e não sob o
ângulo da Geografia Política e Humana.
A ecopolítica estudava os processos econômicos da produção do Estado, ou
seja, “a vida da nação em trabalho”.
A demopolítica estudava a população do Estado relacionada com suas formas
de organização política.
A sociopolítica estudava o “Estado como sociedade”, isto é, a organização da
sociedade no interior do estado.
A cratopolítica estudava a organização, o governo e a administração do
Estado, ou seja, a “política da forma de governo”

MAHAN – obra: A Influência do Poder Marítimo na


História
CONTEXTO HISTÓRICO
Afred Thayer Mahan foi um grande historiador naval norte-americano e ícone
da Geopolítica, apesar de nunca ter usado o termo, visto que seus
pensamentos foram construídos no final do século XIX. Mahan era um grande
estrategista naval e podemos ver influências de sua doutrina da guerra naval
até os dias de hoje
Ele se formou na Academia Naval dos EUA, começou sua carreira como
historiador ao lecionar na Naval War College, vindo a se tornar um pensador de
grande prestígio, aclamado pela Rainha Vitória, por suas obras a respeito da
marinha britânica, e sendo convidado a prestar assessoria estratégica ao
Secretário da Marinha e ao Presidente Mckinley.
TESE DEFENDIDA
Mahan demonstrava uma grande preocupação em levar em consideração a
história para desenvolver seus pensamentos, sua crença era de que a história
ensinava valiosas lições sob a forma de princípios fundamentais. Ele então
desenvolve sua tese se pautando principalmente nas batalhas dos ingleses,
contra diversos adversários, como dinamarqueses, holandeses, espanhóis,
mas principalmente os franceses. Ele buscava analisar os eventos políticos que
levaram a tais conflitos e as consequências, sejam elas econômicas, militares
ou políticas, dessas batalhas.
Compreendendo a forma que Mahan formulava sua tese, podemos então
analisa-la. O ponto central de seu pensamento é a crença de que a chave da
hegemonia se encontra no controle das rotas marítimas, ou seja, o
controle dos mares (ou a falta dele) é o ponto decisivo de todas as
guerras, e portanto, da ascensão ou queda do poder dos Estados. Em
suas análises, Mahan via o poder naval como determinante para o curso da
história e prosperidade das nações, sendo indispensável para um Estado que
almeje se tornar uma grande potência.
PARTES COMPLEMENTARES DA TESE DE MAHAN
Entendendo o ponto central da tese de Mahan, podemos agora dissertar sobre
outros pontos complementares que dizem respeito a forma que a batalha deve
ser desenvolvida para que a nação seja vitoriosa. Primeiramente ele nos
mostra como o estrangulamento econômico do inimigo é crucial para garantir a
vitória, e que esse estrangulamento é resultado de uma interdição no comércio,
principalmente das rotas marítimas, por isso a importância do controle dos
mares por parte das marinhas.
Os princípios gerais da guerra naval foram definidos por Mahan como os
seguintes (o autor se baseia nos princípios determinados por Jomini no âmbito
terrestre): o princípio da concentração, o principal de todos eles; o valor
estratégico da posição central, diante da possibilidade de distribuir sua própria
força de modo a superar um inimigo (a vantagem reside quando um Estado
possui poder + posição); e a relação entre logística e combate, ou seja as
“comunicações” por meio de linhas de movimento que mantém um corpo militar
em conexão. Esses fatores juntos moldam seu sistema de estratégia naval.
Além disso, Mahan nos diz que o alvo principal dos ataques deve ser a armada
inimiga, visando sua destruição completa, jamais adotando um caráter
defensivo, ou seja, a marinha deve ser sempre usada de forma ofensiva. O
autor também nos mostra que as frotas combatentes são os principais pontos
determinantes, porém não os únicos: navios capitais, a não divisão da frota e o
máximo poder ofensivo constituem fatores de grande importância. Vale
ressaltar que Mahan não acreditava no emprego de das forças navais contra a
terra.
Por fim, o autor aponta fatores que são decisivos para o poder marítimo,
independentes do tempo: a posição geográfica e conformação física; a
extensão territorial; o aspecto psicossocial, ou seja, a população juntamente a
um caráter nacional; o caráter e a política dos governos.
INFLUÊNCIA NOS EUA
Mahan era um grande defensor do imperialismo estadunidense, argumentando
a favor da anexação de novas terras pela potência a fim de abrir novas rotas
marítimas e portos. Ele via o poder marítimo como uma forma legítima de
garantir sua segurança. Ao desenvolverem sua armada, aumentarem suas
defesas, abrirem o canal do Panamá, se aproximarem dos britânicos (assim
como defendia o autor) os EUA aumentaram drasticamente seu poder marítimo
se tornando a maior potência marítima do planeta.
PROBLEMAS
Segundo o próprio Mahan, sua inspiração para escrever seus pensamentos se
deu quando “uma luz” incidiu sobre sua “consciência interna” mostrando como
o poder marítimo era um ponto crucial que até então não recebeu a atenção
que merecia. Vemos então que não há uma certa pretensão científica na
metodologia de Mahan, e o resultado disso é que muitas de suas análises
acerca dos resultados de determinados conflitos, acabaram sendo criticadas e
desmanteladas por pensadores posteriores, como no caso da derrota de
Napoleão ou na Guerra de Independência americana.
(ver resumo Leo)

MACKINDER
Halford Mackinder foi um importante geógrafo inglês, e um dos principais
nomes da geopolítica clássica que se dedicava a pensar em relação ao
surgimento de uma potência terrestre capaz de superar a Inglaterra e para isso
formulou a Teoria do Poder Terrestre, que contradizia a Teoria do Poder
Marítimo de Mahan.
CONTEXTO HISTÓRICO
Com o fim da “era colombiana” e com as novas tecnologias sendo
desenvolvidas, como o motor a combustão e as ferrovias, o poder marítimo
deixava de ser superior em relação ao poder terrestre, que agora possuía um
transporte muito eficaz, dessa forma o controle dos mares não mais significava
que as nações marítimas permaneceriam poderosas, ou seja, a supremacia do
poder naval havia chegado ao fim. Isso era muito preocupante para os
britânicos, uma vez que sua condição de grande potência se devia
principalmente ao seu grande poderio naval, ao passo que a Alemanha, nação
que buscava se tornar uma grande potência, detinha um grande poderio
terrestre, colocando a Inglaterra em uma situação delicada. No começo do
século XX, a dimensão dos conflitos armados então, começa a se alterar.
TESE DEFENDIDA
O ponto central para entendermos a teoria de Mackinder é aquilo que o autor
denominou de Heartland. Mackinder, analisando o mapa-múndi, percebeu que
75% das terras do mundo eram constituídas pela Europa, Ásia e África, sendo
que nessa porção viviam 90% das pessoas do planeta. Esse conjunto ele
denominou de “ilha mundial” (com maior destaque para o eixo do hemisfério
Norte). Dentro da ilha mundial existe uma área central, a chamada “área
pivô”, localizada no centro da Eurásia. Por sua vez, no coração da área pivô
encontramos principal região geoestratégica do planeta, a HEARTLAND
(corresponde a Europa Oriental). O domínio da Heartland é, para Mackinder, a
condição básica para a hegemonia mundial.
O Heartland era de vital importância para o autor pois constituía uma área de
extensas planícies e inacessível ao poder marítimo, fornecendo os elementos
estratégicos para então dominar a Ilha Mundial (cercada por um único oceano,
o Grande Oceano). Resumidamente: quem controla a Heartland domina a área
pivô - quem domina a área-pivô controla a ilha mundial - quem controla a ilha
mundial domina o mundo.
A real disputa pelo domínio do mundo ocorreria, para Mackinder, na periferia
do Heartland, com as potencias terrestres que buscam saídas para os mares e
as potências marítimas que buscam que isso não ocorra, atuando
principalmente nas penínsulas do Heartland, naquilo que foi denominado
Crescente Interno, uma barreira física ao poder marítimo e área de expansão
natural do poder terrestre. Já o Crescente Externo seria composto pelas
Américas, Inglaterra, Austrália e Japão, protegidos pelo Grande Oceano e onde
a potência marítima domina.
PREOCUPAÇÃO DE MACKINDER
Diante disso, podemos entender a preocupação de Mackinder com uma
possível aliança entre Rússia e Alemanha, pois isso resultaria num grande
desequilíbrio de forças no mundo, uma vez que a Rússia possui um território
rico em minerais e energia, que se estende da Europa oriental até o extremo
oriente, enquanto a Alemanha possuía um território considerável na Europa
ocidental e um potencial industrial que se encaixaria muito bem com o potencial
mineral e energético russo. Assim, uma união entre esses dois Estados muito
provavelmente resultaria numa dominação do Heartland, dominando, portanto,
o mundo. O governo britânico então buscou manter o equilíbrio, por meio de
políticas de isolamento entre os dois países. Mackinder propôs a criação de um
cordão com “Estados tampões” a fim de impedir uma aliança entre as duas
potencias, ou até mesmo uma anexação de uma pela outra, mas o cordão se
mostrou ineficiente.
ALTERAÇÕES E AMPLIAÇÕES DA TESE AO LONGO DO TEMPO
Ao fim da Primeira Guerra Mundial, Mackinder ressaltou a importância da
Heartland ao dizer que os países vitoriosos só tinham sido vitoriosos por
possuírem do seu lado a Rússia, detentora da área pivô (que foi elaborada
sendo estendida). Para Mackinder, o erro alemão foi não ter atacado primeiro a
área oriental visando se apossar dos recursos da Heartland, para então lançar
sua ofensiva para a frente ocidental. O já citado ineficiente cordão não resistiu
(inicialmente) às ofensivas da Alemanha em busca do Heartland russo. Porém,
os alemães acabaram derrotados pela união do poder terrestre soviético e
poder marítimo anglo-americano.
Na reta final da Segunda Guerra Mundial, Mackinder promove sua última
alteração no Heartland, diminuindo sua extensão, mas mantendo suas
características, enquanto também introduziu um novo conceito, o Midland
Ocean, que compreendia o Atlântico Norte e seus mares subsidiários e regiões
da Groenlândia, Reino Unido e Islândia

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