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Material Teórico
Geografia Política Clássica
Revisão Textual:
Profª. Ms. Rosemary Toffoli
Geografia Política Clássica
·· Introdução
·· Geopolítica
·· Mackinder
·· A Geopolítica do Heartland
·· Geopolitik Alemã
É importante que você leia todo material teórico com atenção e assista às videoaulas, para
que possa construir o conhecimento acerca do tema.
Ao final, você encontrará as referências bibliográficas que devem ser utilizadas para que se
aprofunde no tema, ok?
Lembro, também, que esta disciplina faz parte da grade curricular do seu curso, portanto,
é importante para seu processo de formação!
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Unidade: Geografia Política Clássica
Contextualização
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Geografia Política Clássica
Segundo Ratzel:
O Estado deveria ter um comportamento similar aos dos seres vivos, obviamente, por
analogia, ou seja, nascendo, avançando, recuando, estabelecendo relações, entre outros. As
condições inerentes ao relevo, marítima e/ou fluvial, por exemplo, seriam fatores determinantes
ao desenvolvimento ou emperramento dos Estados, isto é, estariam intimamente influenciados
pelas suas próprias condições naturais.
Tal ideia, apesar de parecer determinista, não o era, já que também era defendida a ideia
de que o desenvolvimento do estado nação e, por consequência de seu povo, estaria atrelada
a possibilidade e, porque não dizer, à própria capacidade de se ter a condição de transformar
suas potencialidades em algo efetivo.
Um outro ponto interessante das ideias de Ratzel, estava ligado às formas desiguais de
desenvolvimento das regiões:
1 Charles Darwin (1809-1882) foi um naturalista e biólogo, que realizou diversos estudos e pesquisas em ilhas e na região costeira
da Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, tendo sido o responsável pela publicação da Teoria da Evolução das Espécies.
2 Ernst Heinrich Philipp August Haeckel (1834-1919) zoólogo e evolucionista alemão que era um forte defensor do darwinismo e
que propôs novas noções de descendência evolutiva dos seres humanos.
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Unidade: Geografia Política Clássica
Geopolítica
Quando nos referimos a Geopolítica, devemos tomar cuidado com a confusão conceitual
que, habitualmente, ocorre. Uma definição bem pontual do termo geopolítica é formulada por
Wanderley Messias da Costa:
Nesta linha de raciocínio, conclui-se, então, que a geopolítica é resultado de uma base
teórica mais pobre, do que a geografia política de Ratzel, estudada anteriormente, ou de
outros autores como Vallaux, Hartshorne, Weigert, entre outros mais.
Outra situação que ocorre com frequência está relacionada à confusão gerada por estudos
geográfico-políticos que, pela elaboração de suas terminologias, acabam sendo classificados
como geopolíticos, mas não por erro, mas, sim, por uma situação vocabular cômoda.
Esta situação também pode ser bem latente em conotações ideológicas, utilizadas por muitos
autores que substituíram, em seus títulos e publicações, vinculados à geografia política, como
geopolíticos, até mesmo pela proximidade ao nazismo.
Rudolf Kjéllen é tido como o pioneiro na geopolítica, ou seja, na expressão das concepções
entre o Estado e o território:
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Concebia a geopolítica como ramo autônomo da ciência Política,
distinguindo-a da geografia política, para ele um sub-ramo da
geografia. Tomando de Ratzel a ideia de Estado como organismo
territorial, o reduz a um organismo de tipo biológico. Para ele:
“O Estado nasce, cresce, e morre em meio de lutas e conflitos
biológicos, dominado por duas essências principais (o meio e a
raça) e três secundárias (a economia, a sociedade e o governo).
(COSTA, 1992, p. 56).
A ciência de Kjéllen estava relacionada aos impérios centrais da Europa, ou seja, com
“estados maiores” a quem seria dirigida a geopolítica e, em especial, à Alemanha. Para ele,
o Estado e o imperialismo são ideias semelhantes. Para Kjéllen, a realização das análises de
fenômenos geopolíticos eram ideais aos “estados maiores”, logo, eles deveriam se transformar
em “academias científicas”.
Mackinder
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Unidade: Geografia Política Clássica
Os países tido como insulares ou cujas fronteiras fossem, em grande parte, marítimas tinham
como vocação o desenvolvimento das atividades navais e mercantis, tal como aconteceu com
povos da antiguidade como cretenses5, fenícios6 e gregos, ou os povos da era moderna, como
os ingleses, portugueses, espanhóis e holandeses.
Já países que tinham suas fronteiras predominante terrestres eram favorecidos por um
desenvolvimento continental com forte inclinação ao expansionismo, tal como aconteceu, no
mundo antigo, com os citas7 , persas8 , germanos9 e mongóis10 ou na era contemporânea,
com os russos e alemães.
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A partir das diversas situações históricas que ocorriam à época, formulou uma tese segundo
a qual, caso o poder terrestre adicionasse a sua retaguarda continental uma frente oceânica,
criando um poder anfíbio (terrestre e marítimo), conquistaria as bases do poder marítimo, ou
seja, era bem mais aceita, por ele, a ideia de que as condições do poder terrestre lançar-se ao
oceano e realizar conquistas, eram bem mais favoráveis do que ao contrário, ou seja, do poder
marítimo adentrar a terra e ampliar seus domínios.
A Geopolítica do Heartland
Fisicamente, a região pode ser entendida como uma fortaleza natural que, por sua vez, seria
inacessível a qualquer intervenção do poder marítimo, paralelamente com o fortalecimento do
poder terrestre de quem a dominasse.
Em 1904, Mackinder defendeu a ideia de o controle dos mares não ser mais tido como
a principal razão de poder das nações marítimas. Além disso, entendia que a supremacia de
nações dotadas do poder naval estaria chegando ao fim.
E o que isso representava?
Mackinder entendia que, se houvesse uma aliança entre a Alemanha e a Rússia, por
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Unidade: Geografia Política Clássica
Fonte: cairn-int.info
A Geopolítica do Rimland
14 Nicholas J. Spykman nasceu na Holanda, professor da Universidade de Yale foi um Cientista Político e Geoestrategista de grande
influência nos EUA.
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Segundo Spykman:
Fonte: aphug.wikispaces.com
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Geopolitik Alemã
Durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o III Reich (alemão), utilizou-se de uma
doutrina que justificasse a expansão territorial nacional socialista. Para isso, criou uma “ideologia
geográfica”: a Geopolitik alemã, que, segundo Mello15, é um subproduto espúrio e ilegítimo da
geopolítica.
Quando os nazistas dominavam quase todo o continente europeu, no início da Segunda
Guerra, levantou-se a tese, a partir de várias publicações, de que o general geógrafo alemão G
havia colaborado para a redação do Mein Kampf16, por intermédio de Rudolf Hess17, e, ainda,
seria o mentor intelectual de muitas das decisões tomadas por Hitler:
15 Mello, Leonel Itaussu Almeida, professor associado do Departamento de Ciência Política da USP e mestre em Sociologia Política pela PUC-
SP.
16 Mein Kampf: (Minha Luta) é uma obra escrita por Adolf Hitler, líder nazista, que combina sua ideologia política e elementos
autobiográficos.
17 Rudolf Hess, foi discípulo de Haushofer e secretário de Adolf Hitler.
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Haushofer reconheceu, de forma pública, em diversas ocasiões, seu débito intelectual
com Mackinder. Como já foi mencionado, Mackinder elaborou suas concepções do mundo
a partir de uma ótica da Grã-Bretanha, em que a segurança e a hegemonia britânica
pudessem ser ameaçadas por parte de uma possível aliança da URSS18 com a Alemanha.
Haushofer, no entanto, estudou os preceitos geopolíticos de Mackinder, porque não dizer,
seu mentor, e os adaptou a uma perspectiva alemã, ou seja, uma aliança com a URSS era,
exatamente, o que precisava ser feito para vencer a Grã-Bretanha e inserir a Alemanha
como a potência dominadora da Europa.
O general geógrafo entendia que a URSS deveria ser tida como um aliado político, pois
seria de grande valia a uma interligação entre os povos asiáticos e os alemães e que, o inimigo
comum a todos, era o poder naval britânico. Haushofer, opunha-se a uma guerra com os
russos, pois tinha ciência de que dominar a URSS esbarraria nas grandes dimensões daquele
país. Além disso, também observou o fracasso de Napoleão Bonaparte19 , que perdeu milhares
de soldados em uma tentativa de invasão à Rússia no século XIX.
O “haushoferismo” tinha como premissa uma aliança da Alemanha com a URSS e o Japão.
Desta aliança, seriam construídos quatro grandes poderes de domínio e, por consequência,
quatro áreas denominadas pan-regiões:
• Euroáfrica: englobaria a Europa, África e o Oriente Médio e seria submetida à
Alemanha;
• Pan-Ásia: englobaria a China, Coréia, Sudeste Asiático e Oceania e seria submetida ao Japão;
• Pan-Rússia: englobaria a Rússia, Irã e Índia e seria submetida à URSS; e,
• Pan-América: englobaria o continente americano, que seria dominado pelos EUA.
A aliança russo-germânico-japonesa, defendida por Haushofer, compor-se-ia de em um
grande bloco transcontinental, com um grande poder nas áreas militares, econômica e
demográfica que, por sua vez, colocaria em xeque a hegemonia da Grã-Bretanha.
Figura 6 - O mundo segundo Haushofer
Fonte: inteligenciaeconomica.com.pt
18 URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviética, criada em 1922, representava o bloco comunista no mundo e combateu a
polaridade capitalista até seu fim em 1991.
19 Napoleão Bonaparte (1769- 1821) foi um líder político e militar durante os últimos estágios da Revolução Francesa. Através das
guerras, ele foi responsável por estabelecer a hegemonia francesa sobre maior parte da Europa.
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Unidade: Geografia Política Clássica
Hitler, no entanto, não conhecia ou, pelo menos parecia não conhecer, as ideias disseminadas
por Mackinder e entendia que a Alemanha deveria reconhecer a supremacia naval da Grã-
Bretanha, em troca da reconhecimento da hegemonia alemã no continente, pelos britânicos,
ou seja, a Grã-Bretanha seria uma potência marítima e a Alemanha uma potência continental.
Ambos tinham como inimigo a França; assim sendo, a Alemanha deveria aniquilar a França
e, posteriormente, dirigir-se-ia ao Leste, a fim de realizar a conquista de Europa Oriental, ou
seja, o Leste Europeu, com o intuito de construir o Reich de mil aos da raça ariana.
Em maio de 1941, Rudolf Hess, vice-Füher de Hitler e discípulo de Haushofer, teria se
dirigido à Escócia para propor uma cruzada contra o comunismo, ou seja, contra a URSS. Tal
situação não teria sido aceita pela Grã-Bretanha, já que tal situação resultaria no reconhecimento
da supremacia Alemã no Leste Europeu. Este fato, especificamente, é motivo de controvérsia
entre os pesquisadores até hoje, já que nunca foi claramente esclarecido.
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Material Complementar
Site:
Para a ampliação do conteúdo desta unidade, recomento a leitura do texto “Da Geopolítica
clássica à Geopolítica crítica”, cujo objetivo é mostrar as mudanças que a geopolítica
enfrentou nas últimas décadas, considerando os interesses dos diversos atores (ou do
próprio fundamento da geopolítica) levando em conta as respectivas abordagens teóricas.
Pode ser encontrado no portal âmbito jurídico, no endereço abaixo:
http://www.ambito-juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=9954
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Referências
Ernst Heinrich Philipp August Haeckel . Disponível em Encyclopaedia Britannica. Site: http://
www.britannica.com/EBchecked/topic/251305/Ernst-Haeckel. Acesso em 27/10/2014.
Mackinder, Haldford John. “The Geographical Pivot Of History”. In: Democratic Ideals
ad Reality (with additional papers). New York: The Norton Library, 1962, p. 243.
Mello, Leonel Itaussu Almeida. Quem tem medo da geopolítica? São Paulo: Hacitec; Edusp,
1999.
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Anotações
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