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E RELAÇÕES INTERNACIONAIS
GEOGRAFIA POLÍTICA
Ano Lectivo: 2022 Ano: 1ª 2.º Semestre: Iº Turmas: AP2M +CP2M +RI1M + RIT
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Evolução e princípios da Geografia
Política
Conceito de Geografia
O estudo da Geografia Política como ciência
impõe considerar, porque com ela
relacionadas de uma ou de outra forma, outras
ciências. No quadro do objectivo do presente
texto, considera-se importante referir, como
ciência afim, a Geografia e a Política.
A Geografia é uma ciência que tem como
objecto o estudo da superfície terrestre e a
distribuição espacial de fenômenos
significativos na paisagem.
Para Pierre Gourou (1948), a Geografia é,
essencialmente, descrição e explicação das
paisagens, designadamente a paisagem natural
e a paisagem cultural.
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Deste modo, de acordo com a natureza dos
fenômenos, a Geografia, segundo refere Tosta
(1984) pode ser dividida nos seguintes ramos: a
Geografia Matemática, a Geografia Física e a
Geografia Humana que segundo o autor, estuda a
influência do meio sobre o homem e as
modificações introduzidas pelo homem nas
paisagens geográficas.
A Geografia Humana conta ainda com a
Geografia Económica e a Geografia Política, como
subdivisões, entretanto, ela recebe ainda outras
subdivisões, tais como, a Geografia Histórica, cujo
objecto é a influência da Geografia na História; a
Geografia Militar, que olha o espaço geográfico
como teatro das operações de guerra; e a
Geografia Administrativa.
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Para o historiador Vinces Vives (1910-1960) a
Geografia Histórica é o ramo da Geografia
Humana que se ocupa do exame estático das
relações do homem com o solo que habitou
em um passado mais ou menos remoto.
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Conceito de Política
Derivado do adjectivo originado de pólis
(politikós), que significa tudo o que se refere à
cidade e, consequentemente, o que é urbano,
civil, público, e até mesmo sociável e social, o
termo Política se expandiu graças à influência
da grande obra de Aristóteles, intitulada
“Política”, que deve ser considerada como o
“primeiro tratado” sobre a natureza, funções e
divisão do Estado, e sobre as várias formas de
Governo, com a significação mais comum de
arte ou ciência do Governo, isto é, de
reflexão, não importa se com intenções
meramente descritivas ou também normativas,
dois aspectos dificilmente discrimináveis, sobre
as coisas da cidade.
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O termo Política foi usado durante séculos para
designar principalmente obras dedicadas ao
estudo daquela esfera de atividades humanas que
se refere de algum modo às coisas do Estado.
Na mesma senda, outros estudiosos mais
modernos portanto, com outras experiencias
mais recentes de vida, procuraram uma definição
para o termo. Assim, Hobbes (1588-1679) disse
que ela “consiste nos meios adequados à
obtenção de qualquer vantagem.
Outro teórico do passado, Nicolau Maquiavel,
em O Príncipe (1513), definiu a Política como a
“arte de conquistar, manter e exercer o poder, o
governo ”; enquanto Max Weber (1864-1920)
definiu-a como a “luta para compartilhar o
poder ou influenciar a distribuição do poder,
quer entre Estados, quer entre grupos dentro do
Estado 6
Na época moderna, o termo perdeu seu significado
original, substituído pouco a pouco por outras
expressões como "ciência do Estado", "doutrina do
Estado", "ciência política", "filosofia política", etc,
passando a ser comumente usado para indicar a
actividade ou conjunto de actividades que, de
alguma maneira, têm como termo de referência a
pólis, ou seja, o Estado.
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Este ramo da geografia surgiu na obra "Politische
Geographie" (Geografia Política), do geógrafo
alemão Friedrich Ratzel, publicada em 1897.
Nessa obra, Ratzel concebe o Estado como um
organismo territorial.
“Geografia política é a análise de como os
sistemas políticos e as estruturas dos níveis locais
aos internacionais influenciam e são influenciados
pela distribuição dos recursos, eventos, e grupos e
pelas interacções entre as unidades políticas sub-
nacionais, nacionais e internacionais no mundo”.
(DEMKO; WOOD, 1999, p. 4,)
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Friedrich Ratzel nasceu em Karlsruhe (na atual
Alemanha), aos 30 de agosto de 1844 e faleceu
em Ammerland aos 09 de agosto de 1904,
vivendo, deste modo aproximadamente 60 anos.
A Ratzel deve-se a ênfase dos estudos geográficos
sobre o homem. Entretanto, a teoria ratzeliana via
o ser humano a partir do ponto de vista biológico
(não social) e que, portanto, não poderia ser visto
fora das relações de causa e efeito que
determinam as condições de vida no meio
ambiente.
A essa concepção deu-se o nome de Determinismo
geográfico, em que o homem seria produto do
meio, ou seja, as condições naturais é que
determinam a vida em sociedade. O homem seria
escravo do seu próprio espaço.
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Ratzel foi também um profundo
estudioso do conceito e
comportamento do Estado
moderno. Para ele, o Estado seria a
sociedade organizada para
construir, defender ou expandir o
seu território. Também considerava
que essa era uma forma de
organização que aconteceria de
forma natural em qualquer
sociedade avançada. O Estado,
para Ratzel, era um organismo
vivo.
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A partir dessa concepção, elaborou o
conceito de espaço vital, que seria:
as condições espaciais e naturais
para a manutenção ou consolidação
do poder do Estado sobre o seu
território. Seriam as condições
naturais disponíveis para o
fortalecimento de uma dada
sociedade ou povo. Aquelas
populações que dispusessem de
melhor espaço vital estariam mais
aptas a se desenvolver e a conquistar
outros territórios.
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Nas suas teorias, Ratzel defende:
- A existência de dois elementos básicos para a
afirmação de um Estado territorial, a saber:
Espaço (Raum) e posição (Lage), sendo o
espaço, caracterizado pela área total do Estado,
a sua extensão, as suas características físicas: o
clima, o relevo, a forma , a hidrografia, e a
vegetação. Para Ratzel, o espaço é um dos
factores determinantes do poder do Estado, que
permite qualifica-lo, sendo por isso a ambição
máxima de um povo.
Por outro lado, a posição fornece as
coordenadas de localização do Estado face aos
outros, as suas referências geográficas, os
acidentes geográficos, fornecendo dados
importantes como a sua insularidade e
continentalidade. Para Ratzel, a posição
diferencia os povos em relação a sua maneira
de estar, sendo assim um factor da história
humana. 17
RIO ZAÍRE OU CONGO
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FLORESTA MAIOMBE
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MORRO DO MOCO
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MAPA DE ANGOLA
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Em resumo, em 1895, foi publicado o que o
mundo hoje conhece como os postulados de
Ratzel ou leis do Crescimento espacial do Estado,
saber:
1- Lei no nível cultural: o espaço é factor
primordial de poder, e a necessidade de Espaço
cresce com a cultura do Estado. A expansão do
estado aumenta com o avanço da cultura.
2- Lei da penetração pacífica: o crescimento dos
Estados segue outros sintomas de
desenvolvimento: ideias, produção comercial,
actividade missionária, etc. esta lei corresponde à
ideia de que: a penetração pacífica será tanto
mais frutuosa para o Estado conquistador quanto
menor o nível de cultura do país conquistado;
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3- Lei da assimilação: o crescimento dos
Estados processa-se pela amalgamação e
absorção de unidades menores, em regra
umas após outras.
4- Lei do menor esforço: a fronteira é um
orgão periférico do Estado e, como tal, é o
indício do crescimento da força e das
modificações deste organismo. Para Otto
Maull, um dos fundadores da Escola de
Geopolítica Alemã, referiu que a dilatação
do espaço político se processa de preferência
pelas linhas de menor resistência, quer física,
quer demográfica;
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PAUL VIDAL DE LA BLACHE-
PRINCÍPIOS DA GEOGRAFIA
HUMANA
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O homem é encarado como um fator
geográfico “ao mesmo tempo, activo e
passivo”
30
Assim, a distribuição dos gêneros de vida
pela superfície terrestre tem como base
ideias evolucionistas, com povos que se
dispersam pela competição em relação
aos recursos. Nessa dispersão, ocorreriam
isolamentos responsáveis pela
diferenciação dos gêneros de vida.
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Quando um grupo desloca-se para outra
região, “pela necessidade ou pela
força”, traz consigo seu gênero de vida.
“Poderá conservá-lo, se o novo habitat
for semelhante ao antigo. Mas pode
verificar-se incompatibilidade entre os
seus hábitos e o meio onde ele se
estabelece.” (SORRE, 1984, p. 107).
Novos usos impõem-se.
Segundo essa ideia, a construção de
casas, por exemplo, ocorreria com
materiais que as aglomerações humanas
tinham ao seu alcance. Clima e solo
determinariam o uso preponderante da
madeira, terra ou pedra. Esses
materiais, concomitantemente, também
guiariam a mão do homem. 32
Como exemplo, o autor diz que no
Japão utilizou-se a madeira, pois
havia muitas coníferas. Já nas zonas
áridas havia terra argilosa,
possibilitando a fabricação de tijolos.
Apesar da possibilidade que o meio
oferece de mudanças e “evoluções” a
um gênero de vida, La Blache
argumenta que a formação dos
isolamentos, porém, pode trazer
estagnação.
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A ORIGEM DA GEOPOLÍTICA:
RUDOLF KJELLÉN
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Rudolf Kjellén é aceite como sendo o
criador do termo “Geopolítica”, embora
não haja acordo em relação à data em
que o mesmo foi pela primeira vez
utilizado, variando, segundo os autores,
entre o ano de 1899 e o ano 1900.
Os Estados, notou Kjellen, apresentam-
se uns para os outros tal como os seres
vivos que coabitam em sociedade,
mantendo boas relações ou
hostilizando-se, auxiliando-se ou
destruindo-se. De igual modo, tal como
os seres vivos, os Estados têm carácter,
sentimentos, interesses, objectivos e
comportamentos próprios.
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Kjellen (1905) concluiu que os Estados
são formas de vida, sendo por isso
apontado como organicista, ao
reconhecer nas potências da sua época
“fenómenos biológicos latu sensu”, pois,
valendo-se das próprias forças e
beneficiadas por determinadas
circunstâncias, “vivem em permanente
competição, lutando pela existência e
estabelecendo, de modo claro, uma
selecção natural, os Estados vivem de
facto sobre a terra, pois, vemo-los
nascerem, crescerem, entrarem em
decadência e morrerem” .
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Em o “Estado como forma de vida”
Kjellen defendeu que o Estado age por
impulso orgânico e manifesta o seu poder
mais nas relações externas que interna,
suportando melhor a perda de vidas
humanas do que a perda de território,
porque possui um núcleo territorial fixo -
o país- do qual não se pode separar ou
desligar, sob pena de sucumbir.
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Partindo dos 5 elementos que
considera serem formadores do
Estado, a saber : Território, Povo,
Economia, Sociedade e Governo,
Kjellen sistematizou a Política em 5
ramos diferentes.
1- GEOPOLÍTICA: cujo objecto de
investigação é o território com
organização política.
2- DEMOPOLÍTICA: que tem por
objecto de estudo o povo e as raças,
nas suas relações políticas como
nação e não como elemento
etnográfico;
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3- ECOPOLÍTICA: que estuda a
actividade económica, isto é, como a
nação trabalha. Este é um processo
diferente da Economia Política ou da
Geografia Política, embora muito
próximo da última.
4- SOCIOPOLÍTICA: cujo objecto de
investigação é a sociedade dentro da
nação;
5- CRATOPOLÍTICA: que estuda as
questões de governo e de
administração, designadamente as
questões relativas ao regime político e
as manifestações de soberania.
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A teoria de Kjellen, enunciada através
dos seus postulados, pode basicamente
resumir-se no seguinte:
- Um Estado, como qualquer organismo
biológico, tem o direito natural à
procriação, ao desenvolvimento e à
expansão que as leis da evolução natural
determinarem e que a sua própria força
puder assegurar. “… quanto maior o
desenvolvimento dos grandes Estados,
menor a importância dos pequenos
Estados”;
-Por necessidade de sobrevivência, um
Estado tem de preferir aos princípios da
moral, as manifestações brutais da força
necessária para assegurar a sua
sobrevivência.
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A DIFERENÇA E RELAÇÃO ENTRE
GEOGRAFIA POLITICA E GEOPOLITICA
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A Geografia Politica seria
predominantemente sincronica, isto é,
tenderia a limitar as suas analises a um
determinado segmento temporal.
Enquanto que a Geopolítica seria por
essencia diacronica, isto é, analisando os
acontecimentos segundo o vector
tempo, do passado para o futuro.
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Em resumo, a Geografia Política é um
conjunto sistemático de estudos restritos
às relações entre o território e o Estado
(posição, localização, características das
fronteiras) Enquanto que a Geopolítica
caberia a formulação de teorias e
estratégias políticas voltadas a obtenção
de poder sobre determinado território.
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A geoeconomia é o estudo
dos aspectos espaciais,
temporais e políticos das
economias e dos recursos.
Política orientada para intervir
na resolução de problemas
espaciais associados à
economia, a gestão de
recursos, e respostas
equilibradas às necessidades
humanas.
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