Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
I.Introdução.............1
II.Desenvolvimento.3
III.Conclusão...........8
1
I - Introdução
2
II. Desenvolvimento
A nova forma de qualificação das grandes empresas e essa mudança nos espaços
dos estados nacionais, como vimos, rompem com seus limites e produzem uma maior
expansão de mercado a todo custo. Bauman analisa que há uma maior capacidade do
mercado em impor suas necessidades e suas demandas junto a desregulamentação
política da economia, e um ponto de análise para Bauman é que a política impõe
barreira para produção e extração de valores de capital. Assim, a economia irá se
autodeterminar e destruir todas as barreiras morais, políticas e religiosas que impuseram
ao capitalismo limites da produção e extração de mais valor. Segundo Bauman, isso se
denomina na própria lógica do capitalismo, a chamada “harmonia” entre a oferta e a
demanda.
“para Hayek, o mercado quanto mais for autorregulado, funcionando pelo princípio
da livre concorrência entre a demanda e a oferta, e por ser uma expressão espontânea,
natural, garante a plena liberdade de todos os indivíduos, que poderão agir para o
proveito próprio e contribuindo para o aumento da riqueza social. Logo, para que o
mercado funcione e produza a riqueza social e garanta a liberdade do indivíduo, é
preciso que se afaste do Estado, do parlamento, da política, dos partidos que agem
sempre em proveito daqueles que os elegeram.” Pag 9
Dentro do impacto que as novas empresas transacionais irão causar, a nova era
moderna da globalização é feita por grandes revoluções, principalmente eletrônica e
microeletrônica que produzirão uma maior presença da máquina e da automatização
com intuitos específicos que deduzem toda lógica da modernidade líquida, produzir
mais e em maior velocidade. Essa lógica acompanhada de grandes invenções servirão
como alicerce para a modernidade líquida e sua capacidade em se articular de um modo
que também sintetiza essa nova era, o rápido fluxo da comunicação e tomada de
decisões em um breve período de tempo, segundo Bauman isso influenciará
profundamente a nossa existência.
3
O novo capital associado as revoluções tecnológicas e os novos cyberespaços,
irão impor a maneira que milhões de pessoas vão conduzir sua vida. Iremos ver que
entre as ideologias de pensamento único que irão ser disseminadas, uma delas é o
pensamento de que há um inimigo a ser combatido, impondo isso também culturalmente
através de filmes e séries com sentimentos de intolerância e ódio. Há de se analisar que
essa dinâmica que a modernidade líquida procura, essa disseminação de um pensamento
único ocasionam uma profunda transformação do estado social em estado penal,
gerando uma sociedade punitiva para os mais fracos.
Prosseguindo com a lógica dessa nova era, e dos impactos que ela ocasionou a
essa nova sociedade, para Bauman, modernidade líquida é “um período histórico no
qual ocorrerá uma modernização “compulsiva e obsessiva”. Ou seja, a modernidade
líquida agora exige de toda a sociedade uma maior eficácia, criação e exige uma
obsessão em obter o lucro, diminuindo a renda para ampliar as capacidades de extrair
mais valor e riquezas. O espírito competitivo abrange o inconsciente da sociedade
caracterizando a era da formação social baseada nos valores do neo-liberalismo. Esse
processo produz para Bauman a destruição do sentimento de pertencimento do ser
humano coletivo como nas famílias, no bairro, na sociedade e no estado nacional,
reproduzindo com o neo-liberalismo a sensação de hiperindividualismo que resulta um
indivíduo egocêntrico, narcísico e egoísta competindo permanentemente com o intuito
de ampliar sua renda. Essa nova forma de imposição do ser individual é perpetuada em
todos os continentes, em todos os estados, e caracteriza uma das formas com que a
modernidade líquida se instalou.
4
Outra característica consequente dessa nova modernidade é a produção de um
indivíduo livre e autônomo envolto de uma nova rotina do tempo e da vida dessa nova
sociedade, a relação do indivíduo na sociedade também se transforma, com o ideal de
rapidez e de ser eficiente, o tempo para serelacionar com as outras pessoas foi também
limitado devido a esse fato. Esse indivíduo não é mais regulado por um estado ou por
uma sociedade e suas instituições e sindicatos. Na sociedade líquida, quem efetu as
mobilizações globais são os capitais, que são capazes de impor para todas as partes
transformações e novas maneiras do ser humano existir e agir, os capitais transacionais
mobilizam recursos agora em uma escala global, legitimando um triunfo das forças
econômicas e um esvaziamento das forças políticas.
Para Bauman, essa nova forma de organização social é acompanhada por uma
crise intensa, a crise da modernidade, em que os relacionamentos sociais, as
representatividades e suas organizações institucionais expressam uma formação social
“dinâmica e volátil” e essas relações podem ser compostas e decompostas em curto
espaço de tempo. Junto a isso, a lógica do custo e benefício passa a ser hegemônica e
tem como alicerce entre os novos vínculos estabelecidos nessa sociedade. O novo
indivíduo que rompe com o passado e que está cercado por essas crises, é um indivíduo
5
que se faz volátil, flexível, dinâmico, pois agora ele não tem um compromisso
longínquo com seus vínculos sociais, ele tem a capacidade de romper mais brevemente
seus vínculos sociais sem carregar a culpa por esse acontecimento, atendendo as
exigências das forças sociais que o controla.
A modernidade líquida é dotada de uma nova forma de exercer o seu poder e sua
política. O poder agora é exercido fora do território nacional, e é construída uma
capacidade subjetiva das forças sociais hegemônicas imporem os seus interesses aos
Estados nacionais, forçando mudanças nos valores e nas estruturas sociais sobre a qual
já discorreu-se. Assim, a política passa a ser uma força de menor grau comparada com a
força do poder dos capitais transacionais, e são situadas dentro dos territórios nacionais.
6
Pode-se notar que atualmente, na campanha do governador do estado de São
Paulo, João Dória usou muito um discurso apolítico de um governo empreendedor, em
que se enfatizou muito a tática de uma “redução de custos”. Em seu discurso como
candidato, João Dória disse que abriria mão do seu salário para economizar nas
despesas do Estado. Essa lógica não é nova, ela faz parte do modelo ideal da
modernidade líquida, em que o os interesses privados do mercado estão acima do
interesse público.
A política de “tolerância zero” foi criada nos EUA e resultaram punições cada
vez maiores para os pequenos delitos de rua, impondo o retorno da pena como castigo,
pois visa a punição e não o reparo social. Consequentemente, a expansão do sistema
carcerário e surgimento de prisões particulares funcionam como um negócio e fazem
7
também com que a penitenciaria se torne uma fábrica gerando mais valor. Entretanto
essa lógica passa a ser mais profunda, para ser implementada ela também foi
naturalizada no inconsciente de toda uma geração, fazendo parte do seu próprio modo
de pensar. Como exemplo disso, podemos voltar ao caso da campanha do governador
João Dória, incluindo em seu discurso que polícia de São Paulo vai “atirar para matar”.
Aliado a suas promessas de aumento de penas para delitos simples e qualificados, nos
últimos 25 anos, o governo do PSD quadriplicou o número de detentos no Estado. Pode-
se notar a nítida aplicação dessa transformação no estado Penal.
III - Conclusão
Diante do que foi tratado, evidencia-se que consequentes crises são mantidas
para transformar e transmutar a realidade social. Essas crises sociais estão em constante
relação com o fator econômico que a partir dos anos 80 passou por uma nova fase,
descrita por Bauman como “modernidade líquida”. Dentro das profundas alterações
inconscientes e comportamentais que essa nova fase da modernidade reproduz, foi
abordado enfaticamente o fator da transformação do Estado Social para o Estado Penal,
o poder punitivo passou a ser uma das principais características do novo Estado, em que
a punição, além de ser uma fonte de obtenção de renda do setor privado, é também, uma
espécie de encobrimento para a hegemonia das forças de mercado transacionais.
Referência:
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/05/numero-de-presos-em-sao-paulo-
quadruplica-sob-governos-do-psdb.shtml
Aula X – Bauman. pdf
8
9