[1] O texto discute a evolução da história política como disciplina, que foi criticada por ser elitista e dar ênfase excessiva a eventos superficiais em detrimento de forças sociais mais profundas.
[2] A história política renovou-se ao incorporar conceitos de outras ciências como sociologia e ciência política, passando a estudar fenômenos como abstenção eleitoral e estatísticas de votação.
[3] Apesar da revolução da história política, o autor questiona se seu renascimento pode ser apenas temporário,
[1] O texto discute a evolução da história política como disciplina, que foi criticada por ser elitista e dar ênfase excessiva a eventos superficiais em detrimento de forças sociais mais profundas.
[2] A história política renovou-se ao incorporar conceitos de outras ciências como sociologia e ciência política, passando a estudar fenômenos como abstenção eleitoral e estatísticas de votação.
[3] Apesar da revolução da história política, o autor questiona se seu renascimento pode ser apenas temporário,
[1] O texto discute a evolução da história política como disciplina, que foi criticada por ser elitista e dar ênfase excessiva a eventos superficiais em detrimento de forças sociais mais profundas.
[2] A história política renovou-se ao incorporar conceitos de outras ciências como sociologia e ciência política, passando a estudar fenômenos como abstenção eleitoral e estatísticas de votação.
[3] Apesar da revolução da história política, o autor questiona se seu renascimento pode ser apenas temporário,
Licenciatura em História Docente: Maria Abadia Cardoso Discente: Douglas Herculano da Cruz
RÉMOND, René (Org.). Por uma história política. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
Uma história Presente
Rémond, em seu texto, traz explicações sensatas e válidas a respeito do
historiador, no início ele dirá que o historiador é sempre de um tempo, aquele em que o acaso o fez nascer. Ele abraça, às vezes sem saber, as curiosidades, as inclinações, os pressupostos, enfim, a ideologia dominante. Mesmo quando se opõe, ele ainda se determina por referência aos postulados de seu tempo. A história política está passando por uma surpreendente reviravolta, com isso, sua importância da qual os historiadores nem sempre percebem e lado da história das relações internacionais, a história religiosa, também reformada e em pleno desenvolvimento, a história cultural, a última a chegar, goza de um entusiasmo comparável àquele de que a história econômica e a história se beneficiaram outrora. Os historiadores, muito fazem dos fenômenos políticos o principal objeto de seu estudo por essa razão, para este o autor, registrar este fenômeno e tratá-lo como um objeto da história, escrutinar suas causas, medir seu alcance, apreciar seu significado. Colocaremos o evento em uma perspectiva temporal, por meio de uma síntese dos sucessivos estados da história política. No Antigo Regime, a história foi naturalmente ordenada tendo em vista a glória do soberano e a exaltação da monarquia. As revoluções que derrubaram os regimes monárquicos não destronaram a história política de sua posição preeminente, apenas mudaram seu objeto. Em vez de centrar-se na pessoa do monarca, a história política voltou-se para o Estado e a nação. A renovação que marcou tão profundamente a disciplina da história na França teve a história política como alvo principal e primeira vítima, suas características, que pareciam constitutivas do estudo da política, faziam dela uma espécie de somatório de todos os defeitos que uma nova concepção denunciava na história tradicional, subjacente à acusação contra a história política havia uma controvérsia fundamental sobre a natureza das verdadeiras realidades sociais. Com isso, a nova história considerava as estruturas duráveis mais reais e decisivas do que os acidentes da conjuntura, suas suposições eram de que os comportamentos coletivos eram mais importantes para o curso da história do que as iniciativas individuais, ora, a história política apresentava uma configuração exatamente contrária a essa história ideal, tendo apenas olhos para os acidentes e circunstâncias mais superficiais, esgotando-se na análise das crises ministeriais. A vocação do historiador é interrogar-se sobre o sentido dos fatos, enquanto sua especificidade reside na atitude interrogativa. A história política manteve-se uniformemente narrativa, escrava da história linear e, na melhor das hipóteses, apenas temperou a mediocridade de uma descrição submetida à cronologia pelo talento ocasional do autor. A história política continuou a prestar atenção excessiva aos humores e problemas de saúde dos líderes, uma história elitista e aristocrática, condenada pelo ímpeto das maçãs e pelo advento da democracia, ignorando forças profundas e causas ocultas, e ignorando necessidades e mecanismos, ela imaginou que as vontades pessoais direcionam o curso das coisas. A história política arcaria com os custos da renovação da disciplina: história obsoleta, subjugada a uma concepção antiquada, que já tinha seu tempo. Já os historiadores fracos o bastante para ainda se interessarem pela política, e praticarem essa história ultrapassada, fariam o papel de retardatários, uma espécie em extinção, condenada à extinção. Com isso, René trará as novas orientações da pesquisa histórica que estavam em harmonia com o ambiente intelectual e político, culminando e fazendo parte de uma filosofia global que compartilhava o clima da época, e encontrava convivências e pontos de concordância para apoiar a ideologia dominante. O advento da democracia política e social, o impulso do movimento operário, a difusão do socialismo direcionaram os olhos para as massas, nessas sociedades contemporâneas, a política se organiza em torno do Estado e se estrutura em torno dele, o poder do Estado representa o mais alto grau de organização política, é também o principal objeto de competição. Seus críticos modernos proclamam que não é soberano nem imparcial: é sempre monopolizado e não tem existência própria nem independência efetiva. Primar no estudo do Estado, como se ele encontrasse em si o seu princípio e a sua razão de ser é, portanto, deter-se na aparência das coisas, o Estado nunca é mais que um instrumento da classe dominante, as iniciativas dos poderes públicos, as decisões dos governos são apenas a expressão da correlação de forças, mesmo em meio aos programas de recrutamento de futuros professores inscrevem fatos propriamente políticos em seu cardápio. Sem dúvida, uma das primeiras vezes que uma abordagem estritamente política foi elevada a tal dignidade pedagógica, uma realidade histórica em movimento… Em um simples efeito mecânico da alternância de modas, ou o resultado de uma reflexão mais profunda sobre o objeto do conhecimento histórico, como uma ou outra dessas interpretações é adotada, o significado do fato muda completamente. Com isso, para explicar o progressivo declínio e desaparecimento da história política, era necessário considerar tanto o movimento próprio da pesquisa histórica quanto o ambiente ideológico. A opinião pública não ficou indiferente a esta metamorfose do político e dela tirou as suas consequências. Os cidadãos se sentem mais membros de um corpo político e consentem mais do que nunca em participar das decisões que afetam a comunidade. Talvez até aconteça que esse interesse pela política às vezes vá além da medida e não seja isento de alguns excessos. Os movimentos de 1968, em um olhar macro e amplo e um tanto abusivo do conceito de poder, pouco fizeram para trazer a política de volta ao centro da reflexão. Na verdade, já não é a mesma história política, e a sua transformação é um bom exemplo da forma como uma disciplina se renova sob pressão externa e como resultado de uma reflexão crítica. A geração que redescobriu a importância da história política teve precursores. Os contemporâneos como aborda Napolitano em muitas de suas obras, nem sempre perceberam que esses pioneiros abriram o caminho para o futuro. Charles Seignobos foi um dos primeiros a perceber dois fatos importantes cuja verificação foi decisiva nas origens da sociologia eleitoral. Seignobos destacou a constância, na superfície do território, da divisão direita-esquerda através de vicissitudes políticas, mudanças de regime, aparentes flutuações na opinião pública… Georges Weill, agora amplamente esquecido, teve sua influência certa na formação de vários historiadores, a nomenclatura dos assuntos que compõem sua bibliografia delineia de antemão a configuração dos principais rumos que a ciência política tomaria posteriormente. Quase não há assuntos pelos quais ele não tenha se interessado um terço de século antes de se tornarem os títulos dos capítulos da nova história política. A história política deve muito aos intercâmbios com outras disciplinas: sociologia, direito público, psicologia social e até psicanálise, linguística, matemática, informática, cartografia e outras. De uns a história política emprestou técnicas de pesquisa ou tratamento, de outros, conceitos, um vocabulário, uma problemática. O historiador passou a se interessar por fenômenos sociais até então negligenciados, como a abstenção, de outras ciências do homem em sociedade, a história política emprestou noções e questões. A ciência política, combinando seus efeitos com a sociologia, obrigou o historiador a formular questões que renovam perspectivas. Essa tal renovação da história política, encontrou um ambiente mais favorável do que as estruturas monodisciplinares das antigas faculdades, essa nova história do político corresponde hoje às principais aspirações que deram origem à justificada revolta contra a história política tradicional. O paralelo esboçado entre as duas instituições sem forçar a aproximação, estende-se dos organismos aos saberes e práticas. Um dos atributos de que a história do novo jeito mais legitimamente se orgulha é o de se basear em uma massa de documentos que ela trata estatisticamente. A França foi o primeiro grande país europeu a adotar o sufrágio universal. O resultado das disputas eleitorais, a conclusão dos debates parlamentares dependem da exatidão das somas, sendo a eleição o início da transferência do poder, a apuração dos votos é uma operação essencial, um ato decisivo da vida política. O político não constitui um setor separado: é uma modalidade de prática social. O político se conecta por mil elos, por todos os tipos de elos, a todos os outros aspectos da vida coletiva. Se o político deve ser explicado antes de tudo pelo político, também há mais no político do que no político. Para sintetizar, é importante mencionar que a história política não podia fechar-se em si mesma, nem ter prazer na contemplação exclusiva de seu próprio objeto, não há e não terá razão científica para estabelecer uma ligação mais estreita entre o político e o econômico do que com o ideológico e/ou cultural, ou qualquer outro termo de relação. A história política descreveu uma revolução completa, como então, pode-se acreditar que seu renascimento pode ser apenas um verão indiano, como traz Rémond no fim do texto? O historiador é o sujeito do seu tempo, devendo então debruçar-se em documentos para a elaboração científica da historicidade.