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O DESAFIO DE E. H. CARR
Carr, autor do livro The Twenty Years’ Crisis, e realista começa por criticar a
dificuldade, por parte dos idealistas, de distinguir análise e propósitos. Sendo o
primeiro objetivo da ciência de RI erradicar a guerra, mas todas as análises partiam do
pressuposto que era preciso mudar a realidade para cumprir o objetivo, em vez de
adaptar a forma de ação à realidade observada.
Carr argumenta que nas ciências sociais nunca há verdades absolutas e que as
preferências das pessoas influenciam as realidades. Assim, os utopistas tinham
cometido o erro de pensar que as suas preferências pessoais eram partilhadas por
outros e sem entender que aqueles que partilhavam poderiam ter razões diferentes
para o fazer.
Uma das características principais do realismo é o facto de desvalorizar as motivações
e objetivos dos analistas e dos intervenientes. Considerando que as forças reais que
condicionam o seu comportamento são demasiado poderosas para serem alteradas
por preferências pessoais. Deste modo a análise realista tem dois momentos:
1. identificar as verdadeiras forças e linhas de poder que estão em campo num
determinado contexto
2. aceitar as realidades que não se podem alterar e propõe mecanismos
adequados e adaptados a essas realidades
3. e, se levado ao extremo pode ser imobilista e negar a utilidade de qualquer tipo
de ação.
Deste modo, Carr compara estas fases típicas de pensamento na vida de uma pessoa:
1. idealismo corresponde à imaturidade, uma fase em que é difícil formar
raciocínios simultaneamente, objetivos, potencialidades e custos
2. o imobilismo é a mentalidade de velhice, quando já não existe vontade de
intervenção.
3. A plena maturidade correspondia o realismo, pois era uma combinação perfeita
entre observação e compreensão com objetivos limitados e corretamente
definidos.
A principal crítica na obra de Carr é à ideia da harmonia de interesses nacionais. esta
ideia defende que os Estados e povos têm um interesse comum, a paz, e que a tarefa
dos estadistas e da opinião pública é identificar esse interesse e procurar bases que o
permitiam.
Carr defendia que esta ideia só poderia ter sido imaginada por potências satisfeitas e
acomodadas. Isto é, qualquer tipo de forma de distribuir o poder vai satisfazer mais
uns que outros porque iria corresponder mais com os interesses de um que de outro.
Assim, a proposta de manter a paz é mais válida para aqueles que estão satisfeitos
com a distribuição de poder atual, do que com os que estão tão descontentes que não
têm nada a perder com o recurso à guerra.
Desta forma Carr argumenta duas coisas diferentes:
Não existe nenhuma harmonia de interesses - existem acordos que satisfazem
mais uns que outros, e os que são favorecidos empenham-se mais em sugerir a
conjuntura que interessa a todos
A ideologia é vista como um mecanismo de poder - porque qualquer
distribuição de poder traz consigo a sua respetiva ideologia
Na segunda metade da década de 30, a ameaça internacional era o impressionante
ressurgimento da Alemanha militarizada, com uma ideologia expansionista e
violentamente agressiva em relação às democracias. Enquanto isso, registavam-se
falhanços consecutivos das Sociedades das Nações e a sua incapacidade de responder
à anexação da Abissínia pela Itália de Mussolini.
Criticava a distribuição de poder de Versalhes:
Se esta era tal forma prejudicial para a Alemanha que claramente estes iam
recorrer à guerra para a melhorar porque não tinham nada a perder.
A nível interno havia conflitos entre classes:
o Só os mais poderosos apelavam à paz porque eram os que estavam
mais confortáveis
Os estados tinham interesses irreconciliáveis e cada um procurava proteger os
seus por isso a teoria do equilíbrio de poderes trazia mais garantias que a
segurança coletiva
Críticas ao neo-realismo
Se o comportamento dos Estados é condicionado pela estrutura do sistema
internacional, esta enfase sobre o comportamento faz com que seja difícil
estudar a sua natureza.
o O Estado neo-realista não difere muito do Estado realista uma vez que é
dotado de vontades e objetivos que procura cumprir dentro do
contexto internacional
O estado não é um conjunto de relações políticas externas mas sim um
conceito abstrato que faz decisões racionais em prol da sociedade que
representa
As organizações intergovernamentais são vistas como peões nas mãos dos
Estados, intervindo consoante os Estados lhes permitem. As ONG’s são
consideradas pouco relevantes, afetando a vida internacional apenas nas
margens.
O neo-realismo não nega a existência de cooperação internacional, mas afirma
que esta acontece apenas quando as circunstâncias o permitem, quando não
constituem uma ameaça aos interesses dos Estados e quando não se verifica
uma situação em que os ganhos relativos de outro Estado rival são superiores
RELACÕES INTERNACIONAIS: CONCEITOS BÁSICOS E ASPETOS
TEÓRICOS