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SOBRE A
LIBERDADE
Por Guido Orgis
A r g u m e n t o s S o b r e a L i b e r d a d e
nismo comportamental, até o progressismo. Em
Sobre a Liberdade, temos um forte traço libertário,
em que defendeu a menor interferência possível
do Estado sobre o que interessa somente à pessoa,
e a maior liberdade possível no debate de opiniões.
A r g u m e n t o s S o b r e a L i b e r d a d e
É notável como Mill encontra um valor da liber-
dade que muitas vezes passa ao largo no debate
atual: a verdade se fortalece com a liberdade. É o
atrito de ideias que nos permite entender o que é
verdadeiro e manter acesa a percepção de por que
uma opinião é mais verdadeira que outra.
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que provar que nenhuma verdade será impedida
de ser dita; ou que o pensamento da sociedade so-
bre o que é bom ou ruim não ficará atrofiado por
um senso comum imposto pela via do cerceamen-
to de opiniões divergentes.
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Índice Clique no capítulo para ir para a página.
Capítulo 1 - Introdução
do bem-estar
sobre o indivíduo
Capítulo 5 - Aplicações
Capítulo 1
Introdução
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“A única liberdade que merece esse nome
é a de buscarmos nosso próprio bem à
nossa maneira, desde que não tentemos
privar os outros de seu bem nem
tolhamos seus esforços de obtê-lo.”
O
antagonismo entre liberdade e autoridade
é, segundo Mill, um traço comum à maior
parte da história da humanidade. Isso por-
que o poder de quem governava sempre foi na maior
parte da história herdado ou conquistado. Não era
um poder que podia ser contestado.
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A evolução desse reconhecimento da liberdade como di-
reito foi a indicação, pela comunidade, de quem compõe
o Estado. As eleições surgiram, mais do que como um re-
curso para garantir a liberdade, como uma forma de dar
poder a quem se identifica com o povo. E essa passou a
ser o componente dominante do liberalismo político.
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Aqui, para Mill, surge o que é uma das questões mais im-
portantes para a humanidade: o conhecimento a respei-
to do limite da opinião pública sobre a vida das pessoas.
Não se trata apenas de garantir a liberdade diante da au-
toridade política, mas também a liberdade de se viver
conforme suas próprias convicções pessoais.
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manifestas por quem exerce influência sobre a opinião
pública. Simpatias e antipatias de um governante ou
de um líder religioso que não têm razão específica tam-
bém formam as regras morais.
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Onde Mill colocaria o limite para a intervenção da hu-
manidade sobre a liberdade individual? Para ele, a
única finalidade da intromissão deve ser a autode-
fesa. Ou seja, evitar que alguém cause dano a outros
justificaria o uso da força. O próprio bem do indiví-
duo não seria razão suficiente - aqui, cabe conver-
sar, argumentar, mas nunca obrigar.
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Além disso, a liberdade humana compreende os
gostos, escolhas de atividades, o direito, enfim,
de agirmos como quisermos e suportarmos as
consequências sem restrições - a não ser a de
que nada disso cause dano aos outros. O tercei-
ro componente da liberdade é o direito à asso-
ciação, desde que sem fim de prejudicar os ou-
tros e com pessoas maiores de idade e de livre
vontade. Independente da forma de governo,
nenhuma sociedade é livre se não respeita essas
três condições (liberdade de expressão, de esco-
lha sobre como viver e de associação).
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Capítulo 2
Da liberdade
de pensamento
e discussão
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“O grande mal não é o conflito violento
entre partes da verdade, mas sim a
silenciosa eliminação de metade dela;
sempre há esperanças quando as pessoas
são obrigadas a ouvir os dois lados.”
N
o tempo em que Mill escrevia, a liberdade de
imprensa já era vista como uma garantia con-
tra governos corruptos ou tirânicos. E ele ad-
mitia que governos constitucionais tendiam a se man-
ter distantes do controle da expressão de opinião, o que
não era uma garantia absoluta contra os momentos
em que os governos incorporavam alguma intolerân-
cia gestada na sociedade. Para o autor, era preciso de-
fender até a última opinião: mesmo que toda a socie-
dade, menos uma pessoa, tivesse a mesma opinião,
essa sociedade não teria o direito de impor o que pen-
sa contra esse indivíduo.
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E qual o valor de uma única opinião diferente do resto?
Qual seu real valor para a sociedade? Quais os efeitos
de suprimi-la? Mill faz quatro proposições para res-
ponder a questões como essa e defender a liberdade de
expressão como parte da liberdade humana:
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Mill começa sua argumentação pelos dois primeiros
pontos. Imagine que a opinião censurada é correta e
você perceberá que toda a humanidade seria privada
de conhecer a verdade. E, se é errada, perde também a
chance de ter uma visão mais clara da verdade quando
confrontada com o erro.
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chance de erro ao se tentar evitar a propagação da men-
tira ou do que é errado é a mesma de outras ações da
autoridade pública. Em alguma medida, diriam, preci-
samos ser movidos por nossas opiniões. O dever da au-
toridade seria o de perseguir as opiniões mais verda-
deiras possíveis e só impor quando houver segurança
de que são certas.
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ta a ouvir diversas opiniões, a conhecer os modos de o
assunto ser pensado. É assim que ela adquire a con-
fiança de que seu julgamento é o melhor possível dian-
te da multidão de opiniões. E se a arena de debate está
aberta, estamos sempre com a chance de encontrar
uma verdade melhor; ou de que estamos com a melhor
verdade disponível no momento.
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rente: quem tem certeza de uma coisa tende a acredi-
tar que não há utilidade nas outras opiniões.
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derá ser redescoberta e chegar a uma época em que
será cultivada.
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Até aqui, entendemos que é sempre melhor que circulem
opiniões por elas poderem ser verdadeiras; e que mesmo
uma verdade absoluta precisa passar pelo teste contra
outras ideias, porque ela pode ganhar ainda mais corpo.
Mill desenvolve uma segunda linha de argumentação a
respeito do fortalecimento do pensamento humano em
um ambiente de liberdade de opinião.
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próprio conhecimento. É por isso que Mill invoca a fi-
gura do “advogado do diabo”, que seria útil na forma-
ção de qualquer opinião.
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nos controvérsias deveria haver no mundo. Mas é pre-
ciso levar em conta que o mesmo pode acontecer com
opiniões falsas.
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A liberdade de enunciar qualquer opinião traz vanta-
gens para se conhecer a verdade, mas não acabaria com
o sectarismo, ou a polarização como falamos hoje em
dia. Isso porque sempre existirão pessoas com a ten-
dência de se guiarem como se não houvesse outra ver-
dade possível além daquela na qual acreditam. Pode
ser, inclusive, que o debate livre em alguns casos até
cause reações mais violentas, já que os sectários pas-
sam a ver opiniões diferentes das suas. Mesmo assim,
a liberdade vale a pena por atuar sobre quem não está
sob o efeito do sectarismo.
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Capítulo 3
Da individualidade
como um dos
elementos do
bem-estar
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“Assim como é útil que existam diversas
opiniões enquanto a humanidade é
imperfeita, da mesma forma devem
existir diversas experiências de vida.”
S
abemos que Mill defende uma ampla liberdade
de expressão em nome do fortalecimento da
verdade e da capacidade de reflexão dos mem-
bros da sociedade. Agora, ele vai estender esse argu-
mento: além de opinar, todos deveriam ter liberdade
para viver conforme suas opiniões - desde que por con-
ta e risco próprios.
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sempre é o de que um indivíduo não pode se tornar um
problema para os outros.
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Uma vida de imitação, portanto, é limitante. Só quem vi-
ve por si um projeto de vida usa todas as suas faculdades:
visão, raciocínio, discernimento, julgamento, autocon-
trole, firmeza para seguir sua decisão. Para Mill, a primei-
ra obra de um homem é o próprio homem, que deve ser
como uma árvore que se desenvolve em todos os lados.
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ninguém pode se desenvolver à custa dos outros, pelo
contrário, deve levar em conta quem o cerca.
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ver uma minoria altamente dotada e instruída para
contornar o poder da opinião pública e dos governos
movidos por essa mesma opinião.
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tabelecidas para todos - é a mudança pela mudança e
não pelo aperfeiçoamento.
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Capítulo 4
Dos limites à
autoridade da
sociedade sobre
o indivíduo
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“O argumento mais forte contra
a interferência do público na conduta
puramente pessoal é que, quando
se tem essa interferência, o mais
provável é que ela se dê de modo
errado e no lugar errado.”
A
gora que entendemos que a liberdade de vi-
ver como entendemos deve ser a mais am-
pla possível, é preciso refletir sobre até on-
de pode ir a individualidade. Onde colocar os limites
para a ação individual?
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de. A educação e a persuasão têm o papel de conven-
cer as pessoas a exercerem suas virtudes. É o mútuo
auxílio entre seres humanos que deve levar as pes-
soas a procurarem seu desenvolvimento. Mas deve-
-se ter em conta que é o indivíduo sempre o maior
interessado em seu próprio bem-estar - a socieda-
de, afinal, pode estar errada nas suposições por trás
das imposições feitas ao indivíduo, como diz o argu-
mento da infalibilidade usado no Capítulo 1.
A r g u m e n t o s S o b r e a L i b e r d a d e
relação com a falta de prudência ou dignidade pes-
soal, mas que não afeta terceiros diretamente. Ou
seja, podemos cair no julgamento de nossos seme-
lhantes por fazer algo desagradável, mas que não
causa dano a terceiros. A reprovação cabe quando há
ofensa a terceiros.
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Outro caso é o de que quem, com sua escolha pessoal,
não cumpriu um dever com a sociedade. Você pode se
embriagar quando quiser. Mas se você for um policial
em serviço, a embriaguez se torna motivo de censura.
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ne de porco a uma minoria que não acredita nessa
restrição? Como saber se um costume realmente é
carregado de uma verdade incontestável?
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Capítulo 5
Aplicações
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“Um Estado que apequena seus homens
para que possam ser instrumentos mais
dóceis em suas mãos, mesmo que para
propósitos benéficos, descobrirá que com
homens pequenos não se pode realizar
nada realmente grande.”
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atividade seja social, ou seja, tem impacto sobre o
público. Nem todas as intervenções no comércio têm
relação com a liberdade - o princípio de que as pes-
soas ficam melhor se deixadas a seu próprio julga-
mento não impede que se inspecione os pesos ou a
qualidade dos produtos.
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permitir que as pessoas joguem e punir o dono da
casa de jogos? Não é uma questão respondida di-
retamente por Mill, que admite que pode-se exi-
gir, por exemplo, que as casas de jogos sejam man-
tidas em sigilo (o que hoje seria dizer que não
poderiam fazer publicidade), para serem só conhe-
cidas por seus frequentadores. Ou que, no caso da
venda de bebidas alcoólicas, se imponha alguns li-
mites para dificultar o acesso. O autor concede que
é o caso, por exemplo, de o governo escolher tri-
butar mais pesadamente produtos com efeitos ne-
gativos (os “impostos de pecado”, como chama-
mos hoje), e ter regras mais rígidas de licença de
funcionamento ou a regulação do horário de bares
por causa da necessidade de vigilância.
A r g u m e n t o s S o b r e a L i b e r d a d e
Seria um caso extremo de proibição um contrato em
que uma pessoa voluntariamente se torna escrava.
O contrato não é válido, diz Mill, porque a razão da
liberdade só existe enquanto há liberdade: não se é
livre para não ser livre. Ele entra nesse caso para de-
fender que os contratos entre pessoas podem ser
desfeitos, que não existem contratos irretratáveis.
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aprenderam o que seria esperado para a sua idade. E
seriam exames nos quais o Estado não poderia exi-
gir conteúdos além do conhecimento “científico”.
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Enfim, diz Mill, um povo dependente dos burocratas
do governo é incapaz de tomar as rédeas das situa-
ções importantes e improvisar quando necessário
para resolver seus problemas.
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Referências
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