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EGITO - A UNIFICAÇÃO
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Olá!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
3. associar o aumento populacional ocorrido no final do Neolítico à organização das comunidades em unidades
4. perceber que, a partir da fundação dos nomos, cidades foram estruturadas e subdivididas em dois reinos;
5. analisar o processo que originou a unificação do Alto e do Baixo Império, estabelecendo o primeiro faraó;
6. perceber que a unificação egípcia determinou o início do período dinástico na história egípcia;
7. compreender a personificação do Estado na figura do faraó e sua identificação com um deus, ao surgimento de
Bons estudos!
Sociedades maravilhosas, que construíram grandes pirâmides.... Creio que seja fundamental estudarmos o Egito
e não ficar analisando como é bonito sua existência. Topa o desafio? Então vamos lá.
O entendimento do Egito fica muito restrito a um ideário direcionado não ao estudo em si, mas a algo
independente. Sempre surge a ideia de tumbas, múmias, pirâmides. Temos que, em primeiro lugar, acabar, ou
pelo menos, rediscutir os mitos. Definitivamente, não vamos discutir se foram os alienígenas que construíram as
pirâmides.
Vamos começar por quebrar o primeiro mito: o Egito não é uma dádiva do Nilo, no sentido de que basta o
terreno geograficamente favorável para o homem se desenvolver. As sociedades do Egito se desenvolvem para
além do Delta, área das principais inundações. Suas estruturas são complexas e dependem diretamente da ação
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Figura 1 - Mapa de regiões
A organização social, da qual já tratamos no espaço mesopotâmico, é o que nos permite a compreensão do Egito.
Sua sociedade não nasce faraônica, mas sim desses espaços, dos nomos e de suas disputas. Veja um trecho do
Saiba mais
Christian Jacq, é um grande autor, responsável em muito pelo interesse na sociedade Egípcia.
Jacq nasceu em Paris, em 1947. Formado egiptólogo, escreveu diversos trabalhos sobre os
faraós e seus súditos.
O autor de Egito dos Grandes Faraós, entre obras de ficção e trabalhos sérios, faz uma defesa
apaixonada contra os preconceitos que, muitas vezes, saem sobre o Egito.
Essa visão cotidiana é muito preconceituosa e reproduz a mesma lógica social: as pessoas
acham que o Egito é uma sociedade voltada para a morte e que o faraó nasce já pensando no
dia de sua morte.
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Mas, vamos ver um pouco de arqueologia. No século XVIII e XIX, muitos monumentos e muitas pirâmides
continham uma série de símbolos e isso causou muita discussão sobre qual o significado e papel deles.
Figura 2 - Arqueólogo
Surge um embate entre as escolas inglesas e francesas, porque uma defendia que os símbolos era uma linguagem
(francesa) e, a outra, defendia que era um exercício simbólico de enfeitar os espaços. A partir dessa discussão, foi
descoberto por generais franceses uma pedra de um monumento do Império Tardio, provavelmente no período
em que o principal general de Alexandre, Ptolomeu, foi faraó egípcio, no século III a. C.
1.1 Ptolomeu
Manda gravar uma mensagem na qual três línguas são utilizadas: o grego; o copta (demótico) e hieróglifo.
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Figura 3 - A pedra
A pedra de roseta continha um decreto. A principal hipótese é que Ptolomeu quis que este fosse inscrito dentro
da língua principal falada no espaço grego, da língua que mais circulava na região do Egito e, querendo marcar
seu domínio de caráter faraônico em um exercício de legitimidade do seu poder, dentro do Egito. Nada melhor
2. Escrita
O uso da escrita hieroglífica significa reconhecer o poder e o passado do povo egípcio, mas, a partir daquele
momento, ele entrava para o rol dos faraós, ficando marcado para a prosperidade, conforme os traços
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Figura 4 - A pedra exposta no Museu em Londres
O Egito não é só a morte dos deuses, dos astronautas, construtores de pirâmides. E nem o faraó é uma instituição
política que permanece durante os mil anos inalterado. Estes usavam essa denominação na busca de dar sentido
ao poder, oferecer coesão às populações do entorno egípcio. Na verdade, se honra e se reproduz poderes
3. Momentos Arqueológicos
Os momentos arqueológicos, durante as disputas arqueológicas do século XVIII e XIX, deixam o Egito no auge. As
estórias contadas são muitas; o fascínio era enorme. Dessa época surgiram alguns questionamentos e perguntas:
O que seriam as imagens, as pirâmides? Como eram enterrados os faraós? Por que a mumificação?
E as maldições?
Bem, os museus europeus foram inundados de arte egípcia, aliás, hoje encontramos mais referências na Europa
do que no próprio Egito. Entretanto, muitas questões ainda não tinham ficado claras até uma das mais
emblemáticas expedições conseguirem um feito inédito: encontrar uma tumba praticamente intacta.
Tutancamom
Um primeiro grupo consegue entrar no túmulo, há uma porta que se abre no chão e é encontrada uma escada. A
Câmara do túmulo tem as maldições de um lado e do outro da porta, surpreendentemente intacta. Há apenas um
buraco na lateral da entrada da tumba e chegam à conclusão que após uma tentativa de rompê-la, essa tumba foi
abandonada. Eles descobrem, por esse panorama, a tumba do faraó menino, Tutancamon.
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Vale pensar que ele não foi um dos faraós mais famosos do Novo Império, nem tampouco forte e, talvez por isso
a arqueologia tenha encontrado sua câmara intacta. Ele governou por pouco temo, morreu muito jovem e é
considerado o filho de um herético, de alguém que rompe com o deus Amon e tenta estabelecer no Egito outra
religião.
Mitos
Enfim, Tutancamom não foi um faraó que teve a maior ou melhor tumba estabelecida. Mas é, justamente em
torno dele que surge a real possibilidade de entender como funcionava o funeral como um todo. Foi identificado
uma múmia intacta e todo o conjunto do sarcófago. O interessante é como ganhou uma fama sem precedentes no
A "maldição" começa a funcionar, os arqueólogos e aventureiros que acharam o túmulo morrem de maneira
misteriosa.
Temos explicações atuais diferentes e que não eram preocupações no século passado: espaços que permanecem
fechados durante muito tempo, como no caso, estão repletos de fungos e bactérias que o organismo não é capaz
de suportar. Assim, é a literatura fantástica dos princípios do século XX que transforma a múmia e suas
Tumbas egípcias
Nas tumbas egípcias existem os mitos das maldições, com o objetivo de evitar as violações e saques, que já
sobre o porquê de saquear o túmulo, se ele sabia que o faraó era sagrado dentre os homens, respondeu que se o
faraó fosse um deus, ele teria forças para impedir o roubo, caso não quisesse.
4. Linha do Tempo
Como estudiosos, temos que entender o Egito. Depois da questão linguística, entender como os Egípcios se
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Figura 5 - Livros
No Egito não há uma cronologia fixa, não há uma linha de tempo. A contagem do tempo no Egito aparece em
torno do governo, das dinastias. A princípio, seria simples. Bastaria colocar as listas de reis uma ao lado da outra
e, como existem muitas, isso não é possível para fechar uma contagem cronológica. O problema é que as listas
não coincidem uma com as outras e, além disso, o Egito tem uma prática bastante comum de divisão do trono, a
corregência.
Figura 6 - Pirâmides
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Figura 6 - Pirâmides
Os estudiosos fizeram várias propostas para tentar cruzar os dados. Uma das propostas dentre as utilizadas foi
cruzar com outras cronologias de tábuas de reis de outras regiões. A cronologia que adotamos hoje é
proveniente do cruzamento dos estudos de Carbono 14, referências astronômicas, documentais, para chegar a
Cronologia Egípcia:
OBS.: Todas as datações são aproximadas e oferecem questionamentos. Nas listas dos reis, por exemplo, não
aparecem os períodos intermediários. Alguns faraós aparecem com governos indistintos durante longo período.
iconográfica de Menés nos hieróglifos é justamente de um escorpião, daí a figura do Escorpião Rei. Sua figura é
mítica, pois consegue unificar os nomos egípcios, em especial os do alto Nilo, região das corredeiras, e do baixo
Imaginando esse posicionamento, entende-se que há um primeiro processo dinástico sendo estabelecido. Esse
processo não acaba com a força dos antigos clãs e nem com a força das antigas cidades. Quem é esta figura, este
monarca que unifica o Egito? Não, não falamos de Menés, mas do Faraó. É um rei, é uma força, é um símbolo de
domínio.
Devemos, em especial no Antigo Império ou reino antigo, encarar o faraó como uma representação do poder, a
representação de uma aliança. O Faraó representa a unificação das duas coroas do Egito. Avance a tela e veja
O Faraó vai ser o equilíbrio entre essas forças, a fórmula buscada para o melhor desenvolvimento do conjunto,
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Seu papel tem uma representação de caráter religioso e, também, um cero poder político, não no sentido de um
O governo faraônico é uma teocracia e o faraó do Antigo Império, normalmente, é visto como um chefe
administrativo. Seria aquele que representa a união e, ao mesmo tempo, sua função máxima é dar um sentido a
essa união.
Saiba mais
Teocracia: Forma política na qual o governante é considerado um deus vivo, característica de
sociedades politeístas.
Faraó, como administrador, controla uma série de terras comuns e, nessas terras, trabalhavam tanto a população
Mais do que isso, havia a responsabilidade das grandes construções e quem ficava à frente desses trabalhos era o
vizir, construtor e auxiliar direto do monarca. As grandes construções não são só as pirâmides, são também a
Se Menés representa a figura do unificador, é no governo de Djoser que o Egito ganha definitivamente sua
estrutura faraónica. Djoser, significa "o iluminado"; "o vitorioso;" A sua dinastia foi considerada a primeira
grande dinastia do Egito faraônico. O seu braço de ação é o seu vizir e construtor Imhotep.
Sobre essa relação entre os dois, muitos defendem um anacronismo para melhor compreensão: é de um monarca
ou presidente e seu primeiro-ministro. Um seria aquele que representa o poder, ainda que tenha uma ação
política e o outro, aquele que operacionaliza as negociações políticas e dá ação aos projetos. Devemos fugir dos
anacronismos, mas é só para um melhor entendimento. O que temos clareza é da formação de uma hierarquia
administrativa e que essa hierarquia não se passa apenas na relação do Faraó e do vizir, mas vai perpassar
Vamos entender um pouco mais que alguns estudiosos tem a comentar sobre o assunto.
Nesse sentido, é importante buscarmos a explicação de Ciro Flamarion Cardoso sobre a organização econômica
egípcias.
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Designar um tipo de sociedade em que uma "comunidade superior", mais ou menos confundida com
o Estado e que encarna num governo "divino", explora mediante tributos e trabalhos forçados as
permitida pela união do artesanato e da agricultura. Nas discussões do século XX, preferiu-se
substituir o inadequado adjetivo asiático - posto que as sociedades desse tipo não são somente na
O faraó representa o poder, pois precisa afirmá-lo. Por isso, o monumento tem um papel importante, que é
marcar sua existência para a posteridade. As grandes construções, como as propostas por Djoser na construção
A ideia é construir todo um complexo, não só com a função de enterramento, de morte, mas de um complexo que
E aí vem o outro elemento interessante do Antigo Império, quando uma família rompe e ascende ao poder
assumindo a coroa de um faraó (e as trocas familiares são uma constante), o novo faraó busca marcar seu poder,
fortalecer seu grupo de apoio, muitas vezes advindo de uma cidade diferente.
Com isso, leva a capital do Egito para um outro centro e lá busca construir uma grande obra para marcar sua
importância. Foi dessa forma que tivemos, ao longo do Antigo Império, uma série de construções de pirâmides,
6. Encerramento
Esta aula traz conteúdos de suma importância, não apenas para a compreensão do Egito Antigo, mas também
para entender a cobiça que outros povos tinham em relação à região. Embora tenha se erguido em um ambiente
muito inóspito, ou seja, próximo ao deserto, esse povo conseguiu utilizar com sapiência o recurso natural de que
dispunha, a regularidade das cheias do Nilo. Além disso, desenvolveu uma forma intermediária de trabalho, a
servidão coletiva que era também compulsório aos seus destinatários, mas não se comparava ao regime
escravista.
Enfatizamos, dessa forma, a aceleração do processo de desigualdade social a partir das formações estatais,
acrescentando a ela um componente novo, a imobilidade social. E ainda, a questão da escravidão como fruto
Servidão coletiva
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Forma de trabalho na qual o indivíduo é recrutado sem consentimento voluntário e do qual não pode se retirar
assim que desejar, sem ficar sujeito à possibilidade de punição. O que a distingue da escravidão, também
Neste espaço, não podemos deixar de questionar quais elementos eram detentores de privilégios, de regalias
nesse grupo, uma vez que todos os aspectos que temos relacionados falam na construção de elites locais e no
Há duas características básicas dessa sociedade, ou seja, ausência de mobilidade social e hereditariedade das
funções. Esse é um ponto interessante, pois enfatiza o aceleramento da concentração de rendas ocorrido após a
formação estatal e levanta a questão de como um Estado, através de uma grande estrutura coercitiva, conseguiu
Um aspecto muito relevante a ser destacado nessa aula é a questão do entendimento da escravidão para os
povos antigos. Provavelmente, o professor de História Antiga Ocidental já deve ter pontuado, mas não custa
relembrar que não existiu na Antiguidade a ideia de superioridade de um povo baseada em critérios raciais. Não
era esse fator que determinava a sujeição de um grupo por outro. Os gregos e romanos até desmereciam outros
povos, mas seu critério era cultural, ou seja, aquele que não falava o grego ou o latim era o barbaroi - bárbaro,
Podes-se concluir então que o Período Intermediário é uma grande continuação das discussões que
empreendemos até então, uma vez que notamos o quão difícil era a manutenção do poder real. É justamente
nesse período que as disputas pelo poder, pelo domínio do sistema chegam a tal falta de consenso que a coroa é
separada.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• compreender que a visão de que o Egito é um dádiva do Nilo é simplória;
• aprender que a unificação das coroas do Egito criaram uma nova prática governamental;
• analisar a cronologia clássica Egípcia.
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