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Tempo cronológico e tempo histórico

As diferenças entre tempo cronológico e tempo


histórico são fundamentais para se compreender bem a
disciplina de História.

O tempo cronológico é diferente do tempo histórico,


mas ambos se complementam

● Observação dos fenômenos naturais e contagem do


tempo

O tempo é uma questão fundamental para a nossa ex-


istência. Inicialmente, os primeiros homens a habitar
a terra determinaram a contagem desse item por meio
da constante observação dos fenômenos naturais. Dessa
forma, as primeiras referências de contagem do tempo
estipulavam que o dia e a noite, as fases da lua, a
posição de outros astros, a variação das marés ou o
crescimento das colheitas pudessem metrificar “o
quanto de tempo” se passou. Na verdade, os critérios
para essa operação são diversos.

● Consciência da finitude

Não sendo apenas baseada em uma percepção da reali-


dade material, a forma com a qual o homem conta o
tempo também pode ser visivelmente influenciada pela
maneira com que a vida é compreendida. Em algumas
civilizações, a ideia de que houve um início em que o
mundo e o tempo se conceberam juntamente vem seguida
pela terrível expectativa de que, algum dia, esses
dois itens alcancem seu fim. Já outros povos entendem
que o início e o fim dos tempos se repetem por meio
de uma compreensão cíclica da existência.
● Definição de tempo histórico

Apesar de ser um referencial de suma importância para


que o homem se situe, a contagem do tempo não é o
principal foco de interesse da História. Em outras
palavras, isso quer dizer que os historiadores não
têm interesse pelo tempo cronológico, contado nos
calendários, pois sua passagem não determina as mu-
danças e acontecimentos (os tais fatos históricos)
que tanto chamam a atenção desse tipo de estudioso.
Dessa maneira, se esse não é o tipo de tempo trabal-
hado pela História, que tempo tal ciência utiliza?

O tempo empregado pelos historiadores é o chamado


“tempo histórico”, que possui uma importante difer-
ença do tempo cronológico. Enquanto os calendários
trabalham com constantes e medidas exatas e propor-
cionais de tempo, a organização feita pela ciência
histórica leva em consideração os eventos de curta e
longa duração. Dessa forma, o historiador se utiliza
das formas de se organizar a sociedade para dizer que
um determinado tempo se diferencia do outro.

Seguindo essa lógica de pensamento, o tempo histórico


pode considerar que a Idade Média dure praticamente
um milênio, enquanto a Idade Moderna se estenda por
apenas quatro séculos. O referencial empregado pelo
historiador trabalha com as modificações que as so-
ciedades promovem na sua organização, no desenvolvi-
mento das relações políticas, no comportamento das
práticas econômicas e em outras ações e gestos que
marcam a história de um povo.

Além disso, o historiador pode ainda admitir que a


passagem de certo período histórico para outro ainda
seja marcado por permanências que apontam certos
hábitos do passado, no presente de uma sociedade. Com
isso, podemos ver que a História não admite uma com-
preensão rígida do tempo, em que a Idade Moderna, por
exemplo, seja radicalmente diferente da Idade Média.
Nessa ciência, as mudanças nunca conseguem varrer
definitivamente as marcas oferecidas pelo passado.

● Importância das duas formas de tempo

Mesmo parecendo que tempo histórico e tempo


cronológico sejam cercados por várias diferenças, o
historiador utiliza a cronologia do tempo para orga-
nizar as narrativas que constrói. Ao mesmo tempo, se
o tempo cronológico pode ser organizado por referen-
ciais variados, o tempo histórico também pode variar
de acordo com a sociedade e os critérios que sejam
relevantes para o estudioso do passado. Sendo assim,
ambos têm grande importância para que o homem orga-
nize sua existência.

Fontes históricas

Fontes históricas são documentos ou vestígios materiais


ou imateriais produzidos pelos seres humanos ao longo do
tempo e indispensáveis para o historiador estudar o pas-
sado.

As fontes históricas são registros do passado e utilizadas


pelos historiadores para compreendê-lo.
Fontes históricas são documentos produzidos pelos seres
humanos ao longo do tempo e indispensáveis para o trabalho
do historiador no estudo sobre o passado. São objetos, es-
critos, imagens, sons que fornecem informações relativas a
algum período da história. A forma de se analisar essas
fontes se modificou ao longo do tempo, principalmente no
começo do século XX, quando as fontes passaram a não se
restringirem apenas ao documento oficial escrito.
Seus tipos são:

● documentos textuais
● vestígios arqueológicos
● representações pictóricas
● registros orais

Resumo sobre fontes históricas

● Fontes históricas são documentos ou vestígios feitos


por seres humanos ao longo do tempo e indispensáveis
para o historiador estudar o passado.
● Ao longo do tempo, a forma como o historiador anal-
isou essas fontes mudou, principalmente no século
XX, quando outros tipos de fontes, além da escrita,
foram inseridos nos estudos históricos.
● Os tipos de fontes são: documentos textuais, vestí-
gios arqueológicos, representações pictóricas e reg-
istros orais.
● Alguns exemplos de fontes: texto escrito, vídeos,
fotos, áudios, resquícios de objetos históricos,
quadros.

O que são fontes históricas?

As fontes históricas são matérias-primas para o trabalho


do historiador. Elas consistem em tudo aquilo que foi
feito pelos seres humanos ao longo do tempo, e o seu
acesso possibilita a compreensão sobre o passado. De
acordo com o professor José d’Assunção Barros:
“As fontes históricas são as marcas da história. Quando um
indivíduo escreve um texto, ou retorce um galho de árvore
de modo que esse sirva de sinalização aos caminhantes em
certa trilha; quando um povo constrói seus instrumentos e
utensílios, mas também nos momentos em que modifica a pais-
agem e o meio ambiente à sua volta — em todos estes momen-
tos, e em muitos outros, os homens e mulheres deixam vestí-
gios, resíduos ou registros de suas ações no mundo social e
natural.”

Essa reflexão nos permite compreender a amplitude dessas


fontes. As marcas da história foram feitas por pessoas
ilustres, que tiveram destaques no cenário nacional, mas
também por indivíduos que viveram o cotidiano de forma
“anônima”, mas registraram sua presença em um lugar e em
um tempo. Essa ampliação dos tipos e dos acessos às fontes
começou no século passado. Até o século XIX, o uso das
fontes era restrito aos documentos oficiais e escritos.
Durante muito tempo, o historiador interessado no estudo
sobre o passado recorria aos museus nacionais em busca de
documentos escritos e produzidos por agentes do Estado ou
grandes figuras heroicas de uma nação. A escrita se sobre-
punha aos outros tipos de fontes. Registros de viagens,
crônicas, ofícios se tornaram objetos de estudos dos his-
toriadores para produzirem uma análise sobre o passado
baseada na ciência e no rigor da pesquisa. O cientifi-
cismo, tão característico em meados do século XIX, co-
laborou nessa busca por uma ciência histórica que estu-
dasse o passado com base em provas seguras.
Essa visão rigorosa das fontes mudou a partir da década de
1920, quando historiadores franceses fundaram a Escola dos
Annales, que tinha como objetivo renovar o estudo sobre o
passado, não mais limitado aos documentos escritos, mas
sim considerando outros tipos de produções de tempos anti-
gos que poderiam colaborar na compreensão da história.
As imagens, os sons, os registros de indivíduos comuns
ganharam destaque e se tornaram fontes de estudos e
pesquisas históricas. A mudança nos estudos históricos e a
ampliação daquilo que é fonte histórica permitiram mais
possibilidades de se conhecer o passado por meio de ângu-
los de visão desprezados pelos historiadores do século
XIX. Isso não significou o abandono do rigor científico,
mas sim a proposição de novas metodologias de pesquisa.
As tecnologias foram úteis para o historiador conservar e
acessar os documentos históricos. A internet permitiu a
pesquisa a arquivos e a descoberta de documentos até então
inacessíveis ou inéditos. O compartilhamento de infor-
mações entre historiadores possibilitou melhor diálogo e
maiores reflexões sobre as fontes históricas e as
metodologias de pesquisa, além de uma compreensão do pas-
sado conectada com os problemas do presente, não mais
sendo algo massificado, sem vida.
Ao analisar uma fonte histórica, o historiador questiona a
sua originalidade, a sua veracidade. Verifica-se a data em
que determinado documento foi produzido, quais eram as in-
tenções de quem o produziu, quais informações sobre o pas-
sado são possíveis de extrair de determinado objeto ou
vestígio. Dependendo do tempo histórico, as fontes são es-
cassas ou as que existem se encontram danificadas. Cabe ao
historiador fazer a metodologia de pesquisa, ou seja,
quais passos seguir para melhor analisar a fonte e com-
preender o período histórico no qual ela foi produzida.
Tipos de fontes históricas

A Escola dos Annales ampliou os tipos de fontes históricas


não mais restritas ao que foi escrito. O áudio, a imagem,
os vestígios se tornaram objeto de pesquisa para o histo-
riador. Os principais tipos são:

● Documentos textuais: cartas, crônicas, ofícios,


diários, relatos.
● Vestígios arqueológicos: objetos de cerâmica, con-
struções, estátuas.
● Representações pictóricas: quadros, pinturas, fotos,
afrescos.
● Registros orais: testemunhos pessoais transmitidos
oralmente.

Exemplos de fontes históricas

Uma fonte que tem sido muito utilizada por historiadores


são documentos pessoais, isto é, cartas, diários e outros
registros que não vieram a público, mas guardam infor-
mações sobre o passado. O diário escrito por Anne Frank
possibilitou conhecer as experiências de uma menina judia
que viveu escondida da perseguição nazista com sua família
em um sobrado em Amsterdã, Holanda.
Durante a década de 1970, vários políticos brasileiros
publicaram suas memórias ou autobiografias para registrar
as suas visões sobre acontecimentos do passado. Além
disso, os familiares desses políticos doaram seus acervos
para arquivos e outras instituições, como o CPDOC da Fun-
dação Getúlio Vargas, que não apenas cuidaram da sua
preservação, como também permitiram o acesso e a pesquisa
com base na documentação produzida.
Apesar de não serem escritas com tanta frequência nos dias
de hoje, as cartas nos ajudam a compreender o passado por
meio do registro da intimidade, da troca de correspondên-
cia entre pessoas, públicas ou não. Nelas, o autor da
carta reserva um tempo do seu dia para escrever para outra
pessoa e aguarda a sua resposta. Essas cartas revelam
diálogos, contrariedades, alegrias de quem as escreve, e
podem ajudar na compreensão de um contexto individual ou
mesmo coletivo.

procurar reconstruí-lo e interpretá-lo da melhor


forma possível. O trabalho dele é realizado a partir
da utilização de métodos que o auxiliam a interpretar
todos os vestígios do passado que chegaram até nós no
tempo presente.
As fontes históricas são essenciais para o histori-
ador realizar o seu trabalho.
Esse trabalho do historiador nos ajuda a entender um
pouco da nossa realidade e só é possível a partir
desses vestígios, que são chamados de fontes históri-
cas, também conhecidas como documentos históricos.

As fontes históricas são então os itens materiais e


imateriais ou mesmo vestígios desses itens (uma vez
que muita coisa do passado sobreviveu ao tempo apenas
de maneira parcial) que remetem a um certo passado
humano. É por meio delas que os historiadores recon-
stituem e interpretam os acontecimentos do passado.
Isso porque, de acordo com o historiador Marc Bloch,
tudo que o homem produziu, material ou imaterial,
pode fornecer informações sobre ele|1|.
A utilização das fontes históricas, no entanto, re-
quer o uso de método pelo historiador. Ele precisa
saber consultar a fonte histórica e daí vem a im-
portância de um método. Marc Bloch afirma que, mesmo
os documentos mais claros não falam por si mesmos,
sendo necessário que o historiador faça as perguntas
corretas|1|.

possibilidades de fontes históricas. Claro que isso


vai depender do objeto escolhido pelo historiador em
sua investigação. Até o século XIX, no entanto, a
única fonte histórica considerada pelos historiadores
era o documento escrito, sobretudo o de caráter ofi-
cial, isto é, produzido por outros historiadores ou
por autoridades.
Nesse período, os historiadores entendiam a história
como uma área do conhecimento responsável apenas pela
história dos grandes eventos, dos grandes governos e
dos grandes homens. Essa visão limitada da história
foi radicalmente modificada a partir do século XX,
quando o historiador ampliou suas fontes históricas e
os seus objetos de investigação aumentaram.

Por essa razão, o historiador José D’Assunção Barros


fala que atualmente os historiadores praticamente não
possuem limites “quanto à possibilidade de transfor-
mar qualquer coisa em fonte histórica”|2|. Assim,
podemos dizer que, além dos documentos escritos, o
historiador pode se utilizar de pinturas, esculturas,
fotos, vídeos, canções, ruínas, roupas, etc.
Além dessa expansão nas fontes materiais, o imaterial
também se tornou fonte histórica, e a utilização dos
documentos escritos se ampliou. Agora não somente os
documentos oficiais são usados na investigação
histórica, mas também cartas pessoais, relatos de vi-
agens, poemas, livros literários, diários, etc.

O historiador também pode explorar outras áreas do


conhecimento e utilizá-las na sua investigação
histórica. Assim, a geografia, a arqueologia, a soci-
ologia, a antropologia, a psicologia e outras áreas
do conhecimento podem e devem ser utilizadas pelo
historiador. Marc Bloch ressalta a importância disso
ao afirmar que o historiador precisa ter competência
com outras técnicas porque o seu ofício exigirá esse
conhecimento|3|.

Fontes voluntárias e involuntárias

As fontes históricas podem ser divididas em difer-


entes categorias que nos ajudam a tipificá-las e en-
tendê-las. Uma delas, de acordo com Marc Bloch, de-
fine as fontes como voluntárias e involuntárias|4|.

A voluntária é aquela que foi produzida com a in-


tenção deliberada de registrar algo para a posteri-
dade, isto é, determinado acontecimento histórico. Um
exemplo de fonte voluntária é o registro de Tucídides
sobre a Guerra do Peloponeso, justamente porque ele
registrou esse acontecimento pensando na posteridade.

A partir do século XX, outros vestígios, como as ruí-


nas, tornaram-se importantes fontes históricas.
A fonte histórica involuntária é aquela que tem im-
portância no trabalho do investigador, mas é um
vestígio que não foi produzido pensando-se na pos-
teridade. Sendo assim, as múmias e os rituais fu-
nerários dos egípcios são uma fonte histórica porque
nos ajudam a entender a cultura do Egito Antigo, no
entanto a mumificação não era realizada como forma de
registro para a posteridade, mas, sim, porque tinha
um valor importante dentro da religiosidade dos egíp-
cios. Portanto, como ela não foi pensada para a pos-
teridade, é considerada uma fonte involuntária.

De toda forma, as fontes históricas involuntárias


possuem um valor muito grande para o historiador,
justamente porque trazem detalhes muito importantes e
significativos para o trabalho de investigação
histórica.

Quais são os tipos de fontes históricas?

Vimos que o historiador Marc Bloch classifica as


fontes históricas em voluntárias e involuntárias,
sendo essa uma definição usada por ele para se pensar
a importância das fontes para o historiador. Existem,
no entanto, outras formas de categorizar e tipificar
as fontes.

As fontes escritas são importantes ferramentas para a


reconstrução do passado pelo historiador.[1]
José D’Assunção Barros organiza as fontes históricas
em quatro tipos, que são:

● documentos textuais;
● vestígios arqueológicos e fontes da cultura
material;
● representações pictóricas; e
● registros orais.
Veremos abaixo o que pode ser incluído em cada um
desses tipos de fontes históricas.

1. Documentos textuais: documentos governamen-


tais, relatos de viagem, diários, cartas pes-
soais e governamentais, crônicas, poemas,
livros literários, jornais, documentos de
justiça, panfletos, cartilhas, revistas, etc.
2. Vestígios arqueológicos e fontes da cultura
material: itens resgatados pela arqueologia,
como ruínas de construções, ruas, túmulos,
roupas, armas, cerâmica, etc. Além disso, ob-
jetos de tempos mais recentes, como roupas,
copos, móveis, itens pessoais, etc., também
são considerados fontes da cultura material.
3. Representações pictóricas: pinturas rupestres,
afrescos, quadros, fotos, ilustrações, ani-
mações, etc.
4. Registros orais: testemunhos de pessoas que
viveram determinados acontecimentos, mitos de
origem, lendas, etc.
Outra categoria utilizada pelos historiadores para se
pensar as fontes históricas é a que as divide em
fontes históricas diretas e indiretas. Nesse caso, as
fontes históricas diretas são aquelas que foram pro-
duzidas pelos agentes que viveram os acontecimentos
históricos em questão. As fontes históricas indiretas
são aquelas produzidas por algum historiador ou estu-
dioso baseado no estudo de uma fonte direta.

Portanto, quando analisamos o relato de Tucídides a


respeito da peste de Atenas, doença que atingiu essa
cidade grega no século IV a.C., por exemplo, estamos
utilizando uma fonte histórica direta, porque Tucí-
dides vivia em Atenas no período dessa epidemia,
tendo, inclusive, contraído a doença. Agora quando
estivermos estudando o assunto por meio do estudo
promovido por um historiador moderno, aí estaremos em
posse de uma fonte histórica indireta.

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