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Resenha do texto “A Arte dos povos sem História” da autora Sally Price.
O texto ‘“A arte dos povos sem história”, da autora Sally Price1, trata-se de uma
versão revista e traduzida de uma dissertação de Mestrado em História da UFBa, no
ano de 1994. Para discutir a utilidade das categorias entendidas como primitivas, a
pesquisadora utiliza duas fontes: os manuais ocidentais da História da Arte e um
conjunto de ideias não-ocidentais acerca da arte e da História segundo os povos
chamados de “primitivos”2.
Nesse mesmo tópico, também são citados outros autores como H. W. Janson,
Bernard Myres e Ernest Gombrich. Gombrich, no primeiro capítulo do livro “A
1
Antropóloga americana nascida em Boston no ano de 1943. Casada com o antropólogo Richard
Price, viraram dois anos em um vilarejo quilombola no Suriname. As pesquisas do casal contribuíram
enormemente para o campo de estudos afro-americano na área da antropologia.
2
A palavra “primitivo” está sendo usada entre parênteses para citar como os autores europeus a
utilizava. Assim como nós, estudantes de Arte Africana, a autora condena o uso da palavra.
3
Nascida em 1878, Helen Gardner foi historiadora e educadora, seu livro Art Through the Ages
continua sendo um texto padrão para as aulas de história da arte.
História da Arte”, quando cita outras classes de arte, utiliza dos adjetivos “estranho,
raro, contra-natural, absurdo, curioso, irracional”. Além disso, a autora Sally Price
diz que a questão da cronologia e a visão do primitivismo vão além dos livros e que
até mesmo os museus são organizados em tempo linear. A problemática é esta
tentativa falha de encaixar feitos de arte em uma cronologia que não foi pensada
para eles. A pesquisadora, então, resume que o fato de povos não ocidentais
ocuparem um espaço nas histórias da arte ocidental se trata apenas de uma
espécie de imperialismo cultural.
Além disso, para diminuir o valor da arte não ocidental, os autores europeus
também citam o fato de não ter assinatura e reconhecimento do indivíduo artista.
Em sua dissertação, Sally prova que existe um outro nível de diferenciação
estilística, onde cada região e aldeia criou sua própria marca registrada, se tornando
tão facilmente distinguida quanto a de um artista do Renascimento.
Os autores afirmam que a função ritual domina as artes não ocidentais e, por isso,
existe a ausência do divertido. Para contrapor essa ideia, a autora diz que, em uma
de suas conversas no quilombo que esteve, os artistas esculpiam objetos como
máquinas pelo prazer e diversão de esculpir.
Conclusões individuais do texto:
Beatriz Ellen
Após ler e estudar o texto “Arte dos povos sem História” da autora Sally Price,
concluo que a palavra “primitivo”, que carrega forte estigma, é usada para rebaixar
um objeto artístico em detrimento de um outro. Normalmente, não de maneira
ingênua, o objeto que é desqualificado é uma peça não branca, e, o objeto
glorificado, é europeu. A autora levanta didaticamente cada questão abordada pelos
autores dos manuais europeus de História da Arte sobre arte Africana, de modo
simplificado, argumenta com profundidade utilizando de suas fontes. Concluo,
também, que o estudo da arte não Ocidental carece de um olhar cuidadoso, de uma
fala melhor embasada e sem preconceitos herdados de historiadores passados,
para assim montar uma historiografia que contemple o máximo de questões
artísticas, filosóficas, sociais, que a arte não Ocidental, possa vir a ter.
Bernardo Novo