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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS –UFAL

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO –PROGRAD


PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA-PIBID
TÍTULO: “PIBID UFAL: formação de professores e construção de saberes na
contemporaneidade”
Núcleo: Escola Estadual Dom Otávio Barbosa Aguiar
Supervisor: Prof. M. Sc. Hudson Oliveira Fontes Aragão

PROPOSTA PARA ARTIGO

Nome do(a) aluno(a): Laura Letícia e Lylian Oliveira.

Título: Carolina Maria de Jesus em Quarto do Despejo: a narrativa periférica e o modo como seu
discurso impacta estudantes do EJA.

Tema: O tema gira em torno da produção literária da autora periférica Carolina Maria de Jesus o
modo como suas construções dialogam com alunos da periferia, sobretudo do EJA.

Delimitação: O recorte que trabalharemos é a periferia alagoana, examinando obras de Carolina


Maria de Jesus e as questões envolvendo raça, gênero e a vivência na favela.

Objetivo geral: O modo como a literatura de Carolina Maria de Jesus impacta os alunos do EJA em
sala de aula.

Objetivos específicos: falar sobre como um recorte social pode ser positivo na identificação e no
processo de se entender dentro da literatura.
Justificativa: A relevância social abrange não somente os recortes sociais, como também como tal
obra contribue para o incentivo de indivíduos que se identificam com a literatura de Carolina Maria
de Jesus

Bibliografia básica sugerida:


JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despejo: diário de uma favelada. São Paulo: Ática, 2019.
:
AMARAL, Aracy. O modernismo brasileiro e o contexto cultural dos anos 20. Revista USP. São
Paulo, n. 94, p. 9-18, jun./jul./ago. 2012. Disponível em:
https://www.revistas.usp.br/revusp/article/view/45021/48633. Acesso em: 26 set. 2021.

MANTINS, Eliane Donizeti. A literatura periférica como impulsionadora de mudanças nos bairros
periféricos. Curitiba, 2015. 20 fls. Monografia. (Especialização em Ensino de Língua Portuguesa e
Literatura) – Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Curitiba, 2015.

MARINHO, Márcio Vidal. COOPERIFA E A LITERATURA PERIFÉRICA : poetas da periferia e a


tradição literária brasileira. 2015. xx f. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, São Paulo, 2015

OLIVEIRA, Cleber José de. Literatura modernista e literatura periférica: engajamentos intelectuais
de representação e autorrepresentação. ArReDia, Dourados, v. 6, n. 10, p. 43 - 57, jun. 2017. ISSN
2316-6169. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/arredia/article/view/6121. Acesso em:
26 set. 2021.

https://revistatrip.uol.com.br/tpm/a-literatura-de-mulheres-perifericas

Carolina Maria de Jesus, a escrita de si

DAMMATA, Roberto. Carolina, Carolina, Carolina de Jesus. São Paulo: Jornal da Tarde, 11 de
novembro de 1996.

FELINTO, Mariliene. Clichês nascidos na favela. In: Caderno Mais. Folha de São Paulo. São Paulo:
29 de setembro de 1996. Arquivos Folha de São Paulo.
PERPÉTUA, Elzira Divina. Traços de Carolina Maria de Jesus: gênese, tradução e
recepção de ‘Quarto de despejo’. Belo Horizonte: Fale/UFMG, 2000. 336p. Tese.

SOUSA, Germana Henriques Pereira de. Carolina Maria de Jesus: o estranho diário da
escritora vira-lata. Brasília: Instituto de Letras. Departamento de Teoria Literária e
Literaturas/UnB, 2004. P. 262. Tese.

XAVIER, Elódia. Quarto de despejo: literatura de testemunho?In: ANAIS do VIII


Congresso Internacional da ABRALIC. Belo Horizonte, 2002.

O modernismo na Literatura brasileira para além da Semana de Arte


Moderna de 1922
RESUMO

Nesse artigo, trataremos da narrativa periférica presente em Quarto de Despejo, diário de uma
favelada, autobiográfico, publicado no ano de 1960, o qual aborda a vivência da autora periférica
Carolina Maria de Jesus em sua trajetória como catadora de papel, mãe e moradora da favela. A
partir disso, buscaremos entender de que modo seu discurso impacta os estudantes do EJA,
baseando-nos na obra supracitada, além de textos de outros autores sobre a vida e obra dessa mulher
que revolucionou a literatura da periferia. O estudo encontra auxílio no modernismo que se originou
na Semana de Arte Moderna de 1922, a qual foi uma manifestação artístico-cultural cujo objetivo era
explorar a brasilidade e consolidar a identidade nacional, na re(existência) presente na produção
literária marginal e em como Carolina Maria de Jesus foi importante no processo de consolidação da
literatura periférica. As análises percorrem a escrita da autora, sua vivência enquanto mulher preta,
suburbana e mãe solo, e o modo como esse discurso pode vir a impactar estudantes que, como ela,
vivenciam a realidade da favela. Concluímos então que indivíduos com trajetórias semelhantes
podem impulsionar e engajar novas gerações que buscam, assim como Carolina, dar voz aqueles que
vivem às margens da sociedade brasileira.

PALAVRAS CHAVE: Autora; favela; discurso; literatura, re(existência).


1. INTRODUÇÃO
Para pensar a literatura periférica no Brasil, é preciso retomar as produções literárias que serviram
como base para essa vertente da literatura., o que será feito neste trablaho, retomando as bases do
movimento modernista, discorrendo sobre a semana de arte moderna e em seguida vinculando a
semana de arte moderna, para enfim pensar a literatura periférica e o impacto que teve a autora preta
Carolina Maria de Jesus.
O modernismo brasileiro foi um movimento literário caracterizado pela busca da construção
identitária brasileira, sendo, portanto, guiado por um viés nacionalista no qual diversos autores e
artistas tiveram uma participação crucial, desse modo, nesse artigo nos ateremos às produções
literárias dessa escola e o contexto no qual foram produzidas. Pensando no modernismo como
corrente literária que foi se consolidando a passos pequenos, vale citar que inicialmente o movimento
começou quando os artistas passaram a ter contato com as novas produções literárias europeias, o
que se consolidou como um processo chamado por Oswald de Andrade de ' Antropofagia
primitivista ' o qual se deu como consequência de uma importação artística da Europa para o Brasil,
fazendo com que o modernismo passasse a ter uma cara europeia devido a falta de identidade
própria, culturalmente falando, reafirmando uma dependência cultural brasileira em relação à
europa.

Todavia, é apenas com o “Manifesto Antropófago” de 1928,


que Oswald vai descobrir a possibilidade de pensar as diferenças
da cultura brasileira como um valor em si mesmo, não mais a
ser avalizado pelo europeu como produto de exportação. “Só
a antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filo-
soficamente” (ANDRADE, Oswald de, 1995, p. 47), s

Segundo o dramaturgo Oswald de Andrade a antropofagia consistia uma redefinição da cultura


brasileira em detrimento da cultura europeia em busca de uma formação identitária cunhada no
primitivismo tal qual Abaporu, o Antropofago da artista Tarsila do Amaral, foi dessa forma que teve
início o que seria denominado como ápice do movimento modernista: a semana de arte moderna.

A semana de arte moderna de 1922 foi uma revolução artística - cultural que durou do dia onze de
fevereiro ao dia dezoito. Contou com artistas e escritores como Tarsila do Amaral, Clarice
Lispector, Graciliano Ramos, Mário de Andrade, Cecília Meirelles, entre outros. O movimento
mudou a forma de ver a arte da elite brasileira, a qual se baseava no academicismo europeu, e dessa
forma, incentivou a liberdade de expressão, a valorização da identidade cultural do Brasil, e
propostas inovadoras para o mundo da arte.

Posteriormente, viria a literatura periférica, a qual teve como pioneira a escritora preta Carolina
Maria de Jesus, com sua obra Quarto de Despejo, diário de uma favelada. O presente trabalho tem
como objetivo pensar as produções literárias da autora periférica supracitada e desse modo,
compreender o impacto do discurso cunhado por ela em turmas de EJA.
2. O MODERNISMO E A SEMANA DE ARTE DE 1922
Como citado anteriormente, o modernismo no Brasil se deu muito antes da semana de arte
moderna de 1922, dando indícios da sua existência meio século antes do acontecimento
desse evento considerado o propulsor do modernismo no Brasil.

Para entendermos como ele de fato ocorreu, vamos empreender uma viagem retrospectiva no tempo e no espaço. Meio
século antes de acontecer, em São Paulo, a famosa Semana de Arte Moderna, já existia no Brasil um movimento literário
que foi denominado pelo crítico e historiador José Veríssimo de “modernismo”. Tobias Barreto, Sílvio Romero, Graça
Aranha, Capistrano de Abreu e Euclides da Cunha destacaram-se como intelectuais que compunham esse grupo,
conhecido como a ‘geração de 1870’. Se conhecemos bem alguns desses nomes, geralmente não associamos as suas
figuras e produção literária ao nosso modernismo. Isso acontece justamente porque acostumamos a pensar o modernismo
como um movimento espaço- temporal definido: São Paulo, 1922. Geralmente não prestamos a devida atenção aos
‘sinais de modernidade’ que já vinham despontando, das mais distintas maneiras, em várias regiões e cidades.
(VELLOSO, 2016, APUD Abramchuki, 2019, p.6)

A construção identitária dos intelectuais da geração de 70 não se dava somente em evocar o


nacionalismo, mas sim buscar as múltiplas definições do que era ' ser brasileiro ' Posteriormente, os
intelectuais que dariam continuidade ao movimento modernista, apresentariam, ainda que de maneira
sutil, uma ligação com essa linha de pensamento, adaptando, como em toda corrente literária, ao seu
contexto político - cultural.

Logo, assim define-se o traço da nacionalidade brasileira, o ser antropófago. Em todos os níveis, nossa cultura teria sido
feita, certamente desde o Descobrimento, do deglutir a cultura alheia “Só me interessa o que é meu. Lei do homem. Lei
do antropofago” ( ANDRADE, Oswald de, 1995, p. 47)

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