Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Proposta N°8674
Situação do APC: Publicado
Disciplina: HISTORIA
Conteúdo: RELAÇÕES CULTURAIS
Cor do conteúdo:
Relato
Chamada para o Relato: Literatura e História: imagens de São Paulo no Estado Novo.
Texto: A elaboração do conto intitulado: "Primeiro de Maio" de Mário de Andrade, publicado postumamente
em 1947, descreve literariamente o contexto sócio-histórico brasileiro do Estado Novo (1937-1945).
Período de implantação da ditadura de Getúlio Vargas. Vargas criou vários órgãos de repressão aos
movimentos tanto de esquerda quanto de direita, que procuravam desestabilizar o seu governo. O escritor
Mário de Andrade foi capaz de elaborar um conto que trata justamente desse período, revelando a situação
da classe trabalhadora na capital paulista, onde se via o crescimento do processo de industrialização e
modernização das principais capitais brasileiras. A partir da personagem "35", o narrador descreve
historicamente a cidade de São Paulo, enfatizando o aspecto simbólico do feriado Primeiro de Maio como
ilusão e alienação à classe trabalhadora. Mário de Andrade pretendia criticar o processo de modernização da
época e revelar um retrato da cidade de São Paulo no período da ditadura de Vargas? De acordo com sua
posição política de defesa do nacionalismo não seria uma contradição do autor?
Sugestão de Leitura
Categoria: Livro
Sobrenome: CANDIDO
Nome: Antonio
Este livro tem como pressuposto a definição conceitual de estrutura e função no estudo da obra literária. O
autor aponta que há no estudo da obra literária "um momento analítico, concentrado na obra como objeto
de conhecimento, e um momento crítico, indagador da validade da obra e de sua função como síntese e
projeção da experiência humana". A literatura é analisada como um sistema integrado composto pela
interação constante entre autor, obra e público.
No livro há um ensaio intitulado "Literatura e Cultura de 1900 a 1945" que focaliza o movimento
literário no Brasil, correlacionado aos acontecimentos históricos. Destaca-se aí A Semana de Arte Moderna,
1922, sendo caracterizada pelo autor como "um cataclisma da nova literatura brasileira. Transmodificou e
promoveu um rompimento com os valores do passado e os seus itinerários, registrou uma vitalidade, se
possível, assim, na inteligência literária do Brasil".
Assim, o autor comenta a inovação literária proposta por Mário de Andrade, que estimulou a criação e
a introdução de temas voltados à cultura nacional e ao homem brasileiro que devia ser reconstituído
literariamente, sem a idealização construída pela literatura européia. Mário de Andrade buscou como fonte
de inspiração temas relacionados à história da cidade de São Paulo, que podem ser visualizados no conjunto
de suas obras.
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/impressaoAPC.php?codRoteiro=8674&PHPSESSID=2017101705300717 1/6
29/01/2024, 15:11 Ambiente Pedagógico Colaborativo
Categoria: Livro
Sobrenome: BERRIEL
Nome: Carlos Eduardo
Título do Livro: Mário de Andrade Hoje
Edição:
Este livro contém vários artigos sobre o conjunto da obra de Mário de Andrade, organizado por Carlos
Eduardo Berriel. O organizador da coletânea escreve um importante texto intitulado A Uiara Enganosa,
sobre Macunaíma, analisando a trajetória de Mário de Andrade para compor o romance folclórico (rapsódia),
principal símbolo do modernismo de 22.
Mário de Andrade busca problematizar a identidade do povo brasileiro, a complexidade da relação cultural
entre comunidades que viviam em estado de natureza (Amazônia), com seus mitos e folclore com aquelas
que viviam na metrópole industrializada.
Isso é revelado quando o herói Macunaíma sai do mato e vai para a cidade. Em São Paulo entra em
contado com a civilização e perde sua identidade cultural. Sua característica rural sofre influências do
mundo urbanizado. Esse antagonismo se estende para o campo social, na relação de exploração entre
burguesia e proletariado, na qual o trabalhador é subordinado a ponto de retirar-lhe o direito ao costume e
a tradição, o que acaba impossibilitando a construção de uma civilização tipicamente brasileira.
Categoria: Livro
Sobrenome: ANDRADE
Nome: Mário
Título do Livro: Contos Novos
Edição:
O livro Contos Novos (1947) foi publicado postumamente, reunindo narrativas da maturidade artística do
autor. Cada conto marca um novo estilo, uma nova linguagem relatada através do fluxo de pensamento (ou
consciência) das personagens.
Os nove contos ali reunidos se contextualizam historicamente em São Paulo, capital e interior. Composto
entre as décadas de 20 a 40 retrata o processo de urbanização e industrialização de São Paulo, época que
coincidiu com a Revolução de 30, o movimento integralista e o começo da ditadura de Getúlio Vargas
(Estado Novo).
Entre o conjunto de contos deste livro analisei o “Primeiro de Maio”, cujo enredo trata do conflito de um
jovem carregador de malas da Estação da Luz, que busca celebrar o dia do trabalho num momento histórico
de grande repressão aos movimentos sociais. A caminhada da personagem pelas ruas da cidade de São
Paulo no dia 1º de Maio revelou o retrato da cidade na década de 30 num ritmo acelerado de mudanças
históricas.
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/impressaoAPC.php?codRoteiro=8674&PHPSESSID=2017101705300717 2/6
29/01/2024, 15:11 Ambiente Pedagógico Colaborativo
Sítio
Título do Sítio: Prezado Mário de Andrade
Disponível em (endereço web): http://www.prezadomariodeandrade.com.br
Acessado em (mês.ano): Novembro/2006
Comentários:
Um excelente sítio, com apresentações de textos, interpretações, vídeos e debates sobre a obra e a vida do
escritor Mário de Andrade, produzido por um professor da rede, com colaboração de vários professores de
História e Literatura, como também participação de jornalistas e escritores
Sons e Vídeos
Categoria: Vídeo
Ano: 2007
Comentário: Ensaio em vídeo sobre o conto de Mario de Andrade, com fotos de São Paulo na década de 30,
imagens de Mario de Andrade com representações de Ulisses de Homero, produzido por alunos do Curso de
Letras da Universidade de São Paulo USP [...]
Texto (ex: letra da música):
Sampa
Caetano Veloso
Composição: Caetano Veloso
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/impressaoAPC.php?codRoteiro=8674&PHPSESSID=2017101705300717 3/6
29/01/2024, 15:11 Ambiente Pedagógico Colaborativo
Investigando
Título: Literatura e História
Texto:
Muitos historiadores têm recorrido aos textos literários para dar sustentação às suas pesquisas históricas.
Chegaram a afirmar que a História é um “romance verdadeiro”, e críticos literários conceituados se
perguntaram se há realmente um traço que distinga a narração dos acontecimentos ocorridos da narração
imaginária. Aí se vê como as fronteiras entre literatura e história se constituem em verdadeiro objeto de
investigação.
Assim investigar os temas literários de Mário de Andrade, em especial, os contos de maturidade do autor é
compreender sua visão pessoal da cultura brasileira – que não é de maneira alguma uma cópia da realidade
na qual viveu, mas sim interpretação dos acontecimentos relacionados à História.
O ponto de partida do estudo das relações entre Literatura e História, ou seja, da expressão artística do
acontecimento histórico nas obras de Mário de Andrade, é o conto Primeiro de Maio, de ambientação sócio-
histórica, onde registra a comemoração do grande feriado dos trabalhadores durante o Estado Novo. Mas
este conto remete ao contexto de um período histórico que começa com a Revolução de 30 até o fim da
segunda Guerra Mundial. Ali o autor faz referência aos movimentos políticos e sociais como o anarquismo, o
comunismo e o sindicalismo, reprimidos pela ditadura do Estado Novo.
De acordo com Maria Célia de Almeida Paulilo os Contos Novos é de uma “oralidade bastante viva para a
época. O vocabulário, a sintaxe e sobretudo o ritmo de fala brasileira são matéria-prima incorporada e
trabalhada nos diálogos das personagens e na fala do narrador”. A narração do “Primeiro de Maio”,
consegue um raro e perfeito imbricamento entre a minuciosa notação da consciência do “35”, pobre
carregador da Estação da Luz, e o relato da festividade controlada pelas forças do governo.
O estilo do livro mantém ainda maior afinidade com o projeto estético nacionalista formulado pelo autor
na época do modernismo, diversificando e variando temas que representavam o meio social, a busca de uma
cultura originalmente brasileira.
Propondo Atividades
1 – O professor pedirá para seus alunos sugestões de um filme sobre a cidade de São Paulo do período
histórico do Estado Novo para que identifiquem nas cenas do filme como é retratada a época, no âmbito
social, político e econômico. Observar as transformações que marcaram o declínio da produção do café e o
início do processo de industrialização e modernização da cidade.
2 – O professor deve estimular ou promover debates sobre as condições dos trabalhadores urbanos e
operários da época do Estado Novo e as relações deles com Getúlio Vargas.
3 – Debater o caráter do populismo de Vargas, suas estratégias de domínio sobre a classe trabalhadora.
Contextualizando
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/impressaoAPC.php?codRoteiro=8674&PHPSESSID=2017101705300717 4/6
29/01/2024, 15:11 Ambiente Pedagógico Colaborativo
Texto:
Em 1947 foi publicado o livro Contos Novos de Mário de Andrade, destacando-se o conto “Primeiro
de Maio” e seu herói “35”: um pobre carregador de bagagens da Estação da Luz. A caminhada de
“35” pelas ruas de São Paulo revelou o retrato da cidade na década de 30. Era o começo da ditadura
do presidente Vargas e o início da modernização na capital paulista.
Com um estilo populista o governo Vargas foi marcado pela manipulação dos proletários e pela
intermediação dos conflitos: capital e trabalho. Por ser um líder carismático, assumiu as
reivindicações dos trabalhadores e as satisfez dentro de certas condições impostas pela burguesia
nacional. Aproximou-se das “massas” como um “messias”, um salvador da pátria que veio libertar
os trabalhadores da exploração capitalista.
Essa relação entre Vargas e os trabalhadores foi fortalecida, em virtude de se comemorar o dia do
trabalho. O foco no trabalho e não no trabalhador ofuscava esse dia de luta, de protestos e motins.
Isso, por um lado, permitiu ao Estado controlar os sindicatos e, por outro, desmobilizar a classe
trabalhadora.
A narrativa “Primeiro de Maio” descreve um dia vivido por um personagem entusiasmado com o
significado do feriado. O herói “35” não move as “massas”, é solidário, alienado, e de consciência
confusa diante das informações veiculadas pelos jornais na Estação. Lia diferentes jornais, mas, não
diferenciava as mensagens “oficiais” das revolucionárias, o que confundia ainda mais sua
consciência a respeito do símbolo do dia 1º de Maio.
Logo pela manhã se arrumou com trajes da cor da bandeira nacional e partiu em busca de seus
iguais, trabalhadores como ele, mas encontrou as ruas vazias. As manifestações estavam proibidas,
embora os jornais divulgassem motins por toda São Paulo. Sem rumo, caminhou solitariamente, pois
almejava “celebrar” seu dia. As horas passavam e nenhuma comemoração era avistada. Vai, então,
ao centro e só encontrou policiais, depois se dirigiu ao Palácio das Indústrias e deparou-se com uma
celebração oficial dos patrões, onde não é permitida a presença de trabalhadores.
Esse fato fugiu da memória do “35”, o mais importante, para ele, era celebrar. Não era conveniente
aos capitalistas recordar os movimentos contrários aos seus interesses. Assim, o 1º de Maio foi um
espetáculo para exaltar o trabalhador enquanto peça de engrenagem da nação. A cada instante, a
cada passo, 35 refletia, ficou desconfiado, mas acabou se convencendo que o feriado não passava de
uma ilusão. Era o despertar da consciência.
No final do dia “35” passou a entender sua própria situação. Todo o sentimento se transformou em
frustração. O silêncio nas ruas e a caminhada o deixaram mais pobre em experiência. Sentiu-se
inferior em relação ao mundo, pois não conseguiu se comunicar, dizer o que pensava; encontrava-se
impotente diante do irrealizável, de sua ação quase inútil. Não conseguiu avistar o que desejava,
nem mesmo os companheiros para celebrar.
Sentiu-se humilhado e isolado dos seus iguais, atravessou a cidade em silêncio. O silêncio das
fábricas, nos bares, nos cafés representava uma diminuição do ritmo da produção capitalista. Ao cair
da tarde "35" tomou consciência de suas ações e percebeu que era ilusão alimentar a esperança de
comemorar o feriado.
De volta à Estação foi incapaz de comunicar sua experiência, pois era visível a mudança do seu
próprio comportamento. Encontrou o 22 e o ajudou a carregar as malas de um passageiro,
demonstrando disposição para colaborar com os companheiros no espaço de trabalho.
Perspectiva Interdisciplinar
Essas relações se articularam sob as mais diversas formas. O historiador tendo que
elaborar concepções a partir de indícios, busca no acontecimento histórico um meio de
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/impressaoAPC.php?codRoteiro=8674&PHPSESSID=2017101705300717 5/6
29/01/2024, 15:11 Ambiente Pedagógico Colaborativo
representar a realidade, de configurar uma sociedade numa determinada época. O
romancista busca inspiração nos acontecimentos históricos para descobrir os segredos da
vida do passado. Assim, as duas disciplinas acabam se complementando num mesmo
campo: a narrativa dos acontecimentos históricos.
www.diadiaeducacao.pr.gov.br/portals/roteiropedagogico/impressaoAPC.php?codRoteiro=8674&PHPSESSID=2017101705300717 6/6