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Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro.Este trabalho contou com apoio de bolsa concedida pela CAPES.
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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e
história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)
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Cientes da grande distância temporal que separa os artigos selecionados, consideramos que isso não
comprometeria nosso objetivo. Não pretendemos comparar valorativamente as propostas dos autores, e sim
apresentar uma discussão em torno de algumas contribuições metodológicas por eles expostas.
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Sobre a crítica de Namier à proposta de Lovejoy e o debate metodológico do período ver:
PALTI, E. “La neuva historia intelectual y sus repercusiones en América Latina. In: História Unisinos 11(3):
297-305, Setembro/Dezembro 2007.
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(ISBN: 978-85-288-0326-6)
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Para uma apresentação das influências de Skinner para a formulação de seu método ver: SILVA, R. “O
contextualismo linguístico na história do pensamento político: Quentin Skinner e o debate metodológico
contemporâneo”. In: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 53, nº2, 2010, pp. 299 a 335. pp. 305 a
306.
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história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)
[...] “the study of what someone says can never be a sufficient guide to
understanding what was meant. To understand any serious utterance, we need
to grasp not merely the meaning of what is said, but at the same time the
intended force with which the utterance is issued. We need, that is, to grasp not
merely what people are saying but also what they are doing in saying it.”
(SKINNER, 2002: 82)
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(ISBN: 978-85-288-0326-6)
É necessário lembrar que o caráter referencial da linguagem - que sempre alude a uma
experiência -,determina seu dinamismo e sua intrínseca relação com o contexto político,
social ou histórico. Enquanto a linguagem atua em mudanças no contexto histórico, este
influencia nas mudanças no contexto linguístico, o que leva R. Koselleck a caracterizar os
conceitos como um índice/fator (KOSELLECK, 2006).
Uma história do discurso político buscaria, dentre outras coisas, analisar quais
ferramentas, conceitos e artifícios linguísticos estariam disponíveis para o autor/ator em um
dado contexto linguístico. Diferentemente da antiga história das ideias, este não concebe a
possibilidade de ideias perenes, mas busca as referências disponíveis no universo de
convenções linguísticas e normativas de determinada época, para analisar como foi possível
que o autor tenha produzido determinado texto.
Neste sentido, uma das chaves propostas por Marcelo Jasmin para se estudar dado
contexto linguístico é a analise dos textos como se estivessem inseridos em um “processo de
legitimação”. Concebendo-os como uma das possibilidades que poderiam ser realizadas na
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ocasião, é possível estabelecer uma relação entre as ações linguísticas e o contexto linguístico
da época.
[...] “os trabalhos de filosofia política seriam elaborados como atos de fala de
atores particulares, em respostas a conflitos também particulares, em contextos
políticos específicos no interior de linguagens próprias ao tempo de sua
formulação.” [...] “Disso resulta que a correta compreensão de uma ideia ou
teoria só poderia se dar pela sua apreensão no interior do contexto em que
foram produzidas. Resulta também que o objeto da análise historiográfica é
deslocado da ideia para o autor, do conteúdo abstrato para a ação ou
performance concreta do ator num jogo de linguagem historicamente dado.”
(JASMIN, 2005: 28)
CONCLUSÃO:
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metodológica do fim dos anos sessenta. Em ensaios posteriores (TULLY, 1988) e mesmo em
seu famoso trabalho “As fundações do pensamento político moderno” (1978), o autor se
afasta de suas formulações iniciais quanto à reconstituição do significado dos atos de fala a
partir da intenção do autor e contempla elementos diacrônicos do discurso.
Pocock, por sua vez, busca conhecer e compilar o arsenal de ferramentas linguísticas
(langue) disponíveis em dado contexto linguístico para compreender as possibilidades
disponíveis para o autor perpetrar as ações linguísticas (parole). O significado do texto seria
derivado dos constrangimentos impostos pela linguagem, sendo acessível através da análise
da interação entre langue e parole, entre apropriações, debates e performances, mas
modelados pela linguagem e contexto linguístico. Novamente, não iremos determinar que a
proposta de Pocock se restrinja à análise sincrônica do discurso político. Ainda que o autor
indique preferir trabalhar com esse tipo de abordagem, notamos que em sua sugestão de
leitura da história do discurso como “tradução” e no estudo dos debates e re-apropriações do
discurso, fica evidente que a proposta do autor também aprecia a dimensão diacrônica da
linguagem.
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REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS:
BEVIR, M. The contextual approach. In: The Oxford Handbook of the History of Political
Philosophy. <Disponível em: http://fds.oup.com/www.oup.com/pdf/13/9780199238804.pdf>
JASMIN, M. História dos Conceitos e Teoria Social e Política: Referências Preliminares. In:
Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 20, N° 57, 2005, pp. 27-38.
JASMIN, M. & JÚNIOR, J. F. (Org.). História dos conceitos: debates e perspectivas. Rio de
Janeiro: Editora PUC- Rio: Edições Loyola: IUPERJ, 2006.
PALTI, E. “La neuva historia intelectual y sus repercusiones en América Latina”. In: História
Unisinos 11(3): 297-305, Setembro/Dezembro 2007.
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história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)
TULLY, J. (Ed.). Meaning e Context: Quentin Skinner and his Critics. Princeton: Princeton
University Press, 1988.
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