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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do

7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e


história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)

Contexto linguístico e discurso político:Um diálogo entre Q. Skinner e J. G. A. Pocock

Pedro Paiva Marreca*

Os historiadores Quentin Skinner e John Greville Agard Pocock – importantes


membros da Escola de Cambridge - foram atores de destaque no movimento que se
convencionou chamar de “giro linguístico” no campo da historiografia. Seus trabalhos
contribuíram para o questionamento de antigos paradigmas e emergência de novos desafios
para o estudo da história das ideias e do pensamento político. A proposta de reconstituição
dos contextos linguísticos e do estudo dos textos históricos enquanto “ações linguísticas”
possibilitou toda uma nova gama de reflexões quanto à relação entre história e linguagem. O
objetivo deste trabalho é apresentar brevemente as abordagens metodológicas do
“Contextualismo linguístico” de Q. Skinner e da “História do discurso político” de J. G. A.
Pocock, dando ênfase nos elementos que possibilitem o estabelecimento de um diálogo entre
os autores.
Esse trabalho surge como produto da leitura dos textos de Skinner e Pocock na busca
da fundamentação metodológica para uma pesquisa em torno do ideário político no Brasil da
década de 1960. Ainda que autores muito mais gabaritados como Marcelo Jasmin, João Feres
Júnior e Ricardo Silva venham se debruçando e produzindo artigos sobre os clássicos da
“Escola de Cambridge”, a escassez de trabalhos em português que propusesse o diálogo entre
os dois autores selecionados serviu de motivação para que nos aventurássemos nessa
empreitada.
O debate em torno das categorias Intenção, Significado, Lances e Linguagem servirá
de guia para a discussão que iremos propor. Para este intento, vamos priorizar a análise de
dois artigos de Q. Skinner presentes no livro “Visions of Politics” (2002) – Meaning and
understanding in the history of ideas”(1969) e “Motives, intentions and interpretation” (1972)
–, e três artigos de J. G. A. Pocock, dois deles publicados em “Linguagens do Ideário Político
(2003) – “O Estado da Arte” (1995) e “O conceito de linguagem e o métier d’historien:
algumas considerações sobre a prática” (1989), e o terceiro “Conceitos e discursos: uma

*
Mestrando do Programa de Pós-Graduação em História Social da Cultura da Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro.Este trabalho contou com apoio de bolsa concedida pela CAPES.

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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e
história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
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diferença cultural?” (1992), publicado no livro “História dos conceitos: debates e


perspectivas” (2006)1.

CONTEXTO LINGUÍSTICO, SIGNIFICADO, INTENÇÃO E ATOS DE FALA:

O contextualismo linguístico é uma abordagem metodológica desenvolvida pelo


historiador britânico Quentin Skinner, inicialmente apresentada em seu “Meaning and
Understanding in the History of Ideas” (1969). Este ensaio, por sua vez, é elaborado como
uma resposta às críticas perpetradas por Lewis Namier, em meados dos anos cinquenta, à
história das ideias formulada por Arthur Lovejoy, na década anterior. Namier criticava a
legitimidade de uma história cujo objeto de análise era as ideias. Argumentando que os
homens se contradizem sistematicamente, ele rotula esta abordagem como ingênua.2
Skinner responde a Namier e outros críticos, em seu mais famoso ensaio
metodológico, sugerindo que, independente de contradições e mesmo de mecanismo
retóricos, os homens sempre se utilizarão de ferramentas conceituais socialmente transmitidas
para dar sentido às suas ações. Por outro lado, ele se afasta de Lovejoy ao propor a
modificação do próprio objeto de estudo da história intelectual, das ideias para os “atos de
fala”. Seu interesse volta-se para os usos públicos da linguagem, e, as diversas possibilidades
de utilização desta, enquanto ferramenta para a ação política.
Criticando a proposta de Lovejoy, de uma história das ideias universais que
comportaria elementos intemporais, e por outro lado, afirmando a pertinência de um estudo
sobre a utilização das ideias como uma forma de ação linguística, Skinner começa a
desenvolver o método do contextualismo linguístico.
Após criticar a abordagem textualista da história das ideias, Skinner volta suas críticas
para a análise de concepções contextualistas da história (como a namierista e marxista), que
buscavam compreender o significado dos textos diretamente a partir do seu contexto
histórico/social. Para ele, ao agir dessa forma, os autores estariam cometendo o engano de
confundir a causa com o significado. Skinner acredita que essa abordagem pode auxiliar a
desvendar as determinações causais que levaram o autor a escrever o texto, porém, o

1
Cientes da grande distância temporal que separa os artigos selecionados, consideramos que isso não
comprometeria nosso objetivo. Não pretendemos comparar valorativamente as propostas dos autores, e sim
apresentar uma discussão em torno de algumas contribuições metodológicas por eles expostas.
2
Sobre a crítica de Namier à proposta de Lovejoy e o debate metodológico do período ver:
PALTI, E. “La neuva historia intelectual y sus repercusiones en América Latina. In: História Unisinos 11(3):
297-305, Setembro/Dezembro 2007.

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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e
história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
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contextualismo linguístico estaria mais preocupado com os significados e intenções do que


com as causas ou motivos. A determinação causal, ou dos motivos, estaria relacionada com
fenômenos sociais externos ao texto. Logo, apesar de sua crítica às abordagens meramente
textualistas, ele também não concorda com a abordagens de correntes contextualistas, que
afirmava serem as ideias meras expressões da realidade material.

“To speak of a writer’s motives seems invariably to speak of a condition antecedent


to, and contingently connected with, the appearance of their works. But to speak of a
writer’s intentions may either be refer to a plan or design to create certain type of
work (an intention to do x) or else to refer to an actual work in certain way (as
embodying a particular intention in x-ing). In the former case we seem (as in talking
about motives) to be alluding to a contingent antecedent condition of the appearance
of the work. But in the latter we seem to be alluding to a feature of the work itself.
Specifically, we seem to be characterizing it in terms of its embodiment of a particular
aim or intention, and thus in terms of its having a particular purpose or point.”
(SKINNER, 2002: 98)

O contextualismo skinneriano recupera elementos da tradição intencionalista da


filosofia da história de R. G. Collingwood, que preocupava-se em reconstituir as ações
históricas do ponto de vista dos próprios autores. Adaptando-a para a aplicação na
interpretação de textos históricos e filosóficos, Skinner busca compreender o significado dos
textos a partir da perspectiva do agente, da descoberta de suas intenções. Estabelecendo um
diálogo da tradição intencionalista, com contribuições da tradição da filosofia da linguagem
anglófona de L. Wittgenstein, P. Laslett e J. L. Austin, ele propõe que os textos históricos e
filosóficos não são meramente ideias impressas em papel, mas “atos de fala”.3
Ricardo Silva sistematiza a proposição de Austin quanto às dimensões dos atos de
fala:

“Austin distingue três dimensões dos atos de fala: a dimensão locucionária,


relativa ao conteúdo proposicional do proferimento e manifesta no ato de dizer
(of saying) algo; a dimensão ilocucionária, relativa ao que o agente está

3
Para uma apresentação das influências de Skinner para a formulação de seu método ver: SILVA, R. “O
contextualismo linguístico na história do pensamento político: Quentin Skinner e o debate metodológico
contemporâneo”. In: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol. 53, nº2, 2010, pp. 299 a 335. pp. 305 a
306.

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Luna Halabi Belchior; Luisa Rauter Pereira; Sérgio Ricardo da Mata (orgs) Anais do
7º. Seminário Brasileiro de História da Historiografia – Teoria da história e
história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
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fazendo ao dizer (in saying) algo; e a dimensão perlocucionária, relativa aos


efeitos produzidos pelo ato de fala na audiência, aquilo que ocorre por se dizer
(by saying) algo.” (SILVA, 2010: 307)

Ao se preocupar primordialmente com a performance do autor/ator, Skinner prioriza a


análise da segunda - a dimensão ilocucionária do ato de fala.

[...] “the study of what someone says can never be a sufficient guide to
understanding what was meant. To understand any serious utterance, we need
to grasp not merely the meaning of what is said, but at the same time the
intended force with which the utterance is issued. We need, that is, to grasp not
merely what people are saying but also what they are doing in saying it.”
(SKINNER, 2002: 82)

Ao definir os atos de fala como os próprios objetos de análise de seu método,


desvendar o significado dos textos passa a estar relacionado à reconstituição da intenção do
autor no momento da escrita – à força ilocucionária da proposição. Diferentemente dos
motivos, e causas externas, as intenções dos autores estão incorporadas às suas ações
linguísticas. Por outro lado, a busca por traços publicamente apreensíveis nas intenções
autorais, denota que não são perseguidos desejos ou elementos puramente subjetivos e
hermenêuticos do pensamento do autor, e sim o significado do que daquela ilocução quando
proferida em dado contexto.

[...] “para comprender históricamente um acto de habla no bastaria con


entender ló que por el mismo se dice (su sentido locutivo), sino que resulta
necesario situar su contenido proposicional em la trama de relaciones
linguísticas em el que éste se inserta a fin de descubrir, tras tales actos de
habla, la intencionalidad (consciente o no) del agente (su fuerza ilocutiva), es
decir, qué hacía éste al afirmar ló que afirmó en el contexto en que lo hizo.”
(PALTI, 2007: 299)

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DISCURSO POLÍTICO, LANCES E LINGUAGEM:

Defendendo uma “história dos discursos políticos”, J. G. A. Pocock denota uma


mudança de ênfase em sua leitura do contextualismo linguístico da “intenção” para a
“efetivação”. Quando ele afirma que “a história do pensamento político é uma história do
discurso”, e que de fato, “ela tem uma história justamente em se tornar discurso” (POCOCK,
2003: 28) ele pretende afirmar a importância do estudo dos “lances” – enquanto ações
linguísticas - e “jogos de linguagem”, no interior dos contextos linguísticos. Através da
análise dos lances e da interação entre langue e parole, pode-se explorar determinado
contexto linguístico, conceber quais as linguagens e “instrumentos” encontravam-se
disponíveis em determinado momento, e, inclusive, detectar mudanças nessas linguagens.
As linguagens no sentido que o autor se refere seriam “idiomas compartilhados”, ou
“modos de discurso estáveis”, que, quando partilhados, dariam inicio a um “jogo” de trocas e
disputas semânticas. Logo, o estudo de um contexto linguístico, ou da história do discurso
político, pressupõe uma discussão em torno da influência dos lances nas linguagens e no
discurso político de determinada época. Porém, como se trata de uma análise linguística, seu
foco é direcionado para os “desafios que os textos impõem às estruturas normais do discurso”,
mais que para as “consequências políticas práticas”. O estudioso dos discursos olha para
determinado período e busca se “familiarizar” com as linguagens e contexto linguístico
vigente, para posteriormente poder reconhecer “lances” ou “atos de fala” que denotem
inovações nas linguagens correntes, e nesse contexto.

[...]“tais técnicas [históricas empregadas na reconstituição de linguagens]


empregam uma ênfase dupla: uma voltada para a linguagem que circunda os
agentes humanos em situações históricas específicas, e outra voltada para os
próprios humanos, agindo e reagindo no interior das linguagens disponíveis
para eles. Há aí uma série de possibilidades para explorar tanto as inovações e
outros atos criativos realizados ou almejados pelos usuários individuais da
linguagem – alguns dos quais vão ou desejam ir, de fato, muito mais longe -,
quanto o processo de mudança mais lento, multi-autoral, e os processos de
mudança social ou historicamente induzidos que têm lugar no interior de, e

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entre, linguagens disponíveis em sociedades e culturas específicas ao longo de


períodos específicos de tempo e de duração variada.” (POCOCK, 2006: 84)

É necessário lembrar que o caráter referencial da linguagem - que sempre alude a uma
experiência -,determina seu dinamismo e sua intrínseca relação com o contexto político,
social ou histórico. Enquanto a linguagem atua em mudanças no contexto histórico, este
influencia nas mudanças no contexto linguístico, o que leva R. Koselleck a caracterizar os
conceitos como um índice/fator (KOSELLECK, 2006).
Uma história do discurso político buscaria, dentre outras coisas, analisar quais
ferramentas, conceitos e artifícios linguísticos estariam disponíveis para o autor/ator em um
dado contexto linguístico. Diferentemente da antiga história das ideias, este não concebe a
possibilidade de ideias perenes, mas busca as referências disponíveis no universo de
convenções linguísticas e normativas de determinada época, para analisar como foi possível
que o autor tenha produzido determinado texto.

“A história do discurso torna-se agora visível como uma história da traditio, no


sentido de transmissão, e, ainda mais, de tradução. Textos compostos de
langues e paroles, de estruturas de linguagem estáveis e de atos de fala e
inovações que as modificam são transmitidos e reiterados, e seus componentes
são rigorosamente transmitidos e reiterados, primeiro por atores não-idênticos
em contextos históricos partilhados e depois por atores em contextos
historicamente desconectados. Sua história é, primeiro, a da constante
adaptação, tradução e re-performace do texto, em uma sucessão de agentes; e
segundo, sob um exame mais minucioso, a das inovações e modificações
efetuadas em tantos idiomas distinguíveis quantos os que originalmente se
articulavam para formar o texto e que, subsequentemente, formam a sucessão
de contextos linguísticos em que o texto foi interpretado.” (POCOCK, 2003:
46)

Neste sentido, uma das chaves propostas por Marcelo Jasmin para se estudar dado
contexto linguístico é a analise dos textos como se estivessem inseridos em um “processo de
legitimação”. Concebendo-os como uma das possibilidades que poderiam ser realizadas na

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ocasião, é possível estabelecer uma relação entre as ações linguísticas e o contexto linguístico
da época.

[...] “os trabalhos de filosofia política seriam elaborados como atos de fala de
atores particulares, em respostas a conflitos também particulares, em contextos
políticos específicos no interior de linguagens próprias ao tempo de sua
formulação.” [...] “Disso resulta que a correta compreensão de uma ideia ou
teoria só poderia se dar pela sua apreensão no interior do contexto em que
foram produzidas. Resulta também que o objeto da análise historiográfica é
deslocado da ideia para o autor, do conteúdo abstrato para a ação ou
performance concreta do ator num jogo de linguagem historicamente dado.”
(JASMIN, 2005: 28)

CONCLUSÃO:

Apesar de ambos os autores dialogarem e compartilharem de concepções semelhantes


quanto às noções de contexto linguístico, atos de fala, lances e performance, é notável a
diferença de ênfase e abordagem nos métodos do contextualismo linguístico skinneriano,
apresentado nestes textos inaugurais, e na proposta de uma história dos discursos políticos de
Pocock.
Em sua pretensão por compreender o significado dos atos de fala, Skinner elabora uma
abordagem alternativa dos textos históricos - situada entre o textualismo e o contextualismo
sociológico – o contextualismo linguístico. A saída encontrada por ele para justificar a
pertinência do estudo das ideias enquanto ações linguísticas e se contrapor a abordagens que
propunham uma história das ideias fora de contexto e a teoria da ideologia marxista, foi
combinar a filosofia da linguagem anglo-saxã à tradição intencionalista de Collingwood.
Desta maneira, a compreensão do significado dos atos de fala passa a estar diretamente
atrelado à reconstituição das intenções autorais. A partir da pesquisa aqui esboçada,
concluímos que seria precipitado determinar que o método de Skinner restringe-se à análise
sincrônica ou diacrônica da história. Pois, ainda que, em seus textos iniciais Skinner dê mais
ênfase aos elementos sincrônicos de dado contexto linguístico, como a intencionalidade e o
significado dos atos de fala, nos parece que isso ocorre por conta do teor crítico e combativo
destas publicações e à própria intenção do autor, inscrito no contexto de fervorosa discussão

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metodológica do fim dos anos sessenta. Em ensaios posteriores (TULLY, 1988) e mesmo em
seu famoso trabalho “As fundações do pensamento político moderno” (1978), o autor se
afasta de suas formulações iniciais quanto à reconstituição do significado dos atos de fala a
partir da intenção do autor e contempla elementos diacrônicos do discurso.
Pocock, por sua vez, busca conhecer e compilar o arsenal de ferramentas linguísticas
(langue) disponíveis em dado contexto linguístico para compreender as possibilidades
disponíveis para o autor perpetrar as ações linguísticas (parole). O significado do texto seria
derivado dos constrangimentos impostos pela linguagem, sendo acessível através da análise
da interação entre langue e parole, entre apropriações, debates e performances, mas
modelados pela linguagem e contexto linguístico. Novamente, não iremos determinar que a
proposta de Pocock se restrinja à análise sincrônica do discurso político. Ainda que o autor
indique preferir trabalhar com esse tipo de abordagem, notamos que em sua sugestão de
leitura da história do discurso como “tradução” e no estudo dos debates e re-apropriações do
discurso, fica evidente que a proposta do autor também aprecia a dimensão diacrônica da
linguagem.

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REFERÊNCIAS BILBIOGRÁFICAS:

BEVIR, M. The contextual approach. In: The Oxford Handbook of the History of Political
Philosophy. <Disponível em: http://fds.oup.com/www.oup.com/pdf/13/9780199238804.pdf>

JASMIN, M. História dos Conceitos e Teoria Social e Política: Referências Preliminares. In:
Revista Brasileira de Ciências Sociais, vol. 20, N° 57, 2005, pp. 27-38.

JASMIN, M. & JÚNIOR, J. F. (Org.). História dos conceitos: debates e perspectivas. Rio de
Janeiro: Editora PUC- Rio: Edições Loyola: IUPERJ, 2006.

JÚNIOR, J. F. De Cambridge para o Mundo, Historicamente: Revendo a Contribuição


Metodológica de Quentin Skinner. In: DADOS – Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro,
Vol. 48, n° 3, 2005, pp. 655-680.

KOSELLECK, R. Futuro passado dos tempos históricos: contribuição à semântica dos


tempos históricos. Rio de Janeiro: PUC-Rio; Contraponto, 2006.

PALLARES-BURKE, M. L. As muitas faces da história: Nove entrevistas. São Paulo:


UNESP, 2000.

PALTI, E. “La neuva historia intelectual y sus repercusiones en América Latina”. In: História
Unisinos 11(3): 297-305, Setembro/Dezembro 2007.

POCOCK, J. G. A. Linguagens do ideário político. São Paulo: Edusp, 2003.

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história da historiografia: diálogos Brasil-Alemanha. Ouro Preto: EdUFOP, 2013.
(ISBN: 978-85-288-0326-6)

POCOCK, J. G. A. Conceitos e discursos: uma diferença cultural? In: JASMIN, M. &


JÚNIOR, J. F. (Org.). História dos conceitos: debates e perspectivas. Rio de Janeiro: Editora
PUC- Rio: Edições Loyola: IUPERJ, 2006.

SILVA, R. O contextualismo linguístico na história do pensamento político: Quentin Skinner


e o debate metodológico contemporâneo. In: Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, vol.
53, nº2, 2010, pp. 299 a 335.

SKINNER, Q. As Fundações do Pensamento Político Moderno. São Paulo: Companhia das


Letras, 2009.

SKINNER, Q. Visions of Politics. Volume I: Regarding Method. Cambridge: Cambridge


University Press, 2002.

TULLY, J. (Ed.). Meaning e Context: Quentin Skinner and his Critics. Princeton: Princeton
University Press, 1988.

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