Você está na página 1de 21

A historiografia da linguística:

objeto, objetivos, organização

Pierre Swiggers
Universidade de Lovaina
pierre.swiggers@arts.kuleuven.be

À memória de dois colegas historiógrafos:


Klaus Dutz e Peter Schmitter

RESUMO:
Este artigo, concebido como uma contribuição à meta-historiografia da linguística, dis-
cute o objeto e os objetivos fundamentais da historiografia da linguística, definida como
um campo interdisciplinar no âmbito da história/historiografia da ciência e das ideias.
O artigo apresenta um organograma da historiografia da linguística, um panorama de
suas três dimensões constituintes (heurística, hermenêutica, expositora) e uma sinopse
sistemática dos instrumentos conceptuais de dispõe o historiógrafo da linguística.

ABSTRACT:
This article, intended as a contribution to the metahistoriography of linguistics, dis-
cusses the object and the fundamental goals of linguistic historiography, defined as an
interdisciplinary field within the history(-writing) of science and the history of ideas.
The article presents an organogram of linguistic historiography, an overview of the
three constitutive dimensions (heuristic, hermeneutic, expository) of linguistic histo-
riography, and a systematic survey of the conceptual tools which the historiographer
of linguistics has at his disposal.
40 Pierre Swiggers

Introdução.
Neste texto1, proponho-me a reunir, de modo sistemático, algumas re-
flexões2 sobre o objeto e os objetivos da historiografia (da) linguística (ing.
historiography of linguistics/linguistic historiography) como disciplina. A
partir dos anos 1970, a historiografia da linguística desenvolveu-se como uma
disciplina institucionalizada no âmbito acadêmico e como campo autônomo de
investigação3; são várias as associações ou sociedades internacionais e nacionais
que se dedicam à historiografia da linguística (seja em relação a uma língua ou
a um grupo de línguas determinado).
A presente contribuição pode denominar-se “meta-historiográfica”. Por
meta-historiografia – campo de estudo que se desenvolveu bastante nos últimos
anos4 – entendo o trabalho reflexivo sobre o labor historiográfico e, especial-
mente, sobre seus aspectos metodológicos e teóricos. As três principais tarefas
da meta-historiografia são: a tarefa construtiva (elaboração de um modelo his-
toriográfico e construção de uma linguagem historiográfica5), a tarefa crítica
(avaliação de tipos de discurso historiográfico aliada à proposta de análise e
apreciação das abordagens metodológicas e epistemológicas adotadas nos textos
analisados), a tarefa metateórica ou “contemplativa” (reflexão sobre o objeto, o
status da historiografia, sobre a justificação das formas de apresentação e sobre
o que é um “fato” linguístico [linguistic fact] para o historiador). Assim, as

1 Quero agradecer a Ricardo Cavaliere o convite para redigir esta síntese para os leitores de
Confluência, bem como a tarefa de havê-la traduzido.
2 Veja também meus trabalhos anteriores sobre aspectos metodológicos e epistemológicos da
historiografia da linguística: Swiggers (1979, 1980, 1981a, 1981b, 1983, 1984, 1990, 1991a,
1991b, 2004, 2006, 2009, 2010, 2012a, 2012b).
3 Foi de grande importância a criação da revista Historiographia Linguistica em 1974; a ela
seguiram-se várias outras revistas: Histoire, Épistémologie, Langage (em 1979), Beiträge
zur Geschichte der Sprachwissenschaft (em 1991), Boletín de la Sociedad Española de
Historiografía Lingüística (em 2002), Language & History (em 2009) e a Revista Argentina
de Historiografía Lingüística (em 2009); cf. Lliteras, Martínez Alcalde & Swiggers (2013).
Os volumes coletivos de historiografia da linguística que se publicaram nas últimas décadas
atestam a crescente importância dessa disciplina: cf. Hymes (ed. 1974), Sebeok (ed. 1975),
Parret (ed. 1976), Schmitter (ed. 1987-2007), Auroux (ed. 1989-2000), Lepschy (ed. 1994-
1998à y Auroux, Koerner, Niederehe & Versteegh (eds. 2000-2006).
4 Desde os anos 1980, publicaram-se vários trabalhos sobre meta-historiografia: cf. Grotsch
(1982), Schmitter (1982, 2003), Christmann (1987) Dutz (1990) e outros trabalhos em Hüllen
(ed. 1990), Elffers-Van Ketel (1991), Koerner (vários artigos recolhidos em seus livros de 1995,
1999 e 2004; e o trabalho de 2007), Simone (1995), Schmitter & Van der Wal (eds. 1998), Dorta,
Corrales Zumbado & Corbella (eds. 2007); cf. também as referências da nota 2.
5 Veja Swiggers (1987b) sobre a “linguagem do historiador”.
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 41

reflexões aqui apresentadas se inscrevem no marco de uma meta-historiografia


construtiva e teórica6.

1. Objeto e objetivos.
Na historiografia da linguística, como estudo do desenvolvimento das
ideias e das práticas linguísticas, os objetos primários que se devem estudar
são textos (publicados ou não publicados). Há muitos aspectos do fenômeno
a que denominamos “texto” que merecem certa reflexão do ponto de vista do
historiador da linguística7:

I - Sua inserção em um “circuito” mais amplo: aqui surgem problemas


como os concernentes a (a) intertextualidade, (b) polissistema de textos e (c)
“serialidade” (série de textos)8.
II - Sua “posição”, isto é, sua avaliação contemporânea ou retrospectiva:
aqui enfrentamos questões como (a) as de cânon (cânon de autores/ de textos/
de aproximação): formação (e modificação) do cânon, crítica do cânon; (b) as
de posição marginal ou marginalização (por diferentes motivos: por exemplo,
visão antiquada, visão inadequada etc.); (c) as de integração (ou não integração)
institucional.
II - Sua “composição e tonalidade”: aqui se trata (a) da estrutura global
dos textos linguísticos (a respeito disso, pode-se falar de morfótipos de textos);
(b) da (natureza da) argumentação; (c) da “modalidade” elocutiva (textos [com
aspectos] mais ou menos apodíticos; textos [com aspectos] polêmicos; textos
[com aspectos] dubitativos; textos puramente informativos).
IV - Seu “papel dinâmico” (ou “força”): os textos-fontes, tanto em sua
concepção quanto em sua recepção (ainda que não haja sempre uma correspon-
dência unívoca entre ambos os polos) não têm o mesmo papel dinâmico. Aqui
se podem distinguir vários dinamótipos: textos de “ação” (textos programáticos
ou textos que oferecem aplicação (inovadora) de uma abordagem), textos de
síntese, textos de “diluição” (são textos que oferecem uma versão/aplicação
“diluída” de uma teoria)9, textos de “reação” (este dinamótipo inclui traduções,

6 Cf. De Clercq & Swiggers (1991), Swiggers, Desmet & Jooken (1998a, 1998b).
7 Veja também as reflexões em De Clercq & Swiggers (1991).
8 Cf. Haßler (2008).
9 São variations upon a theme, como tantas há agora, por exemplo, sobre “gramaticalização”,
“(inter)subjetividade”, “evidencialidade”.
42 Pierre Swiggers

resenhas, críticas efetivas, divagações críticas a partir de um “estímulo”), textos


de “entorno” (por exemplo, notas, correspondência10, prefácios etc.).

Os textos que o historiógrafo (ou o historiador) da linguística deve estudar


podem ser considerados o “reflexo (ou depósito) material” da história da lin-
guística. A história11 da linguística se pode definir como o conjunto cronológico
e geográfico dos acontecimentos, dos fatos, dos processos de conceptualização12
e de descrição, e dos produtos que moldaram a tradição do pensamento e da
práxis linguísticos. Trata-se de um conjunto complexo, isto por várias razões:

I - Na história da linguística há tradições (“étnicas” ou “geográficas” ou


“culturais”) que se diferenciam por sua emergência e seu desenvolvimento, por
sua dinâmica interna, por seu caráter aberto ou fechado com respeito a outras
tradições, por sua abrangência perante o fenômeno da linguagem e pelo enfo-
que em áreas particulares do estudo de línguas (cf. Itkonen, 1991; Swiggers,
1989 e 1998).
II - A história da linguística é um tecido integrado de acontecimentos
pessoais e públicos (políticos, socioeconômicos, institucionais), de correntes
intelectuais e culturais, de redes sociais13, de fazeres centrados em línguas por si
mesmas ou como meios para certos fins (basta pensar na linguística missioneira14
ou na história do fenômeno da tradução), de reflexões e processos conceituais
que são subjacentes a vários tipos de atividade científica.
III - A história da linguística apresenta uma ampla gama de “produtos” do
pensamento e da práxis linguisticos15: descrições de línguas (descrições de uma

10 Sobre o uso da correspondência de linguistas, cf. Droixhe, Müller & Swiggers (1989).
11 Para uma reflexão epistemológica sobre o conceito de “história”, veja Veyne (1971).
12 De maneira concreta, pode-se estudar a conceptualização em que está alicerçada uma teoria
pelo que se oferece como definição do objeto central. Na história da linguística podem-se
distinguir várias conceptualizações do objeto “língua” (ou “linguagem”); para um panorama
das abordagens, veja Swiggers (1993, 2004). Como estudos historiográficos sobre conceitos,
veja, por exemplo, Elffers-Van Ketel (1991) [sobre os conceitos “Sujeito” e “Predicado”],
Swiggers & Wouters (2004, 2011) [sobre o conceito “Gramática”]. Sobre a relação entre
conceptualização e esquematização na história da linguística, veja o trabalho de Roggenbuck
(2005).
13 Para o conceito de “rede social” na história da filosofia, veja Collins (1998); para o conceito
de “rede social” em seu emprego (socio)linguístico, veja Milroy (1980).
14 Cf. Ridruejo (2007) e Zwartjes (2011), assim como as contribuições de Zwartjes & Altman
(eds. 2005), Zwartjes & Hovdhaugen (eds. 2004), Zwartjes, James & Ridruejo (eds. 2007),
Zwartjes, Arzápalo & Smith Stark (eds. 2009), Zwartjes & Koerner (eds. 2009).
15 É também possível tipificar os produtos segundo uma escala que vai do polo da “utilidade
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 43

só língua ou de línguas em contraste ou de fenômenos tipológicos), manuais


(para o ensino/ para a aprendizagem), obras teóricas, estudos históricos e/ou
comparativos, modelos de análise ou de explicação, e, além disso, trabalhos
que dizem respeito ao planejamento de línguas e às políticas linguísticas16.

É precisamente essa complexidade que explica por que o campo da história


da linguística é um campo interdisciplinar, compartilhado com a filosofia da
linguagem (cf. Hacking, 1975; Bunge, 1984), a retórica, a lógica (“dialética”), a
psicologia, a antropologia, a sociologia, a teologia (e a história de cada uma delas).
Em face dessa complexidade da história da linguística, o objetivo fun-
damental do historiador é o de reconstruir o ideario linguístico e seu desen-
volvimento através da análise de textos situados em seu contexto. Cada um
dos termos que constituem esta circunscrição de objetivo traz uma implicação
importante:

I - Reconstruir: o esforço de reconstruir um ideário dentro de um campo


disciplinar impõe que o trabalho se conecte com a metodologia (da história)
das ciências.
II - Ideário linguístico: para chegar-se a uma compreensão adequada e
fundamentada do ideário linguístico, é preciso ter formação de linguista17.
III - Trajetória: para poder estudar um (tipo de) trajetória, é indispensável
dispor de uma visão histórica relativamente ampla.
IV - Análise de textos: para que se proceda a uma análise de textos, são im-
prescindíveis (a) uma base heurística e (b) alguns fundamentos hermenêuticos.
V- Contexto18: este item significa que o trabalho seja relacionado com a
história intelectual e com a história socioeconômica.

extrínseca” (utilidade dos produtos para os não linguistas) ao polo de “utilidade meramente
intrínseca” (produtos que só interessam aos linguistas ou, de maneira ainda mais restrita, aos
que se filiam a este ou aquele modelo).
16 Sobre as “práticas” linguísticas, veja os estudos de Desmet, Jooken, Schmitter & Swiggers
(eds. 2000), um volume coletivo dedicado à dimensão da práxis na linguística.
17 Sobre a imprescindibilidade dessa exigência, veja Malkiel & Langdon (1969). Cf. também
os manuais de Arens (1969), Robins (1997) e Law (2003).
18 Sobre o papel da contextualização na historiografia da linguística, cf. Law (2003); para
estudos que ilustram a relação entre contexto e conteúdo de pontos de vista linguísticos, cf.
Swiggers & Wouters (eds. 1996).
44 Pierre Swiggers

2. Organização.
Com o termo organização, refiro-me a duas exigências:

I - A primeira é a de incluir a tarefa historiográfica em um “organograma”


historiográfico.
Para isso, é indispensável definir o conteúdo de três planos: o plano das
realidades linguísticas que formam o “substrato” de atividades práticas e teóricas
por parte dos que se podem denominar “atores” da história da linguística; e é
essa história que constitui o objeto de análise e de descrição para a historiografia
da linguística. Essa última se apoia, ademais, em uma documentação biobiblio-
gráfica e contextual – é o que se elabora como epi-historiografia – e se erige,
em perspectiva metodológica e epistemológica, sobre uma meta-historiografia.

“realidades linguísticas”

tratamentos e reflexões: história da linguística

historiografía (descritiva e interpretativa)
└apoio documental: epi-historiografía
└ base de referência teórica: meta-historiografía

II - A segunda exigência diz respeito à organização do próprio trabalho


historiográfico. Por se tratar de um trabalho sobre textos do passado (e do pre-
sente) que servem como base documental, cabe distinguir três fases:

a) uma fase heurística19, que compreende as seguintes tarefas: informar-se


sobre as fontes e sua disponibilidade; ler os textos-fontes; “catalogar” ideias,
os pontos de vista e a terminologia; contextualizar as ideias, os termos.
b) uma fase hermenêutica, que consiste em uma interpretação, que sem-
pre se fundamenta no uso de categorias interpretativas. Aqui se pode fazer a
distinção entre categorias20 gerais (os conceitos que fazem parte da metodologia

19 Sobre os aspectos heurísticos e ecdóticos, veja as observações de Gómez Asencio (2007).


20 Acerca do papel da categorização na filosofia e na história de disciplinas, cf. Perelman (1969);
para uma exemplificação, veja Swiggers & Wouters (2004).
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 45

geral)21 e categorias específicas (os conceitos que constituem a metodologia


específica). Há de destacar-se o fato de que a interpretação implica uma di-
mensão comparativa, porque (quase sempre) se trata de relacionar conceitos/
autores/modelos.
c) uma fase executiva: a da demonstração dos resultados da investigação.
Nessa fase, intervêm, como parâmetros fundamentais, três dimensões:

c1) a do formato de exposição: a execução historiográfica pode tomar uma


forma sequencial (basicamente narrativa), uma forma “tópica” (focalizada
na análise de um tema ou em um tipo de problema) ou uma forma “com-
binatória” (centrada entre o contexto e o conjunto de pontos de vista em
determinada época da história da linguística).
c2) a dimensão da intencionalidade do historiógrafo: aqui se apresenta
a possibilidade de optar por uma historiografia (meramente) taxonômica
ou classificadora, polêmica ou apologética, teleológica, exegético-crítica:
em cada uma das opções, influem considerações (e pressuposições) sobre
o que é (ou seria) mais ou menos científico/válido/adequado/relevante no
campo da linguística e, em plano mais geral, das ciências humanas (cf.
Bunge, 1974; Laudan, 1984).
c3) a dimensão do programa cognitivo: esta é uma dimensão essencial, que,
estando determinada, em parte, pelo objeto de estudo e pela documentação
disponível e, em parte, pelos interesses e aspirações do historiador, define
o perfil intelectual dos produtos historiográficos. Com referência a esse
parâmetro, podem-se distinguir cinco perfis distintos de historiografia22:
c31) uma historiografia “atomística” (sob forma de uma apresentação
analítica de acontecimentos e fatos da história da linguística).
c32) uma historiografia “narrativa”23, que relata, na sua sucessão cronoló-
gica, os “acontecimentos” na história da linguística.
c33) uma historiografia “nocional-estrutural” (análise estrutural24 de con-
juntos de ideias, de tipos de abordagens na história da linguística).

21 A metodologia geral inclui os conceitos mais gerais de metodologia, lógica e história das
ciências, assim como os “conceitos gerais para a historiografia”.
22 Os perfis têm uma relação estreita com as modalidades de exposição (modalidade narrativa,
modalidade estrutural, modalidade axiomática) que discutimos em Swiggers (2004). Com
respeito à tipologia na historiografia da linguística, cf. Koerner (1978:55-62; 1999:9-14) e
Simone (1995); veja também Passmore (1967) acerca dos tipos historiográficos na filosofia.
23 Sobre os aspectos de “narratividade” na historiografia da linguística, veja Schmitter (1994).
24 No sentido de Stegmüller (1979); cf. Swiggers (1990, 2004).
46 Pierre Swiggers

c34) uma historiografia “arquitetônico-axiomática” (descrição e análise


da estrutura lógica de teorias e modelos como sistemas de axiomas e
enunciados)25.
c35) uma historiografia “correlativa” (estudo das relações entre teorias e das
correlações entre pontos de vista, no âmbito da linguística, e o contexto
sociocultural, político, institucional26).

3. Linhas de implementação.
Como em qualquer tipo de investigação científica, a realização de trabalhos
na historiografia da linguística se fundamenta (a) na eleição de (temas dentro
de) uma área de investigação; (b) no manuseio de um conjunto de conceitos; e
(c) em um plano de estudo. Tratemos de cada um desses aspectos.

3.1 Áreas de investigação.

I - Considerando não haver distinção absoluta entre as áreas no campo da


historiografia da linguística, podem-se definir, de maneira relativa27:
Áreas de tipo referencial28, que são definidas pelos seguintes níveis de
descrição:
a) história da gramática29 (história da fonética, da morfologia [morfos-
sintaxe], da sintaxe), podendo-se tratar da língua nativa ou da língua 2 ou de
uma “língua exótica”.
b) história da lexicografia (e da lexicologia); pode-se incluir a fraseologia
(também esta se pode considerar parte da gramática).
c) história da semântica (cf. Gordon, 1982; Schmitter, 1990).
d) história da pragmática30.
II - Áreas de tipo institucional, definidas em função de (para)disciplinas:
história da sociolinguística, história da psicolinguística, historia da neurolin-
guística etc.

25 Sobre análise lógico-axiomática na filosofia e na historiografia da ciência, cf. Sneed (1971)


26 Veja também a discussão em Swiggers (2003) com referência ao fenômeno da “elaboração”
das línguas vernáculas na Idade Média.
27 Cf. as observações em Swiggers (2001a, 2001b).
28 Como, por exemplo, “[história da] gramática do espanhol”; cf. a obra de referência editada
por Gómez Asencio (ed. 2006-2011)
29 Veja o “Corpus de gramáticas” editado por Colombat & Lazcano (1998-2000).
30 Sobre a história da pragmática entre 1780 e 1930, veja Nerlich & Clarke (1996).
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 47

III - Áreas de tipo conceptual, que se definem pelas questões linguísticas


de que tratam e pelas respostas que formulam a respeito:
a) história de problemas teóricos: por exemplo, a mudança linguística31, a
noção de “lingua(gem)”, a origem da linguagem (cf. Gessingen & von Rahden
eds. 1989).
b) história de modelos e de teorias linguísticos32.
IV - Áreas de tipo “ecolinguístico”, que dizem respeito ao entrelace entre
concepções de usuários e concepções de linguistas: aqui se estuda a história das
atitudes linguísticas, por exemplo, com respeito à norma (cf. Padley, 1983), ao
“gênio” de uma língua (cf. Schlaps, 2004; Siouffi, 2010; Joseph, 2012; Van Hal,
2013), às “qualidades” de língua (cf. Swiggers, 1997b), à correção linguística
(cf. Siebenborn, 1976, um estudo sobre os critérios de correção linguística na
Antiguidade).

3.2 Conceitos atinentes à historiografia.

Na historiografia da linguística, como na historiografia de outras disci-


plinas, cabe trabalhar com (uma seleção de) conceitos e de termos33 (mais ou
menos técnicos) que permitem organizar os dados primários, refletir sobre tais
dados, o que contribui para atribuir certo contorno à exposição dos resultados
da investigação historiográfica.
Os (principais) conceitos podem sistematizar-se da seguinte maneira:
I - Pontos/entrelaces de “ancoragem” (anchoring points):
a) entidades individuais: textos, autores, usuários.
b) continua: redes, instituições, escolas, grupos (theory groups)34, círculos,
sociedades.
II - Linhas de desenvolvimento35:
a) rumo evolutivo: mudança, revolução, “conversão36, progresso/estagna-

31 Cf. Schneider (1973), Windisch (1988), Verleyen (2008), Swiggers (2013).


32 Sobre metodologia e epistemologia da linguística, cf. Fernández Pérez (1986) y Parret (1979).
Sobre aspectos metodológicos do modelo gerativo, cf. Botha (1970, 1981).
33 Sobre a importância da investigação terminológica e terminográfica na historiografia da
linguística, veja Colombat & Savelli eds. (2001), Swiggers (2011), Swiggers & Quijada van
den Berghe (2011) e Szoc & Swiggers (2013).
34 Cf. Murray (1994).
35 A análise das linhas de desenvolvimento cruza-se com o problema da periodização. Para
uma abordagem global do problema historiográfico da periodização, veja Van der Pot (1951).
36 Cf. o caso da “etimologia” estudado em Swiggers (1996).
48 Pierre Swiggers

ção/regressão, conservação/perda/rejeição/recorrência, continuidade/desconti-


nuidade, inovação, antecipação.
b) relações com o tempo: fonte, modelo, influência, “abrangência refe-
rencial” (fr. horizon de rétrospection)37, embate de teorias (ing. theory clash).
c) etapas da evolução: programa de investigação38, tradição (nacional39,
étnica, geográfica, modelada, linguístico-cultural, “tópica”), cinosura40, para-
digma41.
III - Conteúdos/ formatos/estratégias.
a) “rotulagem” (labeling): aqui se põem os termos para referir-se a um
modelo, uma teoria, uma abordagem.
b) em relação a formatos:
b.1) conceitos e princípios teóricos.
b.2) técnicas e estilos de descrição (por exemplo, Word and Paradigm,
Item and Process, Item and Arrangement).
b.3) termos T-teoréticos42.
c) estratégias: “deslocamento de conceitos”43, transposição, negociação,
(ing. bargaining)44, empréstimo, adaptação, recontextualização, estratégias
(retóricas e institucionais) de promoção ou descarte de teorias.

3.3 Plano de estudo.

Por “plano de estudo” entendemos o conjunto de “instrumentos” e a


“agenda” de pesquisa que constituem a base e o guia de uma investigação
historiográfica personalizada: cada historiador estabelece uma metodologia
pessoal, em face do objeto de estudo e em consonância com seus interesses,
seu conhecimento, seus objetivos etc.
A respeito do plano de estudo, podem-se distinguir:

37 Cf. Puech ed. (2006).


38 Cf. Schmitter (1998).
39 Sobre o conceito de “tradição nacional”, cf. Noordegraaf (1990).
40 Para este conceito, veja Hymes (1974).
41 Os conceitos de “paradigma” e de “revolução” foram introduzidos na filosofia e na história
das ciências por Kuhn (1969 [11962]), veja também Kuhn (1977). Sobre sua aplicação na
historiografia da linguística, cf. as reflexões críticas de Percival (1976).
42 Sobre este conceito, cf. Stegmüller (1983:1034-1046).
43 Veja o estimulante estudo de Schon (1969 [11963]).
44 Cf. o uso deste conceito em Swiggers (1988, 1997a, 2003) para descrever a utilização,
mediante várias estratégias de adaptação, do modelo (greco-)latino e sua aplicação nas línguas
vernáculas.
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 49

I - Uma base instrumental que inclui:


a) um “portal” de documentação (metadocumentação): bibliografias (gerais
e específicas45), dicionários biográficos (cf. Stammerjohann ed., 2009 [11996]).
b) uma base documental: os textos-fontes, literatura secundária, literatura
“subjacente”.
c) um instrumento conceptual, que consiste em conceitos gerais e conceitos
específicos em relação ao tipo e objeto de investigação (são esses últimos que
formam parte da metodologia específica e personalizada).
II - Uma “agenda” de pesquisa: esta agenda pode ser definida como um
quadro analítico46 que se apresenta sob a forma de uma série de critérios ou de
questionamentos aplicados a um corpus de textos.

4. Para concluir: por que ocupar-se da históriografia da linguística?


Diante do menosprezo que se nota, ao menos em certos países, a respei-
to da historiografia da linguística, há de ressaltar sua importância cognitiva
e educativa47. A história das reflexões e dos esforços envidados em prol do
fenômeno da linguagem é uma parcela essencial de nossa história como seres
humanos, e seu estudo não só nos ensina muito sobre a história da linguística
(e sua proto-história), como também sobre o papel central que exerceu e ainda
exerce a linguagem na história das culturas, das sociedades, das atividades
intelectuais da humanidade.

45 Swiggers (1987a) oferece uma breve bibliografia geral na área da historiografia da linguística.
46 As teses de doutorado que se realizaram sob minha orientação utilizaram quadros analíticos
sistemáticos (e também flexíveis) com aplicação a temas e períodos históricos distintos: cf.
os trabalhos de Desmet (1996), Lauwers (2004), Verleyen (2008), Van Hal (2010) e Szoc
(2013).
47 Veja as reflexões de Fernández Pérez (2001, 2007).
50 Pierre Swiggers

Bibliografia.
ARENS, Hans. 1969. Sprachwissenschaft. Der Gang ihrer Entwicklung von
der Antike bis zur Gegenwart. [segunda edição] Freiburg – München: Alber.
[19551] [Trad. espanhola: La lingüística. Sus textos y su evolución desde la
antigüedad hasta nuestros días, Madrid: Gredos, 1975 (2 vol.)]
AUROUX, Sylvain. ed. 1989-2000. Histoire des idées linguistiques. Liège:
Mardaga. [3 vol.]
AUROUX, Sylvain, Konrad E.F. KOERNER, Hans-Josef NIEDEREHE &
Cornelis H.M. VERSTEEGH. eds. 2000-2006. History of the Language
Sciences. (Handbücher zur Sprach- und Kommunikationswissenschaft, vol.
18). Berlin – New York: W. de Gruyter. [3 vol.]
BOTHA, Rudolf P. 1970. The Methodological Status of Grammatical Argu-
mentation. The Hague: Mouton.
BOTHA, Rudolf P. 1981. The Conduct of Linguistic Inquiry. A systematic in-
troduction to the methodology of generative grammar. The Hague: Mouton.
BUNGE, Mario. 1974. Treatise on Basic Philosophy. Dordrecht: Reidel.
BUNGE, Mario. 1984. “Philosophical Problems in Linguistics”. Erkenntnis
21.107-173.
CHRISTMANN, Hans-Helmut. 1987. “Quelques remarques sur l’histoire de
la linguistique”. Historiographia Linguistica 14. 235-241.
COLLINS, Randall. 1998. The Sociology of Philosophies. A global theory of
intellectual change. Cambridge (Mass.): The Belknap Press of Harvard
University Press.
COLOMBAT, Bernard & Élisabeth LAZCANO. eds. 1998-2000. Corpus
représentatif des grammaires et des traditions linguistiques. [= Histoire,
Épistémologie, Langage, hors-série nos 2 & 3] [2 vol.]
COLOMBAT, Bernard & Marie SAVELLI. eds. 2001. Métalangage et termino-
logie linguistiques. Actes du colloque international de Grenoble (Université
Stendhal – Grenoble III, 14-16 mai 1998). Leuven – Paris – Sterling: Peeters.
DE CLERCQ, Jan & Pierre SWIGGERS. 1991. “L’histoire de la linguistique:
“L’autre histoire” et l’histoire d’une histoire”. Neue Fragen der Linguistik,
ed. por Elisabeth FELDBUSCH, Reiner POGARELL& Cornelia WEISS,
vol. 1, 15-22. Tübingen: Niemeyer.
DESMET, Piet. 1996. La linguistique naturaliste en France (1867-1922).
Nature, origine et évolution du langage. Leuven –Paris: Peeters.
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 51

DESMET, Piet, Lieve JOOKEN, Peter SCHMITTER &Pierre SWIGGERS.


eds. 2000. The History of Linguistic and Grammatical Praxis. Leuven –
Paris – Sterling: Peeters.
DORTA, Josefa, Cristóbal CORRALES & Dolores CORBELLA. eds. 2007.
Historiografía de la lingüística en el ámbito hispánico. Madrid: Arco Libros.
DROIXHE, Daniel, Jean-Claude MULLER & Pierre SWIGGERS. 1989. “Les
correspondances de linguistes: Projet d’inventaire systématique”. Speculum
Historiographiae Linguisticae, ed. por Klaus DUTZ, 347-357. Münster:
Nodus.
DUTZ, Klaus D. 1990. “Methodologische Probleme in der Rekonstruktion
sprachwissenschaftlichen Wissens. Geschichte und Geschichten”. Under-
standing the Historiography of Linguistics: Problems and Projects, ed. por
Werner HÜLLEN, 49-60. Münster: Nodus.
ELFFERS-VAN KETEL, Els. 1991. The Historiography of Grammatical
Concepts. 19th- and 20th-century changes in subject-predicate conception
and the problem of their historical reconstruction. Amsterdam: Rodopi.
FERNÁNDEZ PÉREZ, Milagros. 1986. La investigación lingüística desde la
filosofía de la ciencia (Verba, anexo 28). Santiago de Compostela: Servicio
de Publicacions da Universidade.
FERNÁNDEZ PÉREZ, Milagros. 2001. “Planes de estudio y enseñanza de
la historia de la lingüística”. Actas del Segundo Congreso de la Sociedad
Española de Historiografía lingüística, ed. por M. MAQUIEIRA, M.D.
MARTÍNEZ GAVILÁN& M. VILLAYANDRE, 407-415. Madrid: Arco
Libros.
FERNÁNDEZ PÉREZ, Milagros. 2007. “Método de enseñanza para el apren-
dizaje de la historia de la lingüística”. Historiografía de la lingüística en
el ámbito hispánico, ed. por JosefaDORTA, CristóbalCORRALES ZUM-
BADO& Dolores CORBELLA, 527-545. Madrid: Arco Libros.
GESSINGER, Joachim – Wolfert VON RAHDEN. eds. 1989. Theorien vom
Ursprung der Sprache. Berlin – New York: W. de Gruyter.
GÓMEZ ASENCIO, José J. ed. 2006-2011. El castellano y su codificacion
gramatical. Vol. I-III. Burgos: Instituto castellano y leonés de la lengua.
GÓMEZ ASENCIO, José J. 2007. “La edición de textos clásicos y su contribución
al desarrollo de la historiografía lingüística”. Historiografía de la lingüística
en el ámbito hispánico, ed. por JosefaDORTA, CristóbalCORRALES ZUM-
BADO& Dolores CORBELLA, 479-499. Madrid: Arco Libros.
GORDON, W. Terrence. 1982. A History of Semantics. Amsterdam – Phila-
delphia: J. Benjamins.
52 Pierre Swiggers

GROTSCH, Klaus. 1982. Sprachwissenschaftsgeschichtsschreibung: Ein


Beitrag zur Kritik und zur historischen und methodologischen Selbstver-
gewisserung der Disziplin. Göppingen: Kümmerle.
HACKING, Ian. 1975. Why Does Language Matter to Philosophy ? Cambridge:
Cambridge University Press.
HASSLER, Gerda. 2008. “Les Idéologues et leurs sources: textes de référence
et séries de textes dans la constitution d’un paradigme notionnel”. Actes du
Colloque international «Idéologie – Grammaire générale – Écoles centrales»,
29 mars – 2 avril 2001, ed. por Ilona PABST & Jürgen TRABANT, 60-87.
Berlin: Freie Universität. [http://www.geisteswissenschaften.fu-berlin.de/v/
diskursformation/Actes-du-colloque/index.html]
HÜLLEN, Werner. ed. 1990. Understanding the Historiography of Linguistics:
Problems and Projects. Münster: Nodus.
HYMES, Dell H. 1974. “Introduction: Traditions and Paradigms”. Studies in
the History of Linguistics: Traditions and paradigms,ed. por Dell HYMES,
1-38. Bloomington: Indiana University Press.
HYMES, Dell H. ed. 1974. Studies in the History of Linguistics: Traditions
and paradigms. Bloomington: Indiana University Press.
ITKONEN, Esa. 1991. Universal history of linguistics: India, China, Arabia,
Europe. Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
JOSEPH, John. 2012. “The Genius of the Italian Language: Politics and Poet-
ics”. Historiographia Linguistica 39. 369-377.
KOERNER, E.F. Konrad. 1978. Toward a Historiography of Linguistics. Am-
sterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
KOERNER, E.F. Konrad. 1995. Professing Linguistic Historiography. Amster-
dam – Philadelphia: J. Benjamins.
KOERNER, E.F. Konrad. 1999. Linguistic Historiography: Projects & Pros-
pects. Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
KOERNER, E.F. Konrad. 2004. Essays in the History of Linguistics. Amster-
dam–Philadelphia: J. Benjamins.
KOERNER, E.F. Konrad. 2007. “La Historiografía de la lingüística. Pasado,
presente, futuro”. Historiografía de la lingüística en el ámbito hispánico,
ed. por Josefa DORTA, Cristóbal CORRALES ZUMBADO & Dolores
CORBELLA, 15-56. Madrid: Arco Libros.
KUHN, Thomas Samuel. 1962. The Structure of Scientific Revolutions. Chi-
cago: University of Chicago Press. [21969, segunda edição com posfácio,
Chicago: University of Chicago Press]
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 53

KUHN, Thomas Samuel. 1977. The Essential Tension. Selected Studies in


Scientific Tradition and Change. Chicago: University of Chicago Press.
LAUDAN, Larry. 1984. Science and Value. The Aims of Science and their Role
in Scientific Debate. Berkeley: University of California Press.
LAUWERS, Peter. 2004. La description du français entre la tradition gramma-
ticale et la modernité linguistique. Étude historiographique et épistémolo-
gique de la grammaire française entre 1907 et 1948. Leuven–Paris: Peeters.
LAW, Vivien. 1998. “In Defense of Contextualism”. Metahistoriography.
Theoretical and Methodological Aspects of the Historiography of Linguis-
tics, ed. por Peter SCHMITTER & Marijke VAN DER WAL, 119-125.
Münster: Nodus.
LAW, Vivien. 2003. The History of Linguistics in Europe from Plato to 1600.
Cambridge: Cambridge University Press.
LEPSCHY, Giulio. ed. 1994-1998. History of Linguistics. London: Longman.
[4 vols]
LLITERAS, Margarita – María José MARTÍNEZ ALCALDE – Pierre SWIG-
GERS. 2013. “Présentation [de la section ‘Histoire de la linguistique et
de la philologie romanes’] ”. Actas del XXVI Congreso Internacional
de Lingüística y de Filología Románicas (Valencia 2010), ed. por Emili
Casanova Herrera & César Calvo Rigual, vol. VII, 481-487.
Berlin: W. De Gruyter.
MALKIEL, Yakov & Margaret LANGDON. 1969. “History and Histories of
Linguistics”. Romance Philology 22.530-569.
MILROY, Lesley. 1980. Language and Social Networks. Oxford: Blackwell.
MURRAY, Stephen O. 1994. Theory Groups and the Study of Language in
North America. A social history. Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
NERLICH, Brigitte &David D. CLARKE. 1996. Language, Action and Con-
text. The early history of pragmatics in Europe and America 1780-1930.
Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
NOORDEGRAAF, Jan. 1990. “National Traditions and Linguistic Historiog-
raphy. The case of general grammar in the Netherlands”. Understanding
the Historiography of Linguistics: Problems and Projects, ed. por Werner
HÜLLEN, 287-302. Münster: Nodus.
PADLEY, George A. 1983. “La norme dans la tradition des grammairiens”. La
norme linguistique, ed. por Edith BÉDARD & Jacques MAURAIS, 69-104.
Québec: Gouvernement du Québec; Paris: CILF.
PARRET, Herman. ed. 1976. History of Linguistic Thought and Contemporary
Linguistics. Berlin: W. De Gruyter.
54 Pierre Swiggers

PARRET, Herman. 1979. Filosofie en taalwetenschap. Assen: Van Gorcum.


PASSMORE, John. 1967. “Philosophy, history of –“. Encyclopaedia of Phi-
losophy, ed. por Paul EDWARDS, vol. 6, 226-230. New York: Macmillan.
PERCIVAL, W. Keith. 1976. “The Applicability of Kuhn’s Paradigms to the
History of Linguistics”. Language 52.285-294.
PERELMAN, Chaïm. 1969. “Sens et catégories en histoire”. Les catégories en
histoire, 133-147. Bruxelles: Presses de l’Université Libre.
PUECH, Christian. ed. 2006. Histoire des idées linguistiques et horizons de
rétrospection (= Histoire, Épistémologie, Langage 28/1).
RIDRUEJO, Emilio. 2007. “Lingüística misionera”. Historiografía de la
lingüística en el ámbito hispánico, ed. por Josefa DORTA, Cristóbal COR-
RALES ZUMBADO & Dolores CORBELLA, 435-477. Madrid: Arco
Libros.
ROBINS, Robert H. 1997. A Short History of Linguistics. [Quarta edição]
London: Longman. [Primeira edição: 1967]
ROGGENBUCK, Simone. 2005. Die Wiederkehr der Bilder. Arboreszenz
und Raster in der interdisziplinären Geschichte der Sprachwissenschaft.
Tübingen: Narr.
SCHLAPS, Christiane. 2004. “The ‘Genius of Language‘”. Historiographia
Linguistica 31. 367-388.
SCHMITTER, Peter. 1982. Untersuchungen zur Historiographie der Linguistik:
Struktur – Methodik – theoretische Fundierung. Tübingen: Narr.
SCHMITTER, Peter. ed. 1987–2007. Geschichte der Sprachtheorie. Tübingen:
Narr. [9 vols.]
SCHMITTER, Peter. 1990. Essays Towards a History of Semantics. Münster:
Nodus.
SCHMITTER, Peter. 1994. Narrativity as a Metahistorical Term: Some System-
atic and Historical Considerations“. Perspectives on English, ed. por Keith
CARLON, Kristin DAVIDSE & Brygida RUDZKA-OSTYN, 140-157.
Leuven – Paris: Peeters.
SCHMITTER, Peter. 1998. “Der Begriff des Forschungsprogramms als me-
tahistoriographische Kategorie der Wissenschaftsgeschichtsschreibung der
Linguistik”. Metahistoriography. Theoretical and Methodological Aspects
of the Historiography of Linguistics, ed. por Peter SCHMITTER & Marijke
VAN DER WAL, 133-152. Münster: Nodus.
SCHMITTER, Peter. 2003. Historiographie und Narration. Metahistoriogra-
phische Aspekte der Wissenschaftsgeschichtsschreibung der Linguistik.
Tübingen: Narr; Seoul: Sowadalmedia.
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 55

SCHMITTER, Peter & Marijke VAN DER WAL. eds. 1998. Metahistorio­
graphy. Theoretical and methodological aspects of the historiography of
linguistics. Münster: Nodus.
SCHNEIDER, Gisela. 1973. Zum Begriff des Lautgesetzes in der Sprachwis-
senschaft seit den Junggrammatikern. Tübingen: Narr.
SCHON, Donald A. 1963. Displacement of Concepts. London – New York:
Tavistock. [19692: Invention and the Evolution of Ideas. London – New
York: Tavistock]
SEBEOK, Thomas A. ed. 1975. Current Trends in Linguistics, vol. 13: Histo-
riography of Linguistics. The Hague: Mouton.
SIEBENBORN, Elmar. 1976. Die Lehre von der Sprachrichtigkeit und ihren
Kriterien: Studien zur antiken normativen Grammatik. Amsterdam: Grüner.
SIMONE, Raffaele. 1995. “Purus historicus est asinus: Quattro modi di fare
storia della linguistica”. Lingua e Stile 30.117-126.
SIOUFFI, Gilles. 2010. Le génie de la langue française: études sur les struc-
tures imaginaires de la description linguistique à l‘âge classique. Paris:
Champion.
SNEED, Joseph D. 1971. The Logical Structure of Mathematical Physics.
Dordrecht: Reidel.
STAMMERJOHANN, Harro. ed. 1996. Lexicon grammaticorum. Tübingen:
Niemeyer. [20092, Lexicon grammaticorum. A Bio-Bibliographical Com-
panion to the History of Linguistics. Tübingen: Niemeyer, 2 vols.]
STEGMÜLLER, Wolfgang. 1979. The Structuralist View of Theories. Berlin:
Springer.
STEGMÜLLER, Wolfgang. 1983. Probleme und Resultate der Wissenschafts-
theorie und Analytischen Philosophie. Vol. I: Erklärung – Begründung -
Kausalität. [Segunda edição] Berlin: Springer. [19691]
SWIGGERS, Pierre. 1979. “Note épistémologique sur le statut de l’historio-
graphie de la linguistique”. Histoire, Épistémologie, Langage 1.61-63.
SWIGGERS, Pierre. 1980. “The Historiography of Linguistics”. Linguistics
18.703-720.
SWIGGERS, Pierre. 1981a. “The History-writing of Linguistics: A Method-
ological Note”. General Linguistics 21,1.11-16.
SWIGGERS, Pierre. 1981b. “Comment écrire l’histoire de la linguistique?”.
Lingua 55.63-74.
SWIGGERS, Pierre. 1983. “La méthodologie de l’historiographie de la lin-
guistique”. Folia Linguistica Historica 4.55-79.
56 Pierre Swiggers

SWIGGERS, Pierre. 1984. “La construction d’une théorie de l’historiographie


de la linguistique: quelques réflexions méthodologiques”. Matériaux pour
une histoire des théories linguistiques, ed. por Sylvain AUROUXet al., 15-
21. Lille: Presses Universitaires de Lille.
SWIGGERS, Pierre. 1987a. “Histoire et histoires de la linguistique: Bibliogra-
phique systématique”. L’Information grammaticale 32.29-31.
SWIGGERS, Pierre. 1987b. “Remarques sur le langage historiographique”. His-
toire sans paroles, ed. por Pierre RION, 29-48. Louvain-la-Neuve: Peeters.
SWIGGERS, Pierre. 1988. “Les premières grammaires des vernaculaires gal-
lo-romans face à la tradition latine: stratégies d’adaptation et de transfor-
mation”. L’héritage des grammairiens latins de l’Antiquité aux Lumières.
Actes du Colloque de Chantilly 2-4 septembre 1987, ed. por Irène ROSIER,
259-269. Paris: Société pour l’Information grammaticale.
SWIGGERS, Pierre. 1989. “Linguistics”. International Encyclopedia of Com-
munications, ed. por E. BARNOUW, G. GERBNERet al., vol. 2, 431-436.
New York – Oxford: Oxford University Press.
SWIGGERS, Pierre. 1990. “Reflections on (Models for) Linguistic Historio­
graphy”. Understanding the Historiography of Linguistics: Problems and
Projects, ed. por Werner HÜLLEN, 21-34. Münster: Nodus.
SWIGGERS, Pierre. 1991a. “L’historiographie des sciences du langage: intérêts
et programmes”. In: Proceedings of the Fourteenth International Congress
of Linguists, Berlin/GDR, August 10 - August 15, 1987, 2713-2716. Berlin:
Akademie-Verlag.
SWIGGERS, Pierre. 1991b. “Creuser dans l’histoire des sciences du langage:
vers une archéologie du savoir linguistique”. La constitution du document en
histoire des sciences du langage (= La Licorne 19), ed. por Jacques-Philippe
SAINT-GÉRAND, 115-134.
SWIGGERS, Pierre. 1993. “Langage, Langue(s), Comparaison et Histoire aux
Temps modernes”. Münstersches Logbuch zur Linguistik 4.1-29.
SWIGGERS, Pierre. 1996. “L’étymologie: Les transformations de l’étude his-
torique du vocabulaire aux Temps Modernes”. Sprachtheorien der Neuzeit
II: Von der Grammaire de Port-Royal (1660) zur Konstitution moderner
linguistischer Disziplinen (= Geschichte der Sprachtheorie, Band V), ed.
por Peter SCHMITTER, 352-385. Tübingen: Narr.
SWIGGERS, Pierre. 1997a. Histoire de la pensée linguistique. Paris: P.U.F.
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 57

SWIGGERS, Pierre. 1997b. “Français, italien (et espagnol): un concours de


‘précellence’ chez Henri Estienne”. Italica et Romanica. Festschrift für Max
Pfister zum 65. Geburtstag, ed. por Günter HOLTUS, Johannes KRAMER
& Wolfgang SCHWEICKARD, vol. II, 297-311. Tübingen: Max Niemeyer
SWIGGERS, Pierre. 1998. “History of Linguistics”. Encyclopedia Americana,
vol. 17, 532f-532p. New York: Grolier.
SWIGGERS, Pierre. 2001a. “La philologie romane de Dante à Raynouard:
Linguistique et grammaticographie romanes (article 1b)”. Lexikon der Ro-
manistischen Linguistik, ed. por Günter HOLTUS, Michael METZELTIN&
Christian SCHMITT, vol. I, 1, 36-121. Tübingen: Niemeyer.
SWIGGERS, Pierre. 2001b. “L’histoire des grammaires et des manuels de
langues romanes (article 17a, b, d)”. Lexikon der Romanistischen Linguistik,
ed. por Günter HOLTUS, Michael METZELTIN & Christian SCHMITT,
vol. I, 1, 476-532. Tübingen: Niemeyer.
SWIGGERS, Pierre. 2003. “Continuités et discontinuités, tension et synergie:
les rapports du latin et des langues vernaculaires, reflétés dans la modélisa-
tion grammaticographique”. The Dawn of the Written Vernacular in Western
Europe, ed. por Michèle GOYENS & Werner VERBEKE, 71-105. Leuven:
Leuven University Press.
SWIGGERS, Pierre. 2004. “Modelos, métodos y problemas en la historiografía
de la lingüística”. Nuevas aportaciones a la historiografía lingüística. Actas
del IV Congreso Internacional de la SEHL, La Laguna (Tenerife), 22 al 25
de octubre de 2005, ed. por Cristóbal CORRALES ZUMBADO, Josefa
DORTA LUIS et al., vol. I, 113-146. Madrid: Arco Libros.
SWIGGERS, Pierre. 2006. “Another Brick in the Wall: The Dynamics of the
History of Linguistics”. Amicitia in Academia. Composities voor Els Elffers,
ed. por Jan NOORDEGRAAF, Frank VONK & Marijke VAN DER WAL,
21-28. Münster: Nodus.
SWIGGERS, Pierre. 2009. “La historiografía de la lingüística: apuntes y
reflexiones”. Revista argentina de historiografía lingüística 1. 67-76. [versão
electrônica: www.rahl.com.ar]
SWIGGERS, Pierre. 2010. “History and Historiography of Linguistics; Status,
Standards and Standing” + Tradução portuguesa: “História e Historiografia
da Linguística: Status, Modelos e Classificações”. Trad. por Profa. Dra.
Cristina ALTMAN. Eutomia. Revista Online de Literatura e Linguistica
3/2. [Dezembro 2010; http://www.Revistaeutomia.com.br/eutomia-ano3-
volume2-destaquez.html]
58 Pierre Swiggers

SWIGGERS, Pierre. 2011. “Terminología gramatical y lingüística: Elementos


de análisis historiográfico y metodológico”. Res Diachronicae 7. 11-35.
SWIGGERS, Pierre. 2012a. “Linguistic Historiography: Object, Methodology,
Modelization”.Revista Todas as Letras 14:1. 38-53. [htpp: www3.mackenzie.
br/editor/index.php/tl/issue/current]
SWIGGERS, Pierre. 2012b.“Historiografía de la gramaticografía didáctica:
apuntes metodológicos con referencia a la (historia de la) gramática española
y francesa”. Lengua, literatura y educación en la España del siglo XIX, ed.
por Neus VILA RUBIO, 15-37. Bern – Berlin: Peter Lang; Lérida: Edicions
i Publicacions de la Universitat de Lleida.
SWIGGERS, Pierre. 2013. “Aspectos del desarrollo de la lingüística histórica en
los siglos XIX y XX”. III Congreso de la Cátedra Luis Michelena, ed. por
Ricardo GÓMEZ et al., 405-450. Vitoria-Gasteiz: Universidad del País Vasco.
SWIGGERS, Pierre, Piet DESMET & Lieve JOOKEN. 1998a. “Metahistorio-
graphy Meets (Linguistic) Historiography”. Metahistoriography. Theoretical
and Methodological Aspects of the Historiography of Linguistics, ed. por
Peter SCHMITTER & Marijke VAN DER WAL, 29-59. Münster: Nodus.
SWIGGERS, Pierre, Piet DESMET & Lieve JOOKEN. 1998b. “History, His-
toriography, Metahistoriography: The (Non Trivial?) Sign of Three; History,
Where are You?”. Metahistoriography. Theoretical and Methodological
Aspects of the Historiography of Linguistics, ed. por Peter SCHMITTER&
Marijke VAN DER WAL, 77-85. Münster: Nodus.
SWIGGERS, Pierre & Carmen QUIJADA VAN DEN BERGHE. 2011. “La
terminología del pronombre en la gramática española, de Nebrija (1492) a
Bello (1847): Algunos apuntes”. Res Diachronicae 7. 263-292.
SWIGGERS, Pierre & Alfons WOUTERS. eds. 1996. Ancient Grammar:
Content and Context. Leuven –Paris: Peeters.
SWIGGERS, Pierre & Alfons WOUTERS. 2004. “The Concept of “Grammar”
in Antiquity”. The History of Linguistics in Texts and Concepts, ed. por
Gerda HASSLER, vol. I, 73-85. Münster: Nodus.
SWIGGERS, Pierre & Alfons WOUTERS. 2011. “Grammar: Between Bildung
and Erinnerungskultur”. Ancient Grammar and its Posterior Tradition, ed.
por Nikolaj KAZANSKY et al., 3-25. Leuven – Paris – Walpole: Peeters.
SZOC, Sara.2013. Le prime grammatiche d’italiano nei Paesi Bassi (1555-
1710). Struttura, argomentazione e terminologia della descrizione gram-
maticale. KU Leuven [Tese de doutorado].
A historiografia da linguística: objeto, objetivos, organização 59

SZOC, Sara & Pierre SWIGGERS. 2013. “Au carrefour de la (méta)lexicogra-


phie, de la terminographie, de la grammaticographie et de la linguistique
contrastive: La terminologie grammaticale dans les grammaires de l’italien
aux Pays-Bas”. Actas del XXVI Congreso Internacional de Lingüística y
de Filología Románicas (Valencia 2010), ed. por EmiliCasanova Her-
rera& CésarCalvo Rigual, vol. VII, 653-666. Berlin: W. De Gruyter.
VAN DER POT, Johan H.J. 1951. De periodisering der geschiedenis. Een
overzicht der theorieën. ’s Gravenhage: Van Stockum.
VAN HAL, Toon. 2010. ‘Moedertalen en taalmoeders’. Het vroegmoderne
taalvergelijkende onderzoek in de Lage Landen. Brussel: Koninklijke
Vlaamse Academie van België voor Wetenschappen en Kunsten.
VAN HAL, Toon. 2012. “ ‘Génie de la langue’: the genesis and early evolution
of a key notion in Early Modern European learning”. Language & History
56/2. 81-97.
VERLEYEN, Stijn. 2008. Fonction, forme et variation. Analyse métathéo-
rique de trois modèles du changement phonique au XXe siècle (1929-1982).
Leuven – Paris: Peeters.
VEYNE, Paul. 1971. Comment on écrit l’histoire. Essai d’épistémologie. Paris:
Seuil.
WINDISCH, Rudolf. 1988. Zum Sprachwandel von den Junggrammatikern
zu Labov. Frankfurt: Lang.
ZWARTJES, Otto. 2011. Portuguese Missionary Grammars in Asia, Africa and
Brazil, 1550-1800. Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
ZWARTJES, Otto & Cristina ALTMAN. eds. 2005. Missionary Linguistics
II / Lingüística misionera II. Orthography and Phonology.Amsterdam –
Philadelphia: J. Benjamins.
ZWARTJES, Otto & Even HOVDHAUGEN. eds. 2004. Missionary Linguistics
[I]/ Lingüística misionera [II]. Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
ZWARTJES, Otto, Gregory JAMES & Emilio RIDRUEJO. eds. 2007. Mis-
sionary Linguistics III/Lingüística misionera III. Morphology and Syntax.
Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
ZWARTJES, Otto, Ramón ARZÁPALO & Thomas SMITH-STARK. eds.
2009. Missionary Linguistics IV / Lingüística misionera IV. Lexicography.
Amsterdam – Philadelphia: J. Benjamins.
ZWARTJES, Otto & E.F. Konrad KOERNER. eds. 2009. Quot homines tot
artes: New Studies in Missionary Linguistics. (= Historiographia Linguis-
tica 36/2-3).

Você também pode gostar