UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA

PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO VISUAL ATRAVÉS DA INTERPRETAÇÃO SUBJETIVA

Bianca Russo da Silva RA N690GD2

Débora Beatriz Rangel Preda RA N6761G4

Gabriel Baccarin RA N5746A4

Letícia Gabriela Ferreira RA N69044-5

Lillian Soares dos Santos RA N5845D7

Mirela Ferreira da Silva RA N575AG0

Paulo Fernando Scapim Júnior RA T6938I-1

CAMPINAS-SP

2020
 1

UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS

CURSO DE PSICOLOGIA

BIANCA RUSSO DA SILVA RA N690GD2

DÉBORA BEATRIZ RANGEL PREDA RA N6761G4

GABRIEL BACCARIN RA N5746A4

LETÍCIA GABRIELA FERREIRA RA N69044-5

LILLIAN SOARES DOS SANTOS RA N5845D7

MIRELA FERREIRA DA SILVA RA N575AG0

PAULO FERNANDO SCAPIM JÚNIOR RA T6938I-1

PROCESSOS PSICOLÓGICOS BÁSICOS

ANÁLISE DA PERCEPÇÃO VISUAL ATRAVÉS DA INTERPRETAÇÃO SUBJETIVA

Trabalho de conclusão de Atividades Práticas

Supervisionadas (APS), sob orientação de Profa.
Simone Sanches do curso de Psicologia da
Universidade Paulista (UNIP).

CAMPINAS-SP

2020
 2

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 3
2. METODOLOGIA ................................................................................................... 4

3. ANÁLISE DAS ENTREVISTAS ........................................................................... 5

3.1 Descrição das Imagens Aplicadas ............................................................... 5

3.2 Perfil dos Entrevistados e Respostas Obtidas .............................................. 8
3.3 Análises das Respostas ................................................................................ 9

4. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO ................................................................... 13

4.1 Percepção Visual: Aspectos Fisiológicos e Psicológicos ........................... 13

4.2 As Leis da Organização da Percepção Visual: Gestalt ................................ 14
4.3 Associação dos Sentimentos com a Percepção Visual ................................ 14

4. CONCLUSÃO ...................................................................................................... 15
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 16
 3

1. INTRODUÇÃO

O ser humano faz uso da percepção em seu cotidiano através de um processo ou um

resultado pelo qual os objetos, pessoas, situações, ou acontecimentos reais se tornam
conscientes através da captação que o corpo humano realiza por meio dos sentidos,
incluindo atividades de reconhecimento, observação e discriminação (SANTIL, 2008).
No decurso da percepção, o indivíduo capta, interpreta, seleciona e organiza suas
impressões para atribuir significado ao seu meio (OLIVEIRA, 2013).
Dentre todos os tipos de percepções, estaremos focando na percepção visual, que seria
uma parte do processo básico psicológico, responsável pela compreensão de certos
estímulos visuais, quando há algum tipo de informação adquirida através dos olhos
(SANTIL, 2008). Com isso, o objetivo tratado a seguir seria demonstrar, através de dados
recolhidos em campo, como um mesmo estímulo visual difere em significados,
compreensão, sentimentos e memórias de cada indivíduo.
 4

2. METODOLOGIA

A metodologia que usamos em nosso trabalho foi baseada na Psicologia Gestalt,

apresentando à sete participantes dez imagens de sentido ambíguo, onde havia duas
possibilidades de respostas à primeira vista, e, se a imagem fosse encarada com mais
cuidado, haveria vários detalhes à serem descobertos. Com isso, foi solicitado aos
entrevistados que respondessem à três perguntas, sendo elas:
1º - Qual a primeira coisa que você vê?
A intenção era saber, literalmente, o que o entrevistado enxergava, já que a interpretação
instantânea é o que consideramos e nos baseamos no decorrer da pesquisa.
2º - O que você sente ao ver esta imagem?
Os entrevistados precisavam descrever o seu sentimento ou o que lhe era remetido
ao ver as imagens, visto que, para cada um, cada imagem será interpretada de maneiras
diferentes e com sentimentos diferentes, pois o sentimento se baseia na vivência de cada
um e ao ambiente que cresceu/vive. Desta maneira, eles podem externalizar seus
sentimentos e suas angústias, pode falar ou demonstrar seus medos. A partir desta ideia,
é possível notar como percebem o mundo e como lidam com seus conflitos (LUIJPEN,
1973).
3º - A imagem lhe traz alguma lembrança?
Nesta questão, é valido lembrar que cada situação da vida é experimentada de
maneira diferente, pois cada um se estrutura a partir de suas experiências de vida, que é
individual. Cada lembrança vivenciada pelo entrevistado depende de como foi
estruturado o seu crescimento e experiência.
Dando sequência nas perguntas, as respostas obtidas foram gravadas durante a
entrevista e estas serão analisadas para que possamos observar o comportamento da
perspectiva de cada pessoa.
 5

3. ANÁLISES DAS ENTREVISTAS

3.1. Descrição das Imagens Aplicadas

Na IMAGEM 1, vemos, como um todo, uma paisagem com montanhas, entre elas, o
pôr do sol e acima de uma colina, dois cavalos relinchando um de frente ao outro.
Entretanto, há a possibilidade de enxergar um rosto de
uma mulher, no qual os cascos dos cavalos se tornam
os olhos e as sobrancelhas, assim como os próprios
cavalos se transformam em madeixas castanhas. O sol
dá lugar aos lábios e um pássaro se torna seu nariz.
Na IMAGEM 2, percebe-se um fundo de cor
neutra, onde, destacado em preto, há a silhueta de uma
arvore com alguns pássaros sobrevoando seu topo.
Porém, se desconsiderarmos esta imagem e a notamos
por outra perspectiva, é possível enxergar o contorno
de um primata e um felino
encarando um ao outro em frente à
arvore e, desta forma, ela acaba
sendo o fundo da imagem e os
animais são realçados.
A IMAGEM 3 é um clássico da
Psicologia Gestalt, onde a parte em
preto pode ser vista como o contorno de um vaso ou uma taça e o fundo da imagem seria
branco. Porém, caso for reparada
primeiramente na parte branca, pode-se
enxergar a silhueta de dois rostos de perfil e o
fundo se torna preto.
Na IMAGEM 4, como um todo, seria uma
jovem sentada sobre uma cadeira em frente à
uma penteadeira, mirando-se no espelho
redondo à sua frente e, sobre a penteadeira, há
 6

um tecido e alguns cosméticos. Entretanto, se a

ilustração for vista de uma distância considerável,
pode-se vislumbrar a fisionomia de uma caveira, visto
que os cabelos da moça, presos em um coque, e seu
reflexo tornam-se dois buracos negros onde seriam os
olhos da caveira, o espelho se transforma em um
crânio, o tecido sobre a penteadeira representa o queixo
e os cosméticos apoiados seriam os dentes e uma
espécie de boca.
Já na IMAGEM 5, há uma paisagem com um lago,
algumas árvores e ao fundo, o pôr do sol. Além disso,
há também um homem pescando um peixe com sua
vara, uma mulher com capuz agachada frente à
uma fogueira e um homem sentado ao pé de uma
das arvores. Contudo, se a ilustração for
observada sob outra perspectiva, pode-se
enxergar um rosto, visto que, os galhos de uma
das árvores transformam-se em olhos, o gramado
forma o contorno das bochechas, a mulher de
capuz se torna o nariz e o tronco de uma outra
árvore representa a boca e o queixo.
A IMAGEM 6 seria o perfil de um casal de idosos
frente a frente. Porém, se visto mais atentamente,
pode-se identificar dois homens com chapéus de palha formando o contorno dos rostos
dos idosos, seu nariz, seus olhos, sua boca e até mesmo seu queixo. Um dos homens está
tocando um violão e o instrumento se
transforma em um bigode. Ao fundo da
imagem, há um local com arcos de
pedras e uma pessoa sai de um arco mais
distante, presentando a orelha do idoso.
Uma cortina na entrada de um dos arcos
faz o cabelo da idosa e a roupa do casal
são tapetes entrelaçados
 7

Na IMAGEM 7, há a possibilidade de enxergar

uma jovem de costas ou uma idosa de perfil, visto que
a silhueta do rosto da moça também pode ser o nariz da
mulher, assim como o pescoço da menina dá lugar ao
queixo da velha, a orelha da mais nova transforma-se
no olho da mais velha e uma parte do cabelo da moça
vira algumas rugas da idosa.
A IMAGEM 8, há o perfil de um idoso de
cabelo e barba grisalhos, com uma postura imponente,
apoiando a mão
sobre o peito. Mas, quando olhamos a imagem com
mais cuidado, vimos que a mão apoiada sob o peito na
verdade e um cachorro deitado em meio à rua. Um
casal forma o rosto do idoso, um arco de pedra forma
sua cabeça e alguns galhos secos formam seus cabelos
e uma parte da barba.
Passando para a IMAGEM 9, assim como a
imagem anterior,
mostra o perfil de
um idoso de cabelos compridos e barba grisalhos.
Porém, se observada com mais atenção, pode-se
notar que a barba na verdade é um cavalo branco e,
montado nele, um homem de chapéu transformando-
se no rosto do idoso. O cabelo é um riacho e a roupa
é uma pessoa deitada ao chão coberta por um tecido.

Por fim, a IMAGEM 10, onde há a

possibilidade de enxergar tanto um pato,
quanto um coelho, visto que as orelhas do
coelho pode ser também o bico do outro
animal.
 8

3.2. Perfil dos Entrevistados e Respostas Obtidas

ENTREVISTADOS E RESPOSTAS

NOMES FICTÍCIOS JOSÉ LAURA LUCIANO CAMILA MARIANA DANIEL PAMELA

IDADE 30 ANOS 41 ANOS 19 ANOS 65 ANOS 18 ANOS 12 ANOS 48 ANOS

DOIS CAVALOS SE
PERGUNTA 1 O ROSTO DA MULHER O ROSTO DA MULHER DOIS CAVALOS O ROSTO DA MULHER DOIS CAVALOS O ROSTO DA MULHER
BEIJANDO
SENTE QUE A FOTO É
SOLIDÃO NO OLHAR DESCONFORTÁVEL SENSAÇÃO
IMAGEM 1 PERGUNTA 2 SERIEDADE AMOR SERIEDADE SEM EMOÇÕES
DELA POR CONTA DO ESTRANHA
DUPLO SENTIDO
LHE REMETE À UM
PERGUNTA 3 SEM MEMÓRIAS NAMORADO LHE REMETE À VIDA SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
FILME

A ÁRVORE, MAS LOGO VÊ UMA MULHER

PERGUNTA 1 DEPOIS CORRIGE O LEÃO A ÁRVORE SENTADA EMBAIXO A ÁRVORE OS PEIXES NA ÁGUA O LEÃO E O MACACO
PARA O TIGRE DA ÁRVORE

SENTIMENTO DE SENSAÇÃO DE
PERGUNTA 2 FORÇA ESPERANÇA SEM EMOÇÕES MILAGRE TRANQUILIDADE
BRIGA DISPUTA
IMAGEM 2 LHE REMETE À UM
FILME SOBRE UMA
LHE REMETE À
MENINA COM UMA
LEMBRANÇA DE
PERGUNTA 3 RESILIENCIA CONFRONTO LHE REMETE À VIDA DOENÇA TERMINAL E SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
SENTAR E COMER
QUE FOI CURADA
DEBAIXO DE ÁRVORE
ATRAVÉS DE
ORAÇÕES

PERGUNTA 1 A TAÇA A TAÇA A TAÇA OS ROSTOS A TAÇA A TAÇA OS ROSTOS

SENTE QUE A FOTO É
VONTADE DE TOMAR DESCONFORTÁVEL
PERGUNTA 2 ESCURIDÃO SEM EMOÇÕES VONTADE DE BEIJAR SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES
VINHO POR CONTA DO
IMAGEM 3 DUPLO SENTIDO
DOIS NAMORADOS, LHE REMETE À
PERGUNTA 3 SEM MEMÓRIAS DEPOIS DE ENXERGAR LHE REMETE À IGREJA QUANDO BEIJAVA SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
OS DOIS ROSTOS SEU ESPOSO

A MULHER OLHANDO A MULHER OLHANDO A MULHER OLHANDO

PERGUNTA 1 A CAVEIRA A CAVEIRA A CAVEIRA A CAVEIRA
PARA O ESPELHO PARA O ESPELHO PARA O ESPELHO

IMAGEM 4 SENTE QUE A MULHER ACHA A MULHER

PERGUNTA 2 MORTE MEDO TRISTEZA MEDO/DESCONFORTO SENSAÇÃO RUIM
ESTÁ SE ADMIRANDO BONITA

LHE REMETE À LEMBRANÇA DE

PERGUNTA 3 SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
CEMINTÉRIO FILME ANTIGO

PERGUNTA 1 O ROSTO O ROSTO O ROSTO O PESCADOR O ROSTO O PESCADOR O PESCADOR

DIZ QUE O ROSTO
VONTADE DE PESCAR ESTÁ COM UMA
PERGUNTA 2 PAZ SEM EMOÇÕES SOFRIMENTO CONFUSÃO SENSAÇÃO DE PAZ
TAMBÉM EXPRESSÃO
IMAGEM 5 ASSUSTADA
LHE REMETE À
APENAS QUE A LEMBRANÇA DE JÁ
INFANCIA QUANDO O
PERGUNTA 3 NATUREZA É SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS TER ESTARDO EM UM
PAI TAMBEM
FANTÁSTICA LOCAL PARECIDO
PESCAVA

OS DOIS MARIATES
PERGUNTA 1 A ÁGUA DOURADA OS IDOSOS OS IDOSOS OS IDOSOS OS IDOSOS OS IDOSOS
NO POR DO SOL
ENXERGA O FUTURO,
SABE QUE A IDADE SENTIMENTO DE ALEGRE POR SER
IMAGEM 6 PERGUNTA 2 RIQUEZA PASSAR DO TEMPO SEM EMOÇÕES AMOR
CHEGARÁ PARA ELA CONFUSÃO COLORIDA
TAMBÉM
LHE REMETE AOS LHE REMETE AOS LHE REMETE AOS LHE REMETE AOS LHE REMETE AOS
PERGUNTA 3 DINHEIRO SEM MEMÓRIAS
SEUS AVÓS SEUS AVÓS SEUS AVÓS SEUS AVÓS SEUS AVÓS
 9

PERGUNTA 1 A MOÇA A MOÇA A IDOSA A IDOSA A MOÇA A MOÇA A MOÇA

SENSAÇÃO DE
IMAGEM 7 PERGUNTA 2 SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES MEDO PORQUE É FEIO INGENUIDADE MEDO IMAGEM ANTIGA,
ESCURIDÃO
LEMBRANÇA DE
PERGUNTA 3 SEM MEMÓRIAS REMETE À INFÂNCIA FILME DE TERROR SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
FILME CLÁSSICO

A MULHER DE A MULHER DE
PERGUNTA 1 O HOMEM DE CHAPÉU O IDOSO O IDOSO O IDOSO O IDOSO
VESTIDO VESTIDO E O CORVO
GOSTOU DA
AMBIGUIDADE DA SENSAÇÃO DE
IMAGEM 8 PERGUNTA 2 SABEDORIA SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES
IMAGEM, DIZ QUE É AMBIENTE RELIGIOSO
UM DESENHO LEGAL
LHE REMETE À LEMBRANÇA DA
PERGUNTA 3 SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
ESCOLA IGREJA

O HOMEM NO O HOMEM NO O HOMEM NO O HOMEM NO O HOMEM NO O HOMEM NO

PERGUNTA 1 O IDOSO
CAVALO CAVALO CAVALO CAVALO CAVALO CAVALO
GANÂNCIA, DESDÉM.
GOSTOU DA
DIZ QUE O HOMEM NO
IMAGEM 9 SENTE QUE O HOMEM AMBIGUIDADE DA
PERGUNTA 2 SEM EMOÇÕES DIFICULDADE ACHOU BONITO CAVALO PARECE SENSAÇÃO DE NOITE
ESTÁ OBESERVANDO IMAGEM, DIZ QUE É
CAÇOAR DA PESSOA
UM DESENHO LEGAL
DEITADA.
PERGUNTA 3 SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS

O PATO E ENXERGOU
VÊ AO MESMO TEMPO
PERGUNTA 1 O COELHO O PATO O COELHO O PATO O COELHO O COELHO COM
O PATO E O COELHO
DIFICULDADE

DIZ QUE FOI SUA

IMAGEM PREFERIDA,
IMAGEM 10 ACHA O DESENHO A MAIS LEGAL
PERGUNTA 2 SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES SEM EMOÇÕES VELOCIDADE SEM EMOÇÕES
LEGAL PORQUE FOI A MAIS
DIFÍCIL DE ENXERGAR
A AMBIGUIDADE
LEMBRA UM PATO LHE REMETE À UM
LHE REMETE À
PERGUNTA 3 QUE TINHA EM SUA SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS DIA QUE FOI QUASE SEM MEMÓRIAS SEM MEMÓRIAS
PÁSCOA
CHÁCARA ROUBADA NA RUA

3.3. Análises das Respostas

I. Imagem 1

Na 1º pergunta, dentre os sete entrevistados, quatro viram o rosto da mulher e o

restante observaram os dois cavalos. Estes que observaram o rosto são da faixa etária de
18-50 anos e metade são do sexo feminino, já os que observaram os cavalos tem as idades
12, 41 e 65 anos e 2 de 3 são do sexo feminino.

Na 2º pergunta, as emoções sentidas apontadas pelos indivíduos uma única vez

foram: amor, emoção e solidão; mas duas duplas responderam desconforto e seriedade, e
apenas a mulher de 65 anos não sentiu emoção alguma.

Na 3º pergunta, quatro pessoas não tiveram nenhuma memória em relação à imagem

observada, enquanto o restante lembrou: do namorado, à vida e à um filme.
 10

II. Imagem 2

Na 1º pergunta, 3 dos 7 entrevistados observaram a árvore, outros 3 viram um felino

(variando entre leão e tigre), entretanto, a mulher de 65 anos observou uma mulher
sentada abaixo da árvore e o menino de 12 anos observou peixes na água.

Na 2º pergunta, as emoções indicadas foram diferentes, sendo nenhuma em comum:

força, briga, esperança, milagre, tranquilidade, disputa e nenhuma emoção.

Na 3º pergunta, as lembranças foram mais sentimentais, mas também específicas

sendo estas: resiliência, confronto, remete à vida, à comer sentada debaixo da árvore, à
um filme sobre uma garota com doença terminal curada por orações e dois entrevistados
não teve memórias em relação à imagem.

III. Imagem 3

Na 1º pergunta, 5 observaram a taça, sendo estes na faixa de 12-41 anos e os outros 2

observaram os rostos, estes da faixa de 48-65 anos.

Na 2º pergunta, foram apontadas as seguintes emoções: vontade de tomar vinho,

escuridão, vontade de beijar, desconforto e sem emoções (2 entrevistados). As vontades
foram apontadas por adultos maiores de 30 anos.

Na 3º pergunta, apenas três entrevistados tiveram memórias devido a foto, sendo

estas: dois namorados, beijando o esposo e remete à uma igreja, em que as idades destas
respostas são, respectivamente: 41, 65 e 19 anos.

IV. Imagem 4

Na 1º pergunta, quatro pessoas apontaram ver a caveira e apenas três observaram a

mulher no espelho, em que destes 3 foram dois homens e 1 mulher.

Na 2º pergunta, as respostas foram diferentes para todos os entrevistados, em que

estas foram: admiração, morte, medo, beleza, tristeza, medo e “sensação ruim”
(remetendo ao desconforto). As palavras negativas estão relacionadas com aqueles que
observaram a caveira.

Na 3º pergunta, apenas dois entrevistados tiveram uma memória pela imagem, em que
remete à cemitério e filme antigo, ambos relacionados à caveira. Os entrevistados que
viram a mulher no espelho não tiveram memória alguma.
 11

V. Imagem 5

Na 1º pergunta, dentre os sete entrevistados, quatro viram o rosto entre as árvores e

os demais observaram primeiramente o pescador. Estes que observaram o rosto são da
faixa etária de 18-41 anos e a metade são do sexo masculino, já os que observaram o
pescador tem as idades 12, 48 e 65 anos e 2 de 3 são do sexo feminino.

Na 2º pergunta, as respostas relacionadas às emoções divergiram entre confusão,

medo, sofrimento e até mesmo o sentimento de tranquilidade. O sentimento de paz
aparece duas vezes nas respostas de José (30 anos) e Pamela (48 anos).

Na 3º pergunta, quatro pessoas não tiveram nenhuma memória em relação à imagem

observada, enquanto o restante lembrou da sua infância (Camila, 65 anos), ou um local
parecido com a paisagem (Pamela, 48 anos) ou até mesmo a beleza da natureza (José, 30
anos).

VI. Imagem 6

Na 1º pergunta, 5 entrevistados observaram os idosos estão na faixa etária de 18-65

anos, contudo o restante se divergiu em uma água dourada e dois mariates no pôr do sol,
sendo estes de 30 e 12 anos, respectivamente.

Na 2º pergunta, as emoções indicadas foram divergentes, nenhuma em comum, sendo

estas: riqueza, futuro, passar do tempo, amor, confusão, alegria e sem emoção.

Na 3º pergunta, as lembranças foram semelhantes para cinco entrevistados, no qual a

imagem lhe remeteu aos seus avós, e apenas um se lembrou de dinheiro e outro não teve
memórias.

VII. Imagem 7

Na 1º pergunta, dentre os sete entrevistados, cinco viram o rosto da moça e os demais

observaram primeiramente o rosto da idosa. Estes que observaram a moça são da faixa
etária de 12-48 anos e a maioria são do sexo feminino, já os que observaram a idosa tem
as idades de 19 e 65 anos, um do sexo feminino e masculino.

Na 2º pergunta, três pessoas (José, 30 anos; Laura, 41 anos; Luciano, 19 anos)

responderam que não havia emoções referente à imagem, outros dois relataram medo
(Daniel, 12 anos e Camila, 65 anos) e apenas Mariana (18 anos) relatou ter sentido
ingenuidade ser transmitida da imagem.
 12

Na 3º pergunta, quatro dos entrevistados não foram remetidos à nenhuma memória

(Daniel, 12 anos; Mariana, 18 anos; José 30 anos; Camila, 65 anos), já Pamela (48 anos)
e Luciano (19 anos) se lembraram de um filmes e somente Laura (41 anos) se lembrou de
sua infância.

VIII. Imagem 8

Na 1º pergunta, quatro (na faixa etária de 18-48 anos) dos sete entrevistados viram o
idoso. O demais Camila (65 anos) e Daniel (12 anos) viram a mulher de vestidos longos
e somente José (30 anos) viu primeiramente o homem com chapéu.

Na 2º pergunta, quatro dos entrevistados responderam que não havia emoções

referente à imagem (Mariana, 18 anos; Luciano, 19 anos; Laura, 41 anos; Camila, 65
anos). José (30 anos) relatou sentia sabedoria ao ver a imagem, Daniel (12 anos) gostou
do desenho pois o duplo sentido o instiga e Pamela (48 anos) diz ter a sensação de um
ambiente religioso.

Na 3º pergunta, cinco dos entrevistados não foram remetidos à nenhuma memória

(12-65 anos), já Luciano (19 anos) foi remetido à escola e Pamela (48 anos) foi remetida
à igreja.

IX. Imagem 9

Na 1º pergunta, seis entrevistados viram o homem no cavalo e somente Laura (41

anos) viu o idoso.

Na 2º pergunta, as respostas relacionadas às emoções divergiram entre ganância

(Mariana, 18anos), sensação de estar sendo observado (José, 30 anos), interesse pela
ambiguidade da foto (Daniel, 12 anos), beleza (Camila, 65 anos), dificuldade (Luciano,
19 anos) e até mesmo sensação de noite (Pamela, 48 anos). Somente Laura (41 anos) diz
que não sentiu nada.

Na 3º pergunta, todos os entrevistados não foram remetidos à nenhuma memória.

X. Imagem 10

Na 1º pergunta, as perguntas foram restritas às duas opções, em que 3 observaram os

coelhos e outros 3 viram o pato, contudo, Pamela de 48 anos, observou o pato e o coelho
ao mesmo tempo.
 13

Na 2º pergunta, apenas 3 entrevistados tiveram uma emoção relacionada, sendo estas:

interessante e velocidade. O restante não obteve nenhuma emoção ao observar a imagem.

Na 3º pergunta, três dos que não tiveram emoção relacionada, também não remetem
à uma memória, exceto um que lembrou da páscoa e outro que teve emoção, mas não teve
memória. Os outros, lembraram de: um pato de estimação que tinha na infância e um
roubo que lhe aconteceu.

4. DESENVOLVIMENTO TEORICO

4.1. Percepção Visual: Aspectos Fisiológicos e Psicológicos

A percepção depende 75% da visão, o que faz com que uma seja essencial para a
outra. O olho é responsável por captar a informação luminosa pelo sistema ótico e
transformá-la em impulsos que são decodificados pelo sistema nervoso. Esse processo
ocorre quando a sensibilização da retina faz com que a luz se converta em impulsos
elétricos, e seja transportada do nervo ótico até o córtex. A percepção de um objeto baseia-
se em senti-lo, identificar suas cores, formas e particularidades (ZILLES, 2005).
Para a Gestalt, a percepção é um conjunto de partes que formam um todo e a análise
dessas partes não pode promover um entendimento do todo, já que ele é determinado pela
relação das mesmas. Ao serem separadas de sua função e local no todo, as partes de uma
Gestalt não permanecem com suas identidades e, por conta disso, uma Gestalt é um
fenômeno irreduzível (FADIMAN & FRAGER, 1986; SOKOLOWSKI, 2004).
“O processo cerebral primordial na percepção visual não é um conjunto de
atividades separadas. A área visual do cérebro não responde a elementos separados do
que é visualizado, nem vincula esses elementos mediante a algum processo mecânico de
associação. O cérebro, na verdade, é um sistema dinâmico em que todos os elementos que
estejam ativos num dado momento interagem entre si; elementos semelhantes ou
próximos uns dos outros tendem a se combinar, e elementos distanciados ou diferentes
não tendem a se combinar” (SCHULTZ, 1992).
Segundo as experiências figura e fundo, se tem percepções globais de uma forma
ou estrutura e não sensações incompletas. Por perceber as totalidades, a percepção varia
conforme o que é detectado primeiro, a figura ou o fundo. Sentimos e percebemos as
 14

formas, que são, um todo estruturado e composto de sentido ou significado (LUIJPEN,

1973).
.
4.2. As Leis da Organização da Percepção Visual: Gestalt

A psicologia da Gestalt surgiu no início do século XIX na Alemanha e tinha ideias

que faziam oposição ao estruturalismo de Wundt, assim como o behaviorismo fazia nos
Estados Unidos. Os psicólogos gestaltistas discordavam fervorosamente da condição
fundamental dos elementos sensoriais presentes na psicologia de Wundt. Kohler, um dos
autores da Gestalt, até escreveu: “Estávamos chocados com a tese de que todos os fatos
psicológicos consistem em átomos inertes sem relação entre si e que as associações são
praticamente os fatores iniciais que combinam esses átomos e introduzem a ação”
(SCHULTZ; SCHULTZ, 1992).
Aqueles que adotam esta abordagem afirmam que imediatamente após olharmos para
fora da janela de um carro, vemos árvores, e carros. Justamente o oposto do
elementarismo presente no estruturalismo, que afirma que vemos primeiro os elementos
sensoriais dos objetos, como brilhos, borrões e matrizes para depois constituirmos a nossa
percepção das arvores e dos carros (ENGELMANN, 2002).
A Gestalt foi fortemente influenciada pelo filósofo alemão Immanuel Kant (1724-
1804) que deu ênfase no ato perceptivo. Kant afirmava que ao nos depararmos com um
determinado objeto, a nossa percepção dele não é derivada de processos mecânicos, e sim
de um processo a priori. Para ele, a percepção é uma organização ativa dos elementos
sensoriais, com participação da apercepção (SCHULTZ; SCHULTZ, 1992).

4.3. Associação dos Sentimentos com a Percepção Visual

Os sentimentos são as reações do que estamos vivendo, são o modo que percebemos
o mundo, quando estes estão consolidados experimentamos nosso maior grau de
consciência. Os sentimentos fazem parte de quem somos e o que sentimos sobre algo
transmite o que já vivemos, o que somos e o que podemos ser. Compreender os nossos
sentimentos é essencial para compreendermos nossa reação ao mundo (DAVID
VISCOTT, 1982).
A percepção está diretamente ligada aos nossos sentimentos, pois quando
descrevemos algo que percebemos, estamos tentando coordenar nossos sentimentos. São
 15

os sentimentos que nos dizem se algo nos fere o pensamento analisa o ferimento e o
coloca em uma perspectiva (DAVID VISCOTT, 1982).

5. CONCLUSÃO

De acordo com as respostas dos entrevistados, podemos notar que absolutamente

nenhum participante possuiu uma forma convergente ao estruturalismo de perceber as
imagens – isso é, ninguém descreveu os brilhos, cores e formas – todos partiram
diretamente para uma percepção de maior convergência com a Gestalt, no sentido da
análise e percepção como um todo em virtude de sua inseparabilidade (da imagem e suas
emoções). Baseado nisso, podemos notar que os entrevistados percebem as imagens de
maneiras diferentes, com base não apenas no que podem ver, mas também com memórias
e experiências sensoriais passadas que possuam ligações com essas imagens.

Percebemos também que futuramente, com maior embasamento teórico e prático,

essas imagens podem ser facilitadores para a compreensão em tratamentos terapêuticos,
uma vez que podem servir de bases para aberturas em determinadas questões que possam
estar enraizadas e até reprimidas de maneira intensa.
As imagens, apesar de bem definidas, servem como catalizadores individuais para a
expressão e interpretação de cada um.
 16

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ENGELMANN, Arno. A psicologia da gestalt e a ciência empírica

contemporânea. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 18, n. 1, p. 1–16, 2002. Disponível
em: <https://www.scielo.br/scielo.php?pid=s0102-
37722002000100002&script=sci_arttext>. Acesso em: 4 Nov. 2020.

FADIMAN, J., FRAGER, R. (1986). Teorias da Personalidade. São Paulo: Harbra.

LUIJPEN, W. (1973). Introdução à fenomenologia existencial. São Paulo: E.P.U

OLIVEIRA, Andréa; et al. Latinoamericana De Neuropsicología, Sociedad. Quebec,

Canadá; Revista Neuropsicologia Latinoamericana, 2013. Disponível em:
<https://www.redalyc.org/pdf/4395/439542503005.pdf>. Acesso em: 4 Nov. 2020.

SANTIL, Fernando. Análise da percepção das variáveis visuais de acordo com as

leis da Gestalt para representação cartográfica. Ufpr.br, 2011. Disponível em:
<https://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/25461>. Acesso em: 4 Nov. 2020.

SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney E. História da Psicologia Moderna. São

Paulo: Editora Cultrix, 1992, 5ª edição.
SOKOLOWSKI, R. (2004). Introdução à fenomenologia. São Paulo: Edições Loyola.

VISCOTT, David. A linguagem dos sentimentos. Summus,1976. Disponível em:

<https://books.google.com.br/books?hl=pt-
BR&lr=&id=XicUuEzWuQkC&oi=fnd&pg=PA11&dq=sentimentos++perspectiva&ots
=lu38gleR35&sig=7KWqIXxznD-
ZXS8Q8qxO5Cpoj10#v=onepage&q=sentimentos%20%20perspectiva&f=false>.
Acesso em: 4 Nov. 2020.

ZILLES, U. (2005). Teoria do conhecimento e teoria da ciência. São Paulo: Paulus.