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Escola Secundária de Paços de Ferreira

2022/2023
Psicologia B - 12ºA

Relações Interpessoais
Processos Fundamentais na
Cognição Social

Cláudia Queirós Nº10 Eliana Magalhães Nº13


João Machado Nº21

Março 2023, Paços de Ferreira

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Escola Secundária Paços de Ferreira | Relações Interpessoais

Índice
Introdução 3

1. Capítulo - Cognição Social. O que é? 5

2. Capítulo - Impressões 5
2.1. Subcapítulo - Como se formam as impressões? 6
2.2. Subcapítulo - Importância das primeiras impressões 7
2.3. Subcapítulo - Categorização 8
2.4. Subcapítulo - Atribuição 9
2.4.1. - Causalidade 9
2.4.2. - Estabilidade 9
2.4.3. - Controlabilidade 10

3. Capítulo - Atitudes 11
3.1. Subcapítulo - Dissonância Cognitiva 12

4. Capítulo - Expectativas 13

5. Capítulo - Representações Sociais 14


5.1. Subcapítulo - Como se formam as representações sociais? 14
5.2. Subcapítulo - Funções das representações sociais 14

Conclusão 15

Bibliografia e Webgrafia 16

Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e João Machado


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Introdução
O presente trabalho tem como principal objeto de estudo as relações interpessoais,
nomeadamente os processos fundamentais na cognição social. A cognição apresenta uma
dimensão social, na medida em que um grande número de pessoas partilha uma série
considerável de noções comuns. Por outras palavras, o objetivo deste trabalho é dar a
perceber que a cognição social abarca um conjunto de processos de conhecimento e
relação com os outros, dos quais se destacam as impressões, as atitudes, as expectativas
e as representações sociais.

Ademais, a Psicologia e a Sociologia definem as relações interpessoais como um vínculo


ou como uma conexão entre as pessoas em determinados locais e circunstâncias fazendo
com que elas existam em uma infinidade de momentos: junto aos familiares, no trabalho,
nos ambientes religiosos etc. e são fundamentais para o desenvolvimento pessoal, e
também profissional de todo indivíduo. Embora as relações interpessoais sejam
extremamente complexas, sabemos que é da natureza do ser humano estar sempre ligado
a alguém. Devido à nossa necessidade natural de buscar a constante troca de
conhecimentos, emoções e energias com os demais.

Grande parte da nossa vida desenrola-se e organiza-se no contexto de instituições sociais


que orientam o nosso comportamento. A partir da aprendizagem, o comportamento
apresenta uma enorme complexidade e diversidade nas mais diferentes relações que se
estabelecem com o meio. Para além disso, a maior parte das interações sociais é
orientada por fatores de ordem cognitiva que organizam a maneira como compreendemos
as situações. As interações sociais são aquilo que nos separam dos animais.

Para a introdução deste tema, analisar-se-á de um caso de estudo. Em 1971, Philip


Zimbardo transformou uma sala da universidade de Stanford numa prisão. A experiência
consistia em 24 sujeitos serem aleatoriamente designados como prisioneiros ou guardas.
Os guardas tinham símbolos de poder como farda, chapéu, cassetete ou óculos de sol. Os
prisioneiros eram desumanizados. Perdiam a sua identidade e passavam a ser apenas um
número. Depois, eram obrigados pelos guardas a limpar as sanitas com as próprias mãos.
Um terço dos guardas começou a abusar da autoridade. Despiram os prisioneiros,
obrigaram a simular atos sexuais (...). Em apenas 36 horas alguns prisioneiros já perdiam
o controlo. Em vez de durar duas semanas, a experiência foi cancelada ao fim de seis dias.
Zimbardo concluiu que a forma como as pessoas reagem depende muito da situação
em que foram inseridas.

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Em estreita relação com este caso, existe o exemplo da praxe académica, onde os
veteranos se comportam de forma autoritária sobre os caloiros. De acordo com alguns
relatos, comprovou-se que alguns caloiros sentiram-se desumanizados e foi-lhes removida
a sua identidade pelos representantes do código superior da praxe. Os caloiros
presenciaram um ambiente novo completamente sozinhos, tal como os prisioneiros, sendo,
por isso, facilmente manipuláveis pelos seus superiores. Cada um de nós encontra-se em
estreita relação com outras pessoas, diferentes do nosso eu. Assim sendo, como é que as
pessoas percebem, pensam sobre, interpretam, classificam e julgam os seus próprios
comportamentos sociais e os dos outros?

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1.Capítulo - Cognição Social. O que é?


Para que a realidade social seja facilmente compreendida, as pessoas e os contextos
sociais, as relações e o funcionamento interpessoais são sistematicamente interpretados e
simplificados a partir de crenças, valores e saberes prévios. Este processo denomina-se
por cognição social. A cognição social define-se como o conjunto de processos que estão
relacionados com o modo como se encara os outros, ou como nos encaramos a nós
próprios e ainda à forma como se interage com o que nos rodeia. Refere-se ao papel
desempenhado por fatores cognitivos no nosso comportamento social, procurando
conhecer a forma como os nossos pensamentos são afetados pelo contexto social em que
estamos inseridos e a forma de afetarem o nosso comportamento como membros de uma
sociedade. Ou seja, a maneira como nos relacionamos com as pessoas que nos rodeiam
ao longo da vida e as interações que estabelecemos definem grande parte do que fomos e
somos.

Os processos fundamentais da cognição social são, nomeadamente, as impressões, as


atitudes, as expectativas, e as representações sociais.

2.Capítulo - Impressões
O primeiro processo que temos no primeiro contacto com alguém que não conhecemos, é
denominado de impressão. Através deste, constrói-se uma ideia/imagem relativamente a
essa pessoa a partir de algumas características. A produção de impressões nas pessoas é
mútua, ou seja, a nossa impressão afeta o nosso comportamento e consequentemente o
comportamento dos outros para connosco. Desta forma, uma impressão é a noção criada
em contexto interpessoal a partir de alguns indícios que permite construir uma imagem ou
ideia sobre uma pessoa.

Os estudos da psicologia social, especialmente os realizados por Solomon Asch (psicólogo


polaco, 1907-1996) tiveram uma grande importância para o estudo deste processo da
cognição social. Ao analisar em particular um dos seus estudos, que consistiu em
descrever duas pessoas diferentes alterando apenas uma característica, conclui-se que a
alteração dessa característica leva a impressões diferentes. Isto é, se alguém nos
descrever uma pessoa que não conhecemos como sendo inteligente, habilidosa, calorosa,
determinada, prática e cautelosa, a tendência é a ficar com uma impressão positiva dessa
mesma pessoa. Por outro lado, se na mesma descrição, a pessoa fosse descrita como
sendo fria, em vez de calorosa, a impressão obtida seria mais negativa.

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Contudo, a alteração de outro adjetivo, como, por exemplo, inteligente, já não teria tanta
influência para a opinião que se forma sobre a pessoa como a alteração de calorosa para
fria. Estas conclusões permitem distinguir qualidades centrais, como caloroso ou frio, por
exemplo, e qualidades periféricas como é o caso do ser inteligente, que não alteram a
impressão que se adquire de uma pessoa.

Imagem 1 - Estudo de Solomon Asch

2.1. Subcapítulo - Como se formam as impressões?


Como chegamos à conclusão que alguém é frio ou caloroso? Na base da formação das
impressões, está a interpretação, ou seja, nós como sociedade percecionamos o outro a
partir de uma grelha de avaliação que remete para os nossos valores, conhecimentos e
experiências pessoais. O que a pessoa diz, a forma como se manifesta, as suas
expressões faciais e a postura corporal, bem como o modo como se apresenta e a sua
conduta, fornecem-nos informações que interpretamos e organizamos com o auxílio das
representações sociais, de forma a construir uma imagem ou ideia sobre essa mesma
pessoa.

Usa-se como elementos para a grelha de avaliação indícios como:


1. Indícios Físicos – características como o facto de a pessoa ser alta/baixa,
magra/gorda;
2. Indícios Verbais – o modo como a pessoa fala surge como um indicador, por
exemplo, de instrução;

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3. Indícios Não Verbais – estes indícios remetem para elementos e sinais que se
interpretam como indicadores: o modo como se veste, como gesticula enquanto
fala, etc.
4. Indícios Comportamentais – referem-se a todos os comportamentos observados
no sujeito que vão servir para formar uma impressão e consequentemente
classificar o sujeito.

O modo como os comportamentos são interpretados varia de pessoa para pessoa e


remetem para as experiências passadas, para as necessidades daquele que os interpreta.
Daí que um mesmo comportamento possa ter significados diferentes para indivíduos
diferentes.

A partir destes indícios, forma-se uma impressão global de uma pessoa, a quem se atribui
uma categoria socioeconómica e cultural ou um determinado estatuto social. Um mesmo
conjunto de indícios pode conduzir a diferentes interpretações.

2.2. Subcapítulo - Importância das primeiras impressões


A complexidade da formação das impressões provém do seu caráter e da multiplicidade
dos fatores que nela intervêm. Solomon Asch em umas das suas investigações apresentou
a diversos sujeitos uma lista de características de uma pessoa. Em seguida, pediu-lhes
que manifestassem a sua opinião acerca das pessoas descritas. Com esta investigação,
Asch descobriu algo que designou de efeito da primazia.

Este efeito diz respeito à tendência para se atribuir maior relevância à informação inicial
que se recebe sobre uma pessoa. Considerando a situação em que uma pessoa é descrita
como sendo inteligente, trabalhadora, impulsiva, crítica, teimosa e invejosa, ter-se-á, como
provou Asch, tendência a gostar mais desta pessoa do que de outra que seja descrita
como invejosa, teimosa, crítica, impulsiva, trabalhadora e inteligente. Apesar de a
informação ser exatamente igual, invertendo apenas a ordem da mesma, a pessoa que é
descrita inicialmente é caracterizada com maior frequência como sendo mais sociável e
feliz que a segunda pessoa.

A informação inicial condiciona, pois, a forma como as informações subsequentes são


recebidas e interpretadas.

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Conclui-se então que este efeito pode influenciar potenciais relações ou interações sociais
sem uma base sólida, impedindo por exemplo, que se conheça melhor uma pessoa porque
é categorizada negativamente.

Imagem 2 - Descoberta do Efeito da Primazia

2.3. Subcapítulo - Categorização


Não é possível armazenar toda a informação referente às pessoas com quem se contacta,
pois a relação está ou pode estar constantemente a evoluir. Assim sendo, deve agrupar-se
as diferentes informações em diferentes classes a partir do que se considera as suas
diferenças e semelhanças. A isso chama-se categorização.

No caso das impressões, classifica-se a pessoa em categorias a partir dos contactos que
se tem com a mesma, em que se recolhe informação proveniente desses mesmos
contactos ou de informações fornecidas por outras pessoas. Esta ideia global com que se
fica orienta o nosso comportamento, porque nos fornece um esboço psicológico da pessoa
em questão. Pode assim dizer-se que incluímos a pessoa numa determinada categoria que
contempla três tipos de avaliação: Afetiva, isto é, se gostamos ou não da pessoa. Moral,
ou seja, se consideramos a pessoa boa ou má e instrumental, se ela é ou não
competente. A forma simplificada como classificamos a pessoa permite-nos ter um
comportamento seguro na relação interpessoal.

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2.4. Subcapítulo - Atribuição


Nas relações sociais que estabelecemos fazemos constantemente interpretações relativas
às razões do comportamento dos outros, pois sentimos necessidade de dar significado ao
que sucede à nossa volta e atribuir uma causa ao que acontece. Ao avançar com uma
explicação, isto é, ao realizar uma atribuição, encontra-se uma causa que pode ser externa
ou interna, estável ou instável e controlável ou incontrolável.

2.4.1. - Causalidade
A atribuição externa refere-se à interpretação do comportamento de alguém baseada na
situação em que o indivíduo se encontra. Por exemplo, se uma pessoa dirigir o carro de
forma descuidada e isso resultar num pneu furado, a pessoa vai tender fazer atribuições e
reclamações em relação às “péssimas condições da via”, reduzindo o desconforto de ter
que admitir que o furo no pneu na verdade foi resultado da sua condução imprudente. Por
outro lado, a atribuição interna é um processo que atribui a causa de determinado
acontecimento a alguma característica interna sua ou de outra pessoa. Como por exemplo,
alguém culpar-se por não ter tido uma nota boa num exame, apesar de ter estudado o
suficiente, quando na verdade a lacuna que se encontra no seu desempenho deu-se por
que o vizinho passou a noite inteira com som alto, o que interferiu na qualidade do sono
dessa pessoa e consequentemente no seu desempenho no exame.

Um erro que ocorre frequentemente aquando da atribuição passa por subestimar os


fatores externos quando explicamos o comportamento, focando-nos predominantemente
em fatores internos. Outro erro comum é o de complacência: na atribuição da causalidade.
Tendencialmente, cada pessoa encara-se como a fonte do seu próprio sucesso, tomando
como exemplo, “tirei boa nota no teste porque me esforcei muito durante os últimos dias”.
Por outro lado, para explicar os nossos fracassos a tendência é recorrer a fatores externos,
tomando a título de exemplo “tirei má nota no teste porque havia muito barulho na sala".

2.4.2. - Estabilidade
A estabilidade é a probabilidade da causa se manter a mesma num futuro próximo, ou
mudar. Assim, as causas estáveis são consideradas permanentes, como por exemplo, “A
Matilde respondeu mal ao professor porque é agressiva”. O facto de ela ser agressiva
determina sempre as suas respostas. Por outro lado, as causas instáveis são pontuais, por
exemplo, “A Matilde respondeu mal ao professor porque está a ter um dia muito difícil”. A
sua resposta é resultado de algo pontual e não permanente.

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2.4.3. - Controlabilidade
A controlabilidade é a possibilidade da pessoa controlar a causa do que ocorre. “Ganhei a
prova de atletismo porque treinei todos os dias”, a justificação que é apresentada é uma
causa controlável, porque para alcançar a vitória houve treino, dedicação e isso é algo que
a própria pessoa controla. Contudo se alguém afirmar que “Ganhei a prova de atletismo
porque as condições climáticas eram favoráveis” não houve nenhum controle por parte da
pessoa, daí a causa ser incontrolável.

Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e João Machado


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3. Capítulo - Atitudes
A categorização social, permite ter presente teorias sobre as interações sociais e sobre os
pensamentos, sentimentos e comportamentos do nosso eu e dos outros, no âmbito das
quais encontrasse respostas para o que acontece e é fundamento para as nossas atitudes.
E o que são atitudes e como se distinguem dos comportamentos? As atitudes não
são diretamente observáveis: inferem-se dos comportamentos. Também é possível, a partir
de um comportamento, inferir a atitude que esteve na sua origem. Sabendo que uma
pessoa tem uma atitude negativa face ao tabaco, pode-se prever a forma como se
comporta face a uma campanha antitabágica, ou como reagirá se alguém fumar junto dela.
De igual modo, as reações de uma pessoa face a uma situação podem permitir prever a
atitude que lhe está subjacente. Mas afinal, o que define uma atitude?

As atitudes correspondem a avaliações que predispõem a responder de forma favorável ou


desfavorável a um objeto, pessoa ou acontecimento. São, portanto, juízos avaliativos que
variam na sua direção (favorável ou desfavorável), intensidade (num contínuo entre muito
ou pouco) e acessibilidade (maior ou menor probabilidade de ativação quando perante o
objeto real ou imaginário).

São sobretudo os pais que exercem um papel fundamental na formação das primeiras
atitudes nas crianças, pois aos olhos destas são modelos que imitam e com os quais se
procuram identificar. A educação escolar desempenha, na nossa sociedade, um papel
central na formação das atitudes. Na adolescência, tem particular relevância o grupo de
amigos, isto é, os indivíduos com idade aproximada com que os jovens contactam mais
frequentemente. Atualmente, os meios de comunicação e os media têm grande influência
na formação de novas atitudes ou no reforço das que já existem. É através da observação,
identificação e imitação dos modelos, não só os pais, mas também os professores e
amigos, que se formam as atitudes.

Esta aprendizagem ocorre ao longo da vida, mas tem particular prevalência na infância e
na adolescência. Tal não significa que, depois destas idades, as atitudes não possam
mudar. As experiências vividas pelo próprio podem conduzir à alteração das atitudes,
contudo existe uma tendência para a sua estabilidade.

Várias pesquisas levadas a cabo por psicólogos sociais nas últimas décadas permitem
identificar situações ou fatores que favorecem a mudança de atitudes.

Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e João Machado


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As atitudes envolvem três componentes diferentes interligadas:

1. Afetiva: refere-se a emoções e sentimentos, bem como às respostas fisiológicas


que acompanham uma atitude.
2. Cognitiva: reporta-se aos pensamentos, crenças e valores, nem sempre
conscientes, através dos quais a atitude é expressa.
3. Comportamental: alude ao processo mental e físico que prepara o indivíduo para
agir de uma determinada maneira.

Quando nos comportamos de forma incoerente ou inconsistente com as nossas crenças e


atitudes, ou quando existe contradição entre duas ou mais atitudes, experimentamos um
estado negativo, de desconforto. A este lado Leon Festinger chamou dissonância
cognitiva.

3.1. Subcapítulo - Dissonância Cognitiva


Segundo Festinger, a existência simultânea de elementos não concordantes ou opostos
entre si (dissonantes, portanto) reclama do sujeito um esforço de análise para que consiga,
de algum modo, torná-los mais concordantes. Mudar de opinião (alteração da cognição),
evitar as situações em que pode haver maior dissonância (preservação do eu) ou
selecionar as informações que são mais convenientes para estabelecer a concordância
dos elementos (reorganização) são três estratégias por que podemos optar no sentido de
eliminar ou reduzir a dissonância.

Considere-se o exemplo dos fumadores. A maioria dos fumadores está ciente de que a
dependência da nicotina é gravemente prejudicial à saúde. Quando a dissonância é
ativada, os fumadores, tal como acontece com todas as pessoas, sentem desconforto e
estão altamente motivados para evitar a inconsciência. Surgem então, muitas vezes,
autojustificações como “fumar não é tão perigoso como as pessoas afirmam” ou “o meu
avô fumou 80 anos e viveu até aos 100”, o que mostra que, em caso de dissonância,
tendemos a interpretar a realidade de forma a torná-la coerente com as nossas
convicções.

A formação de impressões, a atribuição causal e as nossas atitudes são fórmulas


poderosas que nos permitem organizar e perceber a realidade social, mas também
elaborar expectativas e responder ao que nos rodeia.

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4. Capítulo - Expectativas
A rapidez com que se categoriza o mundo à nossa volta e com que se forma impressões
leva-nos, frequentemente, a criar expectativas, quer em relação aos outros quer em
relação aos acontecimentos. As expectativas influenciam o nosso comportamento de uma
forma nem sempre positiva, já que, muitas vezes, acabam por resultar em profecias
autorealizáveis.

Supondo-se que no início do ano circulou por uma escola a ideia de que o professor de
psicologia era antipático e severo. Na primeira aula da disciplina, o professor é reservado
na interação com a turma e dedica-se a esclarecer as regras, as estratégias de avaliação e
a planificação dos temas que serão tratados ao longo do ano letivo, iniciando depois a
abordagem dos conteúdos iniciais. Um grupo de alunos está desatento e fala
continuamente sobre alguma coisa que aconteceu no intervalo. O professor repreende-os
e o grupo pensa: ”De facto, o professor não foi muito simpático”. Mas, se no início do ano
chegasse aos ouvidos desses mesmos alunos que o professor em questão era simpático e
relaxado, talvez terminassem a aula a pensar: “O professor até teve bastante paciência”.

Vermos o que esperamos ver permite-nos confirmar as nossas impressões e justificar um


acontecimento apontando as causas que estão na sua base. Ao mesmo tempo, e sem que
tenhamos consciência disso, somos também parte da causa.

Retomando ao exemplo, se acreditarmos que o professor é antipático, tendemos a entrar


na sala de aula menos sorridentes do que estaríamos se a nossa expectativa fosse de
encontrar um professor simpático. Se todos os alunos fizessem o mesmo, a sala ficaria
com um ambiente pouco acolhedor e isso poderia influenciar a postura do professor,
confirmando a perspetiva inicial. A este processo chamamos profecia autorrealizável.
Assim sendo, as profecias autorrealizáveis ocorrem em todos os contextos em que os
seres humanos são autores e sujeitos de crenças e mostram que, frequentemente, quando
fazemos uma previsão sobre algo, passamos a adotar de imediato atitudes e
comportamentos que confirmem as nossas previsões. Encontram-se profecias
autorrealizáveis na educação, na política, na sociologia e na economia, por exemplo.

Na base das expectativas, encontram-se dois processos:


A. Processos indutivos que surgem quando observamos um indivíduo e o incluímos
numa categoria.
B. Processos dedutivos, ocorrem depois de incluirmos o indivíduo numa categoria,
passando a atribuir-lhe determinadas características.

Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e João Machado


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5. Capítulo - Representações Sociais


As representações sociais são um conjunto de explicações, crenças e ideias aceites por
uma dada sociedade ou por um grupo social. Estas constituem um saber partilhado,
produto das interações sociais, que funciona como um regulador de comportamento. Estão
frequentemente associadas ao conhecimento de senso comum e são características de
uma determinada época, sociedade e cultura. É através do conjunto de representações
sociais partilhadas que os indivíduos se entendem e comunicam entre si.

5.1. Subcapítulo - Como se formam as representações sociais?


As representações sociais têm origem em dois processos: a objetivação, que é o
processo em que há uma seleção dos elementos de formação disponíveis e em que os
elementos abstratos se objetivaram em imagens concretas. Corresponde a um processo
de simplificação.
A ancoragem, entende-se como processo de assimilação das imagens criadas pela
objetivação. As novas representações integram-se nas anteriores, que o sujeito já possui,
formando um todo que orienta o comportamento.

5.2. Subcapítulo - Funções das representações sociais


As representações sociais apresentam diversas funções na vida dos indivíduos, entre as
quais: função de saber (dão uma explicação e um sentido à realidade), função de
orientação (explicação ao nível da ação), função identitária (permite ao indivíduo a
construção de uma identidade social) e função de justificação (permite explicar e justificar
as opiniões e comportamentos).

Assim sendo, as representações sociais permitem que as pessoas orientem as suas ações
no mundo físico e social em que estão inseridas, permitindo-lhes que se adaptem de modo
rápido e adequado.

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Conclusão
Na vida do ser humano, quer seja no campo pessoal ou profissional, ser capaz de se
relacionar, pode fazer a diferença para se ter qualidade de vida e sucesso. Em todos os
momentos foi possível perceber que o relacionamento humano acontece por meio das
relações interpessoais, seja na família, onde moramos ou onde trabalhamos, surgindo de
forma natural.

No primeiro momento do trabalho foi possível discutir sobre as relações interpessoais, as


formas de vínculos que se constroem nos diferentes momentos da vida, sendo essenciais
para o desenvolvimento pessoal de cada ser humano. A constante interação com as outras
pessoas tem sido cada vez mais rápida, seja por meio de conversas presenciais ou de
forma virtual.

Entende-se que cada pessoa tem as suas diferenças e as suas características, sendo
necessário saber lidar com as diferenças dos outros. As interações que estabelecemos
com os outros influenciam o que somos e o modo como nos comportamos.

As impressões, as expectativas, as atitudes e as representações sociais são os processos


da cognição social. As impressões constroem-se a partir das nossas interpretações, tendo
por base os nossos valores, crenças, experiências e um conjunto de indícios relativos
àqueles que conhecemos. É a partir das impressões que se formam as expectativas,
afetando os comportamentos dos outros e que acabam por condicionar o nosso próprio
comportamento.

O nosso comportamento é afetado principalmente por causa das atitudes: predisposição


para responder de forma positiva ou negativa a um objeto social. Nas atitudes
distinguem-se, três componentes: cognitiva, afetiva e comportamental. As atitudes
formam-se no processo de socialização, tendo como principais agentes a família, a escola
e os meios de comunicação.

As representações sociais constituem um saber partilhado que funciona como um


regulador do comportamento. Estas representações permitem que possamos orientar as
ações no mundo físico e social em que estamos inseridos, permitindo que nos adaptemos
de modo rápido e adequado.

Em suma, todos os processos cognitivos estudados e abordados dão origem às relações


interpessoais, o que permite reconhecer a importância destes no nosso dia a dia.

Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e João Machado


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Bibliografia
AAVV. (2012). The Psychology Book. Londres: DK Publishing.
Catarina Pires e Sara Brandão. (2019). Nós. Areal Editores.
VALA, J. e MONTEIRO, M. (2006). Psicologia Social. Lisboa: Fundação Calouste
Gulbenkian.

Webgrafia
https://adriana-psy.webnode.pt/rela%C3%A7%C3%B5es-interpessoais/processos-fundame
ntais-da-cogni%C3%A7%C3%A3o-social/
(consultado a 19-01-2023)

https://adriana-psy.webnode.pt/rela%C3%A7%C3%B5es-interpessoais/processos-fundame
(consultado a 29-01-2023)

https://notapositiva.com/processos-fundamentais-da-cognicao-social/
(consultado a 25-01-2023)
http://psicologiacop.blogspot.com/p/processos-fundamentais-da-cognicao.html
(consultado a 27-01-2023)

https://pt.slideshare.net/nockinhas22/cognio-social-3056776
(consultado a 24-01-2023)

https://pt.slideshare.net/RaQuelOliveira64/aula-de-psicologia-40320593
(consultado a 29-01-2023)

Imagem 1 e 2 - retiradas do powerpoint “Relações Interpessoais - Processos


Fundamentais na Cognição Social” realizado por Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e
João Machado.

Cláudia Queirós, Eliana Magalhães e João Machado


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