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Belo Horizonte
2014
ALV A BENFICA DA SILVA
Belo Horizonte
Centro Universitário UNA
2014
B465g Benfica da Silva, Alva
A gestão das organizações e a neurociência: análise de algumas contribuições. /
Alva Benfica da Silva. – 2014.
92f.
Orientador: Prof. Dra. Iris Barbosa Goulart
Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA, 2014. Programa de
Mestrado Profissional em Administração.
Bibliografia f. 73-78.
CDU: 658
À minha família cujo apoio foi essencial para minha chegada até aqui:
Sou grata aos participantes desta pesquisa que, com suas experiências e ideias,
me ensinaram, me inspiraram, me entusiasmaram.
Eclesiastes 3
– Bíblia Sagrada
RESUMO
EEG - Eletroncefalograma
MW - Mind Wandering
NC - Neurociência
RH - Recursos Humanos
SN - Sistema Nervoso
1 INTRODUÇÃO ............................................................................. 12
1.1 Problema de pesquisa ................................................................ 15
1.2 Objetivos ...................................................................................... 16
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................ 16
1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................... 16
1.3 Justificativa .................................................................................. 16
1.4 Estrutura do texto ........................................................................ 17
3 METODOLOGIA ......................................................................... 48
REFERÊNCIAS .......................................................................... 73
1 INTRODUÇÃO
1.2 Objetivos
1.3 Justificativa
Para as organizações, o estudo deve oferecer mais uma ferramenta para gestores
organizacionais no sentido de melhor compreenderem o ser humano,
considerando também a ótica cerebral.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
1
O adjetivo “parentético” deriva da noção de “suspensão”, de estar “entre parênteses”. Ele faz
uma distinção entre uma atitude natural e uma crítica. “Natural” é a atitude do homem “ajustado”,
despreocupado com a racionalidade noética e aprisionado em seu imediatismo. Já a atitude
“crítica” suspende ou põe “entre parênteses” a crença no mundo comum, permitindo ao indivíduo
atingir um nível de reflexão conceitual e, portanto, de liberdade (a racionalidade noética - derivada
do grego “nous”, significa MENTE, inteligência ou formas intuitivas de conhecimento-, compreende
os imperativos imanentes da própria razão, entendida como uma faculdade específica do homem
e que exclui a obediência cega às exigências de eficiência) (GUERREIRO RAMOS,1984, p.7).
20
Navarro (1986, p.81) afirma que o perfil de homem ideal não chegou a ser
consolidado ou definido. Acrescenta que Sócrates, na tentativa de responder a
pergunta sobre qual lhe parecia a melhor tarefa para o homem, afirmou: “Viver
bem, [...] alcançar o seu fim por meio do estudo e do exercício”.
A gestão, desde o momento em que foi criada, tem sido dominada por uma
concepção física de empresa, representada como um conjunto mecânico que
obedece a leis precisas de funcionamento e, por isto, tornou-se uma disciplina
multiforme, sem um corpus próprio. Gaulejac (2006) considera necessário mostrar
que, por trás das ferramentas, dos procedimentos, dos dispositivos de
informação, encontra-se uma visão do mundo e um sistema de crenças. Seria
oportuno, portanto, examinar os paradigmas sobre os quais se funda a gestão.
23
2
Thomas S. Kuhn. The Structure of Scientific Revolutinos. 3. ed. Chicago: University of Chicago
Press, 1997.
24
O paradigma utilitarista considera que cada ator busca maximizar suas utilidades,
ou seja, otimizar a relação entre os resultados pessoais de sua ação e os
recursos a ela dedicados. A preocupação da utilidade é voltada para a eficiência e
a rentabilidade e é preciso ser cada vez mais eficaz e produtivo para sobreviver.
Nesse contexto, o conhecimento só é considerado pertinente na medida em que
25
Gaulejac (2006) conclui sua análise propondo um novo paradigma, no qual sejam
substituídas as visões dos modelos apresentados. Nesse sentido, a proposta que
ele esboça, consiste nas mudanças ou passagens, conforme apresentado no
quadro 1.
26
É impulsionado pelo estímulo proposto por Gaulejac (2006) que este trabalho
parte de uma visão diferente de gestão, que não considera o ser humano como
coisa, como fator da empresa, como número, mas como cérebro, capaz de
construir a organização, de gerenciá-la através de seu pensamento e de sua ação
e, sobretudo, de trazer sua contribuição para uma sociedade melhor.
27
2.2 Neurociência
3
EHRENBERG, A. Le sujet cerebral. Esprit, 309, 130-155 (2004).
30
Gerir pessoas deve envolver um foco mais abrangente, observando não somente
o profissional para a empresa, mas também o cidadão e sua saúde cognitiva. Se
dois indivíduos participarem do mesmo curso e/ou treinamento, poderão relatar
lembranças muitas vezes incompletas, tendenciosas e distorcidas. “Há muitos
lados da história, porque cada pessoa armazena e recupera memórias do evento
de maneira diferente” (GAZZANIGA; HEATHERTON, 2005, p.217).
Por sua própria arquitetura, o sistema nervoso não contradiz o caráter autônomo
do ser vivo e, sim, o ressalta. Logo, o processo do conhecer funda-se
necessariamente no organismo como uma unidade e no fechamento operacional
de seu sistema nervoso. (MATURANA; VARELA, 1995, p.194).
Desde o século XIX, o cérebro tem funcionado como um mediador e como uma
superfície de projeção. Após o rápido crescimento da discussão a respeito do
impacto social da Neurociência, termos como “cerebralidade” e “sujeito cerebral”
podem auxiliar a conectar processos sociais, representações culturais,
desenvolvimentos científicos e desenvolvimentos em medicina, filosofia,
educação, mídia e outros campos, que historiadores, filósofos, antropólogos e
sociólogos têm estudado a partir de outras perspectivas. “Sujeito cerebral” é a
figura antropológica que incorpora a ideia de que o ser humano é essencialmente
reduzível a seu cérebro (ORTEGA; VIDAL, 2007, p.257-258).
Por vezes, o cérebro estabelece memórias que são falsas na sua origem,
normalmente porque um evento é interpretado de maneira errada. Memória que
se imaginou (esperou ver) e não do que de fato esteve (algo parecido e
confundido); também podem ser criadas durante o que parece ser uma
recordação (a pessoa está convencida que algo aconteceu, pode reformular o
evento a partir de esboços de outras memórias e, então, vivenciá-la como se
fosse uma recordação real) (CARVALHO; HENNEMANN, 2012).
35
O ser humano é um animal diurno. Para isso, diversas variáveis fisiológicas estão
em seus níveis máximos durante o dia: cortisol sanguíneo (hormônio envolvido na
mobilização dos estoques de glicose em situações de estresse, especialmente
logo após o despertar), temperatura corporal, pressão arterial, nível de atenção,
disponibilidade de glicose, colesterol, entre outras. Enquanto isso, outras variáveis
estão no seu nível mais baixo: melatonina (hormônio liberado nos períodos de
escuro, que está envolvido na regulação do ciclo vigília-sono), hormônio de
crescimento, nível de atenção, etc. À noite, durante o sono, a situação se inverte.
Com base nessa organização temporal interna, confirma-se que o ser humano
tem horários ótimos para se alimentar, para dormir, para fazer exercícios e para
realizar atividades cognitivas (VALENTINUZZI, 2011).
A maioria das pessoas tensas respira mal, tem pouca capacidade vital e
elasticidade torácica. Isto sucede porque a rigidez dos músculos do tronco
bloqueia a caixa torácica, esta perde a elasticidade e o pulmão não pode cumprir
sua função com toda normalidade. A função respiratória está intimamente ligada
com a harmonia da circulação sanguínea e, portanto, é assim denominada de
aparato cardiopulmonar. A reeducação do movimento respiratório combate vícios
respiratórios e restaura a via nervosa correspondente, através da força voluntária
durante o treinamento (VECCHIO, 1963, p.61).
4
A sigla REM vem do inglês, e significa movimento rápido dos olhos, pois neste estágio do sono
os olhos da pessoa se mexem.
41
5
Serendipidade envolve fazer descobertas por obra do acaso e sagacidade, de coisas pelas quais
não se está procurando (GOLEMAN, 2014, p.47).
43
Em boa parte dos dicionários, o ócio aparece como sinônimo para a preguiça,
caracterizada pela inatividade física e mental e a falta de produtividade. Entretanto,
o tempo livre capaz de aumentar a criatividade ocorre em situações que levam uma
pessoa ao contato com habilidades não utilizadas na rotina diária ou a desenvolver
melhor aquelas que já são usadas. A civilização grega pôde se dedicar ao trabalho
intelectual porque havia condições para ociar, ou seja, produzir ideias filosóficas,
artísticas e políticas e, sob esse olhar, era preciso levar uma vida com mente e
corpo sãos. Para desenvolver a criatividade, torna-se importante cuidar da máquina
mental e da física, pois a criatividade está mais ligada à capacidade de acolher e de
elaborar, do que aos recursos disponíveis, mesmo que haja forte troca de ideias em
um grupo criativo (DE MASI, 2000, p.16).
Mesmo sendo o lazer uma prática distinta do ócio, a maneira como esse último se
apresenta em Descartes abre espaços para compreender as incidências dos
sentidos de ambos nos dias de hoje. O lazer em Descartes está próximo da
conotação de ‘ter tempo para’ ou ‘ter repousado suficiente para’ superar batalhas,
chegar ao conhecimento verdadeiro e aquietar o espírito agitado pelas paixões da
alma. Por causa disso, há uma grande preocupação no filósofo francês com o
impedimento de seu lazer o qual é, ao mesmo tempo, o impedimento de sua
tranquilidade para se dedicar aos desígnios aos quais se propôs. O ócio, em
Descartes, se distancia do sentido de uma experiência contemplativa de pura
criação e de prazer estético, desprendida da utilizada prática, para se aproximar
do sentido de repouso do espírito, do descanso e da tranquilidade como
indispensáveis para produzir conhecimentos seguros e capazes de promover o
bem coletivo. Por esse motivo, o ócio cartesiano não é algo desinteressado, mas
altamente comprometido com o bem de todos (NOGUEIRA, 2009, p.18-20).
46
De Masi (2000) vai além da crítica ao modelo industrial, que ele considera arcaico
e ultrapassado, e sugere um novo modelo de gestão – o Ócio Criativo, que se
materializa como proposta de um novo modelo de gestão pela natural
combinação de três variáveis: Trabalho, Estudo e Lazer (ou Prazer).
A Neuroética surge como uma nova especialidade que levará ao estudo das
implicações éticas de intervenções sobre o cérebro: os presentes e futuros
desafios a monitorar, mapear, estimular ou alterar as funções cerebrais por meio
de imagens radiológicas, fármacos ou técnicas neurocirúrgicas avançadas, que
modificam a cognição, humor, afetividade e, até mesmo, invadem a privacidade
dos pensamentos do ser humano – como os modernos detectores de mentira
empregados em assuntos forenses ou em grupos antiterroristas (MARINO
JÚNIOR, 2010, p.117).
3 METODOLOGIA
Quanto aos fins, foi utilizado o método exploratório, que se justifica quando o
tema é pouco explorado e/ou se pretende levantar questões para outras
pesquisas (GOULART, 2013). No caso presente, verifica-se que os estudos de
Neurociência são recentes e são poucos os pesquisadores que têm apresentado
sugestões sobre a aplicação desse conhecimento à Administração. Além disso, a
autora deste trabalho pretende utilizar as informações obtidas para a construção
de novos processos de pesquisa.
Quanto aos meios, este estudo constitui uma pesquisa de campo. De acordo com
Gil (2007), trata-se de uma técnica muito utilizada nos estudos sociais, que se
caracteriza pela busca das informações previstas no objetivo geral no espaço em
que elas acontecem.
49
7
CV: http://lattes.cnpq.br/5006741787749124
52
Então são vários fatores que a NC vem trazendo para várias áreas de
conhecimento - áreas de trabalho, ou na escola, ou no trabalho e na
gestão, e até mesmo na empresa para um líder de empresa - porque são
coisas que a NC está ensinando detalhes de como funciona. Por
exemplo, o que ajuda na formação de memória é perfeito para a escola,
é perfeito para o trabalho. O que mais facilita a formação de circuitos
neurais para que tenha essas ativações paralelas são as experiências
positivas (as negativas também). Aquelas pessoas que se enfurnam em
casa têm menor possibilidade de ter processos criativos do que aquelas
pessoas que estão mais expostas a ambientes diferentes, a experiências
de vida diferentes, que possibilitam a formação de circuitos neurais que
vão levar a processos criativos.
É uma ideia muito antiga de que nós não utilizamos 100% do cérebro, o
que é mentira, porque se a gente utiliza 100% do cérebro acontece uma
epilepsia. Às vezes, o excesso de atividade é ruim para o cérebro.
Então, no caso do Neymar ele é genial porque ele ativa pouco o córtex
motor, ele é mais funcional, ele é perfeito na função dele.
Outro exemplo clássico é o anel de benzeno: um bioquímico no século
XIX, estava tentando resolver qual era o problema de uma estrutura
química do benzeno, e não conseguia (ele ficava o tempo todo fazendo
matemática, estrutura química no quadro e não resolvia). Um dia, ele
54
sonhou com uma cobra mordendo o próprio rabo e ai ele falou “ta aí a
estrutura química do anel de benzeno”. Depois que ele acordou, foi fazer
a estrutura e deu certo. Hoje nós sabemos o que é o anel de benzeno -
num momento de relaxamento, no caso o sono, uma atividade constante
que está ativando várias memórias diferentes faz com que se tenha
correlação de um circuito neural com outro; naquele momento, acaba
levando a uma solução. Lembramos que nem todas as ativações
paralelas vão levar a soluções. Quanto mais ideias você tiver maior é a
chance de você ter uma ideia boa.
Além disso, o exposto pelo entrevistado concorda com De Masi (2000), Goleman
(2013; 2014), Rocha (2014), Santos (2014), que defendem a ideia de que
“momentos de mais relaxamento”, momentos de experiências diversas,
momentos de Mind Wandering, em que a pessoa está numa fase dita
“sonhadora”, são propícios ao surgimento de ideias novas, insights criativos.
Logo, confirmando o exposto na teoria, este entrevistado aponta que ideias
geniais emergem em momentos de relaxamento, como o exemplo citado da
descoberta do anel de benzeno.
Da mesma forma, ao citar o exemplo do pé do Neymar, o que foi exposto por este
entrevistado está de acordo com Kahneman (2012) e Goleman (2014) (item
55
8
CV: http://lattes.cnpq.br/4857102786198655
56
cada vez menos, ou pelo menos se tem sono ele é muito precário -
especialmente, com o uso de drogas, a qualidade do sono fica
deteriorada e com isso a criatividade também.
9
CV: http://lattes.cnpq.br/7832300062369054
59
Todos nós temos uma mente divagadora. Essa é a regra. Inclusive, nós
temos um circuito cerebral, chamado circuito cerebral padrão, que
determina o tipo de funcionamento da nossa mente. É padrão porque é
assim. Quando estamos divagando, temos maior facilidade de fazer
associação de ideias, isso muitas vezes leva a uma atividade criativa –
liga uma coisa com outra coisa que aparentemente não tinha relação.
Mas, eu não diria que é a mente divagadora que leva à criatividade.
Todo mundo tem uma mente divagadora, mas nem todo mundo é
criativo.
Em concordância com autores como Goleman (2014), De Masi (2000) (item 2.3.3)
afirma que a mente divagadora tende a facilitar a associação de ideias, o que,
muitas vezes, leva a uma atividade criativa. Afirma que todos nós temos uma
mente divagadora.
10
INSTITUTO COACHING & VIDA - http://institutocoachingevida.com.br/. (Telefone 11-4545-4045
- Cel. 11-96365-0695).
62
Afirma que emoções como medo, ansiedade, estresse e raiva estreitam nosso
foco e inibem a nossa concentração e que quando estamos estressados ou com
medo, lutamos para pensar com clareza, mas não é tão simples manter o
equilíbrio. O exposto pelo entrevistado concorda com a posição de diversos
autores pesquisados e outros especialistas entrevistados, como Cosenza e
Santos (entrevistados 3 e 2, respectivamente), que confirmam que o “ambiente
estressor leva a patologias” e que a hiperativação da amígdala produz emoções
negativas que interferem no equilíbrio do ser humano.
11
CV: http://lattes.cnpq.br/0182414888427256
64
Hoje, não precisamos esperar que uma pessoa morra para examinarmos
seu cérebro, não precisamos ficar só especulando acerca de como a
mente funciona. Podemos ver ao vivo, ou quase ao vivo, o cérebro de
uma pessoa trabalhando. E isso é uma ferramenta fantástica. Mudou
completamente o que a gente conhecia e todos os estudos do cérebro.
De uma hora para a outra, o mundo se abriu na nossa frente. Isso tem
um potencial fantástico em todas as áreas porque todas as ciências que
trabalham com comportamento, humano de alguma forma, notaram que
poderiam ganhar muito com a NC, mas com a NC como um enfoque.
Olha que coisa complicada. Será que isso é possível? Quais os limites
disso?
O caso é que existe uma segunda versão desse problema, que também
foi estudada, que é o seguinte: o trem está vindo e vai atropelar cinco
pessoas. Mas, desta vez, para salvar cinco pessoas você precisa não só
apertar uma alavanca. Você nota que tem uma pessoa mais obesa
passando na frente do trem, e, basta que você dê um empurrãozinho
nessa pessoa para que ela caia na frente do trem. Ao atropelar essa
pessoa obesa, o trem vai parar (frear), salvando, então, a outras cinco
pessoas. Em tese, o raciocínio é o mesmo: você sacrifica uma pessoa
para salvar cinco. Mas, confrontado esse segundo caso, a maior parte
das pessoas tem uma rejeição enorme com a ideia de empurrar alguém,
mesmo aquelas que tranquilamente disseram, no primeiro exemplo, que
puxariam a alavanca de forma tranquila. Qual é a diferença?
isso é desejável, até que ponto é juridicamente possível. Isso nós vamos
ter que discutir. Vamos ter que discutir num futuro muito próximo. Porque
a ciência pode nos dizer o que é possível que façamos, mas o que
devemos ou não fazer não é a ciência que diz, é a Ética. O uso da
ciência, como ele vai ser feito, não pode ser regulado pelos próprios
cientistas.
Este entrevistado enfoca questões abordadas no item 2.4 deste trabalho e alerta
que as descobertas feitas com base nas técnicas de mapeamento e registro
cerebral não são mais eventos de ficção científica. A possibilidade que se tem de
analisar o funcionamento cerebral de pessoas vivas, através de recursos como a
ressonância magnética e outras tecnologias, vai além daqueles estudos do
cérebro que eram realizados com órgãos de pessoas falecidas.
Um ponto importante levantado pelo entrevistado diz respeito ao uso que se pode
fazer do conhecimento científico, que pode ser até perigoso. Nesse caso, ele
realça a necessidade de se aplicar a Neuroética. Realça, ainda, que o
conhecimento que se tem hoje do psiquismo humano, das características
neurobiológicas das pessoas deve servir à Administração de maneira ponderada,
evitando que tal conhecimento atue como uma forma de preconceito.
12
CV: http://lattes.cnpq.br/9450411173054440
68
Hoje sabemos que grande parte dos grandes gestores tem traços de
psicopatia bem definidos. Os melhores gestores são psicopatas
clássicos. Sabíamos disso instintivamente. Hoje, com o que já se sabe, é
possível adotar alguns mecanismos e a partir dessas características
aumentar a produtividade.
69
O gestor é valorizado hoje pelo foco que ele tem nos resultados. Quanto
mais foco no resultado há menos preocupação com pessoas
Tem gestores que tem prazer em demitir, destruir sonhos e fazem isso
sem peso na consciência. A NC tem ferramentas hoje para as empresas
escolherem os tipos de profissionais que elas querem na direção. Tem
softwares que capturam até as expressões faciais das pessoas, que
ajudam a selecionar melhor o profissional.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No momento em que foi produzido este trabalho, era notória a preocupação com
o desenvolvimento do ser humano, que na Era do Conhecimento passou a
constituir uma imposição, uma vez que o investimento no capital humano é
considerado atualmente o suporte fundamental de uma organização.
71
Este trabalho teve como objetivo analisar a contribuição (as descobertas, estudos,
pesquisas) da Neurociência para a gestão organizacional segundo a opinião de
especialistas relacionados a esta área de conhecimento.
Como sugestão para novos trabalhos recomenda-se que sejam ouvidos outros
especialistas, vinculados a organismos de pesquisa em outras regiões do Brasil e
no exterior; que sejam convocados pesquisadores a participarem de fóruns de
discussão onde se apresente projetos em desenvolvimento; que pós-graduandos
em Administração sejam convidados a levantar questões, construir projetos de
pesquisa em grupos de estudo voltados à temática explorada neste trabalho.
73
REFERÊNCIAS
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neurociência. REVISTA USP, São Paulo, n. 75, p. 32-41, set./ nov. 2007.
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exame/edicoes/1056/noticias/nao-temos-tempo-para-refletir>. Acesso em 24 mar.
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Ltda, 1997.
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76
MUOTRI, Alysson. Quer ter uma idéia genial? Relaxe, diz neurociência - O
pulso gama e… Ahá!!!!!. 10 out. 2008. Disponível em
<http://g1.globo.com/platb/espiral/2008/10/10/o-pulso-gama-e-aha/>. Acesso em
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SANTOS, Guilherme Cunha dos. Tempo livre e ócio criativo colaboram para o
bem-estar e maior produtividade. Belo Horizonte: Jornal Estado de Minas,
2014. Entrevista concedida a Lilian Monteiro. Disponível em
<http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/04/06/noticia_saudep
lena,148201/tempo-livre-e-ocio-criativo-colaboram-para-o-bem-estar-e-maior-
produtividade.shtml>. Acesso em 10 abr. 2014.
APÊNDICE A
CARTA-CONVITE PARA ENTREVISTA
Prezado(a) Senhor(a)
Prof (a)
O tempo estimado para essa entrevista gira em torno de vinte a trinta minutos. A
identificação dos respondentes não é obrigatória e os dados considerados
confidenciais não serão divulgados.
Atenciosamente,
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO DO ENTREVISTADO
Data
_________________________________
Participante
81
APÊNDICE C
ROTEIRO DA ENTREVISTA
Título da Dissertação:
A GESTÃO DAS ORGANIZAÇÕES E A NEUROCIÊNCIA:
ANÁLISE DE ALGUMAS CONTRIBUIÇÕES.
IDENTIFICAÇÃO DO ENTREVISTADO:
- Nome: ________________________________________________________
_______________________________________________________________
- Contatos: _____________________________________________________
_______________________________________________________________
A participação do entrevistado
– A pesquisadora utilizará de uma entrevista aberta aplicada a especialistas nas
áreas estudadas, de modo que se possibilite ao sujeito elaborar narrativas
sobre seus estudos, experiências e convicções, com um olhar de
embasamento e causalidades nas quais estas estiveram implicadas.
Não haverá busca de representatividade com relação ao tema abordado como
um todo e tampouco será adotado um critério amostral. Trata-se de uma
amostra intencional, não probabilística, formada por sujeitos representativos
82
..............................................................................................................................
Assinatura do entrevistado:
A ENTREVISTA
APÊNDICE D
PRODUÇÃO CIENTÍFICA DOS ENTREVISTADOS
DISPONÍVEL NO MOMENTO DA PESQUISA
SOUSA NETO, Julio Anselmo de; COSENZA, Ramon Moreira. Efeitos do vinho
no sistema cardiovascular. Revista Médica de Minas Gerais, Brasil, v. 4, n.3, p.
27-32, 1994.
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Citações: 50
DIAS, Carlos Magno Machado. No Devido Lugar. Jornal Estado de Minas, Belo
Horizonte, 12 ago. 1998.
APÊNDICE E
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- A página foi desenvolvida como produto dessa dissertação de mestrado. Uma
ferramenta destinada à integração entre os saberes da Administração e da
Neurociência – a Administração inovando a gestão organizacional com o
auxílio da Neurociência. Pretende ser um espaço de informações, troca de
ideias, interação (e integração) com pesquisas e pesquisadores, conexões com
outros espaços que possam agregar conhecimento. Seu objetivo será,
portanto, explorar estudos da Neurociência que apresentem aplicações à
Administração - utilizar a Neurociência para inovar a Gestão organizacional.