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PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP
CAROLINA CASARI
RIBEIRÃO PRETO
2014
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO
PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP
CAROLINA CASARI
RIBEIRÃO PRETO
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
CASARI, Carolina
O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da literatura científica
nacional para identificar os componentes da motivação que influenciam a aprendizagem
dos alunos. Foram selecionados artigos publicados na base de dados Scielo, Lilacs,
Portal da CAPES e na seguinte fonte eletrônica: site da biblioteca digital da USP por meio
das palavras-chave: motivação, criança e aprendizagem. Foram localizados 14 estudos
voltados à temática da motivação, havendo prevalência dos relacionados a sua
influência no processo de ensino-aprendizagem. Os estudos apontam que a motivação
seria um processo interno, que se compreende em uma resposta pessoal frente à
determinada situação, destacando-se a existência de duas orientações motivacionais: a
intrínseca e a extrínseca, podendo-se dizer que a primeira se caracteriza como escolha
e realização de determinada atividade por interesse, e a segunda como resposta a algo
externo à atividade. Desta forma, a motivação sempre será válida no processo de
ensino-aprendizagem como forma de despertar na criança impulsos que a leve querer
participar de atividades escolares. Tal processo é facilitado quando professores e alunos
estão interessados na aprendizagem, pois a motivação é a base para a mesma. Sendo
assim, a partir de todos os estudos apresentados, pode-se afirmar que, apesar do
grande número de estudos voltados à temática da motivação, eles concentram-se, em
sua maioria, sobre o desenvolvimento de tal habilidade necessária à aprendizagem.
ABSTRACT
The present work aims to carry out a review of the Brazilian empirical literature to
identify the components of motivation that influence student learning. Articles were selected
through a search in the SciELO database, Lilacs, Portal CAPES, and the next electronic
source: website of the digital library USP through keywords: motivation; child and learning.
Fourteen articles were found focused on the theme of motivation, with the prevalence related
to its influence on the teaching-learning process. Studies indicate that motivation would be
an internal process, which is understandable on a personal front response to a given
situation highlighting the existence of two motivational orientations: the intrinsic and extrinsic,
being able to say that the first is characterized as choice and performing a certain activity by
interest, and the second in response to something outside activity. Thus the motivation will
always be valid in the teaching-learning process as a means of awakening the child impulses
that mild want to participate in school activities. This process is facilitated when teachers and
students are interested in learning, because the motivation is the basis for it. So, from all the
studies presented, it can be said that despite the large number of studies focused on the
theme of motivation, they focus mostly on the development of such skills required learning.
SUMÁRIO
1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8
2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 11
3. METODOLOGIA ................................................................................................ 12
4. RESULTADOS ................................................................................................... 14
5. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 33
6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 41
As autoras ainda citam Tapia e Fita (1999)1 para dizer que “a motivação é um
conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido
para poder alcançar um objetivo” (p.77) e completam dizendo que, estudar a
motivação baseia-se em considerar fatores que fazem as pessoas empreenderem
determinadas ações dirigidas a alcançar objetivos.
Assim, se resume a motivação em um processo interno que se compreende
em resposta pessoal frente à determinada situação, sendo um conjunto de
1
Tapia, J. A. & Fita, E. C. (1999). A motivação em sala de aula. O que é, como se faz. São Paulo:
Edições Loyola.
8
mecanismos biológicos e psicológicos que permitam o desencadear da ação, da
orientação, da intensidade e da persistência (LIEURY; FENOUILLET (2000) apud
OLIVEIRA e ALVES, 2005, p. 232) 2.
A motivação de um indivíduo depende de seus motivos, isto é, de seus
anseios, desejos e necessidades. Cada ser humano possui motivações particulares
provocadas por inúmeras necessidades. Desse modo, a motivação ou o motivo é o
rompante que movimenta uma pessoa, que a coloca em ação ou a faz mudar a
direção, e que desperta seu desejo de se transformar.
Tal habilidade, ou seja, a motivação também pode ser colocada como uma
maneira de movimentar o organismo para a ação, começando uma relação entre o
contexto, a necessidade e o objeto de satisfação, já que, na sua base há sempre um
desenho, uma intenção ou um interesse para agir.
Carvalho et al (2010) citam Huertas (2001)3, para dizer que a motivação é
compreendida como um processo psicológico, ou seja, ela é proporcionada por meio
dos componentes afetivos e emocionais. É a energia psíquica do ser humano. São
vários os atributos que influenciam na motivação da pessoa, entretanto, ela se
expõe de diferente forma para cada indivíduo, visto que estes dispõem de diferentes
metas, expectativas e formas de enfrentar as tarefas e a vida.
As autoras ainda salientam que a motivação deve ser tida como um requisito,
uma condição prévia da aprendizagem, pois, como tem sido habitual afirmar, sem
motivação não há aprendizagem.
Segundo Rufini, Bzuneck e Oliveira (2012), todo comportamento tem uma
intenção, ou seja, é dirigido para algum objetivo. Uma pessoa pode ter a intenção de
agir por iniciativa e regulação autônomas quando, por exemplo, decide por compor
uma poesia por vontade própria ou, em contraposição, fazer essa poesia por uma
intenção controlada, porque o professor solicitou a tarefa, porque há recompensas à
vista ou por qualquer outra forma de pressão externa.
Bzuneck (2011) afirma que a motivação leva a uma escolha, uma decisão,
estimula, inicia um comportamento e assegura sua permanência.
2
Lieury, A. & Fenouillet. (2000). Motivação e aproveitamento escolar. São Paulo: Edições Loyola.
3
HUERTAS, J.A. Motivação e desmotivação: desafio para as professoras. n. 27, p. 277-290; 2006.
Acesso em: 06 jun. 2007.
9
Segundo Zenti (2000 apud KÜNPP 2006) 4, “a motivação não é apenas algo
natural, mas depende de fatores externos, por isso, as pessoas apresentam
motivações diferentes para o mesmo assunto”.
Alguns autores afirmam que a motivação é desejo consciente de se obter
algo, sendo, assim, uma determinante da forma como um indivíduo se comporta. A
motivação está envolvida em várias espécies de comportamento, como a
aprendizagem, desempenho, percepção, atenção, recordação, esquecimento,
pensamento, criatividade e sentimento, integrando, também um quadro de
elementos complexos, inconscientes e, muitas vezes, antagônicos, gerando assim
constantes conflitos. Mas, é, com certeza, a motivação que move o homem.
Assim, em termos gerais, motivação significa os fatores e processos que
levam as pessoas a agirem ou ficarem frente a determinadas situações, além de ser
um conjunto de mecanismos multifatoriais que determinam o comportamento de
cada indivíduo.
4
ZENTI, L. Aulas que seus alunos vão lembrar por muito tempo: motivação é a chave para ensinar a
importância do estudo na vida de cada um de nós. Nova Escola, São Paulo: Abril, v. 134, ago. 2000.
10
2. OBJETIVOS
11
3. METODOLOGIA
12
Neste ponto são apresentados os resultados obtidos através do estudo, mais
especificamente dos tipos de motivação, a relação da mesma com a aprendizagem
e a influência da motivação no processo de ensino aprendizagem, perpassando pela
influência do professor, pela motivação dos alunos e pela desmotivação. No final são
discutidos os resultados obtidos.
13
4. RESULTADOS
14
o próprio estudo excita no indivíduo uma atração que o leva a se aprofundar nela e a
superar os obstáculos que aparecem ao longo do processo de aprendizagem.
De acordo com a Teoria da Auto Determinação, a motivação intrínseca é o
melhor exemplo de autodeterminação, sendo a atividade em si o foco de interesse e
de satisfação, resultando em melhor aprendizagem, criatividade, persistência e
outros resultados positivos de desempenho. (PARELLADA; RUFFINE, 2013)
5
Leite et al (2005) citam Gasparin (2001) para apontar que a definição da
aprendizagem se dá através de sua elaboração, consequentemente, a adoção de
um profundo foco relacionado com a motivação intrínseca, ou seja, com o desejo de
tomar algumas decisões suscetíveis não só para contribuir com o domínio do
procedimento, de atitudes e a compreensão de determinados conceitos, mas de
criar sentimento de competência, autoestima e de respeito por si mesmo no sentido
mais amplo.
Segundo Burochovitch e Bzuneck (2004, p. 37) apud Morais e Varela (2007,
p. 08)6
5
GASPARIN. J. L. Motivar para aprendizagem significativa. Revista mundo jovem, Porto Alegre, n. 314, p. 8,
mar.2001.
6
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (orgs.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia
contemporânea. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
15
bons motivos serão sempre a solução para o desenvolvimento natural da criança,
além de gerar harmonia entre os elementos internos e externos, parte da natureza
humana.
Ainda segundo Morais e Varella, (2007) a motivação intrínseca é entendida
como sendo inerente e natural do individuo para envolver o interesse individual e
exercitar suas capacidades, buscando e alcançando bons desafios.
Dessa forma, Martinelli e Bartholomeu (2007) referem-se à motivação
intrínseca como sendo à efetivação de atividades no qual o prazer é natural à
mesma. O indivíduo busca, naturalmente, novidades e desafios, não sendo precisas
pressões externas ou prêmios pelo cumprimento da tarefa, uma vez que a
participação nessa é a principal recompensa. Para eles essa orientação motivacional
é a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão social, representando
assim o potencial positivo da natureza humana.
Com isso, afirma-se que um aluno motivado intrinsecamente, é aquele cujo
envolvimento e manutenção na atividade acontece pela tarefa em si, porque é
interessante e geradora de satisfação, alunos com este tipo de motivação trabalham
nas atividades, pois as consideram agradáveis.
7
GUIMARÃES, S.E.R. Motivação intrínseca, extrínseca e o uso de recompensas em sala de aula. In:
BZUNECK, J.A.; BORUCHOVITCH, E. (Orgs.). A Motivação do Aluno: Contribuições da
psicologia contemporânea. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 37-55.
16
Assim, a motivação extrínseca se relaciona às rotinas que aprendemos ao
longo de nossas vidas, ao desejo de desenvolver uma ação por causa de
recompensas externas ou para evitar punições. No que diz respeito à relação desta
motivação com a intrínseca, considera-se que o principal aspecto na questão de
recompensas não esteja relacionado ao recebimento, ao tipo ou à força destas, mas
sim, em como este processo de oferecer algo é realizado e, principalmente, como
pode ser compreendido por quem o recebe.
De acordo com Souza e Neves (2010) um aluno motivado extrinsecamente é
aquele que executa uma atividade ou tarefa, estimulado por recompensas externas
ou sociais, está mais interessado na opinião do outro, as tarefas são realizadas com
o principal objetivo de agradar pais e/ou professores, para ter reconhecimento
externo, receber elogios ou apenas para evitar uma punição.
Há quatro tipos de motivação extrínseca, discernidas de forma qualitativa e
que provém do sucesso no processo de internalização de regras e valores externos.
A motivação extrínseca por regulação externa e introjetada são os tipos mais
controlados de envolvimento, e por regulação identificada e integrada, mais
próximos da motivação autodeterminada. O desenvolvimento da qualidade
motivacional, previsto na sequência da autodeterminação (desmotivação, motivação
extrínseca por regulação externa, introjetada, identificada, integrada e motivação
intrínseca) depende das interações com o contexto social (PRELLADA; RUFINI
2013). Tem-se verificado que o comportamento extrinsecamente motivado também
pode ser autodeterminado, não sendo necessariamente sempre negativo para a
aprendizagem.
A motivação extrínseca se mostra como a motivação para trabalhar em
resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a conquista de
recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos
comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e
habilidades. O aluno extrinsecamente motivado busca uma tarefa escolar para
melhorar suas notas ou receber recompensas e elogios e/ou evitar punições [...]
diversos autores consideram as experiências de aprendizagem propiciadas pela
escola como sendo extrinsecamente motivadas, levando alguns alunos que evadem
ou concluem seus cursos a se sentirem aliviados por estarem livres da manipulação
17
dos professores e livros (BUROCHOVITCH; BZUNECK, 2004 apud MORAIS;
VARELLA 2007, p.08) 8.
Martinelli e Genari (2009) argumentam que a motivação extrínseca tem uma
destacada importância no aparecimento dos comportamentos intrinsecamente
motivados. Harter (1981 apud MARTINELLI e GENARI, 2009, p. 19) 9 menciona que
se podem prever situações nas quais o interesse intrínseco e recompensas
extrínsecas se completam, ou seja, que fatores internos e externos se relacionam
para produzir um comportamento intrinsecamente motivado.
Entre as motivações extrínsecas, Souza e Neves (2010) destacam “o desejo
de vencer, de ser admirado pelos outros, a satisfação de pertencer a um grupo, o
desejo de liderar, ser conhecido”, constituindo um fator psicológico fundamental que
se pode designar por “afirmação de si”.
A motivação extrínseca pode ser verificada quando um atleta se interessa por
uma atividade sendo esta um meio para alcançar um fim, tal como a participação
pela satisfação de ser melhor que o outro, prestígio, obtenção de recompensas
(dinheiro, aceitação parental) e não aceitação da punição.
De forma geral, diversos estudos realizados sobre motivação para a
aprendizagem apontam uma série de fatores que podem afetar a motivação do
estudante: as expectativas e estilos dos professores, os desejos e aspirações dos
pais e familiares, os colegas de sala, a estruturação das aulas, o espaço físico da
sala de aula, o currículo escolar, a organização do sistema educacional, as políticas
educacionais e, principalmente, as próprias características individuais dos alunos.
Dessa forma, estudar a motivação para a aprendizagem envolve a
compreensão de um complexo sistema de fatores que se inter-relacionam, operando
em conjunto na motivação do aluno.
Se pretendermos explicar a motivação e participação na aprendizagem, estes
estudos parecem ser viáveis.
8
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (orgs.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia
contemporânea. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
9
Harter, S. (1981). A new self-report scale of intrinsic orientation in the classroom: motivational and
informational components. Developmental Psychology, 17(3), 300-312.
18
4.2 – Relação entre motivação e a aprendizagem
10
Bzuneck, J.A. (2001). A motivação do aluno: Aspectos introdutórios. Em E. Boruchovitch & J.A.
Bzuneck (Orgs.). Motivação do aluno: Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis:
Editora Vozes.
19
investidos em qualquer atividade escolhida pelo indivíduo, sendo mantidos,
enquanto estiverem atuando os fatores motivacionais. Desta forma, a
motivação pode influenciar no modo como o indivíduo utiliza suas
capacidades, além de afetar sua percepção, atenção, memória,
pensamento, comportamento social, emocional, aprendizagem e
desempenho.
13
Mitchell Jr., J. V. (1992). Interrelationships and predictive efficacy for indices of intrinsic and
extrinsic, and self-assessed motivation for learning. Journal of Research and Development in
Education, 25, 149-155; Pfromm, S. N. (1987). Psicologia da aprendizagem e do ensino. São Paulo:
EPU; Schunk, D. H. (1991). Self-efficacy and academic motivation. Educational Psychologist, 26,
207-231.
14
PILZ. C. Motivação para aprendizagem. Revista mundo jovem,Porto Alegre, n. 335, p. 9, abr.2003.
15
FITA, E.C. O professor e a motivação dos alunos. In: TAPIA, J.A; FITA, E.C. A motivação em
sala de aula: O que é, como se faz. 5 ed. São Paulo: Loyola, 2003. p. 65-135.
16
BUGELSKI, B.R. Psicologia na Aprendizagem. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 230- 277.
22
um papel muito importante nos resultados que os professores e alunos
almejam.
18
Arcas, P.H. (2003). Avaliação da aprendizagem no regime de progressão continuada: O que dizem
os alunos. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo.
19
Martini, M.L. (1999). Atribuições de causalidade, crenças gerais e orientações motivacionais de
crianças brasileiras. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
20
FITA, E. C. O professor e a motivação dos alunos. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em
sala de aula: o que é, como se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 65-135.
24
21
acordo com esse posicionamento, Huertas (2001) salienta que toda motivação
deve estar relacionada a metas e objetivos, portanto, um bom professor possui
metas de ensino, o que tornará o aluno motivado a aprender (apud KNÜPPE, 2006).
Contudo, ao professor cabe à tarefa de atingir o interesse do aluno, buscando
seu engajamento no processo de ensino-aprendizagem, e para isso o professor
deve propor tarefas que atraiam os alunos (VERISSIMO; ANDRADA, 2001). Com
isso pode-se pensar o professor como fonte de estímulo aos alunos e seu desafio
seria o de criar ações concretas que incentivem os alunos a buscar e a realizar
(OLIVEIRA; ALVES, 2005) conduzindo-os ao aprendizado, ou seja, fazer uso de
artifícios que levem à motivação. Assim, é função dos professores criar situações
que motivem o aluno para se relacionar com o objeto do conhecimento, com seus
colegas e com os próprios professores.
Welchen e Oliveira, (2013) salientam que para Sacristán (1995) 22:
21
HUERTAS, J. A. Motivación: querer aprender. Buenos Aires: Aique, 2001.
22
SACRISTÁN, José Gimeno. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos
professores. In: NÓVOA, António. Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1995. p. 35-50.
23
GODOI, Christiane Kleinubing. Análise do discurso na perspectiva da interpretação social dos
discursos: uma possibilidade aberta aos estudos organizacionais. Revista Eletrônica de Gestão
Organizacional, Pernambuco: Champagnat, v. 3, n. 2, p. 90-105, 2005.
25
recebe estímulo suficiente por parte da escola para que se sinta motivado a construir
novos conhecimentos partindo destes estímulos e desafios.
Lima (200024, apud CARVALHO et al, 2010, p. 07) declara que:
Ferreira (2002 apud LEITE et al, 2005, p. 24) 25 lembra que, para aprender um
conteúdo ou matéria, é preciso que o aluno tenha um objetivo que o motive durante
o período de tempo em que precisa para realizar as atividades. Assim, cabe ao
professor fornecer meios que estimulem o aluno nessa aprendizagem.
Se considerar que motivar significa fornecer um motivo para a aprendizagem,
isto é, estimular a vontade de aprender, entende-se que, no trabalho educacional, é
preciso respeitar as diferenças individuais, pois os mesmos incentivos não atingem o
mesmo resultado sobre alunos de idades e graus de cultura diferentes. Resumindo,
para uma boa aprendizagem, é preciso uma boa motivação (LEITE et al, 2005).
Segundo Tapia (1999)26, algo que pode auxiliar os professores a
compreender a motivação de seus alunos é observar seus comportamentos, o que
dizem e o que fazem as crianças quando precisam realizar atividades relacionadas
com a aprendizagem. Outro fato importante relatado pelo autor é que os professores
podem conquistar a motivação de seus alunos mostrando, no início da aula,
curiosidades relacionadas ao tema, e relatar a importância do conteúdo (apud
KNÜPPE, 2006, p. 288).
Na tentativa de motivar esses alunos, os professores utilizam várias
estratégias, iniciando pelas recompensas, passando, depois, às ameaças e,
finalmente, à punição. Como usam essas técnicas de maneira causal, acabam
24
LIMA, L.M.S. Motivação em sala de aula: A mola propulsora da aprendizagem. In: SISTO, F.F; OLIVEIRA,
G.C; FINI, L.D.T. (Orgs.) Leituras de psicologia para formação de professores. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
p. 148-161.
25
FERREIRA, D. S. A motivação e o processo ensino-aprendizagem na educação infantil. 2002,
p.38. Monografia (Especialização em Educação e Arte) – Curso Pós Graduação em Educação e Arte,
Universidade Estadual do Paraná – Unespar/Fecilcam, Campo Mourão, 2002.
26
TAPIA, J. A. Contexto, motivação e aprendizagem. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em
sala de aula: o que é, como se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 11-61.
26
piorando a situação, pois geram mais rebeldia e insatisfação ou apatia. Por isso, a
motivação e os estímulos devem ter objetivos, claros, isto é, partir da dificuldade
apresentada pelo aluno para realmente surtir o efeito esperado. Deve-se analisar até
que ponto o aluno sabe, para então estimulá-lo no ponto mais próximo possível de
sua dificuldade. (LEITE et al, 2005)
Uma das fundamentais tarefas dos educadores é promover interesse e levar o
aluno a se envolver num tema, mesmo quando o interessa no mesmo não surge
desde o início. O objetivo é levar o aluno a se deslocar da motivação externa para a
motivação interna, considerando que a motivação que advém de um verdadeiro
interesse em aprender é mais permanente e valiosa do que a que vem do interesse
em aprender somente para obter recompensas.
Com isso, Leite et al, (2005) afirma que:
Cada vez mais os professores precisam estar atentos aos interesses dos
alunos para que suas aulas sejam mais vivas, motivadoras e dinâmicas. É
importante aproximar professor e aluno, de maneira a realizar uma aula
mais gratificante para o professor, o que lhe serve como estímulo e como
aprendizagem mais sólida e construtiva para o aluno.
Isto porque o interesse do professor pelos seus alunos e a forma como age
com estes têm um impacto muito poderoso nos educandos, uma vez que esta
relação afeta a percepção que eles têm do professor e, consequentemente,
influencia em sua dedicação às tarefas de aprendizado (MORALES, 2000 apud
CARVALHO, et al 2010, p. 21) 27.
27
MORALES, P. A relação professor-aluno: O que é, como se faz. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2000. p.
60-65.
27
capacidade de estabelecer as próprias metas, planejar e monitorar seus esforços na
direção de um melhor desempenho acadêmico, direcionando em certa medida, sua
aprendizagem no contexto escolar.
Perante isso, tem-se que outra figura de grande valor no processo de
motivação é o aluno, uma vez que é portador desta e o maior interessado em
aprender. No entanto, a motivação não depende só do discente, mas também do
contexto no qual está inserido, tendo em vista que situações ambientais influenciam
de forma significativa no processo da motivação do aluno (BZUNECK, 2001 apud
CARVALHO et al, 2010, p. 07-08)28.
Ainda, segundo Bzuneck (2001, apud OLIVEIRA; ALVEZ, 2005, p. 232), em
sala de aula, os efeitos imediatos da motivação do aluno consistem em ele se
envolver ativamente nas tarefas pertinentes ao processo de aprendizagem, o que
implica em ter escolhido esse curso de ação entre outros possíveis e ao seu
alcance.
Parellada e Rufini (2013) afirmam que:
28
BZUNECK, J.A. A Motivação do Aluno: Aspectos Introdutórios. In: BZUNECK, J.A.;
BORUCHOVITCH, E. (Orgs). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea.
Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 9-31.
29
BZUNECK, J. A. As crenças de auto-eficácia dos professores. In: F.F. Sisto, G. de Oliveira, & L. D.
T. Fini (Orgs.). Leituras de psicologia para formação de professores. Petrópolis, Rio de Janeiro:
Vozes, 2000.
28
diferentes materiais didáticos ou que existam computadores na escola, se o aluno
não se sentir motivado a utilizá-los e, a partir daí, construir conhecimentos.
Essa motivação deve partir do aluno, mas o professor e a escola precisam
oferecer subsídios para que isso aconteça. Pode-se ser citada como subsídio em
primeiro lugar a aproximação dos conteúdos escolares com a realidade das
crianças, pois muitas vezes são discutidos assuntos em sala de aula que o aluno
desconhece (KNÜPPE, 2006).
No contexto escolar, as atividades devem ser desenvolvidas levando-se em
consideração os elementos promotores da motivação intrínseca como apresentar
constantemente desafios, promover curiosidade, diversificar planejamentos
30
(GUIMARÃES, 2001, apud NEVES e BORUCHOVITCH, 2004, p. 83) , jogos
educativos e de regras, dinâmicas de grupo e outras situações motivadoras.
O engajamento dos alunos em tarefas de aprendizagem depende do apoio à
sua natureza ativa, o que pode ser alcançado pela criação de contextos favoráveis,
com o desenvolvimento e implementação de estratégias de ensino direcionadas a
fortalecer suas percepções de competência, autonomia e pertencimento (BZUNECK;
GUIMARÃES, 2010; RYAN; DECI, 2000 apud PARELLADA; RUFINI, 2013, p. 744)
31
.
De forma geral, Verissimo e Andrada (2001) mostram que os estudos
parecem sinalizar para o interesse dos alunos como sendo o centro do processo de
motivação para a aprendizagem. Privilegiar seus interesses seria uma forma do
professor esperar maior engajamento, maior participação nas aulas.
32
Segundo Chiavenato (2004 apud WELCHEN; OLIVEIRA, 2013, p. 151) ,o
aluno não se sentirá seguro sendo motivado uma vez. Segurança refere-se à
autonomia de realizar tarefas sozinho e de ter iniciativas positivas, então, a
autonomia resultará do cultivo diário e permanente de atitudes motivadoras. A
motivação como uma virtude opera com objetivos ou referenciais de vida, dando
30
Guimarães, S.E.R. (2001). Motivação intrínseca, extrínseca e o uso de recompensas em sala de aula.
Em Boruchovitch, E. & Bzuneck, J.A. (Orgs.), Motivação do aluno: Contribuições da psicologia
contemporânea, Petrópolis: Editora Vozes.
31
Bzuneck, J. A., & Guimarães, S. É. R (2010). A promoção da autonomia como estratégia
motivacional. In E. Boruchovitch, J. A. Bzuneck, & S. É. R. Guimarães (Eds.), Motivação para
aprender (pp. 13-70). Petrópolis, RJ: Vozes.; Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Self-Determination
Theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. The American
Psychologist, 55, 68-78.
32
CHIAVENATO, Idalberto. A dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Thomson, 2004.
29
sentido às ações, permitindo emitir juízo sobre a realidade, além de se posicionar
diante de problemas e tomar decisões.
Pois, antes de dar início a qualquer processo de aprendizagem, é preciso
conferir quais as motivações do educando e buscar adaptar a aprendizagem a tais
motivações. O educando aprenderá, apenas se estiver certo de que tais
aprendizagens irão satisfazer suas necessidades. É, então, de suma importância
que os objetivos apresentados pela escola e pelo educador vão de encontro aos
objetivos do educando, pois, do contrário, ele não se preocupará em alcançá-los,
visto que não irão satisfazer suas necessidades.
A esse respeito, Bzuneck (2001) diz ainda que, é possível perceber que um
aluno está motivado para aprender através do envolvimento deste nas atividades em
sala de aula, visto que escolhe essa, entre tantas outras ações ao seu alcance, para
dedicar-se (BZUNECK, 2001 apud CARVALHO et al 2010, p. 08)
Já Rufini et al (2012, p. 59) citam Guimarães (2004) 33 que aponta:
33
Guimarães, S. E. R. (2004). Necessidade de pertencer: Um motivo humano fundamental. In E.
Boruchovitch & J. A. Bzuneck (Orgs.), Aprendizagem: Processos psicológicos e o contexto social na
escola (pp. 177-200). Petrópolis, RJ: Vozes.
30
significativa na motivação de cada aluno para a aprendizagem (CARVALHO et al,
2010).
4.3.3 – Desmotivação
Uma estratégia de ensino que contribua para evitar que os estudantes fiquem
desmotivados ou apresentem baixa qualidade motivacional tem importantes
34
implicações acadêmicas, pois, de acordo com Ryan e Deci (2000) , a qualidade da
motivação tem influência direta na qualidade do aprendizado. Um aluno
autodeterminado persiste em suas atividades educacionais, mobilizando-se no
sentido de assumir responsabilidade pelos seus estudos (RYAN; DECI, 2000 apud
PARELLADA; RUFINI, 2013, p. 750).
Na opinião de Martinelli e Genari (2009) as experiências de fracasso escolar
que afetam os estudantes brasileiros, são atribuídas à falta de motivação, de
interesse, de dedicação, de atenção, bem como à falta de cumprimento de suas
atividades acadêmicas, falta de esforço, falta de responsabilidade e à ausência de
ajuda do professor.
34
Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Self-Determination Theory and the facilitation of intrinsic
motivation, social development, and well-being. The American Psychologist, 55, 68-78.
31
Neste sentido, é permitido apontar que a desmotivação é a ausência de
desafio e de motivo espontâneo, frequentemente agravado pela frustração de não
ser atingido sucesso no desenrolar da vida escolar ou de experiências anteriores
negativas.
35
De acordo com Rufini et al (2012) as investigações de Accorsi, et al (2007) ,
36
Boruchovitch e Bzuneck (2004) e Goya, et al (2008)37 apontam que, no caso do
aluno, a falta de motivação para aprender pode se reverter em um baixo
desempenho escolar, tendo em vista o pouco investimento no próprio aprendizado.
Outro aspecto a ser destacado por tais autores é a questão de que a falta de
motivação para o aprendizado pode depor de forma negativa para o desempenho
escolar dos alunos (ACCORSI et al., 2007; BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2004;
GOYA et al., 2008, apud RUFINI et al, 2012, p. 53).
Assim, destaca-se a importância de ambientes institucionais reforçadores que
permitam o exercício e a promoção do comportamento autônomo. Nessa direção, há
de se pensar em formas de atuar preventivamente para que os estudantes se sintam
mais motivados a aprender, sobretudo, porque o aspecto motivacional se associa a
um bom desempenho escolar e a uma melhor qualidade desse aprendizado
(RUFINI, BZUNECK e OLIVEIRA, 2012).
Quanto à importância da motivação para a aprendizagem, Carvalho et al
(2010) cita Bzuneck (2001, p.13) 38 que afirma que:
35
Accorsi, D. M. P., Bzuneck, J. A., & Guimarães, S. E. R. (2007). Envolvimento cognitivo de
universitários em relação à motivação contextualizada. Psico-USF, 12(2), 291-300.
36
Boruchovitch, E., & Bzuneck, J. A. (Orgs.). (2004). A motivação do aluno: Contribuições da
psicologia contemporânea (3a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
37
Goya, A., Bzuneck, J. A., & Guimarães, S. E. R. (2008). Crenças de eficácia de professores e
motivação de adolescentes para aprender Física. Psicologia Escolar e Educacional, 12(1), 51-67.
38
BZUNECK, J.A. A Motivação do Aluno: Aspectos Introdutórios. In: BZUNECK, J.A.;
BORUCHOVITCH, E. (Orgs). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea.
Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 9-31.
32
5. DISCUSSÃO
33
forma mecânica, ou seja, fazer um depósito de novas informações no aluno, antes
que ele tenha formado uma associação de conceitos existente na estrutura
cognitiva, ou seja, de forma extrínseca. Já o aluno intrinsicamente motivado
concretiza a tarefa apenas pelo prazer, porque se interessa por ela e se satisfaz
verdadeiramente com a atividade em si.
Entre os trabalhos que abordaram a temática influências na aprendizagem foi
possível observar a preocupação dos autores estudados com relação a grande
influência que a motivação traz para o aprendizado.
Leite et al (2005) em seu estudo sobre a influência da motivação no processo
de ensino e aprendizagem averiguou que a motivação é e sempre será uma grande
aliada na aprendizagem, para que a mesma seja satisfatória e não apenas um
suplemento de informações. Todavia, para que os estímulos sejam realmente
incentivadores, é preciso se basear nos significados do ato de aprender e na sua
utilidade. Em conformidade com o exposto, Leite et al (2005, p. 26) comenta: “[...]
motivar significa preparar atividades que desenvolvam uma aprendizagem
significativa, pois serão elas que determinarão o nível de motivação dos alunos”.
A relação entre motivação e aprendizagem não se restringe a uma pré-
condição da primeira para a ocorrência da segunda, mas que há uma relação de
reciprocidade entre ambas. Dessa forma, a motivação é capaz de produzir um efeito
na aprendizagem e no desempenho, assim como a aprendizagem pode interferir na
motivação (MARTINELLI; GENARI, 2009).
Ainda para os citados autores, o processo de aprendizagem é beneficiado
quando as crianças são expostas, constantemente, a atividades desafiadoras. Tal
recurso facilitador ainda favorece a satisfação pessoal da criança, levando-a a
acreditar na sua capacidade e consequentemente a ter sucesso na aprendizagem.
De maneira geral, pode-se dizer que os artigos apontaram consideráveis
contribuições acerca da influência da motivação no processo de ensino-
aprendizagem, principalmente, em relação à ideia de que motivar para a
aprendizagem escolar é uma tarefa árdua. Se o aluno não encontra significado no
trabalho que tem a realizar, se não vê perspectiva futura nesta aprendizagem,
provavelmente não terá interesse em aprender.
A temática importância do professor na motivação tem como foco os
professores como pessoas que buscam influenciar a motivação de seus alunos no
34
contexto de sala de aula. A tarefa dos professores é desenvolver a motivação dos
alunos para a aprendizagem e conduzi-los a se engajarem nas atividades
acadêmicas com uma orientação para aprender.
Para Oliveira e Alves (2005) é perceptível a necessidade de equipar os
docentes para operarem como mediadores no processo de ensino-aprendizagem,
buscando conexão nas concepções dos professores e dos alunos, evitando
desinteresses, processos de fracasso e evasão escolar.
A atitude dos alunos, segundo as autoras, pode ser favorecida pelo próprio
professor através de seu estímulo, o qual deve oferecer aulas que estimulem o
interesse dos alunos, despertando a sua curiosidade com temas e materiais que
lhes sejam atraentes e chamem a atenção, respeitando a individualidade de cada
um e conhecendo-os de forma mais próxima (OLIVEIRA; ALVES, 2005).
Verissimo e Andrada (2001) vão de encontro com tais autoras, ao afirmar que
as representações giram em torno da ideia de que o centro da atenção dos
professores deveria ser o interesse do aluno, utilizando o que ele gosta como forma
de atraí-lo e engajá-lo na aprendizagem. Para Künnep (2006) cabe ao professor
facilitar a construção do processo de formação, influenciando o aluno no
desenvolvimento da motivação da aprendizagem.
Para os especialistas, a educação está presente nas discussões mundiais.
Em diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel essencial que ela
desempenha no desenvolvimento das pessoas e das sociedades. E, nesse contexto,
a figura do educador assume especial importância, visto que o mesmo é
responsável em adequar o ensino à aprendizagem, possibilitando dessa forma um
ensino mais relevante e significativo para os alunos, garantindo assim a formação de
cidadãos autónomos, críticos e participativos.
Deste modo, torna-se importante que o educador, como parte integrante do
processo ensino/aprendizagem, esteja preparado para enfrentar o problema da
motivação, dentro daquilo que são as suas competências, aumentá-la ao máximo e
tornar as aulas o mais motivante possível.
Assim, podemos concluir que as ações do professor só estarão voltadas para
a satisfação da necessidade de pertencer dos alunos se ele apresentar disposição
para a mudança e demonstrar interesse em atender às expectativas dos alunos.
Para isso, o professor precisará conhecer as mais diversas abordagens teóricas
35
sobre a motivação e inseri-las em sua ação prática, realizando continuamente
reflexões sobre a sua ação pedagógica, buscando compreender e interpretar as
diferentes situações do contexto escolar e do aluno nele inserido. Essa ação
reflexiva contribuirá de forma efetiva para a motivação e consequente aprendizagem
dos alunos.
Adentrando aos trabalhos sobre a motivação dos alunos pode-se dizer que
em todos os trabalhos estudados observou-se que quando o educando se sente
motivado, ele entende o porquê do estudar, consegue envolver-se, mantendo um
auto-estímulo que não o deixe desistir dos desafios e valorize a educação.
A motivação do aluno é um dos principais determinantes do êxito e da
qualidade da aprendizagem, devido a isso, estudar a motivação dos alunos,
principalmente, no momento cujo qual a avaliação da aprendizagem por meio de
notas e repetência está sendo repensada, constitui-se num tema importante para a
prática educacional (NEVES; BORUCHOVITCH, 2004).
39
Para Rufini, Harter, (1981); Lepper, Corpus, & Iyengard, (2005, p. 55) os
estudantes confirmam uma crença baseada no senso comum de que, à medida que
transcorre a sua escolarização, os alunos se tornam gradativamente menos
motivados para estudar, sobretudo em áreas de conteúdos específicos. Com isso,
afirma-se que há uma evidente diminuição da motivação intrínseca dos alunos, no
decorrer dos oito primeiros anos escolares. Já com relação ao envolvimento
extrínseco dos estudantes com a escola ocorre o inverso, ou seja, com o avanço nas
séries ficam mais evidentes, no ambiente escolar, as pressões externas, a
competição e a busca por recompensas o que, por suposição, aumentaria a
motivação extrínseca.
A motivação, segundo Welchen e Oliveira (2013), traz inúmeros benefícios ao
desenvolvimento da criança, principalmente na construção de sua identidade,
conduzindo a criança à sua autonomia e aquisição de novos conhecimentos,
possibilitando seu desenvolvimento efetivo sabendo utilizar de recursos pessoais
diante das adversidades que enfrentará em sua vida. Sendo assim, acreditam que a
39
Harter, S. (1981). A new self-report scale of intrinsic versus extrinsic orientation in the classroom:
Motivational and informational components. Developmental Psychology, 17(3), 300-312.; Lepper, M.
R., Corpus, J. H., & Iyengar, S. S. (2005). Intrinsic and extrinsic motivational orientations in the
classroom: Age differences and academic correlates. Journal of Educational Psychology, 97(2), 184-
196.
36
motivação do aluno está relacionada com trabalho mental situado no contexto
específico das salas de aula.
É fato que a motivação trás diversos benefícios ao desenvolvimento do
indivíduo, principalmente na construção da sua identidade, conduzindo-o a sua
autonomia e aquisição de novos conhecimentos, possibilitando seu desenvolvimento
e sabendo utilizar de recursos pessoais diante das dificuldades com as quais se
deparará em sua vida.
Sabemos, então, que tudo o que é bom agrada, e o que é ruim desagrada.
Tais sentimentos atingem a área afetiva, por isso, se o sujeito não estiver motivado
ou interessado, não terá interesse e não executará nem mesmo as atividades do
dia-a-dia. Consequentemente, muitos problemas de relacionamento humano e
insucesso na aprendizagem são decorrentes de carência afetiva e de motivações,
porque são essas as principais fontes responsáveis pela formação da personalidade
dos seres humanos (WELCHEN; OLIVEIRA, 2013).
Visto que a educação é necessariamente um ato social, é por meio de
contato, de interação e de forma afetiva que surgirá a motivação. Assim, todas as
ações que são realizadas e compreendidas pelo sujeito influenciam em suas ações
a longo prazo, de modo que as impulsionadas pela afetividade acarretam em ações
positivas, gerando motivação para outras aprendizagens.
A partir do estudo, conclui-se então que o sucesso no desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos está totalmente relacionado à motivação para aprender. O
aluno motivado busca novos conhecimentos e oportunidades, mostrando-se
envolvido com o processo de aprendizagem, participando continuamente das tarefas
com entusiasmo e disposição para novos desafios.
Verifica-se que a elaboração significativa das tarefas escolares gera
motivação intrínseca e que não ocorre o mesmo com as tarefas repetitivas ou fora
de contexto. Isto demonstra que a aprendizagem só tem significado quando tem
sentido para o aluno, coisa que não acontece com a aprendizagem mecânica.
Em relação às pesquisas voltadas a desmotivação acredita-se no pressuposto
de que a desmotivação tem implicações negativas no processo ensino-
aprendizagem. O educador necessita fundamentar sua ação docente de acordo com
as necessidades dos estudantes, levando em consideração sempre as angústias e
as ansiedades que se entrecruzam na vida do aluno naquele dado momento.
37
Para Carvalho et al (2010) deve-se levar em consideração que, nem todos os
aspectos do âmbito escolar são causadores de desmotivação no aluno, visto que
seu empenho também estará baseado em áreas de seu interesse. Um aluno não
necessariamente é desmotivado para tudo na sala de aula. Ele pode estar
desmotivado ou apresentar motivação distorcida apenas em alguma ou algumas
áreas, ou alguns tópicos, como pode apresentar problemas em relação a todas as
disciplinas de um curso. Outro aspecto que pode influenciar para não motivação dos
alunos em sala de aula, expresso, especialmente, pela recusa para a realização das
atividades escolares, é a falta de tempo das professoras para planejar situações
didáticas.
É possível afirmar que as crenças dos estudantes têm uma influência na sua
ação, na motivação e nos processos cognitivos, sendo estes últimos, relacionados à
antecipação de consequências e resultados de ações. Aplicando-se o conceito ao
contexto escolar, entende-se que a autoeficácia pode afetar a motivação dos alunos
para realizar as tarefas ou evitá-las, as reações dos estudantes diante de suas
realizações e até mesmo as suas escolhas profissionais. Essa é uma importante
justificativa para a falta de motivação de muitos estudantes (SOUZA; NEVES, 2010).
De acordo com Martinelli e Genari (2009), os alunos atribuem suas
experiências de fracasso à falta de motivação, de interesse, de dedicação, de
atenção, bem como à falta de cumprimento de suas atividades acadêmicas, falta de
esforço, falta de responsabilidade e à ausência de ajuda do professor, enquanto que
pais e professores da rede pública consideram o aluno como o principal responsável
por sua repetência e pelo seu péssimo desempenho.
Conclui-se, então, que a motivação dos alunos pelos estudos em sala de aula
é um assunto preocupante, pois, as crianças estão chegando cada vez mais
desmotivadas. Isso ocorre devido à falta de unidade entre o lúdico e o didático
propriamente dito, o que, no contexto escolar, pode significar, também, a falta de
unidade entre os processos de motivação e aprendizagem.
Nos dias atuais a criança vive em um mundo sobrecarregado de tecnologias e
brinquedos que encantam e fascinam, como por exemplo, videogames, jogos
eletrônicos, internet, etc. Os atrativos oferecidos por essas tecnologias despertam
interesses que estão além do simples fato de frequentarem uma escola e desta
forma o aprendizado escolar acaba perdendo espaço para o avanço tecnológico, o
38
que acaba interferindo na aprendizagem, gerando certos desinteresses e falta de
motivação pelos estudos, pois para uma criança é muito mais interessante brincar
do que estudar.
Para ajudar em tal dificuldade, os professores devem expor aos alunos que
aprender pode ser divertido. Porém, a maior dificuldade está em competir com os
atrativos tecnológicos e os brinquedos que encantam as crianças, e que em algumas
escolas não existem.
Entretanto, há escolas que apresentam tais recursos, mas não há
envolvimento do educador, fazendo com que os mesmos sejam úteis ao
aprendizado dos alunos. Desta forma, afirma-se que não adianta haver recursos
físicos e tecnológicos se não há o recurso humano impulsionando e motivando o
aluno.
É visto que a motivação para a aprendizagem tornou-se um problema de
ponta para a educação, pois, sua ausência representa queda de qualidade na
aprendizagem. Os estudos realizados sobre o tema enfocam os aspectos
cognitivistas, a motivação intrínseca, extrínseca, o uso de recompensas e as metas
de realização são tidos como fatores preponderantes para o conhecimento sobre
motivação. Questões como organização da escola e da sala de aula são agentes
motivadores. Existem ainda, as questões da inteligência, da crença na autoeficácia,
a ansiedade e a satisfação escolar. O esforço, principal indicador de motivação, só é
utilizado se o aluno acreditar na capacidade do êxito.
Acredita-se ser este o grande desafio da atualidade a que os educadores
devem se propor: averiguar as razões da ausência da motivação do aluno para a
aprendizagem, analisá-las e buscar estratégias eficazes que ajudem a reverter este
quadro. Várias escolas já oferecem um ensino contextualizado, objetivando a
formação de indivíduos conscientes, autônomos, dotados de referenciais para
realizar opções, capazes de construir conhecimentos, de fazer julgamentos e opções
políticas, mas que mesmo assim, o aluno não se sente motivado. Existe algo mais a
ser desvendado. Uma percepção que vem à mente é a de que o aluno vive em uma
sociedade onde as mudanças estão presentes em todos os setores e a educação
não está acompanhando esse processo evolutivo, de acordo com pesquisas. Esta é
uma forte razão para a desmotivação.
39
Sendo assim, a partir de todos os estudos apresentados, pode-se afirmar que
apesar do grande número de estudos voltados à temática da motivação, eles
concentram-se em sua maioria, sobre o desenvolvimento de tal habilidade
necessária a aprendizagem.
40
6. CONCLUSÃO
41
A motivação tem sido apontada como uns dos fatores que tem influenciado
diretamente o quê e como os alunos aprendem. Por vezes, as fontes de
impedimentos à eficácia do ensino encontram-se nos próprios alunos, quando estão
desmotivados. Contudo, não é o caso de superestimar a importância da motivação,
considerando que outras variáveis também afetam os educandos. Ressalta-se a
relevância da importância dos educadores estarem atentos às consequências
negativas que a falta de motivação pode gerar nos alunos.
Deste modo, se faz necessário analisar os fatores que têm ocasionado a
desmotivação dos alunos, tentando entendê-los sobre o prisma das diferentes
teorias. Dentro disso, considerar a influência que os ambientes familiares e
escolares exercem sobre os alunos, visto que podem trazer reflexos positivos ou não
sobre o aprendizado.
Conclui-se, então, que os estudos realizados sobre motivação para a
aprendizagem permitiram apontar uma série de fatores que podem afetar a
motivação do estudante: as expectativas e estilos dos professores, os desejos e
aspirações dos pais e familiares, os colegas de sala, a estruturação das aulas, o
espaço físico da sala de aula, o currículo escolar, a organização do sistema
educacional, as políticas educacionais e principalmente as próprias características
individuais dos alunos.
Nesta perspectiva, considera-se que, ampliar esses estudos para o sistema
educacional, poderá contribuir de forma significativa para o processo de ensino e
aprendizagem.
42
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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44