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PROGRAMA DE APRIMORAMENTO

PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP

CAROLINA CASARI

INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

RIBEIRÃO PRETO
2014
PROGRAMA DE APRIMORAMENTO
PROFISSIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE
COORDENADORIA DE RECURSOS HUMANOS
FUNDAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO ADMINISTRATIVO – FUNDAP

CAROLINA CASARI

INFLUÊNCIA DA MOTIVAÇÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM

Monografia apresentada ao Programa de


Aprimoramento Profissional/CRH/SES-SP e
FUNDAP, elaborada no Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo – USP
Nome do Aprimoramento: Psicopedagogia Clínica

Orientadora: M.ª Ana Maria de A. Motta Oliveira

RIBEIRÃO PRETO
2014
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

CASARI, Carolina

A influência da motivação no processo de ensino – aprendizagem/ documento eletrônico e


impresso/ Carolina Casari; orientadora M.ª Ana Maria de Almeida Motta Oliveira. Ribeirão Preto,
São Paulo – 2014
48p.

Monografia – Aprimoramento Profissional do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de


Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, 2014.

1. Motivação; 2. Criança; 3. Aprendizagem.


AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à minha orientadora, Ana Maria de A. Motta Oliveira


por todo o apoio e também por ter me ajudado durante todo o processo.
Queria agradecer a todas as minhas supervisoras, pela grande ajuda nas
horas de sufoco, pelos ensinamentos e pela paciência!
Não poderia me esquecer das minhas colegas de trabalho pela atenção e
pela força dadas através do companheirismo, sempre que precisei, em especial a
Ana Cláudia Farnocchi Santos, pois pude encontrar em você uma verdadeira amiga
e ter você me apoiado neste ano foi muito bom. Obrigada por todo o carinho e
paciência, pelas explicações e pelos momentos que passamos juntas.
Também gostaria de agradecer a meus pais, Cassia Casari e Luís Carlos
Casari por tudo aquilo que me ensinaram e pelos muitos momentos de dificuldades
que enfrentamos, mas que não impediram que me dessem todo o apoio necessário,
desde sempre.
Agradeço também ao meu namorado Kadu Azevedo Gomes por todo o amor,
carinho, apoio e paciência que tem me dedicado e também por ser tão
compreensivo, estando sempre ao meu lado, apesar da distância. Seu apoio foi
muito importante para a conclusão desta etapa.
Por último, agradeço a Deus por todas as alegrias, pela saúde e pela força
que me concedeu, para que conseguisse chegar até aqui.
RESUMO

CASARI, C. (2014) A influência da motivação no processo de ensino-


aprendizagem. Monografia - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão da literatura científica
nacional para identificar os componentes da motivação que influenciam a aprendizagem
dos alunos. Foram selecionados artigos publicados na base de dados Scielo, Lilacs,
Portal da CAPES e na seguinte fonte eletrônica: site da biblioteca digital da USP por meio
das palavras-chave: motivação, criança e aprendizagem. Foram localizados 14 estudos
voltados à temática da motivação, havendo prevalência dos relacionados a sua
influência no processo de ensino-aprendizagem. Os estudos apontam que a motivação
seria um processo interno, que se compreende em uma resposta pessoal frente à
determinada situação, destacando-se a existência de duas orientações motivacionais: a
intrínseca e a extrínseca, podendo-se dizer que a primeira se caracteriza como escolha
e realização de determinada atividade por interesse, e a segunda como resposta a algo
externo à atividade. Desta forma, a motivação sempre será válida no processo de
ensino-aprendizagem como forma de despertar na criança impulsos que a leve querer
participar de atividades escolares. Tal processo é facilitado quando professores e alunos
estão interessados na aprendizagem, pois a motivação é a base para a mesma. Sendo
assim, a partir de todos os estudos apresentados, pode-se afirmar que, apesar do
grande número de estudos voltados à temática da motivação, eles concentram-se, em
sua maioria, sobre o desenvolvimento de tal habilidade necessária à aprendizagem.
ABSTRACT

CASARI, C. (2014) The influence of motivation in the teaching-learning process.


Monografia - Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São
Paulo, Ribeirão Preto.

The present work aims to carry out a review of the Brazilian empirical literature to
identify the components of motivation that influence student learning. Articles were selected
through a search in the SciELO database, Lilacs, Portal CAPES, and the next electronic
source: website of the digital library USP through keywords: motivation; child and learning.
Fourteen articles were found focused on the theme of motivation, with the prevalence related
to its influence on the teaching-learning process. Studies indicate that motivation would be
an internal process, which is understandable on a personal front response to a given
situation highlighting the existence of two motivational orientations: the intrinsic and extrinsic,
being able to say that the first is characterized as choice and performing a certain activity by
interest, and the second in response to something outside activity. Thus the motivation will
always be valid in the teaching-learning process as a means of awakening the child impulses
that mild want to participate in school activities. This process is facilitated when teachers and
students are interested in learning, because the motivation is the basis for it. So, from all the
studies presented, it can be said that despite the large number of studies focused on the
theme of motivation, they focus mostly on the development of such skills required learning.
SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................... 8

1.1–O que é motivação ....................................................................................... 8

2. OBJETIVOS ....................................................................................................... 11

3. METODOLOGIA ................................................................................................ 12

4. RESULTADOS ................................................................................................... 14

4.1– Tipos de Motivação ................................................................................... 14

4.1.1 - Motivação Intrínseca .............................................................................. 14

4.1.2 – Motivação Extrínseca ............................................................................ 16

4.2 – Relação entre motivação e a aprendizagem ............................................ 19

4.3 – Influências na aprendizagem ................................................................... 21

4.3.1. - Importância do Professor na Motivação ................................................ 24

4.3.2. – Motivação dos Alunos .......................................................................... 27

4.3.3 – Desmotivação ....................................................................................... 31

5. DISCUSSÃO ...................................................................................................... 33

6. CONCLUSÃO .................................................................................................... 41

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 43


1 - INTRODUÇÃO

O trabalho aqui apresentado teve a finalidade de abordar e discutir estudos


que se voltaram para a temática motivação e suas influências no processo de
ensino-aprendizagem. Este trabalho se justifica na medida em que a motivação, que
envolve sentimentos de realização e conhecimento, manifestado por meio das
tarefas e das atividades, que oferecem desafios e significados, é de fundamental
importância para o processo de ensino-aprendizagem dos alunos.

1.1–O que é motivação

Vários estudos buscam verificar a relação entre a motivação e a


aprendizagem. Tendo em vista a importância dessa relação, é necessário
compreender a motivação como habilidade necessária para o processo de
aprendizagem.
No que diz respeito à motivação, Oliveira e Alves (2005) definem como:

... Uma “energia” que impulsiona alguém em determinada direção, ou seja,


é uma força interna que faz com que o indivíduo busque realizar algo. Desta
definição destaca-se seu aspecto subjetivo, isto é, algo intrínseco ao
indivíduo, não sendo possível motivar alguém.

As autoras ainda citam Tapia e Fita (1999)1 para dizer que “a motivação é um
conjunto de variáveis que ativam a conduta e a orientam em determinado sentido
para poder alcançar um objetivo” (p.77) e completam dizendo que, estudar a
motivação baseia-se em considerar fatores que fazem as pessoas empreenderem
determinadas ações dirigidas a alcançar objetivos.
Assim, se resume a motivação em um processo interno que se compreende
em resposta pessoal frente à determinada situação, sendo um conjunto de
1
Tapia, J. A. & Fita, E. C. (1999). A motivação em sala de aula. O que é, como se faz. São Paulo:
Edições Loyola.

8
mecanismos biológicos e psicológicos que permitam o desencadear da ação, da
orientação, da intensidade e da persistência (LIEURY; FENOUILLET (2000) apud
OLIVEIRA e ALVES, 2005, p. 232) 2.
A motivação de um indivíduo depende de seus motivos, isto é, de seus
anseios, desejos e necessidades. Cada ser humano possui motivações particulares
provocadas por inúmeras necessidades. Desse modo, a motivação ou o motivo é o
rompante que movimenta uma pessoa, que a coloca em ação ou a faz mudar a
direção, e que desperta seu desejo de se transformar.
Tal habilidade, ou seja, a motivação também pode ser colocada como uma
maneira de movimentar o organismo para a ação, começando uma relação entre o
contexto, a necessidade e o objeto de satisfação, já que, na sua base há sempre um
desenho, uma intenção ou um interesse para agir.
Carvalho et al (2010) citam Huertas (2001)3, para dizer que a motivação é
compreendida como um processo psicológico, ou seja, ela é proporcionada por meio
dos componentes afetivos e emocionais. É a energia psíquica do ser humano. São
vários os atributos que influenciam na motivação da pessoa, entretanto, ela se
expõe de diferente forma para cada indivíduo, visto que estes dispõem de diferentes
metas, expectativas e formas de enfrentar as tarefas e a vida.
As autoras ainda salientam que a motivação deve ser tida como um requisito,
uma condição prévia da aprendizagem, pois, como tem sido habitual afirmar, sem
motivação não há aprendizagem.
Segundo Rufini, Bzuneck e Oliveira (2012), todo comportamento tem uma
intenção, ou seja, é dirigido para algum objetivo. Uma pessoa pode ter a intenção de
agir por iniciativa e regulação autônomas quando, por exemplo, decide por compor
uma poesia por vontade própria ou, em contraposição, fazer essa poesia por uma
intenção controlada, porque o professor solicitou a tarefa, porque há recompensas à
vista ou por qualquer outra forma de pressão externa.
Bzuneck (2011) afirma que a motivação leva a uma escolha, uma decisão,
estimula, inicia um comportamento e assegura sua permanência.

2
Lieury, A. & Fenouillet. (2000). Motivação e aproveitamento escolar. São Paulo: Edições Loyola.
3
HUERTAS, J.A. Motivação e desmotivação: desafio para as professoras. n. 27, p. 277-290; 2006.
Acesso em: 06 jun. 2007.
9
Segundo Zenti (2000 apud KÜNPP 2006) 4, “a motivação não é apenas algo
natural, mas depende de fatores externos, por isso, as pessoas apresentam
motivações diferentes para o mesmo assunto”.
Alguns autores afirmam que a motivação é desejo consciente de se obter
algo, sendo, assim, uma determinante da forma como um indivíduo se comporta. A
motivação está envolvida em várias espécies de comportamento, como a
aprendizagem, desempenho, percepção, atenção, recordação, esquecimento,
pensamento, criatividade e sentimento, integrando, também um quadro de
elementos complexos, inconscientes e, muitas vezes, antagônicos, gerando assim
constantes conflitos. Mas, é, com certeza, a motivação que move o homem.
Assim, em termos gerais, motivação significa os fatores e processos que
levam as pessoas a agirem ou ficarem frente a determinadas situações, além de ser
um conjunto de mecanismos multifatoriais que determinam o comportamento de
cada indivíduo.

4
ZENTI, L. Aulas que seus alunos vão lembrar por muito tempo: motivação é a chave para ensinar a
importância do estudo na vida de cada um de nós. Nova Escola, São Paulo: Abril, v. 134, ago. 2000.
10
2. OBJETIVOS

Através da leitura dos artigos encontrados, observa-se que o tema estudado é


bastante atual e devido a isso, merece ser estudado de modo a possibilitar reflexão
para o educador sobre formas de oferecer uma aprendizagem eficiente com
estratégias de motivação para os alunos, garantindo um processo de ensino-
aprendizagem significativo.
Com isso, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma revisão
sistemática da literatura científica nacional sobre:
1- Os tipos de motivação;
2- A relação entre motivação e aprendizagem;
3- As influências da motivação no processo de ensino-aprendizagem dos
alunos.
Desta forma, por meio da revisão sistemática pretende-se identificar os
componentes da motivação que influenciam a aprendizagem dos alunos.
Portanto, este trabalho possui o objetivo de responder à necessidade de
conceitualização das bases teórico-práticas que sustentam o trabalho com
motivação em diferentes contextos, mas principalmente no contexto de suas
influências na aprendizagem. Este trabalho de conclusão de curso espelha um
movimento generalizado de busca de novos paradigmas, bem como a exploração de
novas possibilidades dentro de abordagens mais consagradas e tradicionais.

11
3. METODOLOGIA

Foi realizada uma busca sistemática de artigos empíricos na base de dados


SCIELO, LILACS, Portal da CAPES, e na seguinte fonte eletrônica: site da biblioteca
digital da USP. Para a busca eletrônica, foram utilizadas as palavras-chave
“motivação”, “criança” e “aprendizagem”. Os delimitadores da busca foram: (a)
idioma – português; (b) amostras com crianças; (c) estudos empíricos; (d) período de
publicação entre 2000 e 2013. Dentre os trabalhos encontrados foram selecionados
aqueles que tratavam da motivação e sua influência no processo de ensino e
aprendizagem. Adotaram-se como critérios de exclusão estudos relativos a: (a)
motivação de professores; (b) estudos com adolescentes ou jovens adultos; (c)
estudos realizados no exterior.
Como dito anteriormente, dentre os trabalhos encontrados foram
selecionados aqueles que tratavam da motivação e sua influência no processo de
ensino e aprendizagem e, sendo assim, computaram-se 25 artigos no levantamento,
os quais foram incluídos na revisão.
Apresentam-se os resultados do levantamento, em termos de artigos
encontrados, artigos selecionados e artigos excluídos.
Dos artigos encontrados, as três palavras-chave, criança, motivação e
aprendizagem aparecem em três deles, porém dentre os três um foi excluído,
restando dois artigos selecionados. Já com as palavras-chave motivação e
aprendizagem foram encontrados onze artigos, dentre os quais sete foram
selecionados para a construção do presente trabalho. Por fim, dos onze artigos
restantes que foram encontrados, um tem como palavra-chave a aprendizagem e os
outros dez a motivação. Destes artigos, cinco foram selecionados, totalizando 14
artigos a serem utilizados.
Os 14 estudos selecionados/revisados foram agrupados de acordo com a
temática abordada relativa à motivação. Verificou-se que dos 14 estudos
selecionados, três artigos trataram da relação entre motivação e aprendizagem; um
artigo aborda a influência da motivação na aprendizagem; três artigos trataram da
influência da motivação nos alunos; três artigos focaram a forma como os
professores motivam seus alunos; três artigos trataram da desmotivação.

12
Neste ponto são apresentados os resultados obtidos através do estudo, mais
especificamente dos tipos de motivação, a relação da mesma com a aprendizagem
e a influência da motivação no processo de ensino aprendizagem, perpassando pela
influência do professor, pela motivação dos alunos e pela desmotivação. No final são
discutidos os resultados obtidos.

13
4. RESULTADOS

4.1– Tipos de Motivação

Entre os vários estudos sobre motivação, realizados nos últimos anos,


destacam-se os que têm demonstrado a existência de duas orientações
motivacionais: a intrínseca e a extrínseca. Contudo, ainda que pesquisas
demonstrem diferenças individuais nas orientações motivacionais intrínsecas e
extrínsecas tem-se admitido o caráter adaptativo de ambas, demonstrando que elas
se relacionam e se completam.
Os estudos têm destacado a importância de avaliar se a motivação do aluno é
determinada por interesses intrínsecos ou extrínsecos e a importância desses
conceitos para a compreensão da motivação para a aprendizagem.

4.1.1 - Motivação Intrínseca

Este tipo de motivação está relacionada ao interesse da própria atividade, que


tem um fim em si mesmo e não como um meio para outras metas. Segundo Neves e
Boruchovitch (2004), ela se representa como uma tendência natural para encontrar
novidades e desafios. O indivíduo realiza determinada atividade pela própria causa,
por considerá-la interessante, atraente ou por a mesma gerar satisfação. É uma
orientação motivacional que tem por marca a autonomia do aluno e a auto-regulação
de sua aprendizagem.
Pode-se dizer que um aluno é intrinsecamente motivado quando se mantém
na tarefa pela atividade em si, por esta ser interessante, envolvente e geradora de
satisfação.
Carvalho et al (2010) apontam que quando uma ação se encontra regulada
intrinsecamente, esta se explica principalmente em três características:
autodeterminação; competência e satisfação em fazer algo próprio e familiar, assim,

14
o próprio estudo excita no indivíduo uma atração que o leva a se aprofundar nela e a
superar os obstáculos que aparecem ao longo do processo de aprendizagem.
De acordo com a Teoria da Auto Determinação, a motivação intrínseca é o
melhor exemplo de autodeterminação, sendo a atividade em si o foco de interesse e
de satisfação, resultando em melhor aprendizagem, criatividade, persistência e
outros resultados positivos de desempenho. (PARELLADA; RUFFINE, 2013)
5
Leite et al (2005) citam Gasparin (2001) para apontar que a definição da
aprendizagem se dá através de sua elaboração, consequentemente, a adoção de
um profundo foco relacionado com a motivação intrínseca, ou seja, com o desejo de
tomar algumas decisões suscetíveis não só para contribuir com o domínio do
procedimento, de atitudes e a compreensão de determinados conceitos, mas de
criar sentimento de competência, autoestima e de respeito por si mesmo no sentido
mais amplo.
Segundo Burochovitch e Bzuneck (2004, p. 37) apud Morais e Varela (2007,
p. 08)6

“a motivação intrínseca refere-se à escolha e realização de determinada


atividade por sua própria causa, por esta ser interessante, atraente ou, de
alguma forma, geradora de satisfação”, com o apoio da motivação
extrínseca ou externa (avaliação dos adultos, informações a respeito,
elogios verdadeiros, etc). A motivação intrínseca proporciona a
sensibilidade no aluno de que “a participação na tarefa é a principal
recompensa, não sendo necessárias pressões externas, internas ou
prêmios por seu cumprimento”.

A motivação intrínseca do aluno não resulta de treino ou de instrução, mas


pode ser influenciada principalmente pelas ações do professor. Compreender
aspectos da motivação, neste período da vida, ajuda o adulto a ter o entendimento
sobre que tipo de auxílio que será capaz de oferecer à criança, desde que tenha um
compromisso nesta relação. A criança se sente motivada a executar muitas tarefas
em virtude do reconhecimento e impressões daqueles com quem convive, na
tentativa de demonstrar o seu desenvolvimento e as conquistas que alcança. Os

5
GASPARIN. J. L. Motivar para aprendizagem significativa. Revista mundo jovem, Porto Alegre, n. 314, p. 8,
mar.2001.
6
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (orgs.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia
contemporânea. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
15
bons motivos serão sempre a solução para o desenvolvimento natural da criança,
além de gerar harmonia entre os elementos internos e externos, parte da natureza
humana.
Ainda segundo Morais e Varella, (2007) a motivação intrínseca é entendida
como sendo inerente e natural do individuo para envolver o interesse individual e
exercitar suas capacidades, buscando e alcançando bons desafios.
Dessa forma, Martinelli e Bartholomeu (2007) referem-se à motivação
intrínseca como sendo à efetivação de atividades no qual o prazer é natural à
mesma. O indivíduo busca, naturalmente, novidades e desafios, não sendo precisas
pressões externas ou prêmios pelo cumprimento da tarefa, uma vez que a
participação nessa é a principal recompensa. Para eles essa orientação motivacional
é a base para o crescimento, integridade psicológica e coesão social, representando
assim o potencial positivo da natureza humana.
Com isso, afirma-se que um aluno motivado intrinsecamente, é aquele cujo
envolvimento e manutenção na atividade acontece pela tarefa em si, porque é
interessante e geradora de satisfação, alunos com este tipo de motivação trabalham
nas atividades, pois as consideram agradáveis.

4.1.2 – Motivação Extrínseca

Segundo Carvalho et al (2010), a motivação extrínseca é definida por


Guimarães (2001, p. 46)7 como:

Aquela que trabalha [...] em resposta a algo externo à tarefa ou atividade,


para a obtenção de recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento,
objetivando atender aos comandos ou pressões de outras pessoas ou para
demonstrar competências ou habilidades.

7
GUIMARÃES, S.E.R. Motivação intrínseca, extrínseca e o uso de recompensas em sala de aula. In:
BZUNECK, J.A.; BORUCHOVITCH, E. (Orgs.). A Motivação do Aluno: Contribuições da
psicologia contemporânea. Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 37-55.
16
Assim, a motivação extrínseca se relaciona às rotinas que aprendemos ao
longo de nossas vidas, ao desejo de desenvolver uma ação por causa de
recompensas externas ou para evitar punições. No que diz respeito à relação desta
motivação com a intrínseca, considera-se que o principal aspecto na questão de
recompensas não esteja relacionado ao recebimento, ao tipo ou à força destas, mas
sim, em como este processo de oferecer algo é realizado e, principalmente, como
pode ser compreendido por quem o recebe.
De acordo com Souza e Neves (2010) um aluno motivado extrinsecamente é
aquele que executa uma atividade ou tarefa, estimulado por recompensas externas
ou sociais, está mais interessado na opinião do outro, as tarefas são realizadas com
o principal objetivo de agradar pais e/ou professores, para ter reconhecimento
externo, receber elogios ou apenas para evitar uma punição.
Há quatro tipos de motivação extrínseca, discernidas de forma qualitativa e
que provém do sucesso no processo de internalização de regras e valores externos.
A motivação extrínseca por regulação externa e introjetada são os tipos mais
controlados de envolvimento, e por regulação identificada e integrada, mais
próximos da motivação autodeterminada. O desenvolvimento da qualidade
motivacional, previsto na sequência da autodeterminação (desmotivação, motivação
extrínseca por regulação externa, introjetada, identificada, integrada e motivação
intrínseca) depende das interações com o contexto social (PRELLADA; RUFINI
2013). Tem-se verificado que o comportamento extrinsecamente motivado também
pode ser autodeterminado, não sendo necessariamente sempre negativo para a
aprendizagem.
A motivação extrínseca se mostra como a motivação para trabalhar em
resposta a algo externo à tarefa ou atividade, como para a conquista de
recompensas materiais ou sociais, de reconhecimento, objetivando atender aos
comandos ou pressões de outras pessoas ou para demonstrar competências e
habilidades. O aluno extrinsecamente motivado busca uma tarefa escolar para
melhorar suas notas ou receber recompensas e elogios e/ou evitar punições [...]
diversos autores consideram as experiências de aprendizagem propiciadas pela
escola como sendo extrinsecamente motivadas, levando alguns alunos que evadem
ou concluem seus cursos a se sentirem aliviados por estarem livres da manipulação

17
dos professores e livros (BUROCHOVITCH; BZUNECK, 2004 apud MORAIS;
VARELLA 2007, p.08) 8.
Martinelli e Genari (2009) argumentam que a motivação extrínseca tem uma
destacada importância no aparecimento dos comportamentos intrinsecamente
motivados. Harter (1981 apud MARTINELLI e GENARI, 2009, p. 19) 9 menciona que
se podem prever situações nas quais o interesse intrínseco e recompensas
extrínsecas se completam, ou seja, que fatores internos e externos se relacionam
para produzir um comportamento intrinsecamente motivado.
Entre as motivações extrínsecas, Souza e Neves (2010) destacam “o desejo
de vencer, de ser admirado pelos outros, a satisfação de pertencer a um grupo, o
desejo de liderar, ser conhecido”, constituindo um fator psicológico fundamental que
se pode designar por “afirmação de si”.
A motivação extrínseca pode ser verificada quando um atleta se interessa por
uma atividade sendo esta um meio para alcançar um fim, tal como a participação
pela satisfação de ser melhor que o outro, prestígio, obtenção de recompensas
(dinheiro, aceitação parental) e não aceitação da punição.
De forma geral, diversos estudos realizados sobre motivação para a
aprendizagem apontam uma série de fatores que podem afetar a motivação do
estudante: as expectativas e estilos dos professores, os desejos e aspirações dos
pais e familiares, os colegas de sala, a estruturação das aulas, o espaço físico da
sala de aula, o currículo escolar, a organização do sistema educacional, as políticas
educacionais e, principalmente, as próprias características individuais dos alunos.
Dessa forma, estudar a motivação para a aprendizagem envolve a
compreensão de um complexo sistema de fatores que se inter-relacionam, operando
em conjunto na motivação do aluno.
Se pretendermos explicar a motivação e participação na aprendizagem, estes
estudos parecem ser viáveis.

8
BORUCHOVITCH, E.; BZUNECK, J. A. (orgs.). A motivação do aluno: contribuições da psicologia
contemporânea. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
9
Harter, S. (1981). A new self-report scale of intrinsic orientation in the classroom: motivational and
informational components. Developmental Psychology, 17(3), 300-312.
18
4.2 – Relação entre motivação e a aprendizagem

Nessa perspectiva, parte-se da hipótese de que a motivação será sempre


válida no processo ensino-aprendizagem como incentivo para suscitar impulsos no
interior da criança a fim de levá-la a querer participar das atividades escolares pelo
educador e, para isto, vale observar o momento e o modo certo de estímulo a ser
utilizado. (LEITE et al, 2005)
Segundo Welchen e Oliveira (2013):

A motivação traz inúmeros benefícios ao desenvolvimento da criança,


principalmente na construção de sua identidade, conduzindo a criança à sua
autonomia e aquisição de novos conhecimentos, possibilitando seu
desenvolvimento efetivo sabendo utilizar de recursos pessoais diante das
adversidades que enfrentará em sua vida.

A motivação é a base para a aprendizagem. Sem motivação não existe


aprendizagem. Por mais que o educador se empenhe para ensinar de mil formas
diferentes e interessantes, utilizando os mais variados recursos, se o aluno não
estiver motivado ele não irá aprender (NEVES; BORUCHOVITCH, 2007).
Dessa forma, tais autores apontam que a motivação é primordial para que
haja a aprendizagem, porém, este desejo precisa vir de dentro, intrinsecamente.
Assim, não basta que o educador leve para a sala de aula diferentes materiais
didáticos, ou que existam computadores na escola, se o aluno não se sentir
motivado a utilizá-los e, a partir daí, construir conhecimentos (NEVES;
BORUCHOVITCH, 2007).
No contexto escolar, a motivação é o fator interno que impulsiona o aluno
para estudar, iniciar os trabalhos e permanecer neles até o fim. De acordo com
Bzuneck (2001 apud NEVES; BORUCHIVITCH, 2004, p. 79) 10:

[...] toda pessoa dispõe de recursos pessoais como o tempo, a energia, os


talentos, os conhecimentos e as habilidades. Esses recursos poderão ser

10
Bzuneck, J.A. (2001). A motivação do aluno: Aspectos introdutórios. Em E. Boruchovitch & J.A.
Bzuneck (Orgs.). Motivação do aluno: Contribuições da psicologia contemporânea. Petrópolis:
Editora Vozes.
19
investidos em qualquer atividade escolhida pelo indivíduo, sendo mantidos,
enquanto estiverem atuando os fatores motivacionais. Desta forma, a
motivação pode influenciar no modo como o indivíduo utiliza suas
capacidades, além de afetar sua percepção, atenção, memória,
pensamento, comportamento social, emocional, aprendizagem e
desempenho.

“Assim, a motivação para a realização acadêmica seria um componente de


um constructo mais geral de motivação para a realização, que, por sua vez, estaria
contido em um constructo mais amplo de motivação” (HUGHES; REDFIELD;
MARTRAY, 1989 apud MARTINELLI; BARTHOLOMEU, 2007, p. 29) 11.
12
Para Torre (1999 apud KNÜPPE, 2006, p. 278) a motivação escolar é algo
intrincado, processual e contextual, mas alguma coisa pode ser feita para que os
alunos recuperem ou mantenham seu interesse em aprender. Pode ser considerada
como um requisito, uma condição prévia da aprendizagem.
Bzuneck (2012) legitima esta ideia ao afirmar que, no aluno, a motivação é
considerada como a talvez principal determinante do êxito e da qualidade da
aprendizagem escolar. A qualidade e a intensidade do comprometimento nas
aprendizagens dependem de motivação.
A motivação seria um elemento ligado aos gostos e interesses pessoais dos
alunos, o que teria reflexos diretos na prática do educador. Ao professor caberia a
tarefa de alcançar o interesse do aluno, procurando seu envolvimento no processo
de ensino-aprendizagem. O professor deve oferecer tarefas que atraiam os alunos e
estas estão ligadas ao lúdico, no caso do ensino fundamental. No entanto, as
atividades lúdicas e a didáticas nem sempre andam juntas. Parece haver dificuldade
em integrá-las, sendo que o lúdico aparece antes ou depois dos conteúdos
programáticos. (ANDRADA; VERISSIMO, 2001).
No entanto, quando se pensa em motivação para a aprendizagem é preciso
considerar as características do ambiente escolar. De forma geral, as tarefas e
atividades proporcionadas no ambiente escolar estão relacionadas a processos
cognitivos como: capacidade de atenção, concentração, processamento de
11
Hughes, K.R., Redfield, D. L. & Martray, C. R. (1989). The children´s academic motivation
inventory: a research note on psychometric properties. Measurement and Evaluation in Counseling
and Development, 22, 137-142.
12
TORRE, J. C. Apresentação: a motivação para a aprendizagem. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A
motivação em sala de aula: o que é, como se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 7-10.
20
informações, raciocínio e resolução de problemas. Devido a estas características,
alguns autores acreditam que aplicar conceitos gerais sobre motivação humana no
ambiente escolar não seria muito apropriado sem a consideração das singularidades
deste ambiente.

4.3 – Influências na aprendizagem

Leite et al (2005) afirmam que:

O aprendizado ou aprendizagem é o processo pelo qual o indivíduo adquire


informações, habilidades, atitudes e valores, a partir de seu contato com a
realidade, com o meio ambiente e outras pessoas. É um processo que se
diferencia dos fatores inatos [...] justamente por sua ênfase nos processos
sócio-históricos. A ideia de aprendizado inclui a interdependência dos
indivíduos envolvidos no processo.

A aprendizagem depende da motivação, do interesse e da necessidade da


criança. Para que haja desenvolvimento afetivo e cognitivo, deve-se encorajar a
criança à autonomia e pensamento crítico, levando em consideração o fato de o
desenvolvimento depender do equilíbrio afetivo (LEITE et al, 2005).
Como já foi dito, a motivação é um conjunto de variáveis que ativam a
conduta e a orientam em determinado sentido para poder alcançar um objetivo.
Refere-se às forças que agem sobre um organismo, ou dentro dele, para iniciar e
direcionar o comportamento.
Dessa forma, Leite et al (2005) aponta que a motivação é e será sempre uma
grande aliada na aprendizagem, para que esta seja satisfatória e não apenas um
complemento de informações. Todavia, para que os estímulos sejam realmente
incentivadores, é preciso que se paute nos significados do ato de aprender e na sua
utilidade.
A relação entre motivação e aprendizagem não se restringe a uma pré-
condição da primeira para a ocorrência da segunda, mas que há uma relação de
21
reciprocidade entre ambas. Dessa forma, a motivação é capaz de produzir um efeito
na aprendizagem e no desempenho, assim como a aprendizagem pode interferir na
motivação (MITCHELL, 1992; PFROMM, 1987; SCHUNK, 1991, apud MARTINELLI;
GENARI, 2009, p.14) 13.
Snnygg citado por Pilz (2003, apud LEITE et al, 2005, p. 24)14 afirma que o
desenvolvimento da aprendizagem pela motivação deve se efetuar de forma natural,
conscientizando o educando da dinâmica da vida e de seu desenvolvimento
individual, pois, estando o educando motivado para alcançar seus objetivos, pode
vencer os obstáculos encontrados, sentindo prazer pelo que está fazendo, e,
estando motivado, aprenderá mais rapidamente.
A respeito da relação motivação-aprendizagem, Fita (2003, apud CARVALHO
et al, 2010, p. 05)15 enfatiza a importância dos modelos de aprendizagem e ensino
estarem carregadas de ideias relativas à motivação, no intuito de que os alunos
aprendam realmente. Assim, essas ideias devem levar em conta os condicionantes
que interferem na motivação do aluno, sendo estes intrínsecos ou extrínsecos a ele.
Já Hilgard (1953) ressalta a importância da motivação para a aprendizagem
ao salientar que compreender a motivação talvez seja mais importante do que
compreender a própria aprendizagem. Assegura ainda que [...] se tivéssemos um
perfeito controle da motivação, a aprendizagem poderia cuidar de si mesma, isto é, o
papel da motivação se reveste de muito maior importância do que as condições de
prática, os recursos especiais de ensino, etc (HILGARD, 1953 apud BUGELSKI,
1977, apud CARVALHO et al, 2010, p. 05)16.
De acordo com Morais e Varella (2007):

O tema motivação ligado à aprendizagem está sempre em evidência nos


ambientes escolares, impelindo professores a se superar ou fazendo-os
recuar, chegando à desistência nos casos mais complexos. Porém, ela tem

13
Mitchell Jr., J. V. (1992). Interrelationships and predictive efficacy for indices of intrinsic and
extrinsic, and self-assessed motivation for learning. Journal of Research and Development in
Education, 25, 149-155; Pfromm, S. N. (1987). Psicologia da aprendizagem e do ensino. São Paulo:
EPU; Schunk, D. H. (1991). Self-efficacy and academic motivation. Educational Psychologist, 26,
207-231.
14
PILZ. C. Motivação para aprendizagem. Revista mundo jovem,Porto Alegre, n. 335, p. 9, abr.2003.
15
FITA, E.C. O professor e a motivação dos alunos. In: TAPIA, J.A; FITA, E.C. A motivação em
sala de aula: O que é, como se faz. 5 ed. São Paulo: Loyola, 2003. p. 65-135.
16
BUGELSKI, B.R. Psicologia na Aprendizagem. São Paulo: Cultrix, 1997. p. 230- 277.
22
um papel muito importante nos resultados que os professores e alunos
almejam.

Com isso, entende-se que para haver aprendizagem é preciso haver


motivação. Para que o aluno esteja envolvido com seus estudos, isto deve fazer
sentido a suas expectativas, ou seja, deve fazer parte de suas metas. O mesmo fala-
se das professoras, as quais necessitam estar motivadas com suas profissões, para
cumprirem com êxito seus objetivos (KNÜPPE, 2006).
Desta forma, Leite et al (2005), declara que a motivação será sempre válida
no processo ensino-aprendizagem como incentivo para desencadear impulsos no
interior da criança a fim de predispô-la a querer participar de atividades escolares
pelo educador e, para isto, vale observar o momento e o tipo certo de estímulo a ser
utilizado.
Todavia, Gasparin (2001) ressalta que esse impulso acaba quando o assunto
é aula, disciplinas e tarefas. Parece terminar no contexto escolar toda liberdade,
devido às regras pré-estabelecidas para priorizar a vida intelectual, o raciocínio e a
lógica. No entender do autor citado, a escola parece ser um ambiente isolado do
mundo, no qual a emoção e o sentimento não fazem parte, e o que vale é o
conhecimento científico, e não, necessariamente, os conhecimentos transformados
em solução para problemas da vida prática (GASPARIN, 2001, apud LEITE et al,
2005, p. 26)
Segundo Burochovitch e Bzuneck (2004) “a motivação tornou-se um problema
de ponta em educação, pela simples constatação de que, em paridade de outras
condições, sua ausência representa queda de investimento pessoal de qualidade
nas tarefas de aprendizagem”. E, ainda, “à medida que as crianças sobem de série,
cai o interesse e facilmente se instalam dúvidas quanto à capacidade de aprender
certas matérias”. E os problemas tendem a se agravarem nas séries mais
avançadas, pois suas raízes tiveram origem nas séries iniciais e acabaram ainda
sofrendo influência das exigências dos vários tipos de disciplinas, associadas às
características de desenvolvimento do educando (MORAES; VARELA, 2007).
Na visão de Pozo (200217, apud KNÜPPE, 2006, p. 287), “a motivação pode
ser considerada como um requisito, uma condição prévia da aprendizagem”. É
possível haver aprendizagem até mesmo sem professor, sem livro, sem escola e
17
POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002.
23
sem diversos outros recursos. Porém, mesmo que haja todos esses recursos
propícios, se não houver motivação, não ocorrerá aprendizagem. Neste sentido, o
contexto de aprendizado deve facilitar o engajamento com a utilização de recursos
de ensino que possibilitem escolhas pessoais e que se vinculem às preferências dos
alunos (PARELLADA; RUFINI, 2013).
Finalizando, na escola, a motivação tem sido apontada como uma variável
crítica do nível e da qualidade da aprendizagem e do desempenho dos alunos, pois
quando este está motivado, se apresenta envolvido de maneira ativa no processo de
aprendizagem, insistindo em tarefas que o desafiam, despendendo esforços,
utilizando estratégias adequadas e procurando criar novas capacidades de
compreensão. Desenvolver este hábito de atuação na escola, poderá ser o suporte
primordial para o aprender.

4.3.1. - Importância do Professor na Motivação

Arcas (2003) 18 e Martini (1999) 19 dizem respeito ao fato de que os alunos se


apresentam motivados para estudar desde o início da escolaridade, reconhecendo,
de modo geral, o valor da função social da escola e apresentando crenças positivas
e favoráveis à aprendizagem. Assim sendo, os educadores têm como função
garantir que esta motivação se mantenha, além de assegurar que os aspectos
referentes à motivação intrínseca e à meta aprender sejam trabalhados em sala de
aula. (apud NEVES; BORUCHOVITCH, 2004, p. 83).
No processo ensino-aprendizagem, a motivação deve estar presente em
20
todos os momentos. Quanto a isso, Fita (1999) explica que muitas vezes dizemos
que para o aluno ser motivado em aula é importante ter um bom professor. Ouve-se
dizer também, que um bom professor é aquele que sabe motivar seu aluno. De

18
Arcas, P.H. (2003). Avaliação da aprendizagem no regime de progressão continuada: O que dizem
os alunos. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo.
19
Martini, M.L. (1999). Atribuições de causalidade, crenças gerais e orientações motivacionais de
crianças brasileiras. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual de Campinas, Campinas.
20
FITA, E. C. O professor e a motivação dos alunos. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em
sala de aula: o que é, como se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 65-135.
24
21
acordo com esse posicionamento, Huertas (2001) salienta que toda motivação
deve estar relacionada a metas e objetivos, portanto, um bom professor possui
metas de ensino, o que tornará o aluno motivado a aprender (apud KNÜPPE, 2006).
Contudo, ao professor cabe à tarefa de atingir o interesse do aluno, buscando
seu engajamento no processo de ensino-aprendizagem, e para isso o professor
deve propor tarefas que atraiam os alunos (VERISSIMO; ANDRADA, 2001). Com
isso pode-se pensar o professor como fonte de estímulo aos alunos e seu desafio
seria o de criar ações concretas que incentivem os alunos a buscar e a realizar
(OLIVEIRA; ALVES, 2005) conduzindo-os ao aprendizado, ou seja, fazer uso de
artifícios que levem à motivação. Assim, é função dos professores criar situações
que motivem o aluno para se relacionar com o objeto do conhecimento, com seus
colegas e com os próprios professores.
Welchen e Oliveira, (2013) salientam que para Sacristán (1995) 22:

A equipe pedagógica deve propor práticas aninhadas, ou seja, além de


contemplarem a aprendizagem, devem desenvolver também a necessidade
e a realidade da criança como cidadã detentora de sua cultura que está no
ambiente de escola interagindo com culturas distintas.

Assim, a equipe da escola como um todo deve proporcionar atividades que


salientem a importância do ser por meio de atividades motivadoras, pois motivar é
23
também valorizar o ser, no seu singular, bem como salienta Godoi (2005, p. 102) ,
“[...] a motivação é uma esfera interna, singular inerente ao espaço da
individualidade, relacionada à história de vida, à estrutura social e aos desejos do
indivíduo [...]” (apud WELCHEN; OLIVEIRA, 2013, p 149).
Conforme aponta Oliveira e Alves (2005), o professor precisa sempre
promover aulas que despertem o interesse dos alunos, aguçando a sua curiosidade
com temas e materiais que lhes sejam atraentes e chamem a atenção, incitando-os
a buscarem seus conhecimentos. O problema é que, atualmente, o educando não

21
HUERTAS, J. A. Motivación: querer aprender. Buenos Aires: Aique, 2001.
22
SACRISTÁN, José Gimeno. Consciência e ação sobre a prática como libertação profissional dos
professores. In: NÓVOA, António. Profissão professor. Porto: Porto Editora, 1995. p. 35-50.
23
GODOI, Christiane Kleinubing. Análise do discurso na perspectiva da interpretação social dos
discursos: uma possibilidade aberta aos estudos organizacionais. Revista Eletrônica de Gestão
Organizacional, Pernambuco: Champagnat, v. 3, n. 2, p. 90-105, 2005.
25
recebe estímulo suficiente por parte da escola para que se sinta motivado a construir
novos conhecimentos partindo destes estímulos e desafios.
Lima (200024, apud CARVALHO et al, 2010, p. 07) declara que:

Sendo o professor figura favorecedora do processo de ensino-


aprendizagem, para um aluno se motivar a aprender algo é preciso que
esse organize o ambiente de forma que desperte o desejo, a necessidade e
a vontade do aluno para atingir um objetivo, atuando assim como “agente
ativo” e propiciador de metodologias diversas no âmbito da sala de aula.

Ferreira (2002 apud LEITE et al, 2005, p. 24) 25 lembra que, para aprender um
conteúdo ou matéria, é preciso que o aluno tenha um objetivo que o motive durante
o período de tempo em que precisa para realizar as atividades. Assim, cabe ao
professor fornecer meios que estimulem o aluno nessa aprendizagem.
Se considerar que motivar significa fornecer um motivo para a aprendizagem,
isto é, estimular a vontade de aprender, entende-se que, no trabalho educacional, é
preciso respeitar as diferenças individuais, pois os mesmos incentivos não atingem o
mesmo resultado sobre alunos de idades e graus de cultura diferentes. Resumindo,
para uma boa aprendizagem, é preciso uma boa motivação (LEITE et al, 2005).
Segundo Tapia (1999)26, algo que pode auxiliar os professores a
compreender a motivação de seus alunos é observar seus comportamentos, o que
dizem e o que fazem as crianças quando precisam realizar atividades relacionadas
com a aprendizagem. Outro fato importante relatado pelo autor é que os professores
podem conquistar a motivação de seus alunos mostrando, no início da aula,
curiosidades relacionadas ao tema, e relatar a importância do conteúdo (apud
KNÜPPE, 2006, p. 288).
Na tentativa de motivar esses alunos, os professores utilizam várias
estratégias, iniciando pelas recompensas, passando, depois, às ameaças e,
finalmente, à punição. Como usam essas técnicas de maneira causal, acabam

24
LIMA, L.M.S. Motivação em sala de aula: A mola propulsora da aprendizagem. In: SISTO, F.F; OLIVEIRA,
G.C; FINI, L.D.T. (Orgs.) Leituras de psicologia para formação de professores. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
p. 148-161.
25
FERREIRA, D. S. A motivação e o processo ensino-aprendizagem na educação infantil. 2002,
p.38. Monografia (Especialização em Educação e Arte) – Curso Pós Graduação em Educação e Arte,
Universidade Estadual do Paraná – Unespar/Fecilcam, Campo Mourão, 2002.
26
TAPIA, J. A. Contexto, motivação e aprendizagem. In: TAPIA, J. A.; FITA, E. C. A motivação em
sala de aula: o que é, como se faz. 4. ed. São Paulo: Loyola, 1999. p. 11-61.
26
piorando a situação, pois geram mais rebeldia e insatisfação ou apatia. Por isso, a
motivação e os estímulos devem ter objetivos, claros, isto é, partir da dificuldade
apresentada pelo aluno para realmente surtir o efeito esperado. Deve-se analisar até
que ponto o aluno sabe, para então estimulá-lo no ponto mais próximo possível de
sua dificuldade. (LEITE et al, 2005)
Uma das fundamentais tarefas dos educadores é promover interesse e levar o
aluno a se envolver num tema, mesmo quando o interessa no mesmo não surge
desde o início. O objetivo é levar o aluno a se deslocar da motivação externa para a
motivação interna, considerando que a motivação que advém de um verdadeiro
interesse em aprender é mais permanente e valiosa do que a que vem do interesse
em aprender somente para obter recompensas.
Com isso, Leite et al, (2005) afirma que:

Cada vez mais os professores precisam estar atentos aos interesses dos
alunos para que suas aulas sejam mais vivas, motivadoras e dinâmicas. É
importante aproximar professor e aluno, de maneira a realizar uma aula
mais gratificante para o professor, o que lhe serve como estímulo e como
aprendizagem mais sólida e construtiva para o aluno.

Isto porque o interesse do professor pelos seus alunos e a forma como age
com estes têm um impacto muito poderoso nos educandos, uma vez que esta
relação afeta a percepção que eles têm do professor e, consequentemente,
influencia em sua dedicação às tarefas de aprendizado (MORALES, 2000 apud
CARVALHO, et al 2010, p. 21) 27.

4.3.2. – Motivação dos Alunos

De acordo com Souza e Neves (2010), o processo de ensino-aprendizagem é


hoje entendido como uma construção que envolve um papel ativo por parte do
aluno. Nesta perspectiva, torna-se imprescindível que o aluno desenvolva a

27
MORALES, P. A relação professor-aluno: O que é, como se faz. 2 ed. São Paulo: Loyola, 2000. p.
60-65.
27
capacidade de estabelecer as próprias metas, planejar e monitorar seus esforços na
direção de um melhor desempenho acadêmico, direcionando em certa medida, sua
aprendizagem no contexto escolar.
Perante isso, tem-se que outra figura de grande valor no processo de
motivação é o aluno, uma vez que é portador desta e o maior interessado em
aprender. No entanto, a motivação não depende só do discente, mas também do
contexto no qual está inserido, tendo em vista que situações ambientais influenciam
de forma significativa no processo da motivação do aluno (BZUNECK, 2001 apud
CARVALHO et al, 2010, p. 07-08)28.
Ainda, segundo Bzuneck (2001, apud OLIVEIRA; ALVEZ, 2005, p. 232), em
sala de aula, os efeitos imediatos da motivação do aluno consistem em ele se
envolver ativamente nas tarefas pertinentes ao processo de aprendizagem, o que
implica em ter escolhido esse curso de ação entre outros possíveis e ao seu
alcance.
Parellada e Rufini (2013) afirmam que:

Nutrir as necessidades psicológicas básicas dos alunos, colocando à sua


disposição os meios adequados para a expressão de escolhas pessoais
significativas, personalização das atividades e cooperação, além de
desafios adequados, evitando-se um clima de competição, tem influência na
motivação dos alunos, podendo afetar a qualidade do aprendizado, o
engajamento e a persistência dos estudantes nas tarefas acadêmicas.

É dito então, que a motivação do aluno, portanto, está relacionada com


trabalho mental situado no contexto específico das salas de aula. (BROPHY, 1983
apud BZUNECK 2000, p. 11, apud MORAIS; VARELA, 2007) 29.
Dessa forma, Neves e Boruchovitch (2007) apontam que a motivação é
primordial para que haja a aprendizagem, porém, este desejo precisa vir de dentro,
intrinsecamente. Assim, não basta que o educador leve para a sala de aula

28
BZUNECK, J.A. A Motivação do Aluno: Aspectos Introdutórios. In: BZUNECK, J.A.;
BORUCHOVITCH, E. (Orgs). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea.
Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 9-31.
29
BZUNECK, J. A. As crenças de auto-eficácia dos professores. In: F.F. Sisto, G. de Oliveira, & L. D.
T. Fini (Orgs.). Leituras de psicologia para formação de professores. Petrópolis, Rio de Janeiro:
Vozes, 2000.
28
diferentes materiais didáticos ou que existam computadores na escola, se o aluno
não se sentir motivado a utilizá-los e, a partir daí, construir conhecimentos.
Essa motivação deve partir do aluno, mas o professor e a escola precisam
oferecer subsídios para que isso aconteça. Pode-se ser citada como subsídio em
primeiro lugar a aproximação dos conteúdos escolares com a realidade das
crianças, pois muitas vezes são discutidos assuntos em sala de aula que o aluno
desconhece (KNÜPPE, 2006).
No contexto escolar, as atividades devem ser desenvolvidas levando-se em
consideração os elementos promotores da motivação intrínseca como apresentar
constantemente desafios, promover curiosidade, diversificar planejamentos
30
(GUIMARÃES, 2001, apud NEVES e BORUCHOVITCH, 2004, p. 83) , jogos
educativos e de regras, dinâmicas de grupo e outras situações motivadoras.
O engajamento dos alunos em tarefas de aprendizagem depende do apoio à
sua natureza ativa, o que pode ser alcançado pela criação de contextos favoráveis,
com o desenvolvimento e implementação de estratégias de ensino direcionadas a
fortalecer suas percepções de competência, autonomia e pertencimento (BZUNECK;
GUIMARÃES, 2010; RYAN; DECI, 2000 apud PARELLADA; RUFINI, 2013, p. 744)
31
.
De forma geral, Verissimo e Andrada (2001) mostram que os estudos
parecem sinalizar para o interesse dos alunos como sendo o centro do processo de
motivação para a aprendizagem. Privilegiar seus interesses seria uma forma do
professor esperar maior engajamento, maior participação nas aulas.
32
Segundo Chiavenato (2004 apud WELCHEN; OLIVEIRA, 2013, p. 151) ,o
aluno não se sentirá seguro sendo motivado uma vez. Segurança refere-se à
autonomia de realizar tarefas sozinho e de ter iniciativas positivas, então, a
autonomia resultará do cultivo diário e permanente de atitudes motivadoras. A
motivação como uma virtude opera com objetivos ou referenciais de vida, dando

30
Guimarães, S.E.R. (2001). Motivação intrínseca, extrínseca e o uso de recompensas em sala de aula.
Em Boruchovitch, E. & Bzuneck, J.A. (Orgs.), Motivação do aluno: Contribuições da psicologia
contemporânea, Petrópolis: Editora Vozes.
31
Bzuneck, J. A., & Guimarães, S. É. R (2010). A promoção da autonomia como estratégia
motivacional. In E. Boruchovitch, J. A. Bzuneck, & S. É. R. Guimarães (Eds.), Motivação para
aprender (pp. 13-70). Petrópolis, RJ: Vozes.; Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Self-Determination
Theory and the facilitation of intrinsic motivation, social development, and well-being. The American
Psychologist, 55, 68-78.
32
CHIAVENATO, Idalberto. A dinâmica do sucesso das organizações. São Paulo: Thomson, 2004.
29
sentido às ações, permitindo emitir juízo sobre a realidade, além de se posicionar
diante de problemas e tomar decisões.
Pois, antes de dar início a qualquer processo de aprendizagem, é preciso
conferir quais as motivações do educando e buscar adaptar a aprendizagem a tais
motivações. O educando aprenderá, apenas se estiver certo de que tais
aprendizagens irão satisfazer suas necessidades. É, então, de suma importância
que os objetivos apresentados pela escola e pelo educador vão de encontro aos
objetivos do educando, pois, do contrário, ele não se preocupará em alcançá-los,
visto que não irão satisfazer suas necessidades.
A esse respeito, Bzuneck (2001) diz ainda que, é possível perceber que um
aluno está motivado para aprender através do envolvimento deste nas atividades em
sala de aula, visto que escolhe essa, entre tantas outras ações ao seu alcance, para
dedicar-se (BZUNECK, 2001 apud CARVALHO et al 2010, p. 08)
Já Rufini et al (2012, p. 59) citam Guimarães (2004) 33 que aponta:

Outra possibilidade, extraída da literatura, é fortalecer o sentimento de


pertencer. O que permite considerar que os resultados de aprendizagem
dos estudantes estão relacionados com suas experiências de aceitação no
ambiente escolar. Quando o aluno se percebe como uma pessoa digna de
amor, respeito, atenção, cuidados e interesse sincero por parte de seus
professores, o entusiasmo, a motivação, a alegria e o conforto serão as
emoções prováveis, resultantes do envolvimento nas atividades de
aprendizagem. Isso ocorre porque a percepção de aceitação torna o aluno
mais motivado e mais comprometido com a própria educação e,
consequentemente, pode-se esperar um melhor aproveitamento e melhores
resultados de aprendizagem.

Dessa forma, conclui-se que entender a motivação para a aprendizagem


exige considerar as características pessoais dos alunos, tendo em vista que a
motivação se mostra diferente para cada indivíduo, à medida que possuem
perspectivas de vida distintas; como também, o conjunto de fatores que se inter-
relacionam no contexto escolar, ao passo que estes influenciam de forma

33
Guimarães, S. E. R. (2004). Necessidade de pertencer: Um motivo humano fundamental. In E.
Boruchovitch & J. A. Bzuneck (Orgs.), Aprendizagem: Processos psicológicos e o contexto social na
escola (pp. 177-200). Petrópolis, RJ: Vozes.
30
significativa na motivação de cada aluno para a aprendizagem (CARVALHO et al,
2010).

4.3.3 – Desmotivação

Morais e Varella (2007) partem do pressuposto de que a desmotivação


interfere negativamente no processo de ensino-aprendizagem e entre as causas da
falta de motivação, o planejamento e o desenvolvimento das aulas realizadas pelo
professor são fatores determinantes.
Parellada e Rufini (2013) mostram que:

Há evidências de que no contexto de aprendizagem escolar a motivação


autônoma relaciona-se com resultados positivos no desenvolvimento de
habilidades, criatividade, persistência, processamento profundo de
informações, bem-estar emocional, entre outros. Em contraposição, um
aluno desmotivado não tem intenção para agir porque desvaloriza ou não
encontra, naquela situação de realização, elementos que despertem seu
interesse.

Uma estratégia de ensino que contribua para evitar que os estudantes fiquem
desmotivados ou apresentem baixa qualidade motivacional tem importantes
34
implicações acadêmicas, pois, de acordo com Ryan e Deci (2000) , a qualidade da
motivação tem influência direta na qualidade do aprendizado. Um aluno
autodeterminado persiste em suas atividades educacionais, mobilizando-se no
sentido de assumir responsabilidade pelos seus estudos (RYAN; DECI, 2000 apud
PARELLADA; RUFINI, 2013, p. 750).
Na opinião de Martinelli e Genari (2009) as experiências de fracasso escolar
que afetam os estudantes brasileiros, são atribuídas à falta de motivação, de
interesse, de dedicação, de atenção, bem como à falta de cumprimento de suas
atividades acadêmicas, falta de esforço, falta de responsabilidade e à ausência de
ajuda do professor.

34
Ryan, R. M., & Deci, E. L. (2000). Self-Determination Theory and the facilitation of intrinsic
motivation, social development, and well-being. The American Psychologist, 55, 68-78.
31
Neste sentido, é permitido apontar que a desmotivação é a ausência de
desafio e de motivo espontâneo, frequentemente agravado pela frustração de não
ser atingido sucesso no desenrolar da vida escolar ou de experiências anteriores
negativas.
35
De acordo com Rufini et al (2012) as investigações de Accorsi, et al (2007) ,
36
Boruchovitch e Bzuneck (2004) e Goya, et al (2008)37 apontam que, no caso do
aluno, a falta de motivação para aprender pode se reverter em um baixo
desempenho escolar, tendo em vista o pouco investimento no próprio aprendizado.
Outro aspecto a ser destacado por tais autores é a questão de que a falta de
motivação para o aprendizado pode depor de forma negativa para o desempenho
escolar dos alunos (ACCORSI et al., 2007; BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2004;
GOYA et al., 2008, apud RUFINI et al, 2012, p. 53).
Assim, destaca-se a importância de ambientes institucionais reforçadores que
permitam o exercício e a promoção do comportamento autônomo. Nessa direção, há
de se pensar em formas de atuar preventivamente para que os estudantes se sintam
mais motivados a aprender, sobretudo, porque o aspecto motivacional se associa a
um bom desempenho escolar e a uma melhor qualidade desse aprendizado
(RUFINI, BZUNECK e OLIVEIRA, 2012).
Quanto à importância da motivação para a aprendizagem, Carvalho et al
(2010) cita Bzuneck (2001, p.13) 38 que afirma que:

[...] alunos desmotivados estudam muito pouco ou nada e,


consequentemente, aprendem muito pouco. Em última instância, aí se
configura uma situação educacional que impede a formação de indivíduos
mais competentes para exercerem a cidadania e realizarem-se como
pessoas, além de se capacitarem a aprender pela vida afora.

35
Accorsi, D. M. P., Bzuneck, J. A., & Guimarães, S. E. R. (2007). Envolvimento cognitivo de
universitários em relação à motivação contextualizada. Psico-USF, 12(2), 291-300.
36
Boruchovitch, E., & Bzuneck, J. A. (Orgs.). (2004). A motivação do aluno: Contribuições da
psicologia contemporânea (3a ed.). Petrópolis, RJ: Vozes.
37
Goya, A., Bzuneck, J. A., & Guimarães, S. E. R. (2008). Crenças de eficácia de professores e
motivação de adolescentes para aprender Física. Psicologia Escolar e Educacional, 12(1), 51-67.
38
BZUNECK, J.A. A Motivação do Aluno: Aspectos Introdutórios. In: BZUNECK, J.A.;
BORUCHOVITCH, E. (Orgs). A motivação do aluno: contribuições da psicologia contemporânea.
Rio de Janeiro: Vozes, 2001. p. 9-31.
32
5. DISCUSSÃO

As discussões e análises que se seguem são feitas de acordo com o


agrupamento dos temas, previamente definidos, dos trabalhos em estudo.
Dentre os estudos que se enquadram na temática referente à relação entre
motivação e aprendizagem verificou-se inicialmente a necessidade de valorização
dos tipos de motivação no processo de alfabetização, em especial, a motivação
intrínseca, com o objetivo de desencadear estímulos internos na criança.
Neves e Boruchovitch (2007) apontam que as teorias sócio-cognitivas da
motivação para a aprendizagem evidenciam a existência de pelo menos duas
formas principais de motivação: a intrínseca e a extrínseca, onde a intrínseca é o
interesse na tarefa em si e a extrínseca tem como o objetivo a obtenção de
recompensas.
Ainda, segundo tais autoras, estudos mostram que a motivação intrínseca
declina com o avançar da escolaridade e devido a isso, pode-se assegurar que a
motivação extrínseca também pode proporcionar aos alunos um bom desempenho
na escola (NEVES; BORUCHOVITCH, 2007).
Já Martinelli e Bartholomeu (2007), tem buscado comprovar através de seus
estudos que o uso de recompensas externas e, consequentemente, do incentivo da
motivação extrínseca pode interferir de forma negativa na motivação intrínseca.
Afirma-se então, que o aluno que vivencia a motivação intrínseca,
favorecendo as suas necessidades pessoais, terá consigo o desafio e a melhoria
como objetivo, estará preocupado com o envolvimento com a tarefa, a sua
motivação será a realização e o domínio, entendendo que o resultado depende do
seu esforço, o que pode ser melhorado sempre.
Já na questão onde a vivência do aluno é a motivação extrínseca, que se
estabelece por meio de recompensas e punições, o aluno terá consigo o objetivo
pelo desempenho para satisfazer o outro, ou seja, o seu envolvimento é com o
pensamento que as pessoas têm sobre ele e a sua motivação é evitar o fracasso,
entendendo que o resultado na maioria das vezes não depende dele.
Sendo assim, nota-se que a motivação interfere muito na aprendizagem, é a
base de tudo. Só haverá aprendizagem sem a interferência da motivação se for de

33
forma mecânica, ou seja, fazer um depósito de novas informações no aluno, antes
que ele tenha formado uma associação de conceitos existente na estrutura
cognitiva, ou seja, de forma extrínseca. Já o aluno intrinsicamente motivado
concretiza a tarefa apenas pelo prazer, porque se interessa por ela e se satisfaz
verdadeiramente com a atividade em si.
Entre os trabalhos que abordaram a temática influências na aprendizagem foi
possível observar a preocupação dos autores estudados com relação a grande
influência que a motivação traz para o aprendizado.
Leite et al (2005) em seu estudo sobre a influência da motivação no processo
de ensino e aprendizagem averiguou que a motivação é e sempre será uma grande
aliada na aprendizagem, para que a mesma seja satisfatória e não apenas um
suplemento de informações. Todavia, para que os estímulos sejam realmente
incentivadores, é preciso se basear nos significados do ato de aprender e na sua
utilidade. Em conformidade com o exposto, Leite et al (2005, p. 26) comenta: “[...]
motivar significa preparar atividades que desenvolvam uma aprendizagem
significativa, pois serão elas que determinarão o nível de motivação dos alunos”.
A relação entre motivação e aprendizagem não se restringe a uma pré-
condição da primeira para a ocorrência da segunda, mas que há uma relação de
reciprocidade entre ambas. Dessa forma, a motivação é capaz de produzir um efeito
na aprendizagem e no desempenho, assim como a aprendizagem pode interferir na
motivação (MARTINELLI; GENARI, 2009).
Ainda para os citados autores, o processo de aprendizagem é beneficiado
quando as crianças são expostas, constantemente, a atividades desafiadoras. Tal
recurso facilitador ainda favorece a satisfação pessoal da criança, levando-a a
acreditar na sua capacidade e consequentemente a ter sucesso na aprendizagem.
De maneira geral, pode-se dizer que os artigos apontaram consideráveis
contribuições acerca da influência da motivação no processo de ensino-
aprendizagem, principalmente, em relação à ideia de que motivar para a
aprendizagem escolar é uma tarefa árdua. Se o aluno não encontra significado no
trabalho que tem a realizar, se não vê perspectiva futura nesta aprendizagem,
provavelmente não terá interesse em aprender.
A temática importância do professor na motivação tem como foco os
professores como pessoas que buscam influenciar a motivação de seus alunos no

34
contexto de sala de aula. A tarefa dos professores é desenvolver a motivação dos
alunos para a aprendizagem e conduzi-los a se engajarem nas atividades
acadêmicas com uma orientação para aprender.
Para Oliveira e Alves (2005) é perceptível a necessidade de equipar os
docentes para operarem como mediadores no processo de ensino-aprendizagem,
buscando conexão nas concepções dos professores e dos alunos, evitando
desinteresses, processos de fracasso e evasão escolar.
A atitude dos alunos, segundo as autoras, pode ser favorecida pelo próprio
professor através de seu estímulo, o qual deve oferecer aulas que estimulem o
interesse dos alunos, despertando a sua curiosidade com temas e materiais que
lhes sejam atraentes e chamem a atenção, respeitando a individualidade de cada
um e conhecendo-os de forma mais próxima (OLIVEIRA; ALVES, 2005).
Verissimo e Andrada (2001) vão de encontro com tais autoras, ao afirmar que
as representações giram em torno da ideia de que o centro da atenção dos
professores deveria ser o interesse do aluno, utilizando o que ele gosta como forma
de atraí-lo e engajá-lo na aprendizagem. Para Künnep (2006) cabe ao professor
facilitar a construção do processo de formação, influenciando o aluno no
desenvolvimento da motivação da aprendizagem.
Para os especialistas, a educação está presente nas discussões mundiais.
Em diferentes lugares do mundo discute-se cada vez mais o papel essencial que ela
desempenha no desenvolvimento das pessoas e das sociedades. E, nesse contexto,
a figura do educador assume especial importância, visto que o mesmo é
responsável em adequar o ensino à aprendizagem, possibilitando dessa forma um
ensino mais relevante e significativo para os alunos, garantindo assim a formação de
cidadãos autónomos, críticos e participativos.
Deste modo, torna-se importante que o educador, como parte integrante do
processo ensino/aprendizagem, esteja preparado para enfrentar o problema da
motivação, dentro daquilo que são as suas competências, aumentá-la ao máximo e
tornar as aulas o mais motivante possível.
Assim, podemos concluir que as ações do professor só estarão voltadas para
a satisfação da necessidade de pertencer dos alunos se ele apresentar disposição
para a mudança e demonstrar interesse em atender às expectativas dos alunos.
Para isso, o professor precisará conhecer as mais diversas abordagens teóricas

35
sobre a motivação e inseri-las em sua ação prática, realizando continuamente
reflexões sobre a sua ação pedagógica, buscando compreender e interpretar as
diferentes situações do contexto escolar e do aluno nele inserido. Essa ação
reflexiva contribuirá de forma efetiva para a motivação e consequente aprendizagem
dos alunos.
Adentrando aos trabalhos sobre a motivação dos alunos pode-se dizer que
em todos os trabalhos estudados observou-se que quando o educando se sente
motivado, ele entende o porquê do estudar, consegue envolver-se, mantendo um
auto-estímulo que não o deixe desistir dos desafios e valorize a educação.
A motivação do aluno é um dos principais determinantes do êxito e da
qualidade da aprendizagem, devido a isso, estudar a motivação dos alunos,
principalmente, no momento cujo qual a avaliação da aprendizagem por meio de
notas e repetência está sendo repensada, constitui-se num tema importante para a
prática educacional (NEVES; BORUCHOVITCH, 2004).
39
Para Rufini, Harter, (1981); Lepper, Corpus, & Iyengard, (2005, p. 55) os
estudantes confirmam uma crença baseada no senso comum de que, à medida que
transcorre a sua escolarização, os alunos se tornam gradativamente menos
motivados para estudar, sobretudo em áreas de conteúdos específicos. Com isso,
afirma-se que há uma evidente diminuição da motivação intrínseca dos alunos, no
decorrer dos oito primeiros anos escolares. Já com relação ao envolvimento
extrínseco dos estudantes com a escola ocorre o inverso, ou seja, com o avanço nas
séries ficam mais evidentes, no ambiente escolar, as pressões externas, a
competição e a busca por recompensas o que, por suposição, aumentaria a
motivação extrínseca.
A motivação, segundo Welchen e Oliveira (2013), traz inúmeros benefícios ao
desenvolvimento da criança, principalmente na construção de sua identidade,
conduzindo a criança à sua autonomia e aquisição de novos conhecimentos,
possibilitando seu desenvolvimento efetivo sabendo utilizar de recursos pessoais
diante das adversidades que enfrentará em sua vida. Sendo assim, acreditam que a

39
Harter, S. (1981). A new self-report scale of intrinsic versus extrinsic orientation in the classroom:
Motivational and informational components. Developmental Psychology, 17(3), 300-312.; Lepper, M.
R., Corpus, J. H., & Iyengar, S. S. (2005). Intrinsic and extrinsic motivational orientations in the
classroom: Age differences and academic correlates. Journal of Educational Psychology, 97(2), 184-
196.
36
motivação do aluno está relacionada com trabalho mental situado no contexto
específico das salas de aula.
É fato que a motivação trás diversos benefícios ao desenvolvimento do
indivíduo, principalmente na construção da sua identidade, conduzindo-o a sua
autonomia e aquisição de novos conhecimentos, possibilitando seu desenvolvimento
e sabendo utilizar de recursos pessoais diante das dificuldades com as quais se
deparará em sua vida.
Sabemos, então, que tudo o que é bom agrada, e o que é ruim desagrada.
Tais sentimentos atingem a área afetiva, por isso, se o sujeito não estiver motivado
ou interessado, não terá interesse e não executará nem mesmo as atividades do
dia-a-dia. Consequentemente, muitos problemas de relacionamento humano e
insucesso na aprendizagem são decorrentes de carência afetiva e de motivações,
porque são essas as principais fontes responsáveis pela formação da personalidade
dos seres humanos (WELCHEN; OLIVEIRA, 2013).
Visto que a educação é necessariamente um ato social, é por meio de
contato, de interação e de forma afetiva que surgirá a motivação. Assim, todas as
ações que são realizadas e compreendidas pelo sujeito influenciam em suas ações
a longo prazo, de modo que as impulsionadas pela afetividade acarretam em ações
positivas, gerando motivação para outras aprendizagens.
A partir do estudo, conclui-se então que o sucesso no desenvolvimento da
aprendizagem dos alunos está totalmente relacionado à motivação para aprender. O
aluno motivado busca novos conhecimentos e oportunidades, mostrando-se
envolvido com o processo de aprendizagem, participando continuamente das tarefas
com entusiasmo e disposição para novos desafios.
Verifica-se que a elaboração significativa das tarefas escolares gera
motivação intrínseca e que não ocorre o mesmo com as tarefas repetitivas ou fora
de contexto. Isto demonstra que a aprendizagem só tem significado quando tem
sentido para o aluno, coisa que não acontece com a aprendizagem mecânica.
Em relação às pesquisas voltadas a desmotivação acredita-se no pressuposto
de que a desmotivação tem implicações negativas no processo ensino-
aprendizagem. O educador necessita fundamentar sua ação docente de acordo com
as necessidades dos estudantes, levando em consideração sempre as angústias e
as ansiedades que se entrecruzam na vida do aluno naquele dado momento.

37
Para Carvalho et al (2010) deve-se levar em consideração que, nem todos os
aspectos do âmbito escolar são causadores de desmotivação no aluno, visto que
seu empenho também estará baseado em áreas de seu interesse. Um aluno não
necessariamente é desmotivado para tudo na sala de aula. Ele pode estar
desmotivado ou apresentar motivação distorcida apenas em alguma ou algumas
áreas, ou alguns tópicos, como pode apresentar problemas em relação a todas as
disciplinas de um curso. Outro aspecto que pode influenciar para não motivação dos
alunos em sala de aula, expresso, especialmente, pela recusa para a realização das
atividades escolares, é a falta de tempo das professoras para planejar situações
didáticas.
É possível afirmar que as crenças dos estudantes têm uma influência na sua
ação, na motivação e nos processos cognitivos, sendo estes últimos, relacionados à
antecipação de consequências e resultados de ações. Aplicando-se o conceito ao
contexto escolar, entende-se que a autoeficácia pode afetar a motivação dos alunos
para realizar as tarefas ou evitá-las, as reações dos estudantes diante de suas
realizações e até mesmo as suas escolhas profissionais. Essa é uma importante
justificativa para a falta de motivação de muitos estudantes (SOUZA; NEVES, 2010).
De acordo com Martinelli e Genari (2009), os alunos atribuem suas
experiências de fracasso à falta de motivação, de interesse, de dedicação, de
atenção, bem como à falta de cumprimento de suas atividades acadêmicas, falta de
esforço, falta de responsabilidade e à ausência de ajuda do professor, enquanto que
pais e professores da rede pública consideram o aluno como o principal responsável
por sua repetência e pelo seu péssimo desempenho.
Conclui-se, então, que a motivação dos alunos pelos estudos em sala de aula
é um assunto preocupante, pois, as crianças estão chegando cada vez mais
desmotivadas. Isso ocorre devido à falta de unidade entre o lúdico e o didático
propriamente dito, o que, no contexto escolar, pode significar, também, a falta de
unidade entre os processos de motivação e aprendizagem.
Nos dias atuais a criança vive em um mundo sobrecarregado de tecnologias e
brinquedos que encantam e fascinam, como por exemplo, videogames, jogos
eletrônicos, internet, etc. Os atrativos oferecidos por essas tecnologias despertam
interesses que estão além do simples fato de frequentarem uma escola e desta
forma o aprendizado escolar acaba perdendo espaço para o avanço tecnológico, o

38
que acaba interferindo na aprendizagem, gerando certos desinteresses e falta de
motivação pelos estudos, pois para uma criança é muito mais interessante brincar
do que estudar.
Para ajudar em tal dificuldade, os professores devem expor aos alunos que
aprender pode ser divertido. Porém, a maior dificuldade está em competir com os
atrativos tecnológicos e os brinquedos que encantam as crianças, e que em algumas
escolas não existem.
Entretanto, há escolas que apresentam tais recursos, mas não há
envolvimento do educador, fazendo com que os mesmos sejam úteis ao
aprendizado dos alunos. Desta forma, afirma-se que não adianta haver recursos
físicos e tecnológicos se não há o recurso humano impulsionando e motivando o
aluno.
É visto que a motivação para a aprendizagem tornou-se um problema de
ponta para a educação, pois, sua ausência representa queda de qualidade na
aprendizagem. Os estudos realizados sobre o tema enfocam os aspectos
cognitivistas, a motivação intrínseca, extrínseca, o uso de recompensas e as metas
de realização são tidos como fatores preponderantes para o conhecimento sobre
motivação. Questões como organização da escola e da sala de aula são agentes
motivadores. Existem ainda, as questões da inteligência, da crença na autoeficácia,
a ansiedade e a satisfação escolar. O esforço, principal indicador de motivação, só é
utilizado se o aluno acreditar na capacidade do êxito.
Acredita-se ser este o grande desafio da atualidade a que os educadores
devem se propor: averiguar as razões da ausência da motivação do aluno para a
aprendizagem, analisá-las e buscar estratégias eficazes que ajudem a reverter este
quadro. Várias escolas já oferecem um ensino contextualizado, objetivando a
formação de indivíduos conscientes, autônomos, dotados de referenciais para
realizar opções, capazes de construir conhecimentos, de fazer julgamentos e opções
políticas, mas que mesmo assim, o aluno não se sente motivado. Existe algo mais a
ser desvendado. Uma percepção que vem à mente é a de que o aluno vive em uma
sociedade onde as mudanças estão presentes em todos os setores e a educação
não está acompanhando esse processo evolutivo, de acordo com pesquisas. Esta é
uma forte razão para a desmotivação.

39
Sendo assim, a partir de todos os estudos apresentados, pode-se afirmar que
apesar do grande número de estudos voltados à temática da motivação, eles
concentram-se em sua maioria, sobre o desenvolvimento de tal habilidade
necessária a aprendizagem.

40
6. CONCLUSÃO

Através desse estudo foi possível demonstrar a importância da influência da


motivação sobre os processos de ensino e aprendizagem. Sendo assim, atividades
mais desafiadoras, que estimulassem os alunos poderiam contribuir
significativamente para o desenvolvimento escolar da criança. Tal abordagem
poderia ter um efeito positivo sobre a aquisição da alfabetização.
Em geral, os artigos estudados demonstraram que a motivação é uma
variável-chave para a aprendizagem, pois, para vários autores, sem motivação não
se aprende. Estar preparado para aprender não quer dizer, necessariamente, que
isto irá acontecer significativamente, e é essencial a presença do incentivo no
aprendiz. Por isso, é fundamental que o aprendizado seja mais prazeroso e
significativo, para que o ensino tenha algum sentido para o aluno, que lhe desperte o
interesse, satisfaça suas curiosidades e que realmente o prepare para a dinâmica da
convivência e evolução social.
Com a realização desta pesquisa, foi possível analisar que, o primeiro passo
a ser dado para motivar os alunos a aprenderem, é despertar neles o incentivo que
fica adormecido no interior de cada educando. Esse incentivo faz parte da
personalidade de cada indivíduo dentro da sala de aula. Para isso, o professor
deverá criar condições para que o aluno desperte interesse pelo aprendizado, ou
seja, deve apresentar incentivos que despertem no educando certos motivos que
levarão ao aprendizado.
Para que este incentivo nasça, os professores usam vários métodos como
elogio, notas, prêmios, etc., para fazer com o aluno se esforce durante a realização
dos trabalhos em sala de aula ou nas tarefas. Neste caso, o professor estará
motivando o aluno extrinsecamente e, ao usar este incentivo, os alunos não
construirão nenhum conhecimento permanente. Desta forma, observa-se que é
necessário que tal incentivo nasça de dentro dos alunos e para isso os professores
precisam estimular os educandos com atividades mais desafiadoras e que façam
com que eles compreendam que o verdadeiro motivo para a aprendizagem é o
conhecimento e não as recompensas.

41
A motivação tem sido apontada como uns dos fatores que tem influenciado
diretamente o quê e como os alunos aprendem. Por vezes, as fontes de
impedimentos à eficácia do ensino encontram-se nos próprios alunos, quando estão
desmotivados. Contudo, não é o caso de superestimar a importância da motivação,
considerando que outras variáveis também afetam os educandos. Ressalta-se a
relevância da importância dos educadores estarem atentos às consequências
negativas que a falta de motivação pode gerar nos alunos.
Deste modo, se faz necessário analisar os fatores que têm ocasionado a
desmotivação dos alunos, tentando entendê-los sobre o prisma das diferentes
teorias. Dentro disso, considerar a influência que os ambientes familiares e
escolares exercem sobre os alunos, visto que podem trazer reflexos positivos ou não
sobre o aprendizado.
Conclui-se, então, que os estudos realizados sobre motivação para a
aprendizagem permitiram apontar uma série de fatores que podem afetar a
motivação do estudante: as expectativas e estilos dos professores, os desejos e
aspirações dos pais e familiares, os colegas de sala, a estruturação das aulas, o
espaço físico da sala de aula, o currículo escolar, a organização do sistema
educacional, as políticas educacionais e principalmente as próprias características
individuais dos alunos.
Nesta perspectiva, considera-se que, ampliar esses estudos para o sistema
educacional, poderá contribuir de forma significativa para o processo de ensino e
aprendizagem.

42
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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