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Função do Governo no Provisionamento Educacional

Cristino Carlos Naricha

Introdução

No presente ensaio científico pretende-se trazer uma abordagem ligada ao


aprovisionamento educacional, sobretudo fazendo uma descrição da função do
Governo.

O aprovisionamento é um processo que abrange vários aspectos na relação entre


fornecedores e empresa, constituindo um conjunto de actos administrativos: a
administração e negociação, abastecimento da empresa logística. O objectivo
deste ensaio é compreender a função do governo no aprovisionamento
educacional, a partir de uma revisão bibliográfica e reflexões pessoais baseadas
na realidade moçambicana.

Contextualização sobre Aprovisionamento Educacional

O Aprovisionamento consiste num conjunto de actividades que possibilitam


colocar à disposição da empresa todos os bens e os serviços de que necessita
para exercer regularmente a sua actividade, na quantidade e qualidade
necessárias, atempadamente e ao menor custo, (Ferreira, 2010). No entanto, é
uma das funções em que se pode dividir a actividade de uma empresa.

Por sua vez, Xambre (2009) avança que aprovisionamento tem em vista o
abastecimento atempado de todos os bens e serviços necessários ao seu eficaz
funcionamento, em quantidade e qualidade desejadas e sempre ao menor custo.
A função de aprovisionamento assegura um fluxo contínuo de bens de modo a
satisfazer as necessidades da fabricação ou dos clientes no momento desejado.

Todavia, no tocante ao aprovisionamento educacional em Moçambique, o


governo tem uma função fundamental, e este actua em coordenação com o
MINEDH. Ora vejamos:
Buchan (1991) avança que a intervençâo do governo é necessaria porque os
Ministerios da Educaçâo não podem simplesmente trabalhar sozinhos
desenvolvendo políticas eficazes nesta área. O desenvolvimento de livros
escolares é um processo complexo que envolve muitos ministerios: Cultura,
Comercio, Indústria, Finanças e Agricultura, além do da Educaçâo. Mas o
Ministerio da Educaçâo tem um papel principal neste sector e tem que procurar a
cooperaçâo dos outros serviços interessados. A sua preocupaçâo é assegurar a
implementaçâo da política do Estado no que diz respeito à educaçâo e à
educaçâo básica mínima para todos.

Por sua vez, Carvalho (2010) afirma que as responsabilidades do Ministerio da


Educaçâo que nâo podem ser delegadas residem na área dos programas e dos
padrôes fixados para a educaçâo. Traduzem-se pelo controlo do sistema dos
exames. O Ministerio é também responsável pelo desenvolvimento do pessoal e
da formaçâo dos professores. É também tarefa do Ministerio da Educaçâo
assegurar as alocaçôes orçamentais necessárias e convencer o Ministerio das
Finanças da rendibilidade do fornecimento dos livros escolares.

Ainda Buchan (1991) avança que "o investimento no fornecimento dos livros
escolares é urna pequena parte dos gastos de educaçâo e ainda tem urna
importancia no desempenho educacional fora de qualquer proporcäo com a
importancia do investimento"(p.87). Portanto, a disponibilidade dos livros
escolares nas salas de aula não é realmente conhecida e deve ser levada em
conta com importantes variaçôes nas estimativas:

Os cálculos dos Ministerios da Educaçâo sao baseados em tiragens de


impressäo ou orçamentos financeiros, mas näo na presença real dos livros
escolares nas salas de aula. Os estudos do sector dos livros africanos
(relatório sumario) declara que sao "geralmente baixos os níveis de
fornecimento dos livros escolares por toda a parte, mas com índices bons
a satisfatórios nas escolas da elite em importantes áreas urbanas,
(Buchan,1991, p.93).

Na mesma senda, segundo Carvalho (2010) o MINEDH adquire e distribui


anualmente livros para o apetrechamento das bibliotecas, mapas e cartazes, Kits
de laboratório para a realização de aulas práticas, atribui o ADE, iniciativas que se
deveriam traduzir numa melhoria do rendimento dos alunos, mobiliário escolar,
etc, (p.67).

Nesta ordem de ideias, podemos observar que no contexto educacional o


aprovisionamento caracteriza-se na aquisição, distribuição ou abastecimento de
materiais didácicos, mobiliários e equipamento escolar, serviços, contratos,
financiamento, onde podemos ter área técnica: onde em conjunto com as
diferentes unidades do inistério de educação são definidas as prioridades em
termos de aquisições e contratações e as respectivas etapas; são analisados os
preços de mercado calculados os valores estimados, são simulados os prováveis
cenários do concurso a lançar, aconselha/apresenta a melhor modalidade de
realização de concurso. Àrea de aquisições, realiza os procedimentos de
aquisições planificadas nas modalidades aprovadas pelo sector técnico. Área de
Gestão de Contratos que acompanha a execução do contrato, observando o
cumprimento pela contratada das regras previstas no instrumento contratual.
Emite pareceres sobre pedidos não previstos das unidades orgânicas, sobre
interpretação do regulamento de aquisições, assim como pareceres sobre
reclamações e petições dos concorrentes e fornecedores. E por fim, a área de
Administração e Finanças, na qual se elabora o orçamento anual de aquisições,
executa as despesas, emite requisições internas e externas, elabora o relatório
financeiro.

Parcerias Nacionais de Material Escolar - DINAME


É evidente a importância dos livros escolares no processo educacional, cada vez
mais os países em desenvolvimento têm lançado importantes programas de
desenvolvimento de livros escolares e criado as unidades correspondentes para
tratar dos processos complexos de produção e de distribuiçâo.

Nesta senda, Damiba (1990) afirma que o Estado é responsável pela garantía de
condiçôes escolares aceitáveis mínimas, e, nomeadamente, o acesso a livros
escolares promovendo a equidade, para as minorías desfavorecidas sem
favorecer as enancas de familias abastadas em detrimento de alunos mais
desfavorecidos nos planos cultural, social e económico. Assim,

A comunidade internacional tanto a nivel multilateral quanto bilateral


desempenha um papel importante ao apoiar esses esforços nacionais para
o aprovisionamento de livros escolares para todos os níveis de educação.
A conjunçâo desses esforços nacionais e internacionais provocaram
resultados notáveis, por meio do quai milhôes de estudantes agora têm
acesso aos livros escolares e materiais didácticos, (Carvalho, 2010, p.89).

Para este aspecto, o Decreto nº 6/86 de 23 de Setembro, “no quadro da


implementação do SNE e da estruturação dos órgãos de direcção do ensino
surge a necessidade de se criar uma estrutura que proceda às operações de
aprovisionamento, distribuição e controlo de material escolar. Contudo, ao abrigo
do nº 2 do art. 6º da Lei nº 2/81, de 30 de Setembro, Art. 1º “ é criada a Empresa
nacional de Distribuição de Material Escolar, empresa estatal, DINAME”.

Contudo, Carvalho (2010) afirma que a DINAME - Distribuidora Nacional de


Material Escolar, é chefiada pelo director-geral, Assane Sufiane. O processo
Logístico está separado em três áreas: Planeamento e Controlo de Produção,
Aprovisionamentos e Transportes, e contém armazéns localizados um pouco por
todo o país, em Maputo, Beira, Quelimane e Nacala.

Conclusão
Após a realizaçao do trabalho, importa frisar que o governo no sector de
aprovisionamento educacional tem a função de abastecimento de materiais e
equipamentos escolares, tais como material didáctico (livro escolar), aquisição de
serviços, profissionais, mobiliário escolar, ou seja, todas as componentes
necessárias para o bom funcionamento do sector educacional.

Portanto, de forma sucinta, o governo actua em coordenação com o MINEDH no


sector de aprovisionamento, onde gere todo o ciclo entre o sector educacional e
fornecedores e os produtos a adquirir, estando este conceito relacionado com a
logística de entrada.

Referências Bibliográficas
Buchan, A.; Denning, C; Read, A. 1991. African Book Sector Studies -- Sumario.
Washington, Banco Mundial.
Carvalho, C. (2004). Logística. 3ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Lda.
Carvalho, J. de C. et al. (2010). Logística e Gestão da Cadeia de Abastecimento.
1ª Edição. Lisboa: Edições Sílabo, Lda.
Damiba, A. 1990. Macro-planning of school textbooks and teaching materials. In
the development of school textbooks and teaching materials. Relatório de um
seminàrio do UPE.
Decreto nº 6/86 de 23 de Setembro de 1986. Cria a empresa de distribuição de
Material Escolar – DINAME, EE. Publicado no Boletim da Republica I SÉRIE.
NÚMERO 39.
Ferreira, J. V. (2010). Notas de apoio às aulas de Logística. Universidade de
Aveiro.
Xambre, A.R. (2009). Notas de apoio às aulas de Gestão de Operações.
Universidade de Aveiro.

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