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Arte e Cultura do Povo Krahô

Mẽ Ipê Krahô Catêjê Te Amj̃ Ton Xà

Arte e Cultura do Povo Krahô


FRANCISCO EDVIGES ALBUQUERQUE
ORGANIZADOR
2012
Francisco Edviges Albuquerque (Org.)

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà

AR TE E CU L TU R A D O P O V O KR AH Ô

1ª Edição

Belo Horizonte -MG


Editora da Faculdade de Letras - UFMG

2012

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
1
Presidência da República
Ministério da Educação
Secretaria Executiva
Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
Diretoria de Políticas para Educação do Campo e Diversidade
Coordenação Geral de Educação Escolar Indígena

Universidade Federal de Minas Gerais


R ei tor: Cl é l i o Campol i na D i ni z
V i c e- R ei tora: R oc ks ane de Carva l ho N orton

Faculdade de Letras
D i retor: L ui z F ranc i s c o D i as
V i c e- D i retora: S andr a Mari a G ua l be rto B raga B i anc het

Núcleo Transdisciplinar de Pesquisas Literaterras


Coorde nador a: Mari a Inês de Al mei da

Autoria:

Professores Indígenas Krahô envolvidos no Projeto


Andr é Cohtàt Krahô
Ataúlio Wathỳr Krahô
D i rs o P ôôyt Krahô
Dodanin Piikẽn Krahô
Ely Krỳjtep Krahô
Is aur o Krôkr ôk K rahô
Joel Cuxỳ. Krahô
R obe rto Cahxê t Krahô
R obe rto Carl os J â xy K rahô
R enato Y ahé Krahô
Taí s P õc uh tô Krahô

Alunos Krahô monitores envolvidos no Projeto


D ani el R êj Krahô
Darlene Acàkwỳj Krahô
L uc i ano Capr ã n Krahô
Cláudio Wacmẽ Krahô
Marc el o P ryj ara Krahô
Maga i ve r Xôhxô K rahô
Leonardo Tupẽn Krahô

Professores Indígenas Krahô Revisores


Dodanin Piikẽn Krahô
R enato Y ahé Krahô
R obe rto Cahxê t Krahô
Taí s P õc uh tô Krahô

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


2 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Coordenadora dos trabalhos na Escola Krahô 19 de Abril
P atrí c i a Tava res P i nhei ro Mi randa

Professores não-Indígenas envolvidos no Projeto


P atrí c i a Tava res P i nhei ro Mi randa
D i l ma Mende s de S ouz a

Organização
Francisco Edviges Albuquerque(Org.)

Revisão final em Português


F ranc i s c o E dvi ge s Al buqe rque

Fotografia
F ranc i s c o E dvi ge s Al buqe rque

Diagramação
J os é va l do B ri nge l da Cruz
J oã o P aul o de Cas tro P ai m

Capa
F ranc i s c o E vid ge s Al buqe rque
J os é va l do B ri nge l ad Cruz

Digitação
F ranc s i c o E vid eg s Al buqe rque
J oã o P aul o ed Cas tro P ai m

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
3
Reitor
Má rc i o Antôni o da S i l ve i ra

Pró-Reitoria de Extensão, Cultura e Assuntos Comunitários (PROEX)


G eorge F ranç a dos S antos

Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (PROPESQ)


W al de c y R odr i gue s

Diretor do Campus de Araguaína


L ui z E dua rdo B ovol ato

Coordenador do Projeto do Dicionário Escolar Apinayé


F ranc i s c o E dvi ge s Al buqe rque

Coordenação Regional/FUNAI/ Palmas


Cl es o F ernande s de Moraes

Chefe do NPPDS FUNAI/ Palmas


Cori na Mari a R odr i gue s Cos ta

Diretoria de Educação Indígena e Diversidade/SEDUC/TO


Maxi mi ano B ez erra

Supervisor Pedagógico Indígena / DERET / Tocantinópolis


J oã o J ovi ano de Mede i ros N eto

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


4 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Projeto de Apoio Pedagógico à Educação Indígena Krahô

Todos os di rei tos res erva do s aos í ndi os Krahô: P roi bi da a repr oduç ã o total ou p arc i al , por
qualquer meio de processo, especialmente por sistemas gráficos, microfilmicos, fotográficos,
reprográficos, fonográficos, videográficos, internet, note-book. A violação dos direitos autorais é
punível como crime (art. 184 e parágrafos, do Código Penal, cf. Lei nº 6.895, de 17/12/80) com
pena de prisão e multa, conjuntamente com busca e apreensão e indenizações diversas (art. 102,
103 parágrafo único, 104, 105, 106 e 107 itens 1, 2 e 3 da Lei nº 9.610 de 19/06/98. Lei dos Direitos
Autorais).

PROEX - Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários


PROPESQ - Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação
LALI - Laboratório de Línguas Indígenas / Campus de Araguaína
NEPPI - Núcleo de Estudo e Pesquisa com Povos Indígenas / Campus de
Aragua í na

Apoio:

Coorde naç ã o G eral de E duc aç ã o Indí ge na


F U N AI – F nu da ç ã o N ac i onal do Í ndi o

Diretoria de Educação Indígena e Diversidade/SEDUC/TO

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
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Ficha Catalográfica

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Albuquerque, Francisco Edviges(Org.).


Arte e Cultura do Povo Krahô/Francisco Edviges Albuquerque. Belo Horizonte-
MG, Editora da Faculdade de Letras-UFMG, 248 p., 2012.

Projeto de Apoio Pedagógico à Educação Indígena Krahô

ISSN ............

1. Língua Materna, 2. Educação Indígena, 3. Índios Krahô. I. Albuquerque,


Francisco Edviges(Org).

CDU - ........

Índice para catálogo sistemático:


1.Educação Indígena: Krahô e Português
2. Krahô como primeira língua
3. Português como segunda língua

1º Edição

- 2012-

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


6 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Apresentação

A organização deste Livro partiu de uma constatação de que alunos e professores Krahô
da Aldeia Manoel Alves dispunham de bons métodos didáticos para falar, ler e escrever em língua
materna e em Português, mas necessitavam de uma obra específica de sua língua, pois todos os
l i vr os di d á ti c os que exi s tem nas es c ol as de s ua s al de i as vi s am ape nas à s i s temati z aç ã o d a L í ngua
Portuguesa, assim professores e alunos Krahô sentem a necessidade de um subsídio didático
adequado na sua língua materna.
Ini c i al mente, es s e traba l ho c onduz i u- nos a três obs erva ç õe s i mpor tantes : a pr i mei ra
elaborar um livro didático; a segunda, torná-lo acessível aos professores e alunos Krahô; a terceira,
garantir a sua praticidade.
O L i vr o de Arte e Cul tur a do P ovo K rahô s e c ompõe de qua tro pa rtes pr i nc i pa i s :
A Primeira parte (Festas Krahô) aborda os aspectos socioculturais e históricos sobre as
festas Krahô ainda realizadas nas aldeias desses povos.
Na Segunda parte (Mitos e Narrativas Krahô) foram catalogados pelos alunos e professores
i ndí ge nas Krahô, na Al de i a Manoel Al ve s , todos os Mi tos e N arrati va s c ontados pe l os mai s ve l hos
e, ainda, preservadas e mantidas as Histórias na cultura desses indígenas.
A Terceira parte (Artesanatos Krahô) apresenta a relação dos principais artesanatos, onde
professores e alunos indígenas fizeram uma pesquisa juntos à comunidade e aos índios mais velhos,
catalogando os artesanatos ainda preservados na cultura dessa comuidade.
Na Quarta parte (Pintura Krahô) traz uma amostra das pinturas Krahô que representam os
dois partidos do Inverno e do Verão.
Este livro é fruto de uma experiência de 9 anos de convivência e pesquisa entre os povos
Krahô, bem como através da implantação e extensão do Projeto de Apoio Pedagógico à Educação
Escolar Krahô, que, ao longo desses anos, vem contribuindo significativamente para a educação
escolar bilíngue e intercultural nas escolas, considerando seus sabeberes, culturas e línguas próprias,
de ac ordo c om real i da de s oc i ol i nguí ti c a Krahô, um a ve z que dur ante a el abor aç ã o da s aul as , os
professores indígenas sentem a necessidade de apoio bibliográfico para prepararem suas aulas e
conduzirem suas práticas pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem dos alunos indígenas.

F ranc i s c o E dvi ge s Al buqe rque

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
7
SUMÁRIO
P ri mei ra P arte: F es tas Krahô - Amjĩkĩn Krahô...............................................................................10
1. Paparuto Grande - Kwỳrti...........................................................................................................11
2. A Festa da Batata - Jàt Jõh Pĩ......................................................................................................23
3. Plantar Milho - Pohy Jõh Crow...................................................................................................35
4. A Festa de Têre - Amjĩ kĩn Têre mẽ Tep......................................................................................44
5. A Festa da Pensão - Wỳhtỳ..........................................................................................................51
6. Ahpynre.......................................................................................................................................60
7. Pàrtere..........................................................................................................................................68
8. Ahpynre.......................................................................................................................................74
9. Catàmti........................................................................................................................................80
10. Catyti Jõ Amjĩkĩn.......................................................................................................................86

Segunda Parte: Mitos e Narrativas Krahô – Mam mẽ ihtũm jũjãrẽn xà nẽ ihtỳj hipẽr ampo jarẽn
xà.....................................................................................................................................................91
1. Tokàhnã Cwẽmcwẽ.....................................................................................................................92
2. O Macaco e o Jabuti - Cukôj mẽ Caprãn.......................................................................................100
3. Um Homem Guerreiro sem medo: Hecahô.............................................................................108
4. A Onça e o Menino..................................................................................................................121
5. A História de Hôhpore..............................................................................................................128
6. Hitôhkrere..................................................................................................................................140
7.Awkê............................................................................................................................................157
8. A Mulher Estrela - Caxêkwuj......................................................................................................174
9. Krãhkrokrocre............................................................................................................................187

Terceira Parte: Artesantos Krahô - Mẽ ipê Krahô Cukrêj itajê Cunẽa..........................................197


1. Cuhkõn -Acabaça .......................................................................................................................198
2. Kẽnre - Miçanga .........................................................................................................................198
3. Càhà - Cofo ................................................................................................................................200
4. Mãco - Mocó ..............................................................................................................................201
5. Côhtoj - Maracá ..........................................................................................................................202
6. Kruw - Flecha .............................................................................................................................203
7. Càhà - Cofo .................................................................................................................................204
8. Cuhkõnre - Cabacinha .................................................................................................................205
9. Crat - Cuia ..................................................................................................................................206
10. Xy - Cinto .................................................................................................................................207
11. Cora - Colar ..............................................................................................................................208
12. Kôckrãhtuc - Borduna...............................................................................................................209

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


8 Arte e C ultura do P ovo K rahô
13. Ihcapõnxà - Vassoura.............................................................................................................210
14. Hàchô - Cocar........................................................................................................................211
15. Càhà Jõhkô - A trança..........................................................................................................212
16. Cuhtoj - Maraca.....................................................................................................................213
17. Cahtỳ - Estrela......................................................................................................................214
18. Ihpakà - Pulceira....................................................................................................................215
19. Patwy - Buzina.......................................................................................................................216
20. Kàjre - Machadinha..............................................................................................................217
21. Kôpo - Lança.........................................................................................................................218
22. Côpĩp - Abano........................................................................................................................219
23. Mãhô - Espanador.................................................................................................................220
24. Awhê mẽ cruw - Arco e Flecha........................................................................................221
25. Tapti - Tapiti...........................................................................................................................222

Quarta Parte: Pinturas Krahô - Mẽ Ipê Krahô, Pihôc xà..............................................................223


I - Partido do Inverno - Catàmjê.............................................................................................224
II - Partido do Verão - Wacmẽjê..................................................................................................233

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
9
I - Parte: Amjĩkĩn Krahô - Festas Krahô

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


10 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Kwỳrti
Autor: Marc el o Xooc o Krahô

Kwỳrti ita quê ha pom jũm kra xà te hamãr cupê ihcuran ita pẽr xà.
Quê há mẽ hõ amji kin to, Kwỳrti.

Kwỳrti representa uma criança que quase foi morta por uma doença. Daí, nós
chamamos a festa dela de kwỳrti.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
11
Man quê ha mẽ amaji to cuprõ nẽ mẽ ojpẽn jakrepej jũmã quê ha mẽ
amji kĩn ita to. Hapuhnã quê ha mẽ krĩ cunẽa nã mẽ ahuwỳ, quê jũmjê mã
hompun pram itajê hompun caxuw.

Os índios se reúnem para organizar como vai ser esta festa. Depois chamam
todos das aldeias, para saberem quem quer participar da festa.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


12 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Amcro nõhnã quê mẽ hũmre mẽ kwỳr japrô nẽ krĩ mã mẽ to cato.

No outro dia, os homens vão comprar mandioca e trazer para aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
13
Quê ha mẽ to kwỳr cuxô nẽ mẽ cukê.
Nẽ Hapuhnã, quê ha mẽ prykàc japrô, nẽ amẽ to ihcokjê nẽ kwỳr ton
cate jũrkwa kãm mẽ ihnõn xô nẽ mẽ ha hũm jakrã.

As mul heres de s c as c am mandi oc a, ral am, de p oi s vã o c ompr ar va c a, repa rti r,


colocar uma metade na casa do dono do kwỳrti e a outra metade vão distribuir na
aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


14 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Amcro mõ nã quê ha mẽ hũmre mẽ pĩ jaxwỳ nẽ mẽ cahãj quê ha mẽ
kẽn kuc jaxwỳ kij. Nẽ mẽ hũmre quê ha hipêr mẽ mõ nẽ mẽ turhô jakep.

N o out ro di a, os homens vã o c arrega r l enha, e as mul heres c arrega m pe dr as ,


para fazerem moquém. Depois os homens vão cortar folhas de bananeira.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
15
Pyt kãm quê ha mẽ crow to mẽ ho cukren to irya to hanẽ.

À tarde, eles vão correr com a tora, dando muitas voltas.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


16 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ pyt re kãm quê ha mẽ kij pôc quê kẽn kuc haka caxuw.

Por volta das cinco horas da tarde, vão tocar fogo no moquém e deixar esquentar
as pedras.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
17
Quê ha kẽn kuc haka quê ha mẽ to cucrà.
Quê ha mẽ to ĩncràn pa, quê ha mẽ hũmre kãm mẽ kwỳr cupu xi.

Às seis horas, vão espalhar as pedras. Quando acabam de espalhar as pedras,


os homens colocam os paparutos no moquém.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


18 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Quê ha mẽ kij pôc nẽ kwỳr cupu kãm mẽ to ihtẽm hiahpuro.

Logo que as pedras esquentarem, as mulheres vão fazer o paparuto.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
19
Awcapàt kãm quê ha increr nõ cà mã cato, increr caxuw, quê ha mẽ
cahãj mẽ crupõ quê há mẽ increr to apẽtu.

À noite, um cantor sai de casa, para para cantar no pátio. As mulheres se


juntam e cantam até amanhecer o dia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


20 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Hõt kêt nã quẽ ha mẽ kwỳr cupu cuprã nẽ cà mã mẽ to cato, quê ha
ajkrut quê ha mẽ pyjê mã mẽ ihnõ caca, quê ha krĩ cahkrit mã amẽ hakep
hanẽan.

D e manhã c edi nho, vã o ti rar o pa pa rut o, l eva m pa ra o pá ti o, di vi de m entre os


homens e as mulheres e o restante é distribuído com o pessoal da aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
21
Hapuh nã quê há cúria krĩ catêjê mẽ ajpẽn ry nẽ mẽ hõhtekjên cwa.
Pea hamrẽ quê ha mã krĩ cahkrit apu ihcahkũm.

Depois, o povo da aldeia que fez a festa de kwỳrti, faz filas para pegar seus
pedaços de paparuto. Enfim, os que vieram para participar da festa, voltam para suas
al de i as .

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


22 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Jàt Jõ Pĩ
Autor: L uc i ano Capr ã n kr ahô

Pàrti jõ amjĩ kĩn ita mã hõtpê mẽ ita hãm tu. Mẽhĩ té amjĩ ton xà mã.
Nẽ ihkrãre pahhi cà pê mẽ cati to cuprõ nẽ mẽ to ihhêmpej. Pea quê há mẽ
ihnõ kàre nõ amjĩ kĩn ita to ihcaakôc krĩ ita kãm. Pea quê há mẽ ihcunẽa
capehnã mẽ ajpen to ihhêm pêj pa, nẽ ma amẽ ihcahkũm mẽ hũrkwa mã.

A festa de batata, é a festa tradicional Krahô, que acontece todos os anos. No


primeiro dia, o cacique vai ao pátio e se reúne com a comunidade. Os mais velhos
vão falar sobre a festa que vai acontecer na aldeia Manoel Alves Pequeno. Todos
da c omuni d ade vã o c ombi nar no pá ti o, d epoi s do pá ti o, todo mundo vol ta pa ra s ua s
casas.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
23
Nẽ hõtkêt nã, quê ha hôxwa ma irom mã mẽ cutor tu, pàrti jakep wỳr.
Cute mẽ kaj mẽ wapo itajê cwỳrnẽ ma irom ma mẽ to hàr. Quê ha mẽ pĩh
nõ catea nõhnã mẽ cato, nẽ mẽ to hahy nẽ mẽ cumẽ.

De manhã cedo, os Hôxwa vão para o mato cortar a tora de batata. Arrumam
o machado, o facão e vão para o mato procurar as árvores grandes. Depois, cada
Hôxwa corta um pouquinho até derrubarem as árvores maiores.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


24 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Quê ha mẽ pàrti ita to ajkrut nẽ mẽ hakep, pom cute mẽ ta pĩh catea
mẽm ita kãm. Nẽ mẽ to impej. Ita caxuw quê ha wapo to mẽ to ihpên pej,
nẽ mẽ to impey to hanẽa. Pea quê ha ma hapymã hôxware krĩ mã ajpẽn to
mõ. Nẽ amcro nõhnã hôxwa cunẽa cà mã mẽ cato, hôtkêt nã cute mẽ cati
mã hujarẽn caxuw. Ita caxuw ra jàt jõ pĩ ita pejỹ crinare, ra ite mẽ amã
harẽn.

Cortam duas toras grandes da mesma árvore, que foram derrubar e vão arrumar
a tora que foi cortada. Arrumam com facão, para ficar bem bonita e bem feitinha.
Em seguida, os Hôxwa voltam para aldeia. No outro dia, de manhã bem cedo, os
Hôxwa saem para o pátio, falam para a comunidade, que a tora de batata está pronta
e bem feitinha.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
25
Nẽ amcro nohnã, harã catejê mẽ kỳj catêjê mã irom mã crow wỳr mẽ
ajpẽnto axà krĩ mã crow to mẽ cato nẽ cô kãm mẽ haxwỳr, quê hũtĩ. Thnã
amc ro c rê ji roapê quê ha hapya mã c ô p ĩn mẽ pàr ti ita to mẽ api, nẽ pry
kôt mẽ cunõ quê ha krĩ pê hikwa to 150m. Xãm pàrti ita jũ tẽã to hũtĩ, quê
nẽ pyjê nõ pàrti ita pỳn nare. Mẽ hũmre kô tỳj pit amẽ pàrti ita japỳn to mẽ
ipa.

N o di a s egui nte, os pa rti dos do V erã o e do Inve rno vã o pa ra o mato, c arrega r a


tora de batata e colocar no córrego para ficar pesada. Todos da comunidade chegam
até a tora de batata, colocam-na no córrego, fica uns três dias. Depois vão tirar a tora
do córrego.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


26 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Amcro nôhnã hõt kêt nã quê pàrti to mẽ hõhcukren caxuw, quê ha
kỳj catêjê mẽ harã catêjê amẽ amjĩ cucrà, pyh to, mẽ ehprõ quê mẽ hôh wej
ihtỳj quê mẽ ehcucrà. Mẽ hõh cucrar par jiroapê, quê ha jũm kàre pàrti
jacrer, quê ha hacrer pa pea quê ha ihkrãre ahkrajre pàr kra re to mẽ ihtũm
ajpẽn to pàr jarĩ, nẽ krĩ mã mẽ ajpẽn to tẽ, nẽ krĩ mã mẽ to cato nẽ cà pê
mẽ pàr ti ita rẽ.

Após esse período, todos da comunidade voltam para o córrego, para tirar
a tora de batata e colocar na estrada bem próxima da aldeia. A tora fica a uns 150
metros da aldeia, porque é muito pesada. Por isso, as mulheres não carregam a tora
de batata, somente os homens.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
27
Mẽ crow rẽn jiroapê quê ha harã catêjê mẽ kỳj catêjê mẽ ajcapô pry
kôt, nẽ ajpẽn wỳr mẽ ihkàr to, nẽ cà jipôcri mẽ hõ pahhi amẽ ajpẽn cujtê
pea nẽ mẽ to amjĩ kĩn krã cura.

N o di a s egui nte, be m c edo, os pa rti dos do Inve rno e do V erã o vã o c arrega r a


tora de batata, que vai ser pintada com urucum. As mulheres vão pintar seus maridos
com urucum. Depois da pintura, cada pessoa pega a tora de batata, que pertence a seu
partido, Inverno ou do Verão.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


28 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea quê ha mẽhkàre nõ pàrti ita jahcrer nẽ hacrerpar jirô pê quê ha
ihkrãri ahkràjre pàr krare ita to aharkre. Pea quê ha hapuhnã harã catyê
mẽ kyjcatejê jàt jõ pĩ to mẽ ajpẽn kãm tẽ. Nẽ cà mã pàrte jũ tĩ ti ita to mẽ
ahcukre nẽ ma cà mã mẽ tocato.

Um índio velho coloca a perna em cima de tora de batata e canta bastante. As


crianças vão correr primeiro com uma tora pequena. Depois os adultos carregam a
tora pesada, correndo para aldeia em direção ao meio do pátio.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
29
Nẽ macà jipôc ri mẽ pàrti rẽ pêa quê ha mẽ nõ ihkrãri pàrti ita mẽ
ajpẽn pê. Pea quê ha mẽ nõ hapunã pàrti ita mẽ nẽ amẽ ihpec. Pea quê ha
pàrti jahcrer ctê parti puhnã ĩn crer to ajrõ. Pea quê ha ihkôt mẽ ajpẽn kãm
ihpỳm, nẽ increr, kôt mẽ ajrõ. Nẽ quê ha ĩncrer to hicu quê mẽhkwỳ cô to
amẽ ih kwya kom.

Para colocar no meio do pátio, um dos partidos chega primeiro. Aquele que
chega por último, fica triste. O cantador vai ao meio do pátio, e os partidos vão
rodear a tora de batata, que fica no meio do povo. Depois os parentes vão se molhar
com água da garrafa, e o cantador para de cantar.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


30 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea quê ha hipêr cà pê mẽ ajcapô, harã catejê mẽ kỳj catejê, mẽ to
amjĩ kĩn curàn caxuw. Pêa quê ha harã catejê ma pry nõkôt mẽ ajpẽn to
mõ. Pêa quê ha hanẽan ma kyj catyê pry nõ kôt mẽ ajpĩn to mõ. Pêa quê
ha harã catyê nõ ihkàrto ihtaj to hanẽ, pâ quê ha kỳj catejê kãmpa nẽ hanẽa
ihkàr to ihtaj to hanẽ pêa. Nẽ ma ajpẽn wỳr mẽ ihkàrto mõ nẽ (cute mẽ) cà
jipôc ri mẽ to ihcurà amjĩ kĩnto.

Os partidos se dividem no meio do pátio para terminarem a festa da batata. Daí


um dos partidos vai para a estrada, que fica reta ao pátio, e outros partidos também
acopanham.Um partido grita bem alto, depois o outro partido grita mais alto ainda,
entram no meio do pátio e terminam a brincadeira.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
31
Nẽ pỳt kãm quê ha ra ikre nõ kãm mẽ cuprõ, mẽ humre mẽ pyjê nẽ
ahkràjre mẽ nẽ ahkràjre mẽ. Nẽ ra kãm mẽ cahĩjê jikaj, jàt mẽ rãj to quê
ha mẽ cahhy. Nẽ quê ha ra ĩncrejr catê puy to amjĩ cucra, nẽ hanẽan jat mẽ
râj nẽn catê pyhito amjĩ cucrà.

À tarde , os homens , as mul heres e c ri anç as vã o s e junt ar num a c as a, pa ra


prepararem a brincadeira da batata e da laranja.O contador vai se pintar numa casa,
e os jogadores de batata e de laranja também vão se pintar com urucum.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


32 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea quê ha mẽ ikre pê cahĩjê ta cato. Nẽ ma krĩ capelinã mẽ catrĩjê to
mõ, nẽ mẽ to ĩncrer to mõ. Ahpãn mẽ ikre jarkwa mã mẽ to hohuc to mõ,
mã mẽ hkwỳ cahỹê mã ihcuhê, mã rãj mẽ jàt to mẽ to cape. Nẽ mẽ to ih
cahhỳ mã mẽ hapôjnẽ mã cà mã mẽ cahĩjê to cato nẽ cute mẽ cahĩjê to cà
pê mé hamrẽ.

Depois saem de casa e vão rodeando a aldeia, parando em cada casa. O homem
que quiser brincar, fica na frente de jogador de batata, que vai jogando batata até
ac ertar o homem , que s ai da br i nc ade i ra e va i pa ra o pá ti o, onde a br i nc ad ei ra
termina.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
33
Pea quê ha hanẽa hôxwa ra jũri mẽ ikre nõ kãm mẽ cuprõ. Nẽ ihtỳj
anyẽ kuc hôc to jũmã nẽ mẽ ihkuc hôc jirô pê quê ha mã cà mã mẽ ajpẽn
to mõ. Pea quê ha ra mã ĩncrej catê xàn hóxwa mã cuhtoj cajpẽr ta xà. Pêa
quê ha hõkyêr cate xã, hôxwa mã hokjêr ta xà. Pea quê ha hoxwa ihkrãri
tẽ nẽ mẽ hõhkrun xà pẽ. Nẽ hipêr tẽ nẽ hõhkrun pẽ, nẽ mẽ to ihtẽm to ĩncrê
nẽ mẽ to hicu.

O s H ôxw a vã o s e junt ar num a c as a, pa ra s e pi ntarem de qua l que r jei to, de po i s


de pintados, saem para o pátio, onde o cantador do Hôxwa vai cantar. O chamador do
H ôxw a va i c hamar os H ôxw a, que v êm pa ra o pá ti o, pa ra apr es entarem a br i nc ade i ra
e, em seguida, os Hôxwa vêm novamente para brincar no pátio, perto da fogueira e
terminam a brincadeira.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


34 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Põhy Jõh Crow
Autor: D ani el R êj Krahô

Quê ha mẽ hũmre cà pê mẽ amjĩ to cuprõ. Quê ha pahhi mẽ cumã


quê mẽ põhyh kre.

O s homens s e reúne m no pá ti o, e o c oc i que da al de i a avi s a pa ra a c omuni da de


plantar milho na roça.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
35
Nẽ quê ha mẽ põhy kre nẽ hapỹ mã krĩ mã mẽ mõ.

Eles plantam milho e depois voltam para aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


36 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ apẽhnã hõt kêt nã quê ha cà pê mẽ cuprõ. Quê ha pahhi mẽ ihcu
kij pê mẽ mẽ acunẽa te pur kãm mẽ põhy kre.

No outro dia bem cedo, a comunidade junta-se no pátio, reune-se de novo. O


cacique da aldeia pergunta para comunidade se todos eles plantaram milho na roça.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
37
Nẽ pytwrỳ nõ nã quê ha ra põ hy ĩmpej, tu cute mẽ ihkẽh kẽm caxuw.
Nẽ pur to jũm hõh tac kjê, ita quê ih kê kẽ ra, põhy prỳ caxuw.

Após alguns meses, o milho está pronto para ser colhido. O dono do
milho recolhe a palha para fazer peteca.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


38 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ apẽhnã hõt kêt, quê jũri crow nõ ja kẽp. Nẽ quê ha, wacmẽ jê mẽ
catamjĩ ajpên mẽ ajoĩn to tẽ, krĩ mã nẽ mẽ ajpẽn ta pôj.

Ao amanhecer o dia, bem cedo, algumas pessoas cortam a tora no mato. Os


partidos do Verão e do Inverno correm com a tora para aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
39
Nẽ krĩ mã mẽ to cato nẽ mã cà mã mẽ to tẽ nẽ cà ji pôcri mẽ cumẽ.
Nẽ pyt quê ha catàmjẽ hôxw a, jũrkwa ri mẽ cuprõ nẽ amẽ põhy prỳh to
mẽ jỹ.

Ao chegarem à aldeia, vão direto para o pátio e jogam-se no meio do pátio. À


tarde, o partido do Verão junta-se na casa do palhaço e faz peteca.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


40 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ quê ha pyjê amẽhkra cucrà pyhto. Nẽ quê ha mĩ iry ahkrajre, nẽ
mẽ ĩntuw, põhy prỳỳ pẽr catêjê.

Depois, as mulheres vão pintar os filhos com urucum, ficam na fila, as crianças,
os jovens e os adultos.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
41
Nẽ krĩ capehnã mẽ to ajrõ nẽ põhy prỳ mẽ hũhkra kãm nẽ quê ha kàj
mã mẽ cupẽ to tẽ nẽ ha ma cà mã mẽ to, cato nẽ ha mẽ ihcunẽa amẽ hapĩ.

E l es dã o vol tas na al de i a c om a pe tec a na mã o, l eva ntando o br aç o pa ra c i ma,


mostrando a peteca.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


42 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Quê ha cà mã mẽ to cato, nẽ mẽ irẽn catê, mã mẽ to cuprõ. Quê ha
mẽ cumã curẽ quẽ nẽ pjẽ kãm ih nõ pỳm nare. Nẽ quê ha põhy prỳ hamrẽ
quê ha hanẽam amjĩm hamrẽ.

E m s egui da , el es vã o di reto pa ra o pá ti o, e junt am as pe tec as pa ra os joga dor es ,


que vão jogando para os jovens. Eles não deixam a peteca cair no chão e vão bricando
até a peteca se acabar.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
43
Amjĩ kĩn Têre mẽ Tep
Autor: E di l euz a Krahô

Mẽ hũmre mã amẽ têre jõ amjĩ kĩn ita to. Ihkrãri quê há cà pê mẽ


cuprõ nẽ mẽ ajpẽn to ihhêmpej amjĩ kĩn ita caxuw.

Os homens fazem a festa de Têre. Primeiro, a comunidade se junta no pátio e


combina tudo sobre a festa.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


44 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Quê ha mẽ ajcapô têre mẽ tep kãm. Quê ha mẽ cupê tep catêjê mẽ hõ
cahãj to pyxit nẽ mẽ cuta nẽ mẽ cupê têre quê há mẽ hõ cahãj to ajkrut nẽ
mẽ cuta.

Eles vão se dividir em dois grupos. O partido do Peixe tira uma rainha, e o
partido da Lontra tira duas rainhas.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
45
Quê ha hanẽan jũm xũmre pyxit nẽ pàrkàre nã amjĩ to nẽ ha hõ cahãj
to pyxit nẽ cuta. Quê ha hanẽan jũm pijxit nẽ xêwxêtre nã amji to nẽ hã
cahãj pyxit nẽ cuta. Quê hamẽ ajpẽn to ihhêmpej, hot akêtnã nẽ mẽ hõ
cahãj prõ partu pea. Nẽ mẽ crow jakep catêjê jirê quê há ma mẽ amẽ crow
mẽ mõ tẽ.

Nessa festa, existe um homem que vai ser o Cará. Ele tem só uma rainha.
Há também um homem que vai ser a Arraia, que possui também uma só rainha.
Pela manhã, eles combinam e tiraram todas as rainhas. Escolhem dois rapazes para
cortarem a tora.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


46 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pyt kãm quê hamẽ hũmre mẽ crow to arcukre. Nẽ ma amẽ ihcahkũm nẽ amẽ amji mã mẽ

hõ to ahcuprõ quê tere ihkur caxuw pom quê tep. Mẽ cupê tep catêjê quê ha ma cà pê ampa mã krĩ

cape kôt quê ha amẽ ihcuhhê. Nẽ mẽ krare quê ha tapi amẽ ihcuhhê cà wỳr pry kôt.

À tarde, os homens vão correr com a tora. Depois vão espalhar e arrumar as comidinhas

que as Lontra comem, como peixe. A turma do Peixe espalha também e fica mais longe do pátio,

ao redor da aldeia. Já os filhos ficam bem perto do pátio, na rua da aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
47
Mẽ cupê têre catêjê quê há mẽ cupê tep jahê nẽ mẽ ihpro nẽ mẽ cuku. Nẽ mẽ
ajpẽn jahêr to hicuw, nẽ amẽ ihcahkũm mẽ hũrkwa mã mẽ amẽ xwa nẽ mẽ kôt nẽ amẽ
apà pea.

A turma da Lontra corre atrás da turma do Peixe. Depois que eles terminam de
correr, vão para suas casas, tomar banho, jantar e descansar um pouco.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


48 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ awcapàt kãm oito horas kãm quê há têre jõ ĩncrer mẽ tep jã ĩncrer
kãm to tẽ, nẽ mẽ increr to apẽ pêa, nẽ mẽ ta hicuw. Nẽ mẽ hũmre mẽ, mé
cahãj mẽ ihcunẽa ma mẽ mõ nẽ mẽ cô jãmpro tú nẽ mõ nẽ mẽ ta cato cà
mã, nẽ mẽ hũxwy pea.

À noite, por volta das 8 horas, os cantores da Lontra e o do Peixe cantam


sem parar, até de manhã bem cedo. Depois, todos os homens e mulheres vão para a
pensão buscar, nas costas, dois meninos pintados e deixá-los no pátio.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
49
Nẽ mẽ hũmre pê hôxwa catêjê quê ha mẽ côhkrit jacjê, nẽ mẽ to
hâkrun to mõ, nẽ mẽ to hicuw.

D epoi s os homens , que s ã o os pa l haç os , vã o ve s ti r a es tei ra, c hamada de


côhkrit, brincam e dançam no círculo da aldeia. Eles terminam onde começaram a
brincadeira.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


50 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Wỳhtỳ - Festa da Pensão
Autor: Marc el o P ryj ara Krahô

Pino mẽ hĩ to tẽ chrĩ wỳr, cute mẽ amjẽ mã mẽ jũm chrare ato wyhtỳ,


nẽ amẽ hõ amjĩ nĩm to.

E l e es tá l eva ndo a va ra c om c arne pa ra a al de i a e es c ol he um meni no, que es tá


aniversariando, para fazer a pensão.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
51
Cute mẽ amjĩ irom nĩm, atar wỳr quê há mẽ mõ, nẽ mẽ jỳ. Cute mẽ
iram hĩm atar quê ha mẽ fỳ: quê ha rop catê quê ho amẽ awjahê, quê há mẽ
ampo cura nẽ mẽ pĩ ata jakêp nẽ mẽ tahnã hĩ jaxô; nẽ ma nirĩ mã mẽ to tẽ;
nẽ cà pê mẽ hãm.

Ao c hega r c om a va ra na al de i a, as pe s s oas es c ol hem o mato onde os homens


vã o c aç ar, matar al guns ani mai s e c ortar um a va ra pa ra pôr c arne nel a, que é l ev ada
para a aldeia e posta no meio do pátio.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


52 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pyjê te rama hỳ ton, quê mẽ nrãm chwỳrcupu xis caxuw, nẽ rama mẽ
hỳ hãm cuhôn.

As mulheres preparam o moquém. Põem fogo e botam o paparuto em cima.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
53
Pyjê to rama hỳ to hipêj: nẽ hãm rama mẽ hwyrcupu jikaj quê hás
quê mẽ cukrê.

Quando o paparuto estiver, pronto todos o comem.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


54 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ quê há ramã putre hanẽ quê ha mẽ pẽ japjêa nõ py kricopêhnã mẽ
to mõ catxw.

À tarde, as pessoas pegam uma vara comprida e começam a andar na aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
55
Nẽ awcapat hãm quê ha jũm mẽ cumã cre. Nẽ ĩneres to apẽ nẽ to
hicw.

À noite, os cantores cantam para as mulheres até amanhecer o dia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


56 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Cute ramã mẽ ĩncrer to apẽ, quê ha rama amẽ amjẽ mã hwỳrcupu
jakrã.

Quando o cantor parar de cantar, o paparuto será dividido para comerem.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
57
Mã ramã cute mẽ kwỳrcupu krẽr mẽ mã ra wỳhtỳ põ pĩ kwỳs mẽ tẽ
nĩ quê ha mẽ to amjã xà nẽ krĩ capehnã mẽ to htẽmto pyxit; nẽ wỳhtỳ ri mĩ
cumẽ.

As s i m que c omem o pa pa ru to, el es vol tam c om a tora, dã o um a vol ta na


aldeia e jogam a tora na pensão.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


58 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Romã mẽ cumã pytjakry quê ha rama mẽ wỳhtỳ jiww, nẽ ramã cute
mẽ wỳhtỳ jicuw quẽ ha ramã mẽ to hamrẽ.

Tarde da noite, cada partido pega uma vara e faz uma fila. O parido que está
no pátio, vem gritando como Seriema, até chegar na frente da pensão, onde termina
a música, encerrando a festa.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
59
Ahpynre
Autor: Darlene Acàkwỳjk Krahô

Mam que ha mẽ cunẽa cà pê mẽ ajpẽn to ihhem, pej. Nẽẽ ha mẽ jum


kràre to ajlhrut nẽ mẽ hirê. Cute mẽ crow jakrêp caxuw.

Primeiro a comunidade se reúne no pátio central da aldeia. Eles escolhem


duas pessoas mais velhas. Essas duas pessoas irão cortar muitas toras.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


60 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Peã que ha mẽ crow ita já krêp caxuw pa, que ha apamre nã mẽ hõ
crow wỳr mẽ ipa. Quê ha jũm pê ohpynre jacrer cate alã hacrer to lranẽ.

Quando eles acabam de cortar as toras, cada partido vai onde estão as toras.
Um homem, que sabe cantar a música dessa festa, canta assim.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
61
Pêa que ha hacrer pa krôt mã que ha amẽ hõ crow japỳ nẽ amẽ to
pjêrẽ.

Ao terminar de cantar, cada partido vai se encontrar um com o outro.


Terminando a música, cada homem pega as suas próprias toras e corre.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


62 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pêa wa krê mã mẽ ajpẽn to cato, nẽ apãmre mẽ gõ crow to mẽ ajxê,
nẽ ha wỳhtỳ krãm mẽ curẽ. Pom curi mẽ ajpẽn to ihhêmpej itar.

Q ua ndo el es c hega m à al de i a, c ada homem dá vol tas e joga a tora na c as a da


pensão, onde a comunidade se reuniu.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
63
Amjẽ krẽn ita krã curam xà krãm que ha mẽ hũmre awjahẽ nẽ lra mẽ
ampo pry itajê jipej: caràre, cũmtũm, cukrên, cukryt. Nũ wa krẽ mã mẽ to
pôj.

No término dessa festa, os homens vão caçar e matar os bichos tais como:
capivara, anta, catingueiro, cutia e trazem para aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


64 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽẽ wa apãmre nã pyjẽ ho apu hõ krwỳr cupu mẽ ho, hum kwa kot
ampo pry itajê krãm, new a mẽ homẽ.

Em cada casa, as mulheres fazem o paparuto dos bichos, põem no moquém e


enterram.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
65
Pêa nẽ que ha hõt krêt nã mẽ hũmre mẽ hõa crow wỳr mẽ ipa, nẽ
pujê que ha pry jakà kãm mẽ hikoj. Mẽ hũmre jõ crow, quê ha mẽ hũmre
jõ crow nã mẽ ikrajpa ne apãmre nã cute amẽ akĩn xà ri amẽ cumã hõ nẽ
itẽm krar nẽ wa hipêr jũm mã hõ crow pỳ, que ha apamre nã mẽ cumã hõ
crow japỳ pa nẽ ha ma krẽ mã mẽ to pôj.

De manhã, cedinho, cada homem vai para sua própria tora, e as mulheres ficam
no meio da estrada, esperando a tora dos homens. Quando as mulheres encontram os
homens com as toras, cada mulher pega a tora de um homem e corre. Ao cansar, dá a
tora para dono, que corre e pega do outro homem, e cada mulher faz isso até chegar
à aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


66 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Que ha mẽ hũmre krĩ mã mẽ ajpẽn to pôj, nẽ wa amẽ hõ krwỳr cupu
kwa nẽ ha pyjê mã hõr to ajxê, pom cute amẽ cumã hapỳn itajê. Hõ amjĩ
kr~en ita apu hanẽ.

Q ua ndo os homens c hega m à al de i a, pe ga m s eus pa pa rut os , dã o pa ra as


mulheres que pegaram suas toras. É assim que a festa de Ahpynre acontece.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
67
Pàrtere
Autor: Maga yve kr ahô

ỹhỹ mẽ humre que ha cà pê mẽ cuprã nẽ mẽ amjĩ mã mẽ pàrtere jõ


amji kĩn to.
Ne amcro nõ na que há amẽ ihkwy mã.

Os homens se reúnem no pátio, para fazerem a festa de Pàtere. Depois todos


eles vão falar com os parentes.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


68 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mẽ humre que ha ikre kôt mẽ hapôj to mẽ mã, nẽ mẽ ihkwy mãn to
mẽ mẽ que mẽ Cuma kwyr cupu tan caxuw.

Em casa, os homens falam para as mulheres fazerem paparuto para festa do


Pàrtere.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
69
Rama cute mẽ Pàrtire ijakep, moa irom kam, que kujcatijĩ mẽ
harãhcatyĩ to hohcukren caxuw.

Pàrtere está cortada na mata, esperando kỳjcatêjê. É um jogo muito importante


que harãhcatêjê e kỳjcatêjê vão disputar no dia seguinte.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


70 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Que ha mẽ Pàrter to me kri mã mẽ totĩ. Nẽ que ha ma cape que há
mẽ curĩ, ne que ha me pyjĩ to ajkeryt nẽ mẽ cumã akij que me incru caxuw
Pàtere jarkwa to.

Pàrtere está chegando à aldeia e vai ser jogada no pátio. São convidadas duas
mulheres para cantarem a cantiga da Pàrtere.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
71
ỹhỹ kyjcatijê mẽ harãhcatijĩ te nũ jũm jĩ te ajpĩn rer na, cute ajkĩm
mẽ Pàrterê mẽn ca pê, nẽ ita caxuw que ha ahpãn ikri kôt amẽ hoh kwyr
cupu to mẽ cuprõ, nẽ cà pê que ha amã cuku.
Nẽ ma wyhtỳ mẽ ma.

O jogo ficou empate entre kỳjcatyẽ e harãhcateyẽ. O povo vai pegar paparuto
nos parentes e comer junto no pátio, depois vai para a casa da pensão.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


72 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ que ha ma wyhty ri me ihcunea (me) amĩ ihka, ne me jum jĩ to
ajkrut nẽ mẽ ihkujate que ha me crow jakep pĩa que ha pyt kam me to
ahcukre ne ma càpê me cuprõ ne me hamahõ to pĩa hanre.

Eles ficam na casa da pensão, e à tarde vão correr novamente com a tora. Vão
para o pátio e o pessoal do harãhcatijê pede desculpas para kỳjcatyê e a festa do
Pàrtere acaba.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
73
Ahpynre
Autores: Al i ne B rupa hí Krahô e Í ri s kr ahô

Ahjnre ita mẽhẽ jõ amjẽ kẽn nõ mã nẽ ehtèjj amcro kwy kãm mã mẽ


to hapâj, quê mẽ Cuma ton prãm, que ha co pê cute mẽ crow to cuprõn
caxuw.

Ahpynre é uma festa tradicional que acontece de vez em quando. Quando


queremos fazer esta festa, a comunidade se reúne no pátio, para marcar o lugar onde
vão juntar as toras.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


74 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Hirô pê, quê ha mẽ humre ahpan re na amẽ amjĩ mã crow jakep, nẽ
ma cute mẽ cupron xà wyr mẽ to ipa ne mẽ to euprõ. Quê ha crow ihkrere
pit hane.

D epoi s , c ada homem va i pa ra o mato c ortar s ua s toras e c arrega r pa ra o l uga r


onde foi marcado. As toras são ocadas.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
75
Pea quêha pyjê ma pur mã mẽ mõ ne amẽ kwỳr jarê ne ame ehcupu
mẽ ihkra mẽ ihkjêj ê mẽ itam xwỳ par caxuw, pom quê ha amẽ crow to
ahcukre atajê.

As mulheres vão para roça arrancar mandioca, para fazerem o paparuto para
irmãos, filhos e parentes que vão correr com as toras.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


76 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pean hot két nã quê ha mẽ hũmre mẽ pyjê crow to mẽ hõ cukren
caxuw amẽ ajhâ. Jirõa pê quê há mã crow rẽ mẽ cupro nẽ mẽ crow cunea
to mẽ ajpen rej, ame to hõ curen caxuw.

D e manhã b em c edo, os homens e as mul heres vã o s e pi ntar pa ra c orrerem


com as toras. Depois que todo mundo chega ao local, vai colocando as toras em filas
para correr.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
77
Pea quê ha increr crow jacrer kam to tẽ nẽ to ihkrã cura, quê ha,
ahpan re na mẽ hã crow, japẽj nẽ mõ krẽ ma mẽ to ihcuhkwyr, mẽ py xit
kãm. Pean krẽ wỳr que ho pyjê crow nõ mẽ hũm re krã cajpo,quê mẽ ehpec
cupa te. Nẽ krẽ kaãm quê ha juma mẽ to ipixêr to nẽ mẽ to ihkrõ cura.

O cantor começa a cantar. Quando ele termina de cantar, aqueles que estão na
frente vão pegando suas toras e carregando para aldeia, um de cada vez até terminar
a fila. No caminho da aldeia, as mulheres vão ajudando os homens a carregarem as
toras para não cansarem. Ao chegarem à aldeia, dão algumas voltas com a tora.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


78 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mẽ hã cukrẽn jurôa pê, que ha mẽ hõ cukren catêjê amẽ, ajcrà nẽ
amẽ kwyr cupu japỳ ne amẽ ihkrejj ne amẽ hũr kjẽ mã mẽ cuhõ, pom cute
crow japyn na amẽ ihlrã cajpar atajê. Hõ ahpynre jõ amjĩ kĩn jicu xò te
hojỳr.

No final da corrida, os corredores se espalham, pegam seus paparutos, cortam


em pe da ç os e s aem di s tri bui ndo pa ra as mul heres que ajuda ram c arrega r s ua s toras e
ajudaram na aldeia. Assim termina a festa Ahpynre.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
79
Catàmti
Autor: J oani nha Krahô

Ỹhỹ
ihkrãrê quê ha mẽ ihcunẽa mẽ cuprõ nẽamẽ amjĩ jakrepej. Nẽ
mẽ amjĩ mã mẽ ihcakrôc cà pê nẽ amẽ ihcahkũm nẽ amẽ amjĩ mã ampo to.
Cà ita kãm ampo cunẽa caxuw eute mẽ ajpẽn ta mẽ ihkêm pej xà.

Nos campos, os Catàmjê se reúnem para fazerem a festa do Catambi e todo


mundo vai ajudar no pátio para realizar a festinha. Os Wacmẽjê só acompanham na
reunião dos Catàmjê, no trabalho e na festa. Visto que só os Catàmjê mandam nas
coisas no Verão, porque isso é lei dos índios.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


80 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Quê ha mẽ ihcunẽa mã mẽ hũrkwa mã amẽ pra nẽ amẽ ajhôc, quê há
rama pyjê amẽ aràmhôc ru.
Nẽ amẽ to hapôj mẽhkwỳ caxuw, mẽ impjê nẽ ampo itajê jirôpê quê
ho ra mã catàmjê nõ mõ nẽ caqtàmtjê jakêp nẽ to ĩmpej hiah puros nẽ ma
krĩ mã mõ, nẽ cato. Quê ha jũm xà nẽ apu wỳhtỳ kãm crê nẽ mẽ cumã akij,
quê ha mẽ cuprõ nẽ mẽ ahcukre caxuw.

Todo mundo va i pa ra as c as as de l es , pa ra s e pi ntar, e as mul heres vã o pa ra


o mato buscar o pau de leite, para pintarem o marido e os filhos. Após tudo isso,
alguém do partido do Verão vai ao mato, para cortar a tora e prepará-la.
Ao terminar de cortar a tora, ele volta para aldeia. Pele manhã, por volta das 9
horas, um índio mais velhos da aldeia vai chamar os homens para que eles correm.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
81
Pea que ha ra mã mentyrxwyjê ra mã amẽ ihcucra puhto.
Catamjê mã mẽ ihhoc cajkarti, pean wacmejê mã mẽ ihkapê. Que ne
ihtyj amẽ ipihoc nare. Me ajpen jakrepej caxew.

As mulheres que, são mães, pintam os filhos e o marido com pau de leite,
urucum ou jenipapo. Todos se pintarm e bem preparados à espera da corrida. Depois,
o partido do Verão, que é Catàmjê, vai à frente onde está a tora. O partido do Inverno
que é Wacmẽjê vai se juntar e se pintar também.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


82 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea quê ha mêhkôt wacmẽjê mẽ cato, quê ha mẽihcunẽa mã catàmti
wỳr mẽ mõ, ne curi mẽ cato quê ha, hacrer kãm to te nẽ hacrr par xari quê
ha, ajpẽn kãm me to te.

Todo mundo vai para a tora, e os outros partidos que já foram na frente, vão
ficar esperando onde a tora foi cortada.
Quando termina a cantiga, todo mundo fica perto da tora de Catàmjê onde
começa a corrida de tora.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
83
Nẽ jũ jẽ mam ajpẽn to cupỳ, haxàri mã mẽ jũm ihtỳj to ajpẽn jakre,
ita mã mam mẽ to te. Quê jũm peacre ita mẽihkwỳ. Kôt mẽ to mõ, quê ha
krĩ capê nã mẽ to ipixêr putit nẽ mẽ cumẽ wuhtỳ nõ kãm nẽ mã cà mã mẽ
mõ, quê ha hanẽan hapuhnã mẽ to mõ itajê hanẽan mẽ to ajxe pytit nẽ mẽ
cumẽ nẽ mã cà mã mẽ mõ pea nẽ mẽ catàmti to hamrẽ,

E l es c ol oc am a tora no ombr o de al gué m e vã o c orrendo até c hega r c om a tora


na aldeia. Correm ao redor da aldeia com a tora, que é bem grande, pesada e termina
a corrida.
Aque l e que c hega r pr i mei ro c om a tora é o ve nc edor , o pa rti do do Catàmjê que
e Verão ou o partido do Wacmẽjê que é Inverno e termina a festinha.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


84 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ pyt, quê ha hipêr mẽ cuprõ nẽ mẽ amjĩ mã, wacmejê catyê mẽ
catàmjê mã mẽ harkwa.
Mã hikra ampo cunẽa, nẽ nẽ hiper ampo nã mẽ ilho nare.
Pea quê ra mã wacmẽjê pit apu ampo nã mẽ ihhêmpej.

Depois vão se juntam novamente para repassarem os trabalhos que foram


realizados no tempo da chuva. Ao chegar inverno, o partido do Wacmẽjê manda nas
coisas, e o Catàmjê para os trabalho e as festas. Agora só o partido do Inverno faz as
coisas que eles querem.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
85
Catyti Jõ Amjĩkĩn
Autor: L eonardo K rahô

Cahtyti ita mã ihat am, quê ha xônti mẽ ĩntuwajê itojê cuncã pro
portu. Quê ha patre ahpán nẽ mẽ ihkrã par tu quê ha ahpãn mẽ hujỹr ton
portu, quê ha ra mẽ cupê pẽp cahàc re.

No início da festa de Cahtyti, um velho mais experiente, que sabe fazer a festa,
batiza o jovem para festa de Cahtyti. O gesto de batizar é feito assim, passa a mão na
cabeça do jovem, mais ou menos cinco vezes. Este Pẽp Cahàcre está preparado para
festa da esteira.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


86 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê quê ha mẽ ĩntuw itajê, pom cute mẽ ihpro itajê cunẽa hrĩ ca peh
nã mẽ ipa, amcro nẽa kãm pyt kãm. Quê ha jũm cahãj hõh to nẽ jũm ita mã
cu hõ pêan ita caxuw quê há cumã pit cuhõ quê nẽẽ ihtỳ jũm mã hipêr hõr
nare. Xãm quê amjĩ kĩn hamrẽ quê ha hõ cahty ita py. Amjĩ mã.

Os jovens ficam na fila para pegarem a comida, andando no circulo na aldeia.


Uma mulher leva a comida para um jovem, porque no final desta festa, ela vai ganhar
a esteira dele, que é Cahty. Por isso, ninguém pode dar comida, para qualquer jovem,
só pode dar para quem é escolhido.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
87
Pom mẽ ipijakrut itajê mã mẽ cupê cahtyhti jõ cahõj, cormã mẽ cuprỳ
nẽ cormã mẽ ihaihkrit. Cahtyhti jõ cahãj ita caxuw, nẽ ihtỳj mẽ ihkênre to
mã amẽ nare. Mẽ ĩmpeaj to mã amẽ cahtyhti ita jõ cahãj.

A c omuni da de s empr e es c ol he dua s meni nas l i nda s e vi rge ns , pa ra s erem as


rainhas da festa da esteira.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


88 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Itar mã ra mẽ ipixêr nẽ ra amẽ hõ ku hõri cate mã xa nẽ amẽ cumã
quê, nẽ amẽ hapactu nare, mẽ hõ cahãj hanẽa nẽ ihtỳj mẽ apà. Quê há mẽ
hõ pan pa nẽ ma amẽ hũrkwa wỳr pra, ihtỳj, mẽ, hõri cate ita mẽ hõmpum
to ipa, quê jũm hapac tu quê há canprêprêc.
Xám amjĩ ita nã nẽ mẽ hopoc tu xà.

Aqui estão os Pẽp Cahàcre, que deram a volta na aldeia e estão comendo
sua comida. O Mestre deles está dividindo a comida, e a rainha fica, ao lado do Pẽp
Cahàcre, comendo também. Depois de jantarem, eles vão para suas casas .
Se no outro dia, o Pẽp Cahácre sentir-se mal ou doente, não vai acompanhar
o grupo dele. Esta casa é o lugar de ficar a jovem da esteira. Toda tarde, na hora de
pegar comida, o mestre delas está sempre de olho nelas, se alguém fizer alguma coisa
de mal, ele vai dar uma chicotada nele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
89
Peã quê ha amjĩ kĩn jicu xà kãm ahtwỳ quê há m~e ĩntur xwỳjê mẽ
krit xwỳ amẽ ih pôc pean cá mã mẽ hõ cahãj mẽ hõu cate, mẽ ihkrãri cate
itajê tu nẽ cà mã mẽ to mõ, nẽ cà pê mẽ to hamrẽ. Peã hamrẽ.

No final desta festa, a mãe ou parente da jovem, enfeita-a com penas de pássaro,
para despedida da festa que vai se acabar.
Todas as mães pintam seus filhos, e os parentes também ajudam nas pinturas.

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90 Arte e C ultura do P ovo K rahô
II- Parte: Mam mẽ ihtũm jũjãrẽn xà nẽ ihtỳj hipẽr ampo
jarẽn xà – Mitos e Narrativas Krahô

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
91
Tokàhnã Cwẽmcwẽ
Autor: D ani el R êj Krahô

Pê mam mẽhtũm krhti catra kãm amẽ ipa.


Pê mam mẽhkàhnã wẽwẽn ita ma kẽn kre kãm apu ipa Ra cute mẽhwỳ
jipej.

Antigamente os índios moravam na Aldeia Grande e eram muito felizes.


Uma mulher perigosa que também morava na Montanha Grande, fica a
escondida no buraco grande. Ela matava mais de mil bebezinhos das mães.

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92 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Quê há krê mã cato, nẽ IPI xuar to apu mã quê ha awcapàt que ha
ahkrajre mã apu ajkãm ha PAC to mõ que ha júri jũm amra que ma Ra kãm
PA nẽ mã wỳr tẽ, nẽ inxi mã. Wa tyj Amã, impỳm krãm?
- Wa ha Amã ihcumrà atyj nõ nẽ kot.

Quando ela chegava à aldeia, ficava escondida em qualquer lugar. À noitinha,


ela observava os bebezinhos chorando, pedia para a criança para mulher e fala assim:
eu posso pegar um pouco para você?
- Eu dou banho nele, você pode descansar e deitar um pouco.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
93
Ita caxuw wa ha Amã hamã. Quê nem Cuma jũm mam e, ne ha hot
pyrém tu. Que ha tohkahnã wẽwẽ apu cumã inkrẽr to mõ nẽ mã to te nẽ
ihcura.

- Agora vou cuidar dele para você, e a mãe nem descofiava da mulher.
A mã e do be be z i nho l ogo i a dor mi r; a mul her ve l ha í a c antar pa ra o be be z i nho,
ía cantando, cantando e ía embora para casa dela.

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94 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê jũm cahãj ita mã ihkrã pym pê ha kry pit ti, mã pê ihkra mẽs to
inkrê mẽ to ajpẽn mã pẽ jũm cahãj ita hakry piti xam nẽ jũhacaxuw cumã
ihkraỳ nare.

Certo dia, uma mulher ganhou um bebezinho e ficou muita feliz, porque ela
tinha ganhado um filhinho. Quando ele completou três meses, a mãe estava muito
feliz.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
95
Awcapàt mã jũm krare ita apu amrã.
- Ampo que cukrẽ nẽ gõr?
Mã ma Ra tohkahncẽ wẽwẽn Ra kãm pa. NE ma ihprn mõ nẽ ikrẽ mã
‘hàr. Ma Ra jum krajre ita apu peahô. Ne tohkàhnã wẽwẽ tahnã cuwỳ - ima
ahõ pê cumã cuhõ.

Mas à noite, o bebezinho estava chorando.


A mulher velha estava ouvindo o bebezinho, fui devagarzinho, entrou na casa,
e o bebezinho estava mamando. A mulher velha pediu a mãe.
– Dá pra mim, por favor, e a mãe deu o bebezinho para mulher velha.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


96 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê jũm wejre ita cato ne ma horkwa mã tẽ nẽ cator nẽ PEC. Pê pje
kãm jum krare ita xi, nẽ caxuw kẽm jacot pej re ita pyr nẽ ihkrã kãm to
cahhyr ne ihcuram nẽ hĩ krẽ tu. Nẽ xô ihhi pit caca.

Ela saiu de casa, correndo para casa dela. Chegou cansada, colocou o bebezinho
no c hã o, a mul her ve l ha pe gou um a pe dr a redondi nha, ba teu na c abe ç a do be b ez i nho,
comeu o corpo todo e deixou só os ossos.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
97
Pê jũm ita mã apu hujahẽr to mã. Nẽ jũm cahãj ita jõm pu ihtyj hot
nẽ nõ pê haprỳ pẽ tohkahnã wẽwẽ. pê ahkrajre krãhhi wy jom pu.
Nẽ mã krĩ mã tẽ nẽ mẽ cumã awjarẽ.

Alguns anos depois, um homem foi caçar no mato, viu a mulher velha dormindo
e muitos ossos de bebezinho perto dela. O homem voltou correndo para a aldeia e
contou para a comunidade.

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98 Arte e C ultura do P ovo K rahô
E a mẽhtẽm pyrem tu ne mẽ cator mã ihtyj jũm wejre ita nõ nẽ gõr
nẽ cute mẽhawram nẽ cuhy kãm mẽ mẽm.

A comunidade foi logo, a mulher velha estava dormindo, mataram mulher


velha e jogaram no fogo.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
99
Cukôj Mẽ Caprãn
Autor: Marc el o Xooc o Krahô

Amcro nã pê cukôj capãn japrô quê cupê hõxô nõ krẽr caxuw. Cukôj
japacture pê ihtêm mã api nẽ cute capãn mãn quê pjê kãm xa.
Pea mã cukõj kỳj pê intep pit ku nẽ caprãn mã iràràr pit rẽ. Mã caprãn
c um ã :

Certo dia, o Macaco convidou o Jabuti para comer sua fruta preferida. O
Macaco esperto subi e falou para o Jabuti ficar embaixo.
L á em c i ma, o Mac ac o c omi a as mai s madur as e joga va as ve rde s pa ra o
Jabuti.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


100 Arte e C ultura do P ovo K rahô
- Hõpẽn, ca imã incot pit rẽ nẽ kỳj pê intep pit ku. Cukõj cumã:
- Nare, pom wa Amã curẽ ita mã ĩntep, nẽ wa cuku ita mã incot. Nẽ
cukôj te amjĩ kãm hapac nẽ cumã:
- Wa mẽr ato api cu itar ajwar intep kur caxuw.

- O jabut i rec l amou:


- Compadre, você está jogando só as verdes para mim e comendo as maduras.
- O Macaco falou:
- N ã o, es tas que eu es tou joga ndo pa ra voc ê es tã o madur as e as que eu es tou
comendo estão verdes. O Macaco pensou e disse:
- Então eu vou colocar você aqui comigo, para nós comermos juntos as
maduras.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
101
Pea mã cukôj te caprãn pỳn nẽ to hopir nẽ pĩ jitó kãm hir. Mẽ apu
incwijr pê ihkur to ih kwiỳar kãm mã tẽ. Mam caprãn teen õ nẽ apu cumã
ajkãm pa nẽ:
- Mẽr hõpẽn? Hõpĩn, hõpĩn te kãm imã ihhêj nẽ ma tẽ.

-Aí o Macaco pegou o Jabuti, colocou em cima, no meio da árvore. O Macaco


ficou comendo em cima, sem avisar a ele, foi embora. O Jabuti ficou assustado e
falou:
- Cadê o compadre Macaco? Compadre! Compadre! Então o compadre Macaco
mentiu para mim e foi embora.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


102 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã caprãn nõ nẽ tee apu iwrỳc to capi, apu juh nã nẽ hot pê cute amji
caxàr nẽ ma tẽ nẽ pjê kãm ihpỳm, nẽ ma mõ nẽ kẽn kre ita kãm nõ.

O Jabuti ficou tentando escapar dali, foi se mexendo até que escapoliu e caiu
no chão, foi a uma caverna e lá ficou.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
103
Ma ampa mã cukôj te amji japac kre nẽ:
- An mãjte ite caprãn to ijopir nẽ ite cúria to ijapackêt, wa ha ma tẽ
nẽ to wrỳ. Ma curi cukôj tẽ, mã caprãn ma ra iwrỳc nẽ mõ, mã cukôj te
happen nẽ ma tẽ nẽ kẽn re ita nã hopir nẽ xa nẽ ihcukỳ:
- Hõpĩn! Mã pea pêcxo caprãn kyre pê cumã harkwa hapôj, kẽn kre
pĩn. Pê cukôj tee apu ihcukỳ nẽ apu amji mã:

O Mac ac o l á l onge l embr ou e di s s e:


- Eta! eu subi o Jabuti e esqueci, vou lá descer ele. O Macaco foi lá, mas o
Jabuti já fora embora. o Macaco foi a uma montanha, onde estava o Jabuti e ficou
c hamando:
- Compadre Jabuti! O Jabuti respondeu baixinho lá do fundo. O Macaco de
tanto perguntar falou para si mesmo:

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


104 Arte e C ultura do P ovo K rahô
- Pê mãrhã hopĩn mãhõ apu imã harkwa hapôj? Quêt ijapy morhã
apu imã ihhêj? Wa ha hipêr ihcukỳ. Mẽ cute hipêr ihcukỳ, pea mã hipêr
tahmã cumã har kwa hapô. Mã cukôj:
- Ijapy mã apu imã ihhês, nẽ cute pĩ hẽ kwĩn nẽ hapy nã ipyr nẽ apu
hapya nẽ apu to amjĩ xê. nẽ cute to hicu.

- Será que é o compadre que está me respondendo ou é o meu rabo?


-Vou perguntar de novo.
- Ele perguntou de novo, e ele respondeu do mesmo jeito.
- O Macaco falou:
- É o meu rabo que está me respondendo, quebrou uma vara, pegou no rabo e
ficou batendo, chorando e parou.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
105
- Hãmr~e, ita enxuwca ha japackre nẽ hipêr apu imã ahêj nare. Nẽ
cute hipêr ihcukỳ: Pêan ita caxuw cute ihkrãhhi tiaj kãm cumã harkwa
cator. Mã cukôj:
- pỳ cãmte, hõpĩn ma apu imã harkwa hapôj. Nẽ ma ihwỳr tẽ nẽ
cumã.

- Pronto! É assim que você aprende a não mentir. E perguntou de novo. E


agora ele respondeu em voz alta.
- O Macaco falou:
- Ah! era o compadre mesmo que estava respondendo.
- E ele foi lá e perguntou:

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


106 Arte e C ultura do P ovo K rahô
- Jõri mã ca apu mã? Itar wa nõ.
- Ihkêanre te hajỹr, wa ite ato ajopir nẽ ite ato ijapac kêt, pea mã hot
pê awrỳc pea wa há ma ra tẽ.

- Onde você estava?


- O J abut i res ponde u:
- Eu estava aqui.
- Foi mal eu esquecer você lá no alto, mas você desceu, agora eu vou embora.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
107
Hecahô - Um Homem Guerreiro Sem Medo
Autor: Marc el o Krahô

Ma ra mẽ hẽyahẽr to mẽ mõ wỳr quê ha mẽ ampo cura.

Ele está indo caçar no mato, para matar alguns animais.

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108 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pêan cute mẽ ropti na mẽ cator nẽ ra nẽ kâm catõtõc to mẽ mõ.

Mas o povo viu a onça pintada e está atirando nela.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
109
Ra mã jum xũmre, jujohêr pyti te ropti nã cator nẽ rama cumẽ ajpy.

O homem guerreiro encontrou a onça pintada.

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110 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Peam Ra mã amẽ Rop caprêcti ji kryj nẽ jĩ kryt que ha mõ mentuwajê
mã mẽ hakrã caxuw.

Matou e cortou a carne dela para dar a rapaziada.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
111
Pean rama amẽ ropcoprecti jĩ jakrã.

Ele está dividindo a carne da onça pintada.

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112 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pean ra cute mẽ ropti coprêcti jĩ jakrã po nẽ mã ra krĩ mã mẽ ipa.

Acabou de dividir a carne da onça e foi para aldeia.


No outro dia, eles foram caçar noutra mata.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
113
Cute mẽ cukrỳt nupum mẽ cô kãm mẽ hahẽr mã mẽ huhhỳr nẽ amẽ
inxẽxẽc.

Viram uma anta, derrubaram na água e deram uma flechada nela.

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114 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Peam cute mẽ cukrỳt curan cô kãm nẽ que ha ramã camẽ kỳj pe mẽ
cuxi mõ mẽ to ihkà capo.

Mataram a anta na água, puseram em cima para tirar o couro.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
115
Peam ram ã amẽ amjĩ mã mẽ cukrỳt jĩ jakrã.

Eles dividiram a carne para as pessoas.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


116 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê amcro nõ ata nã hêcaho ahte apu hujahêr to apu mõ nẽ cute wakõ
pupum nõ cupê ahkêt kam ipĩn xur.

Mas um dia, o homem guerreiro foi caçar sozinho, viu o Quati e se escondeu
no mato.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
117
Ne cute wakore curan nẽ imã hapỳ mã krĩ mã to mõ.

Ele matou o Quati e estava voltando para a aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


118 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê wakõre apu hecahô catac pea pê ma krĩ ma incwỳr to mã nẽ cute
pry kôt pyjê cojpar pea pê pyjê amẽ cuma: ampo nõ mã ca acwỳr to mo?
Wa ne icwỳr to imã nare, wa kãm icrer to mã.

O Quati mordeu o guerreiro, que chorava. De volta para aldeia encontrou a


mulherada.
- A mulherada falou para ele:
- Por que você está chorando?
- Ele responde: eu não estou chorando, estou cantando.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
119
Pea pê hecahô pyjê mã wakõre hã nẽ ma krĩ mã mõ.

Então o homem deu o quati para a mulherada da aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


120 Arte e C ultura do P ovo K rahô
A Onça e o Menino
Autor: F ranc i s c o H uj nõ kr ahõ

Yhỳ pê jũm ita huprê to mõ, ne cumã ihihêjme pantoreh kãm cute
cumã hikram.
Mã pê cúria ihkrĩ to, cute amcro to to incre, pea pe ra, pram ne cumã
krô. Ropti kẽnkri capehna hapôj to ma.
Pe pũm ita roti cumãmã hara mẽm mã ihcukỳ, juma mã mẽ ano ita te,
no GO pir. Pea nã cumã amjaré, iwaey te mã imã ihhỳ, ne itar imã hikraj,
nẽ mã te.
O G enro e o Cunha do pa s s eava m pe l a mata e, de repe nte, enc ontraram o
filhote de arara no buraco da serra. O Genro deixou o menino junto com o filhote da
arara e foi embora. Lá ele ficou três dias sentado com fome e cede. Lá tava cheia de
fezes de arara.
A onç a es tava pa s s eando pe l a mata, pa s s ou de ba i xo da s erra, o meni no c us pi u
na frente dela. Ela olhou para cima viu o menino lá dentro, junto com o filhote de
arara.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
121
Ropti mã pit cuhỹ, MAM ne pajquetjẽ mã cuhỹ hanrãre. PE ajco amẽ
hẽ tàn kur to mẽ ipa. Ma jum ita krĩ mã te cator.

A O nç a l evou o meni no pa ra c as a, l á es tava a mul her da onç a mac ho dor mi ndo


perto do fogo, porque só Onças tinham fogo. Os índios não tinham fogo, só comiam
carne crua.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


122 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã ropti hurkwa mã to cator ne ihprõ mã harẽnjapare mã ipitor woite
tahna icator ne ma ne to mõ.
Ropti te Cuma ihprõ jarẽm ne hapãm te, ne hiper apu awjahê. Ihprõ
apu hakàjpê cumã apu ihkukẽn mã apu amrã. Mã hapãnẽ ropti te anjaxàr
ne cumã chhic me kru nõ ton, ne cumã hor. Mã cute ropti prõ juhkra kãn
inxĩh ne ma hõ krĩ mã tẽ.

Quando Onça macho chegou com o menino, ele ficou assustado com medo da
mulher. Ela ficou fazendo careta e o menino chorava de medo. O Marido da Onça fez
um arco e flecha. O menino flechou a mulher dele.
O Marido da Onça deixou mais uma vez o menino, a mulher e foi caçar. A
Onça fez mais uma careta. O menino flechou a fêmea da Onça Macho na mão.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
123
Mã itar mã ropti mã cuhỳ, wa mẽ Amã harẽ camẽ ajpem to mõ nẽ mẽ
cupê apy.

O Meni no c orreu e c ontou pa ra o povo da al de i a, que a O nç a Mac ho e a mul her


tinha fogo e comiam carne assada.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


124 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã ma mi hyrnã nẽ ajp~em to mõ, ne tahná hotẽp mã amẽ cumã
mũhe hurkwa he.
Pea mã ma ropti apu awjahê mã ate hĩxi ikre kãm jỹ.

O povo foi em busca do fogo da Onça Macho e da Mulher, porque a Onça


Macho estava caçando na mata e deixou a mulher sozinha em casa. O povo chegou e
pegou fogo.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
125
Mã cute cupê cuhỳ pyr ne ma mẽ to pjê mẽn krih wye. Mã ropti me
cumã mẽ imã halrat nõ pyhtê.
Mã nẽ amẽ ĩmpar nare ne ma mẽ to tẽ.

A O nç a c orreu atrá s do povo pa ra pe ga r, pe l o menos , um a br as a pa ra ac end er


o fogo, mas o povo não deixou nenhuma brasa para Onça Macho.
O povo c orreu até a al de i a e, a pa rti r da í , ou s eja, da l ut a do í ndi o c om a O nç a,
conseguem roubar o fogo. Pois antes, os índios não tinham fogo, comiam tudo cru
ou seco ao sol.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


126 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mẽ to tẽ, ne krĩ mã mẽ to cator ne cute mẽ amjĩ mã mẽ hakrã. Man
pe ajco ame hĩ tan kur to amẽ ipa.

Pegaram o fogo correram com ele para a aldeia. Chegaram com fogo a aldeia
e depois distribuíram para cada pessoa.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
127
História de Hôhpore
Autor: J oani nha Krahô

Pê ajco mehĩ ihtỳj amẽ ipa, nẽ ajco mẽ awja, He, nẽ mẽ tep rẽ. Nẽ mẽ
ihcunẽa amẽ ipa, nẽ krĩ kãm amẽ ipa itajê, mã ajpẽn jahkre quèatre.

Os povos Mẽhĩ viviam felizes em sua aldeia, pescavam, caçavam todos juntos.
Aldeia era muito grande, e as pessoas não se conheciam.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


128 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê mẽhumre ma mẽ hujarêr to amẽ ipa.
Pê ra ajco mẽ hahkrepej, nẽ ma ajco pra nẽ pĩhnã kajpẽ pari nẽ
hõkrepôj.

Q ua ndo todos os homens i am pa ra o mato c aç ar, a mul her s aí a també m pa ra o


mato, subia numa árvore grande cheia de galho e ficava cantando em voz alta para
encantar os homens.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
129
Mẽhũmre cunẽa nẽa ma mẽ ipa,mẽ hujarêr to. Mã ra hôhpore mã mẽ
hahkrepej hanẽ, nẽ ra mam ajco ajhôc nẽ amjĩ mã impej nẽ ihcrẽ. Krĩm
kãm itajê jirôa pê.

Ela se pintava, ficava mais bonita do que as mulheres indígenas da aldeia. Os


cabelos eram logos. Ela era bem branca, os olhos eram da cor do céu.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


130 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê ajco hôhpore irati catia kãm pihnã hari nẽ ajco hõkrepõj. Mĩhũmre
ajco ihtỳj mẽ pra. Mã kajpê pĩhmã harĩ, nẽ mihumrẽ mã akỳ.

Ela mesma convidava para relação sexual. O homem perdia o controle e subia
na árvore. Ela deitava num galho torto lá em cima e ficava chamando o homem.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
131
Mã mẽntuw ma krĩh kãm mẽ quetre kwỳr mẽ tẽ, nẽ cute mẽhtur nẽ
mẽ to tĩ. Mã cute mẽ cumã harẽn to.
Mê ikwỳ ampo te mã rỳ mẽ akrare, awawyre, ajapare akraatuw to,
ajpẽn ,maj nare. Hôhpore, te mã ra mẽ kwỳh to hamre.

Depois um homem resolveu matá-la. Quem será que já matou muitas pessoas?
Mas essa coisa não vai me matar. Eu vou matar essa coisa. Fez arco e flechas bem
feito. Quando todos os homens foram para o mato, estavam todos juntos para caçar;
ele foi sozinho para caçar. Quando ouviu a voz dela, foi até lá, viu uma mulher tão
linda e falou:
- Desça daí, nós podemos conversar.
- E l a res pondi a:

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


132 Arte e C ultura do P ovo K rahô
N~e ajco mẽ hũmre mã kA. mẽhũmre jũhkãm ca amẽ prà, mã cukrytti
itan há mõ hê.

- E gritava para homens.


- Onde estão vocês homens! O veado passou por aqui perto.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
133
Pê mam jũm xũmre ita amji mã ampo te mar hã ra mã mẽ hkwy
curam. Peã nẽ pa quê há, nẽ ampo ita icuram nare. Wa há ihcura nẽ mẽ
ikwỳ kajnã.
Apu mõ mã mẽ kwỳ mẽ hõquêat nẽ amẽ awjahê. Pê ajco mẽ hakrepej
nare cutêjê ihtỳj ihxôt api pê ajco mẽ ihcãm nã p~e pra nẽ mẽ ajxwỳ, nẽ
mẽ input kẽhkẽ nẽ mẽ ty.

- Vem! Eu vou deitar assim:


- O homem i a até l á , el a c hut ava c om pé s , o homem c aí a no c hã o, que br ava o
pescoço e morria. Todo dia ela enganava um homem, matava, mas ela era desconhecida
e já havia matado muitos homens.
Quando os homens chegavam da caçada, sempre faltava alguém. Essa mulher
era muito perigosa.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


134 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã jũm ita ma ihkwỳr tẽ, mã ra mã kajpê a Jet, pĩh nã ne impoj to
impej mã cumãjũh nã mã ampo ita tẽ. hôhpore cumã-ca hapuhnã nã t~e mã
ma ra tẽ. Pea ajco hajpe ari ne apu hanẽ. Pe ry mã ajco me hakrequêt kãm
mehkot api pe ajco me to hahyj pit meh incuram pitti.

Mas um dos homens ouviu essa voz, chegou até lá. Ela ficava em cima da
árvore. O homem perguntava para ela: onde passou o veado!
- E l a res pondi a:
- O veado passou rápido, você chegou atrasado. O homem olhava para ela e se
apaixonava por ela, sem saber se ela era alguém da aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
135
Mã ju n xunr e i ta c um a:
Kry cu pjê kãm ajpên ma pa cakoc hohpore nare. Ca, ca ajpẽn api cu
kyj pe ajpẽn ma pa cakôc.

- O homem falava:
- Desça daí! Vamos conversar.
- A mulher assassina falava... Ah! Eu não posso descer, você e que sobe. Nós
podemos conversar aqui.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


136 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Krỳ hanẽ kot wa acura, nare, ca. Ca ajpen api wa nẽ ikryc nare.
Nare ca ajpẽn krỳ.

- Não! Eu não posso descer. Vem! Sobe.


- Ele disse: eu não posso subir também.
- Desce logo se não eu te mato.
- E l a di s s e:
- Por favor, não me mate.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
137
Kỳ mã kry. Há akruc nare wa acura mã ma ikryc ca ca. Mã cute hôh
poht i to i nxê c mã mã hapoc mã c ator ne c ut e Cum a pj ê xe c ne i htyc tu ma
hun ita mehkwy ma ka mã kyt nẽ mih kwỳh tee cupron.

- Ela ficou teimando. O homem afinal atirou a flecha bem no peito, ela caiu
morta. O homem ficou gritando, logo os outros ajudaram e todo mundo viu a mulher
assassina.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


138 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea mẽ junita apu amji ma. Ampo te mã rama mẽ kwỳ hipej ti to
hahỳj, pean pa que ha nẽ ampo ita icuran nare.
Pea cute pohti cuprãn ne ma me kwỳ me catia mẽ mo mã ajte mẽ
kwỳh cajna apu Cuma ajkãn hapac to mo ihcuran caxuw.

Os rapazes foram buscar um velhinho na aldeia para que ele cantasse quem
era. O velhinho cantou que era a mulher assassina que matava os homens, depois
voltaram para aldeia e termina a história.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
139
Hitôhkrere
Autor: Iri s Ihkôkà kr ahô

Pê mam mẽ ihtũm ajco krĩ catea kãm amẽ ipa. Nẽ ajco mẽ amjĩ
kĩn to, nẽ mẽ awjahê, nẽ mẽ ahcukre nẽ mẽ crê, nẽ mẽ tep mã cupẽ, nẽ
ajco pur kãm mẽ apê. Pê pyjê ajco pê xô to mẽ ihjên, Crow mẽ capêr, mẽ
cũmxê, itajê to. Nẽ mẽ cumã amjĩ kĩn crinare hanẽ.

Os povos indígenas viviam numa aldeia muito grande. Faziam a festa,


cantavam no pátio, trabalhavam na roça, caçavam, pescavam e colhiam os frutos do
mato: como bacaba, buriti, bacuri. Eles viviam felizes na aldeia.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


140 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea pê jũm ita apu hĩxi mã: - hacu ma pur mã mẽ mõ, ẽ amjĩ mã mẽ
pajõ to. Nẽ cúria wa há co cahhõ nẽ tep nõ pro, ca kãm ihcupu cumẽ ihkwỳ
krẽ, nẽ cuha hapỹ nẽ mẽ mã hanẽ.

Mas um homem falou para esposa e seus meninos:


- V amos pa ra a roç a, bus c ar os nos s os al i mentos ; l á eu vou pe s c ar, pe ga r pe i xe ,
fazemos o paparuto e voltamos à tarde.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
141
Nẽ mõ nẽ pur mã mẽ cator. Mã hũmre ita ma tep wỳr mõ, mã cahãj
ita hahkàhnã apu kwỳr jarê, cute tep kãm ihcupu caxuw. Pea mã mõ nẽ
cute ahkrô pre nẽ ma to mõ nẽ côhpare nã to cator, nẽ cute cô kãm ihcahhyr
par. Nẽ tep pipãn jipaj xàhnã cute ampo hô pre nẽ to ihcahty nẽ kãm nõ,
nẽ mã hõt.

Quando chegaram à roça, o homem saiu para tirar o cipó, para envenenar
a água e pegar peixe. A esposa ficou arrancando mandioca e preparando a massa
para o paparuto. O homem chegou à beira do córrego, tirou o cipó, bateu na água,
e, enquanto, os peixes se embebedavam, ele tirou palha, forrou o chão, deitou e
dormiu.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


142 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã Poti catea ita te hõmpun nẽ kàkàj kre pĩn cator nẽ cute oỳpẽn p~e
hakep nẽ cute amjĩ jikre nã mẽ hõmpun nẽ mẽ inxi mã: - Inxũ te ampo ita
curan nẽ ajpên to mõ hanẽ.

O s apo gi ga ntes c o vi u o homem, dor mi ndo, s ai u da toc a e c ortou o homem be m


no meio. Pegou a perna, jogou no ombro e seguiu o caminho para a roça. Quando o
s apo vi nha, os meni nos vi ram e di s s eram pa ra a mã e:
- O papai matou uma coisa enorme e vem trazendo para cà.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
143
Pea mã inxi te mẽ impar nẽ ikre pĩn cator nẽ xà nẽ hãmpu, nẽ cute
hõmpun pej nẽ amẽ ihkra mã: - Nẽ apãn nare, ampo kên ita te apãm curam
nẽ ajpên cute mẽ pah wỳr ihkat pỳn ne to mõ hanẽ.

- A mãe ficou ouvindo, saiu para fora de casa, viu aquele bicho muito feio,
c onhec eu que nã o era o s eu m ari do e di s s e pa ra os meni nos :
- Este não é seu pai. É o bicho feio, que matou seu pai e vem trazendo a perna
dele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


144 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea mã ajpên to mõ nẽ ikre jarkwa mã to hahhuc nẽ apu jũm cahãj
i ta mã :
- Jorĩ wa cuxi hanẽ: - Mã jũm cahãj ita cumã:
- Cur i a c a ki j jaz a kã m axi hane:
- Pea nẽ cumã hupa crinare mã amẽ ihkra mã:
- Ahkri mam mẽ tẽ, wa há cumã ihêj nẽ ma mẽ akôt tẽ hanẽ.

Quando ele chegou à porta da casa, falou para a mulher:


- Onde eu vou colocar isso?
A mul her di s s e:
- Ali no lugar do moquém.
- A mulher ficou com tanto medo e falou para os meninos:
- E l e matou o s eu pa i , troxe a pe rna, agor a voc ês vã o pa ra al de i a, vou enga nar
ele e vou atrás de vocês.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
145
Mã mẽhkra ma mam kri mã me pra. Pea mã cute cumã jàt nã crat hõr,
nẽ apu cumã:
- Jỹ nẽ ku, wa há ma tẽ nẽ pĩ nõ pre homĩ hanẽ. Nẽ ma tẽ nẽ cute
ihpre, nẽ haxwỳr, nẽ hipêr tẽ nẽ haxwỳr, nẽ cute hõmpun mã ihtyj jỹ nẽ
apu cuku. Pea mã hapỹ mã tẽ ita caxuw mã ma mehkra kôt tẽ nẽ cute mẽ
cahuc. Nẽ mẽ cumã: Ma mẽ akyh kyj hanẽ quê mẽ pah catwỳ.
Os meninos seguiram o caminho para aldeia. A mulher enganou o sapo, dando
a batata cozida.
- P ega , va i c omendo a ba tata, que eu vou apa nhar l enha pa ra moque ar a
carne.
-Ela saiu para apanhar lenha, o sapo ficou lá na casa comendo a batata. A
mul her apa nhou l enha, troxe e vi u el e, s ai u nova mente, agor a nem apa nhou l enha,
foi direto atrás dos meninos, alcançou-os lá na frente e disse:
- Vamos correr senão ele nos pegar.
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146 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea mã te jỹ nẽ mẽ hapê, mã tààkãm rỳ mẽ tahnã ahtũm, mã ma
mẽkôt mẽ hahê. Mã ma ra krĩ mã mẽ cator to mõ mã mẽhkôt harkwa cator
nẽ ihkàr to: - Hõhpêat mã mã, quê ampa mã krĩ xá ca pia mã mẽ amjĩ mã
hamã hanẽ. Nẽ ma hapỹ mã cute amjĩ jaxàr pur mã.

O sapo ficou esperando, passou uma hora, ele pensou, eles me engannaram
e foram embora, mas eu vou pegá-los no caminho. Saiu correndo atrás deles. Eles
estavam chegando à aldeia, ouviram o sapo grintar atrás deles.
- Ah! se a aldeia fosse longe, eu ia pegar vocês, mas voltou para a toca dele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
147
Nẽ mõ nẽ krĩ mã mẽ cator, nẽ cute mẽ harẽn. mã amẽ amrã, nẽ apê
mã hõlkêt nã ma pur mã mẽ mõ, ne pry kôt cute mẽ pâti par pupun, nẽ ma
mẽ mõ nẽ pur mã mẽ cator nẽ cute mẽ ihkat pỳn nẽ amẽ kãm amrã nẽ cute
mẽ harêt.
Nẽ ma Poti par kôt mẽ mõ.

- Quando ela chegou, contou para os irmãos e parentes. De manhã cedo, eles
saíram para a roça e, logo no caminho, viram o rasto do sapo. Foram atrás dele,
chegaram à roça, pegaram a perna choraram e enterraram. Mas seguiram o rasto do
sapo até onde ele morava.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


148 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ cute mẽ nõr xà pupun, mã nõr xà kãm ra hitô jamrere, ra cute amjĩ
to ipixô nẽ ma mõ. Mã prôt cúria kàkàj kre kãm jỹ, mã cute mẽ tahnã cator
nẽ mẽ ihcuran nẽ ma krĩ mã mẽ mõ.

V i ram o l uga r onde o homem es tava de i tado, mas nã o vi ram o tronc o do


homem,que já se transformara em Hitôhkrere e foi embora.
O sapo estava lá, na beira do córrego na toca. Eles viram, mataram, e foram
embora para aldeia.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
149
Pea pê hitôhkrere nã amjĩ to, nẽ cúria ajco irom kãm apu ipa. Pê pyjê
ajco capêr wỳr mẽ ipa pê ajco mẽ kãmpa, pê ajco capêr kôt mẽ api, nẽ ajco
mẽ hahy pê ajco ihcukwỳr nẽ mẽ ihkracri akjêj nẽ mẽ cumã: - Hàpà p~e ea
akôt api nẽ to Amã ihcakrỳ hanẽ.

O Hitôhkrere ficou lá andando pelas matas e quando as mulheres iam para tirar
bacaba, ele ouvia o barulho, ficava atentamente.
Q ua nd o um a s ubi a, c ortava o c ac ho, e l e c hega va emba i xo e di z i a:
- Desce que eu subo e tiro para você.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


150 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea pê pyjê ajco ahpar mã mẽ hõmpu, pê ajpên mẽ ihkôt kàjmã
ihcukwỳr, ahpar mã ihkrã to ihcukwỳr. pê ajco hupa te mẽ capêr par mã
hikra nẽ pra nẽ mẽ ajxwỳ nẽ mẽ ty, pê ajco capêr wỳr mẽ ipa nẽ mẽ haxà
caprỳ pitti.

As mulheres olhavam para baixo, ele subia com a cabeça para baixo. As
mulheres caiam lá de cima do pé de bacaba e morriam de medo. Toda vez que elas
iam tirar a bacaba, sempre faltava uma.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
151
Pea mã pê pyjê amjĩ kãmpa, pê jũm cahãj kààre mã pa nare ita amẽ
cumã: - Ampo mãrhã amẽ pah cura hanẽ. Pea nẽ ma hipêr mẽ mõ. Cu há
irom mã mẽ axà, wa há ihnõ nã icato, nẽ ihkôt api, nẽ mẽ Amã kà. Pea ca
mẽ akêt tu, mẽ ano imã akàr nõh kãm mã.

Até que um di a, um a mul her c orajos a pe ns ou e pe rgunt ou pa ra as out ras :


- Quem está nos matando uma por uma?
- Agora vamos de novo, quando nós entramos no mato, eu vou ficar bem distante
de vocês. Quando eu gritar nenhuma de vocês pode responder, fiquem caladas, só eu
posso gritar.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


152 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ irom mã mẽ Har, mã jũm cahãj ita ma mẽhkwỳ pê ampa mã cute
ita nã cator, nẽ ihkôt hopir nẽ ajêt nẽ mehkwỳ mã kA mã mẽhkêt tu. Pea
mã cute impar nẽ ajpên ihwỳr ahkêt kẽhkẽn to kwỳ, nẽ ihkracri Har. Mã
ajêt nẽ hõmpu, nẽ amjĩ mã: - Xãm te ampo ita te mã ra mẽhkwỳ jipej ita
coxuw quê há ty.

Entraram no bacabal, essa mulher ficou distante das outras, viu uma bacaba
madura e subiu, lá de cima ela gritou. É o Hitôhkrere ouviu o grito. Ele vinha
que br ando o m ato, c hegou e mba i xo, e l a vi u e di s s e:
- Ah! É este bicho que já matou muita gente, agora ele vai morrer também.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
153
Pê capêr ita jĩkjê rumpê haprẽp ita xà mã cute hakep, mã ra ajpên
ihkôt kàj mã kwỳ, ihkrã to ahpor mã, mã kàj mã hitôhkre. Pea mã cute
hitôhkre ita kãm capêr japẽp mã hikran mã cute caxwỳr nẽ ma harkwa nã
cator, nẽ ma to tẽ nẽ to ihpỳm nẽ to xà. Pea mã cuprõn mã cormã cute to
capêr hyr nẽ to tẽ nẽ to iwrỳc.

Nesse mesmo pé de bacaba tinha um búzio, ela cortou. Hitôhkrere vinha


subindo com a cabeça para baixo. Então a mulher soltou o búzio bem no meio do
buraco dele que furou e saiu na boca dele. Ele caiu e morreu.
-Ela ficou lá em cima gritando para as outras, elas se juntaram, ficaram olhando
para o Hitôhkrere, aí a mulher desceu.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


154 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pea nẽ ma jũm ewjre ita wỳr mẽ tẽ, nẽ cute mẽ ihtur nẽ mẽ to tẽ nẽ
mẽ to cator. Mã apu hõmpu nẽ howkô to apu to apkjê nẽ hõmpu, nẽ apu mẽ
cumã: - Nẽ ampa kên pijaprỳ nare. Hitôhkrere mã, ca mẽ hõmpu he hanẽ.

Foram buscar um velhinho, para ver e descobrir o nome dele. Quando chegaram
com o velhinho. Ele ficou olhando, virou com o bastão dele e disse para as mulheres:

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
155
Pea mã cute mẽ caxu côjwar nẽ tahnã mẽ mẽn nẽ mẽ to caxàr. Nẽ mã
hapỹhmã krĩ mã mẽ jũm wỳre ita to mẽ tẽ.
Hõ pê mẽ hitôhkrere ita curan to mẽ hanẽ. Pea hamrẽ.

- Não é um bicho desconhecido é o Hitôhkrere. Ele acabou com muitas


mulheres.
Então eles fizeram uma fogueira, jogaram em cima, queimaram, foram embora
para aldeia com o velhinho. Assim mataram o Hitôhkrere e termina a história.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


156 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Awkê
Autor: Andr é Krahô

Pê jũm cahãj ita amjĩ pê ih kra cura, pê ajco ahte apu ta ipa hõh wej
nã, jũm quê cumã ihkra to ajpa. Pê carna ihkra incrire.

Certo certa vez, havia uma mulher que teve coragem de matar seu próprio
filho. Ela morava sozinha e não tinha com quem criar o seu filho. O filho dela era
pequeno, morava com ela, a avó e o avô.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
157
Hapỹ mã cute hajỹr, mã ma wyr to te, mã rarmã jĩm xũmre ita cumã
mã cator, ma jĩm cahãj ita pikrar.
Ma jũm xũmre te cumã ihcakôc kãm ihtẽm.

Um dia, ela foi tomar banho, de repente, apareceu o homem que ela nem sabia
de onde apareceu, a mulher ficou assustada.
- O homem começou a falar com ela.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


158 Arte e C ultura do P ovo K rahô
- Hõm pu wa ma nẽ a wỳr tẽ pê ca há atyj kãm amjĩ kampa.
- Ampo nã?
- Ca há ikãm amjĩ kãmpa, xãm nẽ akra pê ateipyràc.
- Imã hakre peay ma, mer jĩma wa nẽ akãm amjĩ kam pu cor ma ikra
ita crire!

- Olha! Eu vim aqui para perguntar se você pode confiar em mim.


- Confiar em que ?
- Se confiar em mim, você vai ter um filho igual ao primeiro.
- Eu sei, mas como eu posso confiar em você, eu ainda tenho filho pequeno.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
159
Pê jũm xũmre mã amjĩa kre pej ita amji mã impej pê mã, jũm cahãj
ita mã icakôc. Pê kãm amjĩ kãmpa. Pean ihkrã ri mẽ ajpẽn to ipa hàm nõ
to pyxit. Mã ihkra cri re ata hajahĩr te ihcuran. Ita caxuw ahte apu, nẽ mã
mẽ ajpẽn to ihpa hàm nõ. Cute to ihpa hàm nõ caca, pea mã rama ihkra.

- O homem que tinha tanta habilidade, foi conversando com calma até que a
mulher confiou nele.
- Q ua ndo el es c omeç aram a namorar e ti ve ram a pr i mei ra rel aç ã o s exua l, o
filho que era pequeno morreu de vômito.
Agora que ela estava só, continuou a namorar. Depois que ele parou de namorar
com ela, ela estava grávida.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


160 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Jũm cahãj ita mã ihkra, pean ma co mã wỳr to mõ. Ihtu kãm ihkra ita
amxôre mã anjẽ to nẽ ĩnxi tu oĩn hapõj. Pea pê ra ta PI cumã ihpỳm xà, pê
ajco ra mã cra nã anjĩ to, nẽ ĩnxi tu pĩn hapôj.

Quando a mulher estava bem grávida, saiu para tomar banho, o filho que
estava dentro da barriga, transforrmava-se em rato e saía da barriga da mãe.
- Quando já estava chegando o dia de nascer, transformava-se em paca e saía
novamente da barriga da mãe.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
161
Pean hũmre nẽ ihpỳm, ihpỳm nẽ inpej nẽ ihkà caprôc re. Hũmre nẽ
ihpỳm nẽ ajtea hõmpun xà, pê nẽ arãc ri ihpỳm nare, incwỳr nã ihpỳm. pê
ajco ihkra re ita amrã to amrã, pea pê ra ĩnxi mã impar caca.

O menino nesceu. Era bonito, corpo moreno. Mas não nasceu um menino bem
calmo, nasceu chorão.
O menino chorava tanto que a mãe já estava cansada de ouvir o choro.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


162 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Amcro nõh nã ma ĩnxi wỳr to tẽ. Nẽ cute hõh wej mã hutên. Mã cute
impỳn, nẽ ihcukỳ ihkjê kãm, pea mã cumã icakôc hõh wej mã.

Até que um dia, a mãe dele foi tomar banho e deixou o menino com a avó. A
avó pegou o menino no colo, de repente, começou a falar com a avó dele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
163
Wej wa nẽ apu icwỳr nare, wa kãm apu kre. Pean imã ca nẽ apu acrer
nare ca kãm apu amrã. Kãm mẽ ija mã wa apu kre. Pea mã hõh wej te
ihcaca mã amrã.

- Vó, eu não estou chorando, eu estou só cantando.


- Mas para mim, você não está cantando, está chorando.
- Vocês me deixem cantar?
- A avó deixou o menino chorar.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


164 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Amcro nõh nã hõh wej te hutên, nẽ mã hãh wej xũm mẽ pur mã mẽ
ipa. Pea mã ĩnxi te amjĩ kãm hapac nẽ cute mẽhkjê jê mã ihkra hõr. Pea mã
mẽhkjê jê ma mẽ to tẽ, mẽhcuran caxuw.

Um dia depois, a avó deixou ele, saiu com o marido para roça. A mãe resolveu
entregar o filho para os irmãos dela.
Os irmãos levaram o menino para matar.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
165
Ihkrã ri nã mẽ to hopir, nẽ mã kỳ rũm pê cute mẽ mẽn. Pean cute mẽ
mẽn mã cute ampo hô nã amjĩ ton nẽ amjĩ mã impej pê mã pjê kãm ihpỳm,
pean hipêr incwỳr kãm ihtem. Mã cute mẽ amjĩ kãm hapac nẽ mẽ caxuw
côj war, pê ra côj war caxuw impej tu.

Subiram no morro, pegaram e jogaram lá de cima. Quando jogaram, o menino


virou uma folha, caiu bem devagar no chão e começou a chorar de novo.
Eles pensaram, fizeram o moquém, quando o moquém estava bem pronto.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


166 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Hipêr cute mẽ impỳm nẽ côj war kãm mẽ mẽn. pean ma mẽ pra, nẽ
krĩ mã mẽ ipôj nẽ ajkrên amẽ ipa. Mã hõh wej mẽ hõh xum cator pur pĩn,
pea mã ĩnxi ra jũ nẽ apu amrã.

Outra, vez jogaram o menino no moquém e foram embora.


Chegaram à aldeia, ficaram quietos, quando a avó e o avô chegaram da roça, a
mãe do menino estava sentada chorando.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
167
- Ampo nã ca apu amrã?
- Wa apu amrã xãm mẽ ikjê jê amẽ ikra nã amẽ iwỳ wa ite mẽ cumã
hõr mã ma mẽ to tẽ, nẽ cute mẽ ih curan. Pea hõh wej mẽ hõh wej xũm te
incwỳr kãm mẽ ihtẽm hanẽan.

- Por que está chorando?


- E s tou c horando por que os meus i rmã os me pe di ram pa ra eu entrega r o meu
filho e mataram. Os avós começaram a chorar também.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


168 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Hapỳ mã cute hajỹr ma mã hohwej mẽ hohwej cahãj ihpro pyun to
mẽ pra. Ra mẽ cator mo nẽ cute mẽ hõhtatac par.
Hipêr cator to mo ne cute me ikretti pujun cupẽr tycre apu apê. Ihnõ
te wej pya krut itajê ne apu hõ pahhi ma harẽm, ma cute hõpupun me apu
cumem.
Pahhi pẽ pom pẽ me to cajra ita ma pẽ.

Um dia, a vovó e o vovô foram ver o amigo do menino. Estava chegando,


ouviram um grande barulho.
Foram chegando bem perto, viram um grande casarão. Era um casarão bonito
e os negros trabalhavam.
Um deles viu os velhos e avisou para o chefe. O chefe era o menino que foi
jogado no moquém.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
169
Ma cute wỳ pijakrut itajê pupun ne apu hõ cupẽ tycre itajê ma.
Mẽ to xwy nõ, xãm wej itajê mã ijõ wej mã.
Ma cute kãm me hõpum ma mẽ Har nẽ amẽ ampo pupun nẽ cor ma
mẽ hỹr, mã cute mẽ cuma hõhton ma cute mẽ ihkrẽr.

Quando ele viu os dois velhos, falou para os negros.


- Não mexam com eles, porque eles são meus avós.
- Deixem eles estrar na casa.
Os avós olharam todos objetos e sentaram. Fizeram a comida e eles comeram.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


170 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Hapu mã ma pê hõhwej atajê mã quê amjĩ ma ampo capi. Pe hũmre
ma catõr hõ, me cahãj ita wapo hõ.
Pêan mẽ Cuma que ĩnxi ma mĩ hũjarẽn nare nẽ krĩ ma pit awjarẽ. Ma
pê mẽ cato ne krĩ ma put awjarẽ.

Depois mandaram os velhos escolherem as coisas. O avô pegou a espingarda,


e a avó pegou a faca.
O menino avisou para não contarem nada para a mãe. Mas só avisem para os
homens e as mulheres da comunidade. Para virem todos.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
171
Krĩ mã ra mẽ cator nẽ nẽẽ mẽ ĩmpi ma hũjarẽn nare. Pea mã pyjê me,
mẽ hũmre ma mẽ mõ.
Krĩ cunẽa mã mẽ mõ nẽ mẽ cator mã cute pyjê mẽ metuw to IPI hyr,
ne amẽ wej kãn catõtõc ma pẽ ma cumẽ pra hápỹmã.

Chegou à aldeia, avisou para a comunidade, homens e mulheres.


Toda a comunidade foi ao local onde ele foi queimado. Eles separam os jovens
num quarto e as moças no outro. O resto, que eram os velhos, foram lá para cima.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


172 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pêan cute mẽ cumã harkwa pro mẽm ma cute ame kẽnre, wapo me
catõc cwỳr.
Pêa hamrẽ.

Depois, abriram a porta, liberaram os objetos que eram miçanga, faca,


espingarda; enfim, a história acabou.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
173
Caxêkwuj - A Mulher Estrela
Autor: L uc i ano Capr ã n Krahô

Pê mam mhĩ na ĩncrecrer nẽ ihtỳj hõ krĩ kãm apu hacry nã amẽ kwỳ
mẽ ipa nẽ pê ajco amẽ pẽ jacrô pit ku. Pê ajco ihtỳj mẽ kwỳ kôt awjahê nẽ
ihtỳj tep mã mẽ kwỳ kôt cupẽ. Nẽ pe ajco cunẽa cà pê amẽ gõr.

Certa vez um Mehĩ solteiro vivia feliz na aldeia com seu amigo. Comia pau
pubo, caçava, pescava e dormia com seu amigo junto no pátio.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


174 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã amcro nõ nã mehĩ kwỳ te ra mã amjĩ mã ihpro na hapoj. Nẽ rama
mẽ prõ jũkwa kãm mẽ gõr nẽ nẽ rama hipêr cà pê amẽ gõr nare.

Até que o amigo do Mehĩ arrumou uma noiva, dormia na casa da noiva e não
dormia mais no pátio.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
175
Mã ramã mehĩ crecrer ita até cà pê apu gõr mã amcro nõhnã caxêkwỳj
te mehĩ hõr nã hõpun ate mã caxekwỳj pjê mã iwrỳ nẽ cute prõti nã amjĩ
toj.

O Mehĩ solteiro dormia sozinho no pátio. Quando Caxêlỳj viu o Mehĩ dormindo
sozinho, desceu para terra e transformou-se numa rã.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


176 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Nẽ mehĩ jõ kôt nã hopir mã mehĩ te amjĩ tê te prôti mẽn. Mã hipêr
pôrti mehĩ jõkôt nã hopir mã cute hipêr prôti mẽn. Mã caxêkwỳj te mehĩ
mã icakoc, nẽ ihpê prôti nare ihpê caxêkwỳj hipêr ihmẽn nõ kãm mã.

Subiu no peito do Mehĩ, mas o Mehĩ empurrou a rã. A rã subiu novamente no


peito do Mehĩ, mas empurra a rã de novo.
- Caxêkwỳj falou para Mehĩ:
- Eu não sou rã, eu sou Caxêkwỳj não me empurra.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
177
Mã pê mehĩ mã paj crinare, mã pê caxêkwỳj mehĩ mã icakoc, juma
ca há ita que nẽ jũ ihpupun nare que impej. Mã pê mehĩ há pàtwỳ ta amjĩ
japakre nẽ mã hũrkwa mã tẽ nẽ cute hã pàt wỳ ita pyj nẽ mã hapỹ mã cà
mã to tẽ. Nẽ cute caxẽkwỳj mẽ hõr to apẽntu.

- O Mehĩ ficou assustado, Caxêkwỳj falou para Mehĩ:


- Eu quero que ninguém me veja.
- E o que você vai fazer comigo?
- O Mehĩ lembrou-se da cabaça. Foi lá na casa dele, pegou a cabaça, voltou
para o pátio e dormia com Caxêkwỳj até de manhã.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


178 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã hõrkêt nã mehĩ te ha pàt wỳ pyj nẽ cute pàt wỳ kre kãm caxêkwỳj
xàh nẽ hũrkwa wỳ kre kãm caxêkwỳj xàh nẽ hũrkwa wỳ ta mã nẽ cute ha
kwỳc cwỳr pê hã pàt wỳ ita xôj. Pê nẽ juma caxêkwỳj ita jakrepej nare. Pê
caxêkwỳj pàt wỳ kãm ihkrẽ.

Bem cedo, o Mehĩ pegou a cabaça, colocou Caxêkwỳj dentro e levou para casa
dele. Amarrou a cabaça em cima de jirau dele. Niguém sabia que Caxêkwỳj estava
dentro da cabaça.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
179
Mã pê caxekwỳj mehĩ mã icakoc.
- Quê há jũm jũ caxuw ipupu há ma hapỹ mã cojkwa mã api, mã
mehĩ há pàt wỳ pro rẽ mã caxêkwỳj cumã acxà. Mã hanẽa mehĩ cumã
acxà.
Mã caxêkwỳj te hipêr mehĩ mã icakoc. Wa há awcapàt ita kãm. Wa
há cormã ihjapoj. Quê há xà mẽ kwỳ amẽ cunẽa hõr pa mã cupa hõr caxuw.

Mas Caxêkwỳj falou para o Mehĩ:


- Quando alguém me vir, voltarei para o céu. Quando o Mehĩ abriu a cabaça
Caxêkwỳj sorriu para ele.
O Mehĩ sorrindo para ela também, Caxêkwỳj falou para Mehĩ:
- Saio somente à noite, quando toda sua família estiver dormindo, para eu dormir
com você.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


180 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã amcro nõ nã mehĩ to te mehĩ pupun apu caxêkwỳj mã acxà pàt
wỳ kre kãm. Nê cumã pàt wỳ ita pupun prãn. Mã amcro nõ nã mehĩ mã
hũjãhê wỳ tẽ mã ma Ito ita kwỳc wỳ tẽ, nẽ mã kwỳc kõt hopir nẽ cute pàt
wỳ ita pro mẽn nẽ cute caxekwỳj pupun nẽ cumã caxekwỳj ita cupa.

Mas quando o irmão mais novo do Mehĩ viu o Mehĩ sorrindo para Caxêkwỳj,
ficou cheio de curiosidade. Quando o Mehĩ saiu para caçar, o irmão foi lá no jirau
do Mehĩ, subiu no jirau, abriu a cabaça, viu Caxêkwỳj dentro da cabaça e ficou com
medo de Caxêkwỳj.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
181
Mã mẽ mehĩ to ita kwỳc pê wrỳ nẽ nẽ cute juma caxekwỳj ita jarẽn
nare cumã hũpa mã rama mehĩ hũjahê pĩn tẽ nẽ mã ho kwỳc kôt hopir nẽ
cute há pàt wỳ pro mẽn. Mã nẽ hipẽr caxêkwỳj mehĩ inxỳ nare.

Ele desceu de jirau e não contou, para niguém ficar com mendo. Mas quando
o Mehĩ chegou da caçada, subiu no jirau dele, abriu a cabaça, Caxêkwỳj não sorria
mais para ele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


182 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mã mehĩ te caxêkwỳj cukyj: - Ampo kôt mã ca nẽ hipêr imã axỳ
nare? Ampo nã nare xam rama ato te ipupun. Awcapàt ita kãm wa há ma
hapỹ mã to tẽ quê mẽ kre caxuw.

- O Mehĩ perguntou:
- Por que você não sorriu mais para mim?
- Porque teu irmão mais novo já me viu.
Nesta noite, eu vou voltar para o céu para trazer a semente para sua família
plantar.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
183
Caxêkwỳj te mehĩ cukỳj: - Ampo kôt mã mẽ akwỳ apu pẽ jacrôku.
Nẽ pẽ jacrô ita pej nare ihkeanre to ihkeanre.

Caxêkwỳj perguntou a Mehĩ por que sua família esta comendo pau-pubo. Isto
não presta, é muito ruim.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


184 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Awcapàt kô ata kãm mã caxekỳj jõpir nẽ hapynẽ awcapàt kô ata kãm
cute ampa hy amjĩ jaxàh mã coxêkwỳj te mẽ cumã ampa hy ta ihhênpej
par tu: mehĩ ca há pur nã to. Cate tahnẽ nẽ kãm ampo hy ita cunẽa kre par
tu. Nẽ hanẽa mẽkeỳ mã quê nẽ hipêr mẽ pĩ jacrõ ku nõ kãm mã.

Naquela noite Caxêkwỳj subiu para o céu, voltou com as sementes, na mesma
noite e Caxêkwỳj explicou tudo bem direitinho.
O Mehĩ, você vai fazer uma roça bem grande e plante todas estas sementes.
- Fale para sua família, para não comer mais pau-pubo.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
185
Nẽ hapỹ mã awcapàt kô ata kãm caxêkwỳj jõ pir cojkwa mã. Pêa mã
mehĩ mã pecre nẽ ma hapỹ mã hũrkwa wỳ mã.
Hanẽa amcro ita kam que jũmjê cà pê jỹ neapu caxêkwỳj japê cokwa
kãm.

Caxêkwỳj subiu de volta para o céu na mesma noite. O Mehĩ ficou muito triste
e voltou para casa dele. Até hoje, nós Mehĩ, quando estamos no pátio, procuramos
Caxêkwỳj.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


186 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Krãhkrokrocre
Autor: Juliana Têrkwỳj Krahô

ỹhỹ pê xwahmã ma ahkrajre amẽ ihtêc to mẽ ipa nẽ cute mẽ krãhkrocre


pupun. Nẽ ajco mẽ ihcucàc prãn pê xwahã cupê cukrãh pyràc.
Pê cuhy wỳr mẽ to ajkrut nẽ mẽ ihkujate, pê mã tẽn mẽ cumã cuhy
py nẽ hapỹnẽ mẽ to tẽ. Mã pê ajco mẽ kãm cuto que mẽ cacô krẽr caxwuw.

Os jovens resolveram caçar arapuá e, finalmente, encontraram uma cabeça de


arapuá. Os mais velhos mandaram dois pegarem fogo na aldeia.
Eles foram, voltaram, queriam tocar fogo no arapuá e comer logo o mel.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
187
Pê xwahnã ajco ihtỳj krãhkrokrocre ita kãm mẽ ihpôc. Mã pê xwahnã
ajco cuhy ita kãm harà jaxwỳ nẽ to ipĩr heah puro. Nẽ ajco mẽ cumã wa
japrã.

Quando trouxeram o fogo, começaram a tocar fogo nela. Mas a cabeça de


arapuá cuspia no fogo e apagava rapidamente. Mostrava os dentes, a água que saía
da boca, apagava o fogo e alguns estavam com medo.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


188 Arte e C ultura do P ovo K rahô
ỹhỹ pê mẽ hupar nõ atajê ajco ihtỳj kãm mẽ ihpõc. Pê mẽ kwỳ ajco
mẽ cumã?
- Mỹ kwỳ rỳ mã mẽ caca xãm nẽ cuhkrã mãj nare, ca kãm mẽ ihpôc
mã ipĩr heah purô.

Os índios teimosos continuavam tocar fogo nela. Os amigos deles diziam para
el es :
- Deixem! Vamos embora para aldeia, porque aquilo ali não era arapuá, é um
bicho desconhecido, vamos logo, meus amigos.
Entãom, eles deixaram os amigos e foram ambora.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
189
Pê mẽ hupar nõ atajê, mẽ kãm ihpôc to hi nẽ mẽ hapa nẽ ajco mẽ
krãhkrokrocre mã mĩ hanẽ!
- Jêre, jerê, krãhkrokrocre, krãhkrokrocre mẽr mẽ ite jakep pa mẽ rẽ.

Os teimosos que ficaram tocando fogo nela, decidiram parar de tocar fogo.
E l es c orreram um pouc o e di s s eram:
- Cabeça de arapuá, pegue-nos e corte os nossos pés.
- Então cabeça de arapuá caiu no chão e correu atrás deles.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


190 Arte e C ultura do P ovo K rahô
ỹhỹ pê krãhkrokrocre ita pjê kãm ipỳm nẽ mẽ kôt tẽ nẽ ajco ahpãn
mẽ te jakep to tẽ. Pê xwahnã krãkrokrocre ita mẽ te jakep par tu nẽ ma
hapỹ mã tẽ nẽ jẽt xà kãm ajêt. Pê mẽ ĩmprar tỳj pit ma amẽ hapôj.

A c abe ç a de arapuá c ai u no c hã o, c ortava os pé s de um por um , até c ortar


todos. Voltou para lugar dela e ficou lá em cima.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
191
Pê krĩ cunẽa amjĩ to mẽ cuprõ nẽ mẽ amji to mẽ hêmpy. Nẽ cute mẽ
jũm prar tỳj ita pyxit nẽ mẽ ihhyr quê ihtỳj tẽ nẽ krãhkrokrocre mã, quê
ihkôt ihtẽm caxuw.

A c omuni da de da al de i a s e reuni u no pá ti o, de c i di u ac aba r c om a c abe ç a de


arapuá, porque ela cortou os pés de nossos filhos, netos, sobrinhos e primos. Por isso,
vamos acaba com ela.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


192 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Pê krãhkrokrocre mã mẽ ajpẽn ry. Pê jũm prar tỳj ita ihtỳj ihwỳr tẽ
nẽ cumã hanẽ, jêre, jêre, krãhkrokrocre, krãkrokrocre, mêr mẽ cuxà ite
jakêp mẽ rẽ hanẽ, mã pê hỹr mã wrỳ nẽ kãm tẽ nẽ hahê ne ra mã cahuc to
tẽ, pê ajco hapê mẽ kôt to pjê cahhyr to mõ.

Somente os homens estavam na fila para matar a cabeça de arapuá. Eles


mandaram um homem corredor, ficar embaixo da cabeça de arapuá e chamar ela.
Então ele foi e chamou:
- Cabeça de arapuá, pegue-me e corte o meu pé. Quando ele falou isso, a
cabeça de arapuá ouviu, caiu logo no chão e correu atrás dele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
193
Pê ra mã krãhkrokrocre cahuc to mõ pê ra mẽ cupê cator to mõ. Pê
jũm ita hỹr mã cator nẽ cumã kôt to cumã ihcahpa nẽ to cakwĩ.

A cabeça de arapuá já estava perto do homem corredor. Os homens estavam na


fila, mas não adiantava. Eles não acertavam a cabeça de arapuá. O pau ia direto para
o chão, mas no final da fila, um homem acertou e quebrou.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


194 Arte e C ultura do P ovo K rahô
ỹhỹ pê mẽn tu ma mẽ jũm wej re ita wỳr mẽ tẽ nẽ cute mẽ jũm wy re
ita tur nẽ hapỹ nẽ mẽ to tẽ.
Pê jũm ey re ita mẽ cumã hanẽ.

Os jovens foram e buscaram um velho, que conhecia todos os bichos que se


transformavam noutras coisas. Eles foram buscar, porque ele era padre.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
195
Pê mẽ jũm wy re ata pjê kãm mẽ ham mã pê hõ kô to apu tap xê nẽ
ame cumã-hanẽ xẽ,xẽ,xẽ,xẽ,xẽ, mẽj krã mỹ tàmxwỳjê, ampo mor tũm,
nare. Cute amji mã haprỳ to krãhkrokrocre, krãhkrokrocre mã hamrẽ.

E ntã o, qua ndo c ol oc aram o ve l ho no c hã o, el e pe gou um pa uz i nho e vi rou a


c abe ç a de arapuá de um l ado pa ra out ro e di s s e:
- Meus filhos, meus netos, genros, sobrinhos, primos, não é um bicho do
passado é um bicho que se chama cabeça de arapuá. Aí acaba a história.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


196 Arte e C ultura do P ovo K rahô
III – Mẽ ipê Krahô Cukrêj itajê Cunẽa - Artesantos Krahô

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
197
Cuhkõn - Cabaça
Autor: J oani nha Krahô

Ita mã cuhkõn mẽ crat. Pyjê jopen xa mã hanẽan cuhkõn mẽ crat ita


que há jum pur ka m i hhy no kr e que t i kr e c atut ri , que ha hi rõt ne hõ ne
impej.
Que ha cuhu ne ikre nẽ cô kãm carêc kãm harêt que ha tahna awcati
incrê, quêt quat que ha rama ihkre caro que ihcapir pa nẽ, amcro ma ihpej
que ha incra ne ihkre cuxwa, que ha corma amjĩ mã hakjê, ne há crat nã
Cum a i hki n que há i hno ji pô ne to c rat, ne i htyj kã m amji mã pe ju, kw yr
cuhã aryjhy cahõm. Ampo itajê caxuw mã crat pej, mã cõh caxuw cukon
pej.

As mu l heres pr epa ram as c aba ç as , mas pa ra i s s o, pr i mei ro, é pr ec i s o


plantar a semente, que nasce, cresce, dá fruta e amadurece. Elas tiram, furam
a cabeça e enterram na beira da grota. Deixam por uma semana, e fica pronta.
A mulher tira de onde foi enterrada para, derramar o molho e a
semente de dentro. Ela leva para casa dela e bota no sol para secar. Se a
mulher quiser uma cuia, ela corta a cabaça ao meio com a faca. Depois
faz a cuia. A cabaça serve para carregar água, e a cuia serve para comida.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


198 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Kẽnre - Miçanga
Autor: J oani nha Krahô

Kẽnre ita mã cupẽ pin ma, cupẽ mã to hapôj ma pyjê cola, mẽ, mẽ to
apà. Ne cormã mẽ amji mã mẽ haxô, que jum mã ronti jõr na haxor prãm
que ha. Mã mõ nẽ ihno jõr mẽ, ne to mo, ne to ahti ne cormã tahnã haxo,
ne haxor pa, no corma to hokresce ihtyj ampo Jô amji kin na to hokresce.
Me que nem mẽ to hokrexe na, pean kãm que ha jũn pro Cuma to ihno hyy,
ihlra ka quet puser, que ha cama to ihpaxê no ihkrã ka.
Pean pyjê ma apu mẽ apê, ne amẽ to cuhy to ipa. Nẽ mẽ taamã me to
hohtêkjê.

A Miçanga vem dos cupẽ que trazem até a aldeia, e as mulheres trocam por
colares de tiririca. Elas fazem a linha de tucum, para fazerem colar. Mas quando
estiver pronto, o colar é bom para ser usado na festa, mas só as mulheres podem
usar.
Os homens só podem usar se a esposa fizer pulseira ou cocar. Eles podem usar,
mas somente as mulheres fazem.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
199
Càhà - Cofo
Autor: J oani nha Krahô

Càhà ita mã pyjê mã apu cuhy to ipa. Quê ha jun mã mo ne rarê, kãm,
crowhô ita no jakêp ne to mô nẽ cuhy nẽ hipêj, ne kãm amjĩ mã hõtêhkrej
kjê kênre, pàrhô pam têhkrej krỳjre itajê.
Càhà ita hanẽan pur pin ampo itajê kjêj xà nã impej, kwỳr, arỳjhy,
põõhỳ, cukôn cahàc, jat, pãnkryt. Nẽ hanẽan ahcunẽ kãm ampo xô itajẽ a
atyj kãm to ajêj càhà kãm.
Ca hanẽan atyj cupẽ ma to vende, kot mã mẽ pajĩ itajê cunẽa jur kwa
kôt càhà ita apu ihrôt pêan pyjê mã apu càhà ita hyr to ipa. hamrẽ.

O cofo é feito, principalmente, pelas mulheres. Se alguém estiver precisando.


A mulher vai ao brejo, para cortar a palha de buriti. Traz para casa, depois ela começa
a fazer o cofo. Quando termina o cofo, pode guardar as coisas dela no cofo, o que
ela tiver, miçanga, colares, fumo e isqueiro.
Ele também serve para a colheita de arroz, feijão, mandioca, abóbora e outros
alimentos, como os frutos da chapada. O cofo serve para qualquer coisa. Pode ser
vendido para os brancos, por isso, os Mehĩ têm cofo em casa, mas só as mulheres
usam.
Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà
200 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Mãco - Mocó
Autor: J oani nha Krahô

Mãco ita mã mêhumre mã mẽ hipej. Nẽ hanẽan rarê pin mã mẽ Crow


hô jitwỳp ita to mẽ ipa, nẽ mẽ cuxu amcro mã, mã ihcukã mã mẽ hasco nẽ
mẽ cuhy.
Ne mẽ hipêj jiroapẽ mã cormã kãm mẽ hotêhkrêj kjẽ, ihtyj ampo
krỳjre itajê cunẽa. pem me humre têhkrêj itajê pàrhô, esqueiro, wapore,
rãntex, ajo, hakro pyrêt, pom catoc têhkrej itajê cunêa. Nẽ mẽ humre pit
apu hampà nẽ amẽ to ipa quê há jũhkãm jũm te nẽ hampànẽ ma to tẽ,
cidade nã quêt ahcuni nã ityj ju kãm. Me hũmre japên xa mã maço. Pẽa
hamre.

O Mocó é feito pelo homem. Também é tirado no brejo. Alguém vai ao brejo,
pa ra ti rar o ol ho de bur i ti , traz pa ra c as a, bot a no s ol pa ra s ec ar, de poi s , el e c omeç a a
fazer o Mocó.
A pessoa pode terminar em dois ou três dias, porque ele é pouco diferente
do cofo. O mocó também serve para guardar isqueiro, colares, fumo, anzol, faca,
lanterna e os objetos dos homens, mas só os homens usam; as mulheres não.
Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà
Arte e C ultura do P ovo K rahô
201
Côhtoj - Maracá
Autor: L eonardo K rahô

Côhtoj ita mã ipàr pĩn mã, que ipar kãm cato ca ta nẽ panẽr kãm to
ihhorhot ne intête ihhy cakên partu, nẽ axi que incrà ca caxuw pi no jakêp
ne to cohtoj peã ne to (kre) cre, mehũmre mã apu to cõhtoj ita to.

O Maracá é feito somente pelos homens que cantam com ele. O Maracá é
muito fácil de fazer. Ele é uma fruta, que sai da planta e vira maracá. Quando tiver
uma no pé, o homem tira-a, fura os dois lados e coloca na panela, bota no fogo,
deiva ferver para as sementes ficarem moles. O homem tira do fogo, retira todas as
sementinhas dele, bota para secar. Depois, é só enfeitar o cabo e cantar com ele.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


202 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Kruw - Flecha
Autor: L eonardo K rahô

Kruw ita mã mẽ hujahêr caxuw impej ne ihtyj hipêr ampo caxuw


impej. Mêhũmre mã ampu kruw ita to hõpên to ipa, kouw ita krô ita crinare,
que há jũm hakêp ne ihcurê nẽ inkro ne hiprô nẽ to awjahe hamrẽ.

A flecha é usada para caçar e outras coisas. A flecha fica no mato, mas alguém
corta com faca, depois bota no sol ou aquece no fogo. Tira folha de juncu, faz a linha,
arruma a pena de qualquer pássaro e empena a flecha. Guarda-a para alguma coisa e
somente os homens usam-na. Pode ser usada com arco ou sem arco.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
203
Càhà - Cofo
Autor: Marc el o Xooc o Krahô

Cahà ita mã mam mẽ hohcukrẽj nõ mã. Mam pê ajco cahà kãm pit
amẽ ampo to, py jê petĩ. Cahà ita mã Crow hô te hipẽj, kãm ihho pijakrut
mã.
Cahà ita mã nẽẽ mẽ hũm re mã amẽ ton nare, mẽ cahãj mã amẽ to.
Quê mẽ cumã cahà ita hyr prãn quê há ma mẽ mõ nẽ mẽ Crow hô nẽ jakep.
Quê há krĩ mã mẽ to cato nẽ mẽ hikjê hy nẽ hikjê nõ hy nẽ mẽ to ajpẽn pro
nẽ hapuh nã mẽ to ihhyr pej.

O Cofo é um artesanato antigo. Antigamente o Cofo era mais usado pelas


mulheres. Ele é feito com palha de buriti trançada. O Cofo não é feito pelos homens.
Quando querem fazer um Cofo, as mulheres vão ao mato cortar a palha de buriti
com os pares. Quando chegam à aldeia, tecem uma parte, a outra parte é encaixada
para terminar o cofo.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


204 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Cuhkõnre - Cabacinha
Autor: Marc el o Xooc o Krahô

Cuhkõnre ita mã impêaj to impej. Quê nẽ ihtỳj jũm cuhkõn re ita


cakôr nare. Jũm mã ihcakôr jahkrepej ita pit quê ihtỳj ihcakô.
Cuhkõn re ita mã mẽ hũmre mã amẽ to. Quê ha mẽ cuhu nẽ co kãm
mẽ haxwỳ quê ihkre carocaxuw. Amcro johkêat jirô pê quê ha mẽ ihcaakê
nẽ amcro mã mẽ euxu, ĩncrà caxuw. Quê ĩncrà ca mam cumã ihkre to
puxit, to catire, ihhy jaxwỳr caxuw, nẽ hapuhnã ihkôt ihkre to quat, to
ihkryj re to hanẽ, nẽ apu hakrô pea hamrẽ.
A Cabacinha é um instrumento muito bonito. Não é qualquer pessoa que sabe
tocar a cabacinha. Só os homens sabem tocar. Ela é feita pelos homens.
É tirada e colocada na lama, para amolecerem as sementes. Depois de muitos
dias, eles tiram e colocam ao sol para secar. Quando seca é necessário fazer um
furo maior para derramar sementes e depois fazem mais quatro furos, enfeitam com
apenas, linha de tucum ou tiririca e pronto.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
205
Crat - Cuia
Autor: Marc el o Xooc o Krahô

Crat ita mã cuh kõn jikjê to mã amẽ.


Man pê ajco crat kãm pit amẽ apà.
Crat ita mã pyjê mã amẽ to.
Quê nẽẽ juhcaxuw mẽ hũm re nõ crat ita ton nare.
Crat ita ton caxuw ca cuhkõn nõ ta nẽ carẽc kãm axi. Quê jũ mã tahna amcro
ca capa nẽ amcro mã axi. Quê incrà ca hipô nẽ ihhy jaxwỳ nẽ hapuh mã kãm ihkre to
impej.

A cuia é feita com parte da cabaça.


No princípio, os homens só comiam na cuia. Ela é feita pelas mulheres.
Os homens jamais fariam uma cuia. Nela colocam qualquer coisa.
Para fazer uma cuia é preciso tirar uma cabaça e colocar na lama para
amolecerem as sementes. Passados alguns dias, elas tiram, colocam ao sol. Quando
secar, partem ao meio, derramam as sementes e depois é só arrumar o fundo.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


206 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Xy - Cinto
Autor: Andr é Krahô

Xy ita mã pyjê ma apu to, nẽ nẽẽ mẽ cunẽa mã apu ton nare.


Mam mẽhtũm pê ajco ron xê mẽ pó jĩ xwa to hipêj, itakãm mã kẽnre
nẽ ihtỳj apo to amẽ hipêj, amji kĩn catia nã mã amẽ to ahcukre, ahkrajre
hôc kà nã.
Mẽ hõ cukren tỳj mã apu hampa.

O Cinto é feito pelas mulheres. Ele é um pouco complicado. É feito de tucum


com unha de veado, mas agora é feito de miçanga e outros objetos. É usado tanto
na festa principal, como na empenação de crianças. Somente o corredor pode usar o
cinto.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


Arte e C ultura do P ovo K rahô
207
Cora - Colar
Autor: Andr é Krahô

Cora mã hakrepeaj, quê tỳj jũm to, pyjê mẽhũmre mẽntuw mẽ cuprỳ.
Pyjê mã caxuw ampo to ahcupro acà nẽ ihtỳj ampo. Quê jũm impjên to
mõ quê ikrã cajpapa quê ha krĩ mã to pôj nẽ panẽr wỳ nõ kãm pjêm xôw
jaxwỳ nẽ kãm acà jaxwỳ pêan kãm to hãm, cuhy kãm.
Nẽ to por nẽ ihkre, pêan corma to cora.

Colar é o artesanato bem fácil e qualquer pessoa pode fazer, tanto as mulheres,
como os homens, moças e rapazes. A mulher leva o marido para ajudar tirar a tiririca
e trazer para aldeia, depois faz fogo, bota numa panela velha com um pouco de areia
e a tiririca. Quando fica pronta, tira do fogo, fura e transforma em calor.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


208 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Kôckrãtuc - Borduna
Autor: Andr é Krahô

Kôckrãtuc ita mã mẽ hũmre mã apu ton to ipa. Mẽ hũmre mã apu


kôckrãtuc ita to iron pĩn mã mẽ to ipa nẽ krĩ mã mẽ to hapôj.
Nẽ ihtỳj pĩ quên mã mẽ hakep nare, koj to mã amẽ, mẽ to met pypxit.
Mam mẽhĩ pê ajco amẽ kôc krã tur to ipa, mẽ to amjĩ Tetê ampo Ken cajpa.

A Borduna é usada principalmente pelos homens. Ela é cortada, feita pelos


homens, que tiram a madeira no mato e trazem para fazer na aldeia.
Para fazer a Borduna não é qualquer pau que serve, pois ela é feita do pau-
brasil e possui um metro de comprimento.
Antigamente, os índios usavam a borduna, para se defenderem das pessoas e
dos bichos.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
209
Ihcapõnxà - Vassoura
Autor: L uc i ano Capr ã n Krahô

Mẽ hũme mã apu mẽ ihcapõnxà ita to.


Ihkrãri quê há jũm ma harê wỳr te nẽ Crow hô hô nõ jakep, nẽ ma
krĩ wỳr to mõ, nẽ krĩ kãm quê há caxuw Crow hôa to cajpy ne tahna corna
haxô.
Nẽ hapuhnã caxuw pĩ cajrer no jakep nẽ tahnã to cuprõ ne tahna to
IPI jarõh to mõ nẽ to ihtỳj pea itacaxuw quê há ihtỳj to ihcapõn to ipa.

Os homens fazem a Vassoura. Primeiro vão ao brejo, tiram o olho do buriti.


Depois retiram os talos e colocam ao sol. Após secar, colocam na água para amolecer.
Fazem uma cordinha para predê-la. Em seguida, pega uma taboca para fazer o cabo
e a Vassoura está pronta.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


210 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Hàchô - Cocar
Autor: Maga yve Krahô

ỹhỹ, que ha ramã jũm mã hàchô ita kĩn, que ma pianti japên to ma ne
ihna cura, ne to pôj no incwỳn cure nẽ mã ne ronti jõr no ta no to põj ne
hõr rẽn parti ne tahna panti cwỳn jaxô ne que rama hapry pĩ hachô nẽ que
ihtỳj ampo jõ amjĩ kĩn na haxà.

Os homens fazem o Cocar com penas de arara. Eles vão ao mato, para matarem
a arara, qua ndo c hega m à al de i a, vol tam nova mente ao mato, pa ra pe ga r as l i nhas de
tucum. Retiram as penas da arara e fazem o cocar. Quando eles terminam, usam em
qualquer festa dos Krahô.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
211
Càhà Jõhkô - A Trança
Autor: Maga yve Krahô

Ỹhỹ, que ha ramã juna to càhà ita jipêj que impjên caxuwn cumã
càhà jõhkô ita nã ne que tahnã cuxô ne que ihtỳj jũm cahãj quêt jũm xũmre
ihtỳj càhà jõhkô ita no to. Hõrti to ma amẽ càhà jõhkã ita to.

A Trança é feita para colocar no cofo, mas primeiro alguém vai ao brejo cortar
um olho de buriti e trazer para aldeia. Depois coloca ao sol, para transformar em
trança.
Tanto os homens como as mulheres podem fazer a trança.

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212 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Cuhtoj - Maracá
Autor: L uc i ano Capr ã n Krahô

Ihkrãri mẽ cuhtoj jirõt ita kula nẽ mẽ hũxwỳr xà kãm mẽ hũxwỳ,


que cati caxuw. Quê hô hõr caxuw pea que há tahnã ãn pỳxit. Pea quê hara
cuhtoj par hô py hõ. Pea que ha ra ihtỳj mẽ cuhtoj ita hu, nẽ hipôc ri wapo
mẽ kre. Nẽ hapu hnã que ha cô cacro kãm cumẽ que ha to ihorhot panẽr
kãm, quê cuhtoj cajĩn cakê caxuw. Pea quê há ihorhot to ihkrãnre que ha
to cuhtoj par panêr tê te. Nẽ cajĩn cunẽa cakê, nẽ caxuw pĩ nõ jakep nẽ
caxuw ampo hỳ kwỳ japỳ nẽ cuhtoj kôt curi. Nẽ cuhtoj ita cajpẽ nẽ hõpu
mãrhaxwỳ nã ompej. Pea que ha increr ma cuhõ. Pea quê há increr catê
ihtỳj amjĩ kĩn nõ nã cuhtoj ita to mẽ Cuma cre. Ihtỳj cupẽ mã mẽ cuhtoj ita
to ampo mẽ ahpa.
P ri mei ro, as pe s s oas pe ga m a pl anta do Marac á , c ol oc am no l uga r c erto pa ra
crescer e dar fruta. Passado um ano, o pé de Maracá já vai dar bons frutos, e as
pessoas tiram o Maracá e furam bem no meio com faca. Depois colocam na água
quente, fervendo na panela, para tirarem o miolo de dentro do Maracá.
P as s ada s al gum as horas , ti ram o Marac á da pa nel a, reti ram todo o mi ol o e
cortam uma vara. Pegam algumas sementes, colocam dentro do Maracá. Testam o
Maracá para ver se ficou bom e presta para cantar.
O cantor canta com Maracá em qualquer festa e depois vende o Maracá para
os brancos.
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Arte e C ultura do P ovo K rahô
213
Cahtỳ - Esteira
Autor: L uc i ano Capr ã n Krahô

Ỹhỹ! Ikrãri mẽ hũmre ma irom pĩm mẽ crow hô ita to hapôj. Nẽ hapy


hnã ma nẽ, krĩ mẽ to ipa, nẽ crow hôn tê te mẽ kwỳc hỳ ita cakê, nẽ amcro
mã mẽ Crow hô ita nõ, quê to incrà caxuw. Nẽ amcro nõ nã mẽ hũmre nõ
ata, quê ra crow hô to apu apê, to cahtỳ jipêj caxuw. Quê ha crow hô ita
pỳ nẽ jũri amjĩ mã cuxô, to hõ per caxuw. Quê ha crow hô jaxôr to impej to
hanẽ, quê cahtỳ impej caxuw. Nẽ que ha crow hô kãm cô jaxwỳ, nẽ cahtỳ
hỳr kãm to tẽ, nẽ ten hũhkràhi pec xà. Pea quê ha to ihỳr to hicu, nẽ ihkô
capo krãn. Cahtỳ jõpêr xà ita mã amjĩ nã amcro to ajkrut, mã mẽ to hipêr.
Hô mẽ cahtỳ hỳr to hamre to hanẽ he. Ne mẽ cahtỳ ita cake ihỳr xàn tê te.
Pea que ha ra ihtỳj ame kãm gõr.
Cahtỳ ita mã ihtỳj ampo cunêa caxuw inapej, mẽ kãm ah kràcre hôc
há cwỳnto.
Primeiro o homem busca a palha de buriti no mato. Depois traz para aldeia,
tira o talo do buriti, coloca só a palha ao sol para secar. No outro dia, o homem
começa trabalhar com a palha do buriti para fazer a esteira.
Ele pega a palha de buriti, coloca no lugar certo, para trabalhar com ela. Coloca
a palha de buriti na ordem, para sair a esteira bonita. Joga a água na palha, começa
trabalhando com a palha até cansar os dedos. Para um pouquinho e descansa. O
trabalho com a esteira dura mais ou menos dois dias. Assim que termina a esteira, tira
do lugar e as pessoas já dormem nela.
A esteira serve para qualquer coisa. As crianças ficam em cima da esteira,
assim que ela é feita.
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214 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Ihpakà - Pulseira
Autor: L uc i ano Capr ã n Krahô

Mẽ cahãj mã ihpakà ita to apê, mẽ ajoxê japrô, ma cupẽ jõ krĩ kãm,


nẽ ma nẽ krĩ mã mẽ to ipa. Nẽ mẽ ajo xê ita to ajpẽn nẽ mẽ hirê. Nẽ mẽ
ampo kãm kêre quêt acà tajrê. Nẽ hõtpê mẽ ihpakà ita to apê, acà nã nẽ
ahpãn mẽ ajo xê kôt mẽ acà ita pỳxit nẽ curẽ. Nẽ tem mẽ to ihpakà ita jipêr,
nẽ impej crinare me hĩ jõpêr xà ita. Ihpa ka ita mã amjĩ amcro to ajkrut, mã
mẽ to hamrẽ. Nẽ hanẽa ihtỳj kẽnre nã mẽ kwỳ to ihpakà ita hỳ. Mã hanẽa
ihtỳj cupẽ mã mẽ mehĩ Jô ihpakà ita kĩn.

Só as mulheres trabalham com pulseira. Compram linha de anzol na cidade,


trazem para aldeia. Medem a linha de anzol, tiram, preparam as miçangas ou tiririca
do mato. As mulheres fazem de sementes do mato, colocando uma por uma na linha
de anzol.
A pulseira é um trabalho indígena muito bonito. Para fazer a pulseira, dura
mais ou menos uns dois dias. Ela é feita com miçanga colorida e muito bonita. Até os
brancos gostam das pulseiras indígenas.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
215
Patwy - Buzina
Autor: R omeu W akr exà Krahô

Cuhkõn to mã amẽ pàtwỳ, quê ha mẽ cuhkõn hy kre quê hirãt nẽ apu


kãm hikwa quê ha ihnõ catea nẽ hapjê ti hanẽ, pea quê há jum cuta nẽ mã
to mõ nẽ co kãm cuxi quê há ihkà cara quê há to api nẽ ihhy capẽ nẽ amcro
mã ham quê há incrà quê ha caxuw kõ cuhtar nõ jakep nẽ ihkre, nẽ to ihte,
pea nẽ ihtỳj amjĩ kĩn nõ nã apu ihcakôr to mã.

A Buzina é feita de cabaça, que os índios plantam as sementes. Quando ficam


maiores, tiraram, colocam na água até ficar pronta. Retiram da água, levam para casa,
tiram as sementes e botam ao sol para secar.
Depois cortam uma taboca bem feita, fazem o cabo e fica pronta a buzina. É só
usar na festa do Krahô ou em qualquer festa.

Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà


216 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Kàjre - Machadinha
Autor: Mei reda l va Côhhôc Krahô

Kàjre ita mã mehũmre crer pej mã amẽ kàjre ita to.


Quê ha jũm mã mõ nẽ itõn kãm kôp nõ par mẽ nẽ ma to mõ nẽ krĩ mã
to cato nẽ cuprãr par tu nẽ to kàjre ita jipej, nẽ caxuw caxàt xê nõ to ahtẽ
nẽ to hũ kô ne ihtỳj ampo to hakre. Nẽ ita caxuw quê ha py to ihcu krà nẽ
to impej prar tu. Pêa quê há mẽ amjĩ kĩn nõ to quê ha jũm crer pej ita k`sjre
py nẽ apu to increr to tẽ.

A Machadinha é feita pelo homem, que vai ao mato cortar o pau-brasil.


Ao chegar à aldeia, vai fazer a Machadinha até terminar.
Depois, ele vai fazer linha de tucum ou de algodão e amarra um no outro até
ficar bom. Terminado esse processo, ele vai pintar de ururcum, para ficar bonita. Ele
pega a Machadinha e usa em qualquer festa Krahô.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
217
Kôpo - Lança
Autor: Leonardo Jupẽn Krahô

Kôpo ita mã kop te mã cute mẽ tahmã increr caxuw, mẽ hũmre pit


amẽ kôpo ita to.

A Lança é feita de pau-brasil e somente os homens poderão fazer para cantar.

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218 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Côhpĩp – Abano
Autor: Antoni o P ohkr oc Krahô

Côhpip ita mã crow hô te mã nẽ cuhy mã ihcajpêr caxuw. Mẽ hũmre


mẽ pyjê quê ihtỳj mẽ to.

O Abano é feito de palha de buriti, para abanar o fogo. Tanto os Homens como
as mulheres podem fazer abano.

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
219
Mãhô – Espanador
Autor: Leonardo Jupẽn Krahô

Kop kwỳ cuprã, quêt pĩroc pê quêt ihtỳj pĩ nõh tỳaj nẽ impej. Quê
hanẽan caxuw mããtĩ Jana hara mã hakràj nẽ ronti jõr, nẽ hanẽan caxuw
pen hê, quê mẽ to ron xê cukê, nẽ mẽ to pĩ cukê, pĩh nã mẽ to ihcajpre.
Ita jirô pê quê há mẽ py mẽ ajêêti to mẽ ajxacwa quê cuxwaare hanẽ.
Pean pĩ jihôt nã quê ha mẽ mãã cwỳn mẽ ronti jõr to mẽ ihcajpre.

P repa ra um pe da ç o de made i ra de pa u- br as i l , c ande i a ou um a made i ra be m


forte e bonita. Tem que ter penas de ema, principalmente, das asas. Tira a linha
da folha do tucum, usa cera de abelha para passar na linha e na madeira, onde vai
colocar as penas.
Além disso, é preciso um pouco de ururcum e óleo de coco, para passar no
c abo e na l i nha pa ra c ol oc ar as pe nas na pont a da made i ra e amarrar c om a l i nha de
tucun.

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220 Arte e C ultura do P ovo K rahô
Awhê mẽ Kruw - O Arco e Flecha
Autor: J oani nha

Cuhê mẽ krwo ita mã mẽ rumre mã apu to. Quê ha mã iron wyr mõ


nẽ woti nõ jakep nẽ mõ krĩ mã to mo. Nẽ cuprã nẽ cuprãr pa nẽ mã kuw
wyr mõ nẽ ihnõ jakep, nẽ krĩ mã to mo to impo pa nẽ hipro, nẽ caxuw
ronti jõr nã ta nẽ hõr rẽ nẽ to artĩ, nẽ cuhê nã cuxô. Nẽ ihtỳj to pryre nõ
cura.
Ita mã kruw mẽ cuhê nẽ mẽ humre ma ame to hopên to ipa. Nẽ
mam pê ajco ihtyj me kruw mẽ cuhê ita to mẽ pryre cura, ne hanẽan.
Ihtỳj mẽ to ajpên curam to ipa pean mẽ humre mã apu kruw ita ton
to ipa.
O Arco e a Flecha são feitos pelos homens, que vão para o mato cortar o pati,
e trazer para aldeia. Chegando a casa, eles vão raspar o arco, para terminar.
Depois, eles vão ao mato cortar a Flecha e fazer a ponta. Em seguida, fazem a
cordinha e colocam no Arco.
O Arco e a Flecha estão prontos para matar qualquer bicho ou animal.
Essas armas são muito perigosas, por isso só os homens fazem e usam.
Antigamente, os homens usavam, para matar animais e para se matar. Essas armas só
podem ser feitas pelos homens.
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Arte e C ultura do P ovo K rahô
221
Tapti - Tapiti
Autor: D ani el R êj Krahô

Ihkrãri quê ha mã jũm harê kãm apu crow jate capi to mõ, quê há
júri ihnõ japê quê há hakep nẽ ma krĩ mã to mõ nẽ to cato, nẽ to ihcate nẽ
amcro mã cuxu quê há ihcukã, quê ha cuhy tapti nã.
Tapti ita mã kwỳr jatên caxuw mã. Quê há kãm mẽ kwỳr jatê nẽ mẽ
to peju.
Tapti ita mã mẽ ihcunẽa ihtỳj mẽ cuhy pyjê mẽ mẽ hũmre.

Primeiro, vão ao brejo escolher o pé de buriti e cortam bastante. Tiram a


casca do pé de buriti, levam para casa, depois tiram a casca até ficar bem fino.
Botam no sol e fazem o Tapiti.
Esse tapiti é para botar a massa da mandioca para secar, para fazer o beiju e
grolado.
O tapiti é feito por todos, tanto pelas mulheres como pelos homens.

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222 Arte e C ultura do P ovo K rahô
IV – Parte: Mẽ ipê Krahô, pihôc xà - Pinturas Krahô

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Arte e C ultura do P ovo K rahô
223
I - Catàmjê - Partido do Inverno

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224 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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225
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226 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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228 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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229
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230 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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231
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232 Arte e C ultura do P ovo K rahô
II - Wacmẽjê - Partido do Verão

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233
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234 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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240 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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242 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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246 Arte e C ultura do P ovo K rahô
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Arte e C ultura do P ovo K rahô
247
Mẽ Itê Krahô Catêjê Te Amj ̃ Ton Xà
248 Arte e C ultura do P ovo K rahô

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