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Curso

GEsTÃo
e LiDErANÇA
EMPREENDER EM TEMPOS DE CRISE

6
FAsCÍCuLo
Formação
e Gestão de
Equipes Campeãs:
missão, valores,
comprometimento
mEiriJANE ANAsTáCio
BArATA GoNZáLEZ
sumário
Apresentação 83
1. Definição de equipes de trabalho 84
2. Composição das equipes de trabalho 85
3. Ápice da questão do alto desempenho 89
4. Novos cenários, novos desafios 91
Referências 95
APrEsENTAÇÃo
Devido à magnitude e à velocidade das e em forma de rede, cujos “nódulos” têm um
mudanças ambientais, econômicas, tecno- elevado grau de autonomia e se encontram
lógicas, sociais, políticas, culturais e mais re- interconectados de modo contingente. Nes-
centemente de saúde pública, boa parte das ses modelos voláteis de organizações, os di-
empresas – pequenas, médias ou grandes ferentes tipos de grupos e equipes de traba-
– estão transformando suas estruturas, seus lho constituem suas principais células e são
sistemas organizacionais, seus métodos e mais do que nunca fundamentais para a ob-
seus processos de trabalho. As estruturas tenção dos resultados esperados. (Gil, 2020).
tradicionais, centralizadas, verticais e hie- Vamos tratar, neste fascículo, de equi-
rarquizadas em torno do conceito de postos pes que trabalham com empresas e insti-
de trabalho, tendem a ser substituídas por tuições, de equipes que estão atuando nes-
configurações descentralizadas, horizontais se mercado com cenários tão desafiadores.

83
1
DEFiNiÇÃo DE EQuiPEs
DE TrABALHo

O
trabalho de equipe é uma forma Na prática, essas características impli-
de atividade coletiva que com- cam que os membros das equipes contem
preende a interação, a interde- com objetivos compartilhados em relação
pendência, a coordenação e a a seus trabalhos. Necessariamente irão
cooperação dos membros, orientada para o atuar entre eles. Desempenham, geralmen-
alcance de metas ou objetivos e cujo resulta- te tarefas definidas e diferentes.
do tem um caráter grupal. É considerado que
o trabalho em equipe é eficaz quando dita
atividade provoca um resultado emergen-
Ao longo dos anos, qual é
te que excede a contribuição de qualquer o foco? (González, 2011)
membro e a soma de todas as contribuições • A década de 1980 foi o período em que
logra a sinergia. Isso implica que o resultado se começou a falar de uma forma mais
grupal é superior (em quantidade) ou dife- contundente sobre metas.
rente (em qualidade) frente a mera soma das
• Na década de 1990 houve um boom em
contribuições dos membros que compõem a
torno da figura do líder.
equipe. (Gil y Alcover, 2003)
• Na atualidade a ênfase tem sido dada
às equipes.
Equipes pequenas
Uma equipe pequena pode ser definida No cenário atual, estamos presencian-
como um sistema adaptado e caracterizado do a todo momento situações em que o lí-
por uma interação e pela interdependência der se posiciona como o back do time, e as
mútua entre os membros que a compõem, equipes que estão no front são as que assu-
com projetos a realizar e usando, na maio- mem o protagonismo. Sabemos que o back
ria das vezes, determinada tecnologia. Elas parado de um time é importantíssimo, mas
têm uma identidade compartilhada. (Mc- os “louros” estão sendo mais do que nunca
Grant y Argote, 2001) outorgados às equipes.

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2
ComPosiÇÃo DAs
EQuiPEs DE TrABALHo

A
s equipes são basicamente com- mentares. Nem opostos em demasia nem
postas por: pessoas, processos, similares em excesso. Assim será mais fácil
recursos, cultura organizacional e construir uma equipe multidisciplinar.
ambiente externo. Os líderes podem influenciar positiva ou
Para que essa equipe seja verdadeira- negativamente no resultado de performance
mente campeã, é necessário acertar na das equipes – depende do estilo que adotam
seleção das pessoas e nos recursos forneci- e do grau de liderança em que se encontram.
dos a elas, para que possam trabalhar mini- Estando com a equipe bem formada, o
mamente bem, atuando no entorno onde passo seguinte é desenvolver as estratégias
estão inseridas ou no ambiente virtual em e as ações, definir prazos e acertar as me-
que se propõe atuar. A cultura organiza- tas e as recompensas que terão com cada
cional também será um fator fundamental venda de produto ou serviço. E um passo
para o bom ou mau desempenho do time e, fundamental: cumprir com o prometido.
consequentemente, seus resultados finais. O trabalho em equipe se constitui em
Não há segredo, mas um passo a passo um fator contributivo para o aumento de
a ser seguido para poder nos aproximar- performance e de resultados, principal-
mos mais do que é necessário para desen- mente quando se requer adotar mudanças
volver uma equipe vencedora. Tudo come- e inovação, porque trabalhar em equipe é
ça na seleção da pessoa certa para ocupar uma maneira de alcançar as estratégias da
a posição adequada do time. Além disso, organização de modo mais eficaz – pois há
é importante considerar que as equipes a participação de todos – bem como uma
devem ser compostas por pessoas que te- forma mais rápida em termos de comuni-
nham temperamento e jeito de ser comple- cação e produção.

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Os participantes das equipes devem ser
engajados, mas, sem os recursos, eles não
poderão ir muito longe. Podem até come-
çar dando um jeitinho, mas, nos primeiros
meses, começarão a perder força. A energia
vital já vai diminuindo e assim fica muito
mais difícil chegar a resultados exitosos.
Recursos podem ser:
• Ferramentas adequadas para realizar
o trabalho.
• Ajuda de custo para transporte, alimen-
Fica a Dica tação etc.
Na hora de selecionar: • Utensílios que facilitem a comunicação
• Você pode ensinar
com os potenciais clientes (tecnológicos
qualquer coisa a
qualquer um, menos ou físicos).
a sorrir. Com relação aos processos, esses cos-
• Para medir o grau de tumavam ser o centro de atenção nos estu-
resiliência das pessoas,
dos de rendimento e eficácia das equipes.
coloque-as para
desenvolver alguma De umas duas décadas para cá, porém,
atividade lúdica ou vem diminuindo o grau de “onipresença”,
esportiva. Passamos mesmo que as nuanças que o envolvem
a conhecer mais as ainda carreguem significativa importância.
pessoas quando elas Eles envolvem três aspectos: 1. cogniti-
estão em ação.
vos, 2. emocionais e 3. comportamentais.
Os aspectos cognitivos referem-se à
capacidade intelectual e técnica de cada
membro da equipe. Referem-se, inclusive,
ao quociente de inteligência (QI) de cada
um. Os aspectos emocionais dizem res-
peito à inteligência emocional e ao grau de
resiliência com que cada pessoa costuma
agir diante dos obstáculos, sejam objeções

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SAIBA
MAIS
As empresas perdem grandes mem-
bros e equipes muito boas são desfei-
tas, porque o que fora combinado com
eles no início não foi cumprido. Assim,
se prometeu, cumpra.
“As pessoas não abandonam as
empresas! Elas abandonam os maus
líderes”. (Gil y Alcover, 2003).

interpostas pelo mercado, sejam condi- flitos ou riscos que comprometam o resul-
ções de trabalho, sejam conflitos viven- tado, devem ser encarados pela liderança
ciados no dia a dia. Quanto aos aspectos e resolvidos por meio de análises das situa-
comportamentais, são o comportamento ções e conversas francas de “alinhamento”
adotado nas situações de um modo geral. para que a equipe retorne ao ponto de sin-
Por exemplo: um membro da equipe, quan- tonia. Os feedbacks são fundamentais para
do pressionado, reage de forma receptiva à o bom desempenho das ações propostas
crítica e passa a adotar novos modelos de e revisão de procedimentos. Podem ser
enfrentamento dos desafios? Ou se sente dados por meio de reuniões informais ou
muito incomodado em recebê-la, levando formais – em grupo os que forem positivos,
para o lado pessoal e não conseguindo re- e de forma individualizada quando se tra-
agir positivamente melhorando sua perfor- tam de aspectos a serem melhorados e que
mance ou atitude? possam constranger o outro se realizado na
Tudo isso influenciará no processo e na presença de terceiros.
condução das metas, tarefas e temas do Planejamento é outro ponto crucial na
dia a dia da equipe. formação de equipes de alto resultado.
Para ter um bom acompanhamento do Um grande gestor de vendas, ao ser
processo, os gestores devem levar em conta: indagado sobre como ele fazia para ter re-
1. O que a equipe acha sobre a condu- sultados tão expressivos, bater tanta meta
ção de determinado processo, tarefa e receber tantas premiações, respondeu:
ou situação? “Eu planejo. Planejo todo o passo a passo,
2. Com o que a equipe se motiva? Dos tento me antecipar às adversidades com
benefícios ofertados, quais são os que meus vendedores vão lidar. Me sento
mais eficazes e os que mais contri- e planejo tudo. Depois compartilho com a
buem para a motivação das pessoas equipe e revisamos o planejamento. Em se-
que compõem a equipe? guida, planejo tudo de novo”.
3. Como a equipe age diante das situa- E em tempos de pandemia, como pla-
ções-problema, das adversidades do nejar? O grande desafio atual é fazer gestão
mercado e conflitos dentro da equi- num ambiente imprevisível. Em tempos de
pe e da empresa? pandemia e pós-pandemia, não podemos
Todos esses aspectos devem ser obser- querer que os planejamentos sejam tão re-
vados pelos gestores e, quando geram con- finados como antes, muito menos extensos.

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Fica a Dica
Os líderes costumam ter
pavio curto. E estão saindo
do isolamento social
sem pavio nenhum. É
necessário que alguém os
avise que não podem e não
devem cobrar das equipes
como costumava fazer. É
importante ter consciência
que as pessoas e, portanto,
as equipes estão mais
desorganizadas. Será mais
recorrente certa confusão
mental na elaboração das
tarefas. Apoio, acolhimento
e compreensão serão
fundamentais para que
as equipes mantenham o
equilíbrio e cumpra suas
tarefas adequadamente.”
(Inez Cozzo, neuropsicóloga)

Dois fatores têm feito a diferença no


bom desempenho das equipes:
1. Confiança da parte dos líderes nas
pessoas das equipes e
2. Engajamento e comprometimento
das pessoas que compõem os times.

Os líderes devem ter uma posição de


focar nos resultados e não nas tarefas. Não
cabe, num momento de estresse como o
de isolamento social e pandemia, querer
cobrar tal e qual se cobrava antes. As pes-
soas estão mais temerosas, inseguras e
verdadeiramente desorganizadas. Mais do
que nunca, o apoio é fundamental para que
possam produzir minimamente bem.

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3
áPiCE DA QuEsTÃo Do
ALTo DEsEmPENHo

O
ponto crucial para que uma equi- para suas opiniões. Geralmente têm difi-
pe atinja alta performance é o culdades de compartilhamento das infor-
relacionamento e o bom clima mações, sobretudo aquelas que não irão
entre as pessoas que fazem parte favorecer a sua performance individual.
do grupo. Por isso, fique atento e cuide bem Na maioria das vezes, não apresentam a
desse quesito. devida maturidade para receber críticas e
levam as observações para o lado pesso-
al, dificultando que os demais apontem
Catalisadores e Toxinas sugestões ao seu trabalho. Atuam com co-
Como em tudo na vida, há pessoas que
municação cruzada. Na maioria das vezes,
atuam como catalisadores e outras que
têm baixa autoestima.
atuam como toxinas.
Catalisadores: são pessoas que têm fa- Quanto mais catalisadores tivermos
cilidade de trabalhar em grupo e de com- no time, melhores resultados aportare-
partilhar informações. Conseguem colocar mos. Isso é óbvio. O que não é tão óbvio é
os objetivos comuns em evidência em de- como são danosas são as toxinas dentro
trimento dos seus objetivos próprios e in- das empresas.
dividuais. Trabalham com ética, sabendo De acordo com a autora Tereza Amábile,
respeitar direitos e deveres dos demais. no livro O Princípio do Progresso, o que sa-
Costumam ser mais resilientes e receber e bemos das situações-problema são apenas
dar críticas de forma, na maioria das vezes, a ponta do iceberg. O que está por baixo é
construtiva. o que consiste no grande risco. Para quem
Toxinas: são pessoas com alto grau de está inserido no time, conflitos velados e
produtividade ou não, com capacidade não resolvidos são os mais danosos para o
de influenciar terceiros, direcionando-os bom resultado.

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Em relação ao bournout, que é a síndro- xinas. Quando tiver de conviver com essas Pessoas rudes demais e pessoas sen-
me da exaustão emocional, é considerada pessoas, procure alguns “desestressores” e, síveis demais não têm muita chance de
uma enfermidade laboral há tempos e os sempre que possível, esteja próximo a pes- ter alto desempenho por muito tempo.
danos causados à saúde são enormes. soas que fazem bem e contribuem para o Em toda e qualquer situação, procure sair
Veja o exemplo: considere a glândula seu bem-estar psicológico. dos extremos.
suprarrenal e o seu rim. Sob tensão, a su- Mais do que nunca, a imunidade não Por isso, é importante se avaliar cons-
prarrenal libera cortisol e adrenalina, den- tem preço. tantemente e cada um trabalhar sua auto-
tre outros hormônios. Esses são hormônios Precisamos refletir sobre isso, pois as estima. Ler e buscar informações também
do estresse. Segundo a psicóloga Susan formas de trabalho estão mudando, a me- fazem a diferença no trabalho. Impacta di-
Andrew, bastam cinco minutos pensando todologia e a carga horária, mas os senti- retamente na sua maneira de ver o mundo.
em alguém que faz mal a você, que sempre mentos não mudam. Estimule a sua equipe e dê o exemplo.
coloca dificuldade frente a suas ideias e Estamos na gestão do cuidado e preci- Precisamos de pessoas que sejam espe-
que torna sua vida na empresa mais difícil. samos ter um olhar mais cuidadoso para cialistas naquilo que fazem. Muito mais que
A sua imunidade baixa em seis horas. Por- as pessoas que compõem as equipes e isso, precisamos transformar os especialis-
tanto, cuide-se e procure se afastar das to- as organizações. tas em uma equipe especialista.

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NoVos CENários,
NoVos DEsAFios

O
céu é o limite quando a comu- Sobre os membros das
nicação passa a ser pensada de
forma dinâmica e interativa. equipes em meio
Às vezes me perguntam: à pandemia
“Para onde vão as equipes agora?”. Querem Os índices variam em torno de 77% das
saber qual é o formato de equipe que será pessoas que querem continuar trabalhan-
mais adequado no momento atual e daqui do em equipes virtuais e isso vai continuar
por diante. Eu respondo: vão para onde os crescendo. É necessário, porém, haver con-
clientes forem. Se os clientes forem para fiança entre os membros e o líder para que
as lojas físicas, é para lá que vamos; se os consigam fazer um trabalho brilhante.
clientes forem para o digital, é para lá que No período de isolamento social e no
vamos. E quem ainda não foi, apresse-se. pós-pandemia, o nível de estresse cresceu
Não tivemos tempo para planejar a entrada assustadoramente e não podemos querer
no isolamento social, mas tivemos tempo que o habitual passo a passo seja seguido.
Fica a Dica
“Líderes que não escutam
para planejar a retomada. O líder que ficar cobrando de forma exces-
correm o risco de ficar Sabemos que infelizmente a pandemia siva por cumprimento de horário ou outras
rodeados por pessoas que ainda não acabou, mas quem tiver prepa- variáveis que antes costumava cobrar está
não têm nada a dizer”. rado um protocolo lógico e adequado vai equivocado. O importante agora é ter foco
(Andy Satnley) sair à frente. no resultado.

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O membro da equipe que conseguir re-
alizar suas atividades já está apto. É preciso
Sobre equipes
entender que as pessoas estão mais confu- presenciais
sas, mais assustadas, receosas; portanto, O apoio às equipes presenciais tem de
é necessário ter mais contato e conversar ser igual ou superior em termos de aco-
mais, para demonstrar confiança e valori- lhimento e incentivo. Quando todos es-
zação do trabalho que estão realizando. A távamos dizendo “fique em casa”, para as
distância os colaboradores podem não se equipes presenciais estávamos dizendo
sentir tão seguros de estar fazendo o cor- “venham trabalhar”.
reto. É importante que seja dito a eles: “Se Dotar a equipe presencial de segurança
estivermos conectados e integrados, pode- emocional é tão importante quanto equipá-
remos fazer um trabalho brilhante”. -la com EPIs e utensílios relevantes para a
proteção de sua saúde e bem-estar no traba-
Orientações para lho. Muita gente simplesmente transportou o
modelo tradicional para o modelo digital. É
trabalhar com importante entender que agora os modelos
equipes virtuais presencial e virtual são diferenciados.
O trabalho em equipes virtuais requer De acordo com o World Economic Fo-
muita atenção. Lembre-se de que o maior rum, na segunda metade de 2020 vivemos
objetivo são os objetivos compartilhados. uma epidemia secundária marcada por:
Além disso, veja algumas orientações para • Elevado número de absenteísmo;
trabalhar nesse formato (de acordo com
• Pessoas adoecidas física e emocional-
RW3 Culturewizard):
mente.
1. Faça um esforço para criar confiança
e fomentar a colaboração. O número de pessoas desorganizadas
2. Seja um padrão de conduta no espa- mentalmente vai crescer, o número de pe-
ço virtual. quenos acidentes domésticos e laborais vai
3. Crie oportunidades para que todos aumentar. É importante que todos os que
aprendam juntos. atuam na gestão sejam acolhedores e com-
4. Encontre as ferramentas necessárias preensivos. Estamos na era do acolhimento.
para sua equipe de trabalho virtual. Eduardo Ferraz faz uma correlação mui-
5. Lembre que fazer a gestão a distância to inteligente sobre equipes de alto desem-
requer regras claras e calendário. penho, em seu livro Gestão de resultados:

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“Façamos uma correlação: para alcan-
çar ótimos resultados, os comandantes de
pequenas ou grandes empresas precisam
trabalhar com equipes enxutas. Contudo
na medida certa, ou seja, em número mí-
nimo, mas suficiente, de profissionais qua-
lificados e comprometidos, que dão o seu
melhor e que recebem proporcionalmente
aos resultados que geram. O grande desa-
fio é encontrar e manter apenas pessoas
com tais características.”

Principais critérios
utilizados para valorar a
eficácia das equipes
de trabalho
(Hackman, 1987)
* Resultados produtivos (que podem ser
medidos pela quantidade e/ou qualidade
ou pelos erros);
* Viabilidade da equipe (capacidade de
os membros da equipe continuarem traba-
lhando juntos) – a isso se chama potência
de equipe – diz respeito aos resultados so-
cioemocionais dos membros das equipes
– por meio dessa medida, sabe-se se há
coesão, satisfação em fazer parte do grupo,
compromisso etc);
* Nível geral de inovação (inclui a ge-
ração de ideias e os procedimentos novos
adotados na execução);
* Resultados individuais relacionados
com o bem-estar dos membros das equipes.

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Dimensões da
potência da equipe
(Alcover, 1999)
Esses quatro critérios incluem um nú- * Potência: ou crença coletiva acerca
mero elevado de variáveis, que implicam da eficácia que a equipe pode alcançar;
considerar a eficácia da equipe como algo * Significância: consistência entre tare-
mais complexo que a mera produtividade, fa e crenças, atitudes e condutas da equipe;
critério que habitualmente se associa à * Autonomia: capacidade da equipe
eficácia de maneira exclusiva nos contex- para tomar decisões relativas à sua ativida-
tos organizacionais. A eficácia constitui um de, seu funcionamento e seus objetivos;
critério subjetivo, posto que dependerá de * Consequências: ou influência que a
quem a valora – seu chefe, seu gerente, os atividade da equipe exerce sobre os resul-
próprios membros da equipe. tados alcançados.
Resultados produtivos, portanto, são Nos últimos anos tem sido criticado
aqueles mais visíveis para as equipes e com força o otimismo ingênuo deposita-
mais desejados para os líderes. É impor- do nas equipes de trabalho como meio de
tante distinguir entre rendimento, eficácia alcançar uma eficácia ilimitada, ao tempo
e produtividade. (Brodbeck, 1996) em que se encontra em algumas empre-
* Rendimento: diz respeito ao conjunto sas até o uso perverso que alguns líderes
de condutas relevantes para o logro dos ob-
adotam. Há crítica maior ainda quando se
jetivos do grupo (motivação, conhecimen-
trata de controles excessivamente rigoro-
tos e habilidades apropriados para a reali-
sos às equipes, aqueles que se aproximam
zação das tarefas e estratégias coletivas).
dos velhos tempos do Taylorismo. O que
* Eficácia: estritamente falando, refere-
se pode concluir é que temos que tentar ti-
-se ao grau que o rendimento se aproxima
rar o melhor do que o trabalho em equipe
das metas estabelecidas.
* Produtividade: está definida como pode agregar, buscar desenvolver climas
a eficiência com a qual se logra a eficácia, favoráveis para que a comunicação e os
quer dizer, a adequação entre os recursos processos fluam e gerar estímulos motiva-
investidos e os resultados alcançados. cionais para que as pessoas se sintam fe-
As relações entre rendimento e eficácia lizes, em ambientes permissíveis e, assim,
estão moderadas por fatores internos da permitam-se dar o seu melhor.
equipe (perdas do processo, grau de co- Conflitos podem existir e, às vezes, são
nhecimento das tarefas a serem realizadas) os geradores da criatividade e da inovação
e externos (escassez de recursos por falta nas equipes. O que deve ser evitado são os
de fornecedores, incertezas ambientais, confrontos. Christopher Peterson define a
tecnologia utilizada etc). O que se conside- felicidade em três palavras que acredita-
ra como resultados produtivos deve estar mos ser algo fundamental para o bom de-
claramente definido, posto que ignorar al- sempenho dentro das equipes: “As pessoas
guma dessas três dimensões pode distor- importam”. Pense nisso e desenvolva uma
cer a valoração que se atribua à equipe. boa equipe.

94 FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA | UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE


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Whiteley, R. A empresa totalmente voltada para o
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2020
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mEiriJANE ANAsTáCio BArATA GoNZáLEZ (autora)


Doutora em Psicologia pela Universidade Complutense de Madrid (UCM – ES), com tese em equipes de alta performance e motivos, mestre em Psicologia
pela UCM (ES) com dissertação em Liderança Organizacional Global e com especialidade em Marketing pela Universidade Estadual do Ceará (Uece).
Graduada em Administração (Uece) e Psicologia (UFC). Tem larga experiência nas áreas de Recursos Humanos e Marketing em empresas de comércio,
serviços e indústria. É coordenadora dos cursos de pós-graduação e extensão da Faculdade CDL e membro do Teamwork (equipe de pesquisas da UCM –
ES) e da Rinepe (Revista de Psicologia da UFC).

rAFAEL LimAVErDE (ilustrador)


Nascido em Belém/PA, naturalizado cearense, formado em Artes Visuais pelo Instituto Federal do Ceará (IFCE), é xilogravurista e ilustrador. Possui mais de
40 livros ilustrados em diversas editoras do país. É um dos organizadores do “Festival de Ilustração de Fortaleza”, evento que já está em sua quarta edição
e é realizado dentro da Bienal do Livro do Ceará.

Todos os direitos desta edição reservados à: FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente: João Dummar Neto Diretor Administrativo-Financeiro: André Avelino de Azevedo
Gerente Geral: Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos: Raymundo Netto Analistas de Projetos: Aurelino Freitas, Emanuela
Fundação Demócrito Rocha
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Marketing: Fernando Diego Sioli

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